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AS CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO ONLINE E SUA UTILIZAÇÃO EM TRÊS

BLOGS JORNALÍSTICOS

Mônica Pretto Reolom

Resumo: Este artigo tem por objetivo identificar as características do jornalismo online
segundo Bardoel e Deuze (2000) e Palácios (2001) em blogs de três jornalistas brasileiros
renomados. Busca-se descobrir se os recursos a que os jornalistas dispõem são bem aproveitados
ou não. Por meio de pesquisa em livros e sites e análise dos blogs selecionados, foi possível
concluir que os jornalistas-blogueiros ainda estão muito restritos à linguagem do jornal impresso
e os recursos disponíveis não são explorados ao máximo.

Palavras-chave: Blogs. Jornalismo online. Interatividade. Personalização.


Multimedialidade. Hipertexto. Convergência.

Bardoel e Deuze (2000) consideram quatro as características essenciais do jornalismo


online: interatividade (interactivity), “customização” do conteúdo, (customisation of content),
hipertextualidade (hypertextuality) e multimedialidade (multimediality).
A interatividade, segundo eles, pode ser entendida como a “capacidade do jornalismo
online em fazer do leitor/usuário parte atuante na experiência das notícias” (ibidem, tradução
minha). A “customização” se refere não apenas à possibilidade do jornalista criar o template do
próprio blog, mas também à possibilidade do leitor personalizar um site de notícias de acordo
com os seus gostos, ao colocar como prioridade visual uma determinada editoria de notícias. A
hipertextualidade é o recurso “de natureza específica do jornalismo online” que “oferece
informação sobre outra informação (information about information)” (ibidem, tradução minha).
O termo hipertexto foi cunhado em 1995 por Theodor Nelson e constitui-se em

uma escrita não seqüencial, num texto que se bifurca, que permite que
o leitor escolha e que se leia melhor numa tela interativa. De acordo
com a noção popular, trata-se de uma série de blocos de texto
conectados entre si por nexos, que formam diferentes itinerários para o
usuário (Theodor Nelson, 1995 citado por Mielniczuk e Palácios,
2001).

Por último, a multimedialidade seria a convergência das mídias tradicionais (jornal


