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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

As Redes Sociais, o Estado e a Mídia:


uma disputa pela democratização da
informação

Ana Paula Bessa

― Novembro de 2009 ―
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

As Redes sociais, o Estado e a Mídia:


uma disputa pela democratização da
informação

Ana Paula Bessa

Monografia apresentada ao Curso de


Jornalismo para obtenção do grau de Bacharel
em Comunicação social com habilitação em
Jornalismo. Orientador: Prof. MSc. André
Gonçalves da Costa.

― Novembro de 2009 ―
Redes Sociais como forma de questionar o quarto poder

Ana Paula Bessa

Aprovada em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Professor Mestre André Gonçalves da Costa

Orientador

_________________________________________________

Prof.:

_________________________________________________

Prof.:

CONCEITO FINAL: ____________________


Ao meu amor, Lucas, que sempre acreditou e me

incentivou. À minha mãe que me ensinou a questionar e com

muito amor me educou. Aos meus irmãos que fazem a minha

diversão e que amo demais. À Silvana, Zeca e Mariane que

amo muito e que são meus referenciais.


Agradecimentos

Agradeço primeiramente aos professores MSc. Nelson Penteado e MSc.

Raquel Sacheto que foram a minha principal inspiração para construir este trabalho,

e que sempre serão referência para mim, como ótimos profissionais, amigos e

educadores a quem quero me assemelhar.

À Drª. Délcia Vidal que com muito empenho soube trazer melhorias para o

curso de Jornalismo da Unieuro, de forma a acrescentar conteúdo e embasamento

para a nossa formação como profissionais éticos e esclarecidos.

Ao meu professor MSc. André Costa que soube me orientar com muita

seriedade e entusiasmos. Que contribuiu, de forma intelectual, para o

desenvolvimento deste trabalho e de muitos outros que se seguirão.

À minha fiel amiga e agora, jornalista, Keroley Monteiro que sempre se

dispôs a me corrigir, escutar, ajudar e orientar em todas as circunstâncias. Agradeço

por sempre dizer o que preciso ouvir mesmo que seja difícil.

Agradeço também aos meus colegas de turma pelo conhecimento adquirido,

pela diversão e amizades.

Registro ainda um tributo especial ao jornalista Luiz Nassif que com muito

entusiasmo me concedeu uma entrevista que colaborou, de forma significativa, para

este trabalho.

E por último, mas não menos importante, agradeço a Juliana Medeiros,

Flávia Inhaê, Ana Paula Alves, Inaê Amado que mostraram o seu apoio e interesse

em cada etapa deste trabalho.


“Existem momentos na vida onde a questão de saber se se
pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber
diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a
olhar ou a refletir”

Michel Foucault
Resumo

Este trabalho tem o objetivo de estudar as redes sociais utilizadas por

órgãos e instituições do Estado como forma de questionar o quarto poder. Será

estudado o caso do Blog da Petrobrás, Site do Presidente do Senado e Twitter de

políticos, que utilizaram essas mídias sociais para questionar o poder de influência

da imprensa, bem como sua forma de apuração. Utilizando de pesquisas estatísticas

atuais, trabalharemos para mostrar que a internet já possui um caráter democrático

no País e que, aliada ao Estado, tem se mostrado como um fenômeno importante

para a democratização da informação. Nas considerações finais foi identificado que

houve a quebra da aliança que havia entre o Estado e a imprensa a partir do uso

das redes sociais. Este cenário é identificado como o primeiro passo para a

democratização da informação. Ainda constatamos que estudiosos da comunicação

estavam errados ao considerar que a internet não seria um meio de comunicação

que permitisse esta democratização.


Abstract

This work has the purpose to study the social networks used by agencies

and state institutions as a way of questioning the fourth power. Will study the case of

Petrobras Blog, Site of the President of the Senate and Twitter politicians, those who

used social media to question the reach of the press and his way of telling. Using

statistical surveys current work to show that the Internet already has a democratic

character of the country and that, coupled with the state, has proven to be an

important phenomenon for the democratization of information. The closing remarks

was identified that there was a breach of the covenant that existed between the state

and the press from the use of social networks. This scenario is identified as the first

step towards to the democratization of information. Still found that communication

experts were wrong in holding that the Internet would not be a means of

communication that allowed this democratization.


SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 10

1.1. Descrição do tema 10


1.2. Metodologia 19
1.2.1. Objetos 19
1.2.2. Objetivos 20
1.2.3. Justificativas 21
1.2.4. Panorama de desenvolvimento 23
1.2.5. Tipos de pesquisa 24
1.2.5. Lógica de pesquisa 25

2. REDES SOCIAIS 27

2.1. Conceituando redes sócias 27


2.2. O blog integra o conceito de redes social? 28
2.3. Um passo para a democratização da informação 32

3. A QUEBRA DA ALIANÇA ENTRE O ESTADO E A 39


IMPRENSA (QUARTO PODER) PELAS REDES SOCIAIS

3.1. O cão-de-guarda do Estado 40


3.1.1. Imprensa da Informação 41
3.1.2. Imprensa de Opinião 42
3.1.3. Imprensa Comercial 43
3.2. Ausência de regulamentação propicia caráter libertário da 43
imprensa
3.3. A virada do jogo 46

4. ESTUDO DE CASO: BLOG DA PETROBRAS, SITE DO 54


PRESIDENTE DO SENADO E TWITTER DE POLÍTICOS

4.1. Blog da Petrobras 54


4.2. Site do Presidente do Senado 58
4.3. Twitter de Políticos 65

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 72

Referências Bibliográficas 78
Referências Eletrônicas 79
10

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. Descrição do tema:

Há um debate constante na atualidade, sobre o futuro dos meios de

comunicação de massa com o crescente desenvolvimento da internet, sobretudo as

redes sociais – onde qualquer pessoa pode ser produtor de informação. É possível

informar-se sem, necessariamente, procurar um dos grandes veículos de

comunicação. Basta apenas um clique que pode-se ter uma atualização de tudo o

que está acontecendo no mundo em poucas linhas.

Uma definição muito simples sobre rede social é dada pelos autores Garton,

Haythornthwaite e Wellman 1, que afirmam que quando “[...] uma rede de

computadores conecta uma rede de pessoas e organizações, é uma rede social”.

Logo, os sites de redes sociais que fazem parte deste conceito são os bate-papos,

os sites de relacionamento, os blogs, fotologs, Orkut, entre outros, que,

cotidianamente, conectam pessoas do mundo todo aptas a trocarem informações

sobre elas mesmas ou sobre o mundo que as rodeia

Para Raquel Recuero2, em 2008 dois grandes fenômenos aconteceram que

puderam mostrar ao mundo todo que as redes sociais estão mudando as

organizações, identidades e a forma de mobilização social. Tais fenômenos foram as

campanhas presidenciais de Barack Obama e John McCain, que puderam ser

acompanhadas pelo mundo todo por meio de vídeos, blogs e sites de redes sociais.

O segundo fenômeno aconteceu no Brasil, em novembro de 2008, quando

as chuvas fortes, que caíram sobre o estado de Santa Catarina, causaram

deslizamentos que soterraram estradas, inundaram grandes áreas e centenas de

1
Apud RECUERO,Raquel.Redes Sociais na Internet.Porto Alegre,Ed. Meridional,2009, p. 15.
2
Idem
11

pessoas ficaram sem casas. Durante este episódio vários blogs, ferramentas de

mensagens como o Twitter3, foram utilizados para informar todo o país sobre os

acontecimentos e também para mobilizar pessoas, criando campanhas para

incentivar doações e ajudas para o estado. Recuero afirma que esses “mensageiros

instantâneos”, “[...] protagonizaram a linha de frente do apoio que Santa Catarina

recebeu”4.

De fato, as redes sociais conseguem mobilizar de forma mais eficiente e

rápida do que antigamente, quando era necessário usar folhetos, telefone e

pequenas reuniões em locais diversos. Quando falamos em mobilização social,

falamos de um ideal que parte de alguém, que necessita de um movimento para

tornar-se social, ou seja, de bem comum para uma sociedade determinada.

Nas redes sociais, unir pessoas com o mesmo ideal, está à distância de um

clique, ou num ato de repassar uma mensagem. Em questão de horas, logo poderá

contabilizar milhares que apóiam a mesma idéia e querem participar de sua

conquista.

Manuel Castells chama esta capacidade de mobilizar por meio da internet de

“Mass Self Communication”:

A Mass Serlf Communication constitui, certamente, uma nova forma de


comunicação em massa – porém produzida, recebida e experienciada
individualmente. Ela foi recuperada pelos movimentos sociais de todo o
mundo, mas eles não são os únicos a utilizar essa nova ferramenta de
mobilização e organização5

3
O Twitter é um site de micromensagens onde o usuário deve responder à pergunta “O que você
está fazendo?” em até 140 caracteres. Foi criado em outubro de 2006 e já contabilizou 5 milhões de
usuários no final de 2008, de acordo com o Hubspot. Disponível em
<http:://blog.hungspot.com/blog/tabid/6307/bid/4439/State-of-the-Twittersphere-Q4-2008-
Report.aspx>. Acesso em: 09 set. 2009.No site ainda é possível escolher usuários que você quer
“seguir”, assim como poderá ser “seguido” por eles. As mensagens (tweets) postadas por cada
usuário aparecem na página inicial daquele que o segue.
4
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Editora Meridional,2009. 16 p.
5
CASTELLS, Manuel. A era da intercomunicação. In:Caminhos para uma comunicação
democrática, Org. Le Monde Diplomatique.1ª ed. São Paulo, Ed. Instituto Paulo Freire, 2007, p. 24 e
25.
12

A Mass Self Comunication no Brasil já é uma realidade. A exemplo, temos o

movimento intitulado “#forasarney”, amplamente divulgado e aderido no Twitter, que

tem chamado brasileiros a saírem às ruas a favor da renúncia do atual presidente do

Senado, José Sarney (PMDB-AP). Os internautas/mobilizadores realizam protestos

em todos os finais de semana nas principais capitais do país, inclusive em Brasília,

onde já foram presos pela Polícia do Legislativa, por estarem perturbando a ordem

da instituição.

Com o mesmo mote, os internautas Renato Silveira e Viton Araújo criaram

um blog (www.tiremobigode.blogspot.com) onde proclamam a “Greve do Bigode”.

No blog, os usuários são convidados a enviarem fotos com bigode, no intuito de

manifestar o desprezo pelos escândalos que têm acontecido no Senado, sob a

regência do senador José Sarney e, principalmente, apoiar o seu afastamento.

