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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ADAILTON MORAIS DE OLIVEIRA

A AGAVEICULTURA NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA: ENTRAVES E


POSSIBILIDADES
SUMÁRIO

RESUMO..............................................................................................03

ABSTRACT...........................................................................................04

INTRODUÇÃO .....................................................................................06

1- O sisal como alternativa de desenvolvimento sustentável para

o semi-árido

nordestino................................................................................09

1.1- O Nordeste e o Mito da Necessidade........................................09

1.2- A agaveicultura: sua importância e obstáculos no contexto

socioeconômico do Sertão nordestino................................................. 13

2- O sisal..............................................................................................18

2.1- Classificação e Características Biológicas.....................................18

2.2- O Cultivo do Sisal...........................................................................19

3- Área de estudo.................................................................................21

4- O estado da produção atual de sisal no município de Várzea Nova:

Entraves e possibilidades ......................................................................24

4.1 – Diagnóstico ...................................................................................24

4.2 - Análise do diagnóstico....................................................................32

CONCLUSÕES.......................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................38

ANEXOS ................................................................................................40
RESUMO

Estuda os aspectos da cultura sisaleira em Várzea Nova, BA, Brasil.


Confronta o mito da necessidade crônica no Sertão Nordestino. Avalia por meio
de pesquisa bibliográfica,pesquisas de campo, entrevistas com a comunidade,
autoridades, empresários e especialistas, as possibilidades de
desenvolvimento da cultura do sisal e seus principais problemas em Várzea
Nova. Conclui ser a desorganização da cadeia produtiva, a má distribuição da
renda gerada e a exploração dos trabalhadores primários, os principais
entraves ao desenvolvimento sustentado da atividade. Alerta para a
necessidade da criação de associações cooperativas como meio para
aumentar a rentabilidade da cultura, fortalecer o pequeno produtor, o
trabalhador primário, e conseqüentemente, melhorar o estado dos campos de
sisal.
ABSTRACT

It studies the sisal culture aspects in Várzea Nova, BA, Brazil. It faces the
chronic necessity myth in the Nordeste arid interior. It evaluates by bibliographic
search, field search, interviews with the community, authorities, undertakers, and
experts, the sisal culture development possibility and its mainly problems in Varzea
Nova. Concludes be the disorganization of the productive system, the vicious
distribution of the produced gains and the exploitation of the primary workers, the
mainly obstacles to this activity development. Alert to the necessity of the co-
operative societies as a way to increase the sisal culture profits, to support the small
producer, the primary workers, and following to improve the sisal fields state.
INTRODUÇÃO

Um dos principais desafios atuais da população e do governo em relação ao


semi-árido nordestino do Brasil é encontrar alternativas de desenvolvimento
socioeconômico sustentável que contribua para a geração de emprego e renda
e fixação da população nessa região.

Assim a agaveicultura apresenta-se como atividade viável para este fim


mediante as seguintes qualidades: é uma cultura perfeitamente adaptada ao
semi-árido, não exige altos investimentos para sua implantação e sua
rentabilidade é considerada satisfatória, desde que bem organizada.

Na 32ª Reunião Intergovernamental de Fibras Duras que reuniu em julho


de 2003, representantes de mais de cinqüenta países na Bahia, o
representante da FAO (Food and Agriculture Organization of the United
Nations) Organização de Alimento e Agricultura das Nações Unidas, David
Hallan, defendeu medidas como melhor divulgação das fibras naturais adoção
de soluções técnicas, políticas e econômicas para valorizar o produto sob a
justificativa de que as fibras duras naturais geram emprego e não poluem!
(Vide Referências Bibliográficas).

A agaveicultura (ou cultivo do sisal) é atividade econômica relevante em


muitos municípios principalmente da Bahia e Paraíba. Muito se tem escrito
sobre o cultivo do sisal embora as abordagens direcionem-se mais para o
campo agrotécnico. Análises da situação socioeconômica da cultura são raras.

Partindo desse pressuposto, reveste-se de uma grande importância


estudar os aspectos e a evolução da cadeia produtiva do sisal. Este estudo
busca evidenciar o potencial de auto desenvolvimento (ou desenvolvimento
sustentável) da atividade sisaleira bem como identificar possíveis entraves a
esse desenvolvimento no município de Várzea Nova.
Pretende-se contribuir para uma melhor organização da cultura e
desconstrução do mito de que no Sertão Nordestino os únicos
empreendimentos de sucesso são os programas assistenciais do governo
federal.

Partindo-se da premissa de que a agaveicultura é uma atividade que


resiste a décadas de história por ser rentável e viável, interrogou-se: por que a
renda gerada pela agaveicultura não alcança a maioria dos seus trabalhadores,
os quais vivem sob o jugo de uma péssima qualidade de vida? O que fazer
para corrigir esse possível desequilíbrio, essa possível contradição?

Buscando a solução do problema formulado, fez-se um levantamento


quantitativo da agricultura do sisal em Várzea Nova através dos Órgãos de
Apoio e Secretaria de Agricultura, em sites de jornais e do IBGE.

Os dados para análise diagnóstica foram obtidos mediante pesquisa de


campo. Coletados através de visitas in loco e aplicação de entrevistas
estruturadas e dirigidas com as comunidades sisaleiras do município e com
pessoal especializado (agrônomos). (ANEXO A, B). Utilizou-se também a
metodologia da pesquisa exploratória explicativa bibliográfica para obtenção de
dados histórico-quantitativos. Privilegia-se a descrição concreta da realidade
para, a partir desta, levantar conclusões e interpretações.

Para uma perfeita compreensão do tema tratado, este trabalho: faz uma
descrição analítica da situação socioeconômica da Região Nordeste e dos
discursos que cristalizaram ao longo dos anos o mito da necessidade crônica
no Nordeste, confrontando-o com a visão possibilista da geografia; apresenta
a agaveicultura como alternativa para a geração de renda em plena aridez do
sertão nordestino; discute os principais problemas da agaveicultura em âmbito
geral; faz um levantamento da classificação e características biológicas do
sisal, bem como descreve os procedimentos de cultivo; faz um levantamento
da bibliografia produzida sobre o cultivo e a importância do sisal, a revisão
bibliográfica , caracteriza a área de estudo e, por fim, apresenta os dados
citados mediante pesquisa de campo, analisa-os e elabora conclusões.

1.0- O SISAL COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL PARA O SEMI-ÁRIDO NORDESTINO

1.1- O NORDESTE E O MITO DA NECESSIDADE

O desenvolvimento econômico brasileiro verificado depois da Segunda


Guerra Mundial deu-se alheio à resolução de problemas estruturais que até
hoje pesam na busca de um desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Como exemplo desses problemas tem-se que os investimentos na área


econômica e social concentram-se na região Centro-Sul aprofundando os
desequilíbrios regionais no Brasil. Desta forma o Nordeste se transformou
numa área de repulsão da população, que em meio às “estiagens” de
investimentos públicos migrou para o Centro-Sul em busca de empregos no
setor secundário da economia dos grandes centros urbanos.

