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FCCE

Federação das Câmaras de Comércio Exterior


Foreign Trade Chambers Federation

2007
• 10 de setembro •

Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL MOÇAMBIQUE
Antes de colocar
seu produto
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E-mail: comercial@aduaneiras.com.br
FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation

A FCCE é a mais antiga Associação de Classe dedicada CÂMARAS DE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS, organismo
exclusivamente às atividades de Comércio Exterior. que representa as Câmaras de Comércio Bilaterais dos
Fundada no ano de 1950, pelo empresário João Daudt seguintes países: ARGENTINA, BOLÍVIA, CANADÁ,
de Oliveira (a ele se deve, 5 anos antes, a fundação da CHILE, CUBA, EQUADOR , MÉXICO , PARAGUAI,
Confederação Nacional do Comércio – CNC ), a FCCE SURINAME, URUGUAI, TRINIDAD E TOBAGO e VE-
opera ininterruptamente, há mais de 50 anos, incenti- NEZUELA.
vando e apoiando o trabalho das Câmaras de Comércio Além de várias dezenas de Câmaras de Comércio Bi-
Bilaterais, Consulados Estrangeiros, Conselhos Empre- laterais filiadas à FCCE em todo o Brasil, fazem parte da
sariais e Comissões Mistas a nível federal. Diretoria atual, os Presidentes das Câmaras de Comércio:
A FCCE, por força do seu Estatuto, tem âmbito nacio- Brasil-Grécia, Brasil-Paraguai, Brasil-Rússia, Brasil-Eslo-
nal, possuindo Vice-Presidentes Regionais em diversos váquia, Brasil-República Tcheca, Brasil-México, Brasil-Be-
Estados da Federação, operando também no plano interna- larus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-Índia, Brasil-
cional, através “Convênios de Cooperação” firmados com China, Brasil-Tailândia, Brasil-ltália e Brasil e Indonésia,
diversos organismos da mais alta credibilidade e tradição, a além do Presidente do Comitê Brasileiro da Câmara de
exemplo da International Chamber of Commerce (Câmara Comércio Internacional, o Presidente da Associação Bra-
de Comércio Internacional – CCI), fundada em 1919, com sileira da Empresas Comerciais Exportadoras – ABECE,
sede em Paris e que possui mais de 80 Comitês Nacionais, o Presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferro-
nos 5 continentes, além de operar a mais importante viária – ABIFER, o Presidente da Associação Brasileira dos
“Corte Internacional de Arbitragem” do mundo, fundada Terminais de Contêineres, o Presidente do Sindicato das
no ano de 1923. Indústrias Mecânicas e Material Elétrico, entre outros.
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO Some-se, ainda, a presença de diversos Cônsules e diplo-
EXTERIOR tem sua sede na Avenida General Justo no matas estrangeiros, dentre os quais o Cônsul-Geral da
307, Rio de Janeiro, (Edifício da Confederação Nacional República do Gabão, o Cônsul do Sri Lanka (antigo “Cei-
do Comércio – CNC) e mantém com essa entidade, há lão”), e o Ministro Conselheiro-Comercial da Embaixada
quase duas décadas “Convênio de Suporte Administrativo de Portugal.
e Protocolo de Cooperação Mútua”. Em passado recente A Diretoria
a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTE-
RIOR – FCCE assinou Convênio com o CONSELHO DE
Diretoria 2006-2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 st V i c e - P r e s i d e n t e

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vice-Presidentes Vice-Presidente Europa


Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida
Gilberto Ferreira Ramos (Portugal)
Joaquim Ferreira Mângia Vice-Presidente Nor te
José Augusto de Castro Cláudio do Carmo Chaves
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Vice-Presidente Sudeste
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vice-Presidente Sul
Arno Gleisner

Diretores

Diana Vianna De Souza Luiz Oswaldo Aranha


Marie Christiane Meyers Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
Andre Baudru Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Cesar Moreira Roberto Habib
Charles Andrew T’Ang Roberto Kattán Arita
Daniel André Sauer Sergio Salomão
Eduardo Pereira De Oliveira Sizínio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Conselho Fiscal (Titulares)

Delio Urpia de Seixas


Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
EDITORIAL

Brasil e Moçambique: a importância APOIO

de se estreitar as relações
Moçambique é um país que compartilha um passado em comum com o Brasil. Ambos os
países são resultados daquele que foi o primeiro grande empreendimento além-mar da Era
moderna protagonizado por Portugal. Não obstante a existência de diferenças apresentadas
pelo desenvolvimento de cada país ao longo de suas trajetórias, é impossível não reconhecer
as semelhanças herdadas do antigo colonizador, seja na língua, seja na estrutura social, seja
na cultura. No entanto, mesmo com tantas similaridades, verifica-se também um enorme
distanciamento comercial entre os dois países.
Com o objetivo de reverter esse quadro, a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉR-
CIO EXTERIOR (FCCE) realizou, no dia 10 de setembro de 2007, o 30º Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Moçambique. O evento é mais um da série de
encontros promovidos pela FCCE e tem como meta debater mecanismos e formas de fazer
com que o comércio exterior brasileiro tenha uma maior e mais ativa inserção global. O
seminário conta com o apoio e participação do governo federal, através dos Ministérios das
Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, das principais
associações de classe, como a Confederação Nacional de Comércio (CNC), a Câmara de
Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e o
Conselho das Câmaras de Comércio das Américas. CONSELHO DE
Localizado na região da África Austral, Moçambique é um dois países da região que mais CÂMARAS DE COMÉRCIO
DAS AMÉRICAS
cresce economicamente dentro do continente, - a uma média de 8,8% ao ano-, conforme
dados do governo moçambicano. A sua posição geográfica pode também ser apontada como
um bom referencial, pois o país africano está próximo a dois grandes mercados do mundo:
África do Sul e Índia, que, somados, representam mais de um bilhão de consumidores po-
tenciais. Com certeza, estar entre mercados tão atraentes é algo de grande relevância para
qualquer grande empresa brasileira. É óbvio que depois de 16 anos de uma intensa guerra civil
(1976-1992), que deixou um saldo de quase 1 milhão de mortos, os reflexos desse conflito
ainda são sentidos naquela sociedade. Mas, ao conseguir apresentar estabilidade política e
abraçar as regras de uma economia de mercado, abre-se um grande leque de oportunidades Expediente
para as empresas investirem. E, de fato, algumas companhias brasileiras já começaram a se
Produção
movimentar em direção ao país africano, como a Petrobras e a Camargo Corrêa, dois dos Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
maiores grupos empresariais do Brasil. Av. General Justo, 307/6o andar
Tel.: 55 21 3804 9289
Entrementes, as relações políticas entre os dois países encontram-se em patamares satis- e-mail: fcce@cnc.com.br
fatórios. A visita do presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, ao Editor
O coordenador da FCCE
Brasil, em setembro de 2007, fez gerar acordos de cooperação nos campos da educação e
da saúde. Essa foi a segunda visita de um chefe-de-Estado moçambicano ao Brasil em menos Textos e Repor tagens
Brunno Braga
de dois anos. O antecessor de Guebuza, Joaquim Chissano, visitou o Brasil em 2004, em
Edição e Ar te
retribuição à viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Maputo em 2003, demons- Editora Aduaneiras
trando a boa vontade em estreitar os laços de amizade entre as duas nações pertencentes à Rua da Consolação, 77
Tel.: 55 11 2126 9200
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). e-mail: comercial@aduaneiras.com.br
O encontro mostrou que as afinidades culturais e lingüísticas não bastam para intensificar Jornalista Responsável
as trocas comerciais. É preciso, antes de tudo, um profundo conhecimento da realidade do Brunno Braga (MTB 050598/00)
país, dos marcos regulatórios e das reais potencialidades a explorar. As páginas desta edição, Fotografia
Christina Bocayuva
portanto, atestam a tenacidade e competência dos palestrantes do seminário organizado pela
FCCE nas bem sucedidas exposições mostradas ao público presente. Secretaria
Maria Conceição Coelho de Souza
Sérgio Rodrigo Dias Julio
Boa Leitura As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
O EDITOR
SUMÁRIO

6 E N T R E V I S TA 3 6 E N T R E V I S TA
Embaixador Murade Ministro da Indústria e Comércio de
Murargy: “Somos povos Moçambique conta, em entrevista, que
irmãos com culturas ambiente de negócios moçambicano está
semelhantes” cada vez mais promissor

3 8 ENERGIA
14 A B E RT U R A Ministro da Energia de Moçambique afirma,
Moçambique aberta para negócios em entrevista, que empresas brasileiras têm o
know-how dentro do setor energético

1 8 PA I N E L I 40 F I N A N C I A M E N TO
Em busca de oportunidade de negócios
além-mar Gerente do BNDES
explica, em entrevista,
o funcionamento das
linhas de crédito à
exportação do banco
2 6 PA I N E L I I
Mercados a serem
explorados
41 N E G Ó C I O S
Chefe da delegação de empresários
moçambicanos diz, em entrevista, que
empresas moçambicanas querem parcerias
3 0 PA I N E L I I I com empresas brasileiras

Agronegócios para exportação


42 I N F R A - E S T RU T U R A
Diretor da Camargo Corrêa revela, em
3 1 E N C E R R A M E N TO entrevista, que empresa que consolidar a
marca brasileira em Moçambique
Souza Lima, Presidente
da FCCE, diz que o
Seminário foi bem
sucedido 45 L I T E R AT U R A
Mia Couto: um
amante da oralidade
moçambicana
3 2 D I P L O M AC I A
Diretor do Deaf/MRE diz, em entrevista, que
Itamaraty está intermediando e fortalecendo
as relações Brasil – África 5 0 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
3 4 PETRÓLEO E GÁS 5 4 C U RTA S
Petrobras faz investimentos de peso na África
ENTREVISTA

“Somos povos
irmãos com culturas
semelhantes”
Embaixador de Moçambique aposta nas
semelhanças culturais para o fortalecimento das
relações comerciais com o Brasil

Trabalhar para conseguir maior integração entre Brasil e Moçambique,


explorando as similaridades culturais e históricas existentes. A tarefa vem
sendo desempenhada pelo embaixador plenipotenciário de Moçambique
no Brasil, Murade Murargy. Segundo o diplomata, as atuais condições
políticas e econômicas dos dois países são propícias para que esse objetivo
seja alcançado. De fato, Moçambique vem demonstrando crescimento
acima da média dos demais países do continente africano. As instituições
políticas estão maduras e o país está em processo de se integrar à economia
mundial de modo mais pleno. Por isso, na avaliação de Murargy, o fortale-
cimento das relações entre Brasil e Moçambique dará aos empresários dos
dois países oportunidades que beneficiarão não somente os negócios, mas
também garantirão o desenvolvimento e interação política. Leia os trechos
da entrevista concedida pelo embaixador à Revista da FCCE:

Qual é a avaliação do senhor do Como tem sido a sua experiência


seminário realizado? profissional dentro do exercí-
cio do cargo de Embaixador no
Murargy – Considero muito positivo este
Brasil?
encontro, não só pela presença numerosa
de empresários moçambicanos e brasi- Murargy – A minha experiência tem
leiros, como também de estudantes das sido bastante interessante. O Brasil é um
diversas faculdades do Rio de Janeiro, mas grande país, com realidades diferentes
também pelo fato de que este seminário que variam de estado a estado, e que nos
permitiu um melhor conhecimento dos obriga a um estudo permanente dessas
dois países e das suas potencialidades. mesmas realidades. Dada a diversidade

6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 7
ENTREVISTA

dessa condição, tenho procurado tornar Moçambique saiu, recentemente, de estrutura estão sendo implementados,
Moçambique mais conhecido no Brasil, uma prolongada guerra civil, e hoje como as pontes sobre o rio Zambeze,
buscando linhas de cooperação mais dinâ- é visto pela comunidade internacio- rio Rovuma e a do Rio Magude. Grandes
micas, em âmbitos comercial, econômico nal com um país que apresenta uma projetos industriais e logísticos estão sendo
e cultural.Temos muitos aspectos comuns sólida estabilidade. É possível apon- instalados, como a fábrica de alumínio e o
em cada um dos estados. tar os avanços socioeconômicos e gasoduto que transporta gás natural para a
políticos dentro do cenário atual e África do Sul. Novas prospecções de gás e
“O Brasil é um grande país, com os desafios que o governo e a socie- petróleo estão sendo efetuadas. A própria
realidades diferentes que variam dade do País têm pela frente? Petrobras participa associada a uma em-
de estado a estado, e que nos Murargy – Após a independência, Mo- presa da Malásia. A Companhia do Vale do
obriga a um estudo permanente çambique enfrentou uma prolongada guer- Rio Doce também está com um projeto de
dessas mesmas realidades” ra de agressão apoiada pelos então regimes grande vulto na região de Moatize, onde
MURADE MURARGY racistas da Rodésia (atual Zimbábue) e da vai atuar na exploração do carvão.
África do Sul. Além disso, calamidades na-
Como o povo moçambicano enten- turais como secas e enchentes, sobretudo “Desde a assinatura dos Acordos
de o Brasil num plano geral? as inundações ocorridas em 2000 e 2001, de Paz em 1992, a estabilidade
provocaram muitas destruições e perdas política é uma realidade em
Murargy – Como um povo irmão e com de vidas humanas. Neste momento, desde Moçambique”
culturas semelhantes. Ambos os povos a assinatura dos Acordos de Paz em 1992,
tiveram o mesmo colonizador, herdando MURADE MURARGY
a estabilidade política é uma realidade em
a mesma língua. Estou convencido que Moçambique. As instituições do Estado
os nossos países e povos podem estreitar A Comunidade dos Países de Lín-
funcionam regularmente. Esse cenário gua Portuguesa completou, no ano
ainda mais estas relações para benefício estável vem fazendo com que tenhamos
mútuo. Temos muita coisa a aprender passado, uma década de existência.
crescimento econômico a um ritmo de 8%
um com o outro. O povo brasileiro ainda Cada país integrante tem a sua con-
ao ano, com uma inflação de 4%.
enfrenta algumas dificuldades que o povo tribuição para o desenvolvimento
moçambicano enfrenta. Por isso, a nossa da língua portuguesa. No caso de
É possível, então, afirmar que a
solidariedade e cooperação podem nos le- Moçambique, qual seria essa con-
democracia está consolidada em
var a ultrapassar esses problemas comuns, tribuição?
Moçambique?
dos quais a pobreza é o principal deles. Murargy – A nossa contribuição tem se
Murargy – Sim, com certeza. Já reali-
efetivado em diversas formas, através das
zamos três eleições presidenciais e legis-
O fluxo de comércio entre Brasil artes, como no campo da literatura, música
lativas, que ocorrem de cinco em cinco
e Moçambique ainda é pequeno, e teatro. O português, como idioma oficial
anos. Em 2008, serão realizadas eleições
apesar das potencialidades. Na sua de Moçambique, tem um programa, desen-
provinciais e municipais.
avaliação, quais são os caminhos volvido pelo governo, que visa à ampliar a
que podem ser trilhados para que alfabetização em língua portuguesa.
“Estou convencido que os nossos
as relações comerciais tenham um países e povos podem estreitar
verdadeiro impulso? Em relação às parcerias em outros
ainda mais estas relações para campos, como saúde e educação,
Murargy – Um dos campos em que o benefício mútuo. Temos muito a como os governos dos dois países
Brasil pode cooperar, com mais intensidade, aprender um com o outro” têm atuado nessas áreas?
com Moçambique é a formação de mão-de- MURADE MURARGY
obra, sobretudo para a formação técnico- Murargy – A agricultura, os biocom-
profissional. Isso vai gerar mais crescimento bustíveis, a ciência e a tecnologia são os
Como estão os investimentos em grandes eixos de cooperação pública entre
econômico, pois vai permitir que a economia indústrias e infra-estrutura, tão
moçambicana tenha ganhos de produtivida- Moçambique e Brasil. Durante a visita do
necessários para que Moçambique Presidente de Moçambique ao Brasil, em
de e, conseqüentemente, vai propiciar que mantenha o ritmo de crescimento
exportemos para o Brasil produtos de maior setembro, foram assinados acordos impor-
econômico? tantes nas áreas de educação à distância, ini-
valor agregado.Vejo também que há um fra-
co conhecimento ou falta de promoção dos Murargy – Pontes, estradas, escolas, ciação científica e no campo dos combustí-
produtos moçambicanos no Brasil. Temos linhas férreas, fábricas e centros de saúde, veis renováveis, permitindo a transferência
madeiras preciosas, tabaco, algodão, pedras que haviam sido fechados durante os anos de tecnologia. Na área da saúde, também
semipreciosas, pescado e frutos do mar que de guerra, foram reabertos e reformados. vamos construir, com o apoio do Brasil,
podem ser exportados para o Brasil. Mas isso As famílias que foram deslocadas durante uma fábrica de medicamentos retrovirais
é uma questão de agressividade comercial o período de conflito interno estão sendo que terá um financiamento de um terceiro
que as nossas empresas devem ter. reassentadas. Novos projetos de infra- parceiro, ainda não encontrado.

8 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Embaixador Murargy em discurso na Sessão de Abertura do Seminário

O Fórum IBSA (Índia, Brasil e África Como o governo moçambicano está bres um comércio mais justo?
do Sul) vem levantando diversos acompanhando o desenvolvimento Murargy – O mundo todo aguarda com
debates relacionados a uma maior das conversações da Rodada de expectativa a conclusão destas negocia-
aproximação comercial entre esses Doha? Há expectativas, por parte ções. Torcemos para que os acordos que
países. Sendo Índia e África do Sul do governo do seu país, de que a forem alcançados beneficiem um intercâm-
países próximos geograficamente conclusão possa dar aos países po- bio comercial global mais eqüitativo.
a Moçambique, essas conversações
geram interesses por parte do go-
verno moçambicano para atrair
investimentos que poderão advir Principais Dados de Moçambique:
nesse fluxo de comércio e de ne-
gócios? Idioma: Português
Murargy – Com certeza. A África do Capital: Maputo
Sul e a Índia são dois grandes parceiros Presidente:Armando Emílio Guebuza
econômicos de Moçambique. Esses países
Área total: 801,590 km2
investem vultosas cifras no meu país. Por
isso, acredito que o reforço destra trian- Terra: 784,090 km2
gulação comercial, que inclui o Brasil, terá Água: 17,500 km2
efeitos diretos e indiretos para a economia
moçambicana. População Total 2006: 21 milhões de
habitantes
“Grandes projetos industriais e Independência: De Portugal em 25 de
logísticos estão sendo instalados, junho de 1975
como a fábrica de alumínio e
PIB (2006): US$ 29,17 bilhões
o gasoduto que transporta gás
natural para a África do Sul” Moeda: Metical (câmbio US$ 1 =
26.264,00 meticais)
MURADE MURARGY

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 9


10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 11
Seminário bilateral de
Comércio exterior e investimentos BRASIL MOÇAMBIQUE
Av. General Justo no 307 – Centro – Rio de Janeiro-RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC

Programa do Seminário: 10 de SETEMBRO de 2007

14h – Abertura dos Trabalhos: Pronunciamento especial:


João Augusto de Souza Lima – Presidente da Federação das Armando Meziat – Secretário de Comercio Exterior do MDIC
Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Moderador:
Sessão Solene de Abertura Abdul Fakir – Vice-Presidente da Câmara de Comércio
MOÇAMBIQUE – Brasil (CCMOBRA)
Presidente da Sessão:
Expositores:
Embaixador MURADE MURARGY – Embaixador Plenipotenciário
de MOÇAMBIQUE Salimo Abdula – Presidente da CTA e Chefe da Delegação de
MOÇAMBIQUE
João Macaringue – Presidente do Instituto de Promoção de
Apresentação oficial:
Exportação de MOÇAMBIQUE – IPEX
“A atual situação econômica de Moçambique” Rafique Jusob – Diretor do Centro de Promoção de
Antonio Fernando – Ministro de Estado da Industria e do Investimentos de MOÇAMBIQUE – CPI
Comércio de MOÇAMBIQUE Nuno Maposse – Diretor do Departamento de Projetos de
Investimentos de MOÇAMBIQUE - CPI
Componentes da mesa: Roger Louis Fernand Egea – Gerente de Comércio Exterior do
Salvador Namburete – Ministro de Estado da Energia Ministro BNDES
Fernando Simas de Magalhães – Diretor-Geral do Departamento
da África do Ministério das Relações Exteriores Debates com o Plenário
Salimo Abdula – Presidente da CTA (Confederação das
Associações econômicas) e Chefe da Delegação de
MOÇAMBIQUE (intervalo para café – 10 minutos)

14h45 – PAINEL I: A balança comercial e suas tendências 16h – PAINEL II: A Atuação das empresas brasileiras, e
de incremento e desenvolvimento suas parcerias, nos setores de construção civil, e energia.

