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I

Está a ser negociada entre vários Estados uma convenção para controlar a
criação e comercialização de cães de raças perigosas. Vai decorrer a reunião
final. O Estado A faz-se representar pelo seu Director-Geral da Veterinária,
que se esqueceu, daquela vez, de levar a carta de plenos poderes. Pode
assinar o texto da convenção? E que valor terá essa assinatura?

Resolução:

Na Convenção em análise pretendia-se negociar a respeito do controlo da criação


e comercialização de cães de raças perigosas. Sendo o estado A representado pel
seu Director Geral de veterinária, que s eteria esquecido de levar a carta de
plenos poderes .

Comecemos por analisar as questões juridicamente relevantes.

Convenção é outra forma de designar um tratado. Tratado é de acordo com o


disposto no artigo 1º alínea a) da CVDT um acordo internacional concluido por
escrito entre Estados e regido pelo DIP, quer seja consignado num instrumento
unico, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua
denominação particular.

Estamos portanto um acordo internacional escrito entre Estados que se rege pelo
DIP.

Para o efeito da reunião de conclusão do Tratado o Estado A fazia reresentar-se


pelo seu DGV, orgão a quem não se reconhecem plenos poderes originários
(apenas reconhecidos aos chefes de Estado, chefes dos governos e ministros dos
negócios estrangeiros, chefes de missão diplomática, de acordo com o disposto
no artigo 7, nº 2 alíneas a e b), motivo pelo qual teria de ser acreditado através
de um documento emanado pela autoridade competente do Estado em questão
oara poder representar o Estado na negociação, documento esse designado de
plenos poderes. Aconteceu que o agente em questão não tinha em sua posse o
referido documento, por se ter esquecido de o levar

Podemos levantar aqui duas questões:

- Se resultasse da prática dos Estados interessados, ou de outras circunstâncias


considerar o representante em questão, como decorre da alínea b) do artigo 7º

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nº 1 da CVDT, poder-se-ia prescindir da declaração dos plenos poderes, ficando
no entanto a validade do acto de assinatura sujeita a confirmação posterior nos
termos do artigo 8º da CVDT, sob pena de assim não sendo s enão produzirem os
efeitos jurídicos do Tratado.

Já em questão ao valor da assinatura. À partida, não estamos, porque não é dito


que assim seja, perante um acordo sob forma simplificada, que por
caracteristicas intrínsecas implica que a vinculação é feita apenas por meio da
simples assinatura. Logo a assinatura, sendo ad referendum, teria os normais
efeitos, abrindo a possibilidade de vinculação ao tratado, autenticando e
datando o documento. Ficando os efeitos de viculação remetidos para momento
posterior após a aprovação, aceitação ou ratificação do Tratado.

II

Em 29.11.2009 tem lugar em Dakar uma reunião dos Ministros dos Negócios
Estrangeiros de um conjunto de países africanos com vista à negociação de
um tratado sobre cooperação policial na área da luta contra o terrorismo
internacional. O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola teve de se
ausentar no decurso das negociações, ficando este país representado pelo
Vice-Ministro da mesma pasta.

Resolução:

O Tratado em questão tem como objectivo a negociação d eum tratado sobre


cooperação policial na área da luta contra o terrorismo Internacional. São partes
no Tratado um conjunto de países africanos, de que faz parte nomeadamente
Angola.

O MNE teve de se ausentar no decurso das negociações, ficando representado


pelo Vice-Ministro dos NE.

Alisemos as questões de relevo.:

Tratado - De acordo com o disposto no artigo 1º alínea a) da CVDT um acordo


internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo DIP, quer seja
consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos,
e qualquer que seja a sua denominação particular.

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Estamos portanto um acordo internacional escrito entre Estados que se rege pelo
DIP.

Angola faz-se representar pelo seu MNE e Vice – Ministro NE.

De acordo com o artigo 7º nº 2 alínea a) da CVDT o MNE é considerado


representante do Estado por inerência das suas funções e está dispensado da
apresentação da declaração de plenos poderes. Já o Vice Ministro dos Negócios
Estrangeiros de Angola, apesar de em termos de Direito Interno dos Estados se
assumir como reconhecido substituto do MNE, em termos de Direito Internacional
assim não é reconhecido, pelo que teria de ser acreditado (através de nota
diplomática ou similar) como representante do estado de Angola nas
negociações. Sabemos no entanto (porque nos é dito), que estava MNE e VMNE
presentes na reunião o que nos leva a subsumir que seria reconhecido como
representante acreditam do Estado de Angola prescindindo da carta de plenos
poderes.

