Em 1991 fiz o concurso para professora municipal e passei, mas como estava trabalhando
e os meninos eram muitos pequenos não pude assumir o concurso neste ano,pois nesta época só
tinha vaga para a “Zona Rural” na qual tinha de ficar uma semana por lá, só depois de um ano e
meio, quando surgiu uma vaga no Povoado de Lagoa das Flores foi que eu assumi, trabalhando
nessa localidade 10 anos. Comecei ensinando alfabetização, depois passei por várias séries: 2ª,
3ª, 4ª e uma turma de jovens e adultos à noite, na qual consegui desenvolver um bom trabalho.
Fiz um curso de xadrez na UESB e me apaixonei, o que me levou a ficar 20 horas na sala de aula
e 20 horas ensinando xadrez, 3 anos depois assumi 40 horas só no xadrez, onde só saí por causa
da universidade.
Quando assumi, 40 horas no xadrez tive que sair da “Zona Rural” para vir para a “Zona
Urbana”, como chegava em casa mais cedo entrei em um cursinho para tentar, o bicho papão:
Vestibular novamente, tentei então mais uma vez e não consegui. Foi quando surgiu a
oportunidade de ingressar na universidade através de um vestibular de menor concorrência, e fui
aprovada para o 2° semestre. Fiquei muito confusa no começo, por conta de várias dúvidas: O
curso é bom? Será que realmente vou crescer enquanto pessoa e profissional? Como estava no 1°
semestre de psicologia na FTC e era particular, desisti e resolvi cursar na UESB mesmo com
tantas dúvidas.
A educação nunca me causou espanto só fico agoniada quando tem muitos trabalhos.
Cursar uma universidade exige muito tempo, tempo para ler, tempo para confeccionar trabalhos,
tempo para assistir aulas, é uma carga horária pesada, principalmente quando se leciona 40
horas, mas com força de vontade nada é impossível.
1- Ensino médio
“A vivência escolar deixa marcas profundas em nossas vidas... quase nunca relacionadas
ao conteúdo aprendido” sendo assim posso afirmar que estas marcas se seguiram por toda a
minha realidade escolar. Em 1990 ingressei no Instituto de Educação Euclides Dantas para cursar
o magistério, não porque gostava do curso, mas na época havia poucas possibilidades. No início
foi muito difícil, pois muitos dos colegas eram desconhecidos, os professores em sua maioria
eram distantes, frios, apenas chegavam e depositavam os conteúdos e exigiam os resultados, não
se preocupavam com as nossas dificuldades, porém havia professores amigos, sensíveis, que se
preocupavam com o desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos, através de conversas e
reflexões sobre o que estamos aprendendo e como era possível sanar as dificuldades encontradas.
Em 1992 conclui o curso, consegui vencer as dificuldades que tive durante o curso sempre
contando com alguns amigos e professores, pois da minha família nunca tive muito apoio para os
estudos, logo em seguida a escola passou a oferecer o curso adicional em pré-escolar, retornei em
1994 ao Instituto de Educação Euclides Dantas para cursar adicionais em pré-escolar, com o
objetivo de aprimorar os meus conhecimentos e ter mais possibilidades para exercer a profissão,
foi um ano maravilhoso, reencontrei varias colegas, fiz novas amizades os professores eram
dedicados, havia em todos um entusiasmo por aquele curso, entusiasmo esse que era passado a
todos da turma, esse curso me deu suporte para trabalhar nas classes de alfabetização, suporte
este que deveria ter sido dada quando estava no magistério porém os cursos de magistério só
preparam o educando para atuarem de 1ª a 4ª série, não sabendo eles que na maioria das vezes
quando terminávamos o curso, vamos para uma classe de alfabetização sem preparo algum e
com esta passamos a aprender a partir dos nossos erros e acertos, das angustias e das alegrias
quando percebemos que os nossos alunos começaram a ler as primeiras palavras é gratificante
este resultado que proporciona a alegria do professor e do aluno é uma das recompensas do seu
trabalho.
Em 1993 fui contratada pela prefeitura de Vitória da Conquista para ensinar em uma
escola da Zona Rural, assim que fui chamada fui com um entusiasmo, pois acreditava que
trabalhar em uma escola toda organizada com salas de aula, vários professores, enfim uma escola
estruturada, pois até então não conhecia a realidade das escolas da zona rural, nem as condições
que eram dadas aos professores.
