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Arte e Ecologia, um caminho.

Janos Erzinger
Texto dedicado à memória da minha irmã Karin e à todos que apreciam a natureza.

Índice:

.Introdução.
.Conceito de força, energia, entropia e harmonia.
.Ecologia.
.Velocidade da produção/execução da obra de arte, arte gestual e energia concentrada.
.Mosaicos e força, surgimento como uso de pouca energia.
.Aquecimento da biosfera e cronologia das obras de arte.
.Obra do Franklin Cascaes do ponto de vista ecológico.
.Rabiscos que atravessam o planeta, a arte gestual e os ideogramas.
.A arte abstrata e o surgimento da energia atômica.
.A reciclagem como esfriamento social e da natureza.
.Materiais novos, velocidade da produção.
.Materiais x durabilidade da obra de arte.
.Materiais proibidos.
.A América e o período clássico.
.Diluição das novas tecnologias, obra de arte x arte da obra. Sobras.
.A produção da obra de arte como uma atividade desvinculada do trabalho.
.A desmaterialização da obra de arte e a fotografia.
.Conclusão.
.Referências bibliográficas.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Lavosier.

Introdução.
Penso que um texto deva ser o resultado de alguma divagação filosófica, como tal, este é o resultado dos meus devaneios à cerca
da arte e da ecologia, conjunção que acaba por se mostrar um caminho para ação artística.
O conhecimento da ecologia, o respeito à natureza podem nos mostrar um caminho para a obra de arte? Pode haver produção de
obra de arte com o uso de pouca energia industrial? São questões como essas que vou responder.
Ultimamente o tema ecologia tem sido banalizado. Eu acho isso interessante, se realmente estivermos passando por um período
crítico na história da humanidade, quanto mais fizermos uso desses conceitos, melhor. Pessoalmente acredito que sempre haverá
uma saída criativa e inteligente aos nossos problemas. Os registros arqueológicos podem muito bem se referir mais às sociedades
que os resgataram do que aos povos que os criaram. Pensando assim podemos estar fazendo uma leitura do passado tendo por
base única os desejos do presente. O petróleo presente desde as revoluções industriais modificou e modifica substancialmente a
superfície do planeta. Será que estamos criando registros arqueológicos às próximas sociedades? A matéria arqueologia industrial
parece afirmar que sim, e também indica que não é necessário a destruição inteira de uma sociedade para se produzir um registro
arqueológico, mas apenas o abandono de parte dessa sociedade para sua formação. A medida que a sociedade avança, se é que
se pode dizer assim, os materiais vão modificando sua resistência às intempéries e hoje vivemos uma enorme produção de lixo,
sendo esses resíduos extremamente resistentes à passagem do tempo. A reciclagem dos mais diversos materiais se mostrou um
caminho possível pra arte desde os primórdios do cubismo. Sociedades ditas primitivas não chegaram à reciclar seu lixo
inteiramente, também não possuíam uma definição clara para arte. No máximo, o objeto ritual é descartado após o uso, quando
então vai a um local onde é abandonado. Também não existe uma linha divisória rígida entre sociedades primitivas e modernas
tendo existido um diálogo constante entre esses dois momentos humanos. Tão pouco estamos certos se a sociedade industrial
moderna veio pra ficar, se não é tão apenas um instante na vida da humanidade. Uma coisa é certa, jamais seremos os mesmos
novamente. Toda a produção artística atual é contemporânea.
Na ilha de Páscoa, a produção dos mais de mil Moais ajudou a inviabilizar a vida na ilha, mostrando como é relevante para o
ecossistema a produção da obra de arte. As artes antigas, a cerâmica, o trabalho com fibras vegetais sempre teve uma conotação
de reciclagem.
A argila depositada na margem dos rios é quase o final de um processo natural de reações com influência das intempéries em
escala geológica, e que se não for retirada será reciclada naturalmente, segundo as eras geológicas pelas quais atravessa o
planeta. Fazer cerâmica é em parte interferir nesse processo, de maneira miúda. Reciclagem à maneira de uma primeira natureza.
Também a lenha para fundição usada nos séculos passados tinha sua origem na reciclagem do que se encontrava já morto e
disponível na superfície terrestre.
A busca do metal em cavernas naturais também era uma atividade com pouca alteração na superfície do planeta. Com a difusão
do uso do petróleo, combustível facilmente transportável tivemos o início de uma maior atividade, tendo a produção humana
deslocado seu eixo pro uso de materiais não tão de superfície como o são a argila e a lenha, mas de combustíveis e minerais
vindos do interior do globo, revertendo processos geofisiológicos e alterando todo o panorama ecológico. Novos materiais e novos
problemas, novos desafios, valorização e dignificação do que é antigo, desconhecimento da situação presente. Hoje o artista pode
optar entre realizar uma exposição no dia seguinte ou esperar que o óleo seque na tela. O seu engajamento à tradução irá definir
sua opção, o risco do uso de materiais novos, a incerteza quanto à perenidade da obra, ou o embasamento e a segurança no
conhecimento de métodos e processos tradicionais. Nada parece indicar que o mercado esteja diretamente vinculado à qualidade
da obra em questão. O nível de estabilidade dos novos materiais, principalmente os oriundos do petróleo é sabidamente menor
que os consagrados pela tradição.