Em 1996 o Nordeste detinha os piores Índices de


Desenvolvimento Humano (IDH) do país; a menor expectativa de vida, média
de 64,2 anos; uma taxa de analfabetismo de 30%, correspondente ao dobro da
média brasileira e a menor renda per capita, média de 3 095 dólares.
Acumulando assim um IDH médio de 0,603, inferior as demais regiões
brasileiras. Segundo ADAS (1998), do total da população desnutrida do país,
entre 50 e 55% estão no Nordeste e de cada 100 crianças, 68 não se
desenvolvem satisfatoriamente. ANDRADE (1999), classifica o IDH brasileiro
em três séries. Aqueles com IDH superior ao do país, 0,809, seguidos dos que
formam os estados com IDH médio, entre 0,786 e 0,615 e terceiro, o grupo dos
estados pobres com IDH inferior a 0,615, dentre os quais encontram a maioria
dos estados nordestinos.
Sabemos que ao lado da sustentabilidade econômica tão arduamente
perseguida pelo governo brasileiro, é imprescindível haver sustentabilidade social.
““..., isto é, o estabelecimento de um processo de desenvolvimento que
conduza a um padrão estável de crescimento, no qual se possa obter uma distribuição
de renda e dos ativos, assegurando uma melhoria dos direitos das grandes massas da
população e com uma redução das atuais diferenças entre os níveis de vida daqueles
que não tem” (EDUCAÇÃO Ambiental: curso básico a distância: questões ambientais;
conceitos, historia, problemas e alternativas. MMA, 2001)

E, como se já não fosse bastante, aliado a esse gravíssimo déficit social,


o Nordeste tem sido vítima de uma avalancha de discursos alienantes,
provindos da classe média-alta, principalmente de elite política daquela região,
tentando vincular a deplorável qualidade de vida exclusivamente a escassez de
chuva na região.

Fosse para explicar ou responder com meias palavras a essas


justificativas simplistas e estereotipadas, dir-se-ia: “o que falta chover de água
na região Nordeste, chove de investimento público e iniciativas locais no
Centro-Sul”.

Entretanto esse assunto merece uma análise mais aprofundada.


Apontar as estiagens prolongadas como fator responsável pela pobreza
da população nordestina, é estabelecer-se sob uma perspectiva determinista,
considerada ultrapassada pela geografia moderna.

A primeira grande estiagem no Nordeste foi registrada em 1559


(ANDRIGHETTI, 1998). Nessa época o máximo que se conseguia fazer era
registrar o fenômeno. Hoje, porém, graças aos avanços dos recursos
tecnológicos têm-se instrumentos capazes de prever a data de ocorrência da
estiagem e o período de duração com uma precisão satisfatória. O que tem
faltado é uma ação efetiva do poder público local, que parece se satisfazer com
a justificativa simplista de que não é culpado pelas “intempéries” que incorrem
contra a população nordestina.
No Nordeste chove mais que em outros lugares críticos do mundo onde
o governo e a população já encontram alternativas para elevar o seu padrão de
qualidade de vida. Pode-se citar o exemplo do Peru, país pequeno, mas com
um total de hectares irrigados maior não só que o do Nordeste, mas também
superior a total de terras brasileiras irrigadas.

Outro exemplo é Israel que transformou o deserto do Negev em uma


área de agricultura moderna de produção de alimentos em, cerca de apenas,
meio século. O Nordeste brasileiro tem mais de cinco séculos de existência e
não possui ainda uma área equivalente ao tamanho do Negev com tecnologia
agrícola e organização da produção comprováveis.

A sub-região do Nordeste que sofre com as secas é o Sertão nordestino,


mais precisamente o Polígono da Secas, áreas onde a precipitação anual é
inferior a 750 mm/ano. A Zona da Mata, sub-região litorânea e oriental, é
chuvosa e o nível de pobreza da maioria da população é compatível ao
encontrado no sertão.

O lençol de águas subterrâneas do Nordeste é rico e capaz de fornecer


“cerca de 9 bilhões de metros cúbicos de água de água/ano” (ANDRIGHETTI,
1998). Todavia esses recursos hídricos não são devidamente utilizados, ou
melhor, não estão acessíveis à população de baixa renda através de projetos
de irrigação.

O município de Várzea Nova na região Piemonte da Chapada


Diamantina, sertão baiano, com precipitação média anual de 550 mm, possui
uma vazão em águas subterrâneas de 389.375 l/hora já instalados, mas
nenhum micro projeto de produção agrícola irrigada.

Em 1992 e 1993, segundo ANDRIGETTI (1998), enquanto milhões


de nordestinos ainda colhiam os frutos de mais uma seca prolongada, o
Nordeste exportava milhões de toneladas de uvas e 15 mil de mangas para os
Estados Unidos e Europa, faturando cerca de U$ 30 milhões.
Assim vê-se que a seca não é o principal entrave para o
desenvolvimento humano do Nordeste. Água existe no Nordeste, basta saber:
quem está se apropriando deste valioso recurso? A quem ela beneficia? Pelos
dados aqui apresentados pode-se concluir que a grande maioria da população
nordestina não é favorecida.

“Aqueles que costumam dizer que a seca é causa da miséria e da pobreza de


grande parte da população nordestina estão cobrindo as causas reais do problema. As
causas da miséria e da pobreza não são naturais, são fundamentos sociais e políticas”
(ADAS, 1998)

De fato, as causas da pobreza no Nordeste são


fundamentalmente sócio políticas. Já se fala em “indústria da seca” no
Nordeste. Para alguns poucos a seca produz bons resultados seja ele político
fazendo alianças e pedindo apadrinhamento da esfera federal de governo; seja
ele empresário beneficiando-se de recursos federais para ali destinados.
Ambos levantam o quadro de um Nordeste castigado pelas estiagens,
agonizante e solícito. O que CASTRO (1991) chama de reforçar o imaginário
da pobreza:

“Politicamente, trata-se, portanto, de reforçar o imaginário da pobreza,


sustentado numa realidade de penúria, para estabelecer a ficção da ajuda como única
solução. O cenário de miséria tem sido historicamente um marketing eficiente para as
alianças da elite política regional, que é também, na maioria dos casos, a elite
econômica. A imagem da necessidade e do abandono tem um endereço certo e um
retorno garantido de dividendos políticos e econômicos.”

O socorro do governo federal às áreas atingidas pelas secas resume-se:


envio de verbas públicas (grandes somas de dinheiro); envio de cestas básicas
para a população carente e perdão total ou parcial de dívidas públicas
contraídas através de empréstimos para a agricultura.

O dinheiro enviado pelo governo federal dificilmente chega ao seu


destino e quando chega é para pagamento de frentes de trabalho à população
carente. Entretanto essas frentes de trabalho se destinam a abertura de
estradas e construção de açudes, obras essas não poucas vezes feitas nas
propriedades dos grandes latifundiários, empresários e coronéis da região, vale
salientar que muitas vezes paga-se aos trabalhadores menos que o salário
mínimo.

As cestas básicas geralmente são distribuídas por políticos locais,


vereadores, prefeitos e deputados, os quais favorecem a amigos e familiares,
ao tempo que se aproveitam para se promoverem politicamente. Através do
populismo e com recursos ilícitos eles são vistos como os prestadores de
“favor” aos pobres. Os “homens bons” da contemporaneidade. Assim ganham
as eleições em todas as esferas de governo e quando chegam a Brasília
tomam as tribunas com discursos de “algodão-doce” – agradáveis, mas pouco
ou nada reais.

