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Este documento discute a imposição do DAER/RS para que municípios elaborem listas prévias de passageiros e pacientes transportados diariamente, o que tem causado problemas para políticas públicas de saúde e educação. Uma decisão judicial recente confirmou que tais listas não são necessárias ou legais. Além disso, veículos municipais não precisam de registro no RECEFITUR ou licença do DAER, pois não prestam serviço de transporte coletivo especial ou turístico.
Deskripsi Asli:
Judul Asli
Transporte Pacientes e Passageiros - RECEFITUR DAER Listagem Desnecessidade.pdf
Este documento discute a imposição do DAER/RS para que municípios elaborem listas prévias de passageiros e pacientes transportados diariamente, o que tem causado problemas para políticas públicas de saúde e educação. Uma decisão judicial recente confirmou que tais listas não são necessárias ou legais. Além disso, veículos municipais não precisam de registro no RECEFITUR ou licença do DAER, pois não prestam serviço de transporte coletivo especial ou turístico.
Este documento discute a imposição do DAER/RS para que municípios elaborem listas prévias de passageiros e pacientes transportados diariamente, o que tem causado problemas para políticas públicas de saúde e educação. Uma decisão judicial recente confirmou que tais listas não são necessárias ou legais. Além disso, veículos municipais não precisam de registro no RECEFITUR ou licença do DAER, pois não prestam serviço de transporte coletivo especial ou turístico.
Trata o presente parecer acerca da imposio do DAER/RS aos entes municipais, da elaborao de listagem prvia dos passageiros e pacientes diariamente transportados pelo Municpio, de acordo com resoluo da Autarquia. O fato tem provocado transtornos execuo de polticas pblicas, especialmente em se tratando de ateno sade, no deslocamento para a rede hospitalar em todo o Estado, bem como de alunos de cursos profissionalizantes ou universitrios que estudam em outros municpios.
Neste sentido, recente deciso do Tribunal de Justia do Estado, relativamente ao Municpio de Alecrim, datado de 11/09/2013, confirmou entendimento contido na Apelao Cvel de Salvador do Sul, 70025774860, de 17/06/2010, no sentido da desnecessidade e ilegalidade da confeco das listas de passageiros ou de pacientes, em transporte realizado pelo Municpio.
Costumeiramente, veculos das Prefeituras so autuados sob a alegao de no possuem registro no RECEFITUR para a execuo de servios especiais de transporte coletivo, nem Licena de Turismo junto ao DAER/RS.
O art. 39 da Resoluo do Conselho de Trfego do DAER/RS n 4.107/04, dispe que: Nenhuma empresa transportadora poder receber autorizao ou licena para executar servios de natureza especial a que se refere a Lei Estadual n 7.105, ou de turismo, ou a eles habilitar-se, sem o prvio registro no RECEFITUR do DAER e exigncias deste Regulamento.
Alguns esclarecimentos tornam-se pertinentes.
A Lei Estadual n 7.105/77 dispe sobre as concesses de linhas de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, sobre os transportes especiais e d outras providncias. Determina que as atividades de transporte coletivo intermunicipal de pessoas, em carter regular e com fins comerciais, mesmo sem natureza de linha, dependero de autorizao do DAER atravs de pronunciamento do Conselho de Trfego.
O art. 2, pargrafo 1, alneas a e b, estabelece o que so, para os fins desta Lei, os transportes coletivos e de natureza especial, ou seja, so os executados exclusivamente para transporte de estudantes, professores e pessoal das escolas e para o transporte de pessoal de empresas pblicas ou privadas.
O Decreto Estadual n 29.767/80, por sua vez, determina o procedimento a ser adotado para a liberao de licenas relativas aos transportes especiais, de que trata a Lei supra, que devero ser expedidas pelo DAER/RS.
A Resoluo n 4.107/04 do DAER/RS dispe sobre a regulamentao das operaes de fretamento e turismo no Estado do Rio Grande do Sul.
