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A Expedição

A expedição Veredas Sertanejas faz parte de um projeto mais amplo


chamado Brasileirantes, organizado pela Apel Gestão de Projetos, que
busca promover um encontro entre empresas e organizações da
sociedade civil em torno do tema da sustentabilidade. A idéia é levar
um grupo de pessoas a lugares e projetos onde as comunidades
desenvolvem uma ação sustentável, que promove o desenvolvimento
local a partir do envolvimento dos diversos setores da sociedade.

Veredas Sertanejas enfoca a região do Vale do Jequitinhonha, uma


área de 85 mil km2 onde vive mais de um milhão de pessoas,
distribuídas em 80 municípios, muitos deles entre os mais pobres do
Brasil. Os baixos indicadores sociais convivem em contraste com uma
rica beleza natural e impressionante diversidade cultural, que mescla
heranças indígenas e negras.

O itinerário inclui uma rápida parada na cidade de Conservatória, a


120 Kms do Rio da Janeiro, para almoçar e visitar o ateliê do premiado
artista plástico Mario Luiz Silva.

No final do primeiro dia chegamos a Barbacena, Sul de Minas, para


conhecer o trabalho realizado pelo Grupo Teatral Ponto de Partida e a
Universidade Livre da Musica Popular Bituca. Em seguida vamos para
Curvelo, já na região central de Minas, para conhecer o trabalho da
Cooperativa Dedo de Gente.

A próxima parada será em Montes Claros para visitar o Centro de


Agricultura Alternativa do Norte de Minas. O roteiro termina em
Araçuaí, em pleno coração do Vale do Jequitinhonha, para conhecer o
Programa Araçuaí Cidade Sustentável.

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Grupo Ponto de Partida - Barbacena
Chegamos à sede do Grupo Teatral Ponto de Partida e descemos do ônibus
embaixo do pórtico que dá acesso a uma fábrica de seda desativada que serve
de sede do grupo teatral. A noite estrelada e uma lua cheia literalmente
preenchiam nossos desacostumados olhos de seres da “cidade grande”.
Cruzamos o pórtico e nos dedicamos a tirar fotografias das lindas construções
que compõem o complexo da extinta fábrica. De repente de trás escutamos
músicas e fomos surpreendidos pelos componentes do grupo teatral que nos
recebiam a caráter, com flores, música e alegria. Eles nos ofereceram um
delicioso jantar de boas vindas, com direito a cachacinha e a mais típica e
deliciosa comida mineira, caldo de feijão, torresmos e pão de queijo quentinho
incluídos. Foi um momento de conhecê-los de maneira mais informal e de nos
preparar para o dia seguinte, quando participaríamos de um ensaio exclusivo do
novo trabalho do Grupo Teatral, chamado “O Círculo do Ouro”.
Sede do Grupo Ponto de Partida

Arte em ferro. Presente do CPCD


Como disse Regina Bertola, Diretora do Grupo, eles estavam “abrindo suas entranhas” para nós,
permitindo-nos acompanhá-los em um momento de particular fragilidade para qualquer artista, quando está
em plena fase de construção do personagem e do espetáculo em geral. Para nós foi uma honra e um
deleite testemunhar este processo criativo; um emoção que tão cedo não esqueceremos.
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Integrantes do Grupo Ponto de Partida

O Grupo começou 29 anos atrás em Barbacena, no sul


de Minas, com uma proposta de gerar uma dramaturgia
inovadora e genuinamente nacional e “mineira”, calcada
na originalidade e na formação continua de seus atores e
equipe técnica.

Isto para uma cidade sem recursos e tradição teatral foi


um desafio e tanto, que contou com o apoio e
colaboração de gente como Milton Nascimento, Fernanda
Montenegro, Sérgio Britto, Paulo Gracindo, Jorge Amado
e Adélia Prado. Sem contar a população de Barbacena,
que prestigia em massa as apresentações do grupo e em
diversas ocasiões se mobilizou para garantir sua
viabilidade financeira.

Nesses anos, o Ponto de Partida já montou mais de 26


espetáculos, viajou por todo o Brasil e por vários países e
diversificou sua atuação, abrindo espaço para um
trabalho permanente com o Centro Popular de Cultura e
Desenvolvimento (CPCD), em Araçuaí, no Vale do
Jequitinhonha, e para a criação da Bituca - Universidade
da Música Popular, que abriga mais de 150 estudantes.
Cerca de211 pessoas recebem formação ou trabalho do
Ponto de Partida e 15 profissionais atuam diretamente
nas produções teatrais.
Universidade Livre de Música Popular Bituca
Um dos projetos mais inovadores do
Ponto de Partida é a Bituca
Universidade da Música Popular que
desde 2004 dá formação musical
profissional gratuita e de altíssima
qualidade a crianças, jovens e adultos
de diversas regiões de Minas Gerais. Estúdio de Gravações