A preocupação com a integração e o respeito à natureza já faz parte do cotidiano dos artistas. Paulo Seeman, artista ilhéu fala em
uma ecologia interior, o material sugere ao artista que é movido por essa ecologia e produz a obra. Trabalha tanto com restos da
natureza (folhas, cascas) como com rejeitos da sociedade industrializada e também com pintura. Modernamente temos visto obras
de arte do tipo perecível, ou de pouca durabilidade nas condições normais de exposição, trabalhos que necessitam de um
programa de armazenagem próprio e sofisticado que demanda tecnologia pra controle de temperatura, umidade e condições
gerais tanto na exposição como na armazenagem. As novas tecnologias de materiais não visam necessáriamente aumentar sua
durabilidade em condições normais, mas atender requisitos de disponibilidade de matéria prima. Assim vemos hoje borrachas de
origem sintética e não mais de látex e a tinta acrílica substituindo a tinta à óleo. A reciclagem dos mais diversos materiais tem se
mostrado um suporte adequado à produção artística contemporânea, resolvendo enfim um problema de material básico e de
discurso, trazendo no seu bojo uma crítica à produção de resíduos pela nossa sociedade que altera o ecossistema.
Adianto assim a conclusão, ou melhor, deixo visível meu objetivo: mostrar que pode haver integração entre arte e natureza,
harmonia e equilíbrio ecológico. É possível a manifestação plástica utilizando-se de meios alheios às determinações do nosso
século, a velocidade e o uso maciço de energia.
Explico o surgimento da obra de arte como resultado de uma relação de harmonia, artista e mundo.
A ecologia terá um novo panorama quando seus requisitos básicos forem respeitados durante a produção industrial, então não
veremos mais os problemas pelos quais passam as relações industriais entre o hemisfério norte e sul, com o primeiro
comercializando seus rezíduos pro mundo pobre com a desculpa deste reciclá-los. As embalagens devem ser fabricadas em
materiais localmente recicláveis, como o papel que pode ser fácilmente incineirado. Este é um problema que deve e pode ser
resolvido com o diálogo entre indústria e sociedade. A reciclagem parece ser uma alternativa às artes plásticas enquanto se fizer
necessidade de cobrar uma solução das diversas sociedades.
Não penso que seja muito saudável iniciar-se crianças nessa atividade, pois estaremos perpetuando o problema.

A atitude correta em relação ao lixo não é reciclá-lo, principalmente aquele com materiais poluentes, mas conseguir degradá-lo
desestruturá-lo. Para tanto é necessário conhecer a sua história e também o processo tecnológico em que é obtido, para daí
mapeado isto ter algum subsídio à sua degradação. O mercúrio utilizado nas pilhas de relógio é um bom exemplo disso. É muito
poluente. Conhecer a sua obtenção pode ser uma forma de obter a sua degradação e uma volta à natureza de forma original.
O aquecimento da biosfera e consequentemente da sociedade modifica o comportamento psicológico do ser humano. O que
poderia ser uma vida em contato com a natureza passa à ser uma existência artificial, inclusive psicológicamente. Nessas
situações a arte passa à ser uma válvula de escape e uma porta à reintegração do ser com a natureza.
Natureza é movimento e transformação. A arte também, pois como sabemos faz parte da natureza humana.
Tudo o que flui na superfície do planeta tem a possibilidade de se renovar, razão pela qual defendo a arte como uma manifestação
humana que respeite e que esteja em harmonia com o meio ambiente. O que sabemos de concreto à cerca do momento histórico
no planeta em que se construiam as pirâmides?
Podemos conjecturar, não nos é possível retornar de fato ao passado. O tempo flui, a arte também.
Conceito de força, energia, entropia e harmonia.
A noção de energia e entropia vem da física e são mensuráveis e quantificáveis, fazendo parte de um mundo objetivo, já a
harmonia é um conceito completamente abstrato e são importantes porque complementam nossa noção de ordem, importante pra
arte.

“Por harmonia geralmente entendemos um ajuste, uma junção ordenada e agradável dos diferentes que em si já carregam muitos contrastes. Nesse
sentido, harmonia é uma relação dinérgica na qual elementos diferentes e muitas vezes contrastantes complementam-se ao juntar-se. Que tal junção
dinérgica está no núcleo de todas as harmonias é sugerido pela origem da palavra harmonia, do grego harmos, juntar. O conceito de harmonia remonta
à Pitágoras que, de acordo com a lenda, o descobriu ao ouvir o som do martelo de diversas bigornas em uma ferraria. Essa observação levou-o pela
analogia a outros instrumentos, como as cordas em vibração de uma lira. Descobriu que duas cordas tangidas ao mesmo tempo soam melhor quando
são iguais, ou quando uma tem ½, 2/3, ¾ do comprimento da outra” György Doczi - O poder dos limites .

A arte é consequência da vida e estas dependem da existência da harmonia.

Por entropia entendemos como aumento da desordem de um sistema. Se considerarmos o Universo todo um sistema fechado,
portanto finito, teremos dentro desse sistema um aumento constante na entropia, chegando à um momento onde os corpos não
troquem mais calor entre si por já terem igualado sua temperatura e a temperatura de todo o Universo, ocorrendo então a
chamada “morte térmica”, que é o fim da possibilidade de realização de trabalho.
A resolução da questão arte-ecologia passa pelo perfeito entendimento da relação entropia-Universo. Essa parece ser uma
questão determinante e o surgimento de uma clareira no problema em investigação. A questão morte térmica do Universo, além de
especulativa, empobrece o presente estudo pois nos transformamos em meros espectadores do “fim dos tempos” e não com a
incumbência de preservar a vida e a natureza. Nas culturas tradicionalistas onde o tempo é concebido como circular, o aumento da
entropia no Universo inexiste. O que talvez realmente ocorra são momentos em que cosmos(ordem) e caos(desordem) se
sucedam. O conhecimento da entropia deriva de uma qualidade hipotética de um sistema hermético, mas ideal e sempre em
relação à alguma outra parte externa ao referido sistema.
O conceito de fechado é relativo ao conceito de aberto? Pode-se pensar no Universo finito, portanto um sistema fechado? Aí não é
possível haver mais nada, nem algo aberto.
Também dentro desse tema pode-se expecular quanto ao tamanho e forma do Universo. O nosso conhecimento da finitude do
Universo sempre vai estar relacionado à inteligência humana e aos instrumentos de observação e análise que desenvolvemos.
Gregos na antiguidade e Europeus no renascimento desenvolveram uma vasta filosofia a cerca das particularidades do Universo e
dos elementos celestes.
Modernamente o movimento concretista teve incersões neste campo da pesquisa filosófica e com ações objetivas transformou
nossa maneira de ver, observar e realizar arte e poesia, interferindo exatamente no conceito de ordem então sedimentado.

