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ANÁLISE CRÍTICA
Nota Prévia
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A questão do tempo disponível, quer para o cumprimento dos


calendários da formação, quer para a gestão diária, no terreno, da
biblioteca(s) que estão sob a nossa responsabilidade, implicam
opções cuidadosamente ponderadas no momento de encetar cada
nova tarefa.
Se, por um lado, a minha escolha mais imediata teria sido a
planificação de um workshop para o Conselho Pedagógico sobre o
modelo em análise, dado que terei de o realizar de qualquer modo,
após esta formação, por outro lado, pareceu-me mais exequível e
conceptualmente mais correcto, levar a cabo uma filtragem
antecipada, uma reflexão crítica de um documento extenso,
provavelmente difícil de explicar e implementar em muitos
estabelecimentos educativos.
Aqui ficam então expostas as razões da minha opção, que remeterá
para um momento posterior a planificação e construção dessa
actividade de partilha com a escola do documento que a seguir se
analisa-critica.

Tarefa 2: análise crítica do novo modelo de avaliação das BEs Fernando M. C. Rebelo
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1. O Modelo enquanto instrumento pedagógico e


de melhoria. Conceitos implicados.
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O primeiro conceito associado ao modelo é o conceito de valor.


Valor, já no radical da palavra avaliação, surge referido não como o
valor patrimonial dos recursos humanos e materiais da biblioteca mas
no que acrescenta à escola como instrumento de sucesso dos seus
alunos. Deste modo, no modelo salienta-se o facto da biblioteca e
todos os recursos com ela dispendidos não constituírem um fim em si
mesmo, mas um meio para a consecução dos objectivos da escola.
Na mesma linha, esse valor deve ser aferido não no desempenho
individual do bibliotecário (ou da equipa) mas no desempenho da
biblioteca integrada na escola. Quer porque a biblioteca serve a
escola, sem prejuízo de ser gerida com instrumentos técnicos
específicos, quer porque, baseado em evidências produzidas pelos
estudos mais recentes do assunto, um dos factores de sucesso das
BE é a dimensão e eficácia da rede colaborativa com todos os
sectores da escola, o seu desempenho dependerá assim do nível
colaborativo conseguido. O seu (in)sucesso será o da escola.
Outro conceito-chave referido assenta na diversidade de situações a
que chamamos em Portugal RBE, desde as tipologias até aos
diferentes níveis de desenvolvimento organizacional. Desta forma, a
flexibilidade deverá mediar a aplicação do modelo. Uma combinação
entre uma normalização técnica – a disseminação de boas práticas,
uma gestão mais baseada em dados concretos, uma maior eficácia na
racionalização de meios e uma consequente reformulação ou
validação de procedimentos – e a capacidade de leitura da situação
na gestão corrente, adaptada à realidade do quotidiano, a cada
contexto.
Finalmente, é referida a integração da avaliação nas práticas de
gestão corrente da própria BE, concluindo-se daqui que o documento
não sugere um “encerrar para balanço” mas sim uma criação de
rotinas que monitorizem de forma contínua o estado do seu
desempenho.

2. Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação


para as bibliotecas escolares.
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Quando se disponibilizam recursos humanos e materiais, se


determina uma finalidade para um serviço, é lapaliciano que se deve
proceder à avaliação do que de início se propôs alcançar. E é justo

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que à proporcionalidade dos meios se ajuste a exigência e o rigor na


sua utilização.
Temos verificado, desde o lançamento da rede em 1996, uma série
de melhorias que se traduzem não só em número de programas,
projectos de apoio, como aumento de BEs na rede, como, tão
importante como o anterior e, corolário talvez deste processo, a
criação do lugar de Professor-bibliotecário no corrente ano lectivo.
Neste momento, no entanto, a diversidade de situações e níveis de
desempenho, pode ser um factor que pode fazer perigar a
generalização de um modelo, ficando a dúvida se uma política de
implementação em pequenos passos, acompanhados das ferramentas
adequadas à sua operacionalização (e não me refiro só a
instrumentos em papel como adiante se verá) não seria mais eficaz.
Independentemente da ajustada fundamentação do seu lançamento
(baseada não só em dados da literatura, mas igualmente legitimada
pela eficácia de uma evolução de um GRBE que é em si mesmo um
bom exemplo de práticas de gestão nos sectores educativos), este
modelo corre igualmente o risco, mais pelo processo de
implementação, que por falhas na sua concepção, de se transformar
em algo que o documento rejeita – uma sobrecarga de trabalho
que pode esgotar em si mesma o trabalho substantivo que
pretende vir a avaliar. Pode assim transformar-se numa rotina sem
reflexos na melhoria dos serviços, como aconteceu anteriormente a
excelentes projectos na área da educação.
Pela própria forma como está a ser desenvolvida no terreno a sua
formação (certamente voluntariosa, mas massiva e quase industrial)
não me surpreenderia registar, com pena, uma rejeição precoce
(assumida ou camuflada) à sua implementação por parte de muitos
dos seus potenciais intérpretes no terreno – seja por displicência na
sua futura aplicação, seja por estratégias de “aparência de eficácia”
tão comuns na nossa cultura organizacional.

