UNIDADE 01 – CONSTITUCIONALISMO
2.1 – Pactos: acordos de vontades escritos. O mais célebre dos pactos é a “Magna Carta”, que foi um
acordo entre João Sem Terra e seus súditos, em 1215.
2.2 – Forais ou Cartas de Franquia: tem em comum com os pactos a forma escrita e a matéria: direitos
individuais. Contudo, os forais ou cartas de franquia tinham um elemento político, que era a participação dos
súditos no governo local.
2.3 - Contratos de Colonização: os peregrinos chegados à América (que eram, mormente, puritanos),
imbuídos de igualitarismo; não encontrando na nova terra poder estabelecido, fixaram, por mútuo consenso,
as regras que haveriam de governar-se.
· Com a Reforma Protestante, temos o declínio da mediação institucionalizada da Igreja Católica entre o
sujeito e a verdade, é a afirmação da “Supremacia do Indivíduo”: Iluminismo (ou Ilustração), que possuía
05 idéias força: Indivíduo, Razão, Natureza, Felicidade, Progresso.
· Necessidade de limitação do Poder: Montesquieu (“Do Espírito das Leis”), através da Separação dos
Três Poderes e da declaração dos direitos fundamentais;
· Busca da racionalização do poder, que influíram na Revolução Francesa e na formação dos EUA, que
tiveram o importante papel histórico de inscrever o discurso da Ilustração nos aspectos político e social.
Caracteriza-se, assim, o constitucionalismo de fins de século XVIII pela ocorrência da idéia de separação de
Poderes, garantia dos direitos dos cidadãos, crença na democracia representativa, demarcação entre a
sociedade civil e o Estado, e ausência do Estado no domínio econômico.
7 – CONSEQÜÊNCIA POLÍTICA: “O constitucionalismo veio a ser, então, o movimento ideológico e político para
destruir o absolutismo monárquico e estabelecer normas jurídicas racionais, obrigatórias para governantes e
governados." In BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 1979.
p. 11.
“Constitucionalismo é a técnica da liberdade, isto é, a técnica jurídica pela qual é assegurado aos cidadãos
o exercício dos seus direitos individuais e, ao mesmo tempo, coloca o Estado em condições de não os
poder violar. Assegura -se assim uma dupla liberdade: a positiva – de participar da formação da vontade do
Estado e a negativa – de impedir que o Estado suspenda as liberdades individuais. O pensamento
democrático procurou mostrar como a soberania é um direito inalienável do povo (da maioria). O
constitucionalismo deu ênfase aos limites e ao modo de exercício do poder soberano. Hoje o
constitucionalismo é o modo concreto como se aplica e realiza o sistema democrático representativo. Este é
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um complexo processo de formação da vontade política que partindo dos cidadãos, passa pelos partidos e
pelas assembléias e culmina na ação do Governo, limitada pelas normas constitucionais”. (Bobbio, Matteuci
e Pasquino, Dicionário de Política, Editora Universidade de Brasília, 1986, págs. 246/258).
CICLOS DO CONSTITUCIONALISMO
2° ciclo: SOCIAL-DEMOCRÁTICO
- Constituição Francesa de 1946;
- Constituição Italiana de 1947;
- Constituição Alemã de 1949;
- Constituição Portuguesa de 1976;
- Constituição Espanhola de 1978;
- Constituição Brasileira de 1988.
- Ênfase nos direitos sociais e econômicos;
- Estende-se até os nossos dias de hoje;
- O "estado social" é elevado na sua máxima expressão.
3° ciclo: EXPERIÊNCIA NAZI-FACISTA:
- Marcado por reformas às Constituições que modificaram seu núcleo em sua
essência.
4° ciclo: CONSTITUIÇÕES SOCIALISTAS:
- Surgidas em 1917 com a Declaração dos Direitos dos Povos da Rússia;
- Constituições de 1924 e de 1936.
5° ciclo: CONSTITUIÇÕES DO TERCEIRO MUNDO que se caracterizam por uma
tentativa de copiar as construções estrangeiras e que tombaram por terra
diante de uma realidade que não condizia com as instituições copiadas
a) uma Constituição normalmente escrita, de forma a ser certa, definitiva e acessível, de modo que todos
possam exercer seus direitos e sua dignidade humana;
b) uma Constituição rígida, protegida contra as arbitrariedades do poder, ou seja, cujos procedimentos de
reforma sejam especiais e dificultados;
c) uma parte da Constituição dedicada a transcrição de direitos fundamentais básicos de qualquer
cidadão contra o arbítrio do Estado;
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d) uma parte da Constituição destinada à organização racional do poder, tendo como princípio
fundamental a divisão de poderes ou de funções, de modo a limitar a atuação do poder do Estado.