Força e energia se complementam quando observadas no ambito das artes plásticas. O que dá forma é a fôrça pois pode conter
a energia. A manifestação pura da energia resulta num produto disforme. A força estaria relacionada a espiritualidade. Havendo
força sem energia também não temos manifestação sendo por isso complementares e seu diálogo e compreensão necessários à
produção da obra de arte. Jung e Freud se manifestaram nesse ponto, propondo idéias quanto à forma, conteúdo e origem das
mais diversas manifestações artísticas. O uso da energia de fonte renovável ou não renovável à curto prazo, o conhecimento da
sua origem e meios de transmissão até a manufatura da obra de arte também são relevantes pro perfeito discernimento do
relacionamento entre arte e ecologia. Como veremos mais tarde, a arte gestual, com a citação sugestão de que para se “vencer
uma grande área, deve-se usar um grande pincel”, nos remete ao uso de uma grande quantidade de energia sem se ter a
preocupação em dar forma. Num certo ponto isso pode nos remeter à idéia peculiar de liberdade onde não existe mais
concentração nem retenção ao fluxo energético. Aí sim, o artista deve ter à disposição uma grande quantidade de materiais à sua
disposição e como que contraditóriamente pouco tempo disponível, sem os quais não é possível polarizar a energia em questão
nem as tensões próprias.
O artista sempre modifica a matéria, seja alterando a sua constituição fisico-química (cerâmica), a sua forma, agregando
pigmentos ou simplesmente deslocando-a (object trouvé) gerando assim um novo objeto. E esse objeto dentro da ecologia surge
como uma interferência, esse novo objeto necessita ser guardado, preservado, dispendendo pra tanto quantidade de energia,
parafraseando portanto Oscar Wilde quando disse que “a arte começa onde a natureza termina”.
Nesse momento também é interessante discorrer sobre o uso da energia que faz a nossa sociedade industrializada e as
sociedades ditas primitivas. Ao meu ver o que marca a separação entre essas duas manifestações da humanidade é justamente o
uso per capita da energia.
Enquanto os primitivos se utilizam da tração animal e de força humana aos seus trabalhos o homem moderno faz uso de
máquinas, com dispêndio de energia muito maior. O primitivo faz uso portanto de um atributo quase que esquecido pelo homem
contemporâneo e ausente nas pinturas ditas gestuais, a paciência.
Já havia sido observado também entre índios mexicanos alguns rituais de ação em que o solo é marcado com areia colorida dando
inspiração ao surgimento da pintura de ação entre os artistas norte-americanos(Polok). A arte gestual teve seu início junto com as
descobertas que a humanidade fez de novas fontes de energia tendo como principal a energia nuclear. Com o advento da segunda
guerra, aumentou-se a disponibilidade de energia repentinamente. E é nessa diferença de escala em relação ao uso e
disponibilidade de energia que está a chave pra compreensão das manifestações artísticas dos povos ditos primitivos. Modifica-se
também dessa forma a espiritualidade dessas duas faces da humanidade. E até agora, o uso maciço, a não economia, tem
determinado a descoberta e a obtenção de mais disponibilidade de energia. É natural de se esperar que sociedades como estas
busquem na corrida espacial também uma forma de consumir partes dessa energia. Os povos primitivos tem em geral uma relação
de amizade com o solo em que pisam e em que se sentam para trabalhar, o homem contemporâneo em geral tenta dele se
distanciar.
A energia física normalmente pode ser medida e transformada em números e unidade de medida correspondente. O mesmo não
ocorre com a energia psíquica e espiritual registrada na obra de arte. Podemos no entanto percebê-la, sentí-la e disfrutá-la. Apesar
de muitos dos estudos em arte tenderem à transformar essa área do conhecimento sua mensuração parece ser desnecessária.