3.Organização estrutural e funcional. Adequação e


constrangimentos.
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Em termos conceptuais, tal como foi referido no ponto anterior, o


modelo revela-se objectivo, completo e bem articulado,
contemplando:

4 Domínios de avaliação estruturados em subdomínios,


amplamente ilustrados com factores de sucesso, evidências e
exemplos de práticas de melhoria – que, por sua vez, ao serem
coincidentes em número com os anos em função do Professor-
bibliotecário permitem (e preconizam) uma focalização temática e
o faseamento do processo;

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Níveis de desempenho com descritores objectivos;


Instrumentos de recolha de dados que cobrem todos os domínios e
subdomínios a avaliar.

No entanto, parece-me que uma das suas virtudes (ou pelo menos da
forma como está formulado) – a exaustividade – pode mais uma vez
ter um efeito perverso e passar a mensagem a quem tem de o
implementar no terreno de uma missão hercúlea onde têm de caber
praticamente “tudo e todos”. Assim, quer em benefício da percepção
do próprio modelo pelos bibliotecários, quer em benefício de uma
maior clarificação do nível de estandardização
(generalização/normalização) esperado, teria talvez sido preferível
separar, pelo menos na formulação, o “nível institucional” do
formativo/orientativo: elaborar um modelo oficial mais
minimalista e transformar o resto em documentação de apoio:
“instruções de como usar”.

4.Integração/ Aplicação à realidade da escola.


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Interpreto este item como a integração/operacionalização do modelo


na realidade da minha escola. E, nesta linha interpretativa, tanto
posso recorrer à experiência nos diversos anos em que tenho gerido a
BE da dita, como à perspectivação da aplicação deste modelo numa
realidade a muito curto prazo.

1. A integração e a cultura organizacional da escola

A palavra integração surge de uma forma recorrente, implícita ou


explicitamente, tanto no documento que explana o modelo como na
literatura da especialidade que o sustenta.
Se por um lado, a transversalidade, multidisciplinaridade documental,
localização e organização espacial da biblioteca lhe confere com
alguma naturalidade um papel charneira na própria realidade da
escola, neste novo modelo, a biblioteca surge associada a (quase)
tudo o que nela se passa, como se o elemento humano, a estrutura
organizacional da escola, tradicionalmente segmentada em
departamentos, disciplinas, salas, níveis de ensino não tivesse
qualquer interferência (também) negativa nesse desígnio.
Todo o modelo parte da presunção de que a escola funciona num
modelo cooperativo onde cada um tem autonomia, conhece
claramente as suas competências limites e responsabilidades e que
todos trabalham para um desígnio comum da escola-organização. Ora
tal nem sempre se passa e, se a biblioteca pode ser um núcleo
agregador, ferramenta para a gestão transversal dos currículos, um

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promotor de novas competências, um facilitador da tarefa de cada


“professor-obreiro”, também pode facilmente gerar anticorpos, ser
encarada ela própria como uma interferência indesejada e inoportuna
numa cultura em que, muitas vezes, cada um sabe de si e do que faz
sem reconhecer qualquer legitimidade extra ao “bibliotecário-abelha-
mestra”.

2. Vantagens e vicissitudes do trabalho de avaliação

Como já foi referido anteriormente, o documento apresenta uma


série de sugestões instrumentais para recolha de evidências na
gestão da BE. Tendo já efectuado inúmeras vezes, com diferentes
níveis de extensão e profundidade a avaliação daquela que coordeno,
não posso deixar de comparar este propósito com as conclusões que
retirei dessa experiência.
Assim, dos questionários, entrevistas, grelhas de observação que
utilizei, para recolha de indicadores de:
- (in)satisfação dos utilizadores/pontos fortes vrs. pontos fracos
- frequência e tipo de utilização
- grau de autonomia dos utilizadores (quantos consultavam o
catálogo/tutoriais de pesquisa, procuravam directamente nas
estantes, não encontravam nada sem auxílio)
- exemplares/temas/suportes mais consultados
concluí que:
- em alguns casos é possível fundamentar a necessidade da
mudança/reformulação nas evidências recolhidas
- uma avaliação exaustiva, rigorosa e eficaz na recolha e
especialmente no tratamento de dados só é possível com muito
tempo/recursos humanos
- só vale a pena se for encetada com um compromisso objectivo dos
órgãos de gestão da escola em tornar consequentes as conclusões
que daí advierem.
Apesar da qualidade e quantidade dos instrumentos propostos no
modelo, dificilmente a sua aplicação será possível se os professores-
bibliotecários não dispuserem de muito tempo ou de meios mais
rápidos para tratamento de dados para além de velhos clássicos do
procedimento avaliativo, como passar a montanha de dados
manuscritos para a folha de cálculo do Excel.
Fica então aqui a sugestão de que ferramentas como
aplicações/formulários de recolha e tratamento automático de dados,
à disposição de instituições como o GRBE ou as bibliotecas
municipais, sejam facultados às escolas como prémio pela aplicação
do modelo. Constato, a título de exemplo, o efeito na eficácia,
simplificação e acessibilidade dos serviços que constituiu a
disponibilização de um sistema de upload dos catálogos das escolas
ou o fornecimento de catálogos padrão já informatizados por parte
dos SABE.