Presidente: Presidente do Painel:


Ministro Fernando Simas de Magalhães – Diretor-Geral do Salvador Namburete – Ministro de Estado da Energia de
Departamento da África do MRE MOÇAMBIQUE

12 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Moderador: Pronunciamento Especial:
Arthur Pimentel – Diretor de Comércio Exterior do MDIC Antonio Fernando – Ministro de Estado da Indústria e do
Comércio de MOÇAMBIQUE
Expositores:
Manuel Murilo – Gerente da Área Internacional da PETROBRÁS Componentes da mesa:
Kalil Cury Filho – Diretor de novos negócios da Construtora Salvador Namburete – Ministro de Estado da Energia
Camargo Correia
João Macaringue – Presidente do IPEX – Instituto de
Augusto Souza – Representante da Cia. Energética de Promoção de Exportação de MOÇAMBIQUE
MOÇAMBIQUE
Salimo Abdula – Chefe da Delegação de MOÇAMBIQUE
17h30 – PAINEL III: As exportações de serviços, Dr. Caldeira – Vice-Presidente da CCMOBRA – Câmara de
Agricultura e Turismo Comércio MOÇAMBIQUE – BRASIL

Presidente: Coquetel:
Sr. Salvador Namburete – Ministro de Estado da Energia de Homenagem à Delegação de MOÇAMBIQUE
MOÇAMBIQUE
Informação Importante:
Moderador: A Embaixada de MOÇAMBIQUE já confirmou, formalmente,
Fabio Martins Faria – Diretor de Planejamento e a presença das seguintes autoridades:
Desenvolvimento do Comércio Exterior do MDIC
O ministro de estado da energia – Sr. Salvador Namburete
Expositores:
O ministro de estado da industria e do comércio – Sr. Antonio
Roberto Mito – Diretor do Centro de Promoção da Agricultura Fernando
– CEPAGRI
O embaixador plenipotenciário – Sr. Murade Murargy
18h45/19h Sessão Solene de Encerramento:
E uma delegação de mais de 80 empresários das mais
Presidente da Sessão e pronunciamento especial: diversas áreas de atividade ( indústria, comercio, agricultura,
Embaixador Murade Murargy – Embaixador Plenipotenciário de energia, mineração, hotelaria, biocombustível, turismo,
MOÇAMBIQUE hotelaria, construção civil, etc.)

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 13


ABERTURA

Da direita para esquerda: Alexandre Ferreira, Arthur Pimentel, Rafique Jusob, Fernando Simas de Magalhães; embaixador de Moçambique no Brasil,
Murade Isaac Miguigy Murargy, Teóphilo de Azeredo Santos, Antonio Fernando, Salvador Namburete, Salimo Abdula, João Macarigue

Moçambique aberta para


negócios
Ministro moçambicano acredita no fortalecimento das relações
Brasil-Moçambique

Moçambique está distante geogra- Dentro desse clima de otimismo, dia 12 de setembro na sede da Con-
ficamente do Brasil. Esse fato, no teve início o Seminário Bilateral de federação Nacional do Comércio,
entanto, não faz com que diminuam Comércio Exterior e Investimentos no Rio de Janeiro.
o interesse e admiração desse país Brasil-Moçambique, promovido
(localizado no sudeste do continen- pela Federação das Câmaras de

P
ara a Sessão Solene de Abertura do se-
te africano) pelo Brasil. Por isso, Comércio Exterior (FCCE). Esse minário, o presidente da FCCE, João
Augusto de Souza Lima, chamou para
buscar estreitar ainda mais os laços foi o 30o encontro realizado pela compor a mesa o presidente da Câmara e
econômicos, comerciais e culturais instituição, que sempre reúne, ao Comércio Brasil-Bielo-Rússia, Alexandre
Ferreira; o diretor de Comércio Exterior
com a maior nação de língua por- longo da sua trajetória, inúmeros do Ministério do Desenvolvimento, Indús-
tuguesa do globo vem motivando empresários, representantes dos tria e Comércio Exterior (MDIC), Arthur
Pimentel; o diretor do Centro de Promo-
empresários e representantes do governos do Brasil e de países con- ção de Investimentos de Moçambique,
governo moçambicano, que já ob- vidados, além de demais convidados Rafique Jusob; o presidente do Instituto de
Promoção de Exportação de Moçambique,
servam as grandes potencialidades e estudantes da área de Comércio João Macaringue; o presidente da CTA
de negócios entre os dois países. Exterior. O evento foi realizado no (Confederação das Associações Econômi-

14 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


moçambicano mostra-se entusiasmado
com o espírito de parceria entre Brasil e
Moçambique. Apesar de reconhecer que
o fluxo de comércio entre os dois países
ainda não alcançou patamares desejáveis,
ele considerou que as relações comerciais
estão crescendo. “Queremos que as re-
lações se desenvolvam cada vez mais. O
meu país oferece um enorme potencial
para investimentos brasileiros em diversos
campos, como o agronegócio, agroindús-
tria, turismo, bioenergia, transporte entre
outros. Partilhamos muitos aspectos em
comum, o que nos convence que é possível
darmos saltos quantitativos nesse relacio-
namento”, afirmou. Ao término do seu
Embaixador Murargy afirmou que Moçambique oferece um enorme potencial para investimentos pronunciamento, o embaixador disse que
brasileiros em diversos campos a Embaixada de Moçambique, em Brasília,
está de portas abertas aos empresários
cas de Moçambique) e chefe da Delegação profissionais de relações internacionais que buscam obter maiores informações
de Empresários de Moçambique, Salimo auxiliarão no papel de difundir maiores a respeito de como e onde investir nesse
Abdula; o diretor do Departamento da informações a respeito de Moçambique, país africano. Em seguida, o embaixador
África (Deaf) do Ministério das Relações sobretudo sobre os laços lingüísticos e passou a palavra para o segundo palestrante
Exteriores, Fernando Simas de Maga- culturais comuns aos dois países. da sessão, o ministro de Estado da Indústria
lhães; o ministro de Estado de Energia e do Comércio de Moçambique, Antonio
de Moçambique, Salvador Namburete; o Perspectivas para boas relações Fernando.
ministro de Estado da Indústria e Comér- O embaixador ressaltou que as relações
cio de Moçambique, Antonio Fernando; entre Brasil e Moçambique estão passando “Sabemos que não temos
e o embaixador plenipotenciário de Mo- por um momento de boas perspectivas, capital nacional suficiente, por
çambique no Brasil, Murade Murargy. A que foram comprovadas pela vinda do
presidente de Moçambique ao Brasil, isso queremos atrair capitais
cerimônia foi presidida pelo Presidente
do Conselho Superior da FCCE, Teóphilo em de setembro de 2007. Na ocasião, o estrangeiros”
de Azeredo Santos. governo moçambicano firmou acordos de ANTONIO FERNANDO
parcerias, em diversas áreas, com o gover-
“As relações entre Brasil e no brasileiro. “As relações entre Brasil e Por que investir em Moçambique
Moçambique estão passando por Moçambique estão passando por um mo- O ministro iniciou o se pronunciamen-
um movimento fora do comum. vimento extraordinário. O pontapé inicial to agradecendo à FCCE pela realização do
foi dado com a visita oficial do presidente encontro, acrescentado que, para este se-
O pontapé inicial foi dado com a
da República de Moçambique, Armando minário, a delegação moçambicana contou
visita do presidente da República Guebuza. Além da visita do presidente de com a presença de 65 empresários daquele
de Moçambique, Armando Moçambique, este seminário representa país. Em seguida, ele felicitou os brasilei-
Guebuza” o amadurecimento no diálogo iniciado ros pela celebração do dia da independên-
EMBAIXADOR MURARGY durante a visita presidencial na Fiesp (Fe- cia do país – o 7 de setembro – afirmando
deração das Indústrias do Estado de São que a data é também comemorada em
O embaixador Murargy foi o primeiro Paulo) entre empresários moçambicanos e Moçambique, pois é o dia no qual foram
palestrante da sessão de abertura. “É com brasileiros. Assim, os seminários realizados celebrados os acordos de Lusaka (1974),
muito prazer que me dirijo a este impor- pela FCCE contribuem ainda mais para e que deram fim à dominação portuguesa
tante seminário bilateral. Saúdo a todos um entendimento comercial entre Brasil sobre Moçambique. “Faço votos para que
pela presença neste evento que muitos nos e Moçambique”, disse Murargy, que já mais ‘7 de setembros’ sejam celebrados e
sensibiliza. Quero dirigir uma saudação esteve presente em dois seminários ante- que se comemorem com aquela alegria
especial aos jovens estudantes que têm riores promovidos pela FCCE: África do que os brasileiros têm e sempre com cada
vindo em massa a esses seminários. Tenho Sul e Nigéria. “Os meus colegas deram-me vez mais prosperidade e desenvolvimen-
participado desses encontros, e vejo com a entender que após os seminários houve to”, disse o ministro moçambicano.
muito interesse que eles estão sempre um grande movimento no intercâmbio Antonio Fernando afirmou que, após
presentes. Eles (os estudantes) sabem que comercial entre os dois países. É por isso ter aprendido muito a respeito do Brasil,
são o futuro da diplomacia econômica do também que acredito que este seminário estava preocupado em buscar argumentos
Brasil”, disse o diplomata no início do seu não será diferente”, comentou. convincentes para que os empresários
discurso, acrescentando que os futuros Segundo o embaixador, o empresariado brasileiros decidam investir em seu país

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 15


ABERTURA

bique também tem acordos comerciais


com os Estados Unidos (Act of Growing
Opportunity for África–AGOA), com a União
Européia e com a China. “Esses mercados
possibilitam a exportação livre de barreiras
aduaneiras. Portanto, aqueles que querem
exportar produtos a partir de Moçambique
terão essas vantagens”, disse. Vantagens
essas que também podem ser encontradas
em países importantes que estão próximos
a Moçambique, como África do Sul, país
de economia mais forte da África. “É um
mercado bastante atrativo, com uma renda
per capita alta”, considerou o ministro, que
acrescentou que o seu país está numa região
central próxima de outros grandes centros
Antonio Fernando: Moçambique hoje é um país que conseguir consolidar a paz, após quase duas
importantes. “Moçambique está a meio ca-
décadas de conflitos minho do Oriente (Japão, Indonésia e Chi-
na). O nosso país está a meio caminho da
“Que argumentos eu colocaria aqui neste os investidores, venham pousar em Mo- Europa, assim como está a meio caminho
seminário para que os senhores deixem as çambique”, afirmou. Antonio Fernando da América do Sul. Portanto, Moçambique
belas praias brasileiras e venham a investir citou a agilização do processo de registro é um país que está geograficamente bem
em Moçambique? Como convencer os de uma empresa, que atualmente dura localizado para servir grandes mercados”.
senhores a deixarem um mercado de 190 apenas dia, como exemplo do esforço do
milhões de consumidores? Como fazer governo moçambicano em desburocratizar “Moçambique está a meio
com que os senhores saiam das suas terras a economia do país. Na visão do ministro, caminho do Oriente. Está a meio
ricas onde se produz o etanol? A tarefa a liberalização da economia moçambicana caminho da Europa e está a meio
não é fácil, mas vou tentar indicar alguns é outro fator relevante para atrair investi-
argumentos”, declarou. caminho da América do Sul”
mentos externos. Nesse contexto,Antonio
Para isso, o ministro apresentou uma Fernando argumentou que os portos e as ANTONIO FERNANDO
série de dados informativos, nos quais bus- estradas de ferro que estão sendo geridos
cavam sustentar a tese de que investir em por empresas concessionárias de respon- O processo de reconstrução do país
Moçambique pode ser um bom negócio sabilidade do setor privado é sinal de que a africano pode também representar exce-
para os empresários brasileiros. O primei- lente oportunidade de negócios, sobretudo
abertura do mercado é uma realidade em
ro deles reside no fato de que Moçambique em projetos de infra-estrutura, conforme
Moçambique hoje. O mesmo acontece no
é hoje um país que conseguiu consolidar a defendeu o ministro. Ele ressaltou ainda
setor de telecomunicações, onde a telefo-
paz, após quase duas décadas de confli- que o governo moçambicano está investido
nia móvel já está privatizada e a telefonia
tos. “Isso é importante para quem quer para capacitar cada vez mais a mão de obra
investir”, disse. O segundo argumento fixa vai passar pelo mesmo processo em
2008. “Como conseqüência disso, a nossa local. Isso, segundo Antonio Fernando, vai
apresentado por ele é a existência do fazer com que os projetos de investimentos
regime democrático. “Existem hoje elei- economia vai crescer 8% ao ano. O poder
de compra cresce e, por conseguinte, a no país se tornem menos onerosos e mais
ções gerais e regulares de cinco em cinco
viabilidade para os investimentos também” eficientes. “Apesar das muitas dificuldades
anos. Neste momento, estamos com um
afirmou. existentes, temos um povo que é acolhedor.
mandato que veio da terceira eleição geral
multipartidária. Para este ano, vamos ter Um povo afável, um povo trabalhador. Povo
eleições provinciais e eleições munici- Localização privilegiada esse que já está colaborando com empresas
pais”, afirmou. A preocupação em criar O aspecto regional é um outro dado brasileiras que estão em Moçambique”, dis-
um ambiente salutar para os empresários que, na visão do ministro, não pode ser se. Por fim, Antonio Fernando considerou
investirem foi também um argumento descartado. Ele explicou que Moçambique a identidade lingüística como fator crucial
apontado pelo ministro para o fortaleci- faz parte do SADC (Comunidade para nas relações comerciais entre países. “É um
mento do clima de negócios. “Sabemos que o Desenvolvimento da África Austral), argumento que se deve levar muito em
não temos capital nacional suficiente, por comunidade formada por 14 países e que conta quando queremos estreitar as relações
isso queremos atrair capitais estrangeiros. reúne um mercado consumidor de 250 entre Moçambique e Brasil”, concluiu.Após
Queremos atrair as aves que voam pelo milhões de pessoas. “Para 2008, essa comu- a exposição do ministro moçambicano, o
mundo inteiro para que aqui construam nidade vai adotar o livre comércio, ou seja, presidente da Sessão Solene de Abertura,
ninhos e ponham ovos. Então, criamos os produtos poderão circular livremente Teóphilo de Azeredo Santos, deu por encer-
as condições para que essas aves, que são nessa região”. Além do SADC, Moçam- rada a primeira etapa do seminário.

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P AINEL I

Em busca de oportunidade de
negócios além-mar
Comissão de empresários enumera as vantagens em investir no país africano

Palestrantes do Painel I debatem os meios necessários para o desenvolvimento da balança comercial entre os dois países

Num mundo globalizado, onde as de incremento e desenvolvimento. O foi presidido pelo diretor do Deaf,
fronteiras físicas estão se tornando painel contou como expositores: o Fernando Simas de Magalhães, e
cada vez mais irrelevantes, conhecer secretário de Desenvolvimento da moderado pelo vice-presidente da
e abrir mercados, buscar parcerias Produção do MDIC, Armando Me- Câmara de Comércio Moçambique-
econômicas e traçar estratégias co- ziat; o presidente do CTA (Confe- Brasil, Abdul Fakir.
merciais com os mais diversos países deração das Associações Econômicas
do mundo são tarefas imprescindí- de Moçambique), Salimo Abdula; o

O
diretor do Deaf iniciou o painel afir-
veis para qualquer país que queira presidente do IPEX, João Macarin- mando que essa foi a sua primeira
buscar o desenvolvimento e o cresci- gue; o diretor do CPI, Rafique Ju- participação em um dos eventos
mento da sua economia.Trazer para sob; o diretor do Departamento de promovidos pela FCCE. Ele fez questão
de enfatizar a importância que o Itamara-
o debate essa e outras questões foi o Projetos do CPI, Nuno Maposse; e ty dá a reuniões desta natureza, que tem
objetivo dos palestrantes do Painel o gerente de Comércio Exterior do como objetivo estreitar os contatos entre
I do Seminário Bilateral Brasil-Mo- Banco Nacional de Desenvolvimen- funcionários do governo e representantes
do setor privado na expansão das relações
çambique, que teve como título: A to Econômico e Social (BNDES), comerciais com países amigos e parceiros
Balança Comercial e suas tendências Roger Louis Fernand Egea. O painel do Brasil. Em relação a Moçambique,

18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Simas disse que o Brasil está apto a firmar
parcerias com esse país. “Acabo de assu-
mir a chefia do Deaf e tive a felicidade
de acompanhar a visita do presidente de
Moçambique ao Brasil. Eu pude verificar
a grande proximidade existente entre
os nossos países, e esses seminários per-
mitem vislumbrar o fortalecimento nas
nossas relações bilaterais de comércio.
Há, certamente, um campo frutífero a
ser explorado entre os dois países, atra-
vés de parcerias muito interessantes em
diferentes campos de atividade”, afirmou
o diplomata. Em seguida, ele passou a
palavra para o primeiro palestrante do
painel, Armando Meziat.