Unidade 2 – Constituições
Conceito - Lei Fundamental e Suprema de um Estado;
- Contém - Estruturação do Estado;
Normas - Formação dos poderes públicos;
de - Forma de Governo;
- Aquisição do poder de governar;
- Distribuição de competências;
- Direitos, garantias e deveres dos cidadãos;
- Órgãos competentes para a edição de normas jurídicas.
Objeto - “... a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e
e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos
Conteúdo indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins sócio-econômicos do Estado,
bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais”. José Afonso da
Silva.
- à medida que se ampliam as funções estatais, torna-se irrelevante diferençar
constituição material e constituição formal, porquanto tanto o seu objeto quanto o seu
conteúdo vão se ampliando.
Elementos 1 – elementos orgânicos: contêm normas que regulam a estrutura dos Estado e do
poder: CF/88 = Títulos III, IV, Capítulos I e II do Título V e VI;
2 – elementos limitativos: as normas que consubstanciam o elenco dos direitos e
garantias fundamentais, limitando a ação do Estado e refletindo o Estado de Direito:
CF/88 = Título II, exceto o Capítulo II;
3 – elementos sócio-ideológicos: são as normas sócio-ideológicas, revelando o
compromisso do Estado Social, intervencionista: CF/88 = Título II, Capítulo II e
Títulos VII e VIII;
4 – elementos de estabilização constitucional: são as normas que estabelecem regras
de solução de conflitos constitucionais, de defesa da própria Constituição, do Estado
e das instituições democráticas, definindo os meios e técnicas de defendê-los: CF/88
= art. 102, I, arts. 34 a 36, 59, I e 60, 102 e 103 e Título V, Capítulo I;
5 – elementos formais de aplicabilidade: estabelecem as regras de aplicação das
constituições, como o preâmbulo, as cláusulas de promulgação, as disposições
constitucionais transitórias: CF/88 = também o § 1º do art. 5º.
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6. Quanto à - Sintéticas
extensão e - Analíticas
finalidade
Constituição de 1891
Constituição de 1934
- A Revolução de 1930:
- O desenvolvimento econômico dava condições de destituição do coronelismo;
- Getúlio Vargas assume a Presidência da República, representando os ideais do povo;
- Getúlio cria o Ministério do Trabalho;
- Dá impulso à educação e à cultura;
- Intervém nos Estados;
-Afasta a influência dos coronéis, desarmando-os;
- Institui o Código Eleitoral e a Justiça Eleitoral;
- Por decreto de 03/05/1932 marca eleições à Assembléia Constituinte para 03/05/1933;
- Em julho de 1932 estoura em São Paulo a Revolução Constitucionalista, contida por
Getúlio;
- Promulgação em 16/03/1934:
- Menos estruturada que a anterior;
- Manteve a República, a Federação, a divisão de poderes, o presidencialismo, o regime
representativo;
- Ampliou os poderes da União e do Executivo;
- Discriminou melhor as rendas tributárias;
- Criou o Ministério Público e o Tribunal de Contas e a Justiça Eleitoral;
- Reduziu os poderes do Senado, transformando-o em órgão colaborador da Câmara dos
Deputados.