O blog leva o slogan “Greve do Bigode. Só tiro o meu quando o Senado tirar

o dele” e é aliado do movimento “#forasarney”, o que facilita a maior divulgação e

manifestantes. O blog tomou tais proporções que já foi protagonista de matérias de

sites de jornais internacionais como o The Guardian6, do Reino Unido e The New

York Times7, dos Estados Unidos, além dos grandes jornais do Brasil.

A Mass Self Communication, por meio das redes sociais, tem possibilitado a

democratização da informação, e com isso dado voz a pessoas, a grupos, a

movimentos, que sequer seriam ouvidos pela mídia tradicional. O poder de

descentralização que a internet tem oferecido faz com que a TV, os jornais e revistas

6
PHILLIPS, Tom. The great Brazilian moustache revolution. The Guardian, Londres, 20 set. 2009.
Disponível em: < http://www.guardian.co.uk/world/2009/jul/23/brazil-moustache-protest>. Acesso em:
20 set, 2009.
7
PHILLIPS, Tom: Greve de Bigode. The New York Times, Nova York, 20 set. 2009. Disponível em:
<http://schott.blogs.nytimes.com/tag/jose-sarney/> Acesso em: 20 set. 2009.
13

e rádios percam a sua capacidade de manipulação, embora ela ainda seja muito

grande.

Com este novo cenário, a grande mídia que antes era a única detentora da

informação – sua principal fonte de poder – é obrigada a dividi-las com usuários da

web.Nem mesmo a produção de conteúdo é dominada por ela. Por meio de novos

programas, disponibilizados gratuitamente na rede, qualquer pessoa pode dominar a

edição de vídeos, áudios, e produzi-los de maneira muito mais interativa do que a

tradicional.

Um dos caminhos estratégicos adotado pela mídia de massa, para se inserir

nesse novo contexto, foi o de colocar os conteúdos gerados por usuários em sua

programação. Em um artigo escrito para o site Websinsider, Klaus Denecke-Rabello

disse que isso acontece devido a três fatores:

Econômico: É conteúdo barato, quando não de graça.


Cultural: Está na moda; um refluxo dos padrões da nova mídia e da nova
linguagem que é a internet.
Social: As pessoas querem falar, ver e ser vistas; vale tudo para ter seus 15
segundos de fama, do já banalizado nu à vergonha alheia da exploração de
suas próprias bizarrices, bem como às de outrem, passando pela inaceitável
violência contra animais indefesos e vandalismo com a natureza e a res
publicae (coisa pública)8

O fator social é o que mais atrai os usuários a mandarem seus conteúdos

para as produções de programas e noticiários, tanto na TV, quanto no rádio. Os

veículos impressos, em suas colunas de entretenimento, abordam redes sociais e

mostram links dos vídeos, e twitters mais acessados.

Para Klaus, é também o fator social que muitas vezes inibe o usuário de

conhecer o poder de ser produtor de informação, fazendo com que ele o subutilize

com superficialidades. E ainda podemos acrescentar que a própria mídia incentiva

8
DERNECKE-RABELLO, Klaus. A invasão de UGC nas mídias de massa. Webinsider, São Paulo,
22 jul. 2009. Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/index.php/2009/07/22/a-invasao-de-ugc-
nas-midias-de-massa/> Acesso em: 22 jul. 2009.
14

os usuários a esse tipo de comportamento, por meio de programas em que a

principal atração é a bizarrice, a palhaçada, a habilidade dos internautas.

Outra estratégia utilizada pela mídia para acompanhar o ritmo das redes

sociais, é se inserir na blogosfera cada vez mais. É típico os principais jornais do

Brasil (Folha de São Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo, Jornal do Brasil e Correio

Braziliense) possuírem o seu portal de notícias na web, acoplado dos seus inúmeros

articulistas e blogs sobre variados assuntos.

Atualmente os autores desses blogs, também possuem um Twitter para

divulgar seus textos. Alguns blogueiros inclusive passam algumas informações

sobre matérias que apuraram ou relatam fatos que presenciaram logo após o jornal

ser colocado para rodar. Sobre este último aspecto, o jornal Folha de São Paulo, no

mês de setembro de 2009, lançou um comunicado a todos os seus jornalistas

apresentando regras de conduta sobre a atuação dos profissionais em blogs

pessoais e Twitter. Segundo o comunicado, os profissionais não devem assumir

posição em favor de algum partido, candidato ou campanha; e também proíbe a

publicação de furos jornalísticos em blogs e semelhantes, mesmo após o jornal ser

distribuído, cabendo ao profissional o direito de fazer menções pequenas para o

texto publicado no jornal, com link para a versão eletrônica da Folha.9

A Rede Globo, considerada monopólio da informação no Brasil, também

lançou um comunicado aos seus profissionais sobre o uso de redes sociais, só que

com um teor muito mais incisivo. A íntegra segue abaixo:

A divulgação e ou comentários sobre temas/informações direta ou


indiretamente relacionadas às atividades ligadas à Rede Globo; ao mercado
de mídia e nosso ambiente regulatório, ou qualquer outra
informação/conteúdo obtidos em razão do relacionamento com a Rede

9
TOLEDO, José Roberto de. Folha cria regras para seus jornalistas no Twitter. TODEDOL, o blog
sobre RAC, São Paulo, 9 set. 2009. Disponível em: <http://toledol.com.br/2009/09/09/folha-cria-
regras-para-seus-jornalistas-no-twitter/> Acesso em : 09 set. 2009.
15

Globo são vedados, independentemente da plataforma adotada, salvo


expressamente autorizada pela empresa. [...] A hospedagem em Portais ou
outros sites, bem como a associação do nome, imagem ou voz dos
contratados da Rede Globo a quaisquer veículos de comunicação que
explorem as mídias sociais, ainda que o conteúdo disponibilizado seja
pessoal, só poderá acontecer com prévia autorização formal da empresa.
[...] A presença individual e particular dos nossos contratados deve se
restringir, se desejada, exatamente a este universo, estando totalmente
desvinculada da atuação na Rede Globo, nem tampouco associados a
outros veículos de comunicação. Se essa separação clara não puder ser
estabelecida, o uso dessas mídias fica inviabilizado 10

Em suma, a empresa proíbe jornalistas, artistas e funcionários de se

relacionarem nas redes sociais, exceto se os usuários souberem diferenciar e

desvincular sua imagem e informações divulgadas do grupo de comunicação. É uma

forma autoritária de tentar conter as informações que, frequentemente, têm vazado,

de forma indireta ou não, por meio das redes sociais, causando, por vezes, tumulto.

Recentemente artistas globais como Luciano Huck, Angélica, Xuxa, tiveram

seus textos postados no Twitter, que continham graves erros gramaticais, satirizados

por inúmeros sites, até serem veiculados em programas de televisão diversos. Além,

de claro, divulgação de métodos de apuração e informações que são, indiretamente,

citados por textos de profissionais da empresa.

Diante desses fatos, não há como negar que a comunicação via internet

tomou proporções que é difícil de controlar ou impor limites. O próprio caso citado

acima mostra uma forma de evitar “equívocos” embutidos na liberdade oferecidos

pelas redes sociais. Ao se inserir na rede, a mídia vê que suas opiniões, distorções e

estratégias de manipulação são ínfimas se comparado com o poder de comunicação

e interatividade das redes sociais. Ela já não é mais a única fonte de informação. Os

usuários são tão produtores de informação quanto ela. E vivenciar a situação de um

10
TV Globo restringe uso de blogs,Twitter e outras redes sociais.Comunique-se,São Paulo, 10 set.
2009.Disponível em: < http://www.comunique-
se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D53480%26Editoria%3D8%26Op2%3
D1%26Op3%3D0%26pid%3D135045225225%26fnt%3Dfntnl> Acesso em> 10 set. 2009.
16

furo ser dado por um cidadão munido apenas de um telefone celular, é ousada

demais para quem era a única produtora de furos jornalísticos.

Foi o caso do pouso forçado do avião da U.S. Airways com 155 passageiros

no rio Hudson, em Nova York (EUA), em janeiro de 2009. A primeira imagem do

pouso foi dada por um usuário do Twitter, Janis Krum (@jkrums). Junto à foto, Janis

acrescentou que estava em uma balsa indo buscar algumas pessoas. A imagem foi

divulgada pela mídia internacional e Janis chamado para dar entrevistas em vários

programas da televisão norte-americana.

Mais um exemplo pode ser dado, utilizando o caso das eleições

presidenciais do Irã. Ao ser divulgado o resultado dos votos, o grupo oposicionista

acusou o governo de fraude na contagem. Como forma de mostrar a insatisfação

com o resultado, jovens organizaram manifestações por meio de redes sociais como

o Twitter, e por mensagens de celular. Tal confronto foi divulgado pelos meios de

comunicação internacionais de forma crítica e levou a República dos Aiatolás e o

Conselho dos Guardiões a atacarem a cobertura do processo eleitoral.

Sob o clima de censura, os jovens iranianos começaram a divulgar imagens,

podcasts, vídeos e textos, em redes sociais, mostrando o nível de confronto com o

governo Aiatolá. Esses jovens produziram as principais informações repercutidas por

toda a mídia. Mesmo assim, o os Aiatolás tomaram posse do governo e começaram

a divulgar uma tese em que diziam que havia uma conspiração internacional, em

que a oposição ganhava apoio de outros países pela internet para desestabilizar o

Irã.

A internet não impõe limites para o usuário poder atuar de forma efetiva no

seu país e no mundo. O indivíduo é detentor de um poder que não possui por meio

do seu representante político. Consegue ter contato direto com a democracia, sem
17

necessitar de um deputado, senador ou prefeito, para lutar pelos seus direitos e

necessidades. As redes sociais facilitam esse contato e mostram a ele que,

possivelmente, não é o único a querer que seus pedidos, necessidades e ideais

sejam levados a sério por seus representantes.

Surge então a discussão sobre ciberdemocracia, que possibilita a maior

participação da população em questões políticas. Em entrevista ao programa Roda

Viva, da TV Cultura, o filósofo Pierre Levy informa que o mais importante da

ciberdemocracia é o fato de “[...] as pessoas poderem elaborar suas próprias

questões e problemas e, eventualmente, submetê-las às autoridades políticas”.

Como já citado, as redes sociais diminuem a distância entre o eleitor e o seu

eleito, entre o leitor e a informação e, porque não, entre o ídolo e o artista – que é

um dos principais motivos que levam os jovens a aderirem às redes sociais.