A população de baixa renda não possui dívidas com o governo. Os


bancos brasileiros oficiais pouco emprestam dinheiro aos pobres, mesmo tendo
sido comprovado serem estes fiéis pagadores. Assim os beneficiados com a
anistia e dívidas públicas são os grandes empresários e latifundiários da
região. Esses grandes empresários e coronéis muitas vezes são os próprios
políticos.

As elites políticas da região Nordeste não podem continuar bancando os


“órfãos” do país sendo que essa é uma região rica com potencial muito grande
em riquezas naturais e humanas, para seu auto desenvolvimento.
A região Nordeste já foi do final do século XIX ao início do século XX a
mais desenvolvida do país sem necessitar amparo das outras regiões.

O Nordeste tem grandes possibilidades de crescimento e de equiparar


seu grau de desenvolvimento ao do Centro-Sul do país. Para tanto se faz
necessário ampliar o leque de alternativas socioeconômicas da região,
sobretudo no Sertão nordestino, e desconstruir o mito de que a seca é única
vilã responsável pelos baixos índices de desenvolvimento e que é preciso
curvar-se ante os pés do governo federal para que este, ‘piedosamente’, envie
socorro aos flagelados.
E é sob esta perspectiva que este trabalho propõe um estudo do
agronegócio do sisal no município de Várzea Nova – Sertão da Bahia como
alternativa para melhoria da qualidade de vida de sua população rural, um
estudo da realidade socioeconômica dessa atividade. Buscando evidenciar
barreiras a elevação dos níveis de produção e do padrão da qualidade de
vida de seus trabalhadores, ao mesmo tempo, servir de base para futuros
projetos que visem à solução desses problemas.

1.2 A AGAVEICULTURA: SUA IMPORTÂNCIA E OBSTÁCULOS NO


CONTEXTO SOCIOECONÔMICO DO SERTÃO NORDESTINO.

O cultivo do sisal (Agave Sisalana) na região Nordeste é considerado de


extrema importância para a agricultura e para a economia da região. O sisal é
uma das poucas culturas que se adaptou ao clima semi-árido do Sertão
Nordestino oferecendo resultados econômicos satisfatórios.
Assim a agaveicultura1 nordestina agrega importantes benefícios à
população de baixa renda, à população rural e a economia da região com um
todo. Vejamos:
a) É fonte de ocupação de mão-de-obra. O cultivo do sisal desde o plantio
até a colheita, o corte das folhas, e o beneficiamento da fibra emprega
um grande número de trabalhadores.
b) É fonte de renda para a população pobre, a grande maioria no sertão,
uma vez que não exige um capital inicial alto, podendo a atividade,
expandir-se facilmente;
c) É um fator muito importante para fixação do homem no campo. O sisal é
cultivado na grande maioria das vezes em inúmeras famílias do sertão;
d) É um dos principais produtos agrícolas de exportação do Nordeste
brasileiro gerando divisas e ajudando a equilibrar o câmbio;
e) A fibra do sisal é considerada uma das mais duras e resistentes fibras
vegetais e não-poluentes em seu processo de produção. Constitui-se,
portanto, numa alternativa ao uso, pelas indústrias, de fibras sintéticas

1
Agaveicultura – cultivo do sisal, cujo nome cientifico é agave, daí agaveicultura, ou seja,
cultura de agave, sisal.
poluentes numa época em que a preocupação com o meio ambiente é
decisiva.
f) Não exige alta qualificação da mão-de-obra por isso absorve o máximo
possível de trabalhadores por campo de cultivo;
g) É fonte de ocupação no período da entressafra quando a mão-de-obra
empregada no cultivo de lavouras mais tradicionais (feijão, milho,
mamona, etc.) está ociosa por causa das estiagens.
h) Evita a desertificação do solo uma vez que o protege contra a formação
de ravinas e a lixiviação do mesmo em épocas de trovoadas. Os
resíduos do processo de desfibramento espalhados no solo, devolvem a
este os nutrientes retirados pelas plantas evitando o seu
empobrecimento.

No Brasil a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias,


órgão do Ministério da Agricultura especializado em apresentar novos produtos
e alternativas ao desenvolvimento da agricultura ao país através de seu Centro
Nacional de Pesquisa e Algodão – CNPA (Campina Grande – PB) publicou em
1999 um trabalho sobre “O agronegócio do Sisal” dos autores Silva e Beltrão
(Vide Referências Bibliográficas).
Os autores destacam a posição do Brasil como maior produtor mundial
de sisal, com mais de 187.000 toneladas de fibra em 1996, tendo a região
Nordeste como maior produtora nacional e os estados da Bahia e Paraíba
como primeiro e segundo maior produtores nacionais respectivamente.
Apontam para a importância da produção sisaleira para as exportações
agrícolas brasileiras e para a geração de empregos, ocupando cerca de um
milhão de pessoas. Criticam o baixo grau de modernização e capitalização em
que é praticada a exploração da cultura e responsabilizam essa situação pelo
declínio da produção nos últimos anos.
Os trabalhos publicados pela Embrapa – Algodão além de analisar os
aspectos econômicos da produção de sisal no Brasil, ainda faz um estudo
agrotécnico da cultura de sisal, bem como a sua morfologia (sistema radicular,
tronco, folhas, escapo flora, flor, fruto e semente) e ecofisiologia (a relação do
sisal com os fatores climáticos e ambientais). Discutem a relação tipo de solo X
produtividade da planta. Descrevem todos os passos do cultivo, desde o plantio
até o corte das folhas e desfibra. Discutem os processos de melhoramento
genético do sisal (polinização natural, polinização artificial, hibridação entre
outros); estuda as características físico-químicas da fibra do sisal; analisam o
aproveitamento dos resíduos do desfibramento na alimentação de animais,
principalmente bovinos, ovinos e caprinos, como adubo e como camas de
aviário. Por fim descrevem a aplicação do sisal na cordoalha2 (barbantes,
cordéis e cordas) na indústria de papel e de construção civil, adicionando a
argamassa ou o concreto, na indústria de tapetes e sacos, na indústria
automobilística, como reforço para as fibras plásticas, na indústria
farmacêutica, de cosméticos e no artesanato.

Entretanto, apesar de todos esses benefícios potenciais, a agaveicultura,


nas últimas duas décadas, vem enfrentando alguns problemas que fizeram a
produção e produtividade despencarem. E esses problemas constituem no
objeto de estudo proposto por este trabalho. Uma vez que impedem o
desenvolvimento da atividade econômica e a melhoria da qualidade de vida
da população envolvida.

