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Vereador Jamil Murad

PCdoB/SP

o S U S
f e s a d
e m d e a u l o
l u t a S ã o P
A d e d e
d a
na ci

São Paulo - SP
Setembro/2009

1
EXPEDIENTE

O livreto “A Luta em Defesa do SUS na cidade de São Paulo” é uma publicação do


Gabinete do Vereador Jamil Murad - PCdoB.

O conteúdo deste impresso foi elaborado pela Comissão de Saúde do Comitê


Municipal de São Paulo do PCdoB

Gabinete do Vereador Jamil Murad


Palácio Anchieta - Viaduto Jacarei , 100 - 5º andar - Gab 517
cep: 01319-900 São Paulo/SP
Tel: (11) 3396 4390 - Fax: (11) 3396 3980
correio eletrônico: jamilmurad@camara.sp.gov.br
www.jamilmurad.com.br
Jornalista Responsável: Railídia carvalho - MTB 1040

2 São Paulo, Setembro de 2009


Sumário

Apresentação.....................................................5

A história da saúde em nossa cidade.....................7

A estrutura da Secretaria Municipal de Saúde e o


controle social....................................................9

Rede de atenção básica.....................................11

Atenção Secundária e Terciária: ampliar o acesso aos


serviços de saúde em todos os níveis de complexi-
dade da atenção e garantir equidade....................13

Regulação da rede de atenção à saúde no Município


de São Paulo: estratégia fundamental para a inte-
gralidade efetiva dos cuidados............................14

Atendimento pré-hospitalar às urgências e


emergências na cidade de São Paulo: critérios de
utilização e resposta da rede hospitalar...............15

Rede hospitalar para urgências e emergências: ne-


cessidade de reorganização e ampliação.............16

Cirurgias Eletivas..............................................18

Desenvolvimento das áreas programáticas de


relevância social e epidemiológica.....................18

Saúde da Mulher...............................................19

Saúde Bucal.....................................................21 3
Saúde Mental...................................................22

Reabilitação.....................................................25

Assistência Farmacêutica...................................26

Controle da gestão da saúde.............................28

Gestão do trabalho............................................29

Políticas Públicas Intersetoriais no combate à Den-


gue...............................................................30

Grandes desafios.............................................31

Conheça a Lei que instituiu o Programa de Divulgação


dos Serviços Relativos à Saúde da Mulher................33

Jamil Murad: Uma trajetória de luta ....................35


Sumário

4
Apresentação

Fortalecer o SUS é lutar pela vida


Com a aprovação da Constituição Federal e a aprovação das
Leis 8080/90 e 8142/90 criou-se o Sistema Único de Saúde
(SUS), um dos resultados históricos das lutas pela redemocratiza-
ção do país. Seu principal feito é inscrever o direito à saúde pú-
blica como direito universal e inalienável de todos os brasileiros,
sendo responsabilidade do Estado nacional garanti-lo.

Fundado nos princípios de universalidade, integralidade e equi-


dade, o SUS é uma política pública completa e de forte caráter
social. Sendo universal, resguarda particularmente as camadas de
menores renda e oportunidade da população, sem, contudo, excluir
nenhum cidadão de seus serviços. A integralidade garante atenção
completa à saúde, tanto na prevenção de males quanto ao trata-
mento curativo e acompanhamento de processo de recuperação.
Por ser equitativo, garante iguais oportunidades de acesso a todos,
independente de posição social ou quaisquer motivos outros.

Pensado para ser profundamente democrático, o “plano de saúde


de todos os brasileiros” ainda é aberto ao controle social através
da participação popular nas Conferências e Conselhos de Saúde e
descentralizado para que possa surtir efeito na ponta, contando com
crescente importância dos municípios em sua estrutura.

Os vinte anos, recém completos, do SUS devem ser motivo de come-


moração, mas também inspiração de luta para os militantes do movi-
mento popular de saúde. Isso porque, por um lado, é uma conquista
garantida pela Carta Magna, mas, por outro, ainda sofre inúmeras
dificuldades para ser implantado em toda a sua plenitude.

Resistência ao desmonte neoliberal

Ainda em seus primeiros anos de vida, o SUS teve que resistir ao


desmonte do Estado imposto pelas políticas neoliberais, o que
impactou em sua implementação. As políticas de ajuste fiscal e
a desresponsabilização do Estado aliadas ao enxugamento da 5
máquina pública sempre afetaram o setor da saúde.
Foi com muita luta do povo que o SUS conseguiu preservar-se das
propostas de adoção de políticas focalistas e de baixo custo apre-
sentadas pelo Banco Mundial e outros organismos internacionais
que buscam difundir as linhas do pensamento neoliberal para todas
as nações. Isso quando a pressão não era mesmo pelo fim da gra-
tuidade do sistema – ainda que ele seja garantido pelos recursos
dos impostos e, portanto, não é “de graça” -, visando deixar a po-
lítica de atenção à saúde puramente à mercê da iniciativa privada.

O SUS resistiu e o esgotamento das políticas neoliberais, ao lado


da tenaz resistência popular, trouxe à baila novas oportunidades
para o país a partir da eleição de novas forças políticas e sociais,
lideradas pelo presidente Lula, para o poder central do país.

No estado de São Paulo, no sentido oposto do que aconteceu


no país, as forças neoliberais continuam na condução política e
completarão, em 2010, dezesseis anos ininterruptos de poder.
À exceção de breves hiatos, a capital paulista também continua
dirigida por forças conservadoras, pouco comprometidas com o
êxito das políticas sociais voltadas às parcelas menos favorecidas
do povo.

Este livreto, fruto do acúmulo e do esforço coletivo da comissão


de saúde do Comitê Municipal de São Paulo do PCdoB e do
nosso mandato de vereador da capital paulista, busca sistema-
tizar o diagnóstico dos problemas do sistema público de saúde
na cidade e apontar caminhos para melhorar essa situação.

