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1) O documento analisa as políticas de educação profissional no Brasil entre 1995-2005 e como elas, embora promovendo a inclusão, na verdade tornaram a educação mais precária.
2) A autora argumenta que as políticas visavam incluir mais trabalhadores de forma precarizada para atender às necessidades da acumulação flexível do capital.
3) Ela conclui que as políticas promoveram um processo de "inclusão excludente", onde mais pessoas foram incluídas de forma precarizada no sistema educacional.
Deskripsi Asli:
Judul Asli
RESUMO - A Educação Profissional Nos Anos 2000 -A Dimensão Subordinada Das Políticas de Inclusão
1) O documento analisa as políticas de educação profissional no Brasil entre 1995-2005 e como elas, embora promovendo a inclusão, na verdade tornaram a educação mais precária.
2) A autora argumenta que as políticas visavam incluir mais trabalhadores de forma precarizada para atender às necessidades da acumulação flexível do capital.
3) Ela conclui que as políticas promoveram um processo de "inclusão excludente", onde mais pessoas foram incluídas de forma precarizada no sistema educacional.
1) O documento analisa as políticas de educação profissional no Brasil entre 1995-2005 e como elas, embora promovendo a inclusão, na verdade tornaram a educação mais precária.
2) A autora argumenta que as políticas visavam incluir mais trabalhadores de forma precarizada para atender às necessidades da acumulação flexível do capital.
3) Ela conclui que as políticas promoveram um processo de "inclusão excludente", onde mais pessoas foram incluídas de forma precarizada no sistema educacional.
RESUMO - A educao profissional nos anos 2000: A dimenso subordinada das polticas de incluso Accia Zeneida Kuenzer
Neste artigo Kuenzer se prope a confrontar as polticas de Educao Profissional formuladas a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, a partir do segundo perodo de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e durante o primeiro governo do presidente Lus Incio Lula da Silva, embora pautadas no discurso da incluso dos trabalhadores no mundo do trabalho por meio da qualificao profissional, essas polticas no s no surtiram o efeito anunciado como ainda tornaram mais precarizadas as ofertas educativas. Em sntese, o que ela quer afirmar a necessidade de confrontar, permanentemente, e dialeticamente, pensamento e realidade, buscando apreender o real como totalidade em movimento, em sua complexidade, para que se possa comparar e avaliar os impactos das polticas de Educao Profissional da ltima dcada, mais especificamente no perodo compreendido entre os anos 1995 e 2005. A formulao de polticas e a implantao de programas de Educao Profissional no ltimo governo so muito recentes para que se possa levar a efeito uma avaliao com dados primrios e secundrios exaustivos, e que permitam anlises histricas. Contudo, possvel confrontar as concepes e propostas presentes nas polticas com dados de pesquisa a partir de um quadro categorial epistemologicamente integrado, de modo que se apreendam as mediaes que articulam as propostas educativas e a realidade do trabalho no mbito da acumulao flexvel. Accia Kuenzer, em sua trajetria investigativa busca elucidar relaes sugeridas que lhe conduziram, nesta ltima pesquisa, formulao da seguinte tese, a qual parece resumir a pedagogia do trabalho na acumulao flexvel: do ponto de vista do mercado, ocorre um processo de excluso da fora de trabalho dos postos reestruturados, para inclu-la de forma precarizada em outros pontos da cadeia produtiva. J do ponto de vista da educao, estabelece-se um movimento contrrio, dialeticamente integrado ao primeiro: por fora de polticas pblicas professadas na direo da democratizao, aumenta a incluso em todos os pontos da cadeia, mas precarizam-se os processos educativos, que resultam em mera oportunidade de certificao, os quais no asseguram nem incluso, nem permanncia. Em resumo, do lado do mercado, um processo de excluso includente, que tem garantido diferenciais de competitividade para os setores reestruturados por meio da combinao entre integrao produtiva, investimento em tecnologia intensiva de capital e de gesto e consumo precarizado da fora de trabalho. Do lado do sistema educacional e de Educao Profissional, um processo de incluso que, dada a sua desqualificao, excludente. Esta proposta de investigao se justifica, tambm, pelo carter parcial e insuficientemente explicativo das pesquisas que tm sido realizadas na rea, as quais tomam recortes das cadeias produtivas, principalmente por meio de estudos de caso. Seus resultados, ainda que preliminares, podem