De acordo com BELTRÃO (1999), os principais entraves ao cultivo do


sisal hoje são:
A baixa produtividade das áreas de cultivo devido à precária tecnologia
empregada desperdiçando mais de 90% da folha colhida;
Campos sujos, ou seja, submetidos à invasão de plantas estranhas
competindo com o sisal por iluminação e nutrientes do solo, diminuindo
drasticamente a produtividade.
Declínio do preço da fibra, devido à invasão da fibra sintética no mercado.
Um grande número de atravessadores na cadeia produtiva impedindo o
produtor de aumentar a sua rentabilidade e pagar melhor aos trabalhadores
Abandono dos campos de sisal pelos trabalhadores por causa da baixa
remuneração e completo desrespeito as leis trabalhistas.
A ausência de políticas que viessem fortalecer o produtor local com ofertas
de crédito e formação de cooperativas;

2
(2) Cordoalha – refere-se a toda gama de produtos de sisal, incluído fios, barbantes, cordéis
para embalagens e todos os tipos de cordas utilizadas na agricultura,pecuária,indústria e
comércio. (BELTRÃO, 1999).
Ausência de centros de produção artesanal de artefatos de sisal como
tapetes, brinquedos, utilitários domésticos, etc. Para o desenvolvimento de um
ciclo local de produção auto-sustentável.
Sendo a agaveicultura uma ótima alternativa ou meio para o
desenvolvimento econômico e social do sertão Nordestino e para atenuação
dos problemas apresentados em 2.1, não lhe são atribuídos valor e cuidados
necessários.
Fora a instabilidade do mercado, os outros problemas aqui apresentados podem ser

solucionados com medidas do poder público local. A agaveicultura é uma atividade

desenvolvida, em sua maior parte, por pequenos produtores, não gera grandes somas

em imposto, mas gera emprego – o que não pode ser considerado insignificante.

Segundo BELTRÃO (1999), “negligenciá-la (a agaveicultura) é criar um problema

social, isto é, resultará na migração do homem do campo para a periferia das grandes

cidades, onde geralmente as precárias condições de vida derivam em marginalidade”

Assim, levantar a existência e a potencialidade de possíveis obstáculos ao


desenvolvimento da agaveicultura no âmbito local, é contribuir para a formação
de uma consciência da necessidade da elevação da capacidade de captação
de renda por parte do pequeno produtor rural. O que resultará também numa
elevação do padrão da qualidade de vida dessa população.

2.0- O SISAL
2.1- CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS.

O sisal é planta perene, herbácea, quase acaule, semi-xerófita, nativa de


regiões semi-áridas do hemisfério ocidental.
O sisal cultivado no Brasil é a espécie Agave Sisalana Perrine, uma
monocotiledônea da família das Agavacae, de origem mexicana.

Caracteriza-se por possuir sistema radicular fibroso e fasciculado. O


caule da agave sisalana pode atingir 1,2m de altura e 0,2m de diâmetro e serve
de sustentação a cerca de 100 folhas, as quais medem entre 0,9 a 2,0 metros
de comprimento e de 10 a15cm de largura na sua parte média. As folhas
apresentam-se de cor verde escuro, superfície superior côncava e superfície
inferior convexa, possuindo um acúleo de 2 cm em sua extremidade. Chegam a
pesar entre 400 e 700 gramas, a depender do desenvolvimento da planta e da
espécie, estando arranjados no caule de forma espiral.

“O arranjo regular de suas folhas, aliado à posição altaneira do seu


escapo floral, confere-lhe aparência de invulgar beleza onde quer que seja
cultivada. A denominação Agave dada ao gênero é derivado apropriadamente,
de Agave que, em grego, significa admirável, magnífico” (SILVA &
BELTRÃO,1999) uma planta de Agave Sisalana produz entre 180 e 250 folhas
durante seu ciclo médio de 8 a 10 anos.

A propagação da planta se dá por rebentões ou por bulbilhos. Os


rebentos originam-se a partir das rizomas da planta-mãe, os quais situam-se na
base da

planta abaixo do nível do solo, e são plantados diretamente no local definitivo.


Os bulbilhos são brotos que se destacam da inflorescência, enraízam-se e
formam novas plantas. São cultivadas em viveiro antes de irem para o campo.
A Agave Sisalana Perrine é a espécie cultivada hoje no estado da Bahia
(maior produtor brasileiro), mas há também o híbrido n 11648 de origem
africana sendo cultivado nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte.
O híbrido chega a ser mais produtivo que o tradicional, porém exige
condições melhores de solo e de manejo e é mais sustentável a moléstias.
2.2- O CULTIVO DO SISAL

O sisal é cultivado no Brasil para produção de fibras duras,


consideradas como as mais resistentes fibras vegetais. Destina-se a fabricação
de cordas, cordéis, tapetes, capachos e produtos artesanais além de servir
como excelente matéria-prima para fabricação de celulose e papéis finos.
Cultiva-se as mudas de sisal em viveiros em covas de cerca de 20 cm
de profundidade por um período de aproximadamente, seis meses, depois
planta-se em local definitivo , se bulbilhos. Se através de rebentões não é
necessário o enviveiramento eliminando assim parte dos custos. A densidade
de plantas por hectares e o espaçamento mais comum encontrado é de 2m de
largura entre fileiras e 1m entre plantas da mesma fileira, com uma população
de 5 mil plantas por hectares. O espaçamento entre as fibras pode aumentar
dependendo do nível de mecanização da atividade para facilitar a locomoção
de máquinas de cultivo e transportes. E também, quando se utilizar o método
de consórcio com outras culturas (milho, feijão,palma ou capim-buffel) ou com
a criação de bovino.
O planto deve ser feito em terreno limpo e com capinas ou roço
freqüente.
,pois a sisalana é uma planta muito sensível à ocorrência de plantas invasoras
e de fácil reprodução as quais concorrem em água, luminosidade e nutrientes.
Por ser uma planta semi-xerófita, o sisal, adapta-se com facilidade às
condições de climas, secas prolongados e altas temperaturas e de solos
silicosos, soltos, profundos, com pH variando entre 5 e 8, da região Nordeste.
A primeira colheita, o primeiro corte de folhas dá-se aproximadamente
aos 36 meses após o plantio, deixando-se sempre um mínimo de 10 folhas por
planta. O corte repete-se, em média a cada seis meses.

Um trabalhador (cortador) pode cortar e enfeixar cerca de 2500 folhas


por dia as quais são transportadas até o pé da máquina, geralmente em
asininos através do método de cangalhas e cambitos. Procura-se sempre
desfibrar as folhas no mesmo dia em que são cortadas para evitar queda de
qualidade.
A descorticação (separação da fibra da cortiça) é feita numa máquina
própria chamada máquina paraibana ou simplesmente “motor de sisal”.
Máquina rudimentar que põe em risco a segurança do trabalhador encarregado
de alimentar a máquina com folhas para serem descortiçadas, o puxador.
Após o desfibramento segue-se o processo de secagem em ar livre e
armazenamento da fibra.
Um hectare de sisal produz entre 700 e 1000 Kg de fibra seca/ano.
Antes de ser comercializada a fibra produzida passa ainda pelas máquinas das
batedeiras para a retirada de impurezas e seleção/classificação e
compactação. A classificação dá-se mediante observação do tamanho,
coloração, resistência, brilho,, pureza e teor de umidade. Possuindo quatro
graduações: tipo superior, tipo 1, 2 e 3.
Hoje, no Brasil, da folha do sisal, aproveita-se apenas a fibra, o que á
muito pouco, 4% (quatro por cento), segundo a Comissão Nacional do Sisal, o
resto é jogado fora. É comum vêem-se em meio aos campos de sisal
verdadeiras montanhas de resíduo sem nenhuma utilização.
Em países onde o processo de beneficiamento do sisal se modernizou,
já se utiliza o sisal com matéria-prima para a indústria farmacêutica, na
produção de tequila (México), na fabricação de detergentes, fertilizantes e até,
gás natural. (Figura 2.2.1)

FIGURA 2.2.1-

Cortador de sisal

em atividade.
3.0 - ÁREA DE ESTUDO

O município de Várzea Nova situa-se na microrregião do Piemonte da


Chapada Diamantina, interior do Estado da Bahia, 390 quilômetros a noroeste
da capital, Salvador. Com uma área de 1165 Km² e altitude media de 760
metros. (Figura 4.1, 4.2)

Por está inserido no sertão baiano o clima de Várzea Nova é o semi-


árido, com médias térmicas superiores a 22°C e precipitação inferior a 600 mm.
A caatinga é a vegetação predominante em 100% de seu território.