Confiança no comércio exterior


brasileiro O diretor do Deaf, ministro Fernando Simas de Magalhães, disse que o seminário permitiu vislumbrar
O representante do MDIC começou o o fortalecimento nas relações bilaterais de comércio entre Brasil e Moçambique.
seu discurso traçando um breve resumo
acerca da balança comercial brasileira externas crescem mais do que as vendas. brasileiras. Hoje a América Latina é o 2o
em 2007, assim como algumas atividades No entanto, o secretário disse acreditar maior destino das exportações brasileiras.A
desenvolvidas pelo MDIC em relação ao que essa tendência ainda não preocupa o União Européia ainda é o primeiro. Dentro
comércio exterior. “As exportações brasi- governo, uma vez que o crescimento das da Aladi (Associação de Latino-Americana
leiras têm crescido surpreendentemente exportações brasileiras durante o ano de de Desenvolvimento), o Mercosul apresen-
nos últimos anos. Quando comparamos 2007 fez com que a meta do governo, ta crescimento de 20%, depois vem os EUA
o ano de 2002 com o período que vai de que no início de 2007 era da ordem de e, em seguida, vemos Oriente Médio, Ásia e
janeiro a agosto de 2007, verificamos um U$ 152 bilhões, passasse para US$ 155 África, que apresentam taxas de crescimen-
crescimento impressionante. As exporta- bilhões, que significa um aumento em to superior ao índice geral de exportações
ções brasileiras praticamente triplicaram, torno de 13% em relação ao ano anterior. brasileiras”, afirmou.
saindo de US$ 60 bilhões, em 2002, para “As exportações brasileiras estão cres-
US$ 151,8 bilhões, no primeiro semestre cendo acima do que fora previsto, o que “As mudanças estruturais
de 2007, o que significa um crescimento demonstra uma mudança de postura dos na economia brasileira estão
de 151%. As importações também cres- empresários brasileiros em relação ao co- acontecendo e estão em curso.
ceram muito nesse período – 17.8%, e mércio exterior. As mudanças estruturais Estamos conseguindo ampliar
a nossa corrente de comércio já chega a na economia brasileira estão acontecendo as vendas de produtos de valores
US$ 260 bilhões, com um crescimento, de e estão em curso. Há a incorporação de mais altos para mercados cada
2002 a 2007, de 141%. Esses resultados inovação tecnológica, melhoria na produ- vez mais diversificados”
são surpreendentes porque, ao final de tividade com redução de custos, utilização
A R M A N D O M E Z I AT
2002, a taxa de câmbio chegou a ser de R$ crescente do instrumento do drawback e
4,00 por US$ 1,00 e, de lá pra cá, assisti- maior agregação de valor ao produto ex- Um outro dado destacado pelo secre-
mos a uma valorização do real”, afirmou portado. Em suma, estamos conseguindo tário do MDIC foi o aumento da parti-
Meziat. Ele explicou que esse crescimento ampliar as vendas de produtos de valores cipação dos produtos básicos na pauta
se deve à implementação e à disseminação mais altos para mercados cada vez mais exportadora brasileira. Não obstante os
no Brasil de uma cultura exportadora. diversificados”, afirmou. manufaturados ainda representarem a
“Na realidade, as empresas brasileiras A busca por novos mercados é, segundo maior parte das exportações nacionais,
deixaram de olhar as exportações como Meziat, um aspecto a ser enfatizado. O com participação de 55% do total das
uma mera oportunidade. Elas passaram Brasil que, até pouco tempo atrás, tinha as vendas brasileiras no exterior,, quem está
a encarar a importação como estratégia suas exportações concentradas praticamen- puxando o crescimento das exportações
empresarial. Meziat revelou também que te para os Estados Unidos e Europa, tem brasileiras são os produtos básicos, que
as importações começam a ter uma incli- hoje grandes demandas em outros diversos registraram, em 2007, um aumento de
nação maior do que as exportações. Há destinos do mundo. “Há uma maior diver- 24% em relação a 2006, enquanto que os
algum tempo, observa-se que as compras sificação de mercados pra as exportações manufaturados estão crescendo a uma taxa

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 19


P AINEL I

Armando Meziat, secretário de Desenvolvimento da Produção do MDIC, disse que o Brasil continua apostando no crescimento das exportações

de 11%, dentro desse período. “Muito se exportado, no aumento da quantidade do logia de logística feitos pela Companhia do
diz no Brasil que as exportações brasileiras produto exportado, uma vez que é este Vale do Rio Doce. São eles que garantem
estão concentradas nos (produtos) básicos. aumento na quantidade é que vai gerar o crescimento da exploração e da venda
Na realidade, o que está acontecendo é que novos empregos e renda”, comentou. do produto”, comentou. Em 2007, o cres-
os básicos estão indo muito bem em função Para melhor ilustrar esse quadro, cimento das exportações de minério de
da conjuntura internacional. Isso faz com Meziat disse que o primeiro item de ferro foi 25% em relação ao ano anterior,
que o crescimento das exportações de exportação brasileira é o material de conforme informou o secretário.
commodities seja maior do que o cresci- transporte, com 13,7% do volume. “Eles
mento das exportações de manufaturados. são produtos manufaturados e muitos “Os manufaturados não estão
Mas, se formos observar o desempenho deles contêm alta tecnologia embarcada. caindo. Eles estão crescendo a
dos produtos da pauta brasileira, veri- Nesse item (material de transporte) estão uma taxa inferior a dos produtos
ficaremos que ambos (manufaturados e os aviões, os automóveis, os tratores, os básicos. Mas o Brasil continua
básicos) estão crescendo, e que o Brasil ônibus, os caminhões e auto-peças. De
apostando no crescimento
continua a de ser um país exportador de janeiro a agosto de 2007, esses produtos
das exportações dos produtos
manufaturados”, explicou Meziat. exportados chegaram a cerca de US$ 14
De acordo com os números apresen- bilhões”, disse. Os produtos metalúrgicos manufaturados”
tados pelo secretário do MDIC durante a aparecem em segundo lugar na pauta. Em A R M A N D O M E Z I AT
palestra, os manufaturados, que, em 2006, seguida vem o petróleo, que durante muito
representaram 54,5% da pauta, passaram a tempo, foi importado, e, hoje, em razão Em 2006, o aumento do índice de
responder, em 2007, por 55,6% do total. dos investimentos da Petrobras, o país preços internacionais puxou as exporta-
Já os produtos básicos, que representavam conseguiu tornar esse produto exportável. ções brasileiras. Os preços dos produtos
em 2006, 29,4% dentro do volume total “Vendemos, em 2007, US$ 10 bilhões em brasileiros vendidos crescerem 12%, ao
exportado, atingiram o índice de 31,6%, petróleo para o exterior. Isso representa mesmo tempo em que o quantum cresceu
em 2007. “Os manufaturados não estão um crescimento de 12% em relação ao ano apenas 3,2%. Em 2007, essa relação está
caindo. Eles estão crescendo a uma taxa anterior”, calculou Meziat. Os produtos tendo um maior equilíbrio. As quantidades
inferior a dos produtos básicos. Mas o básicos, como o complexo de soja e o mi- exportadas voltaram a crescer, como nos
Brasil continua apostando no crescimento nério de ferro, vêm em seguida. “Embora o anos anteriores a 2006, mostrando que,
das exportações dos produtos manufatu- minério de ferro seja um produto básico, é embora os preços internacionais estejam
rados, na agregação de valor ao produto preciso avaliar os investimentos em tecno- atraentes e representem o crescimento

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


da receita cambial brasileira, destaca-se a que a importação brasileira ainda é bastan- intensificarmos o nosso relacionamento
importância do crescimento da quantidade te pequena em relação ao PIB brasileiro, comercial, trocarmos missões para que
exportada (quantum), já que é dessa forma que é mais de US$ 1 trilhão. A importações o comércio possa florescer, considerando
que o comércio exterior brasileiro conse- devem chegar até o fim do ano a US$ 110 ainda que o Brasil tem muito a fornecer
gue ganhar mercado. “Mesmo diante de bilhões, ou seja, menos de 10% do PIB para Moçambique”. Atualmente, Mo-
uma reversão dos preços das commodities, nacional”, afirmou. Meziat disse que, assim çambique aparece em 129o como país de
é preciso manter o ganho que tivemos como o Brasil busca diversificar cada vez destino das exportações brasileiras, com
no momento em que o mercado estava mais os destinos das exportações, o merca- US$15,6 milhões. O Brasil vende para
demandante”. do fornecedor também se mostra bastante Moçambique produtos em grande maioria
Dentro desse quadro, o Brasil que tinha diversificado. Nesse quesito, a Ásia está manufaturados, respondendo por 71% do
reduzido a sua participação no comércio em primeiro lugar, notadamente a China, total. “É bastante diversificada a nossa pauta
internacional, voltou a crescer, desde que está em segundo lugar no ranking de de exportação, e o Brasil tem como forne-
2002, de forma constante, disse Meziat. fornecedores de produtos de tecnologia, cer tudo o que Moçambique pode precisar.
Na avaliação do secretário, atualmente perdendo apenas para os EUA. A Argentina O Brasil, diferentemente de outros países
o Brasil contribui com 1,14% de parti- ocupa a terceira posição. emergentes, é um país que produz de tudo
cipação no comércio internacional. “Isso e vende de tudo. É um celeiro em qualquer
se deveu basicamente ao crescimento das “O crescimento da importação aspecto, tanto na área agrícola como na
exportações brasileiras, que foi maior dos bens de capital está na faixa área industrial. O número de empresas que
do que o crescimento das exportações dos 27%, o que mostra que está exportam para Moçambique hoje está em
mundiais. Para 2007, estimamos um cres- havendo investimento, que está torno de 200”, concluiu.
cimento de 13 % a 14%, provavelmente
havendo benefício com essa CTA
vamos ficar um pouco acima das exporta-
importação” O segundo palestrante do Painel I foi
ções mundiais, o que talvez permita que
caminhemos em direção ao ranking dos A R M A N D O M E Z I AT o presidente do CTA, Salimo Abdula, que
principais exportadores”, analisou. também foi o chefe da comitiva que trouxe
Balança Brasil Moçambique para o evento 65 empresários moçambica-
Crescimento das importações nos. “Esta oportunidade de cooperar com o
Em relação às importações, que devem O fluxo de comércio entre Brasil e Ar- Brasil se traduz no número de empresários
registrar crescimento de 30% em 2007, gentina vinha crescendo até 2006, segundo neste seminário. Há empresários de vários
o palestrante ressaltou a participação de dados apresentados pelo secretário de setores”, afirmou. Em seguida,Abdula enu-
matérias-primas, produtos intermediários Produção do MDIC. Em 2007, contudo, merou as vantagens existentes nas relações
e bens de capital, que representam 70% houve uma retração nas vendas brasileiras entre Brasil e Moçambique. “Os nossos
de tudo do que é comprado no exterior. para Moçambique. “Este seminário veio países possuem similaridades culturais,
“Esses produtos são comprados pela indús- em boa hora. No momento em que ve- histórica e lingüística. Estamos no mesmo
tria para a indústria. O crescimento da im- mos que, nesses oito meses, o Brasil nada hemisfério e temos significativos índices de
portação dos bens de capital está na faixa comprou de Moçambique, é fundamental interação e cooperação política em vários
dos 27%, o que mostra que está havendo
investimento, que está havendo benefício Evolução das Exportações Brasileiras e Mundiais
com essa importação. Os bens de capital 2002 a 2006
importado são itens que embarcam tecno-
logia de ponta que permitem a fabricação
no Brasil de produtos com preços mais
baixos e competitivos”, avaliou. Ele disse
ainda que o mesmo ocorre para a impor-
tação de matérias primas e produtos inter-
mediários, pois servem, inclusive por meio
da utilização do mecanismo de drawback,
para baratear e modernizar a produção.
“Esse crescimento das importações torna
mais competitivo o produto fabricado aqui
dentro para combater os importados, e
serve para manter a competitividade dos
produtos brasileiros no exterior. Notem

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 21


P AINEL I

níveis, como a CPLP (Comunidade dos


Paises de Língua Portuguesa). Além disso,
temos um povo disciplinado e que está em
processo de plena capacitação”, afirmou.
Segundo o empresário, o Brasil pode se
beneficiar com a localização geográfica de
Moçambique. “Em tempos de globalização
isso pode fazer a diferença, pois permite o
acesso a mercados terceiros”, avaliou. Ou-
tro ponto destacado por Abdula se refere
às vantagens que e as empresas brasileiras
podem ter, caso trabalhem em parcerias
com as empresas moçambicanas, em âm-
bito dos acordos comerciais firmados pelo
governo de Moçambique. “Se as empresas
brasileiras investirem até 30% na produ-
ção industrial em Moçambique, elas terão
acesso ao mercado americano com isenção Salimo Abdula, presidente do CTA, afirmou que o governo de Moçambique assumiu a competitividade
total de tarifa aduaneira, conforme previsto como fator determinante para o desenvolvimento
no AGOA (Act of Growing Support for Africa),
acordo comercial firmado entre os Estados porte direto com a África do Sul. Há em mecanismos que podem incrementar as
Unidos e demais países da África”. Moçambique três portos importantes e uma nossas relações. Nós, os empresários,
O empresário afirmou, ainda, que o ferrovia que liga o nosso país ao vizinho sul- devemos ser os responsáveis pela con-
momento atual está propicio para o in- africano”, avaliou o empresário. Ele defen- cretização da estratégia e gestão de risco.
vestimento em terras moçambicanas. Ele deu ainda a participação do Brasil na tarefa Devemos incentivar o desenvolvimento
relevou que o governo de Moçambique de desenvolver a transferência de tecnologia de idéias, por vezes embrionárias, de
assumiu a competitividade como fator para Moçambique. De acordo com Abdu- valor econômico. As pequenas e médias
determinante na condução das vantagens la, a contribuição brasileira é vista como empresas devem constituir uma fonte de
comparativas, e, certamente, essa visão importante para que Moçambique consiga inovação, criatividade e criação de empre-
governamental vai ajudar a desenvolver impulsionar o setor produtivo. “Por razões go”, disse, concluindo a sua participação
o nível de desenvolvimento humano. “As históricas, temos o setor comercial muito no seminário.
pequenas e médias empresas estão sendo mais desenvolvido do que o setor industrial.
tratadas como plataformas para competição Fortalecer a indústria é importante porque Promover produtos Made in
e empregabilidade. Como empresários, to- só assim podemos dar aos nossos produtos Mozambique
mamos a frente no processo de condução de maior valor agregado” defendeu. O expositor seguinte foi o presidente
estratégias de interação entre os mercados”. do Instituto de promoção das Exportações
Sobre a balança comercial moçambicana, Desburocratização (IPEX) de Moçambique, João Macarin-
Abdula disse que ela ainda apresenta uma Abdula defendeu ainda a importância gue. No início de sua apresentação, ele
estrutura deficitária. Para ele, contudo, os de tornar ágeis as transações comerciais ressaltou a afinidade lingüística entre os
empresários estão buscando a otimização também é tarefa a ser encarada para dois países, ditada por um passado co-
das vantagens competitivas existentes na melhorar as relações entre os dois paí- mum, como um bom motivo para que as
economia moçambicana, o que pode ser ses. Por isso, argumentou o empresário relações econômicas sejam facilitadas. Em
a chave para o desenvolvimento do país moçambicano, criar canais que desburo- seguida, Macarigue disse que os avanços
africano. “De nossa parte, posso dizer que cratizem o comércio é objetivo que deve tecnológicos da era da globalização permi-
o mercado interno de Moçambique vem ser alcançado. “O desenvolvimento do tem uma maior aproximação entre países
se mostrando significativamente atrativo, ensino à distância, o papel das instituições que antes encontravam dificuldades no
pois temos uma mão de obra competitiva. de apoio às exportações, o apoio na pro- relacionamento em virtude das distâncias
Temos bastante terra fértil, sobretudo para moção das nossas marcas e o incentivo no geográficas. “As barreiras que outrora eram
plantações de cana para etanol. Por isso, estabelecimento de parcerias, na garantia invocadas decorrentes da nossa localização
Moçambique apresenta hoje condições da qualidade, da dinamização e do acesso geográfica deixaram de fazer sentido. Com
muito favoráveis. Não é por acaso que es- aos nossos produtos para exportação, na a Internet se tornou possível o que antes
tamos reabilitando fábricas de produção de internacionalização das nossas empresas nem por sonho se poderia imaginar. Os
açúcar.Temos também facilidades de trans- e criação de fontes de financiamento são relacionamentos político e diplomático

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


entre os nossos países atingiram níveis tidores. Não fazemos discriminação entre medidas que visam a fazer um melhor
tais que desafiam a capacidade das nossas o investimento nacional e estrangeiro. A aproveitamento desses recursos minerais.
instituições de cooperação econômica, exi- única discriminação existente é o montante Costumo dizer, em inglês, que Mozambique
gindo uma atuação coordenada, com vistas mínimo para que os investidores estrangei- means business (Moçambique signfica negó-
a melhorar a balança comercial”, comentou ros sejam beneficiários do conjunto de be- cios) e, apesar de todos os nossos proble-
o presidente do IPEX. nefícios aduaneiros vigentes”, explicou. O mas, temos apresentando, nos últimos anos,
Macaringue reconheceu, no entanto, montante mínimo referido pelo expositor crescimento econômico notável. Sendo
que o comércio bilateral entre Brasil e é de US$ 50 mil para empresas estrangeiras assim, estejam bem-vindos a investir em
Moçambique ainda é incipiente quando e US$ 5 mil para empresas moçambicanas. Moçambique”, concluiu, passando a palavra
comparado com as relações comerciais que Ele revelou que o objetivo do governo para o palestrante seguinte, o diretor do
esse país africano tem com a África Sul, moçambicano é dar uma maior abertura Departamento de Projetos de Investimen-
Espanha, Alemanha, China e outros. Ele da economia e que, por isso, há em curso tos de Moçambique, Nuno Maposse.
disse, contudo, que espera que o volume projetos de infra-estrutura para dar melhor
das exportações moçambicanas para o Bra- suporte logístico às empresas. “O país está, Abrindo a economia
sil aumente com o impulso proporcionado neste momento, voltado para investimentos Para Nuno Maposse, há, em âmbito
pelos investimentos da CVRD. “Nossos em infra-estrutura. Moçambique está inves- internacional, o entendimento de que o
principais mercados de exportação são tido bilhões de dólares em pontes, estradas, comércio e o investimento são interde-
Bélgica, África do Sul, Zimbábue, Suíça, infra-estrutura de telecomunicações, de pendentes. Ele relatou que, ao longo dos
Portugal, Espanha, China e Índia. Mas, energia, redes de transmissão, gasodutos, últimos anos, o comércio tomou a dianteira
nas relações entre Brasil e Moçambique, investimentos em portos e ferrovias. Esses naquilo que é o relacionamento entre Brasil
países que falam a mesma língua e que não investimentos (em infra-estrutura) não têm e Moçambique. “Essa tendência caiu, mas,
precisam fazer muitos esforços para esta- só objetivo de facilitar a movimentação de este ano, observamos com grande satisfação
belecer um comércio forte, pouco temos pessoas, mas tem também objetivam re- que o Brasil vem investindo valores bastante
feito para mudar o atual quadro. Temos duzir os custos de transações de negócios”, elevados em Moçambique”, disse. De fato,
um manancial de produtos que podem ser afirmou. no primeiro semestre de 2007, foram inves-
vendidos para o Brasil. Da mesma forma Investir nas potencialidades do país é tidos cerca de US$ 1,5 bilhão pelas empre-
que gostaríamos que empresas brasileiras também encarado como tarefa primordial sas CVRD e Camargo Correia, conforme
fossem para Moçambique para que crias- do governo moçambicano, contou Jusob. informou Maposse. “Esses investimentos
sem postos de oportunidade de emprego Ele informou que há no país um potencial poderão reverter a atual tendência, não
e aumentasse a renda da nossa população”. agrícola elevado. “Temos 800 mil km2, 35 só no âmbito da balança comercial, mas
Macarigue encerrou seu discurso afirman- milhões de hectares de terra arável, várias também atrair mais investidores”.
do que o governo moçambicano lançou o bacias hidrográficas e uma biodiversidade O objetivo da missão, contudo, não es-
programa Made in Mozambique, programa fantástica. Há também um conjunto de teve somente restrito à atração de grandes
esse que consiste estimular os moçambi-
canos a consumir os produtos produzidos
internamente.