Então em 27 de julho de 1993 fui convocada para estar as 08h00min horas na secretaria
de Educação para conhecer a escola, chegando lá havia vários professores, todos iam para a zona
rural. Cada um para um lugar diferente e eu pensando que todos iriam para uma única escola,
logo me chamaram e disseram que eu iria para a escola Municipal da Fazendinha, escola
localizada na Limeira e que era uma escola nova e que deveria passar a semana toda lá, nesse
momento meus olhos encheram-se de lagrimas, pois não gostava de Zona Rural nem para
passear imagina ficar num lugar desconhecido então era péssimo porém não tinha escolha pois
precisava trabalhar, aceitei, assinei o contrato e fui conhecer a escola , chegando lá era apenas
uma sala sem carteiras, sem alunos , teve de fazer a matricula dos alunos, detalhe seria uma
turma multiseriada, até então até a turma era desconhecida, após uma semana de matricula as
aulas começaram os alunos sentavam nas sobras dos tijolos, que haviam sobrado da construção
da escola, alguns pais fizeram cadeira para seus filhos porém a maioria sentavam nos tijolos,
naquela época a sala estava com 45 alunos da alfabetização a 4ª série era uma situação nova a
qual teria que aprender a lidar com ela, pois precisava trabalhar e eu fui tão bem recebida
naquela localidade que passei a ter um compromisso em procurar fazer o melhor por eles, eram
crianças, adolescentes e os seus pais que depositaram em mim uma confiança que era a de
ensinar os seus filhos a ler, eu chorava todos os dias com vontade de ir embora mas não podia só
havia transporte duas vezes na semana e para chegar até o ponto do ônibus era preciso andar
cerca de 40 a 50 minutos , se perdesse o ônibus só orando para aparecer uma carona.
Descobri que receitas prontas não há realmente, mas que a socialização de experiências
entre pessoas que vivenciam determinadas situações, seja social ou educacional, soma na hora de
resolver problemas que afligem a educação. A socialização de experiências e a vivência com o
mundo daquelas pessoas fizeram com que eu e eles vencêssemos mais uma etapa de nossas
vidas. E foi assim que descobri o gosto pela profissão de ser professor, o prazer de ensinar e
aprender simultaneamente.
Em 1999, após o concurso de 1998, recém-concursada retornei para a zona rural não por
escolha, mas por ser a única opção para se ter 40h, fui para o povoado de Corta-lote, local
estranho, lá não conhecia ninguém, desta feita com 2 turmas uma de alfabetização e outra
multiseriada de 2ª a 4ª série, nesta escola havia 2 salas de aula, eu trabalhava nas turmas citadas e
uma outra professora que só tinha 20 horas trabalhava com a 1ª série esta escola faz parte do
circulo integrado de São João da Vitória, zona rural de Vitória da Conquista, nesta localidade
aprendi muito, era uma zona rural diferente daquela que já havia trabalhado, foi uma época
difícil, eu procurei aprender e ensinar pois ali era o inicio e a continuação da minha vida
profissional naquele momento difícil aproveitando todas as possibilidades para crescer como
pessoas e como educadora a comunidade muito contribuiu para o meu desenvolvimento
profissional.
Após terminar o projeto das turmas de aceleração em 2002 vim trabalhar na Escola
Municipal Antonio Cavalcante Silva, Rua Braulino Santos s/n em Vitória da Conquista: classe de
circulação entre ciclos onde o aluno recebe o tratamento didático – pedagógico especializado,
tendo em vista correção da defasagem idade/série, objetivando reenturma-lo na série
correspondente a sua faixa etária, num tempo o mais rápido possível, determinado por uma
avaliação processual.
Atuei durante dois anos nesta classe de progressão com uma carga horária de 40horas
semanais assim distribuídas: 20 horas em regência efetiva ba classe de progressão; 10 horas
destinadas a estudos e planejamentos, 10 horas destinadas a reforço dos alunos das classes do
ciclo de aprendizagem, que não alcançavam desempenho satisfatório na classe regular do ciclo.
Atualmente estou trabalhando com o ciclo de Formação Humana que organiza o ensino
fundamental em três ciclos cada um com três anos de duração, proposta que permite ao aluno a
aprovação automática. Estou atuando nas turmas de 1º ano do ciclo II de Formação Humana, na
Escola Municipal Antônia Cavalcante Silva nos turnos matutino e vespertino, sendo que estas
turmas são multisseriadas nas quais há alunos que ainda não adquiriram as habilidades de leitura
e escrita, tornando assim o desenvolvimento das atividades propostas mais difícil, pois há a
necessidade de diversificar as atividades respeitando e procurando sanar as dificuldades de
aprendizagem de cada criança em seu processo de ensino-aprendizagem.