III

Em Outubro de 2006 decorre em Brasília uma conferência internacional com


vista à criação de uma organização internacional de cooperação em matéria
de conservação do património cultural, na qual participam 36 países, entre os
quais Portugal, que se fez representar pelo seu embaixador no Brasil. O texto
final da convenção que institui a organização internacional em causa é
aprovado com 22 votos a favor e 14 votos contra, e é assinado pelos
representantes de 22 dos Estados presentes, entre os quais se contou o
representante de Portugal.

Resolução:

Na Conferência Internacional em questão pretendia-se criar uma Organização


Internacional de cooperação em matéria de conservação do património cultural.

Analisemos passo a passo todas as questões relevantes para o Direito


Internacional.

Uma organização Internacional é nos termos do artigo 2º nº 1, alínea i) da CVDT


uma organização intergovernamental, ou seja uma organização composta por
dois ou mais governos com vista a um determinado fim. Neste caso sabemos
estarem representados 36 governos, pelo que podemos assumir à partida que o
objecto desta conferência internacional seria criar uma organização

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internacional composta por representantes dos 36 governos, ou pelo menos
reconhecida pelos 36. Mas veremos adiante se isso se verifica.

Portugal faz-se representar pelo seu embaixador no Brasil.


Para averiguar da legitimidade do Embaixador do Brasil enquanto representante
do Estado português temos de analisar as várias possibilidades de representação,
tendo em conta que não é mencionado no enunciado (e por isso se presume que
não exista) declaração de plenos poderes, atendendo igualmente à
especificidade da convenção.

Sabemos que o Chefe de Estado, Chefe de Governo e MNE dispõem de plenos


poderes para a realização de quaisquer actos no âmbito de tratado (artigo 7º, nº
2 alínea a) da CVDT), mas assim não é em termos do âmbito de Conferência
Internacional atendendo precisamente à sua especificidade. Temos então de
considerar a hipótese de se enquadrar nas situações em que chefes de missão
diplomática podem representar os Estados prescindindo da apresentação dos
plenos poderes se esta for uma situação de adopção do texto de um tratado
entre o Estado acreditante e o Estado receptor, como deriva do artigo 7º nº 2
alínea b) da CVDT, e que não se verifica no caso em análise.

Falta-nos portanto analisar a questão à luz da alínea c) do nº 2 do mesmo artigo,


que nos diz que podem prescindir da declaração de plenos poderes os
representantes acreditados dos Estados numa conferência internacional ou junto
de uma organização internacional ou de um dos seus órgãos, para a adopção do
texto de um tratado nessa conferência, organização ou órgão.

É este o artigo a aplicar. Temos então de abrir aqui duas possibilidades.

Ou o Embaixador tinha sido antecipadamente acreditado através de nota


diplomática ou documento semelhante e podemos aplicar o artigo 7, nº 2 alínea
c) da CVDT, ou temos de solucionar a questão com base na conjugação do artigo
7 nº 1 alínea b) com o artigo 8º da CVDT, ficando pois a concretização dos efeitos
jurídicos da assinatura dependente do reconhecimento posterior da mesma pelo
Estado Português.

No que toca ao conteúdo do tratado celebrado na convenção Internacional com


vista à criação da OI:

A CVDT diz-nos no seu artigo 5 que se aplica a qualquer tratado que seja acto
constitutivo de uma Organização Internacional e a qualquer tratado adoptado no

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âmbito de uma organização internacional, sem prejuízo das normas aplicáveis da
organização.

Daqui retiramos duas concretizações:

- Por interpretação, concluímos que é possível através de um tratado criar uma


organização internacional (qualquer tratado que seja acto constitutivo de uma
Organização Internacional)

- Que à organização criada através da convenção em questão se aplicariam as


disposições da CVDT para além dos seus próprios estatutos.

Analisando agora a questão da votação: fala-se no texto que o documento final


da convenção que instituía a organização internacional teria sido aprovado com
22 votos a favor e 14 votos contra tendo sido assinados pelos representantes dos
22 estados presentes, entre os quais o representante de Portugal.