A ecologia pode ser entendida como o conhecimento da teia que envolve os diferentes fenômenos no mundo natural, como os
diversos fatores se interelacionam e é uma ciência em construção. Na filosofia a ontologia do ser refere-se à manifestação da
matéria, ao surgimento, razão e direção desta. A obra de arte não faz parte desse ambito pois o artista não gera a matéria, mas a
modifica, fazendo surgir novas relações ecológicas e sociológicas. Fica então evidente que o artista quer queira quer não interfere
também como que diretamente na ecologia.
Esse fator tem influenciado muitos artistas, especialmente a arte ambiental (environmental art) onde são construídos objetos e
esculturas geralmente com materiais encontrados próximos ao local da instalação da obra de arte. Modernamente com as
pesquisas arqueológicas, uma “busca às origens” tem sido levada avante pelos artistas plásticos. Irwin Panowsky no seu livro “o
significado nas artes” cita que dever ser do conhecimento do artista a arqueologia. Essa volta às origens tem sido interessante
para se observar quão integrados à natureza eram os povos da atiguidade e sua noção de “arte total” ou inexistência dela.
Temos visto muitas manifestações em que é dado prioridade à natureza em si, à matéria sem processamento industrial, mas
artesanal. Essa parece ser uma veia poética bastante explorada atualmente, alertando-nos pra questão ecológica que envolve
todo o planeta e é de interesse de todos pois determina a sobrevivência no momento e das gerações futuras.
Imitando estamos em parte revivendo as razões que levaram um determinado artista à executar sua obra. Essa lição pode ser
mais abrangente quanto mais fatores levarmos em conta.
A idéia de harmonia não é nova portanto. O conhecimento da história sugere quase que obrigatóriamente um levantamento do que
foi o passado. Será que podemos pensar que lá havia mais harmonia, essa noção estava mais presente nas artes plásticas?
O que se acredita atualmente é que períodos de caos e cosmos se sucedam, sendo portanto a harmonia uma característica
singular e presente na natureza. Também não podemos falar em desejo dessa própria natureza, não podemos citar a perenidade
dos objetos como uma vontade dessa natureza que já sabemos em parte cíclica. Como ente básico dessa harmonia temos o
possível conhecimento, indispensável pois para a sua existência.

Ecologia.
A ecologia é o tema central dessa dissertação, do seu conhecimento, do respeito à natureza e ao próprio ser humano é que
resultará e resulta a continuidade da vida nesse nosso planeta azul. Crianças hoje, depois adultos e velhos, essa é a ordem
cronológica que percorre o ser humano e parece repetir em si toda a história do planeta.

“Temos o hábito de imaginar o planeta como um território pronto, inerte e delegamos aos dinossauros os tempos em que haviam vulcões, mas o
planeta ainda está em seu início, com a paisagem por modificar-se.” - da televisão canadense.

Recentemente o aumento da temperatura da atmosfera pelo efeito estufa – os poluentes assustam muito os ecologistas, mas já se
chegou à conclusão de que isso poderá causar mais chuvas e portanto mais vida no planeta.. –ref.Eras de Gaia.
Se por um lado as ações dos ecologistas estão ligadas à política, o conhecimento da ecologia não.
Muito já se falou que os povos primitivos tem conhecimento dos tramites ecológicos pelos quais passa a vida, e o que garante à
esses povos o respeito à natureza é o acesso modesto que possuem à energia disponível na superfície e no subsolo do planêta.
Os orientais acreditam numa vida em harmonia, em confirmidade com a vontade dos céus, sendo a terra sua contraparte.
De fato, se observarmos todas as perfurações no solo e subsolo do planêta que as ditas sociedades contemporâneas executam,
entenderemos porque periódicamente lançam foguetes à atmosfera, e que os primitivos trabalhando sentados no chão são os que
menos problemas de saúde e coluna vertebral possuem.
Penso que a história da humanidade poderia ser reescrita como tendo em seu eixo principal a busca da energia e que como já foi
dito, o que separa o homem primitivo do civilizado é apenas a disponibilidade de tal energia pelas civilizações à que pertencem.
O ser humano sempre soube inventar histórias e registrar em forma de mito.
Neles também deixa acumulada uma forma de energia muito sutil, a energia psíquica.
Como regra geral, quanto mais primitivo o homem, maior a compreensão
do Universo em suas histórias e mitos.
Muitos dos ensinamentos hoje ecológicos provém de relatos antigos, um deles é a lenda da deusa grega Gaia, que personifica a
Terra viva, ponto do nosso estudo. E esses mitos sempre trazem junto à si uma carga artística e poética.
Muitas das proibições das religiões antigas, se vistas à luz da ciência contemporânea sem justificativas ecológicas, como por
exemplo o uso restrito da energia elétrica entre os judeus ortodoxos.
Proibições de mesma ordem chegaram à definir rumo às artes plásticas tais como a não permissão de construção de imagens
divinas e o uso da argila para fabricação de esculturas, ficando o uso desta restrito à confecção de utensílios pra uso doméstico,
sábia resolução.
Nos dias de hoje, que sucedem o movimento concreto na poesia, vemos que a origem da escrita é em parte pictórica, mas vale
lembrar que as proibições acima citadas podem ter gerado uma elaboração dos caracteres mais refinada entre certas civilizações
orientais tais como as do oriente médio. O conhecimento, o respeito à natureza e às várias formas de vida é que irão garantir a
continuidade da existência sobre a face da Terra. A arte deve protanto estar engajada nestas questões. Este fato pra uma obra de
arte não modifica sua perenidade nem tão pouco sua importância dentro do panorama internacional.
Como a arte, a questão ecológica transcende a lógica cotidiana. Uma pergunta não muito fácil de ser respondida é se uma nova
tecnologia pode estar de acordo com os preceitos ecológicos, ou seja: o novo é ecológicamente viável?
Parece que sim, e é a busca do novo o que em parte tem movido a humanidade.
Então além das questões espirituais na arte, tão bem expostas por Kandisnsky no seu “o espiritual na arte”, também temos como
relevantes a ecologia e quiçá existam situações em que haja convergência entre ambas, embora não seja imprescindível.
Sendo a arte uma manifestação do espírito, pode essa também ter preocupações ecológicas quanto à matéria que dá forma a ela,
momento de sua convergência.

O tema ecologia não se esgota assim tão facilmente e faltam dados para se saber exatamente se a produção de combustíveis
fósseis na crosta terrestre é relevante em função do seu consumo. Até agora no entanto, aceitamos que seja um recurso
esgotável, no entanto renovável à longuissimo prazo, em uma escala de tempo geológica.
Eu poderia ter iniciado este capítulo definindo que ecologia é o estudo da teia que delineia as relações de vida entre os seres do
planeta.
Fala-se atualmente em um termo muito interessante, a geofisiologia.

