ARTIGOS pg5-7
Envolvimento Sustentável
Descubra quais os projetos são desenvolvidos
na Faculdade de Direito e INTEGRE-SE Com Montaigne
pg10-11
A Rede Sob Ameaça
Superficialidade e Direito
Sentença de um juíz poeta
O PALCO Remanescentes, o quilombo pelo-
tense e o direito de propriedade
pg12
A Universidade e a Administração
Pública.
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2 O ACADÊMICO
APRESENTAÇÃO
Nota pública
Comissão Editorial do
O CAFV, Centro Acadêmico Ferreira Vianna, vem pe- Jornal “O Acadêmico”:
rante os acadêmicos da Faculdade de Direito da UFPEL,
dos quais constitui sua entidade representativa, mani-
Diagramação e arte final:
festar-se acerca da saída repentina do bar de sua sede. Bruna da Rocha
A referida saída deu-se em razão de determina-
ção judicial, cujo processo está em trâmite desde o
Matérias:
ano passado e da qual o CAFV não é parte. Ressalta que Bruno Kauss, Carina Goulart,
a presença do bar em seu espaço não está sob sua in- Larissa Vollrath Bento, Lawrence
gerência ou possibilidade de atuação a curto prazo. Estivalet e Luís Henrique Orio
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O ACADÊMICO 3
– Da gestão CAMARÃO QUE DORME A ONDA LEVA CAFV 2009
Os guardados de 2009
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la / Em cofre não se guarda coisa alguma / Em cofre
perde-se a coisa à vista / Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-
la ou ser por ela iluminado / Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar
por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela / Por isso melhor se guarda
o vôo de um pássaro / Do que um pássaro sem vôos / Por isso se escreve, por isso se diz, por isso
se publica, por isso se declara e declama um poema: / Para guardá-lo: / Para que ele, por sua vez,
guarde o que guarda: / Guarde o que quer que guarda um poema: / Por isso o lance do poema: /
Por guardar-se o que se quer guardar. (Antônio Cícero em Guardar)
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4 O ACADÊMICO
CAFV 2009 – Da gestão CAMARÃO QUE DORME A ONDA LEVA
Se é espantosa a falta de democracia além de sempre participar das reuniões de de retomar a força da FENED já no próximo
dos partidos aparelhando o movimento es- centros acadêmicos de direito do RS, ajudan- Encontro Nacional de Estudantes de Direi-
tudantil, se é assustador o disputismo dos do a organizar os demais EGEDs, pensando- to, que ocorrerá, em 2010, na Universidade
espaços esvaziados, das siglas vazias, das os, levando-lhes excursões para debate e inte- de Brasília (UnB), legitimando-a novamente
entidades desacreditadas, é importante que gração entre os estudantes de Direito do RS. frente aos estudantes de Direito, a diretórios
se faça o contraste com outro movimento A nível nacional, ademais, o CAFV acadêmicos de Direito do país, às suas coor-
estudantil, apartidário declaradamente, que passou a integrar, no final de setembro, a denações regionais de estudantes de direito
busca, sempre, atrever-se a afirmar que um Comissão Gestora (CG) da Federação Nacio- (COREDs) e a entidades como a OAB e a Asso-
outro movimento é possível, e tê-lo mais do nal dos Estudantes de Direito (FENED), como ciação Brasileira de Ensino de Direito (ABEDi).
que como princípio, buscando-o, efetivando- representante da Região Sul do Brasil. A FE- Esperamos mais do que representar
o, na UFPel, no Rio Grande do Sul, no Brasil. NED, que teve problemas gravíssimos de apa- nossos estudantes nesses espaços, com se-
O Centro Acadêmico Ferreira Vian- relhamento partidário recentemente, com o riedade e competência; com a mesma posi-
na (CAFV) faz parte da mesa do Conselho ENED em Belém do Pará tendo sua plenária ção democrática da qual nunca abrimos mão,
de Centros Acadêmicos da UFPel, estando fantasma anulada e outras desorganizações pois esperamos, muito antes, levá-los aos
presente em diversas discussões que se im- inaceitáveis, tem também uma história muito EGEDs, aos ENEDs, às discussões da Univer-
põem, quase que literalmente, na Universida- forte de construção democrática alternativa à sidade, para que se crie uma cultura política
de Federal de Pelotas, como a de implantação União Nacional dos Estudantes (UNE), com es- diferente da que atualmente as mais diversas
dos centros, que pode vir a suprimir a quase paços de debate horizontais e grandes nomes siglas na UFPel promovem; intentamos uma
centenária Faculdade de Direito, e solidário do meio jurídico nacional a reconhecendo ou cultura de participação, transparente e dire-
a problemas como superlotação de ônibus, tendo dela participado quando estudantes. ta, e não simplesmente de votação, de tiros
laboratórios interditados e bibliotecas fecha- Nesse sentido, e como atual Comis- no escuro em grupos repentinos e fechados.