Verificamos a existência de maioria absoluta (61,1%) a favor da criação da OI.,


sendo que de acordo com a CVDT a adopção do texto do Tratado se efectuaria
(artigo 9º nº 2) por maioria de dois terços dos participantes na sua elaboração, a
não ser que se decidisse por igual maioria aplicar uma regra diferente. Ora nada
tendo sido dito no texto a esse respeito, temos que considerar que a assinatura
do Tratado por 22 dos Estados presentes (não sabemos se são, mas presumimos
que sejam os que votaram a favor do texto) foi feita não respeitando a regra da
maioria.

Assim sendo, dever-se-ia realizar nova votação até que se obtivesse um resultado
conforme à regra.

Mas isto não invalidaria uma tentativa por parte dos 22 estados a favor de reunir
novamente no sentido de aprovar a criação da OI sem intervenção dos 14 estados
contra, o que seguramente resultaria em unanimidade da votação.

Não podemos exactamente falar em erro, nem em fraude, podemos falar apenas
num incidente que originaria inevitavelmente um afastamento dos Estados
contrários à criação da OI, dado que estas não podem ser criadas sob reservas e
sem respeito à maioria.

Ora o que aqui sucede não é exactamente assim. Na própria conferência de


adopção da OI, se verifica a assinatura do Tratado de criação pelos 22 Estados a
favor, sem qualquer manifestação posterior (que também não teria de existir)
dos 14 Estados contra.

Será defensável dizer que assim tenha sido por uma questão de economia de

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esforços, já que inevitavelmente havendo uma maioria, e sendo possível reunir
posteriormente e instituir a OI, não seria necessário protelar esse fenómeno no
tempo.

IV
Os Chefes de Governo da Tailândia, da Malásia, da Indonésia, das Filipinas, da
Austrália e da Nova Zelândia reúnem-se em Kuala Lumpur para negociar um
tratado sobre cooperação em matéria de prevenção e repressão do terrorismo
internacional, através do qual aqueles Estados se comprometem a trocar as
informações que recolham acerca do terrorismo internacional e a permitir às
forças policiais de cada um deles deter suspeitos de terrorismo no território
dos outros, desde que esses suspeitos não sejam nacionais do Estado em que
irão ser detidos. Antes de as negociações terminarem, o Primeiro-Ministro da
Tailândia tem de se ausentar, pelo que, na assinatura do texto final, é
substituído pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros desse país. Os
representantes dos Estados presentes decidem ainda manter secreta uma das
disposições do tratado, que previa a instalação, no território de um deles, de
um centro de detenção para suspeitos de terrorismo em que seriam utilizadas
todas as técnicas de interrogatório que se mostrassem necessárias à obtenção
de informações, incluindo a tortura. Posteriormente, no momento da
ratificação do tratado, a Nova Zelândia notifica os demais Estados de duas
declarações: pela primeira indica que só considerará suspeitos de terrorismo
os indivíduos que tenham cometido ou se preparem para cometer, por
motivos políticos, ideológicos ou religiosos, actos dos quais resultem, por
meios violentos, danos em pessoas ou bens; pela segunda, indica que só
permitirá a detenção de suspeitos de terrorismo no seu território desde que
seja previamente informada desse facto pelo Estado que pretende proceder à
detenção. Por sua vez, a Austrália notifica as demais partes de que só

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permitirá a detenção de suspeitos de terrorismo no seu território marítimo,
não no território terrestre. As declarações da Nova Zelândia não suscitam
qualquer reacção dos demais Estados. Já a comunicação da Austrália recolhe
a objecção de todos os outros Estados que assinaram o texto, com excepção
da Nova Zelândia.

Resolução:

Para uma correcta análise da situação dirimenda, importará abordar-se uma


variedade de conteúdos temáticos, a ela inerentes, e que respeitam, primeiro à
legitimidade da representação de Estados no âmbito dos Tratados, depois ao
processo de classificação e feitura de qualquer Tratado, atendendo
nomeadamente ao seu objecto , à classificação da sua validade ou invalidade e
por ultimo à questão das reservas apresentadas por dois dos Estados-partes.

Quanto ao plano de legitimidade de representação dos Estados no âmbito dos


tratados, temos dito que os Chefes de governo dos países Tailândia, da Malásia,
da Indonésia, das Filipinas, da Austrália e da Nova Zelândia de reuniram em
Kuala Lumpur para negociação do Tratado.