Aqui você encontrará o olhar de trabalhadores, gestores e usuários


que são, acima de tudo, defensores do SUS e procuram a partir
da atuação no movimento popular da área, impulsionar a
visão de que a saúde pública, gratuita e de qualidade é
um direito de todos.

Nesses mais de 20 anos, resta-nos comemorar e


lutar pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde:
porque fortalecer o SUS é lutar pela vida!

Jamil Murad
Vereador do PCdoB em São Paulo.

6
A História da Saúde em Nossa Cidade

E
m São Paulo moram mais de 11 milhões de habitantes,
além de milhões de pessoas que residem na Região Metro-
politana que por diferentes motivos vem cotidianamente à
cidade. Além disso, a capital paulista também continua a aco-
lher pessoas que aqui chegam de diferentes regiões do Brasil e
do mundo. Uma cidade desse porte representa um grande desa-
fio para os gestores da saúde que se deparam com um conjunto
de problemas gerados pelas profundas desigualdades sociais.
Em São Paulo mais de 60% da população depende do Sistema
Público de Saúde, portanto o SUS é indispensável, mas aqui o
sistema privado tem força política e econômica. A metrópole
sofreu desmonte de seus equipamentos de saúde, fruto de deci-
sões tomadas por governos que optaram por outras diretrizes e
princípios que não as do Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante a implantação do Plano de Assistência à Saúde (PAS),


no período de 1995 a 2000, quando os equipamentos do setor
foram administrados por Cooperativas, que atendiam aos interes-
ses do setor privado, com isso houve uma dispersão do quadro
de funcionários e a completa desorganização da assistência no
município. Este modelo abandonou a política de saúde definida
na constituição, “fechou o conselho de saúde” e implantou na
cidade um sistema de cooperativas que passaram a gerenciar os
serviços de saúde com autonomia para determinar o modelo de
atenção a ser instituído, desconsiderando critérios epidemiológi-
cos, por exemplo. O modelo fracassou completamente.

O processo de reconstruir o sistema de saúde em São Paulo, a


partir da retomada das diretrizes do SUS, teve início na adminis-
tração de Marta Suplicy. O governo municipal enfrentou a tarefa
bastante difícil e complicada de reestruturar e recompor a saúde
pública na cidade após o fim do PAS.

No balanço final, pode-se dizer que algumas dificuldades foram


superadas e a cidade passou a integrar e a consolidar o SUS,
buscando fortalecer os mecanismos para o efetivo controle so-
cial e implantação do modelo descentralizado de gestão. No 7
entanto, outras dificuldades impediram que o saldo positivo fosse
ainda maior. A criação das autarquias hospitalares diminuiu a auto-
nomia gestora da Secretaria de Saúde sobre seus hospitais. Além
disso, o processo de municipalização foi parcial, pois o governo
estadual manteve sob sua direção os ambulatórios de especiali-
dades e grande parte do atendimento hospitalar de média e alta
complexidade, passando para a gestão da cidade apenas os
serviços de atenção básica, o que dificulta o estabelecimento de
um sistema que garanta equidade, universalidade e integralidade
das ações, assim como a integração plena da rede de saúde que
atende o município. A priorização de investimentos no Programa
de Saúde da Família (PSF) foi insuficiente para o atendimento de
expressiva parcela da população da cidade, a qual dependia do
atendimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) bem como da
rede de média complexidade, ficando assim sem os investimentos
necessários para a efetiva prestação de serviços. Neste contexto
deu-se a disputa eleitoral para a prefeitura, culminando com a
vitória de José Serra que colocou as questões relativas à saúde
como a principal bandeira de campanha, inclusive a partir de
severas críticas à situação desta área no governo Marta Suplicy.
A História da Saúde em Nossa Cidade

Hoje, na cidade de São Paulo, as Secretarias Estadual e Muni-


cipal de Saúde entregaram a gestão dos serviços, para as dife-
rentes Organizações Sociais, reforçando a política de omissão
e ausência do poder público do papel de gestor da política de
saúde, passando essa função para interesses privados que não
se integram. Defendemos que a Secretaria Municipal de Saúde
assuma o comando da gestão e que se restabeleçam os mecanis-
mos que possibilitam a ampla participação social, por meio dos
seus Conselhos Gestores e do Conselho Municipal de Saúde. O
município até pode contar com a participação de parcerias na
execução das ações de saúde, de forma complementar e submeti-
das à direção do poder público, que deve por sua vez, garantir a
transparência na destinação e na utilização dos recursos públicos.

Apontamos, a seguir, alguns focos de atenção que consideramos


fundamentais para o processo de
construção de um sistema que
possibilite um diálogo contínuo e
constante com os cidadãos, no
sentido de superar as dificulda-
des criadas por visões que redu-
zem a abrangência das políticas
públicas ao seu mínimo.
8
A estrutura da Secretaria Municipal
de Saúde e o Controle Social

A
pesar da lei municipal prever o estabelecimento de Co-
ordenadorias Regionais de Saúde em cada uma das 31
subprefeituras, hoje, a Secretaria Municipal de Saúde
mantém apenas (05) cinco Coordenadorias Regionais e suas
respectivas Supervisões Técnicas, de conformação bastante frá-
gil e autonomia restrita para o pleno atendimento das demandas
de populações que, numericamente, superam muitos municípios
do Estado de São Paulo.

9
Essas coordenadorias, que devem ser responsáveis pela imple-
mentação dos programas de saúde nas suas respectivas regiões,
não dispõem dos mecanismos de controle social desenvolvidos,
A estrutura da Secretaria Municipal de Saúde e o Controle Social
pois os conselhos de saúde regionais assim como o Conselho
Municipal, não são respeitados e valorizados pelo poder público.