Velocidade da produção / execução da obra de arte, arte gestual e energia concentrada.


O Mosaico composto pela obra de arte gestual abstrata atesta que a sociedade contemporânea quer ir à algum lugar, vagar os
céus ou penetrar o insondado interior do planeta. Parece que temos pouco tempo para observar a qualidade dos materiais que
compões nosso trabalho artístico, mas ele vai definir o resultado final.
É preciso inclusive exercitar nossa paciência. Via de regra a qualidade é proporcional ao preço. A velocidade não quer ter o seu
fim.
Descobrimos que após a revolução industrial as máquinas prometem ficar em nossa sociedade, muitas vezes até com uma
autonomia indesejada. Etimológicamente a palavra máquina tem relação com a palavra mão, não sendo portanto objetos muito
recentes.
Hoje somos capazes de achar inclusive que transformamos petróleo em alimento, isso já deve estar presente nas contabilidades.
Como será a arte na época da velocidade da luz? Se aproximará da dos índios?
Mosaicos e força, surgimento como uso de pouca energia.
Uma das primeiras sensações que temos ao observar um mosaico é a paciência de quem o executou, e podemos até nos
perguntar se não estaria num outro mundo o artesão ou artista produtor. Alguns fractais assemelham-se claramente aos mosaicos
executados pelos indivíduos pertencentes às mais diversas culturas tradicionais que compõe a humanidade. Mas os fractais são
invenções da matemática moderna. Gaston Bachelard ao se referir aos desenhos das cavernas faz referência à possibilidade de
estes terem sido feitos pela natureza, e não pelo homem, igual pensamento se faz às construções de ferramentas de pedras
lascadas pelo Australopitecus, onde era indiferenciada a ferramenta produzida pela fratura natural de uma pedra e aquela
fabricada pelo artesão lítico. Pode ser que os mosaicos estejam situados nessa região, onde o desenho ainda não é propriedade
da sociedade, nem do indivíduo, onde o gesto ainda não está domesticado, onde faz parte da natureza, como querem atestar os
teóricos fractais. A arte etimológicamente também pode significar livre-ação, e é a força, a arbitrariedade que delimita seu campo,
impondo limites. A noção de obra aberta pretende demolir as fronteiras relativas às antigas arbitragens, fazendo a arte penetrar os
processos, os materiais, as idéias, aumentando assim sua presença no cotidiano do ser humano, fazendo-nos retormar o contato
com a etimologia da palavra arte.
Um mosaico seria um padrão com um grau elevado de ordem, bastante harmonioso, surgindo pois com um baixo uso de energia,
já que desta forma a força pode atuar mais facilmente. Explicando um pouco melhor, a energia pura não tem forma, sendo pois
necessária força para formá-la conformá-la havendo um balanço, uma relação entre força, energia e ordem. Eis a chave para o
entendimento da formação dos mosaicos ordenados, a origem e o pouco uso da energia.

Nas sociedades em que há tradição, em que se perpetuam os costumes, existem caminhos pra arte. Assim é na antiga sociedade
japonesa, onde existem o caminho do chá, o caminho da cerâmica entre outros. São sociedades sabiamente tradicionais. Os
mosaicos também habitam estas regiões. No topo da sociedade em que vivemos, aquecida que é pela industrialização sómente
podemos pensar no caminho indicado pela ficção. E em parte o mundo de incertezas e mistério que ronda a ficção é um geito de
quebrar a rotina.
Pra finalizar o tema referido à formação dos mosaicos transcrevo György Doczi em O poder dos limites :
“Quando compartilhamos nossas limitações com as dos outros, como o fazemos na relação áurea de vizinhos, complementamos nossas falhas e as dos
outros, o que nos possibilita criar assim uma harmonia viva na arte da vida, comparável às harmonias criadas na música, na dança, no mármore, na
madeira e na argila. É possível viver dessa maneira porque as proporções do compartilhar recíproco, as proporções de ouro da natureza, estão
integradas em nossa própria natureza, em nosso corpo e mente, pois que eles também fazem parte dessa natureza. Os processos básicos de formação
de padrões que ela já utiliza para dar forma tanto à mão humana quanto à mente podem continuar a guiá-las no que quer que estejam dando forma,
desde que as mãos e as mentes mantenham-se fiéis à Natureza. Assim as melhores criações humanas são imortais e até mesmo sagradas, como uma
flor recém-desabrochada. Voltando ao ponto de início, com Buda segurando a flor de seu discurso sem palavra, vemos sua mão representada em
primeiro plano no gesto de ensinar. Quando ela se abre, o dedo indicador percorre a mesma espiral logarítmica que se abre nas miríades de formas da
natureza. Os desenhos combinados dos cinco dedos criam o desenho do lótus de mil pétalas, símbolo da concretização da perfeição. Mas essa mão
não é apenas a de Buda: é a mão de cada ser humano”.

Aquecimento da biosfera e cronologia das obras de arte.