Portanto redescobri pela prática que realmente a educação perpassar por vários fatores
sociais e econômicos. A realidade é dura; as angustias diárias e a falta de capacitação e material
adequado para se ter condições de amenizar os problemas da aprendizagem dos alunos que
diariamente refletem situações econômicas e sociais que fogem ao controle dos educadores e das
pessoas que compõem a comunidade escolar e que vivenciam tais problemas.
1.1-Universidade
Era chegada a hora de decidir o que cursar. Com certeza Magistério não estava nos meus
planos, mas como a minha mãe teve em sua vida o sonho de se tornar professora e por conta de
vários fatores não pôde realizá-lo, viu em mim e minha irmã a esperança de realização.
Cursei o Magistério na Escola Normal (IEED). Escola de tradição, rigorosa, com
professores competentes que nos cobrava a todo o momento para que realmente aprendêssemos
os conteúdos exigidos. Estudei com afinco para me tornar uma boa educadora. Foi durante esse
tempo que me deparei com os teóricos Vigotsky e Piaget, ambos apontava que era possível
haver interação entre aluno e professor, a troca de experiências e que o meio fazia parte dessa
interação. Hoje entendo o que queriam dizer e confesso que me influenciaram. Estou sempre
colocando meus alunos como sujeitos de ação, mostrando que a interação se faz necessária
para que eles possam exercer essa ação no meio cultural e social sistemadamente. A escola
deve ter como objetivos propor atividades desafiadoras, promover a descoberta e a construção
do conhecimento. A relação com o ambiente faz com que os alunos desenvolvam sua
inteligência
Enfim, muitos ensinamentos ainda trago na minha memória e na minha prática do Curso
Magistério. Logo após fiz Contabilidade, mas foi no Magistério que me encontrei.
Dei início ao meu trabalho em 1991 muito apreensiva, pois o novo nos causa medo.
A escola situava-se num lugar chamado Pé do Morro, zona rural do Município de
Anagé, seu nome me foge à memória. Andava 18 km para chegar até lá.
Deparei-me com uma sala minúscula, quadro de giz, pouquíssimos livros e l00 alunos.
Com nenhuma experiência a não ser a do estágio que em nada se comparava aquela realidade,
visto que a turma que iria enfrentar era multiseriada.
No início foi muito complicado, me dividia em limpar a sala, fazer merenda, buscar
água e dar aula. Com o tempo fui me acostumando,me familiarizando,fazendo amigos e
dividindo as tarefas: Uns alunos varriam a sala, alguns me ajudavam no preparo da merenda e
outros buscavam água.
Quanto à superlotação, dividia a turma por série e distribuía no terreiro da escola. Assim
pude dar conta do meu trabalho e consegui que os alunos adquirissem conhecimento. Foi um
aprendizado muito importante para eu me dar conta de quanto à interação pode fazer a
diferença.
Após três anos, fiz o concurso da Prefeitura daqui e fui trabalhar também numa escola
da zona rural na Lagoa de Maria Clemência. Já estava habituada trabalhar com classe
multiseriada, não foi difícil. Fiquei durante quatro anos até ser transferida para uma creche
também na zona rural. O seu nome era Creche Municipal Prascóvia Menezes Lapa situada em
Iguá.
Crianças carentes de quatro e cinco anos. Aprendi muito com elas. Brincávamos muito,
contavam-me histórias, a maioria era da realidade delas, algumas tristes, outras nem tanto.
Dividíamos todos os momentos. Éramos cúmplices, companheiros, amigos. Adorei essa etapa
da minha vida.
Depois trabalhei em Dantelândia, como vice-diretora, e na Escola Municipal Guimarães
Passos aqui na zona urbana com alunos do ciclo. Crianças que possuíam dificuldade para ler,
escrever e entender um texto. Diante dessa realidade o que não podemos é ficar de braços
cruzados esperando que alguém ouça nosso pedido de socorro, o que precisamos é contribuir
com o pouco recurso que temos para que nossos alunos tenham direito a uma educação de
qualidade e acessível a todos.
1.3-Educação e Universidade
Comecei a estudar, mas em poucos dias iniciou-se uma reforma, a qual durou cerca de
sete meses e o ano letivo foi inviabilizado.
Em fim, chegou o dia mais esperado, a colação de grau, foi um dia muito importante para
mim e para minha família, era o sonho sendo concretizado.
Concluído o ensino médio, senti a necessidade de ter minha independência financeira, pois até
então dependia do meu pai, naquele momento não era possível dar continuidade aos estudos.