O plano de ação deve contemplar a descentralização da estru-


tura da Secretaria Municipal de Saúde, de forma a garantir o
papel de coordenação das ações no âmbito das subprefeituras,
definidas de acordo com o diagnóstico e o planejamento local.
Estes devem ser construídos com a ampla participação das repre-
sentações da comunidade, buscando inovar os modelos de ges-
tão buscando a eficiência e que resultem significativos resultados,
sob controle social e democrático.

É fundamental estabelecer as ações prioritárias nas diferentes áre-


as, identificando e superando a fragmentação da rede de servi-
ços municipais. A Secretaria Municipal de Saúde possui hoje um
total de 699 equipamentos de saúde, distribuídos em 411 UBS,
100 AMA’s, 24 ambulatórios de especialidades, 70 serviços de
saúde mental, 20 serviços de saúde bucal, 22 serviços de DST/
AIDS, 5 Centros de Referência à Saúde do Trabalhador, 4 labo-
ratórios, 12 prontos-socorros e 17 hospitais municipais.

10
Rede de Atenção Básica

C
om a escassa transparência das diretrizes políticas atu-
ais, a saúde é administrada através de programas de
ação e eficiência pontual e restrita. Tais ações não res-
pondem às questões de fundo da demanda, privilegiando o
atendimento imediato em detrimento da estruturação de uma
rede básica resolutiva e com referências bem estabelecidas para
as necessidades de intervenções de média e alta complexidade.

Verifica-se a necessidade de ampliação do acesso aos serviços


de saúde, em todos os níveis de complexidade, sendo a aten-
ção básica e as UBS’s a porta de entrada para o sistema na
cidade. O atual modelo de assistência ambulatorial, o AMA,
atende as queixas mais imediatas da população, de problemas
que demandam pronto atendimento. No entanto, estes serviços
não têm garantido o acompanhamento adequado para aqueles
que necessitam de continuidade no tratamento e efetiva solução
do problema de saúde. Não menosprezamos a importância de
serviços que possam atender ao paciente e curá-lo da dor ime-
diata, mas é importante vincular estes serviços à Unidade Básica
de Saúde ou quando necessário, a um atendimento de maior
complexidade, para garantir a integralidade do atendimento.

11
Para absorver a população atendida nestas unidades, a rede bá-
sica deve estar estruturada com as melhores condições para assegu-
rar a integralidade e a universalidade da assistência. Para isso, há a
necessidade de investimentos em recursos humanos e tecnológicos,
em especial, nas UBS, que foram relegadas a segundo plano.

Existem ainda regiões na cidade com grandes lacunas. Além


da inexistência de equipamentos que garantam cobertura as-
sistencial, a deficiência de Recursos Humanos impossibilita a
continuidade de qualquer atividade programática nestas áreas.
Como agravante deste cenário, observamos uma situação bas-
tante particular hoje, que é a dificuldade de contratação de
profissionais de formação mais geral, especialmente pediatras
e clínicos gerais, tendo em vista que o número de estudantes
de Medicina que se interessam pelas áreas básicas cai ano a
ano. Soma-se a isso a transitoriedade dos profissionais nestes
cargos em unidades mais distantes decorrente da precariedade
das condições de trabalho, da insegurança frente ao cotidiano
das periferias da cidade e do pouco investimento na formação
e inserção destes profissionais na rede pública de assistência.
Rede de Atenção Básica

12
Atenção Secundária e Terciária:
ampliar o acesso aos serviços de saúde
em todos os níveis de complexidade da
atenção e garantir equidade

C
omo já citado anteriormente, como a maioria dos servi-
ços especializados e direcionados para o atendimento
secundário e terciário estão sob gestão estadual, fica
mais difícil à efetiva integração entre as redes de atenção primá-
ria, secundária e terciária, pois a rede municipal é constituída,
em sua maioria por serviços de atenção primária à saúde.

Tradicionalmente direcionada para o atendimento de emergên-


cias, a rede hospitalar municipal carece de estrutura ambulatorial
especializada e compatível com o atendimento das demandas
emergentes de sua rede de atenção básica. A municipalização
também deverá ser um instrumento para a regionalização da
atenção secundária e a possibilidade de ampliar a oferta de
todos os tipos de serviços especializados de forma integral em
todas as regiões da cidade.

Vale ressaltar que, ao contrário do discurso que dizia que o pro-


cesso de integração seria facilitado com os poderes municipal e
estadual sob condução de um mesmo partido, no período que
isso aconteceu, tendo a aliança PSDB/DEM à frente das duas
esferas de governo, isto não tem acontecido.

13
Regulação da Rede de Atenção à
Saúde no Município de São Paulo:
Estratégia Fundamental Para a
Integralidade Efetiva dos Cuidados

O
processo de municipalização das ações de regulação
na cidade de São Paulo foi implementado em meio ao
quadro de dicotomia entre as gestões dos governos do
estado e da prefeitura, já descritos aqui. As dificuldades em
superar esse problema têm limitado uma atuação efetiva das
estratégias regulatórias até hoje implementadas.

Um dos mecanismos para superar tal dificuldade inclui a utiliza-


ção de sistemas integrados de informação sobre a disponibili-
dade de consultas ambulatoriais, procedimentos diagnósticos,
terapêuticos, assim como de leitos hospitalares. Outra importante fer-
ramenta é a utilização plena e efetiva do cartão SUS como elemento
integrador dos diversos serviços.

Pólo concentrador de serviços de saúde da maior região metropoli-


tana do país, São Paulo atende também demandas externas, o que
reforça a necessidade de plena integração entre os sistemas estadual
e municipal de regulação.

