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Self-Portrait

CRU A #10
OUT 2007

Temos um tema. Pela primeira vez. Olhámos ao espelho e vimos coisas. As mesmas
que nos escapam quando falamos dos outros. Tornámos, por isso, esta edição em
especial. Não temos o nome na capa. Sabemos quem somos. Saberemos?

CAPA
Ilustração de Teresa Cortez

DIRECTOR DE ARTE E CONTEÚDOS


Ricardo Galésio

COLABORADORES
914K
Andrea Francesco Berni
Corey Arnold
Hugo Mortágua
Inês d’Orey
Márcio Barcelos
Nick Kiefer
Noah Kalina
Pedro Palrão
Sara Toscano
Teresa Cortez
Vanessa Teodoro

AGRADECIMENTOS
Catarina Santos
Manuela Furtado
Patrícia Couveiro

Corey Arnold
Bering Sea Crabbing

These pictures are photographs from my life as a crab fisherman


in the Bering Sea over the past 5 years. The work is hell, but with
many shining moments of beauty and inspiration.

Corey Arnold
www.coreyfishes.com



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Hugo Mortágua
Eu sou um homem que costuma ficar a ver as coisas acontecerem
à sua volta sem negar o que a realidade lhe apresenta. Eu sou um
homem que costuma fazer pouco para alterar a realidade tal e
qual ela é. Porque a realidade é a que existe no presente e nada o
pode alterar. Eu sou um homem que não luta pelos seus ideais na
realidade. O que eu faço é atingir um estado de desconsolo total
e entrar numa busca incessante para alterar a realidade n interior
do meu ser: o meu mundo. Na minha realidade as coisas passam-
se de maneira diferente. Eu sou um homem forte que diz coisas
absurdas cheias de emoção, carregadas de vigor e de coração. Mas
até nos meus sonhos eu sou derrotado porque não me consigo fazer
sentir bem comigo próprio. Tudo o que alcanço é uma espécie de
vingança não realizada, de uma substância que me alimenta o ódio
e a abnegação, o desprendimento e a humildade.
Mas chega uma altura em que sinto que não posso continuar a ser
um espectador da minha vida. Chega a uma altura que a faca do
talhante me é entregue para que eu possa tomar decisões pelos
meus próprios ideais. E o que faço? Escolho o caminho mais fácil.
Escolho o meu próprio prazer versus os ideais que eu proclamo.
No final só me resta a liberdade. Porque tenho a única moeda que
Cristo não conheceu. A opção. A escolha de fazer o que poder
para mandar à fava todos os interesses proclamados e as virtudes
irrepreensíveis em prol da minha mais querida pessoa. Eu.

Eu sou um homem livre que canta o desprendimento. Eu sou o


Zeus da tolerância, do afecto, do amor, da liberdade. Eu sou um
homem que faz por si. Eu tomo a liberdade pelos cornos e faço dela
a minha vida: o meu escudo, a minha espada, a minha armadura
são forjados pelo sangue dos livres. E é o meu próprio sangue que
corre nas minhas próprias veias do meu próprio corpo que alimenta
a minha própria razão e o meu próprio espírito e que, todos, gritam
em uníssono: Livre!

Um homem. Somos todos feitos da mesma matéria, regidos pelas


mesmas leis. Todos somos livres e isto ilumina-me o espírito
para que acredite e que saiba que é um mundo perigoso lá fora de
mim.
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A corrente de ouro. A camisa de seda, o blazer
com chumaços aos ombros. Ele é um autodi-
dacta na escola da vida, fruto de pai almirante
ausente e mãe atulhada em trabalho a-dias. O
precoce conhecimento da vida real dotou-o de
um forte sentido prático e comercial: a sua es-
treia profissional foi aos dezasseis anos, quan-
do propôs uma sociedade à irmã, três anos mais

Márcio Barcelos
nova, tratando ela da prestação de serviços e ele
da difícil gestão de contabilidade. O sucesso do
empreendimento obrigou ao seu crescimento e
aos vinte e um anos contava já com sucursais
móveis nos principais pontos turísticos de Lis-
boa. Agora com quarenta e sete anos (que não
confirma nem desmente) é uma referência no
entretenimento nocturno da capital, com pro-
jectos de offshore na margem sul para breve.
Armando Vacas não é um homem qualquer,
igual a tantos outros; é um Senhor, anel no
dedo e queixo levantado. E o seu percurso é um
modelo para todos, um exemplo vivo e andante
do Sonho Português.