O município é pobre em águas superficiais (rios, lagos e lagoas), mas


possui um grande potencial em águas subterrâneas, com a capacidade já
instalada em poços artesianos de 388.375 litros/hora. Entretanto suas águas
subterrâneas apresentam dureza e teor de cloreto de sódio altos, tornando-a
imprópria para o consumo humano. O que não significa impossibilidade de
utilização na agricultura para irrigação.

O município possui uma população de 14,154 habitantes, 61,3% deles


na zona urbana e densidade demográfica igual a 12,14 hab/km².

Segundo o IBGE (censo 2001) a renda média da população com 10


anos ou mais é de 170,15 reais para homens e 142,66 para mulheres. Mais de
2 000 pessoas não têm instrução ou possuem menos de 1 ano de estudo.
Apenas 77 domicílios são atendidos com serviço de rende de esgoto, 1916
com rede de água e 1923 com coleta de lixo. Conta com 4 estabelecimentos de
saúde totalizando 22 leitos. O número de matrículas entre o ensino
fundamental e médio em 2001 foi de 4731 matriculas. Entretanto a taxa de
alfabetização da população total é de apenas 70,7%.

Como a maioria dos municípios do sertão nordestino e baiano, Várzea


Nova depende de receitas da União para manter os serviços públicos
funcionando.
FIGURA 3.1 - MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA

FIGRUA 4.2 – MICROREGIÃO DO PIEMONTE DA CHAPADA DIAMANTINA

ESCALA
1:600 000
FIGURA 3.2 – MICRORREGIÃO DO PIEMONTE DA CHAPADA
DIAMANTINA
4.0- O ESTADO DA PRODUÇÃO ATUAL DE SISAL NO MUNICÍPIO DE
VÁRZEA NOVA: ENTRAVES E POSSIBILIDADES

4.1- DIAGNÓSTICO

As informações aqui apresentadas dizem respeito resultado de pesquisa


com os agricultores, comerciantes e no site do IBGE. Traduzem os principais
problemas encontrados na cultura sisaleira no município pesquisado.

O município de Várzea Nova possui uma área plantada de sisal de 11 000


hectares e produziu em 2002, 7.700 toneladas de fibra seca. Sendo a sua
produtividade média de 0,7 toneladas por hectare. Calcula-se que a área
plantada hoje esteja 30% reduzida da área plantada de uma década atrás.

Quando perguntou-se por que a área plantada reduziu bastante nos


últimos anos, os agricultores e comerciantes, foram unânimes em apontar a
queda de preço da fibra como causa para o descrédito da cultura no município.
Todos os entrevistados salientaram, em seus discursos, a necessidade de
investimentos públicos para a cultura.

A totalidade do sisal produzido em Várzea Nova é exportada para


municípios como Conceição do Coité, Valente e Salvador. Onde há indústrias
de fios, barbantes, cordas, tapetes, artesanato e outros derivados ou para o
exterior, China e Portugal, por exemplo. Todavia em Várzea Nova, município
com uma produção anual aproximada de 8.000t, ainda não há iniciativas que
apontem para a criação de centro de industrialização da fibra do sisal. Segundo
os especialistas entrevistados, a produção local é capaz de fornecer matéria-
prima para um empreendimento desse tipo com folga.

A produtividade do sisal atinge seu maior peso na estação chuvosa, verão,


e cai em cerca de 40 a 50 por cento nos meses de estiagem. Sendo Várzea
Nova uma região de clima semi-árido com precipitação inferior aos 600mm,
pode ficar até 10 meses sem chover.
Em anos de estiagens prolongadas, o sisal entra no processo de
atrofiamento. As plantas começam a murchar suas folhas, aspecto denominado
de queda-da-saia, ficando impraticável o desfibramento das mesmas. Assim a
produção pára e gera cerca de 1 500 desempregados só no campo (nas
atividades de corte, desfibramento e estalagem da fibra).(Figura 4.1)

Figura 4.1- sisal murcho


devido as estiagens e
competição plantas
invasoras.

A situação dos campos não é das melhores. Mais de 90% dos campos

pesquisados não seguem as normas agrotécnicas para o plantio e trato da

cultura. Em 100% dos campos pesquisados a densidade das plantas

ultrapassa o recomendado, 5.000 plantas/ha. Quase não há espaço entre as

plantas. Não se faz substituição das plantas velhas ou mortas. Os filhotes

(rebentões) não são eliminados e proliferam-se em número de 10 a 20 filhotes

ao pé da planta-mãe, sugando-lhes nutrientes e impedindo seu crescimento.

Além de dificultar a circulação dos trabalhadores e o transporte da produção.

(Tabela 4.1)
Tabela 4.1 -Situação dos campos de sisal pesquisados no município de Várzea Nova –

2004.
Situação Números estimados
Campos sujos (presença de plantas invasoras) 90%

Utilização dos resíduos do desfibramento < que 10%

Campos virgens (antes do primeiro corte) *

Consorciado com outras culturas (Feijão, milho, capim, etc.) *

Número médio de trabalhadores por campo 10

Não se faz a limpeza dos campos procurando eliminar as plantas

* Percentual insignificante
invasoras, as quais competem com o sisal em nutrientes, luminosidade e
espaço. O sisal na sombra de plantas invasoras, as quais crescem de 100 a
200% mais, não adquirem uma rigidez da folha ideal para a produção de uma
fibra de boa qualidade. Em muitos campos o trabalhador utiliza
aproximadamente 50% de seu tempo de trabalho roçando a caatinga para ter
acesso ao pé de sisal.

As plantas invasoras reduzem em muito a longevidade das plantas de


agave sisalana (o sisal). Em períodos longos de estiagens o sisal dos campos
sujos murcha primeiro. Quando o campo é bem tratado o sisal permanece
“verde” por não precisar competir com outras espécies mais adaptadas ao
clima e às condições de solo.

A Comissão Nacional do Sisal publicou um artigo, “Sisal: problemas e


soluções” onde apresenta os principais problemas da cultura sisaleira, tais
como: tecnologia rudimentar empregada na produção e campos mal tratados
fazendo com que a produtividade entre em declínio. E propõe a limpeza dos
campos, manutenção constante das máquinas de descorticação obsoletas e o
consórcio do sisal com a ovinocaprinocultura como solução para a baixa
rentabilidade do sisal. (Vide Referências Bibliográficas).
Nas regiões pesquisadas não foi detectada nenhuma área nova de
plantação de sisal. Mais de 90% dos campos de sisal no município de Várzea
Nova, são campos com a parir de 2 cortes e muitos deles com o total de
plantas em seu finall de ciclo.

