VITTORIO MESSORI
PREFÁCIO
Agora bem, é necessário que nos demos conta de uma vez-diz, entre
outras coisas, Vittorio Messori nestas páginas-do amontoado de opiniões
arbitrárias, deformações substanciais e autênticas mentiras que gravitam
sobretudo ao que historicamente concerne à Igreja. Encontramo-nos
literalmente sitiados pela malícia e o engano: os católicos em sua maioria
não reparam nisso, ou não querem fazê-lo.
1. Sentimentos de culpa
2. Lenda negra I
Lenda negra que, como ocorre pontualmente com tudo o que não está
de moda no mundo leigo é descoberta agora com avidez por padres, frades
e católicos adultos em geral, quem, ao protestar com tons virulentos contra
as celebrações pelo Quinto Centenário do Descobrimento ignoram que,
com alguns séculos de atraso, erigem-se em seguidores de uma afortunada
campanha dos serviços de propaganda britânicos e holandeses.
3. Lenda negra II
5. Lenda negra 4
Por outra parte, reflete-se muito pouco sobre o fato de que este furioso
contestatário não só não foi neutralizado, mas também se fez amigo íntimo
do imperador Carlos V, e que este lhe outorgou o título oficial de protetor
general de todos os índios, e foi convidado a apresentar projetos que, uma
vez discutidos e aprovados apesar das fortes pressões em contra,
converteram-se em lei nas Américas espanholas.
6. Lenda negra 5
Para lhe outorgar maior autoridade a seu protegido que difama a seus
súditos e funcionários, o imperador Carlos V manda que o ordenem bispo.
Por efeito das denúncias do dominicano e de outros religiosos, na
Universidade da Salamanca se cria uma escola de juristas que elaborará o
direito internacional moderno, sobre a base fundamental da “igualdade
natural de todos os povos” e da ajuda recíproca entre o povo.
7. Lenda negra 6
8. Lenda negra 7
9. A morte de um inquisidor
10. Inquisidores
Em um artigo de fundo de Indro Montanelli lemos: “A do bode
expiatório era a técnica utilizada pela Inquisição nos séculos obscurantistas,
quando ao povo exasperado por alguma peste ou carestia lhe indicava
alguma bruxa ou algum curandeiro, ou presumido culpado de estender a
peste, para que sobre eles desafogasse sua raiva enviando-os à fogueira.”
Como se vê, neste caso a verdade histórica tampouco conta para nada
quando se trata de difamar o presente ou o passado católicos.
Acredito que têm razão quem, desde seu ponto de vista, deseja que
por decreto ministerial se elimine a novela Os noivos dos programas de
estudo.
Surpreende que esse patriota que foi Manzoni, até a risco de ser
excomungado, membro do primeiro Senado da Itália unida, não tenha
compreendido este papel histórico de um grande país, condenado
obstinadamente com a expressão convertida em canônica, o desgoverno
espanhol.
12. Os iberos
Em uma palavra, Espanha parece ter na história um papel (ao que nos
referimos já) oposto ao que desempenhou a Alemanha; nesta última existiu
a tentação constante da revolta contra Roma; na primeira, uma tendência de
mais de dois mil anos de servir a Roma com fidelidade, já fora que em
Roma reinassem césares ou papas.
Não se trata mais que de umas idéias para uma reflexão futura que
julgue com serenidade uma azeda polêmica que tem quase meio século,
contra uma Igreja que teria favorecido a um presumido “Anticristo”, sobre
o que o historiador inglês contemporâneo Paul Johnson, de estrita
tendência democrata-liberal, escreve: “Franco sempre esteve decidido a
manter-se à margem da guerra, que considerava uma terrível calamidade e,
sobretudo, uma guerra que para ele, católico convencido, representava a
fonte de todos os males do século, ao ser conduzida por Hitler e Stalin. Em
setembro de 1939, declarou a absoluta neutralidade da Espanha e
aconselhou a Mussolini que fizesse o mesmo. Em 23 de outubro de 1940,
quando se reuniu com o Hitler em Hendaya, recebeu-o com frieza, por não
dizer com desprezo. Falaram até as duas da madrugada e não ficaram de
acordo em nada.”
Mas, como dizíamos, são coisas que já deveria saber qualquer que
tenha um pouco de conhecimento da história desses países (embora
pareciam ignorá-lo os polemistas que começaram a gritar à vista de 1992).
Mais sobre o ouro; mas não negro: amarelo. Encontrá-lo era o sonho
supremo de Cristóvão Colombo e de seus patrocinadores, Fernando e
Isabel, os “Reis Católicos”. Gente de fé sincera, verdadeiros crentes além
das debilidades humanas - em Jesus, o pobre por antonomásia. Então por
que este afã? Os historiadores não nos dizem isso. Em seu misticismo,
Colombo (para quem se falou inclusive de um processo de beatificação)
não estava motivado absolutamente por razões comerciais, mas religiosas:
não só queria levar o Evangelho a outros povos, mas também também
encontrar nas Índias ocidentais o ouro para financiar uma nova grande
cruzada, que levaria aos espanhóis a cruzar o estreito de Gibraltar,
invadindo o África muçulmana, e de ali avançar para Jerusalém, para
reconquistar o Sepulcro perdido trezentos anos antes.
É um adeus pronunciado já, por outra parte, por muitas pessoas que
vivem em um contexto socioeconômico completamente diferente: na
Holanda, por exemplo.
1 7. Cristeros
“Eu, por minha parte, não me aproveitei de nada disso; nem escrevo
isto para que se faça assim comigo; porque melhor me fora morrer antes
que ninguém me prive desta minha glória.” Isto diz o apóstolo na Primeira
Carta aos Coríntios (1 Cor. 9, 15): portanto, se alguém puder legitimamente
reconhecer-se a si mesmo algum “direito”, renunciar a este será uma
“glória”. Em 1910, voltando a afirmar a doutrina católica, S.Pio X escrevia
em uma carta aos bispos da França: “ preguem arduamente suas obrigações
tanto aos potentes como aos fracos. A questão social estará mais perto de
sua solução quando uns e outros, menos exigentes em seus direitos
respectivos, cumpram seus deveres com maior precisão. “
Por outra parte, para dar complemento à doutrina cristã, não terá que
esquecer (ao contrário, sse terá que ter sempre presente) que os deveres do
homem têm um enfoque preciso: e é que ao homem - a cada homem,
qualquer que seja seu sexo, raça e condição social-lhe reconhece um direito
fundamental. É o direito a reconhecer-se filho de Deus, criado e salvo por
ele, por amor gratuito; o direito inaudito de chamar Deus não só “pai”, mas
também inclusive “papaizinho”, abba. Isto muda tudo, radicalmente. Tal
como se observou: “trata-se de direitos do homem que se terá que respeitar,
porque todos os homens são filhos de Deus, meus irmãos, antes que
direitos do homem por reivindicar.”
Mas também existe uma justiça para o passado, para os que viveram
antes de nós: uma justiça que nem sequer os crentes respeitam de todo.
23. La Vendée
24. Vinganças
25. Os regicidas
26. Vandalismo
Mas sem esquecer nunca que a decisão de estar no bando que parece
“justo” em um momento dado não sempre se apóia no oportunismo, ou no
desejo de ser aceitos, arrebatar um pouco de aplausos, livrar-se dos perigos
e a solidão de quem vai a contra a corrente.