Ano2- Edição n. 7
Os Dois Mundos
Evangelizar – A Arte de Educar
Imaginemos um grupo de homens que vivem
Apelo da Criança numa caverna desde que nasceram. Estão acorrentados uns
aos outros e o ferrolho que os prende só permite que olhem
Chego ao mundo todos os dias, em busca de para a frente. Vivem sentados no chão da caverna, com os
refazimento e evolução. olhos dirigidos para um paredão que se ergue em frente a
eles, a uma certa distância. Atrás deles, uma pequena fo-
Carrego na alma chagas do passado, amortizadas
gueira projeta uma fraca luminosidade no interior da caver-
pela esperança do recomeço, esquecidas no en-
na. Projetando-se acima da fogueira, uma rampa em aclive
voltório de um novo corpo. Entretanto, quando
que leva à saída da caverna. Pela abertura ali existente, du-
mais conto com a tua ajuda, para me erguer à al-
rante o dia, penetra a luz do sol. Ao longo dessa abertura, há
tura da tarefa que trago, da prova que planejei ou
uma rocha de aproximadamente 1,5m de altura e, por trás
da missão a mim outorgada, eis que te vejo de
dela, passam diariamente homens, alguns carregando objetos
mãos vazias para me amparar!
aos ombros, outros não. Os objetos são dos mais variados
Quantas vezes me deixas na companhia das formatos: redondos, quadrados, ovais etc. Alguns homens
ruas, me abandonas à míngua de tudo, sem que eu falam enquanto passam por ali, outros o fazem em absoluto
tenha boca para pedir socorro, sem que eu tenha silêncio.
mãos para buscar sustento, sem que eu tenha o
Enquanto esses homens passam, sombras são
espírito preparado para poder vencer a mim mes-
projetadas no paredão, ao fundo da caverna, retratando os
ma...
objetos transportados e parte do corpo dos homens, tais
Quantas outras, me empanturras de fantasias quais a cabeça, o pescoço, os ombros, os braços e as mãos.
malsãs, de ambições perniciosas, criando-me em Alguns sons são ouvidos igualmente, quando aqueles ho-
castelos de egoísmo e indiferença, em completo mens passam pronunciando palavras. Para os prisioneiros
menosprezo pelo solo da minha alma. da caverna, essas sombras-imagens e esses sons difusos são
Pobre ou rica, tenho sofrido a violência deter- a única realidade conhecida.
minada pela lei do mais forte: pune-me antes que Um dia, um daqueles homens liberta-se dos
eu tenha plena consciência do que seja culpa; seus grilhões, levanta-se do chão e começa a olhar em seu
moldam-me à força do chinelo e da coação, como derredor. Vê agora o que os outros não podem ver, observa a
se a educação de que necessito fosse mera do- fogueira e a rampa atrás deles. Começa a subi-la em direção
mesticação ... à saída da caverna. Quando chega ali, não suporta a clarida-
Pobre ou rica, tenho sido explorada em minha de e, instintivamente, leva o braço adiante dos olhos. Pouco
inocência de espírito adormecido em tua maturi- a pouco, vai baixando-o e abrindo os olhos. Maravilha-se
dade, e sou desde cedo convocada à mentira, des- com o que vê fora da caverna, o sol, as árvores, as flores, a
de cedo instigada à sensualidade sem propósito, água, os animais, os homens e seus objetos. Fica encantado
desde cedo acometida pelas doenças sociais de e dá-se conta de que existe uma outra realidade, além da ca-
todas as camadas ... verna. Alegra-se, rejubila-se e então lembra-se dos compa-
E, no entanto, caro adulto, que pensas do futu- nheiros que ficaram lá dentro. Logo, volta para contar-lhes
ro, se não voltas teu olhar benevolente para mim, o que viu. Mas, não acreditam nele; acham que enlouque-
a criança? Que mundo transformado pretendes, se ceu, porque para eles a única coisa que sempre existiu foi a
não te lanças com todo o arrojo de tua alma à mi- caverna e suas sombras.
nha educação? Pois bem, trata-se aqui do célebre Mito da
Somos tantas neste planeta em transição! Esta- Caverna de Platão, retratado na obra A República, cap.VII,
mos vindo em massa, em busca de uma oportuni- uma das mais extraordinárias expressões da teoria do conhe-
dade de ascensão, demandando o privilégio de cimento do filósofo ateniense, legítimo precursor do Cristia-
colaborar contigo na construção de um amanhã nismo, bem como do Espiritismo, juntamente com seu Mes-
mais sorridente! tre Sócrates, no sábio dizer de Allan Kardec. História seme-
lhante podemos encontrar na Introdução da obra Liberta-
Peço-te, não me esqueças – pois sou teu filho, ção, do Espírito André Luiz, que Emmanuel chama “antiga
teu aluno, teu neto; sempre teu irmão, pedindo lenda egípcia do peixinho vermelho”.
apenas a quota de amor e paciência de que preci-
so para me fazer homem de bem e companheiro O que Platão quis dizer com esse mito encan-
do teu ideal! tador? O que ele pode nos ensinar, como estudiosos da Dou-
trina Espírita? Platão participou da plêiade do Espírito da
Meimei
Verdade? É o que veremos no nosso próximo artigo...
Contribuição: Claudia Werdine
Contribuição: Manuel Portásio
Boletim Informativo julho/2006 pág. 3
Palestras e Seminários
15 de julho - das 16:30 às 19:00 - Reunião de Integração e Con-
fraternização do Semestre promovido pela BUSS
Local: Solidarity Spiritist Group - Wandsworth
Informações: bussevents@aol.com