Os processos regulatórios praticados na Secretaria Municipal de


Saúde não conseguem atender satisfatoriamente os usuários. O
agendamento de consultas de especialidades, de procedimentos,
de serviços auxiliares de diagnose e terapêutica mais complexos é
centralizado e não garante que sejam realizados de forma regionali-
zada. Isso penaliza o paciente, obrigado a grandes deslocamentos
e cria dificuldades para sua realização. É preciso adequar o sistema
de forma a garantir a racionalidade na utilização dos recursos de
saúde. É necessário que se estabeleça um fluxo de referências e
contra-referências, permitindo que o sistema monitore e avalie a utili-
zação destes recursos, garanta a marcação de consultas ou procedi-
mentos especializados de média ou alta complexidade e o reencami-
nhamento do usuário para a continuação dos cuidados na atenção
14 básica, na UBS de origem, o mais próximo de sua residência.
Atendimento Pré-Hospitalar às
Urgências e Emergências na Cidade
de São Paulo: Critérios de Utilização e
Resposta da Rede Hospitalar

R
espondendo positivamente às diretrizes do governo federal de
efetiva implantação de serviços de atendimento pré-hospitalar
em todo o território nacional, o município de São Paulo, hoje,
conta com 65 bases de atendimento e uma média diária de 130
ambulâncias disponíveis, distribuídas regionalmente para atender
diversas situações de acidentes e emergências que ocorrem cotidiana-
mente em nossa metrópole. A Prefeitura Municipal de São Paulo tem
como meta aumentar esse número para 100 bases de atendimento
ainda em 2009, porém de forma contraditória, a própria Prefeitura con-
tingenciou mais de 14 milhões de reais no orçamento municipal, desti-
nado ao SAMU, o que poderá impedir essa ampliação.

Além disso, tal efetivo se defronta com demandas que não se caracterizam
como emergências, uma vez que muitas delas se constituem em necessi-
dades de transportes para clínicas de fisioterapia, consultas médicas, exa-
mes, hemodiálise e outras. Estas distorções prejudicam a efetiva utilização
do serviço, visto que as viaturas, muitas vezes, retardam o atendimento a
uma situação de emergência ao realizar uma simples remoção.

Tendo grade regionalizada pré-estabelecida para encaminhamento dos


pacientes atendidos, o sistema de atendimento pré-hospitalar enfrenta
graves restrições da rede hospitalar no que diz respeito à recepção
dos pacientes. Faltam recursos humanos (médicos e enfermagem), fal-
tam equipamentos em condições de funcionamento, faltam leitos para
internação e macas. Também constata-se a falta de helipontos que po-
dem agilizar o atendimento
às vítimas em estado grave
socorridas pelos helicópteros
da polícia. Nesse contexto
os helicópteros resgatam as
vítimas e algumas vezes não
têm onde pousar o que retar-
da o atendimento. 15
Rede Hospitalar para Urgências e
Emergências: Necessidade de
Reorganização e Ampliação

A
cidade de São Paulo possui uma média de 2,9 leitos para
cada 1000 habitantes, sendo que desse número somente
1,6 leitos/1000 habitantes são do SUS. A rede hospi-
talar municipal deve ser otimizada e a oferta de leitos públicos
deve ser ampliada, levando em consideração que também exis-
te uma excessiva concentração de leitos na região central da ci-
dade, enquanto em várias regiões populosas da periferia, como
Parelheiros, Perus e Cidade Ademar, por exemplo, não existem
leitos hospitalares. É fundamental a reorganização da rede de
atendimento de urgência e emergência. É positiva a busca de
novas metas no atendimento pré-hospitalar, porém é deficiente
a retaguarda.

É preciso voltar o olhar para a precariedade em que se en-


contram os prontos-socorros da cidade, uma vez que estes não
apresentam condições seguras para oferecer atendimento de ur-
gência em todas as especialidades. Essa realidade é decorrente
da falta de investimento tecnológico, assim como da carência
de especialistas, com a necessária capacitação para este tipo
de atenção, o que ocasiona, muitas vezes, a demora no aten-
dimento e na procura do equipamento de saúde que possua o
recurso diagnóstico e do tratamento necessários.

A proposta de criação de um Comitê Municipal para o tra-


tamento do TRAUMA surge como uma das possibilidades de
articulação entre os diversos equipamentos de saúde do mu-
nicípio, outros órgãos de governo e da sociedade civil para o
encaminhamento, em conjunto, de ações que possam diminuir
a mortalidade por causas externas, bem como reduzir as suas
sequelas. Este comitê deverá ter a missão de orientar Comitês
Intra-hospitalares com protocolos de condutas e procedimentos
bem estabelecidos, com referências organizadas e controlados
por uma Central de Regulação do TRAUMA. Deverá também
16 monitorar todos os eventos no sentido de implantar medidas de
prevenção, assim como averiguar a necessidade de investir mais
recursos no atendimento hospitalar e nos programas de reabili-
tação.

Rede Hospitalar para Urgências e Emergências

17
Cirurgias Eletivas

A
demanda reprimida de cirurgias eletivas também deve ser
resolvida sem que tenhamos que recorrer a campanhas ou
mutirões como rotina. A ampliação da rede de atenção
básica e o aumento do atendimento preventivo contribuirão para
o aumento de cirurgias que, realizadas em tempo hábil, poderão
impedir que determinados problemas se agravem.

Desenvolvimento das Áreas


Programáticas de Relevância Social e
Epidemiológica

O
sistema de saúde deve estar capacitado para atender
as questões relacionadas à identificação dos agravos
à saúde de parcelas específicas da população - como
mulheres, idosos, crianças, pessoas com deficiência, com distúr-
bios mentais ou qualquer outro tipo de característica que levem
a uma situação de exclusão - e incorporar os cuidados relacio-
nados aos indicadores que apontam relevância social.