[...] ciberdemocracia propõe uma reflexão sobre a participação popular e a


eficácia dos sistemas eleitorais, sem a necessidade de um líder.
Em comparação às democracias de civilizações clássicas, como a Grécia
antiga, a internet é, hoje, a praça pública, onde todos estão conectados,
permitindo que a política contemporânea acompanhe de forma sadia a
velocidade da informação e as mudanças dos processos eleitorais 11

No Brasil, a ciberdemocracia começou a ser parcialmente12 exercida após os

escândalos relatados pelos principais veículos de comunicação que houve, e ainda

há, no Senado, e a insatisfação atual da população com a política brasileira. O

acesso à informação, documentos, opiniões, proporcionou o questionamento dos

relatos dos políticos, assim como também da mídia.

11
VASCONCELOS, Rosália. Ciberdemocracia propõe uma revolução na política. Webinsider, São
Paulo, 8 set. 2009. Disponível em:
<http://webinsider.uol.com.br/index.php/2009/07/31/ciberdemocracia-propoe-uma-revolucao-na-
politica/> Acesso em: 08 set. 2009.
12
Utiliza-se parcialmente pois é de conhecimento geral que apenas uma parte considerável da
população brasileira tem acesso à internet. A ciberdemocracia só poderia ser exercida de forma plena
caso toda a população tivesse acesso à rede para também poder contestar, participar e elaborar suas
próprias questões.
18

A informação manipulada transmitida pelos grandes veículos proporcionou

seu questionamento nas redes sociais. O viés editorial não é omitido nas redes

sociais, ele é discutido e criticado. Se a informação dada pelo jornal não coincide

com o vivenciado e até experimentado pelo usuário, logo se espalha pela internet a

contestação da informação veiculada. O poder da mídia começa a ficar abalado,

porque não é só o usuário cidadão que começa a contestar suas manipulações, mas

também os órgãos públicos.

Em 2006 Manuel Castells já havia feito tal previsão:

Falta pouco para que, através do Mass Self Communication, os movimentos


sociais e os indivíduos em rebelião crítica comecem a agir sobre a grande
mídia, a controlar as informações, a desmenti-las e até mesmo a produzi-
las13

Este fenômeno está acontecendo no Brasil e ganhou mais um personagem:

os órgãos públicos. O principal financiador e concessor de redes de comunicação,

agora também está debatendo a forma como elas informam, manipulam, apuram e

interferem na história da política brasileira.

Durante toda a história do Brasil, a mídia se estabeleceu como um quarto

poder, sem sequer receber nenhuma crítica ou questionamento formal do Estado. A

relação de troca que se estabelecia entre ela e o Estado garantiu o seu crescimento

sólido. E agora a internet tem enfraquecido esse poder. E o Estado começa a

conseguir mais apoio populacional se inserindo na internet.

Para se defender das matérias editadas e manipuladas da grande mídia, a

Petrobrás criou um blog onde divulga as matérias veiculadas e juntamente um texto

da própria empresa criticando e dando a sua verdade dos fatos. Seguindo o mesmo

conceito, o Senado criou uma página em seu site para defender o presidente da

13
CASTELLS, Manuel. A era da intercomunicação. In: Caminhos para uma comunicação
democrática, Org. Le Monde Diplomatique, 1ª ed. São Paulo, Ed. Instituto Paulo Freire, 2007, p. 24.
19

Casa contra as acusações que são feitas na mídia brasileira. Via de regra o Planalto

criou um blog para melhor divulgar e articular sobre os projetos e escândalos que

estão na mídia – e até aqueles que não estão.

A grande mídia não é mais oligopólio da informação e o seu poder está

sendo questionado por meio de redes sociais. Será alvo do estudo deste projeto as

redes sociais utilizadas por órgãos públicos, como forma de contestar o poder da

mídia.

1.2. Metodologia

1.2.1. Objetos

Para estudar os sites de redes sociais utilizados por órgãos públicos, foram

escolhidas instituições que se destacaram nesse sentido, no ano de 2009: Blog da

Petrobrás, Site do Presidente do Senado e Twitter de políticos.

O Site do Presidente do Senado é uma página na internet, dentro do site do

Senado Federal (www.senado.gov.br/comunica/imprensa) que foi criada com o

intuito de defender o presidente das acusações que eram relatadas nos grandes

veículos de comunicação da internet.

O Blog da Petrobrás foi o primeiro criado por uma instituição governamental

que apresentava o material que era publicado na mídia antes mesmo que esta

circulasse em seu jornal.. A criação desse blog foi um fator importante no

envolvimento com as redes sociais, pois a mídia e jornalistas se sentiram

ameaçados por esse novo projeto de comunicação da instituição, assim como

ganhou visibilidade daqueles que estavam envolvidos com a CPI da Petrobras.

O Twitter começou a ser utilizado pelos políticos brasileiros no ano de 2008

e ganhou destaque quando o Senado entrou em crise com a sucessão de

escândalos envolvendo atos secretos e o presidente da Casa. Após a reforma


20

eleitoral que autoriza a propaganda eleitoral via internet, senadores e deputados

começaram a criar um perfil na rede social para se aproximar de seus eleitores, sem

necessitar do apoio ou aprovação da imprensa.

1.2.2. Objetivos

Considerando a defasagem de literatura no Brasil tratando do tema de redes

sociais, esta monografia irá estudar a inserção dos brasileiros nessa nova tecnologia

e como tem respondido a ela, como forma de incentivar a produção bibliográfica

neste sentido. O crescimento dos sites de redes sociais é vertiginoso a cada mês e o

alcance que tem é global, o que torna a informação mais acessível e simples.

Pretende-se mostrar o caráter democrático de participação e produção de

informação no Brasil, que possibilitou que as organizações públicas enxergassem

que podem atingir o seu público diretamente, sem a necessidade da mídia de massa

para informar. As organizações encontraram, nas redes sociais, uma estratégia para

afastar informações negativas divulgada pelos principais veículos de comunicação.

Pretende-se também mostrar a resistência dos veículos de informação à

conquista da democratização da informação que encontra nas redes sociais um

caminho efetivo. A mídia como quarto poder se vê ameaçada. Com isso,

mostraremos as atitudes tomadas pelos grandes veículos de comunicação para

conter o alcance das redes sociais no Brasil.

Trataremos a mídia como quarto poder que mantinha, até em tempos

recentes, uma relação muito forte com o Estado. Por conta do crescimento do

acesso facilitado da informação começou a ser questionada e criticada formalmente

pelos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).


21

Essa aliança, que também é uma relação de troca de informação sigilosa e

concessões, foi enfraquecida quando as organizações públicas resolveram se inserir

na rede social e compartilhar críticas e informações sobre o quarto poder. Políticos e

intituições governamentais, regularmente, usam os sites como Twitter, Facebook e

blogs para questionar informações passadas pela grande mídia.

1.2.3. Justificativas

Apesar de ser amplamente conhecidas pela sociedade, as redes sociais não

possuem no Brasil grupos de estudos, literatura e pesquisas nesta área. A conversa

sobre o impacto dessa nova forma de comunicar é relatada por alguns jornalistas e

estudiosos sobre o tema que publicam artigos em sites, encontros de comunicação

social e palestras em universidades.

A autora do primeiro livro no Brasil sobre o tema, Raquel Recuero, diz que

esse problema acontece no Brasil porque em parte exige um conhecimento de

fórmulas e desenvolvimentos matemáticos, nos quais os pesquisadores de ciências

sociais possuem grande dificuldade14.

Vale acrescentar a este problema o fato de que as pesquisas e cursos de

Comunicação Social não possuem, em sua maioria, uma grade curricular atualizada

onde há a valorização e estudo das novas tecnologias de informação. A grade

curricular da maioria dos cursos de comunicação continua a mesma de dez anos

atrás, tempos em que a internet ainda não tinha tomado conta da America Latina

como atualmente.

Sobre esse assunto o escritor, blogueiro e publicitário Zeca Martins,

escreveu para o site Webinsider um artigo intitulado “O estudante de comunicação e

14
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre, Ed. Meridional,2009, p. 21.
22

o bicho que o espera” (2008). No texto, Martins elabora algumas dicas para os

profissionais do futuro, para sobreviver ao novo mundo da comunicação mediada

por computador (CMC), já que as universidades não são muito subsídio para isso.

Preocupa-nos não ter notícia de muitas faculdades de comunicação


profundamente interessadas em fazer ver ao aluno, ainda que na porrada, a
necessidade premente, impostergável de estudar detidamente as
conseqüências e desdobramentos desta explosão dos meios de
comunicação [...] Ensina-se planejamento de propaganda com a mesma
receita embolorada que ensinaram para mim. [...] Quer uma dica? Não peça
15
emprego; crie oportunidades de trabalho.

Por isso, esse trabalho de conclusão de curso visa a acrescentar e promover

maiores estudos sobre esse tipo de comunicação que tem se transformado a cada

ano e sido incentivado pelos principais criadores de redes sociais.

Atualmente, o Brasil é líder no ranking dos países da América Latina com o

número mais elevado de computadores (42,9 milhões), segundo a consultoria

multinacional de negócios, tecnologia e informação, Everis16.Isso, com certeza, afeta

o modo que a sociedade se informa e enxerga a informação.

Um exemplo recente é a reforma na lei eleitoral que permite o uso da

internet nas campanhas e em debates no período que antecede as eleições.

Durante o processo de votação da reforma na Câmara dos Deputados e no Senado

Federal, os internautas e usuários de redes sociais, principalmente o Twitter,

acompanharam os debates e questionaram os votos de políticos que foram contra a

liberação. O item “#censura” foi criado para questionar o tema, bem como colocar o

Twitter de cada político que votava contra ao lado do item criado.

15
MARTINS, Zeca. O estudante de comunicação e o bicho que o espera. Webinsider, São Paulo, 16
nov. 2008. Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/index.php/2008/12/16/o-estudante-de-
comunicacao-e-o-bicho-que-o-espera/> Acesso em: 16 dez. 2008.
16
FILHO, Fernando Souza. Brasil lidera PCs na América Latina com 42,9 milhões de unidades.
Revista PC Magazine, São Paulo, 14 set. 2009. Disponível em:
<http://pcmag.uol.com.br/conteudo.php?id=2578> Acesso em: 14 set. 2009.
23

A rede social é, além de uma fonte rica de informação, um instrumento para

mobilização social. E essa característica tem sido percebida até pelas organizações

públicas que atualmente têm utilizado essas redes para expor seus principais

projetos e também questionar algumas inverdades que são publicadas nos grandes

veículos de informação.