O tempo fica registrado pelas modificações no mundo, razão pela qual não existe sociedade sem história.
Se a essência da arte é o devaneio, escrever sobre o aquecimento da biosfera relacionando-o com a execução das obras de arte
necessita pois do estudo cronológico de ambos. Verificamos que as primeiras manifestações artísticas que se tem sobre a face da
terra, talvez se confundam com as realizações dos homens das cavernas. Pequenos objetos, ferramentas e inscrições rupestres,
tanto em cavernas como a céu aberto estão entre estas manifestações. Hoje sabemos que estamos em um ponto crítico do
aquecimento da atmosfera com uma alta movimenta;ção na superfície terrestre, coincidindo com as grandes velocidades na
produção de obras de arte, quer na arte gestual como em sua produção à granel. Como podemos afirmar que tenha sido
diferente? É facil, basta caminharmos poucos anos na história e veremos que tudo era mais lento.
Antes do desenvolvimento da indústria do petróleo, no século XVIII, as bases e solventes das tintas usadas nas telas ou eram de
origem vegetal ou de origem animal.
Não temos muita dúvida do fato da atividade humana nos moldes atuais influir no aumento da temperatura da atmosfera, mas não
sabemos até que ponto isso é fruto da mudança no próprio sol, que parece estar aumentando sua temperatura.
Obra do Franklin Cascaes do ponto de vista ecológico.
Não sou profundo conhecedor da arte do Franklin Cascaes, mas o seu presépio elaborado com materiais naturais encontrados na
Ilha de Santa Catarina sempre me fazem lembrar da sua preocupação ecológica. Uma preocupação onde se fundem o humano e a
natureza, fazendo-nos ver que há uma contínua interdependência. Sem natureza não há a humanidade. Uma ilha oceânica é um
local propício à reflexão e é aqui que é possível pensar e viver um microsistema mais independente e seus problemas diários.
O hábito, a dependência da vida com a pesca forjou a mentalidade do homem local, mantendo este em contato direto com a
natureza e o meio ambiente. Se não pesca seu peixe pela manhã, por certo pegará algo à tarde, pois trá de continuar vivendo. E
esse hábito, essa prática da pesca fez com que as pessoas tenham uma percepção de tempo diferente, a espera alarga o tempo,
e é práticamente um hábito a pura observação de tal tempo passar. Essa mentalidade fica registrada na arte do Franklun Cascaes,
a disponibilidade de tempo pras suas pesquisas de campo, coisa que os homens habitantes dos grandes centros já há muito
haviam perdido. A modernidade comprime o tempo.

Rabiscos que atravessam o planeta, a arte gestual e os ideogramas.


Hoje em dia sabemos que é possível ir da América à Asia e à Europa à pé.
Não somente usando o estreito de Behring no estremo norte da América como durante o inverno, cruzando-se a calota no círculo
polar Ártico como fizeram pela primeira vez os russos e canadenses vindo da Ásia à América.
A composição do mundo em Oriente e Ocidente é um fato cultural também. Para que assim seja compreendido devem haver
alguns pressupostos; o de que a Terrra é redonda e de que existe um campo magnético associado ao campo gravitacional do
planêta, polarizando a nossa Terra. E se o nosso corpo é um segmento histórico desse planêta e se a arte habita o corpo, temos
as mesmas capacidades que os seres humanos nascidos no oriente, e os mesmos potenciais.
O diálogo entre as diversas áreas do conhecimento humano sempre existiu e é exatamente esse cambio que nos permite observar
os ideogramas chineses à luz da pintura gestual realizada no ocidente. Ao escrever ou inventar um caracter os chineses teriam se
relacionado com um aspecto natural da situação relatada. Igualmente ocorre na pintura abstrata. O mundo gira e sua direção é
indicada pelo futuro que nós ajudamos à realizar. O ideal seria utilizarmos sómente recursos renováveis em qualquer construção
planejada.
Já vimos que as culturas mais primitivas, utilizam quase que apenas recursos renováveis e parecem estar mais em contato com a
mãe terra, a própria natureza preservada, onde então o tempo pode realmente ser expressado como algo cíclico, num seguro
retorno. Pra nós os ideogramas são riscos, pros chineses também. De interpretação subjetiva requerem uma educação necessária
à sua compreensão, uma leitura equivalente à que fazemos ao observar uma pintura. É uma maneira quase que instantânea de
emitir uma idéia, uma fotografia.
Com a pintura gestual os artistas ocidentais se aproximaram dos primeiros orientais à se inventarem os ideogramas, como na
nossa sociedade tal ação deriva de um aquecimento, o mesmo deve ter ocorrido lá. Embora não possamos avaliar a sua extensão
foi a repetição que retirou os ideogramas de um ambito meramente artístico ou de sobrevivência direto.
A essência da arte é o devaneio e é ele que permite entrar em contato com as forças da natureza. Tal contato deve ter estado
presente na criação dos ideogramas e também presente na pintura onde funde-se natureza e artista.

A arte abstrata e o surgimento da energia atômica.


O ilógico induz ao ilógico.
O impacto do surgimento da energia atômica entre a sociedade humana, com suas proporções ilógicas pode ter induzido à arte
abstrata , onde pouca coisa importa e onde ganhou relevância o descaso da figura e em especial da figura humana.
Havia também, e principalmente um superavit de energia que de alguma forma foi percebido também pelos artistas. Abriu-se uma
possibilidade e uma capacidade nova de ação adequando o fazer artístico aos novos tempos. Em outros tempos, durante a
domesticação do fogo, quando se deu a chamada guerra do fogo, quando os seres humanos experimentaram o fogo no outro,
também se deu um superavit de energia entre os humanos, data desta época o descobrimento ou a invenção da cerâmica.
A explosão atômica fez nos voltarmos à nós mesmos e então redescobrimos Novalis com sua máxima “A poesia é a religião
original da humanidade”.
E esse surgimento da arte abstrata coincide com a invenção de novos e importantes materiais originários do petróleo. Também
formou-se um léxico particular e novas possibilidades na filosofia da arte. A arte passou à ser uma conquista da humanidade e
ganhou o seu espaço apropriado.

