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1) O documento discute a lógica por trás do uso de métodos quantitativos nas ciências sociais, argumentando que eles funcionam quando usados corretamente para testar hipóteses com base em teorias e medições indiretas.
2) Circunstâncias como a formulação do problema de pesquisa e hipóteses determinam qual método é mais adequado, sem que haja antinomia entre métodos qualitativos e quantitativos.
3) O texto também apresenta considerações sobre o estado atual do uso de métodos quantitativos na pesquisa
Deskripsi Asli:
Judul Asli
Métodos Quantitativos e Pesquisa Em Ciências Sociais
1) O documento discute a lógica por trás do uso de métodos quantitativos nas ciências sociais, argumentando que eles funcionam quando usados corretamente para testar hipóteses com base em teorias e medições indiretas.
2) Circunstâncias como a formulação do problema de pesquisa e hipóteses determinam qual método é mais adequado, sem que haja antinomia entre métodos qualitativos e quantitativos.
3) O texto também apresenta considerações sobre o estado atual do uso de métodos quantitativos na pesquisa
1) O documento discute a lógica por trás do uso de métodos quantitativos nas ciências sociais, argumentando que eles funcionam quando usados corretamente para testar hipóteses com base em teorias e medições indiretas.
2) Circunstâncias como a formulação do problema de pesquisa e hipóteses determinam qual método é mais adequado, sem que haja antinomia entre métodos qualitativos e quantitativos.
3) O texto também apresenta considerações sobre o estado atual do uso de métodos quantitativos na pesquisa
Mtodos quantitativos e pesquisa em Cincias Sociais: lgica e utilidade do
uso da quantificao nas explicaes dos fenmenos sociais
Marlia Patta Ramos- UFRGS 1
1 PhD em Sociologia. Professora e pesquisadora no depto e no PPG Sociologia da UFRGS. Bolsista produtividade Cnpq. Resumo O artigo consiste uma apreciao terica sobre os fundamentos propriamente metodolgicos (e no apenas procedimentais) dos chamados mtodos quantitativos na pesquisa em cincias sociais, os quais so frequentemente --mas equivocadamente- reduzidos ideia de tcnicas de quantificao. O artigo apresenta e discute a dependncia que a escolha do mtodo tem em relao ao tipo de problema de pesquisa que formulamos bem como com as hipteses; a lgica subjacente chamada metodologia quantitativa. Alm disso o artigo traz algumas consideraes sobre o uso dos mtodos quantitativos nas Cincias Sociais no Brasil.
Abstract This article presents a theoretical bases about the methodological roots (not only the procedures) of the called quantitatives methods used in the Social Sciences Field, which are, wrongly, reduced to the idea of quantification techniques. The article presents and discuss the dependency about the choice of the method and its relation with research problem as well as with the hypothesis. Besides this the article brings some considerations about the use of quantitative methods in the field of Brazilian Social Sciences.
Introduo Este artigo visa demonstrar que, na prtica, o uso dos mtodos quantitativos ou qualitativos depende diretamente do problema de pesquisa. Reconhece-se, explicitamente, que as tcnicas de captao, e especialmente de 'construo dos dados' e das interpretaes presentes nos diferentes mtodos (quantitativos e qualitativos), so eminentemente diferentes, derivadas como so, de objetivos imediatos igualmente diferentes. O artigo est dividido em quatro sesses na primeira discorremos sobre a lgica que est por trs do uso dos mtodos quantitativos, trazendo a tona aspectos mais epistemolgicos ligados formulao do problema de pesquisa sociolgico. A segunda sesso trata das circunstncias em que o uso dos mtodos quantitativos se faz necessrio. A terceira sesso apresenta uma descrio do estado da arte do uso dos mtodos quantitativos na pesquisa sociolgicas, e das cincias sociais em geral, no Brasil. Por fim, na ltima sesso so apresentadas as consideraes finais e apontamentos para uma reflexo sobre a presena necessria do referencial terico na construo de problemas cientficos que exigem o uso de mtodos quantitativos. Finalmente, consideramos que o artigo possa contribuir para desmistificar a ideia de que a distino quali-quanti representa uma antinomia metodolgica, terica ou epistemolgica, substituindo-a pela ideia de uma dinmica lgica e progressiva do esforo investigativo, a qual envolve dois recortes em ltima instncia indissolveis.