Atualmente mais de 160 alunos estão


matriculados, com idades variando dos
8 aos 55 anos. Funciona como uma
corporação medieval, na qual os
aprendizes observam e interagem
diretamente com os mestres. Em vez
de instrutores acadêmicos, os alunos
contam com músicos em pleno
exercício profissional como seus
mestres. O sucesso da Bituca pode ser
medido pelo último processo seletivo
que reuniu 2.600 candidatos
disputando as 100 vagas oferecidas.
Café oferecido aos Brasileirantes

Roda de discussão
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CPCD, O Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento - Curvelo
Nosso próximo destino, a cidade de Curvelo, localizada literalmente no coração de Minas
Gerais. Chegamos por volta das nove da noite e fomos direto para o hotel, tomar um banho e
nos preparar para um jantar de boas vindas que seria oferecido pelo pessoal da Cooperativa
Dedo de Gente.

Quando lá chegamos outra surpresa mais do que agradável. Um comitê de recepção nos
aguardava na casa da Dedo de Gente. Uma alameda iluminada por antorchas, as obras
artísticas espalhadas pelo jardim, Vanessa da Mata tocando ao fundo e até a torre iluminada
da Basílica de São Geraldo compunham o cenário de mais uma linda noite.

Em Curvelo nos deparamos com sofisticados doces cristalizados de frutas nativas brasileiras,
licores, objetos de arte em ferro, madeira e cerâmica. Lá também são confeccionados jogos
educacionais, artigos em papel artesanal, tecelagem e crochê. Estes projetos utilizam mais de
2000 tecnologias populares de baixo custo, apropriadas e adaptadas.
Móvel produzido pela Cooperativa Doces Cristalizados

Jovens Cooperadas do Dedo de Gente

Tião Rocha - Educador do CPCD Escultura em ferro que representa a "Roda" sob o pé de manga

Loja da Cooperativa Dedo de Gente


Cooperativa Dedo de Gente - Curvelo
Tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho feito
pelos criativos jovens que desde 1996 investem seu
talento em tecnologias populares de baixo custo e
alta qualidade. São diversas “fabriquetas” e oficinas
de arte que trabalham com madeira, ferro, barro, Entrada da Cooperativa Dedo de Gente

bordados, panos, tintas de terra e frutas do sertão e


do cerrado transformadas em doces, licores e
geléias.

O princípio é o de implantar unidades de criação e


produção auto-geridas de forma coletiva e integrada.
Os próprios jovens participam de todo o processo
que vai da criação à venda dos produtos
desenvolvidos. Como disse, tudo com uma
qualidade e bom gosto impressionantes. Compotas e doces

A loja da Dedo de Gente é uma tentação pela Arte em tecido


qualidade, variedade e bons preços dos produtos
oferecidos.

Primeira peça de grande porte Licores 11


Ser Criança - Curvelo
Já na entrada os barulhos, vozes e risos típicos de crianças
reunidas começou a nos energizar. Tião Rocha, fundador do
CPCD, nos ciceroneava e tentava transmitir em palavras o
que estávamos vendo. Antes de mais nada era flagrante o
brilho nos olhos da criançada e o “empodimento” com que se
aproximavam e conversavam conosco.

Como explicava Tião Rocha, o projeto surgiu para tentar


responder a uma pergunta simples: é possível aprender
brincando? Ou seja, é possível oferecer um tipo de educação
que respeite e valorize a natureza das crianças, suas
necessidades e capacidades? Frente a nós, vendo aquela
criançada com idades variando entre 7 e 14 anos, a resposta
era claramente um sim. Um sim, aliás, que já vem sendo
testado e comprovado há 25 anos.

Vários dos conceitos aplicados são simples na sua


formulação, mas os resultados são realmente
transformadores. Um exemplo é a “pedagogia da roda”, base
do sistema usado pelo CPCD em seus projetos, e que
basicamente consiste em formar diariamente uma roda com
as crianças e educadores para discutir e decidir sobre temas
comuns. Até mesmo uma briga pode ser tema para ser
falado na roda.

Mandioca frita Tropeiro


Brasileirantes almoçando 13
Ser Criança - Araçuaí
Pensávamos que por conhecer o “Ser Criança” de Curvelo, surpresas maiores não seriam possíveis.
Pôr-do-Sol em Araçuaí
Os Brasileirantes foram chegando meio acanhados ao local, recebendo explicações do lugar, observando, admirando...
Pois quando adentramos o salão das rodas, tinha uma roda imensa. Dezenas, talvez centenas de crianças nos olhando ansiosas por nos
conhecer. Integramos a roda e todos foram apresentados, um a um. Formalidades cumpridas, começou a cantoria.
O coro de vozes afinadas entoava as cantigas regionais ritmadas pelos garotos que conduziam a percussão.
Não demorou muito, as músicas pediam que começássemos a dançar com diferentes passos e gestos. Estava formado um caldeirão de
alegria. Como se já não estivesse bom o suficiente, as crianças começaram a tirar fotografias umas das outras e de todos usando nossas
máquinas. Isso fez com que aquele momento tão especial fosse registrado pelos olhos das próprias crianças. Foi muito difícil ir embora.

