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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

ACÓRDÃO
01070-2008-101-04-00-3 RO Fl.1

EMENTA: SUPRESSÃO DA GRATIFICAÇÃO DE


FUNÇÃO. INCORPORAÇÃO. ALTERAÇÃO LESIVA
DO CONTRATO DE TRABALHO. A função
gratificada paga por mais de dez anos ao empregado
se incorpora ao patrimônio jurídico do trabalhador.
Supressão que constitui alteração contratual
prejudicial ao trabalhador. Afronta ao princípio da
irredutibilidade salarial. Exegese do disposto no art.
468 da CLT c/c art. 7º, inciso VI, da CF/88.

VISTOS e relatados estes autos de RECURSO ORDINÁRIO


interposto de sentença proferida pelo MM. Juiz da 1ª Vara do Trabalho de
Pelotas, sendo recorrente SERVIÇO AUTÔNOMO DE SANEAMENTO
DE PELOTAS - SANEP e recorrido FERNANDO LUIZ LIMA DAS
NEVES.

Inconformado com a sentença que reconheceu o direito do


autor à incorporação da gratificação de função ao seu salário, bem como
que deferiu os valores relativos ao período em que o reclamante não
recebeu a gratificação, com reflexos (fls. 166-8), o reclamado apresenta
recurso ordinário. Pretende a reforma da decisão para que se entenda
que não há direito à incorporação da gratificação e para que se exclua a
condenação ao pagamento dos valores relativos ao período da supressão
(fls. 172-82).
Com contrarrazões do autor, os autos são remetidos a este
Tribunal para julgamento.
O Ministério Público do Trabalho apresenta parecer opinando
pelo conhecimento do recurso e pelo seu não-provimento (fl. 195-6).
É o relatório.

ISSO POSTO:

Documento digitalmente assinado, em 06-08-2009, nos termos da Lei 11.419, de 19-12-2006.


Identificador: 091.121.320.090.806-3
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ACÓRDÃO
01070-2008-101-04-00-3 RO Fl.2
SUPRESSÃO DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. INCORPORAÇÃO.
ALTERAÇÃO LESIVA DO CONTRATO DE TRABALHO
A sentença declarou a nulidade da supressão da gratificação de função e
condenou o reclamado ao pagamento dos valores equivalentes à
gratificação GF/4 desde agosto/2008 até a efetiva incorporação, em
parcelas vencidas e vincendas, com reflexos. Fundamentou que a
percepção da gratificação de função de forma habitual por mais de dez
anos fez com que esse valor passasse a fazer parte do salário do
reclamante. Adotou o entendimento da Súmula 372 do TST.
O reclamado não se conforma. Sustenta o uso de critérios subjetivos do
administrador para o preenchimento dos cargos de confiança ou funções
de chefia, sendo a sua ocupação precária por natureza. Salienta que a
reversão do ocupante ao cargo anterior não é considerada alteração
lesiva, a teor da art. 468 da CLT. Afirma ter o autor recebido a gratificação
de função sempre que desempenhou cargo de confiança. Argumenta
inexistir direito à incorporação do valor dessa verba no caso de ocorrer a
suspensão do seu pagamento. Invoca ofensa ao princípio da legalidade
disposto no art. 37 da Constituição Federal. Transcreve jurisprudência a
respeito.
Analisa-se. Há prova nos autos de que o reclamante percebeu função
gratificada por período superior a 10 anos. A certidão da fl. 09 demonstra
que o SANEP – Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas reconhece
o recebimento da FG/4 a partir de 01-02-97 até 08-4-97 e de 11-11-97 a
31-7-08, períodos em que exerceu a função de chefe do setor de
vigilância. A reclamada não impugnou esse documento quando da sua
contestação.
Por longo interregno – mais de dez anos - e em contraprestação ao
serviço prestado em cargo de confiança, o reclamante recebeu a “FG”, o
que ao certo lhe garantira, como é natural, uma estabilidade financeira e
determinado padrão de vida, incorporando-se, pois, ao seu patrimônio
jurídico. À evidência, a verba recebida por tão longos anos proporcionou
patamar mais elevado de ganhos, de acordo com os quais, por certo,

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organizou sua vida para fazer frente a compromissos ordinários.
A reclamada, de resto, em ônus que lhe incumbia, não prova a alegação
de que o reclamante somente recebeu a função gratificada nos meses de
março, abril, novembro e dezembro/1997, conforme contestação à fl. 16
(art. 818 da CLT, c/c inciso II do art. 333 do CPC).
A incontroversa supressão encontra óbice no art. 468 da CLT, por
caracterizar alteração contratual prejudicial ao trabalhador. Ademais, vai
de encontro ao princípio da irredutibilidade salarial, consubstanciado no
artigo 7º, inciso VI, da CF/88. De fato, o item I da Súmula 372 do TST,
cuja redação advém da conversão da Orientação Jurisprudencial nº 45 da
SDI-1/TST (Res. 129/2005), assim estabelece:
Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos
pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo,
revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a
gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade
financeira.

A Súmula em apreço subsidia o intérprete para a busca de solução justa e


por certo não objetiva estabelecer parâmetro inflexível na aplicação do
direito.
De referir que o disposto no parágrafo único do art. 468 da CLT não
socorre a tese da ré na medida em que essa norma celetista dispõe que é
lícita a reversão. Não há disposição que vede a manutenção do
pagamento da gratificação, sobretudo se, como visto, ela se converteu em
parcela paga com permanência. O presente entendimento observa o art.
5º, II, da CF/88, porque amparado no art. 468 da CLT c/c art. 7º, inciso VI,
da CF/88.
Provimento negado.

Ante o exposto,
ACORDAM os Magistrados integrantes da 1ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região:
Por unanimidade, negar provimento ao recurso do
reclamado.

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Intimem-se.
Porto Alegre, 6 de agosto de 2009 (quinta-feira).

José Felipe Ledur


Relator

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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