A lgica implcita no uso de mtodos quantitativos nas Cincias Sociais
O uso dos mtodos quantitativos no criticado nas cincias naturais ou menos ainda nas hard sciences. Contudo, nas Cincias Sociais (sociologia, psicologia, educao e outras) existe uma grande discusso. Os crticos questionam como pode ser possvel por exemplo, medir a inteligncia ou a auto-estima. Eles dizem que ningum pode entrar na cabea de ningum para ver a inteligncia, quanto menos medi-la. Ento como podemos medir caractersticas de grupos sociais? Existem nas Cincias Sociais alternativas para lidarmos com estes problemas, as quais passam pelo uso das chamadas proxies ou medidas aproximadas e indiretas para captarmos determinados fenmenos. Como exemplo, podemos citar o caso do preconceito racial, obviamente que no o medimos entre um grupo de indivduos perguntando-se diretamente se so preconceituosos ou no. Existem escalas, isto conjunto de perguntas indiretas que permitem colocar os sujeitos em um contnuo de valores, de acordo com as respostas e seus respectivos valores numricos previamente definidos pelo pesquisador, Assim podemos montar um questionrio com frases preconceituosas e com respostas cujos valores altos indicam preconceito, ao final cada indivduo ter seu escore. No podemos imaginar que est seja a forma mais correta ou 100% eficaz, mas podemos testar se existe consistncia nas respostas a partir da comparao das mesmas e verificarmos certo padro nas mesmas, isso nos diga quo fidedigna a escala. 2
O que interessa ao se propor o uso dos mtodos quantitativos que eles funcionam quando usados corretamente. O teste de hipteses sempre pressupe uma teoria prvia e as mensuraes, o que permite uma objetividade, ainda que relativa, posto que a escolha do tema de pesquisa e da abordagem terica nunca neutra. A quantificao tem sido bem sucedida e ainda mais hoje com auxlio dos recursos da informtica. O argumento de que seja impossvel medir caractersticas psicolgicas, por exemplo, vem sendo refutado pela evidncia. A inteligncia, atitudes, classe social, realizao pessoal vem sendo eficazmente medidas. Por exemplo, se teoricamente eu espero que a inteligncia tenha uma relao com a capacidade verbal, como nos exemplifica Kerllinger (1980), eu posso mensurar as duas para associ-las atravs de testes fidedignos. Se os resultados mostrarem que aquelas pessoas com pontuao alta no teste de inteligncia tambm recebem pontuao alta no teste de capacidade verbal, ento a evidncia nos faz aceitar a hiptese inicial. Isto , os resultados concordam com a realidade. Para se entender como possvel obter fidedignidade, a qual a base para a objetividade 3 na cincia, sempre cabe lembrar que questes de valor (que expressam julgamentos) no podem ser usadas cientificamente, por no poderem ser testadas empiricamente. Isto , no toda e qualquer questo que pode ser respondida atravs
2 Para maiores esclarecimentos sobre escalas sociais ver Selltiz, 1987. 3 No estamos associando objetividade com neutralidade. Defendemos que objetividade no quer dizer ausncia de valores ou interesses, mas sim a capacidade de orientarmos nossa pesquisa por mtodos que possam ser replicados por outros pesquisadores. de uma pesquisa cientfica. Aquilo que no podemos observar (nem sequer de forma indireta ou atravs de proxies como no exemplo mencionado anteriormente) no pode ser pesquisado. A evidncia a base do conhecimento cientfico. Assim, por exemplo, no seria uma pergunta cientfica a seguinte questo: Os pais devem bater nos filhos mas uma maneira passvel de ser medida seria: Qual o efeito da violncia fsica na auto-estima das crianas? Para responder esta ltima questo tomaramos grupos de crianas que sofrem violncia e outras que no e poderamos medir, atravs de instrumentos padro usados na psicologia, a auto-estima