servir de contraponto para a anlise das polticas e dos programas de Educao Profissional formulados na ltima dcada, reafirmando que no possvel estudar as polticas pblicas sem um quadro categorial que as compreenda como expresso de uma totalidade em movimento, nesse caso, de uma prtica social capitalista marcada pela acumulao flexvel. Mas, de que incluso se fala? Como afirma Oliveira, o termo excluso, e por consequncia o seu par categorial, a incluso, passou a ocupar espaos crescentes na literatura social, especialmente na rea de polticas pblicas, embora esteja fortemente presente em todas as reas. O resultado desta disseminao, segundo o prprio Oliveira 2010, levou ao uso indiscriminado e indefinido dessas categorias, de modo que passaram a ser empregadas por quase todo o mundo para designar quase todo o mundo. A forma de compreender o par categorial excluso/incluso, como relao constitutiva do modo de produo capitalista, conduz a duas ordens de consideraes, tendo em vista as finalidades deste artigo. A primeira, referente lgica das relaes mercantis, permite compreender que a competitividade dos setores dinmicos no mercado mundial depende do que se pode chamar de excluso includente dos setores precarizados. Pode-se compreender, assim, como um ramo ou parte dele, como, por exemplo, o metalrgico, pode permanecer orgnico acumulao flexvel utilizando mquinas antigas, tecnologicamente superadas, j descartadas por setores mais complexos, porm re-adquiridas porque respondem a necessidades de produo de servios ou produtos finais em pequena escala, que atendem demandas especficas dos setores dinmicos, as quais, por sua particularidade e pequeno nmero, no suportam processos tecnologicamente complexos que resultariam em aumento do custo final do produto da cadeia. Contraditoriamente, a precarizao ao longo da cadeia, combinada com a intensificao decorrente das estratgias de flexibilizao da produo, condio para a complexificao na ponta mais dinmica, e, neste sentido, para a manuteno da lgica da acumulao flexvel. Com relao aos trabalhadores, o processo o mesmo; no plano das realidades que precisam ser excludas para que o capital possa confirmar-se como princpio abrangente de sntese, os trabalhadores tambm devem passar por um processo de reduo ontolgica. Assim com tudo o que no possa ser completamente abrangido pela lgica capitalista: primeiro precisa ser excludo, em seguida reduzido dimenso meramente econmica para depois ser includo sob outro estatuto ontolgico, processo que se d, no individualmente, mas no cerne das relaes sociais e produtivas, ao longo da histria. Dessa forma, medida que se avana na cadeia, no sentido dos trabalhos mais complexos, vo se verificando outras demandas de qualificao profissional e de escolaridade, permitindo compreender que a incluso subordinada regida pela polarizao das competncias, e a compreenso desta categoria ficou facilitada pelo estudo da cadeia com os seus principais elos, o que evidenciou dois movimentos que elucidam como a polarizao refora a precarizao, viabilizando um consumo cada vez mais predatrio da fora de trabalho e objetivando a lgica da acumulao flexvel. Por um lado, verifica-se a maior exigncia de escolaridade e/ou Educao Profissional medida que a cadeia se complexifica tecnolgica e administrativamente, pela adoo de novos processos, equipamentos, materiais e formas de organizao e gesto; por outro lado, a desmobilizao de trabalhadores qualificados, que passam a ser incorporados em pontos da cadeia em que o trabalho mais precarizado e intensificado, como os dados acima evidenciam. Este processo de reduo da classe trabalhadora a uma identidade que lhe permita incluir-se no processo de trabalho por meio de formas predatrias se d por intermdio dos processos de flexibilizao e conta com a contribuio de processos pedaggicos, que ocorrem no mbito das relaes sociais e produtivas e por meio da escola e da formao profissional, quando estas oportunidades esto disponveis. No caso dos trabalhos feitos fora das firmas, a flexibilizao demanda uma subjetividade que se ajuste sazonalidade, intensificao, variabilidade de ocupaes, necessidade de adaptar-se a novas tarefas, enfim, uma fora de trabalho com mobilidade e plasticidade para ajustar-se permanentemente ao novo, que no caso corresponde ao trabalho precrio, que demanda pouca qualificao, predominantemente de natureza psicofsica e tcita, para o que a escolarizao pouco contribui; uma fora de trabalho com as caractersticas daquela demandada pelo modo taylorista/fordista, porm sem os benefcios da estabilidade e do vnculo formal. J nas firmas reestruturadas que compem as cadeias, em que a formao terico-prtica se