Diz-nos a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados no seu artigo 7, nº 2


alínea a) que podem os chefes de governo têm legitimidade para representar os
Estados o âmbito de Tratado e autoridade para desenvolver quaisquer
actividades nesse sentido prescindindo da declaração de plenos poderes.

Temos portanto esta primeira fase da questão analisada.


Relativamente à questão do objecto do Tratado, podemos dizer que os estados
têm legitimidade para desenvolver tratados sobre qualquer temática dado que
são eles que dispõem directamente o seu conteúdo, poder-se-iam levantar

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contudo questões de âmbito de validade por serem objecto do tratado normas
que violassem normas costumeiras internacionais gerais, ou normas que
violassem princípios de ius cogens, no entanto, e numa primeira abordagem pelos
dados que nos são apresentados no enunciado da hipótese não encontramos
violações de princípios de ius cogens, e por uma questão de simplicidade se
supõe que o objectivo da hipótese não fosse avaliar das normas costumeiras
internacionais, considere-se a questão como analisada.

Passemos então para uma subquestão que se prende com facto de o Antes de as
negociações terminarem, o Primeiro-Ministro da Tailândia se ausentar, e ser
substituído na assinatura final pelo MNE desse país. A questão foi jé dirimida na
fase de análise da legitimidade dos chefes de governo para representarem
Estados prescindindo da apresentação da declaração de plenos poderes, questão
essa que se convoca à solução uma vez mais. Nos termos do Artigo 7º nº 2 alínea
a) da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados reconhece-se a
capacidade de agir em plenos poderes sem dessa declaração se fazer necessidade
não só aos chefes de Governo, como também aos Chefes de Estado e aos
Ministros dos Negócios Estrangeiros, pelo que a questão se encontra igualmente
respondida.

Analisando agora o objecto do Tratado mais a fundo, e atendendo especialmente


à situação de secretismo aplicado a uma das disposições do Tratado, bem como à
previsão de utilização de quaisquer técnicas de interrogatório que se mostrassem
necessárias à obtenção de informações, incluindo a tortura.

Olhando primeiro para a decisão de secretismo de uma das disposições, podemos


apor desde logo duas previsões normativas internacionais:

- Por um lado o Artigo 80º nº 1 da Convenção de Viena sobre o Direito dos


Tratados;
- Por outro lado a disposição do artigo 102º da Carta das Nações Unidas

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que reiteram precisamente a obrigatoriedade de comunicação de todo e
qualquer Tratado ao Secretário das Nações Unidas, para que este seja registado e
publicado.
Não havendo aqui uma sanção, nem sequer um desvalor originado pela violação
da previsão normativa estaríamos perante uma norma imperfeita, por não impor
precisamente nem sanção nem nulidade do acto, sendo que a única consequência
seria a inoponibilidade da clausula perante os órgãos das Nações Unidas,
especialmente perante o Tribunal Internacional de Justiça.

Relativamente à segunda questão, levanta-se aqui o problema da licitude do


objecto. A convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados diz-nos que “é nulo
todo o Tratado que, no momento da sua conclusão é incompatível com uma
norma imperativa de Direito Internacional Geral” que devemos articular com o
Artigo 64º em que se diz que “se sobrevier uma nova norma imperativa de direito
internacional geral, todo o tratado existente que seja incompatível com esta
cessa a sua vigência e torna-se nulo.
Daqui tiramos a possibilidade para a análise da nossa questão em particular.
A proibição de tortura é considerada pela maior parte da doutrina (e é aqui que
vamos buscar precisamente as “listagens” de normas de ius cogens, que não
estão definidas em nenhuma previsão dita positivada) norma de ius cogens, ou
seja é uma das normas previstas ao abrigo do artigo 53º, pelo que todo o tratado
seria nulo.
Falemos então do que se entendem por normas de ius cogens:

Já aqui se disse que são normas imperativas de Direito Internacional Geral, quer
isto dizer que são normas que impõem determinadas condutas, que não podem
ser afastadas a não ser por norma imperativa de Direito Internacional geral, que
são aceites de forma tendencialmente unânime pela comunidade internacional e
que criam obrigações internacionais erga omnes, ou seja que criam a obrigação
de respeito para todo e qualquer um, independentemente do Estado

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(considerado em termos de costume e Direito Interno)

Pode eventualmente levantar-se a duvida se a proibição da tortura será


verdadeiramente uma norma de ius cogens, ou se deveria ser, a este propósito
refere-se que no caso dos Estados Unidos ela não é unanimemente aceite como
tal. Contudo, fundados pela texto da Convenção contra a Tortura e Outras Penas
ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adoptada na ordem
internacional a 26 de Junho de 1987, em conformidade com o seu artigo 27.º, n.º
1, podemos dizer que não residem para quem analisa dúvidas de que a proibição
da tortura é uma norma de ius cogens, e que por tal facto se verificar, e
convocando novamente o artigo 53º, o Tratado seria nulo.

