do Brasil
Vitor Augusto Ahagon.*
Jean Baudrillard
“(…) o poder não se dá, não se troca nem se retoma, mas se exerce, só existe
em ação, como também da afirmação que o poder não é principalmente
manutenção e reprodução das relações econômicas, mas acima de tudo uma
relação de força. Questão: se o poder se exerce, o que é exercício, em que
consiste, qual é sua mecânica?”[1]
Apesar do historiador Carlos Fico colocar o SNI em uma posição que não
subordinava os órgãos de repressão – sendo que este ultimo possuía uma
forma organizacional própria subsidiada pelo apoio da dita “linha dura” dos
militares – as instancias das quais os órgãos de repressão se pautavam eram
pelas informações colhidas, ou mesmo produzidas, pelo SNI, por exemplo,
proporcionando um exercício de poder predecessor à ação da repressão.
Poder esse que será dissolvido pela sociedade civil em três
esferas.
A primeira consiste em incluir a sociedade civil na organização do sistema de
informações como foi o caso da Escola Nacional de Informações (EsNI), pois
se “planejava a transformação paulatina do SNI numa agência de civis, como a
norte-americana CIA” sendo que a “escola fora criada pelo governo Médici,
com base na experiência de um grupo de aproximadamente doze oficiais que
estiveram no exterior, por um mês, estudando os serviços de informações de
alguns países, como Estados Unidos, Alemanha, Israel, França e Inglaterra” e
“cerca de 120 pessoas, por ano, eram formadas pela EsNI e aproximadamente
90 eram civis”[5], ou seja, 75% das pessoas que se formaram na EsNI eram
civis e assim foram formatadas de acordo com os dogmas, disciplinas e
crenças do regime militar.
Contudo, para funcionar como um projeto social, tal experiência deve ser
transposta para a sociedade civil. E existe uma forma dessa materialização
funcionar. O Estado Burocrático transfere sua experiência para a sociedade
civil por meio do discurso da organização (como já afirmou Chauí em O
discurso competente).