Mozambique means business


Rafique Jusob, diretor do Centro de
Promoção de Investimentos (CPI) de
Moçambique foi o quarto expositor do
painel. Ele disse aos empresários presentes
ao seminário que o governo moçambicano
está ciente da necessidade de dar seguran-
ça e tranqüilidade e, acima de tudo, criar
condições para atrair investimento em
Moçambique. Além disso, Jusob comentou
que também estão sendo desenvolvidos
mecanismos que incentivem a instalação
de empresas em solo moçambicano. “Apro-
vamos o código de investimento que tem
um conjunto de regras e regulamentos,
bem como benefícios fiscais para os inves- João Macaringue afirmou que o governo quer estimular a indústria local

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 23


P AINEL I

projetos, mas sim iniciativas que possam


adicionar valor aos produtos moçambi-
canos, atestou o palestrante. “É nessa
perspectiva que chamo a atenção e con-
vido os investidores brasileiros a olharem
o mercado moçambicano. É um mercado
que representa 10% dos brasileiros, mas
achamos que, em termos de oportunidade
de negócios, é um mercado emergente e
que tem muita facilidade de penetração”,
disse. Ele acrescentou que o governo de
seu país aposta em parcerias, sobretudo
com o Brasil. “Sabemos que o Brasil tem
tecnologia totalmente adaptável à nossa
economia. Acredito que esses recursos
seriam os vetores a serem tratados nos
encontros bilaterais envolvendo os nossos
países. Tenho certeza que ao fim deste en- Rafique Jusob,presidente do Instituto de promoção das Exportações de Moçambique,disse que o
contro, medidas concretas sejam tomadas governo moçambicano está investindo bilhões de dólares em infra-estrutura
para fortalecer a nossa parceria”, concluiu
o representante moçambicano. ainda, que o apoio do BNDES à inserção adequados”, afirmou Egea. O palestrante
internacional de empresas brasileiras atua disse ainda que o objetivo dessas linhas é
em duas formas básicas. A primeira delas atender aos três objetivos fundamentais do
BNDES é o apoio ao investimento direto estran- BNDES: 1) fortalecer a empresa brasileira
O gerente de Comércio Exterior do geiro (IDE), que é o suporte do BNDES (enfatizando a pequena e média empresa);
BNDES, Roger Louis Fernand Egea foi aos investimentos de empresas nacionais 2) ampliar os investimentos, o emprego
o último palestrante do painel. Logo de no exterior, e que se dá à subscrição de e a renda no Brasil; 3) aumentar a base
início, ele apresentou à platéia presente al- valores imobiliários. A segunda medida de exportadora, da nossa indústria e do nosso
guns indicadores da instituição, atualizados atuação do banco está no auxílio ao comér- setor de serviços, apoiando e viabilizando
até agosto de 2007. “Os ativos do banco, cio exterior brasileiro dentro do conjunto as exportações através de concessões de
somavam até essa data US$ 98 bilhões, com de linhas de financiamento que o BNDES financiamentos.
um patrimônio líquido, US$ 12 bilhões. Os oferece. “ São as linhas de financiamento O diretor do BNDES comentou que
financiamentos são da ordem de US$ 76 de pré e pós embarque. Essas linhas estão a preocupação da instituição sempre foi
bilhões e, no primeiro semestre de 2007, voltadas, preferencialmente, para bens financiar e apoiar bens de maior valor
foram contabilizados US$ 12 bilhões em e serviços de maior valor agregado. Elas agregado. Segundo ele, os principais bens
desembolsos”, disse Egea. Ele explicou, oferecem taxas competitivas e prazos elegíveis são bens de capital, produtos
manufaturados, serviços associados à ex-
portação de bens, serviços de engenharia e
construção civil, e softwares. “No caso dos
serviços de engenharia e construção civil,
R$ bilhões U$$ bilhões parece-me que há confluência de interesses
entre Brasil e Moçambique, na medida em
que existe um grande interesse nesse país
Ativos Totais 188 98 por obras de infra-estrutura. Esse tem sido
um dos grandes focos na atuação do BN-
Patrimônio Líquido 24 12 DES no quer tange ao apoio às exportações
para a África”, analisou Egea. Com relação
76 aos itens não elegíveis, o palestrante disse
Carteira de Financiamentos 147 que BNDES não apóia a exportação de pro-
dutos de baixo valor agregado como grãos,
Desembolsos 1o Sem/07 24 12 suco de laranja, minerais e celulose.
Quanto às linhas de financiamento, o pa-
lestrante traçou maiores detalhes a respeito
desse programas de auxílio à exportação.

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Nuno Maposse, diretor do Departamento de Projetos de Investimentos de Moçambique: “a globalização facilita o entendimento entre os países”

Ele explicou que a linha pré-embarque é acordo entre o exportador, importador e Para Egea, as garantias representam um
um financiamento voltado especificamente o próprio banco. “Ao contrário do supplier papel extremamente importante para a
para o exportador brasileiro. Por ele, o credit, quando não há um contrato, mas sim tomada de financiamento, pois, conforme
empresário consegue financiamento à pro- uma mera venda de títulos cambiais, o buyer enfatizou o palestrante, sem elas as ope-
dução de bens fabricados em solo nacional credit tem uma operação estruturada. Por rações não vão para frente. Ele chamou a
e que, em seguida, serão exportados. “O isso, acredito que este tipo de operação é o atenção para dois tipos de garantias exigidas
BNDES fornece, basicamente, o financia- mais adequado para a venda de serviços de pelo BNDES: a garantia bancária, ou seja,
mento para o capital de giro”, afirmou. Já engenharia, interessante para as empresas uma carta de crédito de uma instituição
no caso da linha pós-embarque, o gerente que queiram atuar em Moçambique”. no Brasil ou no exterior, que conte com
contou que a sua finalidade é financiar um limite de crédito aprovado pela estatal.
a comercialização de bens e serviços no Prazos e garantias “Esse é um tipo de garantia usado com
exterior. Existem duas variedades do O índice financeiro básico adota pelo certa freqüência”, afirmou. O outro tipo de
pós-embarque: o supplier credit e o buyer BNDES para os financiamentos é o Libor, garantia citado pelo palestrante é o Fundo
credit. O primeiro das duas modalidades informou Egea. Segundo ele, esse índice de Garantia à Exportação (FGE), que é um
refere-se à contratação do redesconto e do é um dos ideais para operações efetuadas fundo doTesouro Nacional, gerenciado pelo
refinanciamento. De acordo com Egea, ele de longo prazo. “Há cinco anos os juros do Comitê de Financiamento e Garantia das
funciona de modo a garantir ao exportador índice Libor estão na faixa de 4,75% ao Exportações (COFIG). “Esse módulo tem
brasileiro negociar a sua exportação com ano”, disse.Além disso, o gerente comentou sido freqüentemente usado pelo BNDES”.
o importador, como condições de paga- que existe a remuneração básica do BNDES, Por fim, o gerente fez menção ao cresci-
mento, entrega do bem, o recebimento de que é de 1%. Sobre esse percentual básico mento da curva de desembolsos destinados
títulos de crédito cambiais. “O exportador agrega-se um adicional equivalente aos à exportação nos últimos anos, dados esses
procura o BNDES, que compra esses títulos riscos existentes no país. A participação que, segundo ele, merecem ser comemora-
e, assim, o banco passa, automaticamente, BNDES no quadro de financiamentos pode dos. “Em 2005, o BNDES desembolsou US$
a assumir o financiamento ao importador. ir até 100% do valor das exportações. Os 5,86 milhões para exportação e, em 2006,
Com isso, o BNDES antecipa os recursos prazos, incluindo carência, podem ser de esse volume subiu para US$ 6,37 milhões”,
ao exportador brasileiro”. Quanto ao buyer- até 12 anos. “A determinação desse prazo concluiu. Após o término da exposição do
credit, o gerente do BNDES explicou que vai depender do tipo de produto ou serviço gerente do BNDES, Fernando Simas de
é uma operação que estrutura um comum que será exportado”, explicou o gerente. Magalhães deu por encerrado o Painel I.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 25


P AINEL II

Mercados a serem explorados


Setores de energia e de infra-estrutura de Moçambique oferecem grandes
oportunidades de negócios para empresas brasileiras

Manoel Murilo, Salvador Namburete, Arthur Pimentel, Augusto de Souza e Kalil Cury Filho: palestrantes do Painel III abordam investimentos em
infra-estrutura e energia.

Cada vez mais as empresas brasilei- Brasileiras e suas Parcerias nos Setores de pelo diretor de Comércio Exterior
ras de serviços de infra-estrutura Construção Civil e Energia, abordaram do MDIC, Arthur Pimentel.
aumentam a sua participação no o assunto. Para compor o quadro
exterior. Se no entorno do con- de expositores do painel, estiveram

N
amburete deu início aos trabalhos
tinente sul-americano a presença presentes: o gerente executivo da dizendo que os argumentos apre-
de grandes companhias nacionais Área Internacional da Petrobras, sentados anteriormente em favor do
aumento de investimentos em Moçambique
já é uma realidade, em outras re- Manoel Murilo; o diretor de novos serviram para enriquecer o seminário. Nes-
giões do mundo a promessa de se negócios da Construtora Camargo se contexto, o ministro disse que para dar
uma maior contribuição ao debate, coube a
intensificarem investimentos nesse Corrêa, Kalil Cury Filho; e o direto ele a tarefa de expor os potenciais existen-
setor torna-se alternativas viáveis da Eletricidade de Moçambique tes no campo da energia de Moçambique.
“Tenho o dever de fazer justiça ao meu
e promissoras. Nesse contexto, os (EDM), Augusto de Souza. O pai- setor. Gostaria de informar aos senhores
palestrantes do Painel II do Semi- nel foi presidido pelo ministro de o potencial que temos na área de energia
elétrica. Moçambique é o segundo maior
nário Brasil-Moçambique, que teve Estado de Energia de Moçambique, produtor e consumidor de energia da região
como título Atuação das Empresas Salvador Namburete e moderado da África Austral”, disse o ministro. Segundo

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


ele, o governo moçambicano está promo- moçambicanas nessa área” considerou. Em é a sul-africana, e a Empresa Nacional de
vendo vários projetos de energia, segundo relação ao petróleo, Namburete revelou Hidrocarbonetos de Moçambique, em-
os quais estão previstos a construção de três que, no momento, há 20 empresas que estão presa estatal do país, também fazem parte
hidrelétricas. Nambuerete revelou que o fazendo prospecção em Moçambique. Entre da parceria. De acordo com o gerente
primeiro projeto hidrelétrico é o Pancur, ela, está a Petrobras. No entanto, até agora, da Petrobras, os resultados do primeiro
que na primeira fase irá gerar 1.500 MW, não foram descobertos grandes poços de poços surgiram no mês de setembro.
com investimentos de US$ 2 bilhões. O petróleo no país. No entanto, o volume encontrado ficou
segundo projeto comentado pelo ministro é Memorandos para firmar parcerias aquém do esperado. “Foi um tiro n’água,
o Lurio, que está em estudo de viabilidade, entre empresas brasileiras e o governo mas isso não diminui a nossa energia de
mas contará com uma capacidade de gera- moçambicano no setor de energia foram buscar novas oportunidades. É um bloco
ção de 120 MW, e o terceiro, Bloma, ainda assinados pelo presidente de Moçambique muito grande, temos outros prospectos e
está em estudo, conta com uma capacidade em sua última vista ao Brasil. Na opinião do identificações de área onde é possível fazer
de 400mw. “Temos outros projetos, como ministro, os acordos configuram-se como novas pesquisas ”, considerou.
a central de gás natural para produção de o veículo que faltava para que se efetive, de Entre outras ações realizadas pela Pe-
até 1000 MW e a central térmica de carvão fato, o estabelecimento de parcerias entre trobras em Moçambique, Murilo destacou
de Moatize, que na fase inicial do projeto empresas moçambicanas e brasileiras. Após a assinatura, em outubro de 2006, de
vai produzir também 1.000 MW. Além das a palestra de abertura, Namburete passou a um MOU (memorando de entendimen-
fontes tradicionais de energia, o ministro palavra para o primeiro expositor do painel: to) com a estatal de hidrocarbonetos de
ressaltou que Moçambique também dispõe o gerente executivo da Área Internacional Moçambique, no qual aborda: pesquisa e
de recursos naturais para a produção de da Petrobras, Manoel Murilo. desenvolvimento, e produção e comer-
energia renovável. “Temos terra, água e cialização de petróleo e gás. “A Petrobras
clima para produzir biocombustíveis.Temos Petrobras em Moçambique está fornecendo equipamentos de última
também recursos para promover energia Para o gerente da estatal petrolífera geração para poder fazer os estudos sísmicos
solar. No momento, o nosso governo está brasileira, a empresa ainda está ‘engati- nessas bacias. Estão previstos também o
levando energia elétrica a 150 escolas rurais nhando’ em áreas moçambicanas. “A Pe- treinamento para o pessoal daquela empresa
e a 150 centros de saúde rural, através de trobras começou a trabalhar em Moçam- e investimentos na área de pesquisa e desen-
painéis de energia solar”, declarou. bique há muito pouco tempo, participando volvimento (P&D) em energia renovável.
no projeto de exploração e produção de “Tudo isso ainda é muito recente. Junto com
Estabilidade jurídica petróleo. Estamos dando os primeiros pas- o projeto de energia renovável, há ainda um
O outro dado considerado importante sos, entrando em contato com autoridades acordo de confidencialidade assinado com a
por Namburete refere-se à estruturação do para que também possamos participar Petromoc, que equivale à BR distribuidora
quadro legal do país, que está tornando os do desenvolvimento da área de energia em Moçambique”. Murilo explicou que
contratos mais transparentes e dando maior renovável, mais especificamente etanol e técnicos da Petrobras irão estudar a logística
previsibilidade e estabilidade nas negocia- biodiesel”, afirmou. de armazenamento, distribuição e comer-
ções empresariais. “O setor privado aprecia Murilo contou que a Petrobras em Mo- cialização de etanol e biodiesel em conjunto
muito essa previsibilidade e transparência. çambique está operando, em participação com a Petromoc. “Vamos fornecer também
A esse respeito, temos uma legislação nova com outras empresas, no bloco Delta do todo o apoio tecnológico que a Petrobras
sobre a distribuição de gás natural no país. Zambezi, localizado no offshore do país detém nessa área”, concluiu Murilo.
Em âmbito institucional, o governo mo- africano.A área corresponde a aproximada-
çambicano criará, em breve, o Conselho mente a 20% de toda extensão territorial
Nacional de Eletricidade, uma instituição terrestre de Moçambique. “A partir daí, Exportando serviços em infra-
de regulação que também contribuirá para a pode-se ter uma idéia da amplitude deste estrutura
transparência das regras do jogo”, afirmou. bloco que ainda está totalmente inexplora- O segundo expositor do painel foi o
O ministro afirmou, ainda, que em Mo- do, numa bacia que a Petrobras considera diretor de novos negócios da construtora
çambique há abundância de gás natural em como uma fronteira exploratória”, afirmou Camargo Corrêa, Kalil Cury Filho. Ele
reservas descobertas recentemente, e que o representante da Petrobras. Apesar de contou, de início, que a construtora está
permitirão o desenvolvimento do projeto algumas descobertas em de gás nesse país presente em 14 países, majoritariamente
de construção de um gasoduto que ligará africano, a parte marítima do país ainda é na América Latina e na África Austral. “A
o seu país à África do Sul, projeto esse que desconhecida por qualquer empresa que exportação de serviços de engenharia vem
está em fase final de implementação. “As pensa em exploração e produção. “Esse crescendo. Hoje, o setor de exportação já
pesquisas continuam, e esperamos que mais bloco do Zambezi é formado por quatro representa 25% das atividades de engenha-
reservas sejam descobertas. “Todos esses empresas estatais. A operadora é a empresa ria e produção do grupo Camargo Corrêa”.
projetos são necessários e importantes e Petronas, da Malásia, que tem a maior per- O executivo disse que a demanda por
esperamos poder contar com parcerias centagem. A Petrobras detém 17% nessa infra-estrutura de serviços para constru-
entre empresas brasileiras e empresas parceria”, afirmou Murilo. A Petrosa, que ção e implementação de projetos é grande