Ao passo que cresce o caráter democrático da informação, a grande mídia

tem perdido, paulatinamente, o seu poder de influência e manipulação. A proporção

que as redes sociais, juntamente com o caráter interativo da internet, tem tomado,

tem feito com que a mídia perca alguns aspectos fundamentais para a sua

manutenção como quarto poder.

Se anteriormente este poder era inquestionável, ou se questionado não era

formalizado pelo Estado, agora ele está escancarado na web. A relação está em

uma fase de transição muito importante para o futuro do jornalismo, a mobilização

social e a ciberdemocracia.

1.2.4. Panorama de desenvolvimento

No primeiro capítulo é conceituado redes sociais e blogs com o objetivo de

restringir o significado que utilizaremos ao longo do trabalho. Será feito uma análise

do conceito de blog com a finalidade de afirmar que este pode ser entendido como

uma rede social que contribui para a democratização da informação. Ainda neste

mesmo capítulo será explicado, por meio de dados estatísticos, que a internet é um

meio de democratização de informação no Brasil e que as redes sociais possuem

uma importância significativa no uso dos brasileiros da internet.

O terceiro capítulo tem o objetivo de conceituar a imprensa como quarto

poder e explicar, historicamente, por que recebeu essa nomenclatura. Buscando em


24

livros e história da imprensa, o capítulo é decisivo no entendimento da quebra da

aliança do Estado com a imprensa a partir do uso das redes sociais.

O quarto capítulo traz um estudo de caso dos três objetos escolhidos: Blog

da Petrobras, Site do Presidente do Senado e Twitter de políticos. Foram escolhidos

momentos polêmicos em que cada objeto esteve inserido. Há também uma análise

minuciosa de cada texto exposto desses objetos, com argumentos buscados em

teorias da comunicação e princípios da profissão de jornalista. Bem como, será

fomentado na análise argumentos com conceitos vistos nos capítulos anteriores.

E por fim, haverá a conclusão dos estudos feitos nesses três capítulos, de

maneira a comprovar que houve o rompimento do Estado com a imprensa por meio

das redes sociais e principalmente, que o Estado estão usando cada vez mais das

redes sociais para questionar os métodos de trabalho da imprensa. Ainda será

apresentado o argumento de que a internet juntamente com as redes sociais, são

um meio de comunicação fundamental para a democratização da informação no

Brasil.

1.2.5. Tipos de pesquisa

As análises feitas nesse trabalho foram predominantemente históricas, pois

foi necessário buscar em conceitos pensados por outros autores e também estudar

a imprensa e sua relação com o Estado desde o surgimento.

Foi necessário também fazer comparações entre dados estatísticos atuais e

antigos para traçar um argumento que fosse de encontro com a argumentação

estudada neste trabalho.

Fatos históricos tiveram que ser inseridos em relação aos objetos de estudo

para que se pudesse enfim, ter um entendimento maior sobre eles. Foi preciso
25

conceituar bem os objetos e os temas utilizados para que então se viesse a ter uma

conclusão a favor da argumentação levantada no título do trabalho. Vários autores

de anos antigos e atualíssimo tiveram que ser citados para que houvesse

credibilidade no estudo do trabalho.

Se tem idéias originais, elas emergirão no confronto com as idéias do autor


tratado[...].E se quiser, aquela que deveria ser a sua tese teórica torna-se o
capítulo final da sua tese historiográfica. O resultado será que todos
poderão verificar aquilo que ser diz, dado que (referido a um pensador
anterior) os conceitos que põe em jogo serão publicamente verificáveis.17

Com efeito, vários autores de anos antigos e atualíssimo tiveram que ser

citados para que houvesse credibilidade no estudo do trabalho. E principalmente

para comprovar que seus argumentos, com o decorrer do tempo, mostraram ser

incorretos dado o cenário atual.

[...] Com efeito, partir de um autor anterior não significa prestar-lhe culto
adorá-lo ou reproduzir sem crítica as suas afirmações; pode-se também
partir-se de um autor para demonstrar os seus erros e os seus limites.18

1.2.6. Lógica da pesquisa

Compreendido que o tipo de pesquisa é histórico, é pertinente aplicar uma

lógica de pesquisa indutiva que traçará o caminho que se deve percorrer para

entender a pesquisa. Partiu-se de uma constatação do cenário de modificação da

atitude do Estado frente a imprensa, e caminhando pela história chegar o objetivo

final de que a imprensa e o Estado não mantém a mesma afinidade que há pouco

tempo atrás.

Pela indução, partimos da observação e análise dos fatos, concretos,


específicos, para chegarmos à conclusão, i.e, à norma, regra, lei, princípio,
quer dizer, à generalização. Em outros termos: o processo mental busca a

17
ECO, Umberto. Como se faz uma tese em Ciências Humanas. 13ª edição. Lisboa, Editorial
Presença. 2007, p.41.
18
Idem
26

verdade partindo de dados particulares conhecidos para princípios de


19
ordem geral desconhecidos. Parte do efeito para a causa.

Entendido isso foi necessário então descobrir todos os efeitos já estudados

por outros autores em relação ao tema e, também, efeitos das políticas de inclusão

digital adotadas para que então se chegasse na causa, a razão deste trabalho.

Se pretende fazer trabalhos dessa ordem – sejam dissertações breves,


sejam monografias ou ensaios mais alentados – procure primeiro saber o
que há, o que é, o que se fez, o que se faz, o que se diz; enfim observe os
20
fatos, colha os dados, analise-os, classifique-os, discuta-os e conclua.

19
GARCIA, Othon M.Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar.
26.ª edição. Rio de Janeiro,Ed. FGV, 2006, p. 306.
20
GARCIA, Othon M.Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar.
26.ª ed. Rio de Janeiro,Ed. FGV, 2006, p. 306.
27

2. REDES SOCIAIS E BLOG

2.1. Conceituando redes sociais

Embora o estudo dos seus efeitos seja algo recente, as redes sociais são

alvo de pesquisa de vários cientistas durante todo o século XX. O estudo surgiu a

partir da necessidade de analisar os fenômenos sociais como um todo, não de forma

independente, buscando analisar a interação com todas as partes.

A “Teoria Geral dos Sistemas” é o ponto de partida para o estudo da

sociedade em redes. Elaborada por Ludwig Von Bertalanffy, nas décadas de 40 e

50, a teoria enfatiza que não é possível saber muita coisa sobre a interação de um

objeto ou uma pessoa se estudá-lo isoladamente. É preciso que se estude todas as

suas partes e como o indivíduo interage com essas partes e vice-versa. A teoria

ainda fala sobre a quebra do paradigma analítico-cartersiano, onde as partes de um

sistema eram vistas como independentes e autônomas.

A própria “Teoria Hipodérmica”, estudada pela Escola, foi embasada nesse

método de pesquisa analítico-cartesiano, onde, para se estudar o sistema de

comunicação, era adotado o método behaviorista onde o indivíduo recebe uma

mensagem e, ao mesmo tempo, ele a aceita e a transmite, não levando em conta a

sua interação com o ambiente social, familiar e profissional.

Na década de 60, a matemática não-linear tornou possível a criação da

“Teoria do Caos”, que afirma que um comportamento simples pode ter uma reação

que pode ser muito desordenado. A teoria foi lançada com base nos estudos do

metereologista Edward Lorenz que observou o movimento das massas de ar em um

programa de computador. Lorenza simulou o movimento das massas de ar no

programa e teclou um número que alimentava os cálculos da máquina com alguns

decimais a menos, esperando que houvesse pequenas modificações. Mas, ao


28

contrário do que ele previa, a alteração provocou uma alteração completa no padrão

de massas no ar. Lorenz exemplificou dizendo que era como se uma borboleta

batesse as asas em algum lugar do planeta, causasse um tornado em outro lugar

tempos depois. O “efeito borboleta” foi estudado por vários outros cientistas que

encontravam a mesma imprevisibilidade em quase tudo o que estudavam.

Após esses estudos, a complexidade nos fenômenos do comportamento foi

aceita paulatinamente pela comunidade científica que começou a ver mais

racionalidade nos estudos antigos elaborados por matemáticos. É o caso da “Teoria

dos Grafos”, publicado em 1973 que “é uma parte da matemática aplicada que se

dedica a estudar as propriedades de diferentes tipos de grafos” 21. Esse estudo

recebeu força das ciências sociais que a partir de estudos empíricos possibilitou a

“Análise Estrutural de Redes Sociais” (1994-2000).

A proposta dessas abordagens era perceber os grupos de indivíduos

conectados como rede social e, a partir dos teoremas dos grafos, extrair

propriedades estruturas e funcionais da observação empírica22.

Em 2000, as publicações sobre redes sociais finalmente ganharam espaço

nas ciências sociais e outras ciências, a ponto de oferecer ferramentas para o

estudo de redes no ciberespaço. No ciberespaço, é possível estudar a formação e

os aspectos que o motivam a interagir dentro dele.

2.2. O blog integra o conceito de rede social?

Em dezembro de 2008, mais da metade (52,2%) dos usuários da internet em

residências acessavam blogs para consumir informação 23, segundo pesquisa do

21
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre, Ed. Meridional,2009, p. 20.
22
Idem
29

Ibope/Netratings. Em números, 12,8 milhões de leitores em todo o Brasil. Um

crescimento de aproximadamente 9% em relação ao início de 2008, onde os leitores

totalizavam 9,1 milhões.

Os brasileiros normalmente usam os blogs (ou weblogs) para fazer um diário

do cotidiano, utilizando as ferramentas de editor de texto e de página

disponibilizados por sites de blog. O mais famoso, e também mais utilizado é o

Blogger (www.blogger.com) que há cerca de 10 anos pertence ao Google.

Embora os blogs sejam muito antigos na world wide web, há uma enorme

dificuldade em conceituá-lo sem perder o caráter comunicacional que é intrínseco a

ele.Normalmente os estudiosos da ferramenta o conceituam levando em

consideração apenas o caráter tecnológico e a relevância de suas funcionalidades.

No livro Blog.com, as estudiosas Raquel Recuero, Adriana Amaral e Sandra

Portella Montardo conceituam o blog em três definições fundamentais: (1) estrutural,

(2) funcional e (3) artefatos culturais.