evidencia como necessria, a flexibilizao assume o significado da polivalncia, da capacidade de aprender permanentemente e de ajustar-se dinamicidade de uma planta que se adapta continuamente para atender s demandas do mercado. Nessas duas situaes, as pesquisas mostraram que o processo de reduo ontolgica conta com mais uma importante estratgia educativa voltada para a formao de subjetividades que se adaptem flexibilizao e ao mesmo tempo justifiquem o insucesso a partir dos sujeitos: as propostas de educao para o empreendedorismo, sobre o que h necessidade de desenvolver estudos mais aprofundados. No plano da formulao das polticas, no perodo analisado, tem-se dois documentos que explicitam as concepes e propostas de Educao Profissional dos dois ltimos governos: o Plano Nacional de Qualificao do Trabalhador (PLANFOR) e o Plano Nacional de Qualificao (PNQ). O PLANFOR, implementado a partir de 1995 pelo Ministrio do Trabalho e Emprego por dois quadrinios de vigncia (1995-1998 e 1999-2002), teve como proposta articular as Polticas Pblicas de Emprego, Trabalho e Renda, tendo como principal fonte de financiamento o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O PLANFOR props como meta qualificar, por meio da oferta de Educao Profissional, pelo menos, 20% da Populao Economicamente Ativa (PEA), o que significou aproximadamente 15 milhes de pessoas com idade superior aos 16 anos, tendo em vista a incluso no mundo do trabalho. Esse programa envolveu 15,3 milhes de trabalhadores nos Planos de Qualificao Profissional, havendo uma crescente disponibilizao de recursos nesse perodo, que passou de R$ 28 milhes, em 1995, para R$ 493 milhes, em 2001. Ao mesmo tempo, a carga horria mdia dos cursos oferecidos passou de 150 horas para 60 horas mdias, indicando a priorizao da quantidade da oferta sobre a sua possvel qualidade. J para o ltimo ano de governo, os recursos foram reduzidos para R$ 153 milhes, aproximadamente 30% dos valores do ano anterior; para 2003, primeiro ano do novo governo, o oramento da Unio, definido ainda no governo anterior, destinou apenas R$ 186 milhes. A partir da avaliao do PLANFOR, o governo do presidente Lula apresentou nova proposta de poltica pblica de Educao Profissional, expressa no Plano Nacional de Qualificao (PNQ), para o perodo 2003/ 2007, com trs grandes objetivos: incluso social e reduo das desigualdades sociais; crescimento com gerao de trabalho, emprego e renda, ambientalmente sustentvel e redutor das desigualdades regionais; e promoo e expanso da cidadania e fortalecimento da democracia. A nova proposta fundamenta-se em seis dimenses principais: poltica, tica, conceitual, institucional, pedaggica e operacional, cujas concepes so, em sntese: o reconhecimento da Educao Profissional como direito, como poltica pblica e como espao de negociao poltica; exigncia de integrao entre educao bsica e profissional, para o que a durao mdia dos cursos passe a ser estendida para 200 horas; reconhecimento dos saberes socialmente produzidos pelos trabalhadores; exigncia de formulao e implementao de projetos pedaggicos pelas agncias contratadas; garantia de investimentos na formao de gestores e formadores; a implantao de um sistema integrado de planejamento, monitoramento, avaliao e acompanhamento dos egressos; a integrao das Polticas Pblicas de Emprego, Trabalho e Renda entre si e destas com relao s Polticas Publicas de Educao e Desenvolvimento: transparncia e controle no uso dos recursos pblicos. Dessa forma, para fins de anlise, podem-se identificar trs linhas programticas que, a partir do PNQ, propem-se a operacionalizar as polticas de Educao Profissional do governo do presidente Luis Incio Lula da Silva: a primeira, que se constitui na proposta reformulada do PLANFOR, continua financiando aes que integram o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), e as Comisses Estaduais e Municipais do Trabalho, com recursos, cada vez mais exguos, do FAT; a segunda, que congrega os programas que apresentam efetiva vinculao com a Educao Bsica; e a terceira, que congrega as aes que tm sua origem no Programa Nacional de Estmulo ao Primeiro Emprego (PNPE). Com relao s aes do primeiro grupo, o que se tem como novidade a extenso da durao dos cursos, por meio da exigncia de 200 horas em mdia, que integrem educao bsica e profissional obedecendo a planejamento pedaggico integrado, a ser implementado pela entidade executora, incluindo contedos que discutam cidadania, organizao e gesto do trabalho e sade e segurana. No segundo grupo tem-se a continuidade do PRONERA e do PROEP, nesse momento em fase de negociao com o Banco Mundial tendo em vista sua renovao, o Programa