RELATÓRIO.
O impetrante aduziu que sobre os seus vencimentos estariam sendo descontados, ilegalmente,
valores discriminados como “limite constitucional”, com fundamento na Lei Estadual nº 9.003/2004.
Aduziu que possui direito liquido e certo à percepção do valor que vem sendo descontado,
porquanto teria incorporado aos seus vencimentos algumas vantagens pessoais, antes da edição da Emenda
Constitucional Federal de nº 41/2003, de acordo com o regime jurídico preconizado pela Emenda
Constitucional Federal nº 19/1998 e Emenda Constitucional Estadual nº 07/1999, que previam como limite o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça e não o subsídio dos Secretários de Estado.
O Estado da Bahia, na qualidade de litisconsorte necessário, apresentou suas razões à fl. 35.
O Secretário da Administração, prestou informações à fl. 40 e ss. e, o Secretário da Fazenda, à fl. 46 e ss.. Em
suas razões, as autoridades apontadas como coatoras e o litisconsorte necessário aduziram que o subsídio do
impetrante tem como limite aquele fixado para o Governador do Estado, uma vez que o impetrante é
aposentou-se no exercício de cargo da Policia Militar, vinculado ao Poder Executivo Estadual, a teor do que
preconiza o inc. XI do art. 37 da CF. Finalmente, pugnaram pela denegação da segurança.
O Ilustre Procurador de Justiça, Doutor Ademário Rodrigues, emitiu parecer à fl. 56, emitiu
parecer no sentido de ser concedida a segurança definitiva.
Salvador, de de 2007.
ACÓRDÃO.
Ao exame dos autos, verifica-se que os argumentos do impetrante não merecem amparo.
Isto porque, a ação constitucional de mandado de segurança exige prova pré-constituída, vale
dizer, documental, produzida no momento da apresentação da petição inicial pelo impetrante, salvo na
hipótese de os documentos evocados pelo impetrante estiverem em repartição ou estabelecimento público, ou
em poder da autoridade apontada como coatora, a teor do quanto previsto no art. 6º caput e seu parágrafo
único da Lei Federal nº 1.533/51.
Além disso, de se exigir prova pré-constituída e, que seja produzida no momento oportuno,
exige-se que tal prova efetivamente demonstre: a) a certeza do direito; b) a liquidez do direito; c) o ato da
autoridade coatora; e) a ilegalidade de tal ato decorrente de ameaça ou de violação ao direito líquido e certo.
Nos autos em análise, o impetrante alegou que o seu direito líquido e certo foi adquirido por
ter preenchido os requisitos necessários à aquisição de vantagens pessoais antes do advento da Emenda
Constitucional Federal nº 41/2003.
Em outras palavras, não existem nos autos quaisquer documentos que evidenciem a data em
que o impetrante adquiriu as vantagens pessoais, para os fins de verificação do regime jurídico vigente à
época da aquisição e a posterior alteração do regime jurídico que deu causa ao desconto contra o qual o
impetrante se insurge. Não há documentos que indiquem ter o impetrante preenchido os requisitos para a
aquisição de vantagens pessoais segundo as normas vigentes ao tempo da Emenda Constitucional Federal nº
19 e da Emenda Constitucional Estadual nº 07, para fins de verificação se a aplicação das normas posteriores
causaram ou não ameaça ou lesão aos seus direitos.
Assim, nos autos em análise, tem-se que o impetrante não demonstrou documentalmente a
certeza nem a liquidez do seu direito.
Além disso, mesmo que a causa tivesse de ser decidida no mérito, ainda assim os argumentos
do impetrante não mereceriam acolhida. Isto porque, como já decidido pelo Eminente Desembargador Paulo
Furtado, em voto proferido em julgamento da Apelação Cível nº 11181-8/2006:
Observa-se, portanto, que os servidores públicos, ativos ou inativos, não têm direito
adquirido a regime jurídico.
Desta maneira, pelas razões expostas, o voto é no sentido de indeferir a petição inicial por
falta de requisito essencial, conforme previsão do art. 8º c/c o art. 6º da Lei Federal nº 1.533/51.
Publique-se.
Presidente.
Relator.
Procurador de Justiça.