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Autos nº <"Número do Processo#Retorna o número do processo=1@PROC">

Ação: <"Classe do Processo no 1º Grau#Retorna a descrição da classe do processo no 1º


grau=2@PROC">
Autor: <"Nome da Parte Ativa Principal #Retorna o nome da principal parte ativa=175@PRIN">
Réu: <"Nome da Parte Passiva Principal #Retorna o nome da principal parte passiva=176@PRIN">

Processo: 002.01.007831-4

Vistos, etc.,

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul move a presente


ação em face de Sérgio Paulino de Aguiar, brasileiro, solteiro, feirante, nascido em 23 de
setembro de 1979, em Dourados/MS, filho de Sidnei Paulino de Aguiar e de Antonia da Luz
Aguiar, residente na Rua Xavier de Toledo, 20, Bairro Takaruçu, Campo Grande/MS,
telefone: (67) 9239-5956, dando-o como incurso nas sanções do artigo 180, "caput", do
Código Penal, imputando-lhe a seguinte prática delituosa:

O acusado adquiriu um aparelho de som, marca AIWA, um cinturão de


couro, um coldre de couro, quatro CD's e dez munições Magnum 357, objetos estes que
foram furtados na noite do dia 26 de dezembro de 1999 ou madrugada do dia seguinte, da
residência de José Pereira Brasil, situada na Rua C, nº 2.920, Bairro Canaã III, nesta cidade.

A denúncia foi recebida em 02/03/2006 (f. 191), o acusado foi citado (f.
211-verso), interrogado no dia 27/06/2006 (f. 212) e apresentou defesa prévia (f. 214).
Durante a instrução criminal foram ouvidas as seguintes testemunhas: Alberto Araújo Lima
(f. 281-3), Alexandre dos Santos (f. 284-5), Edson Simões Gonçalves (f. 367), Gilson Lino
de Souza (f. 247-8), Juan Pablo Peres (f. 368) e Juvenil da Silva Barros (fs. 286-8).

Para os autos, dentre outros, vieram os seguintes documentos: boletim de


ocorrência (f. 09-10), termo de apreensão (f. 13-5), laudo de exame em veículo GM Blazer,
placas CSZ- 3313/ITU/SP (f. 23-6), laudo de exame pericial nos motores apreendidos (f. 27-
36), no qual concluiu que dos dez motores, cinco apresentaram as seqüenciais
identificadores adulterados, cópia do contrato de locação (f. 47-9), laudo de exame em local
(f. 68-72), laudo de exames de carrocerias de veículos (f.86-91), termo de avaliação (f. 101-
3) e antecedentes criminais do acusado (f. 50-53, 188, 192-3, 197 e 199).

Na fase do artigo 499, do Código de Processo Penal, as partes nada


requereram (f. 371 e 374-5).

O Representante Ministerial, em alegações finais, pugnou pela condenação


do réu, nas sanções do artigo 180, "caput", do Código Penal, haja vista estarem provadas a
autoria e a materialidade do crime, ratificando integralmente os termos da denúncia.

A Defesa, em arrazoado final, propugnou pela prolação do decreto


absolutório em favor do acusado, argumentando, em síntese, que não há elementos
suficientes, nos autos, para dar respaldo ao desate condenatório, por inexistência de provas
acerca do elemento subjetivo.

Relatados. Decido.

A r. denúncia inaugural imputa ao acusado a prática de receptação,


modalidade típica descrita no artigo 180, “caput”, do Código Penal.

Da análise dos elementos probatórios derivados do inquérito policial e da


instrução processual, resulta que a pretensão punitiva estatal, articulada nestes autos, deve
prosperar integralmente.

A materialidade da prática delitiva restou consubstanciada pelos


documentos encartados às f. 09-10, 13-5, 23-6, 27-36, 47-9, 68-72, 86-91, 101-3, e pelos
demais elementos probatórios granjeados nos autos.