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Mas nem só de sofisticação tecnológica ou instrumentos formais se


faz uma avaliação – há procedimentos simples, que sem terem a
aparência de rigor, podem produzir evidências esclarecedoras como o
olhar de vez em quando o aspecto dos livros, que nos revela, pelo
grau de manuseamento, os interesses dos leitores.
Também de moto próprio, na linha das sugestões do modelo, ocorre-
me exemplificar um aproveitamento de rotinas de organização para
práticas de avaliação no processo de recolha de dados estatísticos da
consulta presencial – como levá-la a cabo numa escola com 100
professores, 1000 alunos e uma frequência massiva diária da
biblioteca? Juntando dois procedimentos organizacionais: não
permitindo que os utilizadores voltem a colocar os documentos nas
estantes, podemos simultaneamente evitar o caos na arrumação
(mesmo que já haja um conhecimento prévio do sistema de
cotação/localização) e registar o que foi consultado (pelo menos
alguns elementos relevantes da sua identificação).

5.Competências do professor bibliotecário e estratégias


implicadas na sua aplicação.
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Apesar do ênfase dado ao elemento cooperativo e de um dos


princípios preambulares do documento que expõe o modelo associar
o (in)sucesso do projecto-biblioteca a toda a comunidade de
educadores, o certo é que as competências que directa ou
indirectamente atribui ao bibliotecário fazem dele uma espécie de
super-professor, um faz-tudo, pode-tudo, muitas vezes desfasado da
realidade de cada comunidade educativa, pelas razões
organizacionais já elencadas no item anterior.
Da leitura do documento conclui que um bibliotecário tem de (sem
preocupações agora de sistematização):
- ter uma interacção dinâmica e excelente com todos os
departamentos, projectos, tutores, DTs, órgãos de gestão, etc.
- dominar os curricula de todas as disciplinas, de todos os níveis de
ensino
- conhecer todos os concursos, projectos, iniciativas que podem
trazer mais-valias à sua escola
- dominar todas as tecnologias e metodologias de ensino
- conhecer/interagir com as instituições da comunidade onde a escola
se insere
- montar e manter uma organização que preste um serviço eficaz
(quer no espaço físico, quer online)
- planificar atempadamente aquisições
- satisfazer necessidades, despertar sensibilidades
Assim, por considerar haver uma certa dose de wishfull-thinking
nesta parafernália de expectativas que recaem sobre o PB,

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acrescentaria alguns princípios, que podem funcionar como um


mediador entre a teoria (modelar) e a (minha) realidade:
- pensar estrategicamente, agir cirurgicamente: nem todos os
professores/sectores da escola estarão dispostos a colaborar – para
quem disponha da vantagem (ou desvantagem) de conhecer bem a
escola, a escolha selectiva de alguns dos seus elementos, do timing
correcto pode, mesmo constituindo uma intervenção aparentemente
não integradora constante “de tudo e de todos”, produzir efeitos
estruturais mais sólidos nos objectivos desejados;
- ser realista e pragmático nas prioridades: no limite, não vale a pena
perder tempo a debater instrumentos de recolha de dados se a
biblioteca estiver fechada por falta de quem faça o atendimento;
- ser económico e eficaz: com o menor número de meios beneficiar o
maior número de utilizadores;
- não fugir para a frente (glosando a proposta faseada do modelo):
não tentar passar para o patamar seguinte, sem assegurar uma
organização eficaz do patamar anterior.

Nota Final
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Ao reler os objectivos e as instruções para a realização da tarefa,


interrogo-me se os consegui realizar. Uma análise crítica pode oscilar
entre o paradigma da síntese descritiva ou o da confrontação crítica
com uma realidade do terreno. Talvez o longo tempo já passado num
só terreno e a fraca apetência pela literatura da especialidade me
tenha feito investir muito mais texto nesta última.

O formando: Fernando C. Rebelo

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