Por ultimo, atendamos à questão das declarações:

- a Nova Zelândia notifica os demais Estados de duas declarações: pela primeira


indica que só considerará suspeitos de terrorismo os indivíduos que tenham
cometido ou se preparem para cometer, por motivos políticos, ideológicos ou
religiosos, actos dos quais resultem, por meios violentos, danos em pessoas ou
bens; pela segunda, indica que só permitirá a detenção de suspeitos de
terrorismo no seu território desde que seja previamente informada desse facto
pelo Estado que pretende proceder à detenção

- a Austrália notifica as demais partes de que só permitirá a detenção de


suspeitos de terrorismo no seu território marítimo, não no território terrestre

As declarações da Nova Zelândia não suscitam qualquer reacção dos demais


Estados. Já a comunicação da Austrália recolhe a objecção de todos os outros
Estados que assinaram o texto, com excepção da Nova Zelândia.

No caso da Nova Zelândia:

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- A primeira declaração define quais são os sujeitos que considerará suspeitos de
terrorismo. Poderíamos pensar ser esta uma reserva, mas se atentarmos à
definição de reserva nos termos do artigo 2º alínea d) verificamos que «Reserva»
designa uma declaração unilateral, qualquer que seja o seu conteúdo ou a sua
denominação, feita por um Estado quando assina, ratifica, aceita ou aprova um
tratado ou a ele adere, pela qual visa excluir ou modificar o efeito jurídico de
certas disposições do tratado na sua aplicação a esse Estado.
Ora no presente caso não nos parece que exista essa exclusão ou modificação se
efeito jurídico de qualquer disposição, pelo que consideramos ser uma
declaração interpretativa, na medida em que visa especificar o âmbito do seu
entendimento daquilo que se podem considerar suspeitos de terrorismo.
É claro que esta fronteira não é nítida e na medida que se interpreta ou
especifica um determinado regime existe sempre um estreitamento da amplitude
do conceito, o que muitas vezes é necessário por se tratarem de conceitos muito
abrangentes e muito permeáveis à várias interpretações.
Não nos parece ser tão ténue assim a diferença no caso em análise, pelo que
vamos uma vez mais dizer que é no nosso entender uma declaração
interpretativa.

Já a segunda questão nos parece claramente uma reserva, porque impõe


precisamente um facto pressuposto que não estava previsto no Tratado, o que
modifica efeitos jurídicos e poderá mesmo chegar a extinguir outros que tais.

No caso da Austrália não temos igualmente qualquer dúvida, na medida em que


restringe o âmbito de aplicação do Tratado ao seu território marítimo, ou seja
modifica efeitos do Tratado.

Questão diferente será saber se estas reservas são ou não admissíveis, e se


condicionam ou não a ratificação do Tratado:

Diz-nos a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados que um Estado pode

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no momento da assinatura, da ratificação, da aceitação, da aprovação ou da
adesão a um tratado, formular uma reserva, a menos que esta seja proibida pelo
tratado (visto que nada nos é dito na hipótese a este respeito vamos afastar
desde já esta alínea); o tratado apenas autorize determinadas reservas, entre as
quais não figure a reserva em causa (pelo mesmo motivo que na situação anterior
afastamos igualmente esta hipótese); ou que a reserva seja incompatível com o
objecto e o fim do tratado.
Poderíamos pegar na análise por aqui e isto operaria a invalidade da reserva, mas
julgamos não ser esta a solução mais adequada. Portanto vamos assumir que a
reserva seria possível de acordo com a previsão do artigo 19º, primeira parte.
Há pois que a analisar a questão relativa à aceitação e à objecção das reservas:
Vejamos o artigo 20º da CVDT:
A aceitação de uma reserva por outro Estado Contratante constitui o Estado
autor da reserva em P
arte no tratado relativamente àquele Estado, se o tratado estiver em vigor ou
quando entrar em vigor para esses Estados