das dos colegas dos outros campi da UFPelp, são Gestora, a principal meta que temos é Dessa feita, fica o convite: participe! O
problemas certamente não desconexos. CAFV, a Faculdade, a Univer-
Também fazemos parte, em ní- sidade e também a sociedade
vel regional, da diretoria da Coordena- esperam que os estudantes
ção Regional de Estudantes de Direito recuperem sua ousadia, sain-
(CORED-RS), crendo-a como um espa- do das quatro paredes e das
ço político de construção democrática aulas-expositivas do ensino
dos estudantes, junto a D.A.s de Direi- jurídico e também expondo
to da FURG, da UNISINOS, da UFSM, da sua opinião, seus anseios, nos
UFRGS, da FADISMA, da UNIRITTER e espaços democráticos que es-
da URI. E tendo inclusive organizado o tão ou precisam ser abertos
EGED na UFPel, no ano passado, para para que deles participemos.
CORERED - Pelotas
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O ACADÊMICO 5
ARTIGOS
Envolvimento Sustentável
Por Anderson de Mello Rechow¹
Quando duas palavras se grudam nos discursos políticos, gócios ligados à pecuária na Amazônia, já que a criação de gado
nunca mais se desatam. Exemplo: desenvolvimento sustentável. Na é a principal causa do desmatamento. Os pecuaristas retruca-
oratória demagógica, isso é sinônimo de um progresso responsá- ram, colocando em pauta o desenvolvimento da região Amazônica.
vel, freado e refreado. Só que na prática ninguém quer maneirar no Mas a floresta precisa é de conservação, e não de desenvolvimento!
fermento e nossa vida só se entope de porcarias num desatino in- Assim como nós também não precisamos diminuir a espessura da TV e o
controlável. Mesmo assim o binômio não sai de cena. Seu prestígio tamanho do celular. Temos mesmo é de olhar para o grande débito acumu-
só cresce, junto com a nossa insensatez e o tal desenvolvimento. lado e assimilar a gravidade da conjuntura. Enquanto a geração de 60 se
O progresso, ele próprio, é a causa do nosso delírio. Representa preocupava em reinventar o mundo, a geração atual tem o trabalho de evitar
um desvario que vem com as necessidades fajutas criadas em guerras, que nosso pequeno planeta não se esvaia num colapso. Os veteranos falha-
passeios espaciais, mergulhos abissais, etc. É assim que o quotidiano ram, e se não houver uma virada os “bixos” caminharão pela mesma trilha.
se dissolve em problemas artificiais, de segunda ordem. Pelo menos
se as grandes invenções fossem ingênuas, como a panela de teflon,
estaria tudo bem. Mas junto com a prosaica panela que não deixa gru- ¹Estudante de Direito na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
dar, a Segunda Guerra nos legou a bomba atômica. Tivemos prejuízo. Contato por <andersonreichow@gmail.com>.
Nessa brincadeira descontrolada da civilização, sempre sobra o
pior para a dimensão ecológica da existência. E tem gente que vê nos proto-
colos ambientais um entrave para, adivinhem, a evolução da humanidade.
Recentemente o Ministro do Meio Ambiente anun-
ciou um pacto verde com o BNDES para vetar incentivos a ne-
Com Montaigne
Por Marcelo C. S. Maraninchi²
Dizer Montaigne: como? Tanto já se falou sobre ele; ele o pedantismo, a educação das crianças, os canibais, os odores,
mesmo já falou tanto sobre si. Falar sobre Montaigne só faz sen- a embriaguez, os polegares, a virtude... qualquer tema me ser-
tido se falarmos com Montaigne – na esteira do que Roland Bar- ve, uma simples mosca pode ser o pretexto) e por um método
thes ensina. E mesmo reconhecendo que o gênio suspende as fo- de abordagem livre (em um mesmo capítulo, fala sobre espirros,
lhas do calendário e se situa, sempre, fora do tempo, vale dizer viagens, medo, luxo nas vestimentas e povos do novo mundo).
que Montaigne nasceu na França do século XVI, no ano de 1533, “O que sei eu?” é a pergunta que orienta os Ensaios e a
na região da Aquitânia, onde o espírito francês mistura-se com resposta de Montaigne é tanto mais extraordinária pelo fato de
traços ingleses, tempera-se com os bascos, e de resto, com todo o que aquilo que ele sabe, vai sabendo enquanto escreve. O ser e o
mundo, já que sua capital, Bordeaux, é uma cidade portuária em saber de Montaigne confundem-se porque é a própria escritura
permanente contato com o exterior. Daí talvez o cosmopolitismo que faz o homem, não as certidões do registro civil. E chega o mo-
de Montaigne, e já abandono minha escritura para ceder à voz do mento de perguntar: qual a relevância dos Ensaios para o direito?