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 27


P AINEL II

disse que a construtora identificou um Potencial energético


mercado em expansão nos mercados de
energia (na área de geração e transmissão), O representante da Eletricidade de
de transportes (em particular ferrovias e Moçambique (EDM) buscou, inicialmen-
portos), e no setor de infra-estrutura para te, levantar pontos a serem debatidos no
mineração (carvão). “Quero registrar a campo da cooperação energética entre
presença pioneira da CVRD, demandan- Brasil e Moçambique. “O Brasil tem ex-
do serviços de engenharia, e abrindo o periência muito vasta nesse setor. Temos
mercado de Moçambique para a presença desafios na área de expansão da rede
de outras empresas brasileiras, como a central de linhas, e há similares desafios
Camargo Corrêa”. nas áreas de manutenção”, afirmou. Um
A constatação de um ambiente de dos argumentos que sustentam as pos-
estabilidade política e institucional para sibilidades de cooperação entre Brasil e
investimentos no país e constatamos tam- Moçambique, segundo Souza, é o fato de
bém uma orientação para a modernidade os moçambicanos ambicionarem conhe-
Manoel Murilo, gerente executivo da Área Inter-
nacional da Petrobras, disse que a empresa vai
no país. Por isso, na opinião do executivo, cer o Brasil e, certamente, os brasileiros,
prestar auxílio técnico em Moçambique identifica-se um forte potencial de intera- gostariam de conhecer as potencialidades
ção com o Brasil, que é auxiliado a partir das econômicas vistas hoje em Moçambique,
nos países em desenvolvimento. “A nossa identidades culturais e socioeconomicas. sobretudo no setor de energia.
empresa quer destacar os projetos que vêm “Muitas realidades que a gente encontra em Em relação ao perfil do setor energé-
exigindo uma estruturação financeira sofis- Moçambique têm paralelo com a realidade tico moçambicano, o palestrante contou
ticada, ou seja, nós temos que trabalhar num brasileira, seja na área de saúde, duração, que as empresas que atuam na área de
mercado e modelo de negócios diferentes saneamento básico”, declarou Cury Filho. energia moçambicana são: A EDM, em-
daqueles modelos clássicos de uma entidade O expressivo crescimento econômico presa estatal responsável pela produção,
governamental que contrata uma entidade de Moçambique também foi um dado que fornecimento, distribuição e comercia-
privada fornecedora de serviços”, analisou. recebeu destaque do palestrante. Como lização de energia em Moçambique; a
Para alcançar esse objetivo, o palestrante o país vem registrando um crescimento Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB),
disse que a Camargo Corrêa busca soluções de 7% nos últimos anos, com previsão de empresa privada que tem a capacidade de
de auto-financiamento, de investimento crescimento de mais de 8% em 2007, esse produção 415 MW e fornece energia a
compartilhado, de envolvimento com par- potencial reforça a tendência para a expan- Moçambique, África do Sul e Zimbábue;
cerias locais, regionais e globais. “A Camar- são do mercado de engenharia. e a Motraco (ITC), empresa fornecedora
go Corrêa vai ter, até o final deste ano, mais Ele destacou o papel estratégico de de energia criada em 2000, com concessão
de cinco mil colaboradores trabalhando no Moçambique no mercado de energia na para comercializar e transportar energia
exterior”, revelou o executivo. África austral, considerando o elevado para a Suazilândia e Moçambique.
Na avaliação de Cury Filho, o Brasil ain- potencial hidrelétrico, da maior integração Alguns dados, mostrados por Souza
da tem uma participação mundial pequena com a rede com a malha de distribuição de na sua apresentação, demonstram que
no setor de serviços de infra-estrutura. energia em toda a região e do potencial para Moçambique, apesar de ser um país rela-
O palestrante informou que o Brasil está biocombustíveis. “É de conhecimentos de tivamente grande, ainda consome pouca
abaixo da Grécia,Turquia, Bélgica, Coréia, todos que militam no mercado de energia energia. Segundo o representante da EDM
Holanda no ranking mundial desse setor. no continente africano que a África Austral o consumo de 416 mil pessoas chega a
“Temos 1% desse mercado. É pouco, mas tem uma demanda de energia muito acima apenas pessoas a 320 MW, cobrindo ape-
temos um potencial muito grande de cres- da oferta”, declarou. De acordo com o exe- nas 8% do país. “Precisamos de tecnologia
cimento. A África é um mercado regional cutivo, há um mercado de energia que está que assegure essa expansão. Há planos
prioritário para a Camargo Corrêa em ter- sinalizando para um déficit de mais de 10 para que, em 2020, esse percentual suba
mos da nossa atuação e expansão em âmbito mil MW. “Para Moçambique, a nosso ver, é para 20%. Em Moçambique, 100% da
internacional”, disse, acrescentando que a uma oportunidade, tanto para a integração produção de energia provém da hidroele-
construtora está instalada na África do Sul, regional, já que o país pode contribuir para tricidade. Nos últimos trinta anos, porém,
Angola e Moçambique. O foco de atuação o fornecimento de energia e, também, de avançamos bastante. Em 1977, tínhamos
da Camargo Corrêa é a infra-estrutura ser um elo de integração dessa região na apenas três capitais que estavam ligadas
básica (energia, transportes e edificações), párea de distribuição e também por ser um à rede elétrica nacional e hoje, todas as
conforme informou Cury Filho. “Vamos elo de desenvolvimento econômico para a capitais provinciais estão ligadas à rede na-
contar, até o final deste ano, com cerca de região”, concluiu, passando a palavra para cional”, afirmou. Em seguida, o presidente
mil colaboradores na África”, afirmou. o gerente administrativo da EDM, Antonio do painel, ministro Salvador Namburete,
Em relação a Moçambique, o executivo de Souza. encerrou os trabalhos do painel.

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


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Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 29
P AINEL III

Agronegócios para exportação


Participantes do Painel III abordam a importância do Brasil e a
potencialidade de Moçambique no setor de agronegócios
O painel III do Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-Moçambique teve
como tema As Exportações de Serviços,
Agricultura e Turismo. Para compor a
mesa de debates, presidido pelo mi-
nistro de Energia de Moçambique,
Salvador Namburete, foram convi-
dados o diretor de Planejamento
e Desenvolvimento do Comércio
Exterior (Depla)do MDIC, Fabio
Martins Faria, e diretor do Cen-
Salvador Namburete e Fabio Martins Silva: Brasil e Moçambique juntos no setor de agronegócio
tro de Promoção da Agricultura
(CEPRAGI), Roberto Mito. o diretor CEPRAGI. Por fim, ele fez um sileiras estão investindo em Moçambique,
convite ao empresariado do setor a investir e elas devem seguir o caminho de trazer
em Moçambique, sobretudo em razão da uma balança comercial mais equilibrada”,
comentou Faria.

M
ito foi o primeiro expositor do alta experiência brasileira no campo de
painel. Ele começou a sua palestra agronegócios.
dizendo que o governo de Moçam- O segundo palestrante do painel foi Transferência de Tecnologia
bique considera a área de agronegócios o diretor do Depla, Fabio Martins Faria. O último palestrante da série de painéis
um filão a ser explorado. A razão para isso Ele também considerou que há um campo do seminário foi o diretor do Decex, Ar-
reside no fato de que o país possui 799.380 potencial enorme no setor da agroenergia. thur Pimentel. Ele iniciou a sua exposição
km2 de superfície e tem fronteira com “O Brasil vê no campo da agroenergia um informando dados do governo brasileiro do
seis países ao longo de 4.330 km, além de potencial gigantesco a ser explorado, mas comércio exterior. Segundo Pimentel, entre
contar com 36 milhões de hectares de terra é um setor que sempre está buscando coo- agosto e setembro, os governos brasileiro e
arável, sendo que, desse total, apenas 14% peração. Esse segmento vai se desenvolver moçambicano assinaram acordos de coope-
cultivados. Ele mencionou também que a caso haja mais mercados para se associarem ração. Dentre eles estão acordos na área de
cultura alimentar do povo moçambicano ao Brasil”, afirmou. consulta política, de educação à distância,
consiste, basicamente, de milho e man- Faria ressaltou que o Brasil procura na área de construção de cisternas em
dioca. Esses produtos agrícolas são pro- estimular, por intermédio de transferência comunidades rurais, troca de experiências
duzidos, essencialmente, pelos pequenos de tecnologia, outras fontes de produtos entre as chancelarias, projeto para cons-
produtores do setor da agricultura familiar. agrícolas. Segundo ele, estratégias bem trução de fábricas de remédio retrovirais,
Já os principais produtos agrícolas para planejadas estão sendo montadas para que além de outras perspectivas que empresas
exportação são: o tabaco, a cana-de-açúcar, esse mercado possa ter a dimensão que o brasileiras como a Petrobras, CVRD e Em-
o algodão e a castanha de caju. “O setor mundo necessita. A questão do aqueci- brapa, essa última atuando na transferência
de agronegócios moçambicano oferece mento global também se tornou muito de tecnologia para produção de alimentos.
como oportunidade, além da proximidade grave. “A área de agroenergia apresenta Após o término da palestra de Pimentel, o
geográfica de grandes mercados, a van- grande oportunidade de cooperação entre presidente do painel, Salvador Namburete,
tagem da estabilidade sazonal”, explicou os nossos países. Grandes empresas bra- deu por encerrada a sessão.

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


E NCERRAMENTO

Um seminário bem sucedido


Presidente da FCCE diz que seminário cumpriu bem o papel de aproximar os
dois países

O Presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima, disse que o Seminário foi muito bem sucedido e elogiou a participação dos palestrantes

Sensação de missão cumprida no que Abdul Fakir; o diretor do Centro de A sessão foi presidida pelo embaixa-
tange ao fortalecimento dos fluxos Promoção de Investimentos de Mo- dor de Moçambique de Moçambique
de comércio e de investimentos çambique, Rafik Jusob; o presidente no Brasil, Murade Isaac Murargy.
entre Brasil e Moçambique. Foi esse do Instituto de Promoção de Expor-
o sentimento demonstrado pelos tação de Moçambique, João Macari-
O
presidente da FCCE disse, durante
a sessão, que o seminário não foi
organizadores do Seminário e com- gue; o presidente da Confederação somente um sucesso de público, mas
partilhado pelos presentes ao evento das Associações Econômicas (CTA) também de qualidade. “Estiveram presentes
aqui representantes das maiores empresas
durante a Sessão Solene de Encer- de Moçambique, Salimo Abdula; o brasileiras. Neste seminário, tivemos a
ramento. Para compor a mesa da diretor do Departamento da África oportunidade de renovar e continuar esses
acordos comerciais. Senhor embaixador,
sessão, o presidente da FCCE, João do Ministério das Relações Exte- gostaria de dizer que a Federação estará
Augusto de Souza Lima convidou o riores, ministro Fernando Simas de sempre pronta para atender as solicitações
dos senhores e que também o senhor embai-
diretor do Decex, Arthur Pimentel; Magalhães, o ministro de Energia de xador leve as nossas saudações ao governo
o diretor do Depla, Fabio Martins Moçambique, Salvador Namburete; de Moçambique”, disse Souza Lima. Em
seguida, o presidente da FCCE convidou
Faria; o vice-presidente da Câmara o ministro de Indústria e Comércio
os presentes para o coquetel oferecido em
de Comércio Moçambique-Brasil, de Moçambique, Antonio Fernando. homenagem ao diplomata moçambicano.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 31


D IPLOMACIA

Intermediando e fortalecendo
as relações Brasil – África
Novo diretor do Deaf reforça a diretriz prioritária para a África nas relações
internacionais
O Departamento da África (Deaf)
do Ministério das Relações Ex-
teriores tem um novo diretor. O
ministro Fernando Simas de Ma-
galhães, que assumiu a função em
setembro de 2007, tem pela frente
a missão de continuar auxiliando
a atual política externa brasileira
que, entre outras diretrizes, vem
buscando intensificar as relações
entre Brasil e países do continente
africano.
Diplomata de carreira, com longa
experiência adquirida nas funções
exercidas em diversos postos no
exterior, Simas de Magalhães acre-
dita que as relações entre Brasil
e África têm crescido de forma
bastante considerável e podem
fazer com que empresas brasileiras O ministro Fernando Simas de Magalhães, diretor do Deaf, disse que empresários brasileiros podem
encontrar muitas oportunidades na África.
comecem a escolher o continente
como destino para seus inves- ações promovidas pelo senhor a te da Guiné-Bissau, em novembro. Além
serem destacadas desde a sua en- dessas ações, o Departamento da África
timentos. Abaixo, os principais
trada? apoiou a realização de mais um vôo de
trechos da entrevista concedida à cooperação com países africanos, no final
Magalhães – Desde que assumi a di- de novembro, que contemplou CaboVerde
Revista da FCCE:
reção do Departamento da África, em e Guiné-Bissau. O vôo é resultado de uma
setembro de 2007, aconteceram a visita do parceria do Itamaraty, por intermédio
Presidente de Moçambique ao Brasil, em da Divisão da África-II (DAF-II), com o
O senhor está há pouco tempo na setembro, a viagem do Presidente Lula à Ministério da Defesa, por meio da Força
chefia do DEAF. Quais foram as África, em outubro, e a visita do Presiden- Aérea Brasileira. No âmbito da Comunida-

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


de dos Países de Língua Portuguesa, cujo A visão que se tem de um continente Desde a Cúpula de Abuja, em novembro de
acompanhamento fica a cargo da DAF-II, que apresenta extensos problemas 2006, foram realizadas duas importantes
ocorreu, em 2 de novembro, a XII Reu- estruturais não torna essa tarefa Reuniões de Coordenação da AFRAS: uma
nião Ordinária do Conselho de Ministros mais difícil? em Caracas, em julho de 2007, e outra em
da CPLP. Essa reunião, que teve lugar em Abuja, em novembro passado. Essas Reu-
Magalhães – Depende do ponto de vista.
Lisboa, reuniu os Ministros das Relações niões foram organizadas e convocadas pelo
Muitos empresários brasileiros têm tido
Exteriores ou dos Negócios Estrangeiros Comitê de Acompanhamento da AFRAS
ótimas experiências em países africanos.
de todos os países da Comunidade, quais (“Follow-up Committee”), constituído pelos
Vários países africanos vêm experimen-
sejam Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné- Coordenadores (Co-Chairs) Regionais (Ni-
tando processos acelerados de moder-
Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e géria, para a África, e Brasil, para a América
nização e crescimento. Isso gera muitas
Príncipe e Timor-Leste. A CPLP funciona do Sul), pela Comissão da União Africana
oportunidades. Angola, principalmente,
como importante foro de concertação e pelo Secretariado da União das Nações
apresenta grande presença do setor pri-
política e de cooperação com os países de Sul-Americanas (UNASUL).
vado brasileiro. É importante estar atento
língua portuguesa. às oportunidades que se oferecem, e que
podem ser aproveitadas por empresários “É importante estar atento às
“No ano de 2007, o Brasil de diferentes setores da economia africana.
abriu 30 Embaixadas em oportunidades que se oferecem, e
A intensificação das relações com os países que podem ser aproveitadas por
funcionamento no continente africanos possibilita maior confiança entre
africano” empresários de diferentes setores
os setores privados brasileiro e africano,
o que, eventualmente, poderá favorecer da economia africana”
FERNANDO SIMAS DE MAGALHÃES
a ampliação dos investimentos brasileiros FERNANDO SIMAS DE MAGALHÃES
A África é um continente tido como naqueles mercados.
estratégico pela atual administra- O Brasil, em sua já citada qualidade de Co-
ção federal. Como o MRE/DEAF “O Departamento da África dá ordenador pela América do Sul da AFRAS,
tem atuado para fazer com que os apoio às iniciativas do DPR, no promoveu, ao longo de 2007, encontros
empresários brasileiros tenham que diz respeito à preparação com algumas chancelarias de países do
maior interesse para investir nessa de informações e às gestões em Continente para conhecer os projetos vis-
região? vários níveis junto aos Governos lumbrados ou associá-las a outros de outros
países do Continente. Argentina, Brasil,
Magalhães – No Itamaraty, a promoção estrangeiros”
Chile Nigéria, União Africana e Venezuela
comercial está a cargo do Departamen- FERNANDO SIMAS DE MAGALHÃES estão dando forte impulso ao mecanismo.
to de Promoção Comercial (DPR). O
Departamento da África dá apoio às Na sua opinião, como eventos como
iniciativas do DPR, no que diz respeito à este, realizado pela FCCE, podem “Vários países africanos vêm
preparação de informações e às gestões fortalecer as relações bilaterais com experimentando processos
em vários níveis junto aos Governos Moçambique? acelerados de modernização e
estrangeiros, tanto por intermédio das Magalhães – A difusão de informações crescimento”
Embaixadas africanas no Brasil como sobre o país, nas quais ressaltem-se as FERNANDO SIMAS DE MAGALHÃES
pelas Embaixadas brasileiras na África. oportunidades de negócios, é fundamental
No ano de 2007, o Brasil abriu 30 Embai- para a tomada de decisões dos empresários. Proximamente, serão convocadas Reuni-
xadas em funcionamento no continente O melhor esclarecimento do momento ões de Especialistas, em Adis Abeba, para
africano. Essa rede de Missões Diplomá- econômico vivido por Moçambique, onde dar início às atividades de cooperação. Em
ticas permite acompanhamento constante setores econômicos experimentam maior meados de 2008 está prevista a realização,
da situação política e econômica naque- dinamismo e aproveitam as potencialida- no Marrocos, da I Reunião Ministerial de
les países e a obtenção de informações des que o mercado moçambicano oferece, Comércio. Entre os projetos apresenta-
essenciais para uso do empresariado inclusive no contexto regional, podem
dos pelo Brasil está o de criação de uma
brasileiro, na tomada de decisão quanto ser promover sinergias com os mercados
Câmara de Comércio África-América
a investimentos na região. Cabe ressaltar, vizinhos e constituir instrumento valioso
do Sul, iniciativa essa que poderia contar
também, a possibilidade de apoio a cida- para a tomada de decisões sobre os inves-
com o apoio da Federação das Câmaras de
dãos brasileiros no continente africano timentos de empresas brasileiras.
Comércio Exterior (FCCE).
facultado por essa rede de Embaixadas.
Não se pode esquecer que um aumento Em 2006, foi realizada a Cúpula Em 29 e 30 de novembro de 2008, terá
de investimentos brasileiros pode levar África-América do Sul. É possível lugar em Caracas a II Cúpula da AFRAS e
a um aumento na presença de cidadãos apontar os avanços alcançados de- os preparativos – substantivos e logísticos
brasileiros nesses países. pois desse encontro? – já foram iniciados.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 33


PETRÓLEO E G ÁS

Investimentos de peso na África


Investimentos de US$ 112 bilhões para os próximos anos no continente
revelam o alto grau de prioridade da África para a Petrobras
As recentes descobertas de reservas
de gás natural em Moçambique
justificam o investimento da Petro-
bras no país e ainda apontam para
a existência de petróleo, conforme
disse o gerente executivo da Área
Internacional da Petrobras, Manoel
Murilo, em palestra proferida du-
rante o Seminário. Para o gerente,
“Moçambique faz parte de uma área
que classificamos de nova fronteira.
O fato de haver campos de gás mos-
tra que estamos no caminho certo”.
Com efeito, quando o gerente se re- Para Manoel Murilo, gerente executivo da Área Internacional da Petrobras, Moçambique representa
fere a Moçambique como um campo a nova fronteira de investimentos da empresa na África

novo que se abre a investimentos da


te e comercialização) e capacidade com a Empresa Nacional de Hidrocarbo-
empresa, ele subscreve a importância netos para viabilizar atividades de explo-
petroquímica e de biocombustíveis
do continente africano para a inser- ração de petróleo e gás natural no país, em
até 2012. Confira os detalhes de terra e no mar. Esse mesmo memorando
ção da Petrobras internacional. também trata da pesquisa e da produção
investimentos e os países onde a
de biocombustíveis em Moçambique. O
Para reforçar a idéia de ter a África Petrobras estará atuando para os governo local tem interesse em imple-
como área prioritária da companhia, próximos anos: mentar a produção de biodiesel originado
o setor de Negócios Internacionais da da jatrofa, planta oleaginosa abundante
no país, assim como a produção de álcool
Petrobras divulgou, recentemente, derivado da cana-de-açúcar.
os projetos no continente que fazem Moçambique
parte do plano de investimentos Nigéria
Também em 2006, a Petrobras firmou um
da empresa orçados em US$ 112 memorando de entendimento pelo qual A Nigéria receberá, até 2012, o terceiro
bilhões. Dentro desse montante, atuará nos segmentos de Exploração e maior volume de recursos destinados ao
Produção (E&P) e no de biocombustíveis exterior. A participação efetiva da Petro-
estão previstos investimentos na em Moçambique. As atividades consistirão bras quanto está na sua atuação nas águas do
área de ampliação da exploração e na participação de um bloco de exploração delta do Rio Niger, pródigas em petróleo
produção de petróleo e gás, assim juntamente com a Petronas, da Malásia, na leve de baixa densidade de reduzido teor
foz do rio Zambezi, visando à produção de de enxofre, produto bastante valorizado
como no desenvolvimento do setor hidocarbonetos e, em outubro de 2006, no mercado internacional, e a Petrobras
“downstream” (refinação, transpor- firmou um memorando de entendimentos atua na Nigéria nos campos gigantes de