A autoria é certa e recai sobre o réu, embora tenha afirmado, em Juízo, que
não tinha conhecimento acerca da origem ilícita dos bens. Senão vejamos.

"...foi procurado por Ademar Fernandes Ferreira que lhe ofereceu a venda
um aparelho de som da marca Aiwa, pelo preço de cento e oitenta reais e como Ademar
tivesse dito que lhe forneceria o recibo o interrogando não desconfiou que referido aparelho
fosse produto de furto; que Ademar ao mesmo tempo em que entregou o aparelho de som ao
interrogado por cento e oitenta reais pediu que o interrogando entregasse os outros objetos
relacionados a denúncia para o seu parente conhecido como Polaco e que era das relações
do interrogando; que Ademar disse para o interrogando que o cinturão, o coldre, os quatro
CD's e as oito munições eram de sua propriedade..." – f. 87-8.

A negativa de autoria do acusado não convence. Malgrado se esforce para


repelir os fatos que lhe foram imputados, seus argumentos são frágeis e não encontram
ressonância nos demais elementos probatórios colhidos nos autos, o que torna certa a
procedência da denúncia.

A vítima José Pereira Brasil, quando ouvido durante a fase do contraditório


e ampla defesa, informou que: "...na época dos fatos estava reformando a sua casa onde
trabalhava o filho do sobrinho do declarante, o qual era amigo do acusado que trabalhava de
guarda no bairro; que o declarante ficou sabendo que foi o filho do seu sobrinho e o
acusado que praticaram a subtração; que o declarante cerca de 40 dias após os fatos
descobriu onde estava o aparelho de som e foi até lá , recuperou e levou o acusado até a
Delegacia de Polícia do 2º Distrito (...)" – f. 132, grifos nossos.

Deste modo, vislumbra-se do conjunto probatório a certeza da autoria


delitiva na pessoa do réu, não prosperando, destarte, os argumentos de que não tinha
conhecimento da procedência ilícita do bem, tendo em vista que as provas dos autos
demonstram que o mesmo tinha consciência de que o aparelho de som era furtado.

Ademais, o acusado não explicou, de forma convincente, por qual razão


teria guardado os outros bens para entregar a terceiro, ou seja, todas as circunstâncias, bem
como a situação pregressa do réu, levam a crer que ele tinha, de fato, conhecimento acerca
da origem ilícita dos bens. Nesse diapasão, preleciona a jurisprudência:
TACRSP: “Em se tratando de crime de receptação dolosa, a
demonstração de que o agente tinha ciência sobre a origem ilícita da coisa pode ser
deduzida através de conjecturas ou circunstâncias exteriores, ou seja, do
comportamento ab externo, do modus operandi do comprador, uma vez que, não se
podendo penetrar no foro íntimo do agente, não há como aferir-se o dolo de maneira
direta ou positiva.” (RJDTACRIM 35/285-6).

TACRSP: “Os indícios, quando não contrariados por contra-indícios,


autorizam o juízo da culpa do acusado e sua condenação.” (RT 722/462).

Impende salientar, neste comenos, que o réu é voltado à prática de crimes e


desde tenra idade, tem se envolvido em vários delitos contra o patrimônio, como consta nas
certidões de antecedentes criminais (f. 67-8, 69, 72-3, 78-81, 86, 93, 95-113, 115-6). Além
disso, em data posterior ao crime versado nestes autos, foi condenado pela prática do crime
previsto no artigo 155, § 4º, II do Código Penal, cuja sentença transitou em julgado
12/02/2001.

Assim, sobejamente comprovada a imputação e porque subsumida a


conduta na figura típica do artigo 180, “caput”, do Código Penal, e na ausência de
excludentes da ilicitude ou da culpabilidade, a condenação se impõe como medida
necessária.

Diante do exposto, tudo considerado, julgo integralmente procedente a


denúncia para o fim de CONDENAR Sérgio Paulino Aguiar, qualificado
preambularmente, como incurso nas sanções do artigo 180, "caput", do Código Penal.