próprio autor, que diz melhor: Não porque o disse Sócrates, mas Em primeiro lugar, a pergunta “o que sei eu?” é muito
porque em verdade o penso, todos os homens são meus com- pertinente ao jurídico (no aspecto legiferante, jurisprudencial,
patriotas (...). Abraço um polonês como abraçaria um francês, doutrinário – que sei sobre os fatos que se discutem nos au-
fazendo passar os laços que unem os indivíduos de uma nação tos? Que sei sobre as provas? Que sei sobre o direito, o justo, o
após os que vinculam uns aos outros os habitantes do mundo. legítimo?). Os Ensaios pretendem tratar de quase tudo e nisso
O tal século de Montaigne, o XVI, constitui um período mar- também se assemelham ao direito, que visa regular a quase to-
cado por mutações significativas, como as grandes navegações e talidade dos fatos. Um direito totalizante pode evocar facilmen-
descobertas, por meio das quais o mundo se redesenhou e rein- te um direito totalitário, o que Montaigne combateu com máxi-
ventaram-se os mapas; a difusão lenta, mas crescente, da palavra mo vigor – esta é, aliás, sua maior contribuição ao jurídico: as
escrita, fruto da invenção da imprensa; o resgate da razão, pelo três gerações de direitos fundamentais são antecipadas em sua
livre exame dos textos (mesmo, e sobretudo, os sagrados); e as obra; mesmo direitos sociais e difusos que só foram consagra-
reformas religiosas, que retiraram dos católicos o monopólio do dos no século XX (e que ainda são com freqüência inobservados),
discurso cristão. Nesse Renascimento, nem tudo é louvável: oito como a cultura e o meio-ambiente, foram defendidos por ele.
guerras de religião varrem a França e deixam episódios incontor- André Gide, em um ensaio sobre Montaigne, com-
náveis para o imaginário ocidental, como a Noite de São Bartolo- para-o ao Cristo, quando, no Evangelho de João, respon-
meu, em que milhares de protestantes foram mortos. Logo, é ain- de a pergunta posta por Pilatos (“que é a verdade?”): eu sou
da mais importante que em meio à total intolerância Montaigne a verdade. Arriscando uma traição, prefiro roubar as pala-
tenha estabelecido padrões de civilidade e liberdade válidos até vras de Pilatos sobre o Cristo e usá-las para dizer Montaig-
hoje: cada homem traz em si a forma inteira da condição humana. ne: eis o homem. Eis o homem que é credor de todos nós.
A obra que porta suas idéias e que se confunde com sua
vida são os Ensaios. O título diz tudo, ou quase: não se trata de
um pensamento sistemático, mas de uma sucessão de tentati- ²Estudante de Direito e de Letras na Universidade Federal de Pelotas
(UFPel). Contato por <mcsmaraninchi@yahoo.com.br>.
vas e experiências. Montaigne cria um gênero literário novo em
que a escritura é marcada pela subjetividade do autor (tenho
uma maneira de pensar que me isola dos outros, e, por outro
lado, sou de uma ignorância pueril acerca do que todo mun-
do sabe), pela diversidade de temas (há ensaios sobre o medo,
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6 O ACADÊMICO
ARTIGOS
Em Agosto do ano passado, foi aprovado no Senado o Subs- Enquanto isso, no Ministério da Justiça, Tarso Genro se posicio-
tutivo ao Projeto de Lei da Câmara nº89 de 2003, que pretende re- nou contra o projeto do Senador Azeredo, criando uma proposta para
gulamentar o uso da internet, criando inclusive um novo conjun- diminuir os seus efeitos danosos. Contudo, o novo projeto está sendo
to de tipos penais. Proposto pelo Senador tucano Eduardo Azeredo, reputado como ainda mais preocupante que o anterior. A proposta alar-
o projeto, ainda em trâmite, vem sendo alvo de duras críticas por mantemente inclui os provedores de conteúdo para que, assim como os de
parte dos internautas, que já chegaram a apelidá-lo de AI-5 Digital. acesso, precisem ser capazes de levantar todos os dados de seus usuários
Inicialmente a intenção era que os usuários fossem obrigados a e mantê-los disponíveis por longos períodos, sob pena de fortes sanções.
fornecer vários dados pessoais para qualquer atividade realizada na rede. Acontece que, como provedor de conteúdo, enquadra-se
Os provedores então teriam que fornecer esses dados, bem como o histó- todo e qualquer site onde se acesse qualquer conteúdo. Dizer que
rico de tudo o que o usuário praticou enquanto conectado, para as auto- cada provedor de conteúdo terá que ser capaz da fiscalização que
ridades. O Art.22 do Substitutivo aprovado, embora não exija expressa- se pretende é tornar inviável a esmagadora maioria dos sites dispo-
mente o provimento de dados pessoais, ainda institui o vigilantismo na níveis no país. Os pequenos sites nunca poderiam preencher as exi-
rede e cria a figura do provedor delator, com pena para o que descumprir. gências e desapareceriam. Os grandes, de origem internacional, não
Esta espécie de medidas sufocadoras, além de atentar con- iriam implementar as mudanças, restando dois caminhos: ou se-
tra a privacidade dos usuários comuns, seria extremamente one- ria exigida a fiscalização apenas de sites brasileiros, o que seria
rosa para os provedores, que teriam que estabelecer um sistema uma injustiça, ou os sites internacionais seriam bloqueados no país.