Retornei para a casa de meus pais com o desejo de trabalhar como professora lá na mesma
localidade.
Iniciei a minha vida profissional na Escola Municipal Eustáquio Blezza Serrana, com
uma carga horária de 20 horas semanais no turno vespertino, a mesma onde cursei da
alfabetização até a quarta série do ensino fundamental só que a escola não funcionava no mesmo
salão onde estudei, havia construído uma escola pré-moldada próxima à antiga escola, mas
continuou o mesmo nome. O novo sempre assusta e eu tinha muita preocupação em não
consegui fazer um bom trabalho, me sentia insegura, pois sabia que iria encontrar muitas
dificuldades, mas era a oportunidade que estava surgindo no momento e eu precisava trabalhar.
Era uma turma multisseriada, com trinta e dois alunos na faixa etária entre sete e catorze anos.
As dificuldades eram muitas, não tinha experiência e sem recursos didáticos disponíveis para
realizar o trabalho.
No ano seguinte, fui trabalhar 20 horas em outra escola para completar a carga horária de
40 horas, ficava um pouco distante era preciso ir de bicicleta para conciliar o trabalho nas duas
escolas. Quando era período de festas como festa junina fazia a interação das duas escolas, os
alunos de uma das escolas se deslocavam para a outra e era feita uma comemoração só, era assim
em quase todas as festinhas. Trabalhei em regime de substituição por quatro anos, nas mesmas
escolas.
Em 1999, fui convocada e passei a fazer parte do quadro de professores efetivos da rede
de ensino do município de Vitória da Conquista. Fui designada para assumir uma vaga de 40
horas na Escola Municipal Miguel Cândido Gonçalves no Povoado de Caiçara, há poucos
quilômetros de Vitória da Conquista, muito feliz aceitei a vaga.
Voltei a morar em Vitória da Conquista, junto com minhas irmãs que também iriam
trabalhar e estudar, foi um período muito bom e de muitas mudanças em minha vida tanto
pessoal quanto profissional, conheci pessoas diferentes, escola com outra realidade, em fim um
novo desafio a ser enfrentado.
Trabalhei quatro anos, naquela escola, na qual aprendi muito, com as pessoas que
trabalhavam comigo e com os alunos, não pretendia sair de lá, sempre resistir em trabalhar na
zona urbana, me identificava mais com a zona rural, talvez por fazer parte das minhas origens.
Em junho de 2002, aconteceu algo de muito importante em minha vida, o nascimento do meu
filho Filipe, então eu senti a necessidade de trabalhar na zona urbana, para ficar mais perto dele,
acompanhar o seu crescimento e o seu desenvolvimento.
Quando retornei da licença maternidade, pedi transferência e fui contemplada com uma
vaga na Escola Iara Cairo de Azevedo, localizada na Rua da Barragem s/n Bairro Guarani, onde
trabalho atualmente nas classes de 1º e 3º ano do ciclo I inicial. Com esta mudança de escola
enfrentei um novo desafio que foi sair de uma escola seriada na zona rural para uma escola
ciclada na zona urbana
1.3 Educação e universidade:
Hoje, na universidade busco dentro das minhas limitações, adquirir conhecimentos que
possibilite o meu crescimento profissional e intelectual e melhorar cada vez mais a minha prática
pedagógica. Sempre recordo de uma frase do professor Antônio Vital que disse: “Não passe pela
Faculdade, faça Faculdade”, esse é o meu desejo, aproveitar o máximo que eu puder do curso e
sempre buscar o novo.
Não fazia parte dos meus planos cursar a magistério, mas segui o conselho de algumas
colegas, e no decorrer do primeiro ano fui tomando gosto pelo curso, me dediquei bastante, pois
quando gosto de algo, acho fácil. Passei por algumas dificuldades financeiras, consegui um trabalho
de “dama de companhia”, foi ótimo. Era perto da Escola Normal (IEED). Como dinheiro que
ganhava, além de manter meus estudos, ajudava minha mãe comprar o material para minhas irmãs
estudarem também.
No segundo ano de magistério trabalhando, tirava boas notas, professores muito bons.
Pequenos estágios, convívios com crianças, sala de aula, um dia parei para refletir, ser professora, é
isso mesmo que eu queria para minha vida. Abri mão de várias coisas, festas e outras distrações, que
era normal na minha idade, para ficar neste trabalho e estudar.