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Agbami e Akpo, em parceria com a Total e de 11.099 km2, situado em águas de 500 Guiné Equatorial
a Chevron-Texaco. Em ambos os camposm e 3.500m de profundidade. Contratos A Petrobras está presente na Guiné Equa-
as reservas são estimadas em 1,6 bilhões de firmados com a companhia estatal de per- torial desde janeiro de 2006, quando foi
barris de petróleo leve e o início da pro- tróleo, Tanzania Petroleum Development aprovada a aquisição de 50% de participa-
dução está previsto para este ano (2008). Corporation, prevêem levantamentos ção na produção do Bloco L. Localizado
Com essa movimentação, espera-se pro- sísmicos, estudos geológicos e avaliação da em águas profundas, na Bacia do Rio
duzir mais de 400 mil barris de óleo por bacia em andamento. A presença no país Muni, em profundidades variando entre
dia, dos quais 65 mil caberão à Petrbras. é importante para nós porque representa 500 a 2.200m, o bloco possui uma área
O produto será destinado ao mercado a ampliação as atividades da Petrobras no de 4.250km² e tem excelente potencial.
internacional O objetivo da empresa bra- leste do continente africano. Havendo descobertas, a produção deverá
sileira é tornar a Petrobras Nigéria uma das ter início no começo da próxima década.
maiores produtoras do Sistema Petrobras Líbia Nossa expectativa, no país, é expandir
fora do Brasil. A Petrobras assinou, em 2005, na Líbia, pesquisas e atividades em águas profundas
um contrato com a National Oil Corpo- e ultraprofundas no Oeste da África.
Angola ration, empresa estatal do segmento de
Senegal
Em Angola, a Petrobras desenvolve ativi- petróleo. Esse contrato marcou a volta da
A Petrobras chegou, em 2007, ao Senegal.
dades de exploração em cinco blocos e de Petrobras às atividades exploratórias no
A companhia brasileira adquiriu 40% de
produção em um, sendo todos offshore. O país, onde atuou entre os anos 70 e 90.
participação na exploração do bloco Rufis-
Bloco 2, em águas rasas do litoral angolano,
O contrato assinado assegura à Petrobras que Profond, em águas com profundidades
na Bacia do Baixo Congo, é o que já está
os direitos de explorar óleo e gás e de variando entre 150 e 3.000m e em uma
em produção. Nele, a Petrobras atua em
partilha de produção na Área 18 da seção área de 7.294km². Essa participação foi
parceria com a Chevron e a Sonangol e tem
líbia do Mar Mediterrâneo., em águas de adquirida da operadora Edison Spa, que
participação de 27,5%, o que lhe garante
200 a 700 metros de profundidade, A área detinha 95% dos interesses no bloco. Os
uma produção de petróleo da ordem de 4,2
se constitui de quatro blocos com extensão 5% remanescentes pertencem à compa-
mil barris por dia. Nos blocos 6/06, 18/06
total de 10.370 km2, os quais possibilitam nhia estatal senegalesa Petrosen. Por inter-
e 26, a Petrobras atua como operadora.
boas perspectivas de descobertas. A Pe- médio desse contrato de compra e venda,
No Bloco 6/06, localizado em águas rasas
trobras será a empresa líder e operadora a Petrobras se comprometeu a reembolsar,
da Bacia do Kwanza, a companhia detém
do consórcio que atuará na exploração do em 42,1%, custos com os quais as sócias
40% de participação, a aquisição de dados
bloco, detendo uma participação de 70%. arcaram anteriormente e em oferecer
sísmicos está sendo planejada para ocorrer
O contrato de partilha de produção prevê participação de 55% à Edison Spa e 5% à
em 2007. No Bloco 18/06, localizado em
cinco anos de fase exploratória e 25 anos Petrosen nos 1.500km² de atividades de
águas profundas, a Petrobras tem 30% de
de direitos de produção compartilhados sísmica 3D, já em fase de aquisição. Essa
participação. Essa é uma das áreas mais
com a estatal líbia. Esperamos, do país, participação no Senegal reforça a atuação
prolíficas de Angola e estão previstas a
trazer boas notícias. da Companhia no Oeste da África.
aquisição de dados sísmicos 3D e a perfu-
ração de sete poços exploratórios de 2009
a 2011. No Bloco 26, onde a Petrobras
tem 80% de participação , está prevista a
perfuração de dois poços pionieros, entre
2010 e 2011, em uma área de fronteira ex-
ploratória. No Bloco 34, onde a Petrobras
tem 30% de participação, e no Bloco 15,
onde essa participação é de 5%, atividades
exploratórias estão em curso.

Tanzânia
A Companhia está presente na Tanzânia
desde 2004 em atividades de exploração.
Em rodadas de licitações realizadas pelo
governo tanzaniano, a companhia obteve
100% de participação no Bloco 5 da Bacia
de Mafia, que tem área de 9.250 km2 e
está localizado em águas de 300 a 3.000m Foto de um petroleiro da Petrobras na Nigéria: A África é uma das prioridades de investimentos da
de profundidade, e também no Bloco 6, empresa para os próximos anos

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 35


ENTREVISTA

“O ambiente de negócios está


cada vez mais promissor”
Ministro da Indústria de Moçambique quer mais empresas brasileiras em
seu país

Antonio Fernando elogiou a iniciativa da FCCE em realizar o seminário Brasil-Moçambique

Desenvolver e aprimorar as relações entre as duas nações lusófonas loca- no país africano a importância da
comerciais e industriais entre Brasil lizadas no hemisfério do sul do pla- economia de mercado, criando um
e Moçambique. Para chegar a esse neta se concretize a médio e longo ambiente bom para investimentos
objetivo, cujo processo ainda esbar- prazo. Razões para apostar nessa ta- estrangeiros. Palestrante na Sessão
ra em dificuldades estruturais e con- refa não faltam, segundo o ministro. Solene de abertura do Seminário,
junturais, o ministro da Indústria e Afinal, Moçambique já completou ele concedeu entrevista à Revista
Comércio de Moçambique, Antonio dez anos de estabilidade política e da FCCE, na qual comentou, entre
Fernando, acredita e trabalha para agora busca o rumo para o desenvol- outros assuntos, os bons índices de
que o estreitamento dos contatos vimento econômico, fomentando crescimento da economia moçam-

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


bicana – média de 8% ao ano -, e A.F – Com certeza. O ambiente de negó- A.F – Moçambique passará a ter um mer-
cios está cada vez mais promissor. Estamos cado mais aberto para todos os países da
diz que as empresas brasileiras têm reduzindo a burocracia. Hoje em Moçam- região, na medida em que as imposições
muito a ganhar caso desejem inves- bique é possível abrir uma empresa em aduaneiras dos outros países sobre os nos-
apenas um dia. O processo de privatização sos produtos vão desaparecer. Nos pro-
tir em Moçambique. Acompanhe está adiantado. Hoje, a telefonia móvel é dutos em que somos mais competitivos,
trechos da entrevista: 100% privatizada e a telefonia fixa passará iremos aumentar as nossas exportações.
pelo mesmo processo em 2008. Esperamos que o fluxo de investimento
estrangeiro cresça na medida em que a
E como estão as relações comerciais
remoção de tarifas aduaneiras e a cria-
Qual a avaliação que o senhor faz de Moçambique com outros países
ção de um bom ambiente de negócios se
do mundo?
desse seminário? tornem mais atrativos. Esses investidores
A.F – Estamos no AGOA (Act of Gro- vão investir na agricultura e atividades
A.F. – Avalio como uma excelente inicia- wing Opportunity for Africa) e no EBA
tiva da FCCE a realização deste seminá- relacionadas para suprir o nosso déficit
(Everything But Arms).As vantagens para alimentar.
rio, pois em encontros como esse é que investir no nosso país cresceram bastante
podemos estabelecer contatos diretos depois que ingressemos nesses acordos
entre os órgãos governamentais dos dois comerciais. Além disso, em breve, esta- O que tem sido feito para atrair as
países, assim como com e representantes remos fazendo parte do SADC (Southern empresas brasileiras a investir em
da iniciativa privada. Os contatos são African Development Community), área Moçambique?
facilitados, pois falamos a mesma língua de livre comércio que envolve 14 países
– o português, temos culturas similares A.F – Recentemente o presidente
com 250 milhões de consumidores. Essa
e povos trabalhadores que enfrentam esteve no Brasil para fechar acordos
área de livre comércio está prevista para
problemas semelhantes, mas que possuem com o governo brasileiro e atrair mais
entrar em vigor em 2008.
enorme potencial. investimentos de empresas brasileiras,
“O ambiente de negócios principalmente na área do agrobusiness
O senhor pode informar o atual está cada vez mais promissor. já que o Brasil tem todo o know how
quadro da economia de Moçam- Estamos reduzindo a nesse setor e Moçambique apresenta
bique? burocracia.” grande potencial a ser explorado. Um
A.F – A nossa economia tem crescido outro setor que merece ser destacado em
ANTONIO FERNANDO
numa média de 8% ao ano. Esse resultado é Moçambique é o turismo. Temos praias
reflexo do intenso processo de investimen- E o que esses acordos podem re- lindas e parques nacionais para serem
tos em Moçambique. Há grandes empresas presentar em termos de avanços visitados por turistas de todo o mundo,
como a Mozal Aluminaria que produz comerciais para o país? inclusive brasileiros.
cerca de 500 mil toneladas de alumínio por
ano.Temos também a CVRD. Em Moçam-
bique há muitas empresas estrangeiras e O que é AGOA? que, desde de 21 de Dezembro de
queremos atrair mais capitais estrangeiros, 2000, o país africano pode expor-

A
Lei de Crescimento e Oportu-
pois desde 1994 vivemos uma estabilidade nidades para África (AGOA tar para os Estados Unidos cerca
política. Além desse clima de paz, estamos em sua sigla em inglês) foi de 1800 produtos sem cobrança de
trabalhando para fomentar na cultura do aprovada em 18 de Maio de 2000 taxas alfandegárias, de acordo com
nosso país a economia de mercado. como parte da Lei de Comércio o Sistema Geral de Preferências
e Desenvolvimento dos Estados (GSP). Paralelamente aos bene-
“Em Moçambique há muitas Unidos. A AGOA possibilita a fícios do GSP, a AGOA permite
empresas estrangeiras e isenção de taxas alfandegárias no ainda o livre acesso de confecções
mercado americano de produtos e produtos têxteis produzidos
queremos atrair mais capitais
designados provenientes de países em países Africanos elegíveis. A
estrangeiros, pois desde 1994
africanos, que se encontrem em AGOA apenas elimina as barreiras
vivemos uma estabilidade tarifárias para a entrada de bens
fase de implementação de uma
política” economia de mercado livre e de Moçambicanos. As barreiras não-
ANTONIO FERNANDO reformas políticas democráticas. tarifárias e as normas sanitárias e
Moçambique constituiu um dos fito-sanitárias dos Estados Unidos
É possível então dizer que o ambien- primeiros países elegíveis aos be- ainda persistem, bem como alguns
te de negócios está bem favorável nefícios da AGOA, o que significa requisitos ambientais.
aos investimentos?

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 37


ENERGIA

“As empresas brasileiras têm


o know-how dentro do setor
energético”
Ministro da Energia de Moçambique diz que governo está aumentando
investimentos no setor de energia do país

Para Salvador Namburete, a participação de empresas brasileiras no setor enérgitico moçambicano é muito bom para o país africano

Há dois anos à frente do Ministé- sistema energético eficiente e con- de fora. Companhias brasileiras já
rio da Energia de Moçambique, dizente com as reais necessidades de começam a adentrar nesse merca-
Salvador Namburete está ciente do Moçambique. Para isso, o ministro do, visto como promissor, como a
enorme desafio que o governo tem acredita em parcerias com grandes Vale do Rio Doce, que investe na
em proporcionar à grande parte da companhias energéticas e de infra- exploração de minas de carvão no
população, assim como para todo o estrutura do mundo para alcançar país, conforme atesta o próprio
sistema produtivo do seu país, um esse objetivo. E o Brasil não está ministro. “As empresas brasileiras

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


têm o know-how dentro do setor sua palestra durante o seminário. O No campo social, como o governo
governo moçambicano está explo- de Moçambique atua para dar mais
energético. E é isso o que falta em rando essa matriz energética? acesso à eletricidade à população
Moçambique”, disse Namburete Namburete – Com certeza. O governo
do país ?
em entrevista que concedeu à Re- está desenvolvendo grandes projetos de Namburete – Estamos trabalhando para
geração de energia hidrelétrica como identificar políticas e estratégias mais
vista da FCCE durante o seminário a construção da barragem de M’Panda consentâneas com a realidade nacional e
bilateral de comércio exterior e Nkuwa, com capacidade para produzir com as perspectivas da região, de forma
1300 Mw, e a central norte da Hidrelétrica a assegurar uma participação efetiva na
investimentos Brasil-Moçambique. de Cahora Bassa (HCB), para geração de cooperação regional e otimização dos
Acompanhe trechos da entrevista: energia de curta duração. O nosso poten- ganhos da integração. Além disso, estamos
cial hidrelétrico associado à nossa locali- potencializando os esforços da luta pela
zação geográfica nos confere uma posição erradicação da pobreza. Atualmente temos
privilegiada na geração de energia limpa apenas 60 distritos cujas sedes têm ener-
e competitiva. Isso é capaz de satisfazer gia permanente. Mas com essas políticas,
Recentemente, a CVRD adquiriu a as necessidades de consumo interno e o acreditamos que, até 2009, 108 distritos
concessão para exploração de minas abastecimento do mercado regional. terão energia elétrica.
de carvão em Moçambique. Como
estão os trabalhos?
Namburete – A CVRD está empreen-
dendo investimentos vultosos no setor de
minas de carvão mineral e já começaram
os trabalhos de exploração na vila de Moa-
tize, em Tete. As jazidas armazenam perto
de 2,5 bilhões de toneladas de carvão
mineral, com um investimento acima de
US$ 1 bilhão. A central térmica que será
construída no local, estima-se que venha
a ter capacidade para produzir 1.500 Me-
gawatts (Mw).

Há outros empreendimentos de
outras companhias brasileiras em
Moçambique?
Namburete – Sim, mas os investimen-
tos da CVRD ainda representam o maior
volume. A Petrobras, no entanto, também
começa a fazer algumas pesquisas e pros-
pecções. Esses investimentos de compa-
nhias brasileiras são muito importantes.
As empresas brasileiras têm o know-how
dentro do setor energético. É isso o que
falta em Moçambique.

“O governo está desenvolvendo


grandes projetos de geração de
energia hidrelétrica”
S A LVA D O R N A M B U R E T E

Moçambique é um país que dispõe


de grande potencial hidrelétrico,
conforme o senhor mesmo disse na

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 39


F INANCIAMENTO

Linhas de crédito à exportação


Gerente da área de comércio exterior do BNDES-Exim não descarta atuação
futura do banco em Moçambique
O Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) é o maior
banco de investimentos da América Latina
e é um dos principais financiadores de
projetos de exportações de serviços para
empresas brasileiras, via a linha de financia-
mento BNDES-Exim. E como o interesse
de empresas brasileiras pela África vem
aumentando nos últimos anos, o banco já
começa a se preparar para atender a deman-
da pelos serviços de auxílio à exportação.
Roger Louis Egea, gerente da área de
comércio exterior do BNDES-Exim,
disse, em entrevista à Revista da
FCCE, que até o momento, Angola
é o único país africano a ter empresas
recebedoras de financiamentos da
instituição. Para o futuro, Moçambi-
que também poderá ser destino do
Para Egea, o Brasil vem se consolidando como um país exportador de serviços
programa de financiamentos.
ras em geral.Assim, questões como risco de isso, é bastante razoável considerar que
crédito e garantias são relevantes e indispen- os projetos financiados pelo BNDES na
Existe algum acordo que permite sáveis para a concessão de créditos. África terão impactos sociais importantes
com que empresas moçambicanas naqueles países.
também consigam algum tipo de Há alguns anos, a África vem sendo
financiamento junto ao BNDES? vista pelo governo brasileiro como E quais são as expectativas para os
Ainda não. O caso angolano é, até agora, um continente estratégico. É válido próximos anos?
único em relação ao financiamento de ex- considerar que uma maior entrada O Brasil vem consolidando a cada ano sua
portações brasileiras para nações africanas do BNDES na África possa, através de posição como importante exportador não
pelo BNDES. linhas de financiamentos à exporta- apenas de produtos agrícolas como também
ção, consiga dar um impacto social de produtos industrializados. Embora o
E o que falta fazer para que haja positivo na região? crescimento das importações venha supe-
mais países recebedores de finan- É possível dizer que o trabalho que visa ao rando o das exportações, o país continuará a
ciamentos? atendimento das carências sociais locais obter superávits importantes na sua balança
Os financiamentos do BNDES para exporta- está no bojo dos investimentos de empre- comercial, e os planos do BNDES são de
ções de empresas brasileiras são regidos por sas brasileiras que têm o apoio do BNDES ampliar sua atuação no financiamento das
critérios aplicados pelas instituições financei- para investir no continente africano. Por exportações brasileiras.