para coletar os dados e mantê-los armazenados pelo período de O que os opositores da liberdade na internet não percebem é
3 anos. Os provedores, é claro, repassariam este custo aos usuá- que a fiscalização dos usuários e de seus movimentos, assim como o
rios, tornando a internet extremamente cara para uso doméstico. tratamento dos dados virtuais como se fossem bens móveis comuns,
Ao mesmo tempo, enquanto os usuários comuns são fis- é um erro. Não percebem que o que temos aqui é um novo paradig-
calizados e onerados desnecessariamente, os verdadeiros cri- ma, que oferece muito mais possibilidades boas do que ruins, mas que
minosos não serão afetados. Com efeito, os usuários mal in- não pode se submeter aos mesmos princípios usados anteriormente.
tencionados saberão mascarar a sua identidade na rede, como A rede de computadores é o centro de uma nova era da cultura de mas-
sempre fizeram, ou usarão identidades falsas. Sairão intocados. sas, que obedece a um novo conjunto de princípios. Sua característica
E as críticas não se resumem a isso. Um dos principais opositores é a fluidez de informações e a liberdade de acesso extremas. Mesmo
do projeto na internet, o acadêmico e blogueiro Sérgio Amadeu, defende que pareça um tanto assustador que não possamos aplicar a esse novo
que a dubiedade dos dispositivos pode impossibilitar qualquer ativida- meio os nossos velhos métodos, esta é a realidade com que temos que
de na internet, mesmo o puro e simples acesso a qualquer site da rede. lidar. É preciso muito cuidado com o novo, mas é preciso também que
Essas desproporções levam os críticos a se perguntarem por não nos deixemos desperdiçar as possibilidades que ele nos oferece.
que há tanto interesse e pressa na aprovação dessas providências sem
a devida discussão com a comunidade. O Doutor em Filosofia Bajonas
de Brito Junior levanta que “os que mais desejam algemar a internet
são os que mais lucram com ela: os bancos e as empresas de cartões ³Estudante de Direito na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
de crédito” imaginando que terão maior proteção para seus dados Contato por <antonio6077@hotmail.com>.
contra os criminosos “às custas da privacidade de toda a população”.
Superficialidade e Direito
Por Lawrence Estivalet 4
Vejo aquela pessoa na rua como vejo os prédios. É apenas Dessarte, não temos sido uma sociedade que se uniu pelo
mais uma que passa. Na televisão, todo dia, as tragédias são digeridas bem comum, mas, sim, vários grupos unificados, que, frente a
junto ao café: engolimos e seguimos a rotina. Mas de que maneira isso quaisquer conflitos, precisam expor um lado, qualquer lado, des-
se reflete em juízos morais, isto é, no modo pelo qual julgo uma ação? de que esse lado seja seu, fazendo com que, muitas vezes, criem-
Quando falamos em maniqueísmo, vulgo bem versus se pontos e contrapontos apenas para se ter o que defender. É a
mal, logo o tachamos de simplismo oco. Em outras palavras, dialética do espetáculo: se não há conflito, dois lados, um para
ser-bom-e-ir-pro-céu ou ser-mau-e-ir-pro-inferno já não é uma torcer e outro para bater, não há razão de existência. E nós, so-
escolha racional para a maioria das pessoas, que, com o avan- ciedade, pedimos ao Direito – sociedade –, que decida o corre-
ço das ciências, notaram haver maior complexidade na socieda- to. Porque, em honestas palavras, não somos capazes sozinhos.
de, seja no que concerne às relações interpessoais, seja no que É necessário que, de uma vez por todas, debrucemo-nos
concerne ao indivíduo em si. Desse modo, não há que se falar sobre e para a crítica, para a instigação, para a investigação: é che-
em um indivíduo intrinsecamente mau, tampouco se falará em gada a hora de nos posicionarmos contrários à naturalização de
relações inerentemente doentias. Seria o mesmo que dizer que tudo, oriunda desse simplismo (mal-)digerido que nos é imposto
nasceram com o Diabo, o que, embora aceitável religiosamen- pela lei, pela mídia, notando que o Direito não parte apenas do
te, cientificamente faz-se anedota. E o Direito não é uma piada. consagrado pelas auctoritas: parte do dia-a-dia, da cultura, das
Contudo, estamos frente a uma superficialização cada vez ruas. Não é possível que se fechem os olhos à realidade social,
maior dos problemas, fazendo com que nossa Ciência Jurídica, por aos avessos culturais e legais e, ainda assim, se possa falar em
parte das outras, seja motivo de risos. Quando, por exemplo, dis- "justiça". Pois que sem observar cada situação-problema com a
cutimos aborto, ignoramos que há diversas concepções de come- consciência de que nos falta uma consciência, perpetuaremos o
ço de vida: falamos apenas em uma boa e em outra má; no mes- desprestígio intelectual e moral do Direito – que, quanto à eficá-
4
mo caminho, quando vemos alguém cair, nosso reflexo imediato cia, encontra-se separado de qualquer ética minimamente séria.