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Carpe Diem é um espectáculo multimédia que utiliza vários planos
de actuação: na sala, no palco e no ar. Uma experiência inesquecível
para o público, não só pela utilização de várias linguagens, como também
pela criação de um ambiente que desperta os sentidos e a atenção de todos.

Coreografia e Direcção Artística Rui Lopes Graça


Música Johann Sebastian Bach

(...) Bach consegue nesta obra-prima ultrapassar os desafios mais rigorosos


sem nunca sacrificar a qualidade expressiva e a eloquência musical que
mesmo nas passagens mais elaboradas e complexas nos dão sempre um
elemento inquebrável do seu discurso musical.
Jordi Savall

Nesta coreografia para oito intérpretes criada a partir de A Arte da Fuga


de J. S. Bach desenvolvemos e aprofundamos a componente do movimento
e da composição coreográfica, baseados nos temas expostos ao longo
da obra, tendo no entanto como ponto de partida e como base fundamental
o tema do primeiro contraponto (...) Trabalhamos, igualmente, para criar um
equilíbrio entre a forma global da partitura e o ingrediente
da criatividade individual, criando um objecto coreográfico
que possa revelar uma síntese entre a estrutura formal
e o conteúdo emocional.
Rui Lopes Graça

Bilheteira Teatro Camões T 218 923 477 Terça-Sábado 14:00 -19:00


www.ticketline.sapo.pt T 707 234 234 / Abreu / Fnac

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Entrevista a Patrícia Couveiro.
Totalmente feita de trás para a frente.
Qualquer falta de corência não é pura coincidência.

Instantâneos
O que é o 2ª a circular/Tearte? Quem são vocês?

O 2ª a circular tearte é o grupo de teatro da Escola Superior de


Comunicação Social. Salvo erro, foi formado há 9 anos.

E são todos alunos da ESCS? Alguns já lá não andam? Ninguém


anda lá? Todos já andaram? Como é?

Dos oito, apenas dois ainda são alunos da ESCS. Se bem que
o Diogo é aluno finalista, acabou este ano...então só a Rossana
ainda é aluna da escola. De resto, uns já acabaram o curso, outros
mudaram de escola, mas o 2ºa circular continua... Costumamos
dizer que somos a velha guarda, “os de sempre”, conhecidos na Escs
por “aqueles malucos do teatro”. Quer dizer, éramos conhecidos
assim, agora já ninguém nos conhece, só os professores que vão
ver os espectáculos e perguntam “ então, ainda cá andam?”.
Temos pena que os actuais alunos não se interessem. É que não
há nem um para passar o testemunho. Sabemos que um dia vamos
ter de romper de vez com o grupo. Faz parte, é natural. Mas é
pena, o mais provável é que, quando sairmos, o grupo fique sem
ninguém... e acabe. 23
Fala-me sobre a peça “Instantâneos da Morte”. Do que fala? Essa verdade ganhava com as nossas experiências, como uma vez,
Qual é a história? em que cada um, sozinho e à noite, apanhou o primeiro autocarro
que viu, saiu na última paragem, procurou um local para enterrar
Oito intérpretes sentados numa sala pequena. Quatro de um lado um corpo, enterrou-o e, depois, escreveu-lhe uma carta. Isto
e, à frente destes, outros quatro. Um a um, dirigem-se ao centro aconteceu, mesmo.
e falam do seu lugar preferido, do objecto que mais lhes marcou,
contam todos os pormenores do seu primeiro assassinato, outros
falam de quando morreram. Enquanto contam as suas histórias, Quanto tempo passou até decidirem subir ao palco? Em que altura
projectam umas espécies de mapas, rascunhos, esboços de qualquer acharam que estavam prontos para estar com a peça em cena?
coisa, que servem como prova. Esta é a luz do espectáculo: a luz de
dois retroprojectores que denunciam, na parede, a sombra de cada Desde que começámos os ensaios em outubro sabíamos que, no
um.Um momento de confissão? de partilha? de exposição interior? mínimo, teríamos de estar prontos para o FATAL que é em maio.
uma tentativa de absolvição pelos crimes cometidos? Talvez seja Por isso, quase por uma questão de produção, trabalhávamos
tudo isto. Talvez não seja nada disto. Cada um que tire as suas para estrear em maio. Agora, pronto prontos, mais ou menos duas
conclusões. semanas antes.

No fim, despedem-se do Zé.