No ano de 1986, comecei o terceiro ano de magistério, estágios, muitas atividades na escola,
enfim, com boa vontade fui vencendo todas as barreiras. Estudei bastante só pensava em terminar o
curso para consegui um emprego melhor e ajudar meus pais. Lembro que fez o estágio na Escola
Marcelo Rangel Pestana, em uma terceira série. Acabou o curso! A formatura foi no auditório do
Instituto de Educação Euclides Dantas e o baile no Clube Social Conquista.
Comecei a procurar trabalho em escolas, uma colega de cursos chamada Mônica me avisou
que a Secretaria de Educação de Vitória da Conquista estava contratando professores para trabalhar
na zona rural. Fui para lá, me contrataram sob experiência por três meses, fiz um bom trabalho e me
efetivaram. A primeira comunidade que eu trabalhei durante três anos foi no povoado de São
Joaquim. A escola funcionava na igreja católica, não tinha quase nada, só um quadro negro, giz,
cadeiras e muitos alunos, tiveram que ser além de professora também merendeira, catequista,
conselheira, etc.
Troquei de escola, desta vez me mandaram para o povoado de Corredor de Itaipu. Em uma
casinha funcionava a escola, gostei muito de lá, alunos estudiosos, uma comunidade participativa,
nesta Escola M. Miguelzinho Gonçalves trabalhei dois anos. Depois lá vou eu para Fazenda Tigre,
Escola M. Laudionor Brasil fui muito bem escolhida, alunos estudiosos, trabalhei por quatro anos
nesta localidade. Apesar das dificuldades encontradas na Zona rural, é muito gratificante, você é
tratada com amor e respeito, o que deixa qualquer profissional realizado é ter certeza do dever
cumprido.
Em 1996 fui transferida para o povoado do Periperi, que faz parte do circulo Escolar
integrado de Lagoas das Flores. Uma comunidade difícil, porém, nesta escola tive a oportunidade de
trabalhar uma série por turno, já que nas anteriores eram classes multisseriadas é um verdadeiro
aprendizado, o profissional adquire muita bagagem e conhecimento e, para me não há nenhum
problema, gosto de trabalhar com todas as séries iniciais do ensino fundamental. Nestes onze anos
nesta escola já alfabetizei muitas crianças e, tenho certeza que também ajudei as mesmas a serem
mais críticas, ter opiniões próprias e a lutar por um mundo melhor.
Nestes vinte anos em que sou educadora já participei de muitas coisas que fizeram tornar-
me uma cidadã mais consciente. Sei que pude transformar a realidade de muita gente, e melhorei
também a minha. Vida de professora não é fácil, mas quando penso em outros brasileiros que nada
têm, me sinto feliz, gostaria que todos tivessem a oportunidade de viver melhor e creio que a
educação é um dos meios que pode mudar a realidade deste país.
Sempre gostei de estudar e fazer um curso superior era um sonho que com o passar do
tempo fui deixando de lado. Quando surgiu a conversa que a prefeitura faria um convênio com a
UESB para os professores de a Rede municipal fazerem o Curso de Formação Superior, fui para a
luta com meus companheiros. Foi difícil, mas no ano de 2004, tornou-se realidade, a prefeitura
assinou o contrato com a UESB para formar 400 professores. Veio à seleção, quase não estudei. A
prática da regência contou muito consegui uma boa classificação. Hoje já estou cursando o quinto
semestre com algumas dificuldades, mas Deus quer e eu também quero e vou conseguir concluir
meu curso.
Tenho consciência que por muitas vezes falhei, mas muita coisa está mudando na minha
vida prática depois do Curso de Formação, mudei meus atos e atitudes com meus educandos, estou
pensando mais antes de agir em determinadas situações, minhas aulas estão mais dinâmicas e
principalmente a participação dos alunos nas aulas, aceito mais a opinião das crianças nas aulas,
participo do recreio com eles, me preocupo mais com aqueles que ficam quietos no canto e não
participam das aulas e também com os que bagunçam o tempo todo. Procuro conversar mais com
meninos, saber se gostaram da aula, falo para eles todos os dias antes de começar a aula o que
vamos fazer e também pergunto se gostaram das aulas. Minha prática mudou bastante, mudei pra
melhor e o resultado de tudo isso é muito bom aprendizado dos meus educandos.
Fiz o curso de magistério na escola normal (IEED), escolhi fazer esse curso porque via em
meus professores uma alegria, um prazer em ser professor.
O curso foi muito bom, havia ótimos professores comprometidos e competentes. Nesse
período lembro-me que o pré-estágio começou no segundo ano do magistério, eram aulas que a
gente ministrava sob a supervisão da professora de prática, as aulas eram dadas em escolas
municipais.