Nesta situação, em especial, citamos o objetivo de redução da


morbimortalidade por doenças isquêmicas do coração, doenças
cerebrovasculares, violência, Diabetes Mellitus, HIV/Aids, tuber-
culose, câncer e transtornos mentais na população paulistana,
nas diferentes faixas etárias, gêneros e etnias.

18
Saúde da Mulher

A
s mulheres de todas as idades ainda adoecem e mor-
rem por causas evitáveis. Morrem na gestação, no parto,
no puerpério, morrem pela gravidez não planejada; pelo
câncer de mama, de útero e de pressão alta. Isso acontece por-
que o sistema de saúde falha quando as mulheres precisam. Em
especial as pobres, negras e com menor escolaridade.

A política de saúde para a mulher tem que ser integral e respeitar


as diversidades como raça, idade, crenças, cultura e orientação
sexual. Para esta publicação vamos destacar duas questões que
são de grande incidência em São Paulo: a mortalidade materna
e o câncer de mama

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a


morte materna abrange todas as mulheres que morrem por com-
plicações da gravidez, de alguma doença pré-existente ou de
alguma doença que se instale durante a gestação ou puerpério
e é agravada pelos efeitos fisiológicos da gravidez até 1 ano
após o parto. A morte materna é passível de prevenção em 90%
dos casos, por isso é considerada uma das mais graves viola-
ções dos direitos humanos.

A OMS considera aceitável uma Razão de Mortalidade Mater-


na (RMM) de até 20 para cem mil nascidos vivos. Países desen-
volvidos como EUA, Canadá e Austrália têm RMM abaixo desse
índice. No Brasil morrem 64,8 mulheres por cem mil nascidos
vivos. Na cidade de São Paulo esse número é de 45 mulheres
por cem mil nascidos vivos.

O Comitê de Mortalidade Materna do município de São Paulo,


que pesquisa a situação na nossa cidade há mais de 10 anos,
mostra que a mortalidade materna é mais freqüente nas mulheres
pobres, moradoras da periferia, com acesso restrito a serviços
de qualidade. As mulheres negras tem 3 vezes mais chances de
morrer durante a gravidez e parto devido a complicações da
hipertensão arterial.
19
É imperativo diminuir a mortalidade materna na cidade mais
rica do país para o índice preconizado pela OMS. O desafio
é garantir políticas públicas abrangentes e a participação da
sociedade no caminho para melhorar o acesso e a qualidade
da assistência ao pré-natal e ao parto.

O câncer é a segunda causa de morte nas mulheres e o câncer


de mama é o mais frequente. O grande desafio do setor público
é acabar com os gargalos entre o diagnóstico e o tratamento.
Enquanto no SUS 36% dos casos chegam já em estágio avan-
çado no especialista, no setor privado este número cai para
16%. As mulheres que usam o SUS morreriam menos se houves-
se agilidade para realizar os exames necessários (mamografia,
ultra-som, biopsia, etc.), agilidade na marcação de cirurgias,
radioterapia e quimioterapia.
Saúde da Mulher

Centro de Referência da Saúde da Mulher

20
Saúde Bucal

O
utro aspecto da saúde que demonstra claramente a de-
sigualdade no acesso e no tratamento da integralidade
das ações é a condição da saúde bucal no município.
A maioria da população dispunha de atendimento apenas em
situação emergencial. Hoje, o modelo de assistência preconiza-
do pelo SUS exige a atenção integral nos diferentes níveis de
complexidade e é destinado à população em geral. Suas ações
devem estar divididas em três níveis de atenção:

I – Atenção Básica: realizada pelas Unidades Básicas


de Saúde e Programa de Saúde da Família

II – Centro de Especialidades Odontológicas

III – Cirurgias Hospitalares.

Contemplam ainda essa lista os Prontos-Socorros, Pronto-Atendi-


mentos e Assistência Médico-Ambulatorial para os atendimentos
de urgência e emergência.

A Secretaria Municipal de Saúde deve garantir que toda a po-
pulação tenha acesso à rede de água fluoretada e que a in-
tegralidade das ações seja garantida através de um sistema
de referência e contra-referência eficiente. Há necessidade de
ampliação das especialidades odontológicas, a exemplo da Ci-
rurgia Buco Maxilo Facial para tratamento das deformidades
dentofaciais, assim como Ortodontia e um serviço para atender
pacientes especiais.

21
Saúde Mental

E
m 06 de abril de 2001 foi promulgada a Lei 10.216,
que dispõe “sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
assistencial em saúde mental”, inspirada nos postulados da Psi-
quiatria Democrática italiana. Com efeito, afirma ser direito fun-
damental da pessoa portadora de transtorno mental “ser tratada,
preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental”,
proibindo a internação em instituições asilares.

O SUS, mais uma vez, assume espaço de destaque no palco


das políticas sociais, privilegiando uma população marcada
pela marginalização e discriminação para que esta tenha aces-
so às três esferas sanitárias: atenções primárias, secundárias e
terciárias.

A atenção primária é composta pelos serviços realizados em


comunidades, através das Unidades Básicas de Saúde e Progra-
mas de Saúde da Família; a atenção secundária está ligada aos
serviços de urgência /emergência e/ou especializados, como
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); e a atenção terciá-
ria correspondente aos serviços com maior aporte tecnológico,
ou seja, os hospitais. Todavia, sabe-se que muito desse sistema
necessita de maior financiamento para ser consequente. Para ser
eficiente.

Outro aspecto relevante é estabelecer Modelo de Vigilância da


Saúde Mental como dispositivo para a atenção básica, que
pressupõe a importância do cuidado em saúde mental vinculado
ao contexto de pertencimento do usuário - isto é, sua comunida-
de - como estratégia para a desospitalização.