Até porque vocês estão muito expostos em palco, sem defesas.
De repente o vosso grupo fechado tornou-se muito maior e a
Como foi o processo de construção da peça? cumplicidade teria que ser a mesma. Foi difícil para ti esse primeiro
contacto com o público?
Posso dizer que o processo foi o melhor de tudo. Foi longo,
trabalhoso, íntimo, inseguro e muito experimental. O resultado O momento do “grupo fechado” tornar-se maior, para mim, é o
final ficou muito diferente do que esperávamos. Quer dizer, nós que faz do teatro uma arte tão especial e é o que me faz continuar.
nunca esperámos grande coisa, porque não sabíamos o que podia É o momento de partilhar tudo o que durante meses esteve
acontecer, mas ao longo do processo, fomos experimentando simplesmente guardado entre 9/10 pessoas.
várias soluções que diferiram muito do que depois apresentámos Não foi dificil para mim, nem o primeiro, nem o segundo, talvez
ao público. Mas outras coisas persistiram sempre. Vou te dar o último contacto. Foi o dia em que a minha mãe foi. É sempre
exemplos mais concretos: nos primeiros ensaios que fizemos, um pouco constrangedor. Pelo menos para mim é. Havia coisas
enterrámos corpos, matámos alguém, fomos mortos, ouvimos e que ela podia descodificar que o resto do público não. Nunca me
contámos histórias uns aos outros... bom, vendo bem... desde o senti demasiado exposta, porque nós criamos defesas. As minhas
início que temos espectáculo! Sim, é engraçado, pois muito do próprias histórias tinham escudos, filtros que não me “despiam”
espectáculo foi beber a estes primeiros ensaios. Esta foi a base, a completamente à frente de todos. Eu não estava ali a falar da minha
partir daí fomos acrescentando materiais à nossa história, formas, vida, eu estava ali a contar histórias que, de certa maneira, falam
locais concretos e verdade. Embora parecendo muito complexo, de mim.
o nosso processo foi contínuo. Teve um início, uma base que foi
crescendo, ganhando consistência e verdade ao longo dos meses. 25
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Como é que o público reagiu a essa intimidade?
Sara Toscano
Dependia muito do público, mas, havia dias em que se sentia que Self Portrait, para quem não é presunçoso, é o mesmo que dizer
o público estava mesmo envolvido. Por vezes, quando eu fazia auto retrato.
uma das minhas cenas, sentia que me estavam mesmo a ouvir. Eu O auto retrato é um retrato da personalidade.
gosto muito de olhar o público nos olhos durante o espectaculo Quem diz retrato da personalidade diz traços de carácter. Soa
e aí é que dava para ver as reacções. eu costumava fixar uma ou chique, complica!
duas, aquelas que sabia que estavam mesmo a ouvir as minhas E isso (para quem tem sinónimos no Word) não é mais que o
histórias e, durante o espectáculo, vsitava-as muitas vezes com o esboço da identidade.
meu olhar e elas continuavam lá. Acho que não estou a responder De facto, com jeitinho dá até para falar da descrição da aura o
à tua pergunta. Para muita gente foi estranho e até incómodo, que não é mais que um nome astrológico-científico para falar da
principalmente, aquelas que faziam parte das histórias que eram composição da alma. E falar da composição da alma é o mesmo que
contadas. Por exemplo, um dos intérpretes contava uma história que não falar de coisa nenhuma.. ou o mesmo que entrar em sarilhos!
envolvia a família, as discussões com os pais, os irmãos, as férias, ALMA...
etc, e chegou o dia em que os pais dele foram ver o espectáculo... só se escapa de um assunto difícil com um assunto ainda mais
esse espectáculo foi de nervos para todos. complicado, toma lá disto: e quando morres, a tua alma vai para o
Este tipo de espectáculo ainda é pouco visto, as pessoas não céu? Ninguém sai desta, sobretudo a nova geração, é a conversa do
estão habituadas a estar tão próximas dos actores ( no nosso menino jesus, do eu cá acredito no que vejo e para mim nós vimos
caso literalmente). A dúvida ficava no ar, se o que contávamos dos macacos.. e macacos já viste?... não vi...então cala-te.
era verdadeiro ou falso, mas isso pouco importava, as pessoas
sentiam-se cúmplices, sentiam que sabiam segredos... a reacção
foi positiva.

E depois de tudo isto, do processo de construção da peça e da


apresentação ao público achas que valeu a pena?

Valeu. Valeu muito a pena.

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Inês d’Orey
O porto interior é um projecto em curso, consequência de um
interesse por espaços ao mesmo tempo estranhos e familiares, que
procuro ou encontro na minha cidade.