Nacional de Incluso de Jovens: Educao, Qualificao e Ao Comunitria (PROJOVEM) e o Programa Nacional de Integrao da Educao Profissional Educao Bsica, na Modalidade de Educao de Jovens e Adultos (PROEJA), ambos criados no Governo Lula. No terceiro grupo tem-se as aes abrangidas pelo Programa Nacional de Estmulo ao Primeiro Emprego (PNPE), gerenciado pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, o principal programa do Governo Lula voltado para a incluso dos jovens em situao de vulnerabilidade social, cujo objetivo combater a pobreza e a excluso social atravs da integrao entre as polticas de emprego e renda a uma poltica de investimentos pblicos e privados geradora de mais e melhores oportunidades. Contudo, as polticas e propostas contidas nos decretos e planos nos dois governos, originaram um conjunto de programas e projetos que tiveram por objetivo a sua implementao. Esses programas e projetos, tanto no Governo Fernando Henrique quanto no Governo Lula, no se diferenciam no que diz respeito concepo das relaes entre Estado e Sociedade Civil, que passam a se dar por meio das parcerias entre o setor pblico e o setor privado. Essas relaes supem o repasse de parte das funes do Estado para a Sociedade Civil, acompanhado do repasse de recursos, os quais, realizados sob o ordenamento jurdico privado, fogem aos controles pblicos da Unio. Em decorrncia desta concepo, a prestao de contas dos contratos d-se por meio da realizao do produto acordado, ficando a entidade executora obrigada a fornecer comprovaes, no havendo controle do processo, inclusive sob o ponto de vista contbil. Como j se apontou anteriormente, a natureza do produto jovens qualificados, entre os quais 30% devem ser inseridos no mundo do trabalho ou em outras alternativas de formao presta-se a relatrios meramente formais, sem que se tenha indicadores de qualidade e efetividade social, e, por consequncia, do bom uso dos recursos pblicos. Todavia, a continuidade de uma realidade que se generalizou no governo anterior, e que, embora negada no plano do discurso, fortalece-se cada vez mais no Governo Lula: o crescente repasse de recursos pblicos para o setor privado, por intermdio de parcerias justificadas pela impossibilidade do Estado em cumprir com suas funes. A compreenso desta afirmao fica facilitada pela anlise do ordenamento jurdico sobre a Educao Profissional, que tem dado suporte a esta concepo: o Decreto n. 2.208/97, do governo anterior, e o Decreto n. 5.154/2004, do atual governo. Ao analisar o novo decreto, em texto que, embora tivesse circulado, no foi publicado, indagou-se acerca da sua verdadeira inteno, uma vez que, no obstante revogue formalmente o Decreto n. 2.208/97, na prtica no o faz, porque, no obstante recrie os cursos mdios integrados, o que na prtica no seria necessrio por estarem eles contemplados no pargrafo segundo do artigo 36 da Lei n. 9.394/96, incorpora todas as modalidades de Educao Profissional por ele propostas, com pequenas mudanas de denominao. Em resumo, o que se est afirmando que, uma vez procedido o desmonte da oferta pblica de Educao Profissional pelo Decreto n. 2.208/97, e estabelecido o balco de negcios, dificilmente este processo ser revertido. A resistncia das agncias formadoras s exigncias do PNQ mostra, entre outros fatos, que o negcio deixou de ser interessante; como resultado, tem-se menos oferta gratuita oferecida pelo setor privado com recursos pblicos e tem-se reduzida oferta pblica. Ao mesmo tempo, a profuso de programas criados com a finalidade de operacionalizar o PNPE mostra que foram abertos muitos outros canais de repasse de recursos para o setor privado, sob a coordenao de diferentes ministrios e da Secretaria - Geral da Presidncia da Repblica. Causa, no mnimo, estranheza, a criao de programas praticamente idnticos, mas sob a coordenao poltica de diferentes ministrios e/ou da Secretaria- Geral da Presidncia da Repblica, como o caso dos Consrcios Sociais da Juventude e do Juventude Cidad. H, portanto, uma profuso de dados que enunciam o mau uso dos recursos pblicos a partir de uma concepo que, implementada no governo anterior, foi assumida e estimulada no Governo Lula, e que esconde, sob a defesa do carter pblico das aes, a sua realizao pelo setor privado sem que haja elementos que permitam comprovar sua qualidade e efetividade social. O que os dados revelam que, sob o discurso da parceria entre o Estado, a Sociedade Civil e o setor empresarial, a partir do entendimento de que as organizaes da Sociedade Civil tendem a obter melhores resultados entre o pblico jovem em situao de maior vulnerabilidade social, e que essas instituies so capazes de chegar a lugares