das mesmas. Cada mtodo e tcnica de pesquisa fornece uma perspectiva diferente do mundo social, e alguns aspectos do mundo social s podem ser atingidos com um mtodo. O ponto de partida necessrio, inelutvel, de qualquer pesquisa cientfica estruturada sobre a perspectiva onto-epistemolgica a eleio e tomada de conscincia do problema (Moreno e Martinez, 2008). Sem problema, no h pesquisa a ser feita. E, de outro lado, se h problema no h como, nem porque, se exigir que o pesquisador se atenha a esta ou a aquela referncia terico-metodolgica. Na realidade, os instrumentos que sero utilizados com vistas a enfrentar a questo em aberto s podero ser definidos na medida em que so definidas as hipteses de soluo do problema identificado. Afinal, quando h um problema e quando o pesquisador tem, efetivamente, a inteno de contribuir para o seu enfrentamento (mesmo ciente de que dificilmente alcanar qualquer resposta/soluo definitiva) ento ser preciso definir hipteses de resposta. s ento que se pode buscar determinar os instrumentos e referncias terico-metodolgicas e os instrumentos de aferio da maior ou menor consistncia terico-emprica das hipteses originais. Devemos escolher mtodo(s) adequados para responder a questo que formulamos. A eleio da metodologia ou, se se preferir, do referencial metodolgico antes da clara determinao de problemas e hipteses j envolve um movimento de privilegiamento da forma sobre o contedo. Qual o sentido de se determinar o mtodo antes do problema? .... Um tal movimento, necessariamente, pressupe que tomemos como verdadeiras as seguintes assertivas: 1) existem inmeros mtodos e eles so, a princpio, igualmente bons (ou maus) e igualmente adequados (ou inadequados) ao tratamento do objeto; 2) a adoo de mais de um mtodo nos levar a concluses distintas, seno contraditrias; 3) o que se busca na medida mesma em que esta a caracterstica fundamental de um trabalho cientfico , acima de tudo, coerncia, clareza, elegncia e consistncia formal. Ora, se estas trs assertivas so verdadeiras, o pesquisador tem no apenas o direito de escolher o mtodo que mais lhe convm e que mais se adqua sua formao tcnica individual e s suas convices utpico-ideolgicas - como tem a obrigao de faz-lo. Afinal, quanto mais conveniente e consistente com sua formao tcnica especfica, mais coerente e exaustivo ser o seu tratamento do objeto dentro do mtodo eleito. Assim, discordando das assertivas acima assumimos que a escolha do mtodo dependa sempre do tipo de pergunta que formulamos ao elaborarmos nosso problema cientifico. Neste sentido questes que envolvem relaes causais onde testamos hipteses, pressupem o uso dos mtodos quantitativos de forma que possamos verificar se determinadas variveis (independentes e dependente) andam juntas e qual o sentido e a fora da relao entre elas: se unidirecional ou recproco e se obra do acaso ou possui significncia estatstica, isto , se possu uma alta probabilidade de ocorrer em escalas maiores quando a pesquisa for amostral. J questes que envolvem processos ou interrogaes sobre representaes sociais, por exemplo, no podem ser respondidas com uso de mtodos quantitativos. Vejamos um exemplo de um tema que pode ser estudado com uso tanto de mtodos quantitativos quanto qualitativos, dependendo do tipo questionamento que fazemos: Vamos supor que queremos estudar causas da agressividade na infncia: se nos perguntamos qual a relao que existe entre relaes pais e filhos, mais especificamente entre agressividade manifestada na infncia e experincias de violncia intrafamiliar, devemos verificar a co-ocorrncia destes dois fenmenos, em termos quantitativos, em um grupo de crianas que sofre violncia e outro que no, levando-se em conta caractersticas outras presentes nos dois grupos, as quais no so o foco da pesquisa mas podem desencadear agressividade tais como: problemas familiares financeiros, problemas de sade, distrbios psicolgicos, convvio com outras crianas violentas, exposio a programas televisivos violentos etc... 4