Apenas 10% dos campos pesquisados utilizam os resíduos do


desfibramento, entretanto de forma rudimentar. O resíduo é deixado no local do
desfibramento e solta-se, na mesma área, um rebanho de ovinos ou caprinos
para se alimentarem do refugo do desfibramento. Não se faz nenhuma seleção
do material ou outro tipo de tratamento. Quando perguntados sobre os perigos
do resíduo ainda fresco para a saúde dos animais, os agricultores
responderam: “eles mesmos fazem sua própria seleção, o que é bom, comem,
o que é ruim deixam.”

A tecnologia empregada na cultura é muito atrasada. O desfibramento é


feito mediante o processo de raspagem das folhas. Esse processo é feito por
uma maquina denominada Paraibana, um dos únicos equipamentos
disponíveis no mercado a custos acessíveis e de fácil manutenção. Entretanto
por sua falta de segurança acaba expondo o trabalhador a riscos de acidentes.
É considerável o número de trabalhadores com mãos e braços mutilados no
manejo da Paraibana na região. (Figura 4.2)

Figura
4.2 – Máquina paraibana em
operação de desfibramento no
campo de sisal.
Há iniciativas dos órgãos de apoio tecnológico à cultura do sisal no sentido
desenvolver uma máquina mais segura, mas esses projetos ainda estão em
fase de testes. (ANEXO D)

Em nenhum dos campos pesquisados o sisal é cultivado em consorcio


com outras culturas. Essa realidade faz cair a rentabilidade da cultura e deixa
de atrair novos trabalhadores. É comum ouvir da classe trabalhadora do
município que em situação de desemprego, a atividade sisaleira será sempre a
ultima porta a ser batida. Por ser uma atividade pouco rentável para o
trabalhador primário (os que trabalham na colheita), a agaveicultura é vista com
preconceito entre a população local. Geralmente quando se quer dizer que uma
pessoa vai ficar desempregada, diz-se que esse alguém “vai para o motor”, ou
seja, vai cortar sisal. Trabalhar na atividade sisaleira é considerado um
emprego humilhante.

Em 1996 o Programa Internacional para eliminação do Trabalho Infantil


– IPEC da OIT - Organização Internacional do Trabalho no Brasil, publicou um
documento com o tema “Combate ao Trabalho Infantil” onde denuncia a
presença de crianças envolvidas nos trabalhos da cultura do sisal nos estados
da Bahia , Ceará e Paraíba. Essas crianças participam das tarefas de corte de
sisal, carregamento para a batedeira e uso de máquinas de desfibramento
sendo submetidas a ruído excessivo junto às máquinas, jornadas longas de
trabalho, risco de mutilação e alta concentração de poeira. (Vide Referências
Bibliográficas).

O município de Várzea Nova, Bahia, área de estudo desta monografia,


possui 1 500 crianças inscritas no PETI – Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil, grande maioria desenvolvia tarefas nos campos de sisal no
turno oposto ao das aulas para complementação da renda familiar. Renda que
geralmente fica abaixo de um salário mínimo/mês.

As relações de trabalho e produção são extremamente frágeis,


desorganizadas e dão lugar a exploração do trabalhador primário por parte dos
proprietários dos meios de produção que, na atividade sisaleira, são a maquina
desfibradora, o campo de sisal, o transporte e a maquina da batedeira, onde se
faz o beneficiamento da fibra. Essa desorganização faz com que a maior parte
dos rendimentos da atividade seja sugada para o setor terciário da cadeia de
produção e quem de fato produz a fibra, os agricultores (ou agaveicultores)
ficam com um percentual inferior. (Tabela 4.2)

(Tabela 4.2) ATIVIDADE SISALEIRA NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA PARTICIPAÇÃO


NOS RENDIMENTOS (em 1000 kg de fibra seca produzidos)
PARTE VALOR LÍQUIDO EM R$ PERCENTUAL
TRABALHADOR PRIMÁRIO - COLHEITADOR 240.; 20
DONO DO CAMPO 180 15
DONO DA MÁQUINA DE DESFIBRAMENTO 540 45
DONO DA BATEDEIRA 240 20
TOTAL 1200 100

Como se vê, a produção esta dividida entre quatro partes: o trabalhador-


colheitador, o dono do campo, o dono da maquina desfibradora e o proprietário
da batedeira.
O proprietário do campo de sisal faz um contrato de participação e as 15%
da produção de fibras. As despesas do proprietário do campo comparadas ao
lucro são quase nulas. Uma vez que este apenas planta o sisal em sua terra e
espera cerca de um ano e meio para começar a receber os mais de 1/6 da
produção. A grande maioria não faz a manutenção (limpeza) dos campos,
ficando os 15% livres de qualquer ônus.
O dono da maquina de desfibramento participa em cerca de 45% do
rendimento. Deste percentual são subtraídas despesas com combustível e
manutenção da maquina. Em alguns campos (25% dos pesquisados) o dono
da maquina distribui uma parte de sua renda obtida, geralmente a metade, para
um terceiro administrador, que só vai ao campo uma vez por semana receber a
produção e deduzir as despesas.

O proprietário da batedeira fica com 20% dos rendimentos. Deste


montante ele subtrai despesas com funcionários, energia para as maquinas de
beneficiamento e prensa e com transporte para a fabrica de fios (exportação).
Um percentual aparentemente pequeno, vinte por cento, mas quando
relacionado à soma total de toneladas de fibra que uma batedeira comercializa
por mês ou por ano, o valor absoluto multiplica-se.

No município de Várzea Nova há três batedeiras.Em 2002 elas foram


responsáveis por beneficiar 7.700 toneladas de fibras de sisal, lucrando em
media 1,5 milhão de reais. Com cerca de 20 funcionários, cada, e mais de 90%
deles não registrados e ganhando entre um e meio salário mínimo. Desta forma
os empresários das batedeiras superfaturam sobre a atividade sisaleira no
município.

Os trabalhadores primários detêm 20% da produção para ser dividido


entre o cortador, o
Figura 4.3 - Rendimento médio dos trabalhadores dos
desfibrador, o resídeiro campos de sisal em Várzea Nova - 2004 (por mês/em
salários mínimos)
e o estendedor de
57%
60%
fibras. Para estes, os
50%
reais produtores, o 40% 30%
30%
menor percentual em 20% 13%

lucro. Por mais que se 10%


0%
esforcem, não Meio salário Maior que 1/2 e Um salário
menor que um salário
conseguem alcançar o
ganho de um salário
mínimo/mês. Assim o padrão de qualidade de vida é precário, pois esses
trabalhadores mal conseguem comprar alimentação. (FIGURA 4.3)
A maioria dos trabalhadores entrevistada nos campos, não possui casa
própria. A maioria não completou o ensino fundamental e a taxa de

Figura 4.4 - Escolaridade dos trabalhaores dos campos de


sisal no de Várzea Nova - 2004.

Analfabetos 30%

Semi Analfabetos 23%

Ensino Fundamental incompleto 47%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

analfabetismo chega a os 30%. (Figura 4.4)

Muitos trabalhadores tomam empréstimos aos empresários das


batedeiras e passam a dever o fornecimento de uma certa quantidade de fibras
a mais por semana. Como não conseguem dobrar a sua produção, passam
anos devendo e obrigados a manter o fornecimento de fibras àquela batedeira.
Em 25% dos campos pesquisados, por estarem localizados longe da
cidade e de povoados, vê-se famílias inteiras morando em barracos de lona
sem a mínima condição de higiene ou segurança, bebem água não tratada,
provinda de tanques abertos nos próprio solo sujeitos a toda espécie de
contaminação.
Nos campos, trabalha-se sem nenhum tipo de seguro social ou contrato
de estabilidade. Muitos dos trabalhadores ao sofrerem acidentes, não sabem a
quem recorrer para serem indenizados. Para a Previdência Social eles não
existem e para os proprietários dos campos e das batedeiras, eles são
trabalhadores autônomos e, portanto, não lhes pesa nenhuma obrigação de
responder pela saúde e segurança desses trabalhadores.