O blog é um website que possui a funcionalidade de postar fotos, textos,

vídeos, áudios em uma base de fácil administração. O conteúdo é organizado de

forma cronológica reversa e possui a opção de comentar qualquer postagem. Esta

definição(1) é alvo de uma grande discussão em torno da postagem e também da

constante atualização. Alguns estudiosos admitem que mesmo que não haja espaço

para comentário pode ser caracterizado como um blog, pois todas as outras

características constam nele. A atualização constante é creditada por muitos, como

um fator crucial para definir se tal website é ou não um weblog.

23
Blogs crescem em 2008 amparados por downloads e ações na mídia social.Vida Universitária, 15
set. 2008. Disponível em: <http://www.vidauniversitaria.com.br/blog/?p=17415> Acesso em: 12 out.
2009
30

Em razão dos inúmeros blogs que são criados atualmente, a maioria deles

acaba abandonado ou atualizado em raras vezes. A falta de atualização do

conteúdo do blog, ou até atualização em períodos longos, é um critério fundamental

para que ele seja considerado um blog, Em tempos passados, quando a tecnologia

ainda não tinha tomado esse caráter fundamentalmente instantâneo, a atualização

era um critério pouco questionado, ou pouco levado em consideração. Mas

atualmente, a rapidez com que as informações transitam na web, acaba exigindo do

blog a mesma eficácia para se manter.

Complementando esta definição, as autoras também definem o blog como

um meio de comunicação(2). Tal meio se difere dos tradicionais por possuir um

caráter social, onde os leitores – por meio dos comentários – acabam estabelecendo

uma conversa com autor do post. Dependendo do assunto, e da repercussão que

ele teve, exige do autor um texto também em forma de conversa.

“[...] o blog é mais do que uma ferramenta de publicação caracterizado pelo


seu formato: é uma ferramenta de comunicação, que é utilizada como forma
de publicar informações para uma audiência.”24

O último conceito tratado pelas autoras é o blog como artefatos culturais(3):

expõem a cultura de um determinado lugar, assim como a cultura individual de cada

usuário. Analisar os blogs como artefatos culturais é admitir as escolhas dos

assuntos que mais interessam e são aceitos em determinada população. É por meio

deste conceito que é possível identificar a razão pela qual, cada usuário escolhe

para poder postar. É possível identificar esse conceito por meio das marcações

feitas em cada blog (marcadores).

24
AMARAL, A.; MONTARDO, S. P.; RECUERO, R. Blogs: definições, tipologias e metodologias.
In: Blogs.com, Org. Adriana Amaral, Raquel Recuero e Sandra Portella Montardo, São Paulo, Ed.
Momento Editorial, 2009, p. 31.
31

Considerando esses conceitos é possível ainda, integrar o blog ao conceito

de ferramenta de comunicação mediada por computador, onde se estabelece uma

relação oposta dos meios de comunicação tradicionais. O leitor está em constante

contato com o produtor da notícia, e tem acesso a ela de forma livre e sem

restrições ou manipulações. Na comunicação mediada por computador, o receptor

de informação é também um emissor constante de informação – fato que abala a

relação monopolizante dos meios de comunicação tradicionais, onde um emissor

difunde informação para vários receptores.

Esse tipo de relação leva o usuário a também estabelecer maior proximidade

do autor que passa a integrar sua rede social. Ambos (autor e leitor), interessados

em assuntos/temas em comum, começam a compartilhar informações e

documentos, criar comunidades,levantar discussões em site de redes sociais ou

ferramentas de comunicação mediada por computador. O blog passa também a ser

uma rede social, onde reúne vários leitores interessados no mesmo assunto, que

opinam e fornecem informações que adquiriram em vários veículos, comunidades,

redes sociais, quebrando as barreiras que dificultam a comunicação e a participação

na produção da informação.

A percepção dos blogs como espaços de sociabilidade, como constituintes


de redes sociais, está presente nessa vertente. Blogs como meios de
comunicação implicam também sua visibilidade enquanto meios de práticas
jornalísticas, seja através de relatos opinativos, seja através de relatos
informativos. 25

Após explanados esses conceitos, fica claro que o blog não só é uma rede

social como também um meio de comunicação com um caráter mais social e

democrático que os meios de comunicação de massa.

25
AMARAL, A.; MONTARDO, S. P.; RECUERO, R. Blogs: definições, tipologias e metodologias.
In: Blogs.com, Org. Adriana Amaral, Raquel Recuero e Sandra Portella Montardo, São Paulo, Ed.
Momento Editorial, 2009, p. 32 e 33.
32

2.3. Um passo para a democratização da informação

No ciberespaço, pela primeira vez, os movimentos sociais, até então atores

políticos dependentes na medida em que a difusão do registro verbal na cena

comum passa pela mediação das organizações jornalísticas, podem, sem os

impedimentos colocados pela tecnologia necessária para manter os meios

convencionais, contribuir para a continuação de um espaço público democrático. 26

Assim como relata o Doutor em Jornalismo, Elias Machado, a conquista que

os avanços na tecnologia da informação (TICs) e na comunicação mediada pelo

computador tem alcançado, é a capacidade de possibilitar um espaço – diga-se de

passagem – nunca antes adquirido, para uma discussão e participação democrática

de qualquer um que disponha de internet ou meios para alugar um computador em

lanhouse.

Há quem critique dizendo que para que a internet se torne um meio

democrático é necessário que todos tenham acesso a ela e que, no Brasil, isso está

muito distante de acontecer. Mas o número de usuários de internet ganha

proporções que há pouco tempo não se imaginava para um país emergente como o

Brasil.

Dados do Instituto Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística)

divulgados em julho de 2009, mostram que o Brasil tem 64,8 milhões de usuários

ativos da internet, 10% a mais que no mês de junho do mesmo ano.

Levando em consideração a pesquisa intitulada A Evolução da Internet no

Brasil do NIC.BR (Comitê Gestor da Internet no Brasil), que analisa o perfil de

26
MACHADO, Elias. O ciberespaço como fonte para os jornalistas. Biblioteca Online de Ciências
da Comunicação, Universidade da Beira Interior, 2002 p. 5. Disponível em: <
http://www.bocc.ubi.pt/pag/machado-elias-ciberespaco-jornalistas.pdf>
33

usuário da internet que possui computador em casa, ou seja Tecnologia de

Informação e Comunicação por Domicílio,o perfil do internauta do ano de 2008, em

sua maioria (36%) tinha como nível de instrução a Educação Infantil, em segundo

lugar o Ensino Fundamental (27%). A pesquisa ainda conclui que 51% dos usuários

tem entre 10 e 34 anos. O mais interessante é o fato de 48% dos usuários

pertencerem à classe C, 36%, à classe D e 16% à classe A.

O Interactive Avertising Buerau Brasil (IABB), em pesquisa apresentada em

fevereiro de 2009, fez uma projeção de que até o final do ano a penetração da

internet na classe C chegará a 45%27.

Analisando esses dados, é pertinente afirmar que a diminuição de preço dos

aparatos tecnológicos como computadores, notebooks, internet banda larga

possibilitou que as camadas mais baixas da sociedade passassem a participar, de

forma significativa, do avanço tecnológico do Brasil. Afirmar que a internet não é um

meio democrático é incoerente com as atuais pesquisas desenvolvidas.

É fato que, para alguns críticos, estas informações ainda não são suficientes

para provar que a internet no Brasil já possui um caráter democrático, ou que a

comunicação mediada por computador seja uma realidade. Mas segundo dados da

mesma pesquisa do Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.BR), o a região

Nordeste é a segunda região do Brasil que possui maior número de usuários da

internet em domicílio (27%), perdendo apenas para a região Sudeste (43%). A

região Norte,isolada do centro de decisões do Brasil e considerada desprivilegiada

27
IAB Brasil apresenta dados inéditos da Internet brasileira. BernaBouer.com, 23 mar. 2009.
Disponível em: < http://www.bernabauer.com/iab-brasil-apresenta-dados-ineditos-da-internet-
brasileira/> Acesso em: 15 out. 2009.
34

em relação a políticas públicas e de inclusão digital, detém 8% dos usuários ficando

1% à frente da região Centro Oeste28.

Apuração de dados apontam que classe C é a que mais acessa internet em casa

Além de todos esses dados, o TIC Domicílios 2008 ainda informa que o uso

de centros públicos pagos de acesso à internet, comumente chamados de

lanhouses, apesar de estáveis entre 2007 e 2008, ainda possuem grande

importância no processo de inclusão digital na área rural, que representa 4% dos

usuários da internet – sendo que 8% possuem computador em casa. Na parte da

pesquisa relacionada ao local de acesso à internet, 58% da população rural têm

acesso em lanhouse e 26% acessam em casa29. Veja a imagem abaixo:

28
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. TIC Domicílios 2008: Pesquisa sobre o uso das
Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil. Março, 2009. Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/slti/090327_tic_domicilios.pdf>
Acesso em: 15 out. 2009.
29
Idem.
35

É pertinente afirmar que embora haja meio de comunicação que possua um

alcance muito maior na população brasileira como a radiodifusão e a televisão, a

internet não é mais um meio de comunicação de pequeno alcance populacional. As

recentes políticas de inclusão social adotadas pelo Governo Federal, tais como

Programa Estação Digital, Centros de Inclusão Digital, Kits Telecentros e Programa

Banda Larga nas Escolas (www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/outros-programas),

têm se mostrado eficazes. A própria curiosidade do cidadão e da juventude brasileira

na web auxilia no sucesso de tais políticas.

O ensino educacional da rede pública também tem sido um dos principais

canais para possibilitar a inclusão digital. A maioria das escolas públicas já adota,

em suas grades curriculares, a disciplina de computação – ou informática. Os

laboratórios usados para as aulas também ficam disponíveis para o uso da

comunidade onde a escola pública está inserida, em horários opostos aos das aulas.
36

Nas periferias das cidades, esses tipos de telecentros e lanhouses são

verdadeiros pontos de encontro de jovens e adultos. Seduzidos por sites de redes

sociais como Orkut e Youtube, sites de compartilhamento de arquivos e bate-papos

(MSN), esses usuários conseguem enxergar a capacidade de mobilização social que

há na internet e começam a usá-la para promover eventos da comunidade, bem

como seus próprios trabalhos artísticos. A exemplo temos a série Lan-House do

programa Central da Periferia da TV Globo, apresentado por Regina Cazé em 2008.

Durante a série, a apresentadora visitou periferias onde casas residenciais viraram

centros de inclusão digital.