Para os fins dessa Resoluo e, em conformidade com o seu art. 2, compreende-se por transporte coletivo especial, os servios referentes ao transporte rodovirio intermunicipal de pessoas no regime de fretamento contnuo ou turstico, s podendo ser prestados em circuito fechado, com fins comerciais ou gratuito, realizados em veculo da empresa transportadora, sem que tenha qualquer caracterstica de transporte regular de passageiros, independentemente de licitao.
O art. 4, incisos XIII e XIV e alneas, considera o que venha a ser o fretamento contnuo ou turstico:
XIII. fretamento contnuo: servio de transporte coletivo especial prestado a pessoas jurdicas ou grupo de pessoas fsicas pr-identificadas, por perodo pr-determinado, com preo pr-estabelecido, emisso de nota fiscal ou fatura semanal ou mensal, prazo mximo de licenciamento de 12 meses e quantidade de viagens pr-estabelecidas, com contrato escrito firmado entre a transportadora e contratante nico, em itinerrio bsico e horrios pr-determinados, com embarque no municpio de origem e desembarque no municpio de destino, para deslocamento de grupo restrito de pessoas, em circuito fechado, possibilitada, em casos especiais, o embarque na viagem de ida e o desembarque na viagem de volta ao longo do itinerrio, desde que, solicitado pelo transportador e devidamente autorizado pelo DTC, compreendendo as seguintes modalidades: privado: transporte de pessoas fsicas e empregados de empresas; pblico: transporte de servidores pblicos e funcionrios de empresas pblicas; escolar: transporte de alunos, professores e pessoal administrativo de estabelecimentos de ensino; translado: transporte de pessoas entre as estaes rodovirias, aeroportos e meios de hospedagem, aos locais onde se realizem congressos, convenes, seminrios,feiras, exposies e as respectivas programaes sociais;
XIV. fretamento turstico: servio de transporte coletivo especial prestado pessoa ou a um grupo de pessoas em circuito fechado, por viagem certa de ida e volta, com emisso de nota fiscal por viagem com preo certo e embarque somente de pessoas previamente identificadas na lista original e em itinerrio bsico e horrio pr-determinados, com contrato escrito firmado entre a empresa transportadora e o grupo de utentes, compreendendo as seguintes modalidades: eventual: viagens para visitao a locais de interesse turstico, de eventos pblicos ou privados, sem incluir pernoite, bem como viagens emergenciais, decorrentes de fatos fortuitos, ou de fora maior; excurses: viagens para visitao de locais de interesse turstico, eventos pblicos ou privados, com qualquer prazo de durao, que incluam hospedagem e alimentao: b.l) divulgao das viagens tursticas com intermediao obrigatria de agncias de turismo; b.2) execuo dos servios ou por agncias de turismo com frota prpria, ou por empresas transportadoras, registradas na EMBRATUR e RECEFITUR do DAER, em ambos os casos.
Da leitura desses dispositivos, cumpre esclarecer que os veculos de propriedade dos Municpios ou aqueles utilizados pelo Poder Pblico, no prestam servios de transporte coletivo especial e to pouco a Prefeitura pode ser considerada uma empresa fretadora.
Ainda, entende-se como transporte coletivo o nibus urbano, o trem, o metr e os transportes martimos, fluviais e lacustres, desde que revestidos das caractersticas de transporte de massa. Nessa conformidade, infere-se que o sistema de transporte seletivo ou especial, difere do modelo acima citado, haja vista a especificidade do servio, pois normalmente utilizado para cobrir distncias pequenas, no atendidas pelas linhas regulares (...) (Processo n 04500.000893/2001-01). E, em hiptese alguma esse o tipo de transporte utilizado pelos Municpios.
Outro erro comete o DAER/RS quanto exigncia do Certificado de Registro no RECEFITUR e da Licena do DAER/RS. O art. 5 da Resoluo institui o Registro Cadastral de Empresas Fretadoras e Tursticas Intermunicipais (RECEFITUR), estabelecendo que: Devero cadastrar-se no RECEFITUR todos os transportadores, previamente constitudos como empresas com personalidade jurdica, pblica ou privada, estas na categoria de sociedades ou firma individual, que estejam executando ou pretendam executar, com fins comerciais ou gratuito, os servios de fretamento contnuo intermunicipal previstos na Lei n 7.105 e Decreto n 29.767, e fretamento turstico intermunicipal.