No Brasil, o Ministério da Saúde avalia que 9% da população


apresenta transtornos mentais leves, pelos quais a atenção bási-
ca deve se responsabilizar, enquanto 3% possui transtornos mais
severos e persistentes e necessita de cuidados contínuos; cerca
de 8% sofre de transtornos decorrentes do uso abusivo de álco-
22 ol e outras drogas, sendo a mesma rede básica a responsável
pelas ações de cunho preventivo e assistencial a essa demanda.

Fica evidente a necessidade de ampliação das equipes de saú-


de mental na rede básica quando consideramos que o suicídio
ocupa a quarta posição dentre as cinco principais causas de
morte, segundo faixa etária, na cidade de São Paulo (SMS-Cein-
fo –2008). A internação psiquiátrica foi a quarta mais frequente
assistência hospitalar municipal, com 26.649 casos, de acordo com
dados de março de 2008 do Ministério da Saúde/SIH – RD. É pre-
ciso desenvolver ações preventivas e de nível secundário – tanto para
os pacientes com transtorno de menor gravidade quanto para os pa-
cientes portadores de transtornos mais sérios e egressos de hospitais.

Mais ainda, com base nos dados acima, é preciso que seja
garantido um número mínimo de 20 leitos psiquiátricos nos hos-
pitais gerais públicos da cidade, especialmente nos novos esta-
belecimentos a serem construídos ou inaugurados.
Considerando-se a regulamentação da assistência psiquiátrica do
paciente morador de hospital psiquiátrico e ainda as consequên-
cias da violência, torna-se necessário atender as demandas em saú-
de mental, que devem estar incluídas nas UBS, compondo as ações
básicas de saúde e executadas por equipes multiprofissionais.

Saúde Mental

23
Ganha importância o papel da organização de uma rede de
atenção, hierarquizada e pactuada no sistema de regulação,
que assegure as condições para reabilitar e reinserir os pacien-
tes no cotidiano desta cidade através da estruturação e implan-
tação de serviços extra-hospitalares, tais como os Centros de
Atenção Psicossocial, os ambulatórios de saúde mental, as resi-
dências terapêuticas e os Centros de Convivência e Cooperativa
(CECCOs). Há que se investir na recuperação das pessoas
pela implementação de políticas que garantam os direitos dos
usuários e dos familiares à atenção integral e dos programas de
reintegração social que os municípios devem implantar.
Saúde Mental

24
Reabilitação

E
xistem, além das necessidades de atenção às demandas de
saúde específicas por faixas etárias ou por gênero, aquelas
que resultam do tipo de desenvolvimento econômico e so-
cial que hoje a cidade adota e que determinam o surgimento de
agravos, cuja intervenção, na maioria das vezes, transcende os
limites do setor saúde.

Neste aspecto, a violência urbana tem sido um fator relevante no


perfil de morbi-mortalidade, especialmente em determinadas re-
giões da cidade. Tem deixado uma série de homens e mulheres,
muitos deles jovens, com sequelas incapacitantes que, muitas
vezes, condenam essas pessoas à margem da vida produtiva.
Investir em uma rede capacitada à reabilitação torna-se, hoje,
numa cidade como São Paulo, uma importante intervenção de
saúde pública. A rede básica pode assumir a realização de pro-
cedimentos de média e alta complexidade, que não necessitam
de grandes investimentos, mas que melhoram consideravelmen-
te a qualidade de vida dos pacientes que têm acesso a este
benefício e servem de retaguarda dos cuidados de urgência e
emergência.

25
Assistência Farmacêutica

A
lista de medicamentos adquiridos pela SMS é satisfatória
e o abastecimento hoje é realizado através de um sistema
de controle de estoques on-line. Entretanto é preciso me-
lhorar o acesso do paciente ao medicamento assim como criar
mecanismos para que o usuário acompanhe a reposição do
estoque nas UBS e Amas. Aprimorando a função da Assistência
Farmacêutica é necessário que este serviço seja atividade inte-
grante e não apenas apoio da atenção básica. Deve haver um
espaço nas UBS para que sejam desenvolvidas atividades dirigi-
das ao acompanhamento, controle e avaliação das prescrições
realizadas. Devem existir as condições para que seja executado
o planejamento do abastecimento conforme a demanda e o per-
fil epidemiológico da área adjacente à UBS, o que permitirá o
acompanhamento sistematizado dos pacientes.

Atualmente não existem restrições na porta de entrada para


aquisição de medicamentos nas UBS - isto é, qualquer pessoa
com uma receita médica ou odontológica, que contenha um ou
mais itens da lista de medicamentos essenciais definida, é aten-
dida. Aparentemente, isto dá a conotação de maior acesso a
medicamentos. Mas o fato é que, dessa forma, fica difícil para
a unidade executar o planejamento da demanda e esta passa a
ser uma permanente incógnita, de onde decorre o desabasteci-
mento em vários momentos. Soma-se a isso, o fato de que a pro-
cura por medicamentos no SUS tende a aumentar e as unidades,
sem espaço físico suficiente para o armazenamento adequado,
podem ter problemas com a guarda e comprometer a qualidade
dos medicamentos.

Essas farmácias também podem atender usuários de outras uni-


dades quando houver necessidade de suprir a falta de medica-
mentos em alguma unidade que não tenha sido adequadamente
abastecida. Para atender os pacientes de outras unidades, se-
jam elas públicas ou privadas, poderia se pensar em implantar
farmácias distritais, uma unidade por subprefeitura no primeiro
momento. Ou seja, as receitas provenientes de serviços externos
26 seriam atendidas nessas farmácias distritais. Essas seguiriam as
mesmas normas de dispensação: a lista de medicamentos essen-
ciais e as exigências do cartão SUS, de receita com duas vias,
nome genérico para atendimento de receitas do município.
Também é necessário melhorar o Programa do Remédio em
Casa, que hoje é incipiente e tem uma lógica que não atende
às reais necessidades deste tipo de assistência. Este programa
deve estar incorporado a uma proposta integral de atendimento
e de acompanhamento de pacientes hipertensos e diabéticos.
Para efetivação destas propostas é preciso ter um espaço ade-
quado e pessoal capacitado para executar o trabalho (farma-
cêuticos, técnicos de farmácia e auxiliares capacitados).