4.2- ANALISE DO DIAGNÓSTICO


Como se pode comprovar através dos números e da realidade
apresentados em 4.1, a agaveicultura no município de Várzea Nova teve sua
produtividade e área plantada drasticamente reduzidas.

Dentre os motivos que contribuíram para o declínio da produção e


produtividade estão: preço pouco atrativo, a situação de maus tratos por que
passam os campos de sisal do município, ausência de técnicas que visam
elevar a rentabilidade do cultivo, como consórcio com outras culturas ou com a
pecuária, uma relação de exploração dos setores da ponta da cadeia de
produção (os proprietários de batedeiras e comerciantes de fibra) sobre os
trabalhadores primários, a precária tecnologia empregada impedindo a
produção de uma fibra de melhor qualidade e melhor preço e a não-utilização
dos resíduos do desfibramento, que pode ser considerado uma fonte de renda
cujo destino é o desperdício.

Do ponto de vista humano tem-se duas realidades distintas. A dos


trabalhadores dos campos cujo padrão de qualidade de vida beira a miséria e a
dos atravessadores que, sugando boa parte dos rendimentos da produção
conseguem uma lucratividade astronômica, comparando-se com o que ganham
os demais trabalhadores.

Tanto é que a população economicamente ativa do município


desinteressou-se por trabalhar nos campos de sisal ao tempo em que os
proprietários de batedeiras passaram a comprar máquinas desfibradoras e
entregá-las aos produtores como empréstimo para pagarem de acordo com a
produção, com o intuito de manter a atividade que lhes dá muitos lucros.

A baixa rentabilidade da cultura afugentou os investimentos nos campos


de sisal. Assim esses encontram-se em péssimo estado de conservação. Com
um número muito grande de rebentões (filhotes) de sisal crescendo
desordenadamente, campos invadidos por uma grande quantidade de arbustos
dificultando o corte das folhas e implicando no declínio da produtividade. Sem
mencionar a ausência de novas plantações.
E não somente afugentou os investimentos, como também os
trabalhadores os quais, ganhando pouco e sem nenhuma garantia de direitos
trabalhistas, migra, durante o período chuvoso, para o cultivo de culturas
temporárias como feijão, milho, mamona e outros cuja rentabilidade pode
chegar a 80% a mais que o sisal.
A desorganização do sistema de produção de sisal em Várzea Nova
isola seus agentes de produção contribui para o declínio da atividade e
desperdiça uma grande oportunidade de geração de renda permanente e
satisfatória a centenas de trabalhadores e ao município.

A produção total de fibras é exportada em estado intermediário de


beneficiamento, havendo assim uma evasão de ganho potencial para o
municípios detentores de centro de industrialização do produto.

A distância entre o produtor e o produto final é muito grande,


desnecessária e condiciona uma perda de receita de mais de 50%, constituído-
se no principal problema da cultura no município por favorecer uma alta
concentração de renda.
Aproximar o produto final, com todo seu valor agregado do produtor
primário exige a eliminação de alguns canais de decantação de receitas, os
atravessadores e comerciantes, e, ao mesmo tempo responsabilizar o produtor
por um número superior de atividades, exigindo assim um certo grau de
especialização e organização. Todo esse desdobramento será compensado
por uma elevação do lucro no próprio campo.

O Plano de Desenvolvimento Municipal do PRODER- Programa de


Emprego e Renda desenvolvido pelo SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas do Estado da Bahia) do município de Várzea Nova, traz
em suas operações estratégicas na Agropecuária a proposta de uma avaliação
técnica e mercadológica visando o incentivo ao plantio do sisal. (Vide
Referências Bibliográficas).
Há experiências de ‘enxugamento’ da cadeia de produção da atividade
sisaleira em municípios com Conceição do Coité e Valente na Bahia. A maneira
encontrada por esses municípios para fazer com que a renda do sisal fosse
justamente distribuída entre os trabalhadores, foi através de associações
comunitárias e cooperativas. Desta forma eles desconcentraram a renda da
atividade, possibilitaram melhores condições de trabalho, os campos passaram
a ser devidamente tratados e elevou-se o padrão da qualidade de vida da
população sisaleira. Nesses municípios os trabalhadores são conscientes de
que o mínimo esforço para aumentar a produtividade da cultura resultará em
aumento da receita e lucro.
Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Valente –
APAEB divulga anualmente, um relatório de suas atividades e resultados
alcançados. No relatório de 2002 dá-se ênfase ao recorde no preço de sisal
naquele ano, chegando a 270 dólares por tonelada, melhor preço desde 1978.
E destaca como causas dessa alta no preço do sisal a entrada da China no
mercado comprando a fibra beneficiada e a diminuição na oferta do produto
devida a seca no sertão baiano. Além de dar ênfase ao aumento do número de
empregos criados. (Vide Referências Bibliográficas).

Em Várzea Nova devido à ausência de associações e cooperativas


ligadas ao cultivo do sisal, um possível aumento de produtividade ou da
produção requererá um número maior de trabalhadores, mais não um aumento
de ganho por trabalhador. A receita que deveria ficar com o produtor primário
vai para os comerciantes da produção nas batedeiras, os quais, muitas vezes
controlam o preço de compra da fibra no mercado local para manterem seus
lucros em patamares altos.
Sendo plurais os atravessadores da cadeia de produção, uma
cooperativa de produtores de fibra de sisal no município de Várzea Nova
poderia ser organizada diminuindo-se um atravessador ou todos eles.

Por exemplo: socializando-se a propriedade da máquina de


descorticação e distribuindo a renda igualmente entre os trabalhadores os
ganhos relativos triplicariam. Devendo-se deduzir dessas receitas despesas
como combustível, transporte e manutenção da máquina. Socializando-se tanto
a máquina desfibradora quanto a batedeira, os salários dos trabalhadores não
seriam inferiores aos pagos por outras atividades econômicas no município
como o comércio, por exemplo.

É importante salientar que a socialização dos meios de produção tanto


pode ser feita via financiamentos públicos mediante a participação dos fundos
de desenvolvimento agrícola e apoio as micro-empresas ou via financiamento
privado mediante investimento dos próprios trabalhadores associados em
cooperativas.

Por tanto os problemas cruciais da cultura sisaleira no município de


Várzea Nova não são as estiagens ou os maus tratos dos campos, mas em
primeiro lugar a concentração dos dividendos da produção. Um problema
estrutural cuja solução resultará na atenuação de todos os outros entraves à
produção local.

CONCLUSÕES

Não obstante os discursos que apresentam o Nordeste como uma região


órfã, necessitada de recursos federais e sem perspectiva de
autodesenvolvimento. Prova-se, através desse trabalho a existência de um
amplo leque de possibilidades e alternativas capazes de promover
efetivamente o desenvolvimento sustentável da região nordeste, mais
precisamente do sertão nordestino. Isso mediante estudo da agaveicultura,
apenas uma dentre muitas outras culturas permanentes dessa região.