se traduz em buscar algum pé no qual a pessoa tenha tropeçado.
Um pé mau, claro, porque de maneira nenhuma haverá sido pedra, Estudante de Direito e de Filosofia na Universidade Federal de
desequilíbrio ou distração; sempre há alguém e alguém culpado. Pelotas (UFPel). Contato por <lawrencestivalet@gmail.com>.
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O ACADÊMICO 7
ARTIGOS
O texto apresenta uma abordagem interdisciplinar sobre a escra- bos e a improdutividade de determinadas porções de terras por estarem situ-
vidão e algumas de suas conseqüências atuais, fundamentado na antropo- adas em beira de estradas e em pés de serra. Notou-se que o poder estatal não
logia, história, sociologia, direito constitucional, direito de propriedade e, garante os direitos fundamentais básicos. Aquelas comunidades são tratadas
igualmente em uma pesquisa de campo nas comunidades quilombolas, em desigualmente, vivendo isoladas, quase que escamoteadas da nação. Sem tra-
Pelotas. Para isso adotamos o método qualitativo, onde aplicamos aos qui- balho fixo, garantia legal de nossa Constituição e da Consolidação das Leis do
lombolas um questionário composto de quatorze perguntas (em outubro de Trabalho (CLT); onde estes brasileiros sobrevivem da realização de “bicos” em
2007). Por se tratar de comunidades específicas, a cada entrevista aplicada propriedades particulares e assim por diante. Parece faltar interesse estatal na
uma novidade. Pesquisa de campo qualitativa tem dessas, e como nos ensi- aplicação dos direitos estabelecidos, demonstrando com isso desconsiderar as
na Boaventura de Sousa Santos (2006) só no contado direto para se come- minorias e afrontar o direito de propriedade constitucionalmente consagrado.
çar a entender os diversos sabores e dissabores dos inúmeros grupos sociais. As vozes por nós ouvidas, no calor das entrevistas, nos relataram fatos que cha-
A formação histórica, cultural e o desenvolvimento do Brasil ocorreram maram a atenção, como por exemplo: o desconhecimento da história dos seus
através da migração forçada de escravos oriundos da África para trabalharem no antecedentes; a falta de conhecimento da ciência direito e com o que essa palavra
cultivo da cana de açúcar, café e outras culturas. Em nossa região o trabalho escravo pode se correlacionar; a falta da titulação das terras tanto no modo tradicional
foi importantíssimo para o crescimento econômico da nossa cidade - as atividades quanto no amparo peculiar legal previsto no contexto do artigo 68º do ADCT. O
nas charqueadas trouxeram prestígio e riqueza para os aristocratas do charque. baixo grau de escolaridade também é impressionante, com a maioria tendo cur-
Trabalhar na charqueada era considerado cruel, desumano e exausti- sado apenas a escola primária e outros fatos que seguem a mesma linha negativa.
vo. Além disso, os escravos traziam consigo a tristeza de serem escravizados A propriedade definitiva de suas terras com os respectivos títulos de propriedade
e maltratados, sem perspectivas de sobreviverem ao trabalho e aos castigos constituiriam um passo significativo para diminuir as desigualdades, evitando
a que eram submetidos. Nestas circunstâncias fugiam em direção a denomi- assim a migração dos remanescentes para a zona urbana e o aumento da popula-
nada Serra dos Tapes (zona rural de Pelotas) formando os quilombos, sendo ção carente nas áreas marginalizadas das cidades, eliminando conflitos e injus-
o maior e mais importante o Quilombo de Manoel Padeiro. Após a abolição tiças historicamente impostas aos negros. Conforme constatamos, tal direito de
da escravatura, os negros ficaram entregues à sorte, pois não possuíam bens propriedade ainda não foi concretizado devido à morosidade burocrática estatal.
nem propriedades, fazendo com que alguns ex-escravos permanecessem nas
fazendas trabalhando simplesmente para se alimentar. No entanto alguns
permaneceram em seus antigos quilombos e muitos passaram a residir em 5
Estudantes da Faculdade de Direito Anhanguera.
torno dos centros urbanos constituindo assim as periferias (DE LEÓN, 1991). Contato por <elbiogomes@hotmail.com>.