Assistência Farmacêutica

27
Controle da Gestão da Saúde

A
atual gestão da Secretaria Municipal de Saúde “repartiu”
os diferentes serviços de Saúde entre as 18 Organizações
Sociais. Esta política, que reduz o papel do poder públi-
co no controle das ações estratégicas e o retira das obrigações
constitucionais que garantem a gestão única do sistema, deve
ser combatida. Mais uma vez, se reafirma que, para a consoli-
dação do SUS, se impõe que a gestão seja exercida pelo poder
público, num modelo que fortaleça o papel do Estado na presta-
ção de serviços de saúde.

Ressalte-se que, em determinadas regiões e até mesmo em de-


terminados equipamentos de saúde, “convivem” gestores e pro-
fissionais da administração direta, autárquicos e parceiros priva-
dos, afrontando as leis do bom gerenciamento.

28
Gestão do trabalho

Desenvolver uma política de valorização do trabalho do servi-


dor público tendo em vista que este se encontra desmotivado e
desvinculado de todo o processo de organização da atenção
à saúde. Com isso resgatar também a importância da ação da
instituição pública como instrumento do exercício de cidadania.
Uma necessidade urgente é discutir e elaborar proposta de fixa-
ção e incentivo aos profissionais que atuam em regiões perifé-
ricas da cidade, que tem sido um grande gargalo na situação
atual e a realização de novos concursos ou seleções públicas.
Junto a isso desenvolver programas de capacitação contínua
para os profissionais de todas as áreas.

Outra tarefa de suma importância é realizar uma política de


isonomia salarial, visto que, para as mesmas funções existem
remunerações diferenciadas para regimes de trabalho distintos.

Para tudo isso, torna-se necessário, estabelecer uma mesa de


negociação e manter diálogo com os trabalhadores da saúde
para, em conjunto, corrigir distorções de jornadas e salários e
rever o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) na área
da Saúde.

29
Políticas Públicas Intersetoriais de
Combate a Dengue

E
m São Paulo existem mais de 400.000 imóveis vazios
(IBGE 2000), mais de 1,7 milhões de pessoas vivendo em
favelas sem urbanização (Sempla 2008), inúmeros galpões
abandonados em antigas áreas fabris e várias regiões com mais
de 20% das residências sem tratamento de esgoto. Todos esses
fatores dentre outros, dão conta de que o saneamento básico
e as condições de moradia em São Paulo são propícias para o
desenvolvimento da Dengue e demais doenças em nossa cida-
de. Nesse sentido, cabe aqui a discussão de forma ampla em
torno de políticas públicas que devem minimizar essa situação
de desigualdade e vulnerabilidade social.

Junto a isso, torna-se necessário que a Vigilância Sanitária tenha


um investimento e uma preocupação grande do Poder Público
Municipal, pois aqui reside a necessidade do combate à den-
gue, que exige esforço intersetorial, ininterrupto e continuado
por vários anos, além de trabalho de divulgação e educação,
que visa a mudança de hábitos de toda a população, numa
ação efetiva para eliminação dos criadouros potenciais do Mos-
quito da Dengue.

30
Grandes Desafios

A
ssim, elencamos de forma resumida alguns pontos que
consideramos fundamentais para construção do Sistema
Único de Saúde na cidade de São Paulo e a superação
dessa situação de descontinuidade que o Sistema enfrenta ao
longo dos seus 20 anos de implementação em uma metrópole
desse tamanho e com essa importância econômica e social. Im-
plementar o SUS em sua plenitude contribuirá para diminuir as
imensas desigualdades aqui vividas:

1.Garantir o controle da gestão pelo poder público.

2.Fortalecer a participação democrática, qualificando e aprimo-


rando o controle social.

3.Fortalecer políticas intersetoriais e integradas de promoção à saúde

4.Promover a descentralização e a regionalização das estruturas da Saú-


de, através da criação das Coordenadorias de Saúde nas Subprefeituras.

5.Reorganizar a rede básica com ampliação e implementação


das ações de saúde buscando resolubilidade. 31
6.Integrar paralelamente as AMA’s, as Unidades Básicas de
Saúde e o PSF.

7.Ampliar o acesso à rede de atenção especializada, em todos


os seus níveis de complexidade, através da municipalização dos
ambulatórios de especialidade da Secretaria Estadual de Saúde
e ampliação destes serviços de forma regionalizada.

8.Assegurar a integração plena entre a rede de atenção à saúde


municipal e estadual para garantir a integralidade do cuidado.

9.Qualificar e humanizar o atendimento de urgência e emergência.

10.Resolver a demanda reprimida de cirurgias eletivas.

11.Ampliar o número de leitos hospitalares de hospitais gerais


na cidade de São Paulo, de forma descentralizada.

12.Melhorar as condições de trabalho de todas as categorias


profissionais e as condições de atendimento dos usuários.

13.Promover a formação continuada e permanente para todas


as categorias profissionais.

14.Reforçar a necessidade de um sistema de informações que


dê amplo conhecimento da totalidade de recursos existentes no
município e monitorar a sua plena utilização.

15.Melhorar e qualidade da Assistência Farmacêutica, ampliando a


variedade e a quantidade de medicamentos, assim como viabilizar ou-
tros pontos de dispensação, com a implantação de Farmácias Distritais.
Grandes Desafios

16.Reforçar as políticas de ampliação da rede extra-hospitalar


para a Saúde Mental – implantação de CAPS, residências tera-
pêuticas, ambulatórios de Saúde Mental e os Centros de Convi-
vência e Cooperativas (CECCOs).