A maneira como vejo estes espaços reflecte uma experiência


urbana, minha de tal forma que altera a identidade da cidade,
transformando-se esta num conjunto de lugares genéricos que
poderiam ser em qualquer lado. Vagueando por entre o incómodo
e a asfixia da banalidade e por entre a tristeza e a melancolia da
proximidade, as imagens oferecem-se como palcos para uma
história sempre diferente. O objectivo não é documentar estes
espaços, mas antes explorar o possível e o impossível de um porto
interior, onde se chega e onde se permanece.

Casa da Música

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Hall na Rua Formosa Estúdio Latino

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Silo-Auto Passos Manuel

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Nick Kiefer

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Vanessa Teodoro

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Everyday Celebrity

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Pedro Palrão
impulso de rasgar a pele do meu pulso e cuspir por aí o que acabei
de beber, a vida acabada de tomar…a culpa que me perpassa enleia-
se na revolta por não ter conseguido o que queria e largo-me à
angústia…abandono-me em deambulações pela noite escura (que
sempre me protege, embora haja dias que a luz do sol me anima)…
constato a degradação da condição do que já fui, a promiscuidade
que eu próprio tenho parece-me então lasciva, cheia de pecado e
de vergonha. Envergonho-me do meu estado, da minha forma de
viver esta vida, já morta à partida.
Ninguém me ama, não amo ninguém. Escondo-me do Mundo e ele
retribui esvaindo-se também da minha vista, da minha compreensão,
Estou aqui perante esta folha branca, tentando enchê-la com os até que os transeuntes que o atravessam se transformam meramente
meus pensamentos. Tentando desenhar com estas míseras letras o em bonecos sem vida dos quais me aproveito. Mas são eles que
que me corre no sangue…ainda que muito dele sejam conquistas vejo, recortados no meu rosto…Dizem que o nosso reflexo se
de outras pessoas…se ao menos beber o sangue das pessoas recusa a aparecer nos espelhos, mas aparece mais nítido do que
me desse a possibilidade de as conhecer e ver o que elas viram, se possa imaginar. Ainda assim me confundo pois não sei se sou
imaginar o que imaginaram, incorporar o que elas são…se as eu que está reflectido…vejo os recortes das faces a quem pertence
poucas lágrimas a que me é dado o luxo de verter pudessem por o sangue que me corre nas veias, intermitentes, desenhando-se
mim ser controladas diria que as gastaria todas lamentando o facto sem que eu possa compreender quem sou…sem que eu possa ver-
de não conseguir ter alcançado ainda um sentimento de realização, me realmente…ou então engano-me ao pensar que ainda existo
orgulho próprio…tudo aquilo que me enche o coração (morto) de quando sou meramente a soma dos pedaços que incorporei em
esperança ao ver alguém com essas características e me faz pensar mim ao alimentar-me, uma manta de retalhos que se construiu
que conseguirei beber tudo isso juntamente com o seu sangue… furtivamente e irreversivelmente remetendo para o esquecimento
A raiva é maior quando pouso os pés no chão, quando o sangue aquilo por sobre o qual se construiu…Posso dizer que já não existo,
começa a correr-me na garganta e a inflamar-me o estômago. Por pois que a minha existência contempla múltiplas que me são
momentos, enquanto o sinto a invadir-me as veias penso ainda desconhecidas, ainda que de mim façam parte…Olhando o meu
que poderá acontecer, que aquilo porque me rendo a beber o seu reflexo sinto o sangue a correr a diferentes velocidades, a diferentes
sangue ao invés do de um qualquer animal moribundo vai de facto temperaturas…esforço os olhos para tentar desvendar algum do
acontecer…mas logo caio em mim e sinto a inutilidade de tão enigma que se apresenta à minha frente, mas são demasiadas peças
grande esperança…de um rasgo inunda-se-me a mente da minha com padrões demasiado diferentes…são todos eles pedaços de vidas
condição lamentável, da inutilidade da minha sede, da vil e cruel que eu tomei de forma aleatória em mim e que vejo então dispostas
origem dos meus apetites…do ridículo que é eu próprio não saber em traços espontâneos e sem ordem, que me lançam mais ainda
já se resta uma única gota do meu (sim do MEU) sangue (e não na escuridão. Em mim sinto borbulhar cá dentro (onde por vezes
de todas as pessoas de quem já bebi) a correr nas minhas veias. penso que não existe vida) um mar de sentimentos contraditórios,
Raiva, tristeza…sinto os meus dentes pontiagudos rangerem com uma angústia profunda por não reconhecer o que vejo…quem sabe
força enquanto deixo cair o que resta da fonte da minha saciedade efectivas reminiscências de quem em mim habita (e me tomou o
(pouco me importo se as deixo vivas ou mortas)…refreio o meu lugar). Por vezes chego a pensar que o vazio que sinto em mim
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(embora saiba a multidão que o preenche) se gera pelas vinganças
de quem roubei, levadas a cabo bem no meu íntimo…bem no meu
cerne (que melhor forma existe para o fazer?).
Momentos há nos quais nu me percorro com os dedos…não
me reconheço no meio de tanto frio. A minha pele é como que
insensível ao toque, gélida soa irreconhecível à ponta dos meus
dedos. Enraiveço-me porque nem ao toque me sou discernível, e
porque por mais que eu tente não me consigo tornar familiar a mim
próprio. Penso em morrer, mas morto já estou e à morte vou buscar
alento, por isso continuo…na busca eterna de mim, deixando-me
ainda assim afogar em outros, esquecendo por instantes que eles
me atropelam e me substituem e me vão roubando a identidade.
Vagueio sem rumo…sem noção de onde vou…sem noção do que
sou…revejo-me apenas nos becos escuros onde espero quem me
possa dar aquilo que necessito…revejo-me no medo espelhado
nos olhos de quem me alimento…revejo-me…não sei mais
onde me revejo. Não admira que a noite seja por nós preferida…
porque nos esconde do Mundo e nos esconde de nós…porque me
esconde de mim, enquanto a luz do sol facilmente me confronta
com a imagem que me compõe mas que eu desconheço…Estou
perdido…se a mesma luz do sol nos desintegrasse como se acredita
quantos milhares de rostos não se libertariam de mim? Será que ao
esvoaçarem todos, no final estaria o meu verdadeiro? O meu único
e original? Perdido de mim há tempo incontável…