impresso, rádio, TV) em apenas um suporte – online.
Palácios (2001) acrescenta ainda uma quinta característica do jornalismo online: a
memória. Essa pode ser entendida como “a possibilidade de armazenar e acessar com maior
facilidade material disponibilizado anteriormente”, material esse que pode ser infinito – não há
restrições físicas quanto ao arquivamento de documentos em ambiente online.
Partindo dessas cinco características básicas do jornalismo online, esse artigo busca
identificar o uso desses recursos em blogs de três jornalistas renomados: Ricardo Noblat (jornal
O Globo), Ricardo Kotscho (site Último Segundo – IG) e Josias de Souza (Folha de São Paulo).
A escolha desses jornalistas aconteceu devido à credibilidade que lhes é atribuída e ao seu
contato diário com os blogs.
O termo “weblog” foi cunhado em 1997 por Jorn Barger. Dois anos mais tarde, Peter
Merholz abreviou a expressão para blog, ao se referir a ela como “we blog” (nós blogamos)
(MERHOLZ, 1999). Os blogs podem ser definidos, conforme Viktor Chagas (2006), como
“páginas web de atualização simplificada e organização cronológica reversa”. Segundo Raquel
Recuero (2002), “a maioria dos weblogs é baseada nos princípios de microconteúdo (textos
curtos com as informações relevantes, colocados de modo padrão - em blocos – no site,
denominados posts), e atualização freqüente (geralmente, diária).” O blog por si só não
determina a maneira como ele será utilizado – é apenas uma ferramenta que oferece recursos
passíveis de serem apropriados de acordo com o usuário. Quanto ao blog jornalístico, Viktor
Chagas (2006) assim o define: “todo e qualquer weblog que contenha informação jornalística,
seja ela noticiosa ou analítica.” Os três blogs aqui escolhidos para análise podem ser inseridos
nessa definição.
Josias de Souza é jornalista do jornal Folha de São Paulo e mantém um blog de política
desde outubro de 2005. Já no primeiro post, Josias coloca os termos de compromisso assumidos
por ele nessa nova plataforma. Um dos termos diz respeito diretamente aos leitores: “o repórter
estimulará a diversidade de opiniões, absorverá as críticas e aproveitará as sugestões pertinentes.
De outro lado, não tergiversará em excluir mensagens que contenham expressões inapropriadas
ou que possam vir a ser tipificadas como caluniosas e/ou injuriosas” (15/10/2005). Josias usa da
moderação a posteriori (Chagas, 2006), ou seja, deixa que os leitores comentem e, se identificar
que os comentários são ofensivos de alguma maneira, deleta-os. Esse mesmo esquema é
utilizado tanto por Kotscho quanto por Noblat. Este instituiu regras para comentar em seu blog.
Nessas, estão detalhados os tipos de comentários que serão vetados. Um dos avisos é o seguinte:
“blog não é chat. Respeitadas as regras, é livre o debate dos assuntos aqui postados. Pede-se,
apenas, que o espaço dos comentários não sirva para bate-papo sobre assuntos de caráter pessoal
ou estranhos ao blog”. Em setembro de 2008, ainda no início da vida de blogueiro, Kotscho
decidiu moderar os comentários alegando que “chegou a um ponto em que [alguns leitores que
comentam] estão ofendendo todos os leitores com palavrões e agressões gratuitas. Isso não posso
admitir” (26/09/2008). Antes disso, os comentários não sofriam qualquer tipo de repreensão.
Dessa forma, pode-se dizer que os três blogueiros se preocupam com a opinião do leitor
ao deixar para repreender os cometários após a sua publicação. Além disso, todos os três
explicitam que levam em conta a opinião do leitor até na elaboração de matérias. Noblat chegou
a contar com um de seus leitores assíduos para ajudá-lo a moderar os comentários, ainda quando
trabalhava para o jornal O Estado de São Paulo.
A caracterísitca do jornalismo online mais que está mais presente nos blogs analisados é a
interatividade, em relação aos leitores, ao manter um espaço destinado às suas opiniões. Por
outro lado, a hipertextualidade, a multimedialidade e o diálogo com outros blogueiros
(interdiscursividade) são recursos de uso bem mais restrito. A linkagem (uso de links que
direcionam o leitor para outros sites) para as fontes ou mesmo para outros blogs é pouquíssimas
vezes utilizada. Isso se deve em grande parte ao fato de os três blogs estarem vinculados a
grandes empresas de comunicação. Mesmo assim, em teoria, esse fato não deveria restringir a
referência a outros veículos, se as informações forem relevantes. Para Viktor Chagas (2006), uma
das inovações dos blogs jornalísticos é a possibilidade do confronto de relatos jornalísticos de
origem diversa. Os blogs têm mais facilidade de lidar com essa questão, “na medida em que seu
titular responde por si, e um possível vínculo com um meio tradicional, em princípio, não acaba
com a liberdade editorial do blogueiro” (ibidem, grifo meu). Se, por uma lado a internet
possibilita a descentralização da informação, por outro os blogueiros vinculados a grandes
empresas ainda cultivam um formato de blog parecido com o de jornais impressos. Já são raros
os links encontrados nos textos desses três jornalistas em geral, o que dirá daqueles links que
remetem a outros veículos de comunicação. Na maioria das vezes, as referências a outros blogs
por parte dos jornalistas ficam restritas aos da mesma empresa em que eles trabalham.
Da mesma forma que a hipertextualidade, a multimedialidade é negligenciada. Um dos
motivos que se pode identificar para o fato é a cobrança (tanto da empresa como dos próprios
leitores) em postar muitas vezes por semana ou mesmo por dia. Outro fator que contribui para a
não-utilização de outras mídias é o fato desses blogueiros não saírem às ruas para fazer matérias
– os blogs apresentam predominantemente notícias recentes trazidas das empresas em que
trabalham ou de outros sites, e, às vezes, uma análise mais profunda do tema. Assim, não é
recorrente o acréscimo de filmagens ou gravações em áudio em qualquer dos blogs analisados.
Além disso, são raras as referências a outros endereços eletrônicos que possam apresentar essas
mídias como complementação aos textos.
Embora a linguagem nos blogs por parte dos jornalistas seja diferente da escrita
tradicional dos jornais impresso, ainda não há uma maior ousadia quanto aos textos dos
profissionais em geral. Noblat, Kotscho e Josias se utilizam de uma linguagem mais informal
com os leitores do que fariam em um jornal impresso. Enquanto Noblat expõe sua opinião acerca
dos acontecimentos, Kotscho usa uma escrita mais romântica e Josias se prende a um estilo
pautado pela neutralidade. Entretanto, não parece haver uma inovação na linguagem quando se
passa para o ambiente virtual. João Canavilhas (2001), defende que “no webjornalismo, não faz
qualquer sentido utilizar uma pirâmide [invertida], mas sim um conjunto de pequenos textos
hiperligados entre si” (citado por Javier Díaz Noci, 2006). A construção dos texto para web ainda
está condicionada ao que se aprende nas faculdades, como o uso das pirâmides invertidas –
colocar as informações mais relevantes no início do texto – ou o princípio de escrita imparcial,
que acaba homogeneizado as matérias. Ao analisar os níveis de narrativa de Mielniczuk, Javier
Díaz Noci (2006) diz que “a hipertextualidade, como superação da linearidade, parece
incompatível com um formato textual estritamente sequencial. (...) Tampouco este tem por que
estar composto por texto, pode ser multimediático, e para tanto pode aparecer com som ou com
imagem, ou com programas interativos incluídos” (tradução minha). Não existem regras para a
escrita em blogs e, dessa forma, os jornalistas têm a disposição uma infinidade de recursos para a
construção de textos nesse formato. As possibilidades são diversas, mas ainda pouco
aproveitadas.
Em suma, Ricardo Noblat, Ricardo Kotscho e Josias de Souza consideram positiva a
intervenção do leitor e se preocupam em dar satisfação a ele. Esses blogueiros usam da mediação
para promover debates em seus espaços. Noblat promove enquetes diárias com temas de
interesse dos leitores. Segundo Chagas (2006), “a grande veia política dos blogs está nos foros de
comentários”. Assim, os comentários dos leitores são essenciais para o uso do blog como
ferramenta do jornalismo democrático, ao promover a pluralidade de opiniões.
No que se refere à quinta característica do jornalismo online - a memória -, ela está
presente nos blogs quando se recorre ao arquivo, isto é, à seção em que é possível resgatar um
post antigo.
No entanto, a hipertextualidade e a multimedialidade são características pouco
encontradas nos blogs analisados. O hipertexto e os links não são explorados em todas as suas
potencialidades. Os textos são pouco ousados e as referências a outros endereços eletrônicos
poderiam servir de complemento às matérias. Mesmo que os leitores tenham bastante espaço nos
blogs analisados, a interatividade, no sentido de o leitor construir seu próprio caminho na rede,
fica restrita quando não há o uso frequente de hipertexto. Quanto à convergência de mídias, os
três blogs são pobres. Apesar desses jornalistas não saírem às ruas para produzir matérias, nada
os impede de complementar os textos com vídeos e áudios de outros endereços eletrônicos.
“Os limites para a continuidades da técnica estão relacionados com a sua capacidade de
ser adapatada através do seu uso” (Paz, 2003). A técnica está à disposição, basta aos jornalistas-
blogueiros utilizarem-na e transformarem-na de maneira criativa.