Constatamos a precariedade em que vivem esses remanescentes de quilom-
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8 O ACADÊMICO
ESPECIAL
1 Gostaríamos de saber o que trouxe o senhor para o 3 Com base em que premissas o senhor acre-
Direito e, em específico, para o Direito Constitucional. Além dita que se perpetua a Dogmática Jurídica Tradicio-
disso, por que a escolha pela Academia e pela advocacia. nal, com sua pretensão de completude, pureza cientí-
fica, racionalidade da lei e neutralidade do intérprete?
O Direito foi um caminho natural na minha vida. Não tive mui-
Eu acho que o direito contemporâneo passou por uma revo-
tas dúvidas quando prestei vestibular. Minha família era de Vassou-
lução profunda e silenciosa em menos de uma geração. Essas cate-
ras, no interior do Estado do Rio, e mudamos para o Rio de Janeiro
gorias tradicionais, que vêm do positivismo jurídico, ainda têm am-
quando meu pai prestou concurso para o Ministério Público estadual.
plo curso e, de certa forma, ainda preenchem um papel relevante.
Minha mãe era igualmente advogada, em uma época na qual era me-
Mas há um conjunto de idéias novas, que se articulam em uma visão
nos comum as mulheres seguirem uma carreira profissional. De modo
pós-positivista do direito, que contribuiu para o desenvolvimento
que eu cresci nesse ambiente e me identifiquei com ele desde cedo.
de uma cultura jurídica menos rígida e mais progressista. Uma re-
Durante a Faculdade, eu me dividia entre estudar e participar intensa-
aproximação entre o direito e a ética, entre o direito e a teoria da
mente do movimento estudantil. Isso foi na segunda metade da década
justiça. Nesse mesmo processo, o princípio da dignidade da pes-
de 70 do século passado. Já não eram os anos de chumbo, mas ainda eram
soa humana passa para o centro do sistema jurídico e cria-se uma
tempos difíceis. Eu ajudei a reconstruir o Centro Acadêmico e era editor
cultura fundada nos direitos humanos, nos direitos fundamentais.
de um jornal universitário, o “Andaime”, que combatia o regime militar.
É claro que esse direitos não se realizaram em plenitude. Longe
Em 1979, penúltimo ano da Faculdade, eu tive que tomar uma decisão
disso. Mas no plano das idéias, no plano moral, esta é uma cultu-
entre ir para a política ou ficar no direito. Foi aí que fiz a escolha pelo di-
ra vitoriosa. Tudo agora é uma questão de tempo e de compromis-
reito constitucional, que na minha cabeça era uma forma não partidária
so com as transformações das estruturas reais de riqueza e poder.
de fazer política e ajudar a desenvolver as instituições democráticas.
A minha escolha principal na vida foi pela academia. Desde a primei-
ra hora, era isso que eu queria. Eu sou um professor que advoga, e 4 Como o senhor pensa que podemos conci-
não um advogado que dá aulas. Mas a advocacia foi uma casualidade
liar os compromissos da legalidade democrática
na minha vida. Não fazia parte do meu projeto. Em 1985, eu pres-
tei concurso para a Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro
com o compromisso pela emancipação dos sujeitos?
e pensava em parar por ali. Seria um professor e teria um cargo pú-
blico razoavelmente remunerado. No início da década de 90, quan- Na minha época do movimento estudantil, onde havia por
do eu voltei da minha pós-graduação em Yale, nos Estados Unidos, parte de muitos a crença em alternativas revolucionárias autoritá-
os Estados da federação viviam uma crise financeira muito gran- rias, causou grande impacto um artigo do Carlos Nelson Coutinho
de e a soma da remuneração das minhas duas atividades – UERJ e intitulado “A democracia como valor universal”. Ele foi enxova-
PGE – era muito baixa. Eu era recém-casado e precisei complemen- lhado pela turma que tinha uma visão mais radical. Mas eu acho
tar minha receita. Aí comecei a advogar, no início bem modesta- que ele estava certo. Nós temos que saber fazer o processo social
mente.Ainda hoje eu advogo em um número limitado de questões. avançar dentro do quadro das instituições democráticas, do plu-
ralismo, da tolerância. Mas temos que ter compromisso com uma
democracia inclusiva, com projetos ambiciosos em matéria de edu-
cação, saúde, saneamento, financiamento habitacional para fa-
mílias de baixa renda, serviços públicos de qualidade. Criar, pro-
2 Como foi a sua atuação enquanto estudante de gressivamente, um ambiente de igualdade de oportunidades.
Direito na UERJ? Tivemos acesso à notícia de que o se-
nhor fez parte da equipe editorial do jornal Andaime.
Conte-nos um pouco a respeito dessa experiência. 5 A educação jurídica tem alguma importância nesse
papel? Qual?