Constituição de 1937
- Implantação do Estado Novo como defesa às influências nazi-fascistas;
- Getúlio Vargas dissolve a Câmara e o Senado e revoga a Constituição de 1934;
- Promulga a Carta Constitucional de 10/11/1937, que preocupou-se em:
- fortalecer o Poder Executivo;
- mais poder ao Chefe do Executivo na elaboração das leis, por meio dos decretos-leis;
- reduzir o papel do parlamento nacional;
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Constituição de 1946
- Redemocratização do País:
- Após a 2ª Guerra Mundial começaram os movimentos de redemocratização pelo mundo
afora, provocando reformulação das constituições (Itália, França, Alemanha, Iugoslávia, Polônia,
etc.);
- A Lei Constitucional nº 09, de 28/02/1945, modifica a Carta Constitucional de 1937,
buscando a recomposição do quadro constitucional brasileiro, instituindo a eleição direta do
Presidente e do Parlamento;
- 29/10/1945, Getúlio foi deposto pelos militares para garantir o processo eleitoral;
- convocaram-se para 02/12/1945 eleições para Presidente, Governadores, Congresso
Nacional e Assembléias Legislativas nos Estados;
- Foi eleito Presidente o General Eurico Gaspar Dutra;
- Instalou-se a Assembléia Constituinte em 02/02/1946;
- Promulgação em 18/09/1946:
- Texto baseado nas Constituições de 1891 e 1934;
- Não vislumbrou o futuro;
Consitituição de 1967
- Em 01/04/01/964 ocorre o golpe militar, depondo Jango;
- Vários Atos Institucionais foram editados para regerem a ordem no país, mas cassando mandatos e
suspendendo direitos políticos;
- Elege-se o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco;
- Assume a Presidência o Marechal Arthur da Costa e Silva;
- a Promulgação ocorreu em 24/01/1967, entrando em vigor em 15/03/1967;
- Ampliou a segurança nacional;
- Reformulou o Sistema Tributário Nacional;
- Atualizou o Sistema Orçamentário: orçamento-progama;
- Instituiu normas de política fiscal: combate à inflação;
- Reduziu a autonomia individual, permitindo suspensão dos direitos e garantias constitucionais;
Atos Institucionais:
- sofreu 25 emendas;
- a de nº 26, de 27/11/1985, convocou a Assembléia Nacional Constituinte.
Constituição de 1988
- A luta pela normalização democrática e pela conquista do Estado Democrático de Direito
começara assim que se instalou o golpe de 1964, e especialmente após o AI 5;
- Ganhou força com as eleições dos Governadores em 1982;
- Intensificou-se em 1984, com muitas manifestações sociais e políticas pela eleição direta do
Presidente da República;
- Trancredo Neves lança as bases da Nova República em sua campanha eleitoral, cujo adversário
fora Paulo Maluf;
- Trancredo elege-se, mas não vive para assumir o cargo de Presidente;
- José Sarney, Vice-Presidente, assume e dá sequência às promessas de Trancredo, mesmo sendo
representante das forças autoritárias;
- Sarney enviou ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional de nº 26 convocando a
Assembléia Nacional Constituinte.
- Constituição foi promulgada em 05/10/1988;
- Foi denominada por Ulisses Guimarães de “Constituição Cidadã”.
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Aspectos/Disciplinas
a) Direito Constitucional Positivo ou Particular
José Afonso da Normas de - Não precisam ser regulamentadas por legislação infraconstitucional, pois possuem a
Silva eficácia Plena capacidade de já produzir os seus efeitos essenciais;
- Ex.: arts. 5º, XI, 19, 20, 21, 22, 24 e 28 da CF/88;
Normas de - São aquelas que não produzem todos os seus efeitos de imediato, necessitando, pois
eficácia de regulamentação legislativa ou da aplicação pela Administração Pública;
limitada - Reconhecida nas regras que contém expressões iguais ou semelhantes a “nos termos
da lei”, “na forma da lei”, “a lei disporá”, “a lei regulará” etc.
227.
Celso Ribeiro Normas de Normas - São aquelas aptas a produzirem seus efeitos, incidindo
Bastos Aplicação irregulamentáveis diretamente sobre os fatos regulados, de cunho exclusivamente
constitucional, não permitindo, pois, serem regulamentadas
por norma infraconstitucional;
- Ex.: art. 2º e arts. referentes à distribuição de competências
Normas - São aquelas que estão aptas a produzirem seus efeitos, mas
regulamentáveis precisam ser regulamentadas pela legislação
infraconstitucional, sem qualquer restrição do conteúdo
constitucional;
Normas de - “Tem por traço distintivo a abertura de espaço entre o seu desiderato e o efetivo
Integração desencadear dos seus efeitos. No seu interior, existe uma permanente tensão entre a
predisposição para incidir e a efetiva concreção. Padecem de visceral imprecisão, ou
deficiência instrumental, e se tornam, por si mesmas, inexeqüíveis, em toda a sua
potencialidade. Daí pr que se coloca, entre elas e a sua real aplicação, outra norma
integradora de sentido, de modo a surgir uma unidade de conteúdo entre as duas
espécies normativas”.