O município de Várzea Nova que tradicionalmente transfere a


responsabilidade pelos seus baixos índices de desenvolvimento humano e
econômico dos agentes sociais para os agentes naturais, ignora sua própria
capacidade de desenvolvimento. Conclusão esta baseada no estudo de
apenas uma das atividades agrícolas da região, o cultivo do sisal, com
elevadas possibilidades de autodesenvolvimento, geração e renda, emprego,
aumento do índice de industrialização e modernização da agricultura local e
melhoria do padrão de qualidade de vida da população, entretanto renegada ao
descaso e a superexploração por um pequeno número de beneficiados.

A produção do sisal no município de Várzea Nova está em declínio, fato


provado pela inexistência de novas plantações da cultura. Essa situação tem
como principal vertente à baixa rentabilidade do setor, essencialmente para os
trabalhadores primários responsáveis pela expansão do plantio e cultivo.

Esse quadro da atividade sisaleira varzeanovense alerta para a


necessidade de um replanejamento objetivando-se reestruturar a cadeia
produtiva e fazer com que parte dos lucros gerados seja investido no
aperfeiçoamento do ciclo produtivo. Evitando assim o atrofiamento desse
último.

Segundo a maioria dos trabalhadores entrevistados, essa reestruturação


da cadeia produtiva, inclusive a instalação de centros de industrialização do
produto, depende, em parte, do poder público local. Essa opinião é coerente
com a realidade, uma vez que, desinteresse, por parte do poder público local
em insistir na atividade, pode ser explicado pela estreita relação entre este e
um pequeno grupo que controla e superfatura sobre a atividade sisaleira.

Sugere-se a criação de cooperativas de produtores de fibras de sisal


com intuito de fortalecer o trabalhador aumentando-lhe a renda, dando-lhe
condição de tratar adequadamente dos campos, elevando a qualidade de vida
(alimentação, saúde, moradia e educação), introduzindo na microeconomia do
município através da elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores. Além de,
mediante registro e contribuições no sistema previdenciário oficial, garantir a
aposentadoria e seguro contra acidentes.
Futuros trabalhos de pesquisa sobre a agricultura no município de
Várzea Nova poderão focalizar números exatos de custo e benefício para a
implantação de cooperativas de produção de fibras e instalação de unidades de
industrialização de fibra produzida.

A agaveicultura, como outras atividades econômicas, agrega benefícios


a nível nacional e local. Ajuda a alavancar desenvolvimento sustentável tão
comentado e necessário atualmente. Portanto destinar parte do orçamento
público para este setor só pode ser traduzido como tentativa de
desenvolvimento com investimentos ambiental, política, social e
economicamente corretos.

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Poços Artesianos Funcionando no município de Várzea Nova Ba. Várzea
Nova, 2004.
QUESTIONÁRIO SÓCIO ECONÔMICO APLICÁVEL AOS
TRABALHADORES DOS CAMPOS DE SISAL.

LOCALIDADE:.......................................................................................................
.........
1- Quantas pessoas trabalham no campo?

M F TOTAL
2- Trabalham em média quantas horas por dia?
____________________________________________________________
_
3- Qual do rendimento médio mensal por pessoas que trabalham na
colheita do sisal?
a)  < que ½ salário mínimo;
b)  ½ salário mínimo;
c)  > que meio salário mínimo;
d)  1 salário mínimo;
e)  entre 1 e 2 salários mínimos;
f)  superior a dois salários mínimos.

4- Trabalham quantos jovens em idade inferior aos quatorze anos?


____________________________________________________________
_
5- Quantos estudam?
____________________________________________________________
_
6- Quantos acima de 5 anos não são alfabetizados?
____________________________________________________________
_
7- Qual nível médio de escolaridade dos trabalhadores?
a- não alfabetizado ..................................................................
b- ensino fundamental incompleto ........................................
c- ensino fundamental completo.............................................
d- ensino médio incompleto ...................................................
e- ensino médio completo ......................................................
8- Quantos possuem casa própria?
____________________________________________________________
_____
9- Os trabalhadores já tiveram algum treinamento para desempenharem
suas
funções?
 sim  não
10-Os trabalhadores usam algum instrumento de segurança contra
acidentes no trabalho?
 sim, sempre;
 raramente;
 não, nunca;
11-Quem faz a colheita do sisal?
 o dono do campo;
 um arrendatário.
12-Se quem faz a colheita é um arrendatário, qual o preço do campo
comprado?
____________________________________________________________
_
13-O sisal colhido,
a)  é beneficiado pela própria comunidade que o colheu;
b)  é vendido a atravessadores, donos de batedeiras;
c)  é vendido às fábricas e artesãos;
d)  é exportado

14-Qual o preço da fibra de sisal seco?


____________________________________________________________
_____
15-Qual o sistema de remuneração dos trabalhadores que fazem a colheita
do sisal?
a)  ordenado semanal e fixo;
b)  ordenado mensal e fixo;
c)  pagamento semanal por produção;
d)  pagamento mensal por produção.

16-Quanto é pago aos trabalhadores de acordo com a sua função?


a) Cortador ..........................................................................................
.
b) O puxador
(descorticador) .................................................................
c) O resideiro (auxiliar do
descorticador) ..............................................
17-Para produzir um quilo de fibra seca precisa-se de quantos quilos de
fibra úmida?
____________________________________________________________
_
18-Aproveita-se o resíduo da decorticação?
 sim  não
19-Se sim, como?
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20-O campo de sisal é bem tratado, é “limpo” de arbustos, faz-se
substituição das plantas que morrem?
 sim  não
21-Os trabalhadores moram próximo ao campo ou se deslocam de outras
localidades, da zona urbana, por exemplo?
____________________________________________________________
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22-A quem pertence a máquina de decorticação?
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23-Produz quantos quilos de fibra seca/semana?


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24-O sisal é cultivado só ou consorciado com outras culturas?
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QUESTIONARIO DESTINADO AOS PROPRIETÁRIOS DE BATEDEIRAS NO


MUNICIPIO DE VÁRZEA NOVA – BA:
QUESTÕES:

1- Qual preço do sisal comprado por esta batedeira?

2- O que é feito com a fibra nesta batedeira?

3- Quantos quilos de fibra seca entram nessa batedeira semanalmente?

4- Em que época do ano a produção de sisal é maior em nosso município?

A que se deve esse fato?

5- A batedeira trabalha com cerca de quantos funcionários?

6- Qual é a média salarial desses funcionários?

7- Os trabalhadores são registrados?

8- Para onde é vendido o sisal produzido pela batedeira? A que preço?

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9- Há algum de contribuição social pago por esta batedeira?

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10-Há quanto tempo compra fibra?

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11-Na sua opinião, por que Várzea Nova ainda não tem um centro de

beneficiamento de sisal?
FOTOS

Situação de moradia precária dos


Ambiente interno e máquina da batedeira
trabalhadores.

Moradia de trabalhador do sisal Maquina de desfibramento, em

construída com os próprios caules da primeiro plano, e, ao fundo, ovinos

planta. alimentando-se de resíduos do

desfibramento.

Estaleiro de fibras de sisal. Cortador de sisal em atividade.

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