Como disse, nós tínhamos um grupo que participou da re-
construção do Centro Acadêmico Luiz Carpenter-Livre, como o
chamávamos. Não éramos mais do que uma dúzia, talvez duas
Penso que tem tido, sim. O direito deixou de ser um mundo à
parte, com sua linguagem hermética e seus ritos impenetráveis, e pas-
dezenas. Mas havia muitas divisões. Era uma época de extrema
sou a ser um componente importante da realidade social e política.
politização e havia representantes de todas as tendências: des-
Acho que nós nos aproximamos da sociedade. O próprio Poder Judi-
de a esquerda liberal até os que defendiam a luta armada. O gru-
ciário, há trinta anos atrás, era visto como algo distante do povo, do
po ao qual eu pertencia chamava-se “Construção”, que congre-
cidadão comum, a famosa “torre de marfim”. Era um condomínio de
gava os socialistas democráticos e os liberais progressistas. Na
gente conservadora, elitista e reacionária, com as exceções que confir-
minha biblioteca de casa eu ainda tenho uns pôsteres dessa época.
mam a regra. Hoje, o Judiciário faz uma interlocução importante com
Depois de muitos rachas, o nosso grupo se reuniu e nós fundamos
a sociedade e tem sido um agente importante para o avanço social e
o Andaime. Foi uma experiência de vida muito enriquecedora. Em
mesmo para a moralidade política. Não quero induzir a uma imagem
primeiro lugar, pela oportunidade de passar do discurso à atuação
fantasiosa, mas há um Judiciário parceiro da sociedade. Antigamen-
concreta. Era um jornal mensal, mas dava um trabalho danado. Nós
te, juízes e tribunais se achavam diferentes e, de certa forma, supe-
escrevíamos o jornal, rodávamos ele de madrugada na gráfica da
riores. Magistrados não pagavam nem imposto de renda. Hoje isso
Tribuna da Imprensa e depois vendíamos na Faculdade. Eram cer-
ca de mil exemplares por edição. E ele contribuiu para um debate seria impensável. É muito nítido o avanço civilizatório nessa matéria.
importante naquele final de regime militar. E isso em um ambien-
te tradicionalmente conservador, como era a Faculdade de Direito.
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O ACADÊMICO 9
ESPECIAL
Tendo em vista sua inserção no tema, mediante Ainda sobre temas que estão em pauta na discussão
publicações vinculadas à ADPF do governador pública, gostaríamos de saber a sua opinião sobre
Sérgio Cabral,
contato@cafv-ufpel.com OPINE
10 O ACADÊMICO
INTEGRE-SE! nos projetos de extensão da Faculdade de Direito!
Integre-se!
I EFAJUP
Serviço Universitário de Resistência e
No primeiro “Encontro de formação de assessoria
Justiça para a Autonomia jurídica universitária popular”, o SURJA lançou re-
bentos. Durante os dias 10 e 11 de Julho, antevéspe-
Algo que nasceu de um imperativo de consciência de
ra do Dia Mundial do Rock, e já no ensejo impetuoso
quem lhe deu o ímpeto inicial não poderia ser batiza-
da data (opcional, ;-p), produziu-se intenso debate,
do senão com um também imperativo. Imperativo este
pré-propiciado por farto e abalizado material bi-
que não pretende determinar, em sua acepção grama-
bliográfico, acerca das possibilidades e caracterís-
tical, mas sim expressar uma exortação, um clamor.
ticas de um coletivo de estudos e práticas eman-
Ao bradar “SURJA”, quiçá ainda um sussur-
cipatórias e os caminhos de sua criação na UFPel.
ro, o Serviço Universitário de Resistência e Jus-
Pautando-se por um esforço multidisciplinar e de
tiça para Autonomia, coletivo que aqui se
abertura das portas da percepção do Direito, de
apresenta, hermana seus braços e corações às cole-
um paradigma libertário e incitante de educação e
tividades para as quais surgir para o mundo é um
de uma revelação social autônoma, valendo-se de
desafio árduo e uma vocação a ser compartilhada.
experiências históricas e precursoras de serviços
legais e assessorias universitárias, delinearam-se
leves feições do serviço. O entorno dialético teve
ainda atividades lúdicas e dinâmicas inspiradoras.
Não esgotadas as variáveis, mas já vislumbrado um
SURGE o SURJA horizonte, novos EFAJUPs de aformoseamento do
SURJA virão, para os quais fica registrado o convite.