Fontes referenciadas:

- CHAGAS, Viktor Henrique. A blague do blog. RJ, 2007.


- PAZ, Carolina Rodrigues. A cultura blog: questões introdutórias. Porto Alegre, Revista
FAMECOS, número 22, dezembro de 2003.
- BARDOEL, Jo e DEUZE, Mark. ‘Network journalism’: converging competences of old and
new media professional. 2000. Disponível em:
<https://scholarworks.iu.edu/dspace/bitstream/handle/2022/3201/BardoelDeuze%20NetworkJour
nalism%202001.pdf?sequence=1>
- RECUERO, Raquel da Cunha. Warblogs : Os Blogs, a Guerra do Iraque e o Jornalismo Online.
2002. Disponível em: <http://bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-war-blogs.pdf>
- MIELNICZUK, Luciana e PALÁCIOS, Marcos. Considerações para um estudo sobre o
formato da notícia na Web: o link como elemento paratextual. 2001. Disponível em:
<http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2001_mielniczuck_linkparatextual.pdf>
- NOCI, Javier Díaz. La escrita ciberperiodística: redacción del discurso informativo. 2006.
Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/cursos/diaznoci/generos1.pdf>
- MERHOLZ, Peter. Peterme.com – blog de Peter Merholz. 1999. Disponível em:
<http://web.archive.org/web/19991013021124/http://peterme.com/index.html>

Blogs analisados:

- Blog do Noblat. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/noblat/>


- Balaio do Kotscho. Disponível em: <http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/>
- Josias de Souza. Disponível em: <http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/>

Fontes consultadas:

- SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. RJ, editora civilização
brasileira, 2004.
- NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. SP, editora Schwarcz, 1999. 2ª edição.
- ALMEIDA, Alexandre Cruz. Os jornalistas e os blogs. 2004. Disponível em:
<http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=274ENO005>
- NOBLAT, Ricardo. O que um blog pode ensinar. 2005. Disponível em:
<http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=314ENO002>
ROCHA, Meira da. Entendendo o jornalismo online. 2000. Disponível em:
http://meiradarocha.jor.br/news/2000/12/31/entendendo-o-jornalismo-online/

Todos os sites foram acessados em junho e em julho de 2009.

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