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SUDÃO:

MAIS UM CASO DE IMPUNIDADE?

Artigo Universitário Escrito por T.M.A.C,


Finalizado Em 05/06/2007.
INTRODUÇÃO

Nas escolas de ensino médio e nos cursos de graduação da área de ciências


sociais é comum se ouvir que a "história é cíclica", e essa idéia é fundamentada em
infindáveis exemplos, como os governantes expansionistas, tal qual Hitler e Napoleão, e
também o apogeu e a queda das potências mundiais, do Império Romano ao Império
Britânico, relacionando aspectos similares em atos, idéias e características de pessoas
envolvidas nos processos e demonstrando que os fatos temporariamente se repetem.
Um destes ciclos é o dos conflitos armados na África, decorrentes da eterna
linha de divisões internas de seus países. Talvez as mais sangrentas guerras civis que
vem ocorrendo de décadas para cá tomaram este continente como palco, e qualquer
leitor de jornais e qualquer cinéfilo conhece as trágicas histórias de Angola, Ruanda e
Serra Leoa, os mais emblemáticos casos, embora não os únicos.
O que muitos não sabem é que neste momento ocorre um evento similar no
maior Estado africano: o Sudão. Dividido entre norte e sul, o país segue instável há
cerca de cinqüenta anos e o que parece ser o maior determinante para um
apaziguamento nacional e desfecho final à disputa seria a exterminação completa de um
dos lados.
E, de acordo com a teoria, os fatos estão se repetindo, ao que tudo aponta:
novamente sangue se derrama no "continente abandonado" e novamente ações
ineficientes são usadas para tentar deter a matança.

MUITO MAIS QUE UM FILME DE DRAMA

Imagine uma situação como essa: viaturas e caminhões carregados de homens


armados invadem vilas de pessoas comuns, desarmadas, e simplesmente abrem fogo e
cometem abusos com as mulheres. Esse cenário remete a várias passagens do famoso
filme Hotel Ruanda, dirigido por Terry George, que conta a história verídica do gerente
de hotel que conseguiu salvar a vida de mais de mil pessoas oferecendo abrigo nos
apartamentos disponíveis, no contexto do genocídio dos tutsis pelos hutus no ano de
1994. Além disso, a obra ainda denuncia as atitudes da ONU, que nada fez além de
ordenar tropas para remover os estrangeiros do país e abandonar toda uma nação à
própria sorte, se corroendo por toda a guerra civil.
Tal qual o filme descrito, a situação sudanesa está tão trágica quanto real e
ocorre mais ou menos da mesma forma e com intensidade equivalente ao caso de
Ruanda, desde a sua constituição como nação soberana, porém agravada recentemente
com o reacendimento dos conflitos. Há meio século as disputas vêm destruindo o
décimo país mais extenso do mundo e contrapõem um governo muçulmano, apoiado
por milícias janjaweed da tribo árabe baggara, situados na parte norte, a guerrilheiros
compostos de nativos e tribos originais, como o Exército de Libertação Sudanesa e o
Movimento de Justiça e Igualdade, atuantes no sul e sediados no estado de Darfur.
Desde 1956, ano da independência nacional, a situação vem seguindo
inconstante. Na ocasião foi introduzida a Sharia, lei islâmica que prevê determinadas
restrições e punições por mutilação e enforcamento em casos de crime e contravenções
e que forçou a fuga de um número indefinido de pessoas não-muçulmanas para campos
de refugiados para países vizinhos, principalmente o Chade, que inclusive está com as
relações diplomáticas rompidas com o governo sudanês.
O ESTOURO DA BOMBA

Em 2003 algumas tribos africanas da parte sul do país, sob a liderança do ex-
governador do estado de Darfur Ahmed Diraige, se rebelaram com a atuação ineficiente
e tendenciosa do governo federal, fazendo exigências sobre os serviços públicos e
liberdade aos não-muçulmanos. A reação do presidente Omar el Bechir (embora nada
tenha sido declarado), foi a violência contra os rebeldes, dizimando não somente
pessoas envolvidas com os grupos armados como também milhares de inocentes
(mesmo muçulmanos), destruindo cidades e vilas inteiras e criando estatísticas
absurdas, como os mais de 250 mil mortos e 2,5 milhões de desabrigados, além da
própria situação precária das concentrações de refugiados que estão protegidos por
apenas 7 mil homens despreparados da União Africana e carentes de provisões e
medicamentos desde o início da guerra, segundo notícia do UOL e um artigo no
Wikipédia.
Se por um lado a ONU considera a situação sudanesa a maior tragédia humana
em curso, por outro se inocenta da questão ao alegar que sua atitude mais eficaz de
auxílio foi prestada com esmero, que foi o envio de guardas da União Africana para os
campos de refugiados. Em contrapartida, a instituição delegada denunciou a
incapacidade de seus soldados na defesa dos inocentes contra os ataques do exército e
dos janjaweed, e torna o diálogo uma troca de culpas e nenhuma solução.
A matança desenfreada fez com que o Conselho de Segurança aprovasse o envio
de uma nova força de paz composta de vinte mil homens para substituir os sete mil
guardas africanos, porém a resolução foi vetada pelo presidente el Bechir e uma nova
ofensiva em Darfur foi realizada como resposta. O combate prosseguiu até que as partes
beligerantes resolvessem negociar, e em janeiro de 2005 um acordo de paz foi selado,
mesmo com nenhuma ação efetivada por parte do Conselho de Segurança, segundo o
jornal online Último Segundo.