Bem assim, o Serviço Universitário de Resistência e
Justiça para Autonomia se pretende, pois, um seg-
mento de ação ampla junto a coletividades que des-
cascam a unha seu dia-a-dia subumano, acompanha-
das aquelas do necessário estudo e aprofundamento
teórico. O mister do serviço é de assessoria multidis-
ciplinar, com as ferramentas de práticas educativas
principalmente, aproximação de recursos e orienta-
Projeto Areal – Direito de Ação:
ção e, em caráter adjacente, através de demandas ju-
O Projeto Areal – Direito de Ação tem como ob-
diciais de caráter coletivo. O diagnóstico das realida-
jetivo a prestação de atendimento jurídico à co-
des de atuação e mesmo a sua especificação prática
munidade carente do bairro Areal. Com a super-
serão expandidos com o desenvolvimento do grupo.
visão de uma assistente social e de professores
Se o sistema trata de perpetuar a inércia e suprimir
da Faculdade de Direito, os estudantes de Direito
os sonhos, o SURJA se puxa para resistir a esta força
colocam em prática os conhecimentos adquiridos
inibitória. Resistir às forças que levam à inação e ao
em sala de aula através da assistência judiciária.
descompromisso é outro viés de sua personalidade.
O projeto surgiu em 1999 com uma parceria en-
As instituições e institutos, por mais bem norte-
tre a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a
ados que sejam, se mostram eventualmente re-
Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada no bair-
trógrados e consagrados pela realidade material
ro Areal. Desde então o projeto de extensão tem
e com vistas a esta manter; daí que há de se bus-
sede no Centro Social Urbano do bairro Areal.
car a revisão das convenções, refazendo-as ins-
A principal finalidade deste projeto é assegu-
trumento de alcance de autonomia e prota- rar, para a população mais carente, os direi-
gonismo amplo, ao cabo dos quais se possa tos previstos na nossa Carta Maior; é garantir
produzir novos e progressistas paradigmas de valor. para essa comunidade o direito à informação
jurídica e o acesso à justiça de forma gratuita.
Ciente da dimensão do desafio, ciente da eficácia A seleção para os alunos interessados em participar
da utopia, eis aí o SURJA. do projeto ocorre no início de todos os anos, e todos
os estudantes de Direito da UFPel podem se inscrever.
OPINE contato@cafv-ufpel.com
O ACADÊMICO 11
nos projetos de extensão da Faculdade de Direito! INTEGRE-SE!
TRIBUNOS DA CIDADANIA - é um projeto de inclusão social local será instada e estimulada para discutir temas e apresen-
que tem como objetivo defender, garantir, e promover os di- tar demandas relativas às suas necessidades. Serão formados
reitos fundamentais do homem, na sua diversidade, indivisi- grupos de discussão sobre o direito, a justiça, a mediação e o
bilidade e universalidade, especialmente o dos grupos mais exercício dos direitos, formados por alunos e lideranças locais;
vulneráveis da população, assegurando o acesso democrático
à justiça e à tutela jurisdicional do Estado. Pretende contri- 2 Realização de Curso de Formação em Mediação de Conflito,
buir para a construção coletiva de uma cidadania livre, igua- ministrado pela Associação Brasileira de Árbitros e Mediado-
litária, inclusiva, pacífica, solidária, participativa, multicultu- res - ABRAME. O curso tem como público alvo acadêmicos e
ralista e democrática, pautada pela ética, pela tolerância, pela aplicadores de direito em geral, as Promotoras Legais Popu-
justiça social, e pela autonomia e dignidade do ser humano. lares e lideranças comunitárias do município de Pelotas; e,
3 As mulheres que atuam como lideran-
Algumas das ações desenvolvidas pelo projeto: ças em suas comunidades serão capacitadas
para atuarem como Promotoras Legais Popu-
1 Assessoria Jurídica Popular: esta funcionará de forma descen- lares, podendo estas ao final do curso de ca-
tralizada, em bairros de Pelotas tendo como foco a Mediação de pacitação resolucionarem demandas de for-
Conflitos. Os alunos estagiários realizarão atendimentos sema- ma pacífica em seus bairros antes mesmo da
nais e serão orientados por dois advogados especializados em necessidade de se recorrer as vias judiciais.
resolução pacífica de conflitos. Neste contexto, a comunidade
contato@cafv-ufpel.com OPINE
12 O ACADÊMICO
O PALCO Espaço de cultura e arte!
O Jovem
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não Na floresta, não existe
há ninguém que explique e ninguém que não entenda” justiça ou castigo.
- Cecília Meireles.
Quando o álamo projeta
sua sombra sobre o solo,
o cipreste não reclama:
“isto é contra a lei”.
Mas a justiça dos homens
é como a neve
Sentença de um Juiz Poeta que se derrete
ao primeiro olhar do sol
Aos dias 21 de janeiro do corrente ano, acordam os in- Dá-me a flauta e canta,
tegrantes da Segunda Turma Recursal Cível dos Juizados o canto é a justiça
Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, por una- do coração,
nimidade dar provimento ao recurso de nº 71001770171. e o lamento da fauta
O juiz de Direito Dr. Afif Jorge Simões Neto assim proferiu sobrevive
seu voto: ao crime e ao castigo.
Este é mais um processo
Daqueles de dano moral Khalil Gibran
O autor se diz ofendido
Na Câmara e no jornal.