onde o Estado no chega, foram e esto sendo carreados vultosos recursos para o chamado setor comunitrio realizar a funo do Estado no tocante Educao Profissional, sem que haja indicaes, por meio de avaliaes consequentes, de que os projetos atingem suas finalidades. De modo geral, a oferta gratuita, pelos setores pblico e comunitrio, quantitativamente insignificante e pouco aderente s demandas dos excludos, cujos resultados no evidenciam outra possibilidade de incluso seno por intermdio da realizao de trabalhos precarizados e predominantemente eventuais, segundo a lgica da incluso subordinada. Alm da concepo de ao pblica no-estatal que justificou o repasse de recursos pblicos para instituies privadas, os programas aqui referenciados se caracterizaram pela desarticulao e pela fragmentao das aes a que deram origem, por meio de uma profuso de projetos similares espalhados por diferentes unidades gestoras, particularmente no governo do presidente Lula. Em resumo, so trs programas que continuam, com modificaes: o PRONERA, o PNQ e o PROEP; mais dois que se vinculam explicitamente ao Sistema Nacional de Educao: o PROJOVEM e o PROEJA. E mais sete projetos distribudos entre ministrios, secretarias, secretarias especiais, alguns deles com seus respectivos conselhos, todos vinculados ao Plano Nacional de Estmulo ao Primeiro Emprego. No total, tem-se 12 propostas em andamento, sem considerar o ensino mdio integrado, ainda muito incipiente. Com o objetivo de viabilizar cada um desses projetos, so estabelecidas parcerias entre a Secretaria-Geral da Repblica, os ministrios citados, os governos estaduais, municipais e outros rgos federais, entidades da Sociedade Civil, empresas pblicas e privadas, sempre prevalecendo a primazia do repasse dos recursos ao setor privado, como se analisou anteriormente, por meio das redes ou franquias sociais. E, de modo geral, eles so muito parecidos, com pequenas especificidades que no justificam tamanha fragmentao de aes e pulverizao de recursos. Como resultado, reproduzem-se estruturas, espaos e recursos, financeiros e humanos, para os mesmos fins, configurando-se uma clara estratgia populista de eficcia discutvel. Essas propostas de Educao Profissional que vm sendo analisadas, cotejadas com os dados disponibilizados pelas pesquisas de campo realizadas pela autora nos ltimos anos, vem evidenciando que, embora as mudanas ocorridas no mundo do trabalho passem a exigir ampliao da educao bsica com qualidade, qual se integre formao profissional de natureza tecnolgica, fundada no domnio intelectual da tcnica como relao entre conhecimentos e competncias cognitivas complexas, o que se vem oferecendo aos que vivem do trabalho se resume, basicamente, reproduo do conhecimento tcito, no passando de discurso a integrao entre educao bsica e profissional. Dessa forma, a pedagogia do trabalho, assim compreendida, resume-se a observar e repetir at memorizar as boas prticas dos trabalhadores mais experientes, bastando inserir desde logo o futuro trabalhador na situao concreta de trabalho, mesmo sem que ele se aproprie de categorias terico-metodolgicas que lhe permitam analis-la e compreend-la para poder intervir com competncia. A anlise levada a efeito, mais do que abranger toda a temtica, indica um extenso programa de investigao a ser levado a efeito por aqueles intelectuais que professam compromisso com os que vivem do trabalho, tendo em vista a avaliao do que lhes tem sido ofertado sob o discurso de sua incluso, e a proposio coletiva de projetos de outra natureza. E mostra que os princpios que orientaram a Educao Profissional no Governo Fernando Henrique no foram superados no Governo Lula, alguns deles inclusive tendo sido intensificados. Como resultado, possvel indicar a continuidade de propostas precrias de Educao Profissional para legitimar a incluso em trabalhos precarizados, de modo que se alimente o consumo predatrio da fora de trabalho, para o que a reduo epistemolgica por meio da formao de subjetividades flexveis, polivalentes e empreendedoras se realiza por intermdio das dimenses pedaggicas dos processos sociais aos quais se articulam polticas e prticas educativas de carter privado, populistas e fragmentadas, que expressam as estratgias de disciplinamento necessrias ao novo regime de acumulao, para o que a nova epistemologia da prtica fornece os fundamentos. Contudo, no h como professar uma crena mecnica no poder das contradies, como se fosse possvel resolver o problema da incluso por meio da qualificao precarizadas para uma insero consentida, que apenas atende s demandas da acumulao flexvel, com restritas possibilidades de desenvolver uma conscincia de classe.