Como se já não bastassem todos esses argumentos, há ainda a grande

quantidade de perfis brasileiros em redes sociais. O Brasil é o quarto país que mais

utiliza sites de redes sociais, segundo a pesquisa da consultoria americana

Universal McCann, ficando atrás de Rússia, Índia e China. Para dar mais

credibilidade a essa pesquisa, os dados do Ibope Nielsen Online mostram que o

tempo de navegação por pessoa subiu 10% nas páginas de comunidades virtuais,

alcançando 4 horas e 57 minutos.

Em 2009, 69% dos internautas brasileiros afirmaram possuir perfis em redes

sociais, de preferência no Orkut (75%).30

Em agosto de 2009, o criador do Facebook, Mark Zuckerbeg, deu uma

entrevista ao canal de televisão MTV Brasil sobre a espantosa migração de perfis

brasileiros do Orkut para o Facebook. Mark acredita que isso aconteceu devido à

tradução da rede para o português em dezembro do ano passado. O Ibope Nielsen

30
Brasil é quarto lugar no uso de redes sociais. Jornal do Commercio, Pernambuco, 26 ago. 2009.
Disponível em: <http://www.postx.com.br/socialnews/?p=498> Acesso em: 21 out. 2009.
37

Online divulgou, em outubro de 2009, que o número de usuários do Facebook

dobrou: de 2,7 milhões de brasileiros em maio para 5,3 milhões em setembro 31.

Não há como fugir do fato: a internet é acessível no Brasil e tem conseguido

cada vez mais usuários devido ao seu caráter democrático. As redes sociais são um

dos principais recursos que atraem mais usuários, em sua maioria, sedentos em

compartilhar informações sobre si, sobre o seu cotidiano, sobre sua comunidade e

principalmente consumir informações passadas por outros usuários. As rede sociais

permitem que qualquer um crie uma comunidade, um grupo de discussão sobre

qualquer assunto ou informação, compartilhe informações, fotos, áudios, vídeos,

com qualquer pessoa do país.

Marcelo Träsel, em um recente artigo apresentado no GP de Cibercultura do

XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom) em setembro de

2009, afirma que passamos da cultura de massa para a cibercultura. Aquela prezava

pelo “monopólio dos profissionais sobre a circulação de informação”; e esta prima

pelo “acesso universal aos meios de comunicação”.

Não é mais necessário que o jornalista por meio de seus critérios de valor-

notícia e seu próprio julgamento, mostre ao público a notícia que é relevante para

conhecimento em tempos atuais. Na cibercultura, a função de gatekeeper do

jornalista é relegada e dá-se lugar à descoberta do informado como produtor de

informação. Ao alcance de um clique, um download, um link, cada um se torna um

produtor de informação.

Este cenário começa a exigir que o profissional reavalie os seus critérios,

conceitos e valores para poder acompanhar a instantaneidade das redes sociais.

31
FELITTI, Guilherme. Número de usuário do Facebook no Brasil dobra em cinco meses. IDG Now!,
São Paulo, 21 out. 2009. Disponível em: <http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/10/21/numero-de-
usuarios-do-facebook-dobra-no-brasil-em-5-meses-diz-ibope/> Acesso em: 21 out. 2009.
38

Mais que isso, obriga os jornalistas a reverem suas posturas em um sociedade

democrática que se estabelece, gradativamente, no meio virtual das redes sociais e

da comunicação mediada por computador.

A democratização da informação não é uma conquista que se dê tão rápido,

principalmente no Brasil, onde ensina-se o fazer jornalismo da mesma forma que era

há 10 anos. Muito menos pode-se dizer que o público irá exterminar a profissão de

jornalista. Democratizar a informação significa ter acesso aos processos de

circulação da notícia e assim, ser produtor de informação cada qual com as suas

peculiaridades, conforme afirma Träsel:

Alguns autores tendem a interpretar o fim do monopólio da


imprensa sobre a circulação de informação como um sinônimo de total
horizontalidade e ausência de mediação nas redes de computadores.
Embora a tecnologia de fato permita a comunicação omnidirecional – cada
aparelho conectado à rede pode se comunicar com todos os outros
aparelhos conectados - , não decorre que as relações de poder e
processos de mediação sejam abolidos [...] O presente trabalho não
pretende sugerir que as fontes e o público possam tomar o lugar da
imprensa como agente por excelência dos meios perversos de circulação de
notícias, mas apontar tendências de mudança na maneira como esse papel
é desempenhado. 32

32
TRÄSEL, Marcelo. Comunicação mediada por computador e newsmaking: o caso do blog da
Petrobrás.In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DA COMUNICAÇÃO, 32, 2009, p 13.
Disponível em: < www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-1919-1.pdf> Acesso em:
30 out. 2009.
39

3. A QUEBRA DA ALIANÇA ENTRE ESTADO E A IMPRENSA (QUARTO PODER)

PELAS REDES SOCIAIS

A importância que a imprensa tem hoje na sociedade civil é incontestável e

de fundamental importância na inserção do cidadão na realidade de seu País. Mas a

falta de fiscalização e legislação têm feito com que ela, a cada dia, detenha a

informação e a repasse para a sociedade conforme queira, ou conforme desejar o

grupo econômico que está por trás de todo grupo de comunicação. A primazia de

trabalhar em função da sociedade, fazendo a intermediação entre sociedade e

Estado, é relegado ao dever de revelar escândalos políticos e corrupções do

Governo.

Roberto Amaral diz que os meios de comunicação da atualidade não narram

ou descrevem o fato, eles interferem no fato de tal modo que se tornam o fato. “São

o novo espaço da pólis, com pensamento próprio, com projeto próprio”.33

Mas até este ano o seu poder de influência não era questionado, debatido,

muito menos contestado pelo Estado de forma autêntica e formal. O Estado não se

preocupava em entrar em desentendimento com a imprensa, pois como

representação institucional da esfera pública, era forte o suficiente para opromover

em momentos cruciais.

Antes de entrarmos em detalhes em relação aos recentes acontecimentos,

é necessário fundamentar a amplitude do poder que a imprensa tem, a ponto de ser

chamada de quarto poder, e, principalmente, conceituar a sólida aliança mantida

com o Estado que foi rompida com o Blog da Petrobrás, o Site do Presidente do

Senado e os Twitters de representantes políticos.

33
AMARAL, Roberto. Imprensa e controle da opinião pública (informação e representação no
mundo globalizado). In: Imprensa e Opinião Pública, Org. Luiz Gonzaga Motta, Brasília. Ed.
Universidade de Brasília, São Paulo, Ed. Imprensa Oficial do Estado. 2002, p. 83.
40

3.1. O cão-de-guarda do Estado

Segundo a doutora em Ciência da Comunicação, Ana Lucia Novelli a

imprensa ocupa papel de destaque na esfera pública, desde o surgimento do Estado

liberal de direito34.

À época, a esfera pública surge com a ascensão da burguesia que tinha

uma necessidade de mudar a ordem política do Estado autoritário vigente. Com o

objetivo de estabelecer uma mediação dos interesses de indivíduos privados e

instâncias do Estado, a burguesia começa a se organizar na forma de sociedade

civil.

No século XVII, surge a esfera pública burguesa que compreendia

basicamente funcionários do Estado, profissionais autônomos, grandes proprietários

e produtores de mercadoria.

A esfera pública burguesa pretendia criar um espaço de discussão política,

mas com um desejo pretensioso de modificar o princípio de dominação que estava

em vigor. Segundo Novelli, a esfera pública pode ser compreendida a partir do

surgimento do seguinte cenário:

Dicotomia entre o público e o privado, representados pela sociedade civil e


o Estado; surgimento de uma esfera social interessada no aspecto
público/político do Estado e da sociedade; crescente relação do privado
como esfera da intimidade, bem como do público como esfera social do
trabalho e do mercado de trocas; e crescente emancipação do mercado
decorrente do fato de que o interesse econômico privado passa a ter
relevância pública.35

É viável afirmar que, a partir deste cenário, não é possível esperar que os

interesses das classes desprivilegiadas fossem representados, embora a esfera

pública burguesa afirmasse que seus mecanismos de regulação e dominação

34
NOVELLI, Ana Lucia. O Projeto Folha e a negação do quarto poder. In: Imprensa e Opinião
Pública. Org. Luiz Gonzaga Motta.Brasília,Ed. Universidade de Brasília, São Paulo,Ed. Imprensa
Oficial do Estado. 2002, p. 181.
35
Ibdem p. 182.
41

tinham como princípio o acesso de todos. É por conta desse princípio que a ação

política da esfera pública burguesa desaparece, e deixa para o Estado a função de

interferir nas trocas das pessoas privadas.

Há uma inversão de competências, passa-se a ter um Estado privatizado e

uma sociedade estatizada que destrói a base da esfera pública, que prezava pela

separação entre Estado e sociedade.

Com ausência da esfera pública, surge um novo setor público que ainda

segundo Novelli, não está nem na esfera pública, nem na privada. Neste setor

intermediário, “os setores estatizados da sociedade e os setores socializados do

Estado” (p. 183) se interpenetram sem a presença das pessoas que pensam e

constroem política. Integram a esse setor instituições, partidos políticos, que

surgiram na esfera pública.

A partir desse contexto, o ressurgimento e a evolução da esfera pública

surgem no mesmo percurso da evolução da imprensa. É nesse auge de atuações

políticas que o conceito da imprensa como instituição que representa a esfera

pública por essência é compreendido.

A evolução da imprensa se transforma em cenário da evolução da esfera

pública, e torna a imprensa a principal responsável pelas alterações estruturais do

seu conceito. Novelli divide a evolução da imprensa em fase, como veremos a

seguir.

3.1.1 Imprensa da informação

No século XIV, havia a troca constante de correspondência entre um grupo

restrito que trabalhava com o comércio de mercadorias. O assunto de cada


42

correspondência era o mesmo: informações para o cálculo comercial sobre a

circulação das mercadorias em várias regiões.

Mesmo que de forma inconsciente e de forma ainda muito primária, o

jornalismo que se estabelecia nessas correspondências já trazia características de

imprensa – como veio se conhecer no futuro. As características são:

- comunicação se estabelece como um elo entre indivíduos privados;

- tipo de jornalismo criado e mantido por indivíduos privados;

- as correspondências se transformam num meio de divulgação da

informação de uma realidade específica;

- o conhecimento produzido nas correspondências é perecível por conta da

instantaneidade da informação.

Embora possuísse todas essas características de imprensa, ainda não

possuía o essencial da imprensa: a acessibilidade. Essas correspondências não

eram acessíveis a toda a sociedade, mas apenas aos grupos que estavam

relacionados ao comércio de mercadorias.