J, se queremos saber como uma criana se torna agressiva, em termos de sua trajetria de vida, ou quais algumas das motivaes para atos agressivos, certamente uma anlise estatstica no responder a este questionamento. Precisaremos conversar, via uso de tcnicas qualitativas de pesquisas, com crianas, pais, professores, enfim pessoas prximas para tentar captar um pouco da histria destas crianas. Vejam que ambos os enfoques podem falar em causas, mas no caso da pesquisa quantitativa ela permite dimensionar quais causas so mais fortes e apontar uma hierarquia das mesmas, sempre em termos probabilsticos e nunca com 100% de certeza e sempre com uma frao de poder explicativo que no contemplada pelo conjunto das variveis consideradas. Isto , em modelos explicativos (causais) estatsticos sempre haver uma poro da variao da varivel que estamos querendo explicar (varivel dependente) que no ser explicada pelo conjunto das variveis explicativas (independentes) includas no modelo 5 . Com relao s pesquisas qualitativas as mesmas podem tratar de causas ou motivaes em termos de um conjunto de possveis causas sem poder levantar uma hierarquia das mesmas ou poder explicativo individual de cada uma. Assim, ao final de uma pesquisa qualitativa teremos mais um conjunto de hipteses a serem testadas quantitativamente a posteriori, do que a definio de causas principais ou secundrias.
Os usos dos mtodos quantitativos A Cincia Social emprica que se utiliza de mtodos quantitativos (estatstica) est preocupada com resultados gerais e coletivos. Por exemplo: comparar mdias entre
4 Tais variveis so chamadas, em pesquisa cientfica, de variveis de controle, o que no significa em pesquisa social que podemos controlar comportamentos, apenas que podemos levar em conta diferenas que existam entre indivduos que sofrem determinada condio e outros que no. 5 Aqui cabe ressaltar que muitas vezes alguns crticos dos mtodos quantitativos se utilizam desta limitao para argumentar que no possvel lidarmos com causalidade na pesquisa social principalmente pelo fato do mundo social ser complexo e multicausal. Ora, se sabemos que a estatstica probabilstica e que sempre teremos uma frao da variao do fenmeno que fica por ser explicada, estaremos cientes das limitaes do uso dos mtodos quantitativos, mas nem por isso deixaremos de us-lo, j que seu uso permite apontar tendncias teis para a explicao os fenmenos e possveis proposies de aes concretas. grupos (uso da estatstica descritiva); fazer uma anlise de causa e efeito para determinar principais efeitos (exemplo: efeito da renda e da profisso dos pais no aproveitamento escolar das crianas). Cabe destacar que quando queremos verificar principais causas de fenmenos sociais estamos assumindo que a realidade social seja multicausal e que no temos como dar conta de todas as possveis causas de um fenmeno. Assim, os crticos dos mtodos quantitativos no devem perder de vista a ideia de que quando cientistas sociais montam modelos multivariados de anlise, a serem testados estatisticamente, esto sempre trabalhando com probabilidades causais. Sendo assim, jamais se conseguir explicar 100% da variao de um fenmeno (social ou no) de forma a dar conta de todas as variveis que o impactam. Contudo, mesmo tendo conscincia desta limitao o cientista social pode buscar respostas, a partir de tentativas aproximadas (ou s vezes direta) de mensurao dos fenmenos sociais e de explicaes probabilsticas para os fenmenos, os quais ele est interessado em compreender. E todo o processo ocorre sempre de forma probabilstica (nunca com 100% de certeza) e aproximada, posto