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O Universo Promíscuo nas Xilogravuras de Márcio Pannunzio

É com satisfação que o Museu Olho Latino reabre em novo local


expositivo, fixando-se no mezanino do Centro de Convenções e Eventos da
Estância de Atibaia. Nada melhor para marcar a abertura deste novo local é
apresentar uma mostra significativa e representativa da gravura nacional. O
nome escolhido é o gravador Márcio Pannunzio.
Acompanho a produção de Pannunzio desde a sua participação na I
Bienal Internacional de Gravura, realizada no Museu de Arte Contemporânea
de Campinas, em 1987, evento vinculado ao meu projeto pela PUC-Campinas,
do qual fui o curador geral. Na época, o artista já prenunciava enorme talento.
De lá para cá, fui observando as suas constantes conquistas: “Menção
Honrosa” recebida na 11ª Bienal de San Juan del Grabado latinoamericano y
del Caribe, em 1995; “Menção Honrosa” na Biennale Internationale d’Estampe
Contemporaine Trois-Rivières, Canadá, em 1999; “Menção Honrosa” na 3ª
International Biennial Racibórz, na Polônia, em 2000; bolsa “Vitae” de Artes, em
2002. Enfim, via o seu nome geralmente em destaque nos certames
internacionais de gravura. Recebeu mais de 30 prêmios, realizou 15 mostras
individuais, sendo 5 no exterior, e é assíduo participante de salões nacionais e
internacionais. Suas obras figuram em inúmeras coleções públicas, como:
Tama Art Museum and Library Colletion, em Tóquio, Japão; National Centre of
Fine Arts, em Giza, Egito; Roopankar The Museum of Fine Arts, Bharat
Bhavan, em Bhopal, Índia, e em muitas outras.
Hoje, sem dúvida, Pannunzio é um dos brasileiros que mais representa a
gravura do país. Tem uma perseverança em sua produção artística que cativa,
deixando registrado por onde passa a sua obra, a sua característica como
xilógrafo.
O primeiro impacto diante de suas obras são os detalhes ricamente
trabalhados. Sulcando com buril, executa as matrizes de topo, compondo e
distribuindo o claro e o escuro, dá “vida” a personagens incrédulos, numa
figuração exótica que evidencia um mundo de sexo, consumismo e de
admiração viciada e inescrupulosa pela TV. Constrói um paraíso grotesco cheio
de humor e extravagância, próprio do exagero da conduta humana.
Wolfgang Kayser afirma que para pertencer ao mundo grotesco “é
preciso que aquilo que nos era conhecido e familiar se revele, de repente,
estranho e sinistro“. É a transformação do nosso mundo feito de modo
repentino e surpreendente.
O conteúdo das gravuras de Márcio tem uma pitada de humor
sarcástico. Para esclarecer esse pensamento, recorro à opinião de Sírio
Possenti que diz “se é verdade que existem piadas que criticam, não se deve
esquecer que elas, de fato, reproduzem, e só indiretamente, discursos que já
circulam de alguma forma”. Complementa que “a crítica das piadas não é uma
crítica nova. O que é novo nas piadas é certamente sua forma”. A gravura de
Pannunzio é uma crítica à sociedade em forma de “piada” visual, mostrando os
exageros obsessivos da mente humana. Sexo e consumo são os ingredientes
de um ideário que mostra a orgia e a alegria como um alimento constante de
um mundo cotidiano viciado em valores indignos para a convivência social.
No bojo de um conjunto expressivo de minúcias, a visão de mundo que
Márcio Pannunzio nos apresenta é um “olhar no espelho” de uma sociedade
sem discernimento para saber o que nos aflige enquanto sociedade.
As situações das cenas propostas pendem mais para um grotesco
pueril, como situa Baudelaire ao dizer que “o riso causado pelo grotesco possui
em si algo de profundo, de axiomático e primitivo, que se aproxima muito mais
da vida inocente e da alegria absoluta”.
As xilogravuras de Márcio Pannunzio pertencem a um universo
promíscuo, próximo da inocência e ingenuidade de viver, sem o cerceamento
de valores pecaminosos.

Paulo Cheida Sans*


Diretor do Museu Olho Latino

Serviço:
Exposição: “Xilogravuras” de Márcio Pannunzio.
Mostra Especial do 18º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia.
Curadoria: Paulo Cheida Sans.
Abertura: 04 de julho, às 17 horas.
Período da mostra: 04 de julho a 30 de agosto de 2009.
Visitação: de segunda a sexta, das 10 h às 17 h.
Local: Museu Olho Latino (mezanino do Centro de Convenções e Eventos
“Victor Brecheret”).
Endereço: Al. Lucas Nogueira Garcez, 511 - Estância de Atibaia, SP.
Realização: Museu Olho Latino e Prefeitura Municipal da Estância de Atibaia
com “o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo – Programa de
Ação Cultural”.
Telefone: (11) 4412 7776.
Site: www.olholatino.com.br
E-mail: museu@olholatino.com.br

. Artista plástico. Mestre em Filosofia da Educação e Doutor em Artes.


Professor do curso de Artes Visuais da PUC-Campinas.

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