Normas - São aquelas que exigem uma legislação integrativa para a
completáveis produção integral de seus efeitos;
Maria Helena Normas supereficazes ou com - São aquelas dotadas de efeito paralisante de todas as legislações
Diniz eficácia absoluta com elas incompatíveis, constituídas pelas chamadas normas
pétreas;
Normas com eficácia plena - São aquelas que, por reunirem todos os predicados necessários à
produção imediata dos efeitos previstos, não demandam legislação
integradora para surtirem eficácia;
Normas com eficácia relativa - São aquelas cuja capacidade de produção de efeitos reclama a
complementável ou intermediação de ato infra-ordenado. Podem revestir a forma de
dependente de normas de princípio institutivo e programático
complementação legislativa
5.3 Interpretação das normas constitucionais (conteúdo extraído do livro Direito Constitucional, de
Alexandre de Moraes, ed. Atlas, 21ª ed., págs. 9 a 20)
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- Toda norma jurídica deve ser interpretada, mesmo sendo ela Fundamental, pois seu texto será
compreendido em relação às características históricas, políticas, ideológicas, buscando-se o
melhor sentido para sua aplicação na realidade social.
- Princípios e regras interpretativas:
- da unidade da constituição: a interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a
evitar contradições entre suas normas;
- do efeito integrador: na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deverá ser dada
maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço
da unidade política;
- da máxima efetividade ou da eficiência: a uma norma constitucional deve ser atribuído o
sentido que maior eficácia lhe conceda;
- da justeza ou da conformidade funcional: os órgãos encarregados da interpretação da norma
constitucional não poderão chegar a uma posição que subverta, altere ou perturbe o esquema
organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte
originário;
- da concordância prática ou da harmonização: exige-se a coordenação e combinação dos
bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros;
- da força normativa da constituição: entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela
que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais.
- “só é legítima quando existe um espaço de decisão (=espaço de interpretação) aberto a várias
propostas interpretativas, umas em conformidade com a constituição e que devem ser preferidas,
e outras em desconformidade com ela”;
- Conforme o STF, “a técnica denominada interpretação conforme ‘só é utilizável quando a norma
impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize com a Carta
Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco’, tendo salientado o Ministro Moreira Alves
que ‘em matéria de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo, admite-se para resguardar
dos sentidos que eles podem ter por via de interpretação, o que for constitucionalmente legítimo –
é a denominada interpretação conforme a Constituição”.
- “Para que se obtenha uma interpretação conforme a Constituição, o intérprete poderá declarar a
inconstitucionalidade parcial do texto impugnado, no que se denomina interpretação conforme
com redução do texto, ou ainda, conceder ou excluir da norma impugnada determinada
interpretação, a fim de compatibilizá-la como texto constitucional. Essa hipótese é denominada
interpretação conforme sem redução do texto. Vislumbra-se, portanto, três hipóteses”.
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- Interpretação conforme sem redução de texto, conferindo à norma impugnada uma determinada
interpretação que lhe preserve a constitucionalidade: técnica da suspensão da eficácia parcial do
texto impugnado sem a redução de sua expressão literal;
- Preâmbulo Constitucional: não possui força normativa, refletindo apenas a posição ideológica
do constituinte, não prevalecendo sobre regra escrita no corpo da Constituição, nem pode ser
utilizado como fundamento para questionar-se a constitucionalidade de norma infraconstitucional,
mas serve de referência para a elaboração, a interpretação e a integração do ordenamento jurídico.
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Titularidade - O Povo
Espécies - Originário - Conceito - É aquele que elabora e estabelece a Constituição de um novo Estado;
(genuíno)
Conceito - Verificar a adequação (compatibilidade) de uma lei ou ato normativo com a Constituição, verificando seus
requisitos formais e materiais.