que admitimos que a multicausalidade da maioria dos fenmenos jamais poder ser acessada na sua plenitude. Importa destacar que existe uma natureza grupal os dados, a qual o foco de interesse para os cientistas que utilizam mtodos quantitativos. Isto remete a ideia de que os estudos de casos nicos no podem ser o foco das pesquisas quantitativas. Os estudos de caso normalmente so usados para se conhecer o caso e propor solues para problemas pontuais prticos (eles carecem de validade externa). Devemos sempre ter cuidado com as concluses baseadas em estudos de caso. No se pode estabelecer relaes de uma teoria com dados de um nico caso. Uma crtica recorrente contra o uso de mtodo quantitativos na Sociologia enfatiza seu foco no indivduo em detrimento de unidades de anlise mais amplas. Entretanto, nem toda pesquisa quantitativa usa o indivduo como unidade de anlise; perfeitamente possvel trabalhar com organizaes, famlias, municpios, estados, pases, etc. Alm disso, existem mtodos de anlise contextual, ou multinvel. Portanto, no se pode dizer que a pesquisa quantitativa necessariamente individualista e isola o indivduo do contexto social. Outro aspecto relevante na discusso sobre o uso dos mtodos quantitativos se refere ao fato de que, diferentemente do que muitos crticos pensam, nem toda pesquisa quantitativa se baseia na inferncia de uma amostra para uma populao. O propsito do uso de mtodos quantitativos no necessariamente produzir dados representativos de populaes. O socilogo interessado em avanar a teoria geralmente se interessa mais em desvendar relaes entre conjuntos de variveis que em representar toda uma populao. Resumidamente o uso dos mtodos quantitativos para anlise de problemas da realidade social serve para trs propsitos bsicos, os quais podem estar presentes num mesmo estudo ou separadamente em estudos diferentes: 1) Descrever e/ou comparar caractersticas de grupos sociais, realidades, contextos ou instituies
2) Estabelecer relaes causais. Isto , verificar os efeitos de variveis em outras, suas magnitudes particulares e o efeito em bloco de uma srie de variveis independentes em outra que a dependente .
3) Inferir resultados para uma populao a partir de resultados obtidos em uma amostra (estatisticamente representativa).
Por isso no adequado defender a obedincia a um mtodo, porque nenhum melhor, depende do que estamos perguntando. Utilizar um mtodo em detrimento de outro pode ser a maneira mais sensata de responder uma questo. No existe a distino qualitativo x quantitativo no sentido de uma oposio (Hanson, 2008). O fazer cientfico se estrutura primariamente sobre o binmio problema/hiptese, o qual, por sua vez, determina dialeticamente (vale dizer: sem subordinar e asfixiar a autonomia relativa, sem impor concluses a priori) o binmio metodologia/resultados. Os pesquisadores coletam dados para descobrir diversos padres do pensamento e do comportamento social. Alguns dados servem para descrever condies: o nmero de homens com problema de alcoolismo; a mdia do tempo que os cidados levam dirigindo para seu trabalho etc... Mais frequentemente os pesquisadores lidam com questes sobre relaes entre duas ou mais caractersticas de pessoas ou grupos: a escolaridade leva a ganhos mensais maiores? Crianas que sofrem abuso se desempenham pior na escola que aquelas que no sofrem? Pesquisas que visam responder perguntas como aquelas ltimas devem fazer comparaes entre diferentes variveis. Para tanto os pesquisadores comeam uma pesquisa emprica (com uso e/ou coleta de dados empricos) com uma relao ou um conjunto de relaes, oriundas da teoria, as quais lhes interessam investigar. Ver figura a seguir: Relao social
Achados hiptese operacional Empricos
Teste observaes e Estatstico medidas