Existe um ciclo natural da matéria e energia que é estudo da ecologia. Rompido esse ciclo, perdido o elo torna-se necessário um
esforço extra pra restauração do seu equilíbrio. Uma solução nas artes plásticas, engenharia e qualquer outro ramo do
conhecimento humano deve levar em conta a harmonização com esses fatores. Segundo o modo de pensar chinês : “Quando o
Tao reina no império, os cavalos servem para arar os campos.”
A reciclagem como esfriamento (destencionamento) social e da natureza.
A reciclagem pode ser uma importante fonte para matéria prima.
Tanto pras artes como pra qualquer outra forma de produção gerando um ciclo prórpio e fechado libertando a natureza do ônus do
sabe-se como reciclar os degetos da humanidade. Só jogue no mar o que o peixe pode comer.

Materiais novos, velocidade da produção.


É comum considerar-se o material correto à alguma construção um material local, alguma madeira de origem local.
Num raciocínio ecológico, atualmente pode ser mais interessante o uso de algum material sintético devido à escasses de matéria
prima na natureza, levando o homem à ter um raciocínio mais global devido à sintese dos materiais.
Ainda assim o “dulce far niente” tem sua grande utilidade no equilíbrio ecológico. Mas pra tanto é necessário localizar-se algum
local aprazível, aí sim, cruzaremos o tempo em situação de equilíbrio ecológico, elevando o espírito. O dinheiro é algo que vem e
que vai, o que fica são as nossas ações.
Muitas vezes é o material que define a velocidade na produção da imagem. Creio nunca ter estado tão aquecida a superfície do
planêta e o ser humano por hora tem ignorado bastante o seu lado mais espiritualizado.
A essência da existência permanece um mistério, mas é de mesma natureza que todas as coisas. A ontologia tem se preocupado
disto. Em geral, podemos definir este século como época em que a velocidade é muito importante. Cada vez viajamos em maior
velocidade, tudo parece girar mais rápidamente, as pessoas tem mais pressa, isso também influenciou os artistas e os materiais
se adequaram à este novo modo de viver.
Se olharmos atravéz da história e da arte veremos que atualmente podemos realizar uma mesma obra com maior velocidade, falo
me referindo às inscrições rupestres nas pedras. Foi com muito esforço que os antigos registraram seus grafismos nas rochas. E
sabemos também que ao curso da história não interessam os retornos, talvez por isso caminhemos sempre para um maior uso da
velocidade. Paralelamente à essa maior velocidade, caminha de uma maneira inversa a perenidade da obra de arte.

Na década de 1940 quando Thor Heyerdahl fez sua viagem atropológica na jangada Kon-Tiki, inaugurava-se um movimento de
regresso aos tempos antigos.
Aqui transcrevo algumas palavras de Otávio Paz quando se referiu ao México em seu discurso do Prêmio Nobel: “Os templos e
deuses do México pré-colombiano podem ser apenas uma pilha de ruínas, mas o espírito que deu sopro de vida àquele mundo
não desapareceu”.
Materiais x durabilidade da obra de arte.
“Pergunto-me se não seria mais honesto abordar a obra de arte sabendo que ela é provisória e irá desaparecer, e que, na
verdade, relativisando, não há diferença entre uma obra arquitetural feita em mármore maciço e um artigo de jornal, impresso em
papel e jogado fora no dia seguinte..” – Jean Renoir.

O que permanece é a imagem, que é imaterial, fruto de algumas operações cinestésicas. Justamente o que poderia ser mais
efêmero, o que sugere ser, é o que supomos permanecer. No oriente a impermanência é algo presente na natureza da arte, como
podemos perceber neste hai-kay: Tu-Fu(712-770)

Pátrias desmoronam
Rios e montanhas permanecem,
Sob as ruínas do castelo, viceja o mato:
É primavera.

Materiais proibidos.
Quando a humanidade se conscientizar do problema ecológico, tomaremos a atitude de não mais utilizar materiais oriundos de
recursos não renováveis. Isto atualmente não é percebido. Mas já existem materiais de origem animal quase todos, que são
proibídos ao uso geral e das artes.

Tal caso são as peles, os marfins. Teremos de nos contentar com as quantidades de metais presentes na superfície e também do
carbono. O filme Powakatsi dá indicações dessa necessidade de preservação para continuação da vida.
Existe uma crença moderna de que o ser humano explorará outras galáxias, isso será possível caso seja usado material
encontrado em outros planêtas, numa escala cósmica.
Não parece ser impossível. Aí talvez ficaremos em paz com nosso querido planêta.
A América e o período clássico.
Aqui na América o período clássico deu-se com a população indígena, gerando pois uma diferenciação nas artes plásticas. Entre
eles o tradicional é arte, ao artesanato está relegado o novo. E se essa afirmação for verdadeira, como identificar o novo entre
eles?
Desde à muito, a antropologia tem servido de ponte entre as sociedades, o mundo primitivo e a sociedade contemporânea. É dela
a idéia que temos dessa dicotomia, e até agora são os antropólogos que nos tem dito sobre a arte indígena. Mas sabemos bem
que só quem produz tem a capacidade de nos dar esta resposta. Ao artista cabe a primeira experiência frente a obra de arte
realizada, sua concepção e idealização. Só ele pode falar da originalidade ou não com a devida profundidade, razão pela qual o
tripé arte crítica e mercado não funcionam sem a propaganda.
Pro artista, a obra de arte é um ser desnudado. No período clássico, se havia crítica na obra de arte, esta informava quanto ao que
o artista havia feito, era uma descrição, na América, no século atual, há uma tendência ao seu desaparecimento com o surgimento
da arte conceitual tendo-a aglutinado.
Não somos sómente relações esturutrais.

Diluição das novas tecnologias, obra de arte x arte da obra. Sobras.


O que interessa numa teoria científica não é o que ela explica, mas o que não explica, fruto este do corte que foi dado, ao se
observar a natureza do fenômeno. O cientista quis evidentemente chegar à um ponto. Talvez por isso possa-se dizer que a
natureza não tem leis.
A música também pode ser observada como sendo resultado dos momentos onde não há som, os intervalos entre as notas,
destes também depende a construção melódica, tal qual no mundo da ciência.
A escultura é definida como sendo um corte no material. De tal processo resultam sobras, é feita de presença e ausência de
material.
A produção da obra de arte como uma atividade desvinculada do trabalho.
Com o trabalho está implícita uma relação de dominação. Com aumento no desenvolvimento das tecnologias de automação os
países ricos necessitam que cada vez menos exista atividade industrial no mundo pobre pois segundo se crê é essa a razão da
polarização do mundo em ricos e pobres. Assim o fazer arte seria a solução para o destrabalho nos países pobres, com o produtor
de arte integrado e possuindo identidade desvinculada do processo de trabalho.
O carater não mercadológico da obra de arte a diferencia dos objetos produzidos pela sociedade industrial a desvincula
definitivamente do trabalho, seja ele assalariado ou não. No Brasil onde não temos a profissão de artista plástico como algo
rigidamente regulamentado isso permanece mais evidente. Não podemos então pensar numa arte de sobrevivência?
Toda essa possibilidade de divagação em torno deste tema não tira a possibilidade de se ver nela, intrinsico o seu valor.
A possibilidade de ver a obra de arte como algo desvinculado do trabalho tira-a dos grandes centros de produção, com o artista
muitas vezes executando o seu trabalho numa proximidade e maior contato com a natureza, vindo com isso realizar um trabalho
que possua vínculo ecológico. Modernamente pensa-se as cidades como tendo sua produção manufatureira na periferia e
espalhada, sem concentração alguma deste tipo de atividade dando condições do próprio meio ambiente corrigir distorções
ocasionais que possam surgir no decorrer do período da atividade. Fábricas própriamente ditas não são tema desse escrito, pois
com seu processo rígido de produção poucas vezes dão chance à alguma atividade de arte, que possue em sua etimologia a livre
ação.

O artista é fruto do meio, gerado por este, e neste opera e o modifica. A arte tem a ver com os aspectos humanos e não com a
produção industrial, é nesta humanidade que se nutre e da qual é vivo espelho.
A obra de arte pra existir como tal, não necessita de ser vendida, comercializada, sua relação com a existência é mais etimológica,
livre ação no sentido da palavra, distanciando-se assim do trabalho e de suas relações econômicas, políticas e sociológicas.
A desmaterialização da obra de arte e a fotografia.
Uma experiência cinestésica nos leva à efetivamente viver a imagem, grande parte da pesquisa atual em artes plásticas se situa
neste campo do conhecimento humano, indo desde à física até a fisiologia própriamente dita. E todo o conhecimento pode ser
usado pra se realizar uma obra de arte.
A fotografia se aproxima muito desta experiência de sintetizar o mundo. A desmaterialização como a conhecemos é consequencia
da arte conceitual, numa revalorização do processo de produção da pintura ou da feitura do objeto tridimensional. A fotografia se
situa no plano, ocorre à duas dimensões e depende quase que exclusivamente da luz pra ocorrer. Os anteparos e estruturas
tridimensionais de que depende pra existir quase não são levados em conta no processo da aquisição da imagem, daí a sua
evidente incersão no que costumamos chamar de desmatreialização. Como disse Roland Barthes “o que interessa do fotógrafo é o
seu dedo”.
Vivo documento da presença, a fotografia atesta ainda a alteridade do fotógrafo. Sabemos que complicados processos de
codificação e decodificação da imagem ocorrem com a ação fotográfica e que seu desenvolvimento tecnológico teve e tem em sua
continuação uma grande influência antropológica da sociedade industrial que a desenvolveu. Podemos comparar a máquina
fotográfica com a máscara ritual dos povos primitivos e ver em seu registro a fração da memória do mundo que a compôs. Neste
sentido é arte e está sempre desmaterializada.

Conclusão.
Aqui o caminho apontado como sendo uma possibilidade de obediência à ecologia flui para a desmaterialização da obra de arte.
Uma posição quase que religiosa, a primazia da imagem. A matéria como veículo da expressão, que pode ter na sua manipulação
relações de respeito à natureza. Não foi discutida a forma em si, nem o conteúdo, ambos aqui, é pressuposto que sejam
consequência do conhecimento e do respeito às questões ecológicas. Porém, como desde o início, fica transparente a
necessidade do artista respeitar a natureza, e que esta lhe é superior.
A arte é a maior expressão humana, e é atravéz dela que parte da história está registrada.
A arte portanto não precisa ser um embate com a natureza, o artista pode tirar partido dessas forças e conduzí-las
construtivamente para o seu trabalho, dependerá da sua abordagem.
Referências bibliográficas.
As eras de Gaia – James Lovelock.
(2) György Doczi – O poder dos limites Ed.Mercúrio.
Por um caminho Suave – Lutzemberger.
El significado en las artes visuales – Erwin Panofsky.
Haroldo de Campos – Ideograma.
Kandisnsky - O espiritual na arte.
Bachelard - A poética do Devaneio.
Umberto Eco - O signo.
Heidiger – O surgimento da obra de arte.
Jornal do Brasil – (Caos, cosmos e o mundo que virá).

Obs : este material pode ser copiado livremente, não é necessária permissão do autor, desde que não haja objetivo de lucro.
Florianópolis – Blumenau 1998 1999

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