Pressupostos ou - Requisitos formais - Subjetivos - Iniciativa: ex.: privativa do Presidente (art. 61, §1º)
requisitos de (arts. 59 a 69)
constitucionalidade
das espécies - Objetivos - Fases do processo legislativo (arts. 60 a 69): ex.:
normativas quorum;
- Modelos Clássicos - Norte- - 1803, julgamento do caso Marbury v. Madison, Juiz John Marshall,
Americano utilizou da interpretação da Constituição pelo Poder Judiciário;
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- Poder - art. 49, V, CF (atos normativos do P. Executivo que exorbitem do poder regulamentar;
Legislativo - art. 62, CF: rejeição de Medida Provisória, que é ato normativo perfeito e acabado;
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- A decisão é irrecorrível;
- Espécies - Preventiva: para evitar lesões a princípios, direitos e garantias
fundamentais;
- Repressiva: para reparar conduta comissiva ou omissiva;
Classificação - Primeira Geração: direitos civis e políticos (ex.: direito à vida e à intimidade) –
liberdade;
- Segunda Geração: direitos econômicos, sociais e culturais – igualdade;
- Terceira Geração: meio ambiente equilibrado, saudável qualidade de vida,
progresso, paz, autodeterminação dos povos, defesa do consumidor, à infância e
juventude e comunicação – fraternidade ou solidariedade;
- Quarta Geração: direito à democracia, à informação e ao pluralismo.
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Inviolabilidade - Conceito - todo local, delimitado e separado, que alguém ocupa com
domiciliar (art. 5º, exclusividade, a qualquer título, inclusive
XI) profissionalmente;
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Direito adquirido, - Direito adquirido: seu conceito ajusta-se à concepção que lhe dá o próprio
ato jurídico perfeito legislador ordinário;
e coisa julgada (art. - ato jurídico perfeito: “é aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os
5º, XXXVI) elementos necessários a sua formação, debaixo da lei velha”;
- coisa julgada: “é a decisão judicial transitada em julgado” (LICC, art. 6º, §3º)
- O pedido de extradição deverá ser feito pelo governo do Estado estrangeiro soberano
por via diplomática e endereçado do Presidente da República, que o encaminhará ao
STF (art. 102, I, “g”), que somente dará prosseguimento ao pedido se o extraditando
estiver preso e à disposição do Tribunal.
- Se a decisão do STF for contrária à extradição, vinculará o Presidente da República,
ficando vedada a extradição;
- Se a decisão do STF for favorável à extradição, o Presidente determinará ou não a
extradição, uma vez que o deferimento ou recusa do pedido é direito inerente à
soberania;
- Súmula 421: não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado
com brasileira ou ter filho brasileiro;
- Prisão - reveste-se de eficácia temporal limitada, não podendo exceder ao
preventiva por prazo de noventa dias (Lei 6.815/80, art. 82, §2º), ressalvada
extradição disposição em contrário em Tratado;
- com a instauração do processo extradicional, opera-se a novação do
título jurídico legitimador da prisão do extraditando;
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Habeas Conceito e - é uma garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem
Corpus finalidade dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade
de locomoção em sentido amplo – o direito de indivíduo de ir, vir e ficar.
judicial ou administrativo.
Finalidade - Fazer com que todos tenham acesso às informações que o Poder Público ou
entidades de caráter público (SPC, SERASA, CADIN) possuam a seu respeito.
- Preventivo - Quando há justo receio de se sofrer uma violação de direito líquido e certo;
Legitimação - É a autoridade coatora que pratica ou ordena concreta e especificamente a execução ou inexecução do
Passiva ato impugnado, responde pelas suas conseqüências administrativas e que detenha competência para
corrigir a ilegalidade;
Prazo - 120 dias, contados da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado;
- Decadencial (não se suspende nem se interrompe);
- No preventivo: não há prazo.
Liminar - Requisitos: relevância do fundamento do pedido; o ato impugnado possa gerar danos não suscetíveis de
reparação pela decisão judicial;
Mandado de Injunção
- Art. 5º, LXXI;
- norma de aplicação imediata e plena;
- Objeto: - normas de eficácia limitada de princípio institutivo de caráter impositivo;
- normas programáticas;
- somente se refere à omissão de regulamentação de norma constitucional.
- Ligitimidade - qualquer pessoa que tenha seu direito inviabilizado pela omissão legislativa;
Ativa - é possível o mandado de injunção coletivo;
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Direito de Petição
- art. 5º, XXXIV;
- Conceito - é o direito de invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou uma situação
- Finalidade - dar-se notícia do fato ilegal ou abusivo ao Poder Público para que providencie as medidas
adequadas.