A relao numa pesquisa emprica se constitui na conexo entre dois ou mais conceitos ou variveis que o foco da pesquisa. Para ser usada numa pesquisa uma relao deve ser primeiro traduzida em uma hiptese operacional. As hipteses expressam a exata conexo que um pesquisador espera encontrar entre variveis dentre um conjunto dados. Nesse sentido a(s) hiptese(s) devem ser definidas de uma forma que permitir ao pesquisador rejeit-la (s) como no verdadeira(s) se a evidncia no pode ser encontrada para suportar as predies. O prximo passo do pesquisador encontrar sujeitos ou outra unidade de anlise e observar o comportamento em questo. Para isso o pesquisador registra as observaes sistematicamente na forma de cdigos numricos. Uma vez que os dados esto registrados e armazenados em algum programa de banco de dados (SPSS, stata, excel, acess, sphynx e outros) o pesquisador pode us-los para testar (testes estatsticos) a veracidade ou falsidades de suas hipteses (rejeitando- as ou aceitando-as). O processo termina quando os achados empricos reforam ou mudam o conhecimento sobre a relao original. A hiptese (ou as hipteses) a qual serve de ponto de partida pode ser definida como: uma frase sobre a conexo causal entre dois conceitos abstratos. Sendo que ela pode ser escrita em qualquer lngua e ou como frmula matemtica. Alm disso, sua origem deve ter uma fundamentao terica prvia, sem qual a interpretao dos resultados estatsticos se tornar completamente sem sentido. Vale sempre lembrar que a quantificao sem teoria no passa de mero uso de um recurso instrumental e no de um procedimento cientfico. No podemos confundir o uso de um procedimento estatstico como tendo um fim em si mesmo, o uso de mtodos estatsticos sempre deve ter como ponto de partida, uma base terica sem qual, conforme j dito acima, no saberamos como interpretar os resultados encontrados.
O uso dos mtodos quantitativos nas Cincias Sociais no Brasil
Ainda visvel nas Cincias Sociais Brasileiras uma certa hostilidade em relao aos mtodos quantitativos e estatstica. Segundo Soares (p.3) 6 A sociologia, talvez mais que a cincia poltica, abraou uma perspectiva qualitativa.... Vislumbra-se hoje em dia a presena marginal dos mtodos quantitativos nas teses de cincias sociais. Fato este que, segundo Soares, ...no pode ser exclusivamente atribudo falta de recursos, sugerindo, igualmente, a inexistncia de um treinamento especfico, desde os cursos de graduao, para este tipo de experimento (Vianna e outros, 1998: 486). Os autores lembram as PNADs, mas h muito mais que isso h um nmero gigantesco de bases de dados disponveis pela internet, dentro e fora do Brasil. Diferentemente das dcadas passadas, no por falta de dados que no se produzem
6 Soares, Glaucio. O Calcanhar Metodolgico da Cincia Poltica no Brasil. SOCIOLOGIA, PROBLEMAS E PRTICAS, n. 48, 2005, pp. 27-52 teses e dissertaes empricas e quantitativas. Para Soares (2005) a falsa oposio entre quantitativo e qualitativo est sendo assaltada por dois novos flancos: o primeiro vem da diversificao de fontes, dados e informaes. O outro flanco vem com o desenvolvimento de hardwares e softwares capazes de lidar com grandes massas de dados, inclusive escritos. Hoje, pesquisadores quantitativos trabalham com bases de dados que anteriormente eram provncia exclusivamente qualitativa. Essa modificao levou muitos pesquisadores a diversificar seus prprios mtodos, e um bom programa de formao de pesquisadores deve incluir mtodos cada vez mais diversificados. Uma demonstrao positiva de que se vem superando a resistncia aos mtodos quantitativos nas cincias sociais no Brasil o sucesso do MQ (mtodos quantitativos). O MQ um curso organizado pela FAFICH, da UFMG,com certa influncia do curso oferecido no vero, pelo Institute for Social Research (ISR) da Universidade de Michigan (EUA), com o qual o MQ mantm uma ativa vinculao. J passaram pelo MQ cerca de quinhentos alunos de todo o pas, a maioria de ps-graduao ou recm- formados em cincia poltica e sociologia. O MQ faz um trabalho competente, mas sua curta durao, de seis a sete semanas, impede que substitua adequadamente dois cursos com a durao de um ano cada, como deveria ser. No obstante, devido ao seu carter intensivo, vale 45 crditos ou o equivalente a um curso completo. A histria daquele programa contribui para o entendimento das dificuldades daqueles que se propem a formar pesquisadores em cincias polticas e sociais no Brasil. O treinamento em mtodos quantitativos da UFMG ofertado pelo doutorado em sociologia e poltica da FAFICH. Segundo Soares houve resistncia ao reconhecimento dos crditos pelas outras universidades, e o caminho mais fcil foi vincular o programa ao doutorado. O MQ possui uma parte interna que compreende dois anos de treinamento dividido em dois ramos, um vinculado a um survey da regio metropolitana de Belo Horizonte, e outro sobre anlise de dados, que chega at regresso mltipla e anlise de dados categricos. As demais tcnicas so apreendidas no MQ na sua vertente externa. A despeito da sua excelncia, o MQ at hoje no conta com financiamento regular da Capes nem do CNPq. Outro problema gerado pela falta de conhecimento sobre os mtodos quantitativos, destacado por Soares, seria o fato de que sem uma formao metodolgica mnima, muitos cientistas sociais no conseguem sequer ler muitos trabalhos internacionais na rea de Cincias Sociais. No conseguem ler muitas obras particularmente artigos e relatrios de pesquisa que usam mtodos quantitativos. Isso cria uma ampla rea de acesso proibido para essas pessoas, que as obriga a buscar refgio em campos cada vez mais distantes das pesquisas empricas. Contrariamente ao mito, essa incompetncia no afasta os cientistas dos trabalhos publicados apenas nos Estados Unidos, mas tambm em muitos outros pases. Ficam fora das pesquisas realizadas em muitas outras instituies e regies. Defendemos aqui que, ainda que no se use essas tcnicas, necessrio poder ler corretamente os trabalhos que as usam. Apesar da iniciativa do MQ e de outras instituies acreditamos que devemos sair do aprendizado estanque e infrtil das simples tcnicas e seus princpios lgicos, e entrar na questo decisiva da ligao entre estas tcnicas, os princpios metodolgicos da pesquisa emprica (principalmente causal), e os problemas de pesquisa derivados das agendas prticas de trabalho.
Consideraes Finais
Se acreditarmos que existe uma realidade para ser descoberta (mesmo se essa realidade nunca seja totalmente distinta de nossas teorias), qualquer mtodo que fornea informaes novas sobre essa realidade bem vindo, e tanto mtodos quantitativos como mtodos qualitativos podem contribuir para nosso conhecimento emprico do mundo social. Os resultados das pesquisas quantitativas so dados empricos, caractersticas da realidade social, que precisam ser integrados teoricamente, da mesma maneira que integramos qualquer observao emprica numa anlise sociolgica. Uma anlise estatstica, com mtodos relativamente avanados, pode ser comparada a entrevistas longas, ou trabalho etnogrfico. Em todos os casos, estamos tentando aprofundar nosso conhecimento emprico, indo alm da observao superficial. Mas isso nunca quer dizer que podemos dispensar a teoria, a qual essencial para orientar a construo do objeto bem como a observao da realidade, a anlise (lgica ou estatstica) das nossas observaes e a interpretao dos resultados. Para saber o que aprendemos de novo, a nossa contribuio ao conhecimento sociolgico, precisamos usar ferramentas tericas para construir hipteses e interpretar os resultados, seja qual for o estilo da pesquisa emprica.
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