17.Desenvolver política de valorização dos trabalhadores do


SUS, mantendo mesas de negociação constantes e elaborar pro-
postas de incentivo e fixação dos profissionais e um Plano de
Cargos, Carreiras e Salários

Comissão de Saúde do Comitê Municipal do


32
Partido Comunista do Brasil de São Paulo
Conheça a Lei que instituiu o
Programa de Divulgação de Serviços
Relativos a Saúde da Mulher

No dia 16 de julho de 2009 foi sancionada a Lei 14.959,


fruto do Projeto de Lei 279/2009 de autoria do vereador Jamil
Murad (PCdoB). A Lei institui o Programa de Divulgação dos Ser-
viços relativos à Saúde da Mulher e elabora um guia de orien-
tação com todos os endereços dos serviços de atendimento à
saúde da mulher no município. O referido Guia será distribuido
gratuitamente na rede de saúde e ensino municipal como forma
de facilitar o acesso aos serviços prestados pelo SUS na cidade
para as mulheres em todas as faixas etária.

Conheça o texto da Lei na íntegra:

LEI 14.959, de 16 de julho de 2009

“Institui o Programa de Divulgação dos Serviços re-


lativos à Saúde da Mulher e dá outras providências”

Gilberto Kassab, prefeito do município de São Paulo, no uso


das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a
Câmara Municipal, em sessão de 24 de junho de 2009, decre-
tou e eu promulgo a seguinte lei:

Art. 1º Fica instituído o Programa de Divulgação dos Serviços


relativos à Saúde da Mulher no âmbito do Município de São Paulo.

Art. 2º O Programa de Divulgação dos Serviços relativos à


Saúde da Mulher objeto desta lei consiste em editar e distribuir
gratuitamente guia onde conste os serviços públicos e postos de
atendimento colocados à serviço da mulher no âmbito da saúde.
Parágrafo único – Caberá à Secretaria Municipal da Saúde
desenvolver estratégias para garantir a edição e distribuição
gratuita do guia mencionado no caput, sendo assegurado que
seja colocado à disposição nas unidades básicas de saúde,
hospitais públicos municipais, escolas e creches municipais e
demais órgãos ligados direta e indiretamente ao sistema público
municipal de saúde. 33
Art.3º O guia deverá conter, entre outras, as informações atinentes a :
I – Relação dos postos de Atendimento e Assistência ao ciclo
gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e puerpério
II - Relação de laboratórios para realização de exames de
sangue, urina e exames de imagem
III – Relação dos postos de realização e Assistência ao abor-
tamento legal
I IV - Relação dos postos de Assistência e informações relativas
à concepção, anticoncepção e anticoncepção de emergência;
V - Relação dos postos de atendimento, realização de exa-
mes, e orientações relativas à prevenção do câncer de colo uterino
e detecção do câncer de mama
VI – Relação dos postos de atendimento e Assistência ao climatério
VII – Relação dos postos de atendimento, realização de exa-
mes e orientações relativas às doenças ginecológicas prevalentes
VIII – Relação dos postos de atendimento, realização de exa-
mes e orientações relativas à prevenção e tratamento das DST/AIDS
IX – Relação dos Postos de Assistência, Orientação e acom-
panhamento psicológico à mulher vítima de violência ou portadora
de transtornos mentais e problemas relacionados ao consumo de
álcool e drogas
X – Relação de postos de fornecimento de medicamentos
XI – Relação das UBSs e Ambulatórios municipais, com espe-
cificação dos serviços oferecidoss
XII – Relação dos Hospitais municipais
XIII – Relação dos Serviços de Emergência

Art. 4º As despesas com a execução desta lei correrão por conta


das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

Art. 5º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revoga-


das as disposições em contrário.

Sala das Sessões,


PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO,
aos 16 de julho de 2009 456o. da Fundação de São Paulo

GILBERTO KASSAB, PREFEITO

Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 16 de julho de 2009

CLOVIS DE BARROS CARVALHO,


34 Secretário do Governo Municipal
Jamil Murad:
Uma Trajetória de Luta

Formado pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP), trabalhou


no Hospital das Clinicas, no Hospital do Servidor Público Estadual e no Hospital
Brigadeiro. A partir de 1978, foi eleito para a diretoria do Sindicato dos Médi-
cos de São Paulo por quatro mandatos. Como sindicalista Jamil Murad foi um
dos organizadores e diretor da Pró-Central Única dos Trabalhadores ao mesmo
tempo em que se dedicava à construção de um sistema público de saúde que
cuidasse com dignidade do povo, o SUS.

Eleito deputado por quatro mandatos em 1990, foi autor de diversas iniciativas
que beneficiaram São Paulo: lei da meia - entrada para estudantes,   SOS Racis-
mo, o projeto que criou a Universidade Pública da Zona Leste entre outras. Tam-
bém aprovou medidas de proteção aos trabalhadores, como a lei que impediu a
demissão de 60 mil trabalhadores de postos de gasolina.

Em 2002, foi eleito deputado federal com mais de 95 mil votos na chapa do
presidente Lula. Defendeu os aumentos do salário mínimo e das verbas para a
saúde e a universidade pública. Ajudou a aprovar a criação do Prouni, permi-
tindo a entrada de estudantes pobres nas universidades. Foi eleito em 2008,
vereador de São Paulo com 28.145 mil votos.

Na Câmara Municipal Jamil é integrante das Comissões de Saúde, Promoção


Social, Trabalho, Idoso e Mulher e também da Comissão Extraordinária dos
Direitos Humanos, Cidadania, Segurança Pública e Relações Internacionais.

É membro da Direção Nacional e Estadual do PCdoB.

Acesse o site do vereador Jamil Murad


www.jamilmurad.com.br
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