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Escuro, Olhos azuis e pestanas de mulher
Negro, sem luz… Um nariz demasiado grande e alto
Que disfarça num sorriso de assalto
Pequenas efervescências de imagens Com a singularidade que lhe aprouver.
Sob uma cor vermelha e azulada,
Que não é cor dada a falta de luz. Quando fala com troça é corrigido
Pelos seus mais chegados amigos
Imagens O que lhe causa muitos embaraços
Imprimidas pelos sonhos E se reflecte por um tempo ido.
Sob o pano negro das pálpebras.
As mulheres conhecem-no bem,
Lentamente Gostam-lhe nas tiradas maliciosas
Uma linha horizontal de luz E nos truques que usa nas manhas.
Branca, Algumas sabem o coração que tem.
Demasiado clara,
Cresce no fundo do tudo que era negro É sonhador nos seus pensamentos
Na linha mais abaixo de tudo. E por isso não sabe bem o que é pensar,
Mas acha que nunca lhe há-de faltar
O escuro novamente. A confiança que tem nos seus ditos.

A luz novamente. Lá dentro,


Por onde a luz entra,
Abro novamente os olhos: Várias pessoas existem
Desta vez toda a luz Num universo paralelo.
Para dentro de mim
E eu todo para fora do meu corpo. Umas sentadas
Em cadeiras de madeira
Vejo-me Ornamentada e almofadada
À distância. Em estilo clássico,
Outras de pé,
Alto, magro e de feições delicadas. Algumas assim e outras assado.
Assim como quem fala pela geral:
É um tipo bem parecido e natural Conversam entre si;
Com um leve toque de ar nas asas. E as suas palavras cortam o ar leve
Que ciranda.

Hugo Mortágua II
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Tech Pack
Para todos os dias, para andar de bicicleta e de autocarro, para
passear no jardim a ouvir música cool, para cantar a meio da noite
à porta dos vizinhos, para ler junto à janela ou para beber chocolate
quente, para dormir nos aviões ou para trabalhar no que se gosta,
para olhar, para vestir, para sermos sempre nós.
Alta tecnologia para usar no dia-a-dia.

Aos trinta e cinco anos, a Nike recriou a mítica colecção Wndrunner.


Ao design clássico juntou materiais inovadores. Jarrett Reynolds
e Michael Leon transbordaram inspiração e fizeram aparecer as
peças mais you-are-so-cool dos últimos tempos. Ícones de uma
geração que voltam agora mais high-tech, mas com o mesmo
espírito de sempre.

Fotos de GARETH McCONNELL

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Nick Thune, comedian and scriptwriter, Los Angeles


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Jessica Ray Vaughan, dancer, Tokyo Jermaine Booker, field engineer, Los Angeles
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Shingo Iwasaki, skateboarder, Tokyo Othelo Gervacio, design studio production manager, New York
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Gandja Monteiro, film school student and director, New York Andrea Mazzantini, graphic designer, dj and surfer, Milan
Andrea Francesco Berni 71
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