Estagiei na Escola Estadual Anísio Teixeira na 3ª série no turno matutino era uma classe
com 28 alunos. Não havia muita dificuldade de aprendizagem, porque naquela época um aluno
nessa série já dominava muitas habilidades e conteúdos pertinentes àquela série. A regente da
turma era super exigente sisuda, ela se sentia a dona da turma.
A turma gostou muito de mim e eu deles, só era desconfortável quando havia alguém nos
observando, mas ao final do estágio me senti aliviada por ter dado conta do recado.
Como há hoje uma exigência para que todo profissional da educação tenha nível superior,
a SMED fez uma seleção para que os professores da rede municipal fizessem um curso de
licenciatura plena em educação. Então eu participei da seleção sem nenhuma pretensão de ser
classificada, mas acabei sendo bem classificada, e eu fui chamada na segunda turma o que me
surpreendeu, pois eu nem se quer havia me preparado para as provas.
O curso é bom, embora não seja o que realmente eu quero, aprendi muito a cerca do meu
trabalho pedagógico e acho que tem contribuído positivamente na minha prática em sala de aula.
O curso é bom, mas têm muitas falhas assim como todo curso novo, mas o que importa é
o nosso crescimento profissional.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
MEMORIAL DE ESTÁGIO
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2007
ADRIANA ALVES DOS SANTOS
CLEONICE OLIVEIRA MACEDO
JUSSIARA GUENA DOS SANTOS
MÁRCIA CRISTINA ROCHA DE OLIVEIRA
MARIA LÚCIA QUEIROZ DOS SANTOS
SHIRLEY DOS SANTOS COSTA
MEMORIAL DE ESTÁGIO
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2007
SUMÁRIO
3.0-ANEXOS:
3.1-Projeto de estágio
3.2-Planos de aula
3.3-Atividades desenvolvidas
3.4-fotos do estágio
Enquanto a escola tem como sujeito o aluno e como objeto fundamental o ensino nas
diferentes áreas através da aula; a creche e a pré-escola têm como objeto as relações
educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de
0 a 6 anos de idade.
Este trabalho relata o registro das atividades que foram desenvolvidas na Creche Padre
Benedito Soares com o tema “Vivências do estágio em Educação Infantil”. O registro, utilizado
como recurso da memória, possibilita aos sujeitos envolvidos no processo de realização das
atividades um repensar da sua prática, bem como, aos que a ele terem acesso a uma análise
crítica de todo o processo de realização das atividades e, ainda, a possibilidade de fazer do
mesmo um instrumento de pesquisa para práticas educativas futuras.
Durante o processo de registro na Creche Padre Benedito Soares, podemos constatar que
a mesma, desde sua fundação é mantida exclusivamente pelo Município que conta com 32
funcionários distribuídos em: diretor, secretária, professores, monitores, coordenadora e pessoal
de apoio.
Com relação ao quadro de funcionários que atende estas crianças, algumas estão no
Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil
(PROINFANTIL) que capacitam para o atendimento ao público infantil, pois a lei é clara quanto
a isto:
As propostas pedagógicas das creches para as crianças de 0 a 3 anos de classes e
centros de educação infantil para as de 4 a 6 anos devem ser concebidas,
desenvolvidas , supervisionadas e avaliadas por educadores, com pelo menos o
diploma de curso de formação de Professores, mesmo que da Equipe Educacional
participem outros profissionais das áreas de ciências Humanas, Sociais e Exatas,
assim como familiares das crianças. Da divisão das instituições de Educação Infantil
deve participar necessariamente um educador, também com, no mínimo, Curso de
Formação de Professores (BRASIL, 1998).
Durante o período do estágio realizamos atividades relacionadas aos eixos: Artes visuais;
linguagem oral e escrita; movimento e música. Foram desenvolvidas atividades lúdicas como:
contação de histórias, brincadeiras, cantigas de roda e artes utilizando linguagem do desenho,
pintura e modelagem com a participação conjunta dos professores e das crianças..
Convém salientar o valor da história no cotidiano das crianças, uma vez que a mesma
pode proporcionar o estímulo à capacidade criativa e imaginativa, desenvolvendo assim a
linguagem oral e ampliando consequentemente o vocabulário, as entonações expressivas e as
articulações. Segundo Zilberman e Magalhães (1987) as histórias possibilitam a criança uma
melhor compreensão do mundo à sua volta, elaborando assim os conflitos, medos e anseios.