Cantando e dançando com a peneira

A arte estava por todo lugar

Nosso valente veículo em Araçuaí


Comunidade Olinto Ramalho
Das páginas de um livro de Guimarães Rosa direto para nossos olhos. Estávamos ali, vivendo
uma narração, caminhando pela Caatinga no Vale do Jequitinhonha. A tradicional visão da
região seca e sofrida está por todo lado. Mas tinha mais coisa, tinha muito mais...
Ao conhecer as famílias, as pequenas propriedades e as
tecnologias de ocupação sustentável, pudemos comprovar
que é possível a fixação do homem na terra, não apenas
para sobreviver, mas para transformar o semi-árido em
Vida na Caatinga
fonte de vida digna.
É principalmente desta região que saem os cortadores de
cana que vão para o interior de São Paulo trabalhar em
condições insalubres e viver muitas vezes em situações de
risco na periferia das cidades. Almoço oferecido aos Brasileirantes
Os cortadores de cana, em sua maioria homens, deixam
suas famílias e criam a figura da "viúva de marido vivo",
estas que pudemos conhecer em grande número.
Brasileirante também é aventura!

A comida estava tão boa que deu sono

Bolo de carne de sol

A comida e a cachaça...

Paisagem típica da Caatings Cisterna com as cores da terra 17


Guiados pelo Tião Rocha e pelo responsável local, o Celso, conhecemos o sítio que foi cedido ao CPCD para a
implantação do Núcleo de Permacultura do Vale do Jequitinhonha. O sítio já se tornou uma referência de tecnologias
alternativas na região, utilizando novas práticas de cultivo, coleta e reaproveitamento da água, tudo baseado numa Sítio Maravilha
relação de troca, cuidado e respeito com a terra.
É notória a transformação provocada na caatinga: a horta, a plantação de
bananas, o “viveiro“ de borboletas... Como disse o Celso, “aqui nós não Ibisco

corremos atrás das borboletas; a gente planta flores”.


Um dos seus destaques é o viveiro de mudas com seus canteiros em forma
de “buraco de fechadura”, onde são feitas as mudas utilizadas no sítio e nas
comunidades atendidas pelo projeto Caminho das Águas. O sítio está Brasileirantes no Rio Jequitinhonha

localizado a 28 km de Araçuaí e é banhado pelo rio Jequitinhonha, em cujas


águas, ao final da visita o pessoal se refrescou e recarregou as baterias.
Ao cair da noite, um céu absolutamente estrelado foi testemunha de
depoimentos emocionantes e emocionados de pessoas que passavam a
tomar ciência das mudanças que estavam sofrendo do início da viagem até
aquele momento.
O retorno dos Brasileirantes para Araçuaí foi mais uma vez acolhido com um Palma

jantar tipicamente mineiro regado à excelente cachaça local.

Viveiro de mudas

Sementes de milho Estrutura de bambu coberta com sapé Frutas do sítio


selecionadas
Cinema Meninos de Araçuaí e Fabriqueta de Software
A visita ao cinema foi a prova de que relações do tipo ganha-ganha são
possíveis. Isto porque o cinema é fruto do Projeto Sementinha, que adubado
e regado, se tornou o Projeto Ser Criança, que se associou com o Grupo
Ponto de Partida, o que resultou na Universidade Bituca, que formou os
Meninos de Araçuaí, que gravaram um CD, que vendeu muito bem, que
gerou renda para a construção do Cinema, que torna possível o
desenvolvimento de até agora, pequenos filmes. Então na verdade é uma
relação ganha-ganha-ganha-ganha-gan.... bem, perdemos as contas! Trecho do documentário exibido Projetor

O Grupo do Cinema é a combinação de “um valor no


coração”, com “uma idéia na cabeça e uma câmera na
mão”. Os Meninos do Cinema criam documentos para
preservar a memória de Araçuaí, apoiados pelos
garotos da Fabriqueta de Software, também
envolvidos com desenvolvimento de sites e da criação
da versão digital dos jogos criados pelo Ser Criança.

Documentário Jogo digitalizado

Com direito a pipoca


Jovens cooperadas no Dedo de Gente Fachada do Cinoma
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Frases da Viagem

Fotógrafos: Todos, mas em especial; Samuel Neuman, Carolina Rolim e Filipe Fonoff
Texto: Renato Guimarães, Samuel Neuman, Guilherme Mancim e Filipe Fonoff
Revisão: Carolina Rolim, Samuel Neuman e Renato Guimarães
Diagramação e Editoração: Filipe Fonoff

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