Em respeito ao princípio da proporcionalidade da pena e diante do processo


de individualização da sanção penal, passo à análise dos fatos que compõe as circunstâncias
judiciais dos artigos 59 e 68, do Código Penal.

A sua culpabilidade restou demonstrada pois, imputável à época dos fatos,


tinha o apenado plena consciência da ilicitude de seu agir, exigindo-se-lhe conduta diversa.
É tecnicamente primário, entretanto registra extensa ficha de antecedentes criminais (f. 67-
8, 69, 72-3, 78-81, 86, 93, 95-113 e 115-6). Quanto à personalidade e conduta social, os
elementos amealhados nos autos não lhe favorecem, pois demonstra-se useiro e vezeiro na
seara criminosa, mormente no que tange a delitos de natureza patrimonial. Os motivos são
injustificáveis. Do crime não restaram conseqüências, pois a vítima recuperou o bem, que
não teve prejuízo material.

Considero muito grave o delito de receptação, porque se não existisse o


"receptador", diminuiriam os demais delitos contra o patrimônio, por isso, deve-se apenar
com mais severidade aquele que comete esse delito. Portanto, entendendo como suficiente
para a reprovação e prevenção do crime ora analisado, fixo as penas em 02 (dois) anos e 06
(seis) meses de reclusão e 25 (vinte e cinco) dias-multa, as quais quedo em definitivas, na
ausência de outros elementos a serem sopesados. Fixo em 1/30 (um trigésimo) do salário-
mínimo vigente, ao tempo dos fatos, o valor de cada dia-multa.

O réu deverá iniciar, em regime semi-aberto, o cumprimento da sanção


corporal presentemente lhe imposta, tendo em vista que as circunstâncias judiciais dos
artigos 59 e 68, do Código Penal não lhe são favoráveis e as condições sociais o
recomendam.

Justifico o regime mais rigoroso, ora imposto ao réu, pois, embora o réu
fosse primário, por ocasião da prática delituosa “sub analise”, ostenta maus antecedentes e
dedica-se à prática reiterada de crimes. Para melhor sedimentar o que até agora foi descrito,
declinaremos jurisprudência atinente ao assunto:

STF: “A determinação do regime inicial de cumprimento da pena não


depende apenas das regras do 'caput' e seu § 2.º do art. 33 do CP, mas também de suas
próprias ressalvas conjugadas com o 'caput' do art. 59, III (RHC 64.970). E deve ser
feita nos termos do § 3.º do art. 33, com observância dos critérios previstos no art. 59.”
(HC 70.289).

Deixo de conceder ao acusado a suspensão condicional da pena em face das


circunstâncias judiciais acima descritas, nos termos do artigo 77, do Código Penal, bem
como, nego-lhe a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos -
artigo 44, do referido Codex, uma vez que a culpabilidade, a conduta social e a
personalidade do condenado indicam que a substituição tornaria insuficiente a reprimenda,
não sendo, portanto, recomendável.

Por fim isento-o do pagamento das custas processuais, haja vista sua defesa
ter sido patrocinada pela Defensoria Pública.

Após o trânsito em julgado:

a) remetam-se os autos ao cartório contador para o cálculo da pena de multa


cominada;

b) lance-se o nome do réu no rol dos culpados;

c) dê-se conhecimento desta decisão ao Instituto de Identificação do Estado,


ao Instituto Nacional de Identificação e à Justiça Eleitoral, esta última providência para fins
de suspensão dos direitos políticos, enquanto perdurarem os efeitos da sentença
condenatória, nos termos do artigo 15, inciso III, da Constituição Federal;

d) expeça-se a guia de recolhimento à Vara das Execuções Penais, e, em


caso de recurso, somente a guia provisória, que deverá ser encaminhada à Vara de
Execuções Penais de Campo Grande/MS.

e) intime-se da sentença via carta precatória (f. 127).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Comunique-se.

Dourados/MS, 17 de março de 2009.

Dileta Terezinha Souza Thomaz


Juíza de Direito

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