Podemos dizer que o ato de contar histórias para as criança está presente em todas as
culturas letradas e não letradas, desde os primórdios do homem. As crianças adoram ouvi-las, e
os adultos podem descobrir o enorme prazer de contá-las. Na Educação Infantil, enquanto a
criança ainda não é capaz de ler sozinha, o professor pode ler para ela. Em fim, a “hora da
história” é um momento valioso para a educação integral (de ouvir, de pensar, de sonhar), o
professor pode organizar este momento de diversas maneiras: no início ou fim da aula.
No que se refere às artes visuais destacamos aqui que a atividade artística para criança
assume uma ampla dimensão e importância, porque o seu potencial criador precisa ser
desenvolvido. Um desenho ou pintura está carregado de significados deixando transparecer
sonhos, dúvidas e sentimentos. Devido a esta importância, as atividades de arte não devem ser
aplicadas com o simples intuito de passa tempo. Estas atividades foram relacionadas ao tema
“Contando História”, visto que este foi o projeto trabalhado durante o período do estágio.
O trabalho com artes plásticas na educação infantil visa ampliar o repertório de imagens
das crianças, estimulando a capacidade destas de realizar a apreciação artística e de leitura dos
diversos tipos de artes como escultura, pintura, maquetes etc.
As tarefas das crianças pequenas nas creches e pré-escolas são muitas e de grande
importância para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e o principal
instrumento de que utilizam são as brincadeiras. Nesses locais, elas têm de aprender a
brincar com as outras, respeitar limites, controlar a agressividade, relacionar-se com
adultos e aprender sobre si mesmas e seus amigos, tarefas estas de natureza emocional.
(LISBOA, 2001)
A educação infantil não era necessária a sua autorização, porque a educação infantil na
legislação anterior era apenas uma recomendação, ela não era uma obrigação. Não fazia
parte da educação básica.
1
Luís Carlos da Ibiapaba e Silva - Membro do setor de legalização das escolas municipais de Vitória da Conquista.
Em Vitória da Conquista, como fruto de alguns movimentos de associações de moradores
dos bairros, ocorreu à iniciativa de creche e de pré-escola na década de 1980, o que representou
uma conquista nesse período, principalmente no que diz respeito às creches, pois essas
reivindicações deram-se devido ao trabalho extra domiciliar da mulher.
Na década de 1990 surge a Escola Creche Municipal Padre Benedito Soares que está
localizada à Rua Eduardo Costa, S/N, no bairro Guarani, à aproximadamente 5 km do centro
comercial, CEP 45035- 070, telefone (77) 3421-5291, Município de Vitória da Conquista, Estado
da Bahia. Vincula-se juridicamente a Escola Creche Municipal Padre Benedito Soares o CNPJ
Nº. 14239578/0001-00. O objeto social da Entidade mantenedora é oferta da Educação Infantil.
Funciona em período integral das 7 horas às 18 horas e atende a 150 crianças dos bairros
Guarani, Petrópolis, Nossa Senhora Aparecida, Alto Maron e Pedrinhas (bairros relativamente
próximos ao Guarani e que alguns possuem Creches, contudo não atende a demanda de vagas) .
As turmas de creche compreendem crianças entre 2 anos e 3 anos e 11 meses
permanecem em tempo integral e turmas de 4 anos compreendidas como pré-escola que ficam
meio período.
A instituição funciona em prédio próprio, térreo e foi fundada em 25 de setembro de
1990, devido à necessidade das mães irem para o mercado de trabalho e não ter com quem deixar
os filhos foi também uma luta dos moradores do bairro Guarani na gestão do prefeito municipal
José Pedral Sampaio. Nesta época, as creches pertenciam à Secretaria de Educação e oferecia
sistema de berçário que, por falta de verbas, foi desativado.
Nos últimos 13 anos as creches conveniadas2 e municipais estiveram sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, o que era questionado por
alguns profissionais da área de educação, por entenderem que a educação infantil deveria fazer
parte da proposta política da Secretaria de Educação. Em 2007 em virtude de atender à exigência
da LDB as vinte (20) creches do município, sendo dez (10) conveniadas e (dez) 10 municipais,
passam a pertencer a Secretaria Municipal de Educação.
A Escola Creche Municipal Padre Benedito Soares, recebeu este nome em homenagem ao
Padre Benedito Soares pela influência deste na comunidade do bairro.
No que diz respeito ao espaço físico segue a enumeração dos espaços:
• Seis salas de aula;
• Um refeitório.