Artigo 20.º- Aceitação das reservas e objecções às reservas

1 - Uma reserva autorizada expressamente por um tratado não exige a aceitação


posterior dos outros Estados Contratantes, a menos que o tratado assim o
preveja.
2 - Quando resulte do número restrito dos Estados que tenham participado na
negociação, assim como do objecto e do fim de um tratado, que a sua aplicação
na íntegra entre todas as Partes é uma condição essencial para o consentimento
de cada uma em vincular-se pelo tratado, uma reserva exige a aceitação de
todas as Partes.
3 - Quando um tratado for um acto constitutivo de uma organização internacional
e salvo disposição do mesmo em contrário, uma reserva exige a aceitação do
órgão competente dessa organização.

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Excluindo à partida os números 1,2,3 por não encontrarem reflexo na hipótese
em questão, olhemos para o número 4 do artigo.
Diz-nos a sua alínea a) que a aceitação de uma reserva por outro Estado
Contratante constitui o Estado autor da reserva em Parte no tratado
relativamente àquele Estado, se o tratado estiver em vigor ou quando entrar em
vigor para esses Estados;
e a sua alínea b) que a objecção feita a uma reserva por outro Estado
Contratante não impede a entrada em vigor do tratado entre o Estado que
formulou a objecção e o Estado autor da reserva, a menos que intenção contrária
tenha sido expressamente manifestada pelo Estado que formulou a objecção;

Ou seja, relativamente às declarações da Nova Zelândia que não suscitaram


qualquer objecção dos demais Estados, nos termos do artigo 20º, nº 4 nos termos
das alíneas a) e b) podemos dizer que não só entra é ratificado o Tratado pela
Nova Zelândia, mas também que esta se torna uma parte do Tratado. Ficando
vinculada ao cumprimento do Tratado.
Já a comunicação da Austrália recolhe a objecção de todos os outros Estados que
assinaram o texto, com excepção da Nova Zelândia.

Podemos então dizer que houve quase unanimidade (apenas não o foi por não
objecção da Nova Zelândia) na objecção dos outros estados à reserva
apresentada pela Austrália, pelo que aqui podem advogar-se duas posições:

- dadas as objecções se considerar a reserva inadmissível e como tal nula., e


ainda assim se operar a vinculação do Estado;
- dadas as reservas e enquanto estas não sejam retiradas pelo seu autor, o
Tratado seria ratificado / aceite/ por todos os restantes Estados, menos pelo
Estado autor da reserva que ao tratado não ficaria vinculado;

A regra geral é esta ultima, sendo que no tocante a Direitos Fundamentais, como
é o caso (proibição da tortura), tem vindo a doutrina a defender a

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inadmissibilidade da reserva e a vinculação do Estado ao tratado, o que
permitiria nomeadamente opor-lhe, através de acção intentada no TIJ, a norma
em caso de violação.
Assim sendo, na nossa opinião e fundados precisamente na doutrina, a Austrália
ficaria vinculada ao Tratado.

Podemos ainda noutro âmbito avaliar dos momentos de adopção, ratificação,


adesão, etc.
A questão da adopção, teria sido feita num primeiro momento, que abordamos a
propósito da análise da legitimidade no MNE da Tailândia representar o Estado da
Tailândia na negociação do Tratado. Não nos é dito claramente que assim seja,
mas retiramos do enunciado, “antes da assinatura do texto final” , ora a
assinatura do texto final é o momento da adopção, portanto, temos aqui esta
referência...O momento da ratificação só nos é identificado no caso da Nova
Zelândia, que está expressamente mencionado, e que é posterior ao momento
da assinatura, pelo que esta teria tido como efeitos nos termos dos artigos 10º,
11º e 12º da CVDT : A autenticação do texto do tratado, a identificação da data
e do lugar de realização do tratado e a manifestação do consentimento de ficar
vinculado ao tratado, ficando a vinculação definitiva protelada para o momento
da ratificação. Em relação aos outros países não podemos dizer que a assinatura
tenha tido um ou outros efeitos, porque não dispomos de informação necessária
para o poder advogar.
Não encontramos pois nenhuma outra questão juridicamente relevante em
termos de direito internacional público.

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