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


NEGÓCIOS

Firmando parcerias empresariais


Chefe da delegação empresarial de Moçambique quer atrair mais empresas
brasileiras para o seu país
Criada em 1995, a Confederação das apesar de melhorias no setor eco-
nômico de Moçambique ainda há
Associações Econômicas de Moçam-
muito o que fazer. Poderia comen-
bique (CTA) tem buscado expandir a tar mais a respeito do que precisa
atuação dos empresários dentro e fora ser feito dentro da economia mo-
çambicana?
do seu país. Chefe da delegação de
Abdula – O empresariado moçambica-
empresários que esteve presente ao Se- no está consciente das dificuldades que
minário Bilateral de Comércio Exterior existem para se encontrarem soluções
imediatas de todos os problemas que afe-
e Investimentos Brasil-Moçambique, o tam o setor empresarial. Mas as relações
presidente da CTA, Salimo Abdula, disse, entre o governo Moçambicano e o setor
privado melhoraram significativamente
em entrevista à Revista FCCE que Brasil
nos últimos anos. Hoje há um grande
e Moçambique têm pontos positivos interesse por parte do governo e do setor
privado na busca de soluções criativas
para fortalecer as relações bilaterais.
para os problemas enfrentados pelo setor
Para ele, enquanto o Brasil possui larga Abdula diz que Moçambique é um país atrativo empresarial, e um longo caminho rumo
para negócios por causa de sua geografia e
experiência no setor de agronegócios e à competitividade, tanto a nível regional
legislação moderna
como global.
infra-estrutura, Moçambique apresenta
de uma grande delegação de homens mo-
hoje um ambiente favorável a investi- çambicanos de negócios neste seminário O senhor pensa que os empre-
mentos, com uma legislação moderna e é uma oportunidade apropriada para sários moçambicanos estão mais
inverter esta imagem. preparados para os desafios da
geografia privilegiada. globalização?
“Há ainda um profundo Abdula – Com certeza. É preciso, con-
desconhecimento sobre as reais tudo, continuar a lutar pela remoção das
potencialidades que o nosso país barreiras de negócios e, ao mesmo tem-
Na sua avaliação, o que é preciso
oferece” po, procurar apoiar o setor empresarial,
fazer para melhorar as relações
maximizar as oportunidades de investi-
comerciais entre Brasil e Moçam- ABDULA
mento e tornar os seus negócios susten-
bique ?
táveis.Testemunhamos nos encontros que
Como se daria esse processo?
Abdula – É preciso intensificar os tivemos aqui, o esforço dos empresários
contatos para trazer um maior equilí- Abdula – Atraindo parcerias no campo de Moçambique em “vender” a imagem
brio comercial entre os dois países. As empresarial e profissional. O setor de do nosso país. Eles começam a estabele-
semelhanças permitem que haja uma etanol, por exemplo, poderá estimular a cer parcerias com empresas brasileiras,
aproximação. Contudo, o interesse de criação do agronegócio em Moçambique. no nosso país semelhanças lingüísticas
ambos os lados ainda é baixo, restrito a Da mesma forma, podemos estabelecer e culturais, facilitando a comunicação e
produtos como algodão, o alumínio e o parcerias no setor de infra-estrutura, proporcionando oportunidades para o
gás. Há ainda um profundo desconheci- sobretudo porque nesse campo o Brasil fortalecimento e capacidade de o inves-
mento sobre as reais potencialidades que tem experiência de sucesso. tidor brasileiro se firmar ainda mais no
o nosso país oferece. Por isso, a presença O senhor disse em palestra que mundo global.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 41


INFRA-ESTRUTURA

Marca brasileira em
Moçambique
Diretor da Camargo Corrêa diz que empresa acredita no potencial do
mercado moçambicano

Kalil Cury Filho, diretor de Novos Negócios da Camargo Corrêa, disse que o mercado moçambicano apresenta boas perspectivas de investimento.

Ano após ano, empresas brasileiras de rado busca agora uma maior inserção atualmente, o mercado africano ofere-
serviços de engenharia vêm aumen- no mercado africano. E Moçambique é ce grandes oportunidades de negócios,
tando a sua participação em âmbito um país visto como ponto estratégico sobretudo o moçambicano, em razão
internacional. Uma das representantes para alcançar esse objetivo. Represen- das afinidades históricas e culturais
do sucesso e do avanço da marca brasi- tando a empresa no Seminário Bilateral que o país africano tem com o Brasil.
leira no exterior é o Grupo Camargo de Comércio Exterior e Investimentos Após o término da sua apresentação
Corrêa. Tida como uma das empresas Brasil-Moçambique, o diretor de No- no seminário, Cury Filho falou à Re-
líderes no setor de engenharia e cons- vos Negócios da Construtora Camargo vista da FCCE sobre os projetos que a
trução na América Latina, o conglome- Corrêa, Kalil Cury Filho, disse que, Camargo Corrêa está desenvolvendo

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


INFRA-ESTRUTURA

em Moçambique. Acompanhe os prin- Por que? investidores no continente. Ter um


país tão forte como competidor
cipais trechos da entrevista: Cury Filho – Porque temos afinidades
assusta vocês?
étnico-culturais. As nossas identidades
socioeconômicas também se asseme- Cury Filho – Como questão de filo-
lham muito. Questões como favelização, sofia da nossa empresa, entendemos
Há quanto tempo a empresa está
problemas de saúde para grande parte que é necessário estarmos prontos para
em Moçambique?
da população, tão comuns no Brasil, disputar no mercado global. A Camargo
Cury Filho – A Camargo Corrêa está também são sentidas quando chegamos Corrêa é a maior empresa brasileira de
em Moçambique há pouco mais de um a Moçambique. Por isso, em razão dessas engenharia em projetos mundo afora.
ano. Fomos para lá para se colocar em po- similaridades, o Brasil precisa ser mais Somos uma empresa que agrega tecnolo-
sição estratégica que a Companhia Vale do ousado e ambicioso no que diz respeito gia e, por isso, somos fortes no mercado
Rio Doce poderia demandar. Na busca de á intensificação de investimentos no mundial. E para continuarmos a ser uma
participação de projetos de infra-estru- continente. empresa forte, a gente não pode escolher
tura de grande porte dentro da busca de adversários.
mercados com afinidades culturais. Para
A empresa encontra dificuldades
Camargo Corrêa é importante estar em
para operar no país? Como é a relação com o governo
Moçambique como empresa prestadora
brasileiro no sentido de auxiliar a
de serviços. Cury Filho – Não muitas e isso tem a
empresa a atuar na África?
ver com o processo de estabilização po-
“Para Camargo Corrêa é lítica. A gente verifica que há no governo Cury Filho – Existe um projeto de
importante estar em Moçambique moçambicano enorme interesse em des- governo de estreitamento das relações
como empresa prestadora de burocratizar a economia do país, visando brasileiras com a África. O governo bra-
serviços” à modernização na legislação local. Acre- sileiro, por intermédio do Itamaraty, tem
ditamos ser muito boa essa visão aberta nos dado todo o apoio necessário para
C U RY F I L H O
do governo, pois dá a Moçambique um atuarmos no mercado africano.
perfil mais atrativo para investimentos de
Quais são os projetos que a Camar- empresas de outros países. Além disso, o “Somos uma empresa que agrega
go Corrêa desenvolve nesse país? caminho que estamos trilhando é de se
tecnologia e, por isso, somos
Cury Filho – Em Moçambique, a gente fazer presente, de buscar canais de in-
fortes no mercado mundial”
está fazendo obras de geração e trans- formação para poder ter uma abordagem
C U RY F I L H O
missão de energia, projetos de ferrovias, planejada. Oportunidades não faltaram.
projeto de portos. Esses projetos estão Esses programas que estão em andamento
ligados à expansão econômica do país. com empresas brasileiras como a CVRD Atualmente, a sociedade civil
e programas de biocombustível que estão organizada cobra bastante a res-
sendo desenvolvidos pela Petrobras são ponsabilidade social das empresas.
A Camargo Corrêa já é uma empre- responsáveis por darem o primeiro passo Como a Camargo Corrêa atua nesse
sa consolidada no continente sul- para o processo de conhecimento da rea- campo num país como Moçambi-
americano. Mas em relação à Áfri- lidade local. Não há forma de conhecer que tão necessitado de auxílio no
ca, como vem sendo a experiência e fazer ações de mercado sem se fazer campo social?
de atuação nesse continente? presente e sem se expor.
Cury Filho – A Camargo Corrêa está
Cury Filho – A nossa experiência na sempre preocupada com políticas de
África vem sendo marcante. As nossas “Investir na África Austral é uma sustentatibilidade de alcance social.
bases de operações estão em Johannesbur- preocupação nossa, pois a região Estamos sempre dialogando com os go-
go, Luanda e Maputo. Investir na África representa um terreno fértil para vernos dos países nos quais atuamos para
Austral é uma preocupação nossa, pois a diversos projetos e não podemos incorporar projetos sociais de grande
região representa um terreno fértil para impacto nas áreas da saúde, educação e
deixar esse mercado”
diversos projetos e não podemos deixar meio ambiente. Entendemos que é im-
C U RY F I L H O
esse mercado. Ele mostra-se cada vez mais portante dedicarmos parte dos nossos
importante em termos de negócios. Além lucros nessas áreas. Em Moçambique
disso, entendemos que é uma obrigação A China vem recentemente investi- estamos estudando projetos que levem
histórica de toda empresa de grande monta do pesado na África e, aos poucos, à população programas de prevenção à
brasileira atuar nesse país. está se tornando um dos maiores AIDS, diabetes, hipertensão.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 43


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L ITERATURA

Um amante da oralidade
moçambicana

Misturando elementos
cotidianos com histórias
orais passadas pelo seu
povo, escritor moçambicano
se destaca como um dos
expoentes da literatura em
língua portuguesa

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 45


L ITERATURA L ITERATURA

António Emílio Leite Couto, mais conhecido no como João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond
mundo literário como Mia Couto é, sem dúvida, uma de Andrade, além dos grandes poetas portugueses,
referência no campo da literatura de expressão por- como Sofia de Mello Breyner, Eugênio de Andrade
tuguesa, sendo atualmente o escritor moçambicano ou Fernando Pessoa.
mais conhecido no exterior. Com 20 livros publica- Nascido, em 1955, na cidade de Beira, em Moçam-
dos, entre poesias, crôni- bique, jornalista, poeta e,
cas, contos e romances, e também biólogo, Couto
colecionador de prêmios, deu seus primeiros passos
toda a sua obra tem como em direção ao universo
tema pr incipal a vida das letras escrevendo os
do povo moçambicano, seus primeiros poemas
relatando o cotidiano de para o jor nal Notícias
uma sociedade que viveu, da Beira, com 14 anos.
durante 30 anos, uma das Iniciava assim o seu per-
mais sangrentas guerras curso literário, dentro
civis da segunda metade de uma área específica
do século XX. da literatura – a poesia.
O objetivo dos livros de Posteriormente, o escritor
Mia Couto, segundo ele passaria a escrever as suas
mesmo costuma afirmar obras em prosa, dando a
em entrevistas que concede aos mais diversos veícu- Couto maior visibilidade internacional. Para ele,
los de comunicação mundo afora, é enaltecer a forte contudo, a questão do gênero literário não é, por
tradição dos saberes do povo moçambicano, trans- certo, o mais importante elemento definidor para
mitidos por via oral, e traduzi-los para a literatura um escritor. E entrevista a um importante jornal
moderna. Contudo, apesar de focar na cultura de português ele declarou que a escrita jornalística,
Moçambique, em seus trabalhos pode-se perceber a prosa e a poesia se conjugam e que escreve “pelo
a influência de importantes escritores brasileiros, prazer de desarrumar a língua”.

46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


L ITERATURA

Preservar a tradição oral A última passagem de Mia Couto pelo Brasil se deu em agosto
Para Mia Couto, na África “cada velho que morre é uma de 2007, para participar da 5a edição da Feira Literária de Pa-
biblioteca que arde”. Nesse sentido, o escritor empreende raty (Flip). Em entrevista coletiva concedida durante o evento,
uma escrita que liga a tradição oral africana à tradição literária Couto disse que Brasil e Moçambique vivem em realidades di-
ocidental, tal como ao estudar a floresta como biólogo. Ligar ferentes. “Atualmente, um desconhece o que se passa no outro
o saber ancestral sobre o espírito das árvores e das plantas à – ao contrário do período das décadas de 60 e 70, quando os
moderna ciência da Ecologia. Conforme disse a um importante países mantinham uma espécie de intercâmbio. A imagem que
jornal africano: “Eu guardo na minha infância, assim, uma coisa os brasileiros têm da África ainda é muito mistificada. Mas essa
muito atenuada. Os pontos de referência são as histórias que mudança de visão precisa partir dos africanos”, comentou.
me eram contadas, dos velhos que moravam perto, vizinhos
do outro lado da rua, de um outro mundo, e eu recordo esse Trajetória
mundo encantado, sobretudo como elas (as histórias) me mar- Em 1972, Mia Couto foi para Lourenço Marques estudar
caram.” Essencial, num caso como noutro, é sempre a relação medicina.A partir de 1974 enveredou pelo jornalismo, tornan-
mais profunda entre o humano e a terra, entre um humano e do-se, com a independência, repórter e diretor da Agência de
outro humano, por vezes nas suas condições mais extremas. Informação de Moçambique (AIM), da revista semanal Tempo
Além de abordar com maestria os problemas e a vida cotidiana e do jornal Notícias de Maputo. Já nessa época, Couto criou
do povo de Moçambique contemporâneo, a sua grande marca entre os jornalistas um estilo muito próprio, já demonstrando
deve-se principalmente à criatividade da sua escrita, numa per- sinais de ruptura que se verificaria depois na sua obra literária.
manente descoberta de novas palavras através de um processo Durante muitos anos, o escritor participou ativamente da
de mestiçagem entre o português “culto” e os dialetos falados guerra de libertação do seu país, o que fez com que aumentasse
pelas populações moçambicanas. Mia é, assim, um amante a sua consciência social e nacional. Nesse período, chegou a
das inovações da língua falada em seu país de origem, criando, viver na clandestinidade. Em 1985, regressou à Universidade
apropriando, recriando, e renovando o idioma português. de Eduardo Mondlane, em Lourenço Marques, para se formar
Entre os diversos prêmios recebidos durante a sua carreira, o em biologia. Em 1992, foi o responsável pela preservação
Prêmio União Latina de Literaturas Românicas 2007 foi último a da reserva natural da Ilha de Inhaca. Atualmente dedica-se a
agraciar o escritor moçambicano pelo conjunto da obra. Ele pesquisas nesse âmbito, exercendo também, como biólogo,
foi o primeiro escritor moçambicano e o primeiro africano a a profissão de professor universitário, além de dirigir uma
ser contemplado com este prêmio. empresa de estudos sobre impacto ambiental.

Segue, alguns dos livros de autoria do escritor


Mia Couto publicados no Brasil:

A varanda do frangipani

Depois da Independência de Portugal, em 1975, Moçambique


enfrentou quase duas décadas de conflitos. O período foi marcado
pela oposição entre os antigos guerrilheiros anticolonialistas da
Frelimo (que tomaram o poder e tentaram implantar o socialismo
no país) e o grupo de orientação conservadora Renamo (alinhado a
Rodésia e África do Sul). A história de A varanda do frangipani se
passa vinte anos após a Independência, depois dos acordos de paz de
1992. Romance publicado em 1996, um retrato poético e crítico
da realidade de Moçambique. A história, narrada por um defunto,
combina elementos fantásticos – ligados à cultura tradicional do
país – a uma trama policial

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 47


L ITERATURA

O último voo do flamingo

Depois de um longo tempo de guerra civil, soldados das Nações


Unidas estão em Moçambique para acompanhar o processo de paz.
O romance narra estranhos acontecimentos de uma pequena vila
imaginária, Tizangara, ao sul do país, onde militares da ONU co-
meçam a explodir subitamente. Nesse romance, Mia Couto elabora
uma narrativa fabular, em que se combinam oralidade e erudição,
poesia e política, magia e ciência. Publicado originalmente em
2000, é seu quarto romance, e foi lançado quando Moçambique
comemorava 25 anos de independência de Portugal.

O outro pé da sereia

Lançado simultaneamente no Brasil e em Portugal, em 2006, Em


O Outro Pé da Sereia, Mia Couto faz um retrato poético, alegórico
e também crítico da Moçambique contemporânea. A imagem de
uma santa católica que encanta e perturba todos os que dela se
aproximam é o centro de uma trama dividida em dois momentos
históricos, ligados por questões étnicas, religiosas e de destino
familiar.

Terra sonâmbula

Primeiro romance de Mia Couto (a 1o edição foi publicada em


1992), Terra Sonâmbula é uma verdadeira aula sobre a velha arte
de contar histórias. No Moçambique pós-independência, mergu-
lhado em uma devastadora guerra civil, um velho e um menino
empreendem uma viagem recheada de fantasias míticas.

48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


DPZ DPZ

DPZ DPZ
BNDES-exim.
BNDES-exim.
Tirar
Tirar
o seu
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projeto
projeto
dodo
papel.
papel.
Esse
Esseé oé nosso
o nosso
projeto.
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Esse
Esseé oé nosso
o nosso
papel.
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O BNDES-exim,
O BNDES-exim,
além
além
de ser
de ser
o mais
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importante
importante
instrumento
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de financiamento
de financiamento
às exportações
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de produtos
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brasileiros,
brasileiros,

é também
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o caminho
o caminho
mais
mais
curto
curto
entre
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as empresas
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de serviços
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e o emercado
o mercado
global.
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Se você
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trabalha
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comcom
projetos,
projetos,
obras,
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desenvolvimento
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de software
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e outras
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atividades
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na área
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de serviços,
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consulte
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as soluções
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BNDES-exim
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e leve
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conhecimentos
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R ELAÇÕES B ILATERAIS

Em 2006, Moçambique registrou um


fluxo de comércio de US$ 5,39 bilhões,
revelando crescimento de 29,8% sobre o ano
anterior, período em que o fluxo de comércio
moçambicano alcançara US$ 4,15 bilhões

Comércio Exterior de Moçambique


A R T I G O E L A B O R A D O P E L A E Q U I P E D O D E PA RTA M E N TO Evolução da Corrente de Comércio de Moçambique
D E P L A N E J A M E N T O E D E S E N VO LV I M E N T O 1990 a 2006 – US$ Milhões

D O C O M É R C I O E X T E R I O R DA S E C R E TA R I A 5.500

DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MDIC 5.000

4.500

4.000

O país figura como o 113o exportador mundial, com participação 3.500

3.000
de 0,02% nas exportações mundiais de 2006. Nesse ano, Moçambique
2.500
realizou vendas de US$ 2,42 bilhões e registrou um crescimento de
2.000
38,7% sobre o ano anterior. 1.500
Nas importações mundiais, o país aparece como o 118o importador, 1.000
com uma participação de 0,02% no total. Em 2006, as importações 500

moçambicanas somaram US$ 2,97 bilhões, representando crescimento 0

de 12,3% sobre o montante de 2005. 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Pelo exposto, nota-se que o país é deficitário em suas relações
comerciais, mantendo um déficit em torno de US$ 500 milhões a Fonte: OMC

US$ 850 milhões. No ano de 2006, o saldo negativo foi de US$ 550
milhões, declinando em relação ao ano anterior, quando chegou a
US$ 663 milhões.
Nas exportações mundiais de Moçambique,
Países Baixos aparece como o principal país de
destino, absorvendo 59,7% do total exportado Evolução da Balança Comercial de Moçambique
pelo país em 2006. Dentre os demais mercados, 1990 a 2006 – US$ Milhões
cabem ser citados a África do Sul (com parti-
cipação de 14,1%), Zimbábue (3,2%), Suíça 3.000
(2,2%), Espanha (1,8%), China (1,4%), Índia
(1,3%) e Portugal (1,2%). 2.500
Quanto às importações de Moçambique,
África do Sul surge com maior destaque entre 2.000

os países fornecedores, respondendo por 37,4% 1.500


das compras totais do país. A seguir, vêm Países
Baixos (15,8%), Índia (4,6%), Emirados Ára- 1.000
bes Unidos (4,2%), Estados Unidos (3,5%),
500
Portugal (3,3%), China (2,7%) e Alemanha
(1,9%). 0
A pauta exportadora de Moçambique
é bastante concentrada, com as vendas de -500
alumínio representando 59,0% do total em
-1.000
2006. Constam também na pauta, com algum 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
destaque, as vendas de combustíveis minerais
(14,7%), tabaco (4,6%), pescados (4,1%), Exportação Importação Saldo
açúcar (3,6%), algodão (1,9%), frutas e cas-
tanhas (1,8%), madeira (1,5%), maquinaria Fonte: OMC

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Exportações de Moçambique Importações de Moçambique
Principais Países de Destino – 2006 – US$ Milhões Principais Produtos – 2006 – Part. %

Países Baixos 1.422


Óleos Minerais 17,0
África do Sul 336
Automóveis 9,7
Zimbabwe 76
Maquinaria Mecânica 9,0
Suíça 53
Cereais 6,3
Espanha 43
Maquinaria Elétrica 4,9
China 33
Produtos de Ferro ou Aço 2,4
Índia 30
Ferro e Aço 2,2
Portugal 30
Produtos Minerais 1,8
Alemanha 26
Produtos Farmacêuticos 1,6
Malawi 25
Fonte: Global Trade Atlas Óleos e Gorduras 1,6

Fonte: Global Trade Atlas

mecânica (1,4%) e automóveis (1,0%).