• Uma secretaria;
• Uma sala de coordenação pedagógica;
2
São creches mantidas, efetivamente, com doações de filantropias e parcerias privadas.
• Uma brinquedoteca;
• Uma cozinha.
• Dois depósitos (um de alimentos e outro para produtos de limpeza).
• Um almoxarifado
• Três banheiros (sendo dois para as crianças e um para os funcionários).
• Lavanderia.
Nesta Unidade de Ensino, as turmas são divididas por faixa etária: duas turmas de dois
anos, duas turmas de três anos, duas turmas de quatro anos, denominadas respectivamente por
2A, 2B, 3C, 3D, 4E e 4F.
Existem uniformes padronizados para todas as turmas. A creche recebe todo o material
didático, gêneros alimentícios, de higiene, mobiliário, etc., da SMED (Secretaria Municipal de
Educação).
A creche dispõe de 32 funcionários, sendo uma diretora, uma coordenadora pedagógica,
uma secretária, duas professoras, onze monitores pedagógicos, três auxiliares rotativos, duas
manipuladora de alimentos, duas auxiliares de cozinha, quatro serventes, uma lavadeira, uma
passadeira, um porteiro e dois vigilantes.
A Diretora é pedagoga e pós-graduada em Psicologia da Educação, a Coordenadora
Pedagógica cursa o normal superior na UNOPAR (à distância), uma professora é pedagoga e
pós-graduada em Psicologia da Educação e a outra possui o magistério.
Os outros profissionais que atuam nas turmas de dois e três anos, denominados monitores
pedagógicos, sete tem formação em contabilidade e quatro em magistério. Para os profissionais
que não tem a formação em magistério está sendo oferecido o PROINFANTIL (Programa de
Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil), que teve início em janeiro
de 2006 e terminará em dezembro de 2007. Este programa é um curso a distância em nível
médio e na modalidade normal, para a formação de professores de Educação Infantil que atuam
em creches e pré-escolas e que não possuem formação mínima exigida pela legislação, sendo
realizado pelo MEC (Ministério da Educação) em parceria com os estados e municípios.
Em relação à gestão da Instituição, não é eleita democraticamente, a gestora é indicada
pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social.
Atentando para as necessidades das crianças e seus familiares, a direção da creche busca
parcerias para o atendimento das mesmas, com profissionais ligados ao órgão municipal, ONGs,
setores privados que prestem serviços diversos, profissionais pais de alunos que trabalham no
serviço voluntário e outros. Pois conforme explicita as Diretrizes Curriculares para a Educação
Infantil:
O ambiente de gestão democrática por parte dos educadores, a partir de liderança
responsável e de qualidade, deve garantir direitos básicos de crianças e seus familiares à
educação e cuidados, num contexto de atenção multidisciplinar com profissionais
necessários para o atendimento. (BRASIL, 1999)
Toda essa vivência durante o período do estágio foi significativa para o nosso
crescimento profissional, uma vez que contribui para ampliar o nosso olhar sobre a
educação infantil descortinando a visão assistencialista que tínhamos em relação às
creches.
Desse modo, o professor que atua ou deseja atuar na educação infantil deve estar
ciente do seu papel de mediador na construção e no desenvolvimento dos educandos,
conduzindo-os de forma prazerosa a construção de sua cidadania de forma autônoma e
participativa,pois “ No mundo de hoje e no contexto de sala de aula o professor é uma
figura que se desdobra para atuar multufuncionalmente”(VIANNA,2007,p.75),com
responsabilidade,seriedade transmitindo aos educandos conhecimentos básicos e
necessários para a sua formação.
Referências:
ANGOTTI, Maristela. In Angotti, M. (org). Educação Infantil: para que, Para quem
e por quê. Campinas: Alínea, 2006.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei
Federal n.º.394, de 26/12/1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Volume I, 1998.
BRASIL, Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Infantil, 2006.
PARECER CEB – 1998.
BRASIL. Plano Nacional da Educação, 2001.
PERRENOUD, Phillip. A prática reflexiva no ofício de professor; profissionalização
e razão pedagógica/Phillipe Perrenoud; Trad. Claudia Schilling-Porto Alegre;
Artmed. Editora, 2002.
VIANNA, Heraldo Marelim. Pesquisa em educação: a observação/Heraldo Marelim
Vianna-Brasília\;líber livro. Editora, 2007. l08 p (Série Pesquisa,v 5)
ZILBERMAN, Regina e MAGALHÂES, Lígia Cadermatori. Literatura Infantil:
autorias e emancipação, ed. 3ª. São Paulo: Ática, 1987.