3.1.2 Imprensa de Opinião

Caracterizada pelo surgimento do jornalismo literário na Europa. Ao invés

de correspondência para avisar ou notificar, surgem as comunas e jornais onde

autores e organizações políticas se apossavam para conseguir com que suas

argumentações fossem lidas e difundidas.

Os jornais se tornam porta-vozes e condutores de opinião pública, tendo

como objetivo afirmar a função crítica de seus textos, deixando o lucro para o

segundo plano. A imprensa surge como instituição do público debatedor.


43

3.1.3 Imprensa Comercial

Há o efetivo estabelecimento do Estado burguês de direito e a legalização

da esfera pública politicamente ativa. Este novo cenário dispensou a imprensa de

atuar como principal ambiente de debate dos direitos privados, e ela, então, pode

voltar a ter como objetivo principal o lucro e se transforma em uma empresa

comercial.

Nos anos 30, do século XIX, começam a surgir os anúncios e o jornal passa

a ser compreendido como um empreendimento que produz espaço para anúncios,

sendo influenciado pelos objetivos dos grupos econômicos anunciantes.

Sobre esses novos objetivos, a imprensa argumenta dizendo que esse tipo

de mercado autônomo propiciará instituições adequadas que irão estimular os

processos de comunicação, e que sejam capazes de apoiar uma política

democrática e conquistar liberdade por meio do controle e coerção do Estado.

No entanto, as críticas formuladas a essa teoria tem reunido evidências


suficientes de que o mercado, longe de reproduzir o ideal liberal de mercado
livre de ideais, tem se estruturado na forma de monopólios e oligopólios e
produzido uma despolitização geral dos conteúdos. 36

3.2. Ausência de regulamentação propicia caráter libertário da imprensa

Para justificar a sua decisão em abdicar da função social de promover

discussões e debates a respeito de políticas governamentais e assuntos de

interesse público, a imprensa informa que mantendo independência em relação ao

Estado e investindo em criar espaços para anúncios poderá ser mais eficaz na hora

de informar. Surge então a “Teoria Libertária da Comunicação”.

36
NOVELLI, Ana Lucia. O Projeto Folha e a negação do quarto poder. IN: Imprensa e Opinião
Pública. Org. Luiz Gonzaga Motta, Brasília, Ed. Universidade de Brasília, São Paulo, Ed. Imprensa
Oficial do Estado, 2002, p. 181.
44

Nesta teoria, o Estado deve garantir uma estrutura estável que permita a

interação das forças individuais e não interferir – o que a imprensa chama de

censura – no trabalho da imprensa. A imprensa impõe-se como fiscal das ações do

Estado. “A imprensa existiria para manter o Estado longe de possíveis abusos e

desvios autoritários” (p. 187), ou seja, um cão-de-guarda (watchdog) atento para

todos os movimentos arbitrários, a favor da democracia. Mas esse cão não teria

dono, pois caso o próprio dono caia em irregularidades, como seria possível ele

denunciá-lo?

Surge,também, outro termo para a imprensa dentro deste conceito libertário.

Na Inglaterra, no século XX, o Parlamento inglês era composto por três poderes: o

temporal, o espiritual e o dos comuns. E a galeria onde ficavam sentados os

repórteres e fotógrafos de diversos veículos de comunicação, observando e

relatando todos os acordos e leis que eram discutidas no Parlamento, foi dito que se

transformou no “quarto dos poderes”, ou quarto poder, tamanha era a influência

exercida pela imprensa em casos como esses.

O termo passou a ser usado também nos Estados Unidos, em paralelo aos

Poderes da República, que também são três: Executivo, Legislativo e Judiciário. E

assim popularizou-se em todo o mundo.

A imprensa não era um poder instituído de fato, mas como indica Novelli se

tornou um poder de direito, o único capaz de apresentar e debater de modo “isento”

a causa pública.

O princípio de cão-de-guarda e quarto poder logo se apresenta como um

paradigma da teoria libertária, no qual até hoje a imprensa se baseia para se

defender de críticas. E foi por meio desses conceitos que a imprensa se firmou como

uma instituição de coerção do Estado e conseguiu com ele uma aliança tão forte a
45

ponto de não ter regulação própria sobre a sua atuação e muito menos mecanismos

de fiscalização, ou onde se possa debater os abusos cometidos por ela.

Segundo Roberto Amaral, o poder, que estava na mão da população na

democracia aclamada pela democracia representativa, migrou para as mãos dos

donos da informação que cotidianamente se dedicam ao trabalho de “orientar” as

massas. E mais, trabalham para a manutenção do status quo, com relação de troca

de interesses com o Estado, firmando uma coerência muito forte entre os interesses

instalados no Estado e os interesses representados pela mídia. “Nesse sentido, eles

não são meros reprodutores passivos da sociedade, mas, principalmente, defendem

esse modelo de sociedade”37, juntamente com o Estado.

Mais do que isso, Amaral afirma que a imprensa toma postura de

organismos extra-estatais que passam exercer funções públicas. Funções estas que

antes eram reservadas ao Estado e à política. E cada dia que passa, aliadas a

grupos econômicos neoliberais, deixam as questões sociais à margem da

divulgação através dos meios de comunicação A falta de exercer sua

responsabilidade social, aproxima a imprensa ainda mais do conceito de empresa

comercial e não mediadora dos interesses públicos.

O Estado não quer se divergir da imprensa e por isso não a domina, não a

regulariza, porque caso isso ocorra, sabe que a aliança firmada com ela desde sua

formação no Brasil, serão expostas. Sabe também que perderá o apoio em

momentos decisivos como eleições, impeachment, crises políticas e econômicas,

etc.

Ela não está apenas a serviço do poder, como aparelho ideológico do


Estado [...] Ela atua na constituição do poder, tem assento no Olimpo,

37
AMARAL, ROBERTO. Imprensa e controle da opinião pública (informação e representação no
mundo globalizado) In: Imprensa e poder, Org. Luiz Gonzaga Motta. Brasília, Ed. Universidade de
Brasília. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 84.
46

senta-se ao lado do Príncipe, como um par. A imprensa não tem


contradições com o sistema e quanto entra em conflito com o governante é
porque, antes, este entrou em contradição com o poder. [...] Afirma-se que é
agente no processo político-ideológico, com interesses próprios (como
grupo econômico que é) na mesa de composição dos interesses
dominantes do meio da hegemonia de classes que controla o Estado. 38

É utilizando esse poder que a imprensa se impõe como mecanismo eficaz

na defesa de interesses próprios e de grupos que com ela mantêm aliança. Como

exemplo há a vitória de Fernando Collor para presidente em 1994, com campanha

apoiada pela Rede Globo e totalmente manipulada. Há também os envolvimentos

em crises políticas cruciais como o caso do Mensalão, onde era possível notar o

interesse da emissora (Globo) em depor o presidente Lula. E vários outros

fenômenos que são cada vez mais fortes em toda a história do Brasil.

A falta de regulamentação faz com que esse poder só cresça, com que ela

só consiga mais liberdade para interferir em fatos e manipular a seu gosto. E o mais

interessante disso tudo é que mesmo se impondo como um poder, não se submete

à mesma fiscalização dos outros poderes.

E à medida que mais se transnacionalizam e se globalizam, mais os meios


de comunicação se livram de qualquer controle das sociedades sobre as
quais atuam. Livres,encontram-se diante da inexistência de uma
regulamentação externa eficaz, produto da fragilidade do Estado-nação e da
decadência da soberania clássica, acentuada pela globalização neoliberal
39
que minimiza a capacidade regulatória dos Estado.

3.3. A virada do jogo: Estado questiona o quarto poder

Até este ano (2009) a relação que o Estado mantinha com a imprensa, era a

mesma que há 200 anos. Trocas e acordos constantes de ambas as partes e

principalmente os interesses de determinado grupos eram defendidos pela grande

38
AMARAL, Roberto. Imprensa e controle da opinião pública (informação e representação no
mundo globalizado). In: Imprensa e poder, Org. Luiz Gonzaga Motta, Brasília, Ed. Universidade de
Brasília, São Paulo, Ed. Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 86.
39
Idem
47

mídia. Mas foi no começo deste ano, mais especificamente em fevereiro, que o

cenário se modificou.

Em 2006, o empresário Jack Dorsey criou o Twitter, um microblog onde o

usuário responde à pergunta “What are you doing?” (O que você está fazendo?) em

apenas 140 caracteres.

Apesar de ter sido criado há três anos, o seu sucesso mundial se deu

apenas em 2008, durante a campanha dos presidenciáveis dos Estados Unidos,

Barack Obama e John MacCain. No Brasil, o site conseguiu sucesso no final de

2008 e vem angariando cada dia mais usuários, desde então. Cerca de 91% dos

internautas conhecem o microblog, segundo pesquisa do Instituto QualitBest

divulgados em novembro40. Segundo dados do Ibope Nielsen Online, cerca de cinco

milhões de usuários da internet visitaram o site no mês de junho de 2009. Um

aumento de 71% em relação ao mês de maio. O número de usuários na rede social

ultrapassa o dos Estados Unidos, onde elas são utilizadas por 11% dos internautas.

Uma das principais razões para esse fenômeno é o fato de que celebridades

tanto nacionais quanto internacionais têm criado perfis para manter uma relação

mais próxima com seus fãs. No Brasil, o ator global Luciano Huck foi o primeiro a

possuir um milhão de seguidores do seu perfil em menos de um ano.

Mas a escolha por ter um perfil no microblog vai muito além disso, visto que

o perfil do usuário do Twitter, segundo pesquisa da Agência Bullet divulgada em

maio de 2009, são homens, entre 21 a 30 anos, formadores de opiniões. A maioria

possui um blog e envia os links e informações compartilhadas que recebem no

Twitter para os seus amigos por meio de outras ferramentas da web. A maioria usa a

40
DIAS, Tatiana de Mello. 91% dos internautas já conhecem o Twitter, diz pesquisa. Blog do Link
Estadão, São Paulo, 4 nov. 2009. Disponível em:
<http://blog.estadao.com.br/blog/link/?title=91_dos_internautas_ja_conhecem_o_twitter&more=1&c=1
&tb=1&pb=1> Acesso em: 04 nov. 2009.
48

rede social para compartilhar informações e links interessantes e cerca de 80% dos

usuários seguiram ou seguem perfis de agências de notícias, jornais, revistas e

portais de informação.

Os sucessivos escândalos envolvendo o Senado Federal, também foi uma

das razões que atraiu os brasileiros a migrarem para este site de rede social. Alguns

senadores, para esclarecerem algumas informações ou até mesmo aproximar o seu

contato com o eleitor, começaram a se inserir na rede abrindo espaço para diálogo,

e também para muita contestação.

