SUGESTÕES DIDÁTICAS
1. LITERATURA DE CORDEL: • Este gênero só existe no Brasil?
© Panda Books
A POESIA NARRATIVA POPULAR
Para aproveitar a leitura do livro, nada melhor que mer-
gulhar no seu universo: a cultura popular. Não por acaso,
foi escolhida a literatura de cordel – um gênero literário
Elaborado por Magda Moreira Melo e Manuela Prado
visceralmente popular – para comentar as imagens. Tra-
balhar com O Brasil das placas é uma boa oportunidade
para proporcionar maior contato com esse tipo de texto.
Uma maneira simples e interessante de promover esse
contato é propor uma pesquisa sobre a literatura de cor-
del em livros, revistas, sites etc. Além das informações,
os alunos devem buscar outros textos desse gênero para
serem compartilhados em classe. Para orientar a busca de
dados, o professor pode sugerir, a título de roteiro, todas
ou algumas das seguintes perguntas:
• Por que a literatura de cordel tem este nome?
• Quais são os temas abordados?
• Quais são as características formais do texto (métrica,
número de versos por estrofe etc)?
• Como o cordel é apresentado ao público?
• Quais são os principais autores deste gênero?
Depois de feita a pesquisa, é importante socializar as in-
formações encontradas e garantir que todos conheçam
as características principais do cordel. Em seguida, o pro-
fessor pode reunir os alunos em pequenos grupos para
que compartilhem os exemplos de textos encontrados
e troquem impressões sobre este estilo. Para concluir a
atividade, o professor ou alguns alunos que já tenham fa-
miliaridade com a literatura de cordel podem ler em voz
alta alguns trechos para que os demais colegas entrem
em contato com a sua sonoridade.

 100 / 101 105

2. ERRO, ACERTO E ADEQUAÇÃO: • Houve erro ortográfico intencional em alguma das duas
GRAMÁTICA X LINGÜÍSTICA situações (imagem de placa e estrofe)?
Existe palavra “certa” ou “errada”? Hoje em dia, cada vez • Se houve, qual era a intenção de seu autor?
mais se evitam esses termos. Assim como não se vai “fazer • Que efeito esse erro provoca no leitor do texto?
compras num shopping center de maiô”, como exemplifica A idéia é fazer com que o aluno perceba que, nesse con-
o sociolingüista Marcos Bagno, é preciso saber escolher as texto, a ortografia que se afasta da norma padrão é ade-
palavras adequadas para cada situação comunicativa. quada, já que a intenção do repentista era a de brincar
É importante mostrar aos alunos que cada modo de uti- com o erro da placa para produzir humor.
lizar a língua precisa ser compreendido em seu contexto Depois dessa discussão, pode ser interessante propor que
social. No caso de grande parte das imagens de O Brasil os alunos produzam uma estrofe nos moldes das que apa-
das placas, com letras trocadas ou não, o que mais impor- recem no livro, comentando placas como a do “Barsil” da
ta é transmitir a mensagem desejada. página 141 ou como a do “calvão e bujão” da página 44.
Para trabalhar com os alunos a noção de adequação
lingüís­tica, o professor pode destacar o conteúdo das pá-
ginas 100/101 e 105. Pode-se chamar a atenção para o
fato de que imagens de placas contêm palavras grafadas
de forma diferente da convencional e que algumas são re-
produzidas exatamente assim nas estrofes de cordel que
as acompanham. Neste caso, o professor pode propor aos
alunos que observem as estrofes e identifiquem grafias
fora da norma ortográfica. Em seguida, podem ser pro-
105 105
postas as seguintes questões:


3. LEITURA DE IMAGENS:
O SIGNIFICADO DA MENSAGEM
O ensino da leitura na escola muitas vezes fica restrito
à modalidade escrita. Pouco se trabalha com a leitura de
imagens, embora o mundo esteja cada vez mais cheio de-
las. Cabe à escola fornecer elementos para que os alunos
possam ler e interpretar imagens. O Brasil das placas
apresenta farto e interessante material para se trabalhar
com essa modalidade de leitura. Para realizar esse traba-
lho, o professor pode, inicialmente, apresentar apenas a
mensagem escrita contida em uma das placas. (Por exem-
plo, na página 109: “Procura-se o animal que deixou essas
pegadas”.) Feita essa apresentação, o professor deve fazer
os alunos refletirem sobre duas questões:
• Qual o sentido da mensagem?
• Em que situações mensagens como esta costuma
aparecer?
109
Após essa reflexão, os alunos desenharão um possível con-
texto para essa mensagem. Feito o desenho, o professor
mostra aos alunos a imagem do livro para deixar claro que
a composição da imagem ajuda a construir o significado da
mensagem. (No caso, o “animal” é o homem e as “pegadas”
são os detritos com os quais ele tem poluído a natureza.)
Para garantir que o aluno entenda essa relação entre o tex-
to e a imagem, podem ajudar estas questões para reflexão:
• O sentido da mensagem do livro é o mesmo do desenho
que você realizou?
• Caso não seja o mesmo, explique qual sentido pode ser
atribuído à imagem da placa.
• Quais elementos da fotografia permitiram que você
identificasse esse novo sentido?
Além do exemplo citado, a atividade também pode
ser realizada com as imagens das páginas 10/11, 46/47,
88/89, e 120/121.
10 / 11 46 / 47
120 / 121 88 / 89

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62
4. AMBIGÜIDADE:
AS VÁRIAS INTERPRETAÇÕES
Muitas das placas retratadas no livro apresentam textos
que, acidentalmente ou não, permitem mais de uma lei-
tura. E, em geral, o comentário em cordel não deixa esse
aspecto passar em branco. Identificar a ambigüidade de
textos concisos como os retratados em O Brasil das pla-
cas pode ser um exercício interessante para que os alunos
fiquem atentos a esse aspecto nos seus próprios textos.
O professor pode explorar um dos casos do livro como
exemplo (pode ser o das páginas 56/57), depois dividir a
turma em pequenos grupos e distribuir para cada um duas
imagens do livro.
Sugestões: imagens das páginas 14/15; 21; 28; 50/51; 62;
118/119.
Roteiro de perguntas para orientar os alunos:
• Quais são os diferentes significados possíveis deste texto?
14 / 15 50 / 51
28 21
• O que gera ambigüidade na mensagem?
Em seguida, cada grupo apresenta à classe a imagem em
questão e suas descobertas.
5. EXPOSIÇÃO FINAL:
O FOTÓGRAFO E O CORDELISTA
Para finalizar o trabalho realizado com o livro, o professor
poderá organizar com os alunos uma intervenção no espa-
ço escolar. Nessa atividade os alunos passarão de leitores
a produtores de imagens e textos de cordel. Utilizando os
recursos explorados no livro O Brasil das Placas e já tra-
balhados em sala, os alunos poderão construir, por meio de
colagens de figuras de revistas ou produzindo suas próprias
fotos, imagens semelhantes às do livro. Para cada imagem,
deverá ser criado um texto seguindo o estilo do cordel. Es-
ses trabalhos terão o formato de um cartaz e serão expos-
tos como se fossem placas espalhadas pela escola.