O RECEFITUR, portanto, habilita a empresa a requerer licena ou autorizao para executar os servios especiais de fretamento contnuo ou turstico. Essa licena um documento autorizativo expedido pelo Poder Concedente para a prestao de servios de fretamento contnuos, artigos 10 e 4, inciso XVII da Resoluo.
O DAER/RS faz uso do art. 3 da Regulamentao n 4.107/04 que dispe: Os servios de transporte coletivo especial somente podero ser executados, mediante prvia autorizao ou licenciamento do DAER, por transportadores constitudos de empresas com personalidade jurdica, pblica ou privada, estas na categoria de sociedades ou firma individual, com contrato social registrado na Junta Comercial do Estado, e inscritas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica do Ministrio da Fazenda, Secretaria da Fazenda Estadual, Secretaria da Fazenda Municipal da sede da empresa e registro cadastral no RECEFITUR.
Contudo, no aplicvel ao caso concreto. Primeiro, porque o servio de transporte realizado pelos Municpios no uma espcie de transporte coletivo. Segundo, porque no foi realizado por uma empresa, quanto menos de fretamento e to pouco turstico. Portanto, os veculos utilizados pelo Municpio para o transporte de enfermos aos Hospitais da Capital ou de outras comunas do Estado, como tambm os estudantes que frequentam cursos em outros municpios, no necessitam de cadastro no RECEFITUR, nem de Licena do DAER/RS.
Neste sentido laborou a deciso na AP 70025774860/2008/Cvel, cuja passagem do texto assim delibera:
Cuida-se de transporte de pacientes para tratamento mdico-hospitalar, realizado pelo Poder Pblico Municipal, em veculos prprios, atividade que no se submete s disposies da Lei Estadual 7.105/77 que disciplina, como se v de seu artigo 2 acima transcrito, os servios especiais de transporte coletivo intermunicipal de pessoa EM CARTER REGULAR E COM FINS COMERCIAIS. Da mesma forma a RESOLUO 4.107/04, que instituiu o REGISTRO CADASTRAL DE EMPRESAS FRETADORAS E TURSTICAS INTERMUNICIPAIS RECEFITUR a obrigar apenas os transportadores, previamente constitudos como empresas com personalidade jurdica, pblica ou privada, (...), que estejam executando ou pretendam executar, com fins comerciais ou gratuito, OS SERVIOS DE FRETAMENTO CONTNUO INTERMUNICIPAL PREVISTOS NA LEI N 7.105 E DECRETO N 29.767, E FRETAMENTO TURSTICO INTERMUNICIPAL.
De igual forma, processo 70053661559, Municpio de Alecrim, com a seguinte afirmao do Relator:
Assim, como bem destacado na sentena, a atividade dos veculos da municipalidade no se submete s disposies da Lei Estadual 7.105/77 que disciplina, como se v de seu artigo 2, os servios especiais de transporte coletivo intermunicipal de pessoas em carter regular e com fins comerciais, no alcanado, portanto, o transporte de pacientes para tratamento mdico-hospitalar e escolar, como ocorrido na hiptese e incontroverso no feito.
Assim, inexiste a necessidade do cumprimento das imposies exigidas pelo DAER, podendo o Municpio executar o transporte de pacientes, alunos e outras situaes similares, sem a elaborao de listagem prvia.
Para os Municpios que ainda elaboram a listagem e cumprem com tais exigncias, resta comunicar ao DAER/RS acerca da situao e que no mais estar encaminhando as listas prvias. Em caso de autuao, ser preciso ingressar com as competentes aes contra a Autarquia, requerendo inclusive indenizao pelas exigncias em desconformidade com a legislao e com as decises judiciais a respeito.
As atitudes podem ser adotadas individualmente, ou por meio das Associaes Regionais, em carter coletivo, comunicando as autoridades responsveis sobre tais procedimentos.
o parecer.
Porto Alegre, 20 de novembro de 2013.
CDP Consultoria em Direito Pblico Gladimir Chiele OAB/RS 41.290