Do lado das importações, a pauta de Moçambique apresenta-se me-
Importações de Moçambique nos concentrada, com o principal produto, óleos minerais, respondendo
Principais Países Fornecedores – 2006 – US$ Milhões por 17,0% das compras totais em 2006. As aquisições de automóveis
vêm a seguir, com participação de 9,7%, acompanhadas de maquinaria
África do Sul 1.074 mecânica (9,0%), cereais (6,3%), maquinaria elétrica (4,9%), produtos
Países Baixos 453 de ferro ou aço (2,4%), ferro e aço (2,2%), produtos minerais (1,8%),
Índia 133
produtos farmacêuticos (1,6%) e óleos e gorduras (1,6%).
O Brasil não possui presença relevante no comércio exterior de
Emirados Árabes 121
Moçambique. Nas importações do país, a participação brasileira se
Estados Unidos 100
mantém em 1,2% nos três últimos anos (2004 a 2006), posicionando-
Portugal 95 se como o 21º mercado fornecedor. O destaque recai nas aquisições
China 76 moçambicanas de carne de frango, em que o Brasil detém a liderança,
Alemanha 54
representando 50,1% das compras totais do produto em 2006. Em
2005, essa participação foi ainda maior, atingindo 70,1%.
Bahrain 49
No que tange às exportações do país, a participação brasileira é pra-
Turquia 42 ticamente nula. A presença mais significativa foi anotada no ano 2000,
Fonte: Global Trade Atlas respondendo por 0,8% das exportações de Moçambique.Vale afirmar
que, em termos absolutos, as aquisições mais expressivas ocorreram em
2003, com as compras atingindo US$ 4,15 milhões, constituindo-se,
sobretudo, de algodão em bruto.

Participação do Brasil no Comércio Exterior de Moçambique


Exportações de Moçambique
2000 a 2006
Principais Produtos – 2006 – Part. %

Alumínio 59,0
0,1%
Combustíveis Minerais 14,7

Tabaco 4,6

Pescados 4,1

Açúcar 3,6 1,7% 0,4%


0,8%
Algodão 1,9 1,2% 1,2% 1,2%

Frutas e Castanhas 1,8 0,1% 0,6%


0,3% 0,3%
Madeira 1,5

Maquinaria Mecânica 1,4 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Automóveis 1,0 Importação de Moçambique Exportação de Moçambique


Fonte: Global Trade Atlas Fonte: MDIC/SECEX, OMC

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 51


R ELAÇÕES B ILATERAIS

Intercâmbio comercial entre Brasil e Moçambique – 2006


O intercâmbio comercial entre Brasil e Moçambique compre-
ende cifras bastante modestas e é formado preponderantemente Intercâmbio Comercial Brasil / Moçambique
2006/2005 - US$ Milhões FOB
pelo fluxo das exportações brasileiras ao país, o que resulta em
saldos favoráveis ao Brasil. Em 2006, as exportações brasileiras a Variação % 2006/05:
ƒ Exportação: +24,7%
Moçambique totalizaram US$ 35,2 milhões, significando acréscimo ƒ Importação: -21,3%

de 24,7% sobre o ano anterior e uma participação de tão-somente ƒ Corrente de comércio: +24,6%

0,03% do total exportado pelo Brasil. 35,2

Diante de números pouco significativos, Moçambique, em 2006,


28,2
situou-se como o 114o mercado de destino das vendas brasileiras ao 35,2 35,2
exterior, posição quase idêntica a do ano anterior (113º mercado). 28,2 28,3
Das vendas brasileiras ao continente africano, que totalizaram US$
7,46 bilhões em 2006, Moçambique foi o 20o mercado dos 56 que
adquiriram produtos brasileiros nesse ano, correspondendo a 0,5% 0,02 0,02
do montante destinado à região. Exportação Importação Saldo Corrente de
É conveniente ressaltar, entretanto, que a partir de 2002, as Comércio

exportações brasileiras a Moçambique assumiram patamar inédito, 2006 2005


Fonte: MDIC/SECEX

próximo à casa dos US$ 30,0 milhões, mostrando um aumento de


quase dez vezes o valor de 2001. Não obstante a queda substancial
ocorrida em 2003 (-61,4%), as vendas a Moçambique apresentam
trajetória ascendente.
Ranking de Moçambique nas Exportações Brasileiras
Em 2006, a pauta de exportação brasileira para Moçambique foi 2006/2005 - US$ Milhões FOB
composta de 59,7% de produtos industrializados, formada exclu-
Ordem País Valor ʽ% Part %
sivamente por bens manufaturados, e 40,3% de produtos básicos. 2005 2006 2006/05
Comparativamente ao ano anterior, observa-se que as vendas de
1 1 Estados Unidos 24.773 8,6 18,0
produtos básicos registraram acréscimo de 28,1% e as de bens ʽ 2 2 Argentina 11.740 18,2 8,5
manufaturados, incremento de 22,7%.
3 3 China 8.402 22,9 6,1
Sob uma ótica mais detalhada da pauta de exportações, desta- 4 4 Países Baixos 5.749 8,8 4,2
cam-se como principais produtos destinados a Moçambique: carne 5 5 Alemanha 5.691 13,1 4,1
de frango (US$ 8,52 milhões, principal item com participação de 6 6 México 4.458 9,4 3,2
24,3% do total da pauta), milho em grãos (US$ 4,3 milhões, par- 7 7 Chile 3.914 8,0 2,8
ticipação de 12,3%), móveis e partes (US$ 2,78 milhões, 8,0%), 8 8 Japão 3.895 11,8 2,8
tratores (US$ 1,81 milhão, 5,2%), construções e partes de ferro 9 9 Itália 3.836 18,8 2,8
fundido ou aço (US$ 1,62 milhão), reboques e semi-reboques (US$ 113 114 Moçambique 35 24,7 0,03
1,43 milhão, 4,1%), pisos e revestimentos cerâmicos (US$ 990 mil, Fonte: MDIC/SECEX
2,8%), polímeros de etileno (US$ 905 mil, 2,6%), produtos de
confeitaria sem cacau (US$ 812 mil, 2,3%), preparações e artigos
farmacêuticos para cirurgia (US$ 772 mil, 2,2%), carne bovina (US$
739 mil, 2,1%) e aparelhos mecânicos para projetar ou pulverizar
líquidos (US$ 730 mil, 2,1%). Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Moçambique
Dentre os principais produtos exportados para Moçambique, 1997 / 2006 - US$ Milhões FOB

sobressaem-se por expressivos crescimentos obtidos no intervalo


2006/2005: milho em grãos (de zero para US$ 4,30 milhões), 40
construções e partes de ferro fundido ou aço (de US$ 33 mil para 35
US$ 1,62 milhão), aparelhos mecânicos para projetar ou pulverizar
30
vidros (+811,3%, para US$ 730 mil) e produtos cerâmicos refra-
25
tários (+419,6%, para US$ 549 mil).
20
Considerando as exportações brasileiras para Moçambique, se-
15
gundo unidades da Federação, o estado do Paraná liderou as vendas
10
em 2006, somando US$ 9,51 milhões. Dividiram, praticamente,
essa liderança, Rio Grande do Sul e São Paulo, com exportações de 5

US$ 8,51 milhões e US$ 7,77 milhões, respectivamente. Cumpre 0


1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

sublinhar que as vendas de carne de frango foram determinantes Exportação Importação Saldo Comercial
para colocar o Paraná e o Rio Grande do Sul como principais estados
exportadores. Acrescente-se ainda que em 2005 o estado do Rio
Fonte: MDIC/SECEX

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Exportações Brasileiras para Moçambique Estados Brasileiros que mais Exportarampara Moçambique
por Fator Agregado 2006 - Part. % 2006 - US$ Mil FOB

Paraná 9.513

Rio Grande do Sul 8.514


Op. Especial
2,1%
Manufaturados São Paulo 7.765
Manufaturados
60,3% Básicos
59,7% Santa Catarina 2.321
29,6%
Manufaturados Básicos Espírito Santo 2.065
54,9% 40,3%
Básicos Minas Gerais 1.623
26,2%
Mato Grosso do Sul 896

Rio de Janeiro 876

Mato Grosso 634


Fonte: MDIC/SECEX
Ceará 357
Fonte: MDIC/SECEX

Exportação Brasileira para Moçambiquepor Fator Agregado Número de Empresas Brasileiras Exportadoras e Importadoras no
2006/2005 - US$ Milhões FOB Comércio com Moçambique – 2006 e 2005

Variação % 2006/05:
ƒ Básicos: +28,1%
298 315
20,9
ƒ Manufaturados: +22,7%

17,0
14,1
11,0

2 4
- -
2006 2005
BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS

2006 2005 Exportadores Importadores


Fonte: MDIC/SECEX Fonte: MDIC/SECEX

mércioPrincipais
Exterior – DEPLA
Produtos Exportados pelo Brasil para Moçambique
2006 - US$ Mil FOB
Grande do Sul liderava as vendas a Moçambique e perdeu essa
posição justamente pelo forte declínio das vendas de carne de
Carne de Frango 8.518
frango, que caíram de US$ 7,04 milhões para US$ 2,28 milhões.
Por outro lado, o Paraná elevou substancialmente essas expor-
Milho em Grãos 4.300 tações (de US$ 782 mil para US$ 4,16 milhões), o que aliado
Móveis 2.784
aos embarques de milho (US$ 4,30 milhões), garantiu ao Estado
assumir o primeiro posto nas vendas a Moçambique. Destaque-se,
Tratores 1.806 por fim, que as exportações paulistas a Moçambique apresentam
Construções e Partes de Ferro/Aço 1.622 pauta bem mais diversificada que os dois estados líderes.
Durante o ano de 2006, foram registradas 298 empresas brasi-
Reboques e Semi-reboques 1.434
leiras com vendas efetuadas a Moçambique. Na comparação com
Pisos e Revestimentos Cerâmicos 990 o ano anterior, em que se contabilizaram 315 empresas, houve
decréscimo de 5,4%, representando, em termos absolutos, redução
Polímeros Plásticos 905
de 17 empresas.
Produtos de Confeitaria 812 Em relação às importações, foram apenas duas empresas que
realizaram compras de produtos originários de Moçambique em
Artigos Farmacêuticos p/ Cirurgia 772
Fonte: MDIC/SECEX 2006, contra quatro anotadas no ano anterior.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 53


CURTAS

Sorteio de celulares “Com certeza estarei aqui


• Anna Carolina de mais vezes”, disse.
Oliveira, estudante do
2º período do curso de Presente
Relações Internacionais, • Antes da solenidade de
e Ricardo Marques, Encerramento, o presidente
empresário do setor de do CTA, Salim Abdula,
comércio exterior, foram (também chefe da delegação
os contemplados com de empresários que esteve
dois aparelhos de celular no seminário) presenteou o
durante sorteio realizado presidente da FCCE, João
antes da Sessão Solene Augusto de Souza Lima,
de Encerramento, pelo com uma peça de madeira
presidente da FCCE, João artesanal produzida em
Augusto de Souza Lima. Moçambique. “São grandes
Presente pela primeira vez gestos de carinho, como
no seminário promovido esse, que contribuem para
pela FCCE, a estudante reforçar os laços culturais
disse estar muito satisfeita entre os nossos países”, disse
não só por ser sorteada, mas Souza Lima, elogiando a
também por considerar o beleza estético-cultural do
encontro bastante proveitoso. presente.
Salim Abdula entrega o celular à estudante Anna Carvalho

Comitiva de Imprensa Língua Portuguesa (CPLP), na


• Além da delegação de sede do Instituto Rio Branco. A
empresários, uma comitiva iniciativa, segundo a secretária
de imprensa de Moçambique geral das Relações Exteriores,
esteve, também, presente visa a promover o intercâmbio
ao evento. Na comitiva de experiências para melhor
estavam os representantes da preparar a participação dos
Rádio Nacional Pública de países em desenvolvimento
Moçambique, da emissora de nas negociações no âmbito
Televisão Nacional Pública, da Organização Mundial
A Revista dos Seminários Bilaterais da emissora de televisão 3 TV do Comércio (OMC).
de Comércio Exterior e Investimento, Privada, do Jornal Eletrônica, Participam do Curso diplomatas
organizados pela FCCE, é distribuída do Jornal de Notícias e da de Angola, Cabo Verde, Guiné-
Agência de Notícias do Bissau, Moçambique, SãoTomé
entre as mais destacadas personalidades, governo de Moçambique. e Príncipe e Timor-Leste.
do Brasil e do exterior, que atuam no
comércio internacional. Curso sobre negociações BNDES aprova
comerciais para países financiamento de R$
da CPLP 1,5 milhão para apoio a
Anunciar aqui é fazer chegar o seu produto
a quem realmente interessa, a quem
• O Ministério das Relações pesquisa de inovação em
Exteriores está realizando, etanol
decide. com recursos da Agência • A diretoria do Banco
Brasileira de Cooperação Nacional de Desenvolvimento
Procure-nos. (ABC), o segundo curso sobre Econômico e Social (BNDES)
Negociações Comerciais para aprovou financiamento
Tel.: 55 21 2570 5854 funcionários governamentais à Fundação de Amparo à
eduardo.teixeira@abrapress.com.br dos países-membros da Pesquisa do Estado de São
Comunidade dos Países de Paulo (Fapesp), no valor de

54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E


Turismo em Moçambique no qual que se discutiram
vive um boom formas de apoiar comunidades
agrícolas. Os representantes
• Moçambique registrou nos
do governo de Moçambique
primeiros oito meses de 2007
cerca de um milhão e cem anunciaram na ocasião que
mil visitantes estrangeiros, haverá investimentos na
vindos de diversas partes do agricultura e que vão estimular
mundo. Deste total, 650 mil parcerias públicas/privadas.
são turistas, que se deslocaram Esses investimentos estão
para os diversos pontos sendo vistos como cruciais
turísticos do país. De acordo num momento em que o
com informações do governo mundo rural sofre pressões
moçambicano, os visitantes crescentes para produzir
procuram Moçambique por mais em virtude do aumento
diversas razões (familiares, populacional e, ao mesmo
negócios, transito, entre tempo, enfrenta desafios
outras), e apesar de usar as globais como as mudanças
infra-estruturas turísticas, climáticas, o êxodo rural em
como restaurantes, estes não direção às cidades e a procura
pernoitam no país. Em 2006, o crescente dos mercados do
turismo internacional rendeu biocombustível. Entre os
ao país cerca de 140 milhões de principais desafios que se
dólares e para este ano prevê- colocam está a passagem de
Presidente da FCCE, Souza Lima, recebendo, das mãos de Salim Abdula, um sistema de agricultura de
se um crescimento de US$ 16
o presente artesanal moçambicano
milhões de dólares, ou seja, subsistência para um sistema
R$ 1,5 milhão, para o apoio alcooquímica, possibilitando, atingir os US$ 156 milhões. de agricultura de excedente
conjunto de pesquisas nas em médio prazo, redução do em que o agricultor não só
áreas de alcoolquímica e déficit da balança comercial da Moçambique investe em satisfaz as suas necessidades
sucroquímica. Os projetos são indústria química. agricultura alimentares mas gera um
desenvolvidos por instituições • Uma delegação que excedente que pode colocar
compreende os ministérios no mercado e assim melhorar
de ensino e pesquisa, em Petrobras inaugura da Agricultura e da Energia o seu nível de vida. O
parceria com a empresa usinas de biodiesel de Moçambique esteve encontro de Oslo contou
Oxiteno S/A Indústria e • A Petrobras planeja iniciar recentemente em Oslo na com o apoio das Nações
Comércio e com recursos do a produção em suas três Noruega para o segundo Unidas e este ano subordina-
Fundo Tecnológico – Funtec, usinas iniciais de biodiesel, encontro subordinado ao tema se ao tema “Parceria para a
da FAPESP e da própria localizadas em Minas Gerais, da Revolução Verde Africana, Produtividade”.
Oxiteno. Ceará e Bahia, em março de
O financiamento permitirá o 2008. A informação foi dada
avanço em P&D e inovação pela assessoria da companhia
em etanol, área em que o país em comunicado à imprensa.
possui posição estratégica Segundo o informativo, as
no cenário mundial. Esse usinas ficarão prontas em
programa de pesquisa é fevereiro e as operações
uma iniciativa pioneira começarão no mês seguinte.
no desenvolvimento de As usinas estão inseridas
tecnologia de biomassa no planos que a Petrobras
lignocelulósica com vistas à tem para obter biodiesel
obtenção de novas fontes de inicialmente e cumprir a
matérias-primas químicas lei que exige que todo o
alternativas, complementares diesel vendido no Brasil, a
ao petróleo e aponta para a partir de 2008, inclua 2%
perspectiva de substituição de biodiesel. O porcentual
da rota petroquímica pela subirá para 5% em 2013. Comitiva de imprensa moçambicana

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • M O Ç A M B I Q U E 55


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
Membros Vitalícios

Antônio Delfim Netto

Benedicto Fonseco Moreira

Bernardo Cabral

carlos Geraldo Langoni

Ernane Galvêas

Giulite Coutinho
Gustavo Affonso Capanema (vice-presidente)

José Carlos Fragoso Pires

Laerte Setúbal Filho

Milton Cabral

Paulo D’Arrigo Vellinho

Paulo Pires do Rio

Paulo Tarso Flecha de Lima

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Theóphilo de Azevedo Santos (Presidente)


Há 67 anos, a Camargo Corrêa
contribui para o desenvolvimento do Brasil.
E, agora, de Angola e de Moçambique.

Fotos: Eduardo Simoões


Ao longo de 67 anos, a Camargo Corrêa contribuiu para o desenvolvimento do Brasil com importantes
obras de infra-estrutura, indústria, energia, concessões de transpor tes e gestão ambiental.
E, a partir de agora, vai mostrar ao povo de Angola e de Moçambique o que os brasileiros já conhecem
faz tempo: a solidez e a confiança de uma das empresas mais respeitadas do setor.

www.camargocorrea.com.br

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