A VISÃO DE UMA ESPECIALISTA

Samantha Powers, jornalista e professora de Política Externa Americana e


Direitos Humanos em Harvard, é uma das maiores autoridades do assunto segundo a
revista Super Interessante, tendo sido agraciada com o Pulitzer pela sua obra Genocídio
e é também testemunha viva das atrocidades cometidas em Darfur. Trata a questão
como uma high politic e cobra esforços da ONU para evitar mais mortes e destruição no
Sudão, mesmo que lá haja a "paz armada".
Segundo ela, o maior empecilho para a resolução definitiva da questão por meio
da diplomacia é a falta de comunicação e acordos, como a troca de acusações entre a
União Africana e as Nações Unidas sobre a participação insatisfatória de uma ou de
outra e também dos principais países da comunidade internacional, visto que os
estadunidenses já estão em campanha no Iraque e os europeus nada fazem em apoio às
vítimas, e por isso propõe que os poderes médios – dentre eles o Brasil – tomem alguma
iniciativa a respeito.
No que se refere a medidas para conter os efeitos dos ataques de um lado ou de
outro sobre os inocentes, ela acredita que o simples fortalecimento em contingente e o
reequipamento adequado dos soldados da União Africana presentes nos campos de
refugiados seria suficiente para garantir mais segurança. Além disso, vê a questão
sudanesa com caráter de urgência, pois o desprezo por aquele território pode abrir
espaço para que se transforme em uma base terrorista, similar ao caso do Afeganistão.
FUTURO INCERTO

Embora tenha sido assinado o tratado de paz, as atividades militares e


paramilitares continuam e dados sobre conflitos posteriores ao acordo já foram
levantados. Cargueiros disfarçados com emblemas da ONU continuam levando armas
para as milícias e tropas do governo em Darfur e bombardeios a aldeias também já
foram notificados. Há membros de ambos os lados procurados por crimes de guerra, e o
conceito de "Direitos Humanos" pode ser dado como completamente esquecido no país.
O que restará de Darfur e do Sudão é uma incógnita.
Tudo indica que a trégua se romperá, se já não foi rompida, a guerra prosseguirá
e a ONU continuará incompetente no país, em parte por descaso e em parte pela
negação de Cartum e do Sul à colaboração com a entidade. Com isso, a situação dos
refugiados tende a se agravar e a ignorância voltar a tomar conta de Darfur.
Questões como essa abalam a reputação e a credibilidade das Nações Unidas e
das potências que tutelam a instituição. Neste momento, é de caráter urgente uma
análise mais profunda e ações concretas. É necessária também uma disposição mais
prática dos estrangeiros para auxiliar as vítimas e ao país no intuito de se encontrar uma
solução definitiva. E um fato interessante que chacoalha a questão ainda mais é a
manifestação do presidente estadunidense George Bush a respeito da guerra no Sudão.
Segundo divulgado também pelo UOL, 31 empresas sudanesas estão proibidas de
operar no sistema financeiro dos EUA e novas sanções estão sendo preparadas para o
caso. Não se sabe, entretanto, se essa medida poderá de fato mudar o curso do conflito e
fazê-lo caminhar em direção à paz.
O maior temor é que o histórico ciclo se feche da mesma forma como em
Ruanda. A situação é instável, e as únicas atitudes a respeito ou falharam ou não
apresentaram resultados reais ainda. Não se chegou à conclusão do melhor a ser feito a
respeito, e enquanto isso a violência impera no Sudão. O destino do país é de fato
bastante duvidoso, e só se pode ter certeza é que não está escrito em nenhum roteiro de
um longa metragem.

BIBLIOGRAFIA E FONTES:

POWERS, Samantha. Retirado de entrevista concedida à revista


Superinteressante, edição de outubro de 2005 (Nº 218), págs. 26 e 27.

WIKIPÉDIA, artigo sobre Conflito de Darfur.


(Palavra Chave: Conflito de Darfur ; Categorias: Genocídios / Guerra Civil / Sudão).

UOL, de notícia de 16:50 do dia 25/05/2007

JORNAL ÚLTIMO SEGUNDO, de notícia de 20/04/2007 às 20:29

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