Falácia – Argumento não válido, isto é, cujos premissas são erradamente
consideradas como prova de uma determinada conclusão. O defeito no raciocínio pode ser intencional ou não, consciente ou inconsciente.
Falácias formais – raciocínios inválidos quanto à sua forma ou estrutura: as
premissas não sustentam a conclusão em virtude de um erro na forma como se infere.
Existem falácias que, por se relacionarem como o conteúdo material dos
argumentos, se designam por falácias informais, não formais ou materiais. Para os detectar é preciso dar especial atenção aos contextos em que os diálogos ocorrem e, se possível, às intenções comunicativas dos dialogantes. Vamos, pois, tratar os argumentos falaciosos cujo erro se deve não à estrutura formal dos argumentos, mas ao conteúdo significativo dos juízes ou a deficiências da linguagem por que se expressam.
Falácias informais – argumentos em que as premissas não sustentam a
conclusão em virtude de deficiências no conteúdo.
a) Falácia ad hominem ou contra a pessoa – argumento que pretende
mostrar que uma afirmação é falsa atacando e desacreditando a pessoa que a emite. Comete-se quando alguém tenta refutar o argumento de uma outra pessoa atacando não o argumento mas sim a pessoa. Em vez de uma contra- argumentação (oposição de um argumento a outro), temos um ataque pessoal, ou seja, em vez de apresentar razões adequadas ou pertinentes contra determinada opinião ou ideia, pretende-se refutar tal opinião ou ideia, censurando, desacreditando ou desvalorizando a pessoa que a defende. O estratagema do argumento ad hominem é este: reprova-se ou desacredita- se alguma ou algumas características da pessoa (o seu temperamento, o modo de ser, o comportamento moral, a profissão, a nacionalidade, a etnia, a ideologia, a religião ou a ausência dela, etc.) utilizando-as como meio de refutação das suas opiniões. Exemplo: “Você diz que o futebol português está mal, mas eu digo-lhe que a sua opinião não merece crédito, porque você está é mal disposto e desiludido com os resultados do seu clube.”
b) Falácia do recurso à força – argumento que recorre a formas de ameaça
como meio de fazer aceitar uma afirmação. Este tipo de argumento baseia-se em ameaças explícitas ou implícitas ao bem- estar físico e psicológico para levar os ouvintes ou leitores a aceitar uma opinião. Exemplo: “As minhas opiniões estão correctas, porque mandarei prender quem discordar de mim.”
c) Falácia ad misericordiam ou do apelo à misericórdia – argumento que
consiste em pressionar psicologicamente o auditório, desencadeando sentimentos de piedade ou compaixão. Consiste, habitualmente, em tentar convencer alguém a fazer algo com base no estado lastimoso do autor do argumento. Exemplo: “Eu estudei desalmadamente durante as últimas semanas. Logo, o professor deve dar-me uma boa nota.”
d) Falácia ad ignorantiam ou de apelo à ignorância – argumento que consiste
em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso. Exemplo: “Nunca ninguém provou que há extraterrestres. Logo, não há extraterrestres.” e) Falácia ad verecundiam ou falácia da autoridade – argumento que pretende sustentar uma tese unicamente apelando a uma autoridade de reconhecido mérito. Exemplo: “É falacioso defender a boa qualidade de uma marca de computadores, afirmando que o futebolista X ou o ministro Y compraram um computador dessa marca.”
f) Falácia da petição de princípio – forma de inferência que consiste em
adoptar, para premissa de um raciocínio, a própria conclusão que se quer demonstrar. Ocorre sempre que se admite nas premissas o que se deseja concluir. O caso mais óbvio é a mera repetição. Exemplo: “Deus existe. Logo, Deus existe” e “Uma pessoa odeia as pessoas de outra raça, porque é racista.”