Direito de Certidão
Ação Popular
Finalidade - É anular o mencionado ato lesivo ao patrimônio público, resguardando a idoneidade desse patrimônio.
de finalidade.
Não - Não cabe contra ato normativo geral e abstrato, nem contra lei em tese, haja vista os efeitos
cabimento transcendentais de sua decisão. Para essas hipóteses, cabível será a ação direta de
inconstitucionalidade;
Legitimação - Art. 6º
Passiva - Incidirá sobre as pessoas físicas ou jurídicas, autoridades ou sobre quem se beneficie do ato ilegal e
lesivo ao patrimônio público;
- A inexistência ou indeterminabilidade ou o desconhecimento de beneficiário direto do ato lesivo induz
a propositura da AP contra as pessoas públicas ou privadas ou contra o agente público causador do
dano ao patrimônio coletivo (art. 6º, § 1º, LAP).
Competênci - É definida pela origem do ato impugnado, de sorte que é competente para conhecer da ação, processá-
a Julgadora la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município (art. 5º, LAP).
- Em geral, a competência para o conhecimento da AP é do juízo de primeiro grau.
- Será federal nas hipóteses do art. 109, CF. Se o ato não for da esfera da justiça federal, a competência
será da justiça estadual. O STF reconhece a possibilidade de AP eleitoral julgada pela justiça eleitoral,
haja vista a matéria empolgada na controvérsia ser de natureza eleitoral.
- Excepcionalmente, o STF conhece de AP originária se houver incidência da alínea n do inciso I do art.
102, CF.
- A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações que forem posteriormente
intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos (art. 5º, §§ 1º, 2º e 3º, LAP).
Direitos Sociais
Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias
Licença-paternidade, nos termos fixados em lei
Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei
Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da
lei
Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança
Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei
Aposentadoria
Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho
Seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa
Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho
Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil
Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência
Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos
Proibição de qualquer trabalho aos menores de 16 anos
Direitos assegurados aos trabalhadores domésticos
Direito de greve - direito coletivo, cujo titular é um grupo organizado de trabalhadores;
- direito trabalhista irrenunciável no âmbito do contrato individual do
trabalho;
- direito relativo, podendo sofrer limitações, inclusive em relação às
atividades consideradas essenciais (art. 9º, §1º)
- instrumento de autodefesa, que consiste na abstenção simultânea do
trabalho;
- procedimento de pressão;
- finalidade primordial: defender os interesses da profissão (greves
reivindicativas);
- outras finalidades: greves políticas, greves de solidariedade, greves de
protesto;
- caráter pacífico;
- é auto-aplicável;
Conceito - É o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste
indivíduo um componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado;
Espécies de - primária ou de origem ou originária: resulta do nascimento, a partir do qual, por critérios
Nacionalida sangüíneos, territoriais ou mistos será estabelecida;
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de - secundária ou adquirida: é a que se adquire por vontade própria, após o nascimento e, em regra, pela
naturalização;
Brasileiros Critérios - jus sanguinis: será nacional todo o descendente de nacionais, independentemente do
Natos local de nascimento;
Art. 12, CF - jus solis: será nacional o nascido no território do Estado Brasileiro, independentemente
da nacionalidade de sua ascendência;
Brasileiro Conceito - É aquele que adquire a nacionalidade brasileira de forma secundária, ou seja, não pela
naturalizado ocorrência de um fato natural, mas por um ato voluntário, cuja concessão é ato
art. 12, II, discricionário do Chefe do Poder Executivo;
CF e Lei - Somente com a entrega do certificado de naturalização pelo magistrado competente ao
6.815/80 estrangeiro que este adquire a naturalização;
Espécies - Tácita: é aquela considera como brasileiros todos aqueles que se encontravam em
território brasileiro numa determinada data, desde que não manifestarem o contrário
até determinado prazo, como aconteceu com a Constituição de 1891, art. 69, §4º;
Tratamento - regra geral: não há distinção entre brasileiros natos e naturalizados (art. 12, §2º)
diferenciado - Exceções - Cargo: art. 12, §3º;
entre brasi- - Função: art. 89, VII;
leiro nato e - Extradição: art. 5º LI;
naturalizado - Direito de propriedade: art. 222;
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - UCG
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – JUR
Curso de Direito Constitucional I – JUR 3201
Prof. Rodrigo Gusmão de Paula
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