Os grandes veículos de comunicação, que tinham experiência na mídia

online, também entraram no Twitter, fazendo a mesma coisa que em seus portais de

comunicação: atualização instantânea da notícia. A fórmula de post no microblog era

a seguinte: Título da matéria, seguido de link que leva o usuário direto para a página

do portal de notícias onde se encontra a matéria.

Ao contrário dos políticos, os veículos de comunicação não abriram um

espaço para diálogo ou discussão das matérias. Caso o leitor, ou seguidor, quisesse

comentar e confrontar a matéria, teria que entrar no portal de notícias e clicar na

opção de comentários, reservados para cada notícia. Mesmo assim, o comentário

está sujeito a aprovação.

Mais adiantados do que a mídia tradicional, os políticos começaram a sentir

o poder de alcance que tinha o microblog, o que gerou um aumento de políticos na

rede social. Após a aprovação da reforma eleitoral no final de setembro de 2009, o

número de deputados com perfis no Twitter quadruplicou em menos de quatro

meses, segundo o site IDG Now! Em matéria intitulada “Número de deputados que
49

usam o Twitter no Brasil mais que dobra em 4 meses”. Ao todo são 179 deputados,

cerca de 35% do total (513 deputados), representando um aumento de 142% 41.

Já no Senado Federal, o número é mais baixo, mas significante. 42% dos

senadores possuem perfil no site, sendo que todos eles foram criados no ano de

2009, segundo dados do site Webinsider, em matéria intitulada “Nossos senadores

no Twitter: procurando o tom” 42.

Esse número representativo de pessoas públicas, com perfis em redes

sociais,possibilitou que algumas declarações pudessem ser dadas sem sofrer a

edição da mídia brasileira. Começou-se a enxergar no microblog uma possibilidade

de esclarecer inverdades, sem precisar da ajuda do editor de certo jornal ou grupo

de comunicação.

Mas o importante é que não apenas os políticos conseguiram enxergar isso,

mas também as instituições públicas. A primeira a programar uma comunicação

institucional em blogs e redes sociais foi a Petrobras S.A, que em meio a uma crise

com direito a CPI e tudo mais, criou o blog “Fatos e Dados” (

http://petrobrasfatosedados.wordpress.com), um perfil no Twitter (@blogpetrobras) e

um canal no site YouTube com peças publicitárias.

Seu principal objetivo era publicar respostas a informações divulgadas pela

imprensa ou levantadas pela CPI da Petrobrás. Para isso, adotou um método que,

até então, nunca havia sido usado por nenhum órgão público. A equipe de

comunicação da estatal disponibilizava na íntegra as respostas dadas aos veículos

41
Número de deputados que usam o Twitter no Brasil mais que dobra em 4 meses. IDG Now!, São
Paulo, 21 out. 2009. Disponível em: <http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/10/09/numero-de-
deputados-que-usam-o-twitter-no-brasil-mais-que-dobra-em-4-meses> Acesso em: 09 out. 2009.
42
LINS, Álvaro. Nossos senadores no Twitter: procurando o tom. Webinsider, São Paulo, 21 out.
2009. Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/index.php/2009/10/21/nossos-senadores-no-
twitter-procurando-o-tom/> Acesso em: 21 out. 2009.
50

de comunicação, bem como as respectivas perguntas feitas pelos repórteres, antes

que a matéria fosse veiculada e circulasse nos jornais.

Esse método gerou uma crítica forte da imprensa brasileira que declarou

quebra de sigilo tácito entre fonte e jornalista. Então deu-se início a uma série de

editoriais e matérias que se opunham à nova prática de informação da estatal. Criou-

se um clima de tensão entre a imprensa e a Petrobras, que ficou visível o medo que

a imprensa tinha de ser “desmentida” ou “desmascarada” por um órgão público, que

é um dos principais meios que ela utilizou para criar alianças fortes.

A imprensa, até então, um quarto poder e inquestionada formalmente pelo

Estado, perde parte do seu poder, podendo agora ser questionada sobre os seus

métodos de apuração e principalmente sobre seus métodos de ascensão. Quando

eram apenas os twitters de políticos, a mídia não se via ameaçada, agora com o

projeto do blog “Fatos e Dados” ela começava a ser questionada pelo seu principal

concessor e incentivador, que não colocou rédeas às suas práticas. É a quebra de

uma aliança firmada desde seu surgimento. Mas não foi somente a estatal

petrolífera que começou a representar perigo para a imprensa.

Acusado de participar na elaboração de diversos atos secretos no Senado

Federal, que deu empregos a vários parentes de senadores, o presidente da Casa,

José Sarney, levou a equipe responsável pela atualização do site do Senado a criar

o Site do Presidente do Senado, onde há a plena defesa do presidente contra

acusações veiculadas na mídia.

O site não foi tão comentado como o blog da Petrobrás, muito porque não

teve o mesmo caráter de denuncismo ou de veiculação na íntegra das entrevistas.

Apesar dessas características, o site mostrou um mecanismo adotado pelo órgão

representante do Legislativo para poder questionar o teor das matérias, por vezes
51

sensacionalistas, nas acusações do presidente da Casa. Antigamente, essa função

era dos sites pessoais de cada senador, mas agora é a própria Casa que utiliza de

seus recursos financeiros para tentar “esclarecer” a população, diante do grande

fluxo de informação sobre as acusações.

Até mesmo a Presidência da República juntou esforços para criar o Blog do

Planalto, que deixou muito a desejar. Primeiro, porque sua funcionalidade foge ao

conceito do que é um blog. O Blog do Planalto nada mais é do que mais um site

institucional com um formato visual de blog, que tem como principal objetivo mostrar

o cotidiano da Presidência da República, acompanhando os eventos no qual o

presidente esteja presente e promover os atuais e principais projetos, palestras,

anúncios, visitas nos quais o presidente se envolveu e tem despendido esforços

para colocar em prática. Além de dados sobre economia, PIB, Bolsa Família,

Projetos de Lei, etc.

No dia em que foi posto no ar, o blog funcionou apenas por algumas horas e

já ficou fora de serviço por conta do alto número de acessos. A plataforma do blog

foi desenvolvida para aguentar cinco mil usuários acessando o site, mas o número

de acesso foi bem superior, fazendo com que o servidor caísse. Problema

solucionado, os usuários começaram a reclamar pelo fato de que o blog não possuía

uma ferramenta muito importante: o espaço de comentários. O motivo dado pela

equipe do blog é que haviam “dificuldades práticas para administrar essa

interatividade”.

Mas se esse blog não possui comentário, qual interatividade então ele

disponibiliza para poder ao menos se diferenciar de um site institucional comum? Há

um espaço reservado para enquete que nunca foi utilizado. O Blog do Planalto não
52

cumpre com suas funções, muito menos com a principal dela, “dar o primeiro passo

para estabelecer um diálogo cada vez mais próximo e informal”.

No espaço destinado para explicar o motivo de montar o blog, foi informado

que este não pretende questionar a imprensa ou publicar notas sobre notícias

equivocadas, pois já há a Secretaria de Comunicação da Presidência da República

que coloca essas notas ou questionamentos quando necessários.

Mas o Blog do Planalto representa a intenção de retirar barreiras na

comunicação com o cidadão brasileiro. É um mecanismo para se livrar da

manipulação da imprensa. É um caminho sem intermediações com o seu público

alvo, podendo revelar a notícia a partir do seu ponto de vista e não precisar da mídia

para a disseminação dessa informação. Não deixa então de ser um modo alternativo

de produzir informação, com um caráter mais plural e também utilizando recursos

como vídeos, fotos e áudios, dominando os novos recursos oferecidos pela internet.

Apesar de não ser um blog do Presidente da República, este aparece com

certa frequência em vídeos falando sobre assuntos atuais, apresentando algumas

declarações sobre os temas relevantes da semana e convidando o usuário/cidadão

brasileiro a continuar acessando e buscando informação por meio do blog – que se

tornou mais um meio para o presidente se promover.

É fato que esses casos ainda são muito primários e ainda não conseguiram

dominar – ou entender – as ferramentas de interatividade por completo. Talvez por

medo de um diálogo em que seja contestado e obrigado a serem verdadeiros ou, no

mínimo, coerentes. Mas o fato de instituições públicas estarem migrando para a

internet e para as redes sociais, já significa uma falta de paciência com o tipo de

jornalismo que tem sido exercido pela mídia brasileira. E assim rompe com a mídia e
53

cria mecanismos para não depender do incentivo dela para angariar apoios, votos,

aceitações, crédito do brasileiro.

Neste novo cenário que está sendo construído, a imprensa não é mais um

cão-de-guarda, fiscalizando o Estado, mas, sim, o próprio usuário ou brasileiro com

acesso às novas mídias online que fiscaliza não só o Estado, mas também a mídia.

Esta questão está tão evidente que, há três anos, jornalistas de todo o Brasil

se reúnem no MediaOn – Seminário Internacional de Jornalismo Online. Durante os

três dias de congresso, é possível escutar palestras de jornalistas, blogueiros e

recentemente twitteiros que se engajam em discutir o impacto das redes sociais na

profissão. Também é discutido o futuro do jornalismo, bem como o futuro dos

grandes veículos de comunicação. O evento é patrocinado pela CNN e BBC.


54

4. ESTUDO DE CASO: BLOG DA PETROBRAS, SITE DO PRESIDENTE DO

SENADO E TWITTER DE POLÍTICOS

4.1. Blog da Petrobras

Em 5 de maio de 2009, foi criada, no Senado, uma CPI (Comissão

Parlamentar de Inquérito) para investigar possíveis irregularidades encontradas pela

Polícia Federal que podem ter sido cometidas pela Petrobras. Entre as

irregularidades estavam a denúncia de sonegação fiscal e desvios no repasse de

royalties a prefeituras.

Diante o momento de crise institucional, a Petrobras, em menos de um mês,

após a instalação da CPI, criou o Blog “Fatos de Dados”, que ficou popularmente

conhecido como Blog da Petrobras. Desde sua criação (2 de junho de 2009) até os

dias atuais, o blog já tem cerca de dois milhões de acessos.

No dia 5 de junho, foram publicadas, no blog, respostas enviadas pela

assessoria de imprensa da estatal para os jornais Folha de S. Paulo e O Globo, e

também as perguntas feitas por seus respectivos repórteres. O post foi ao ar antes

mesmo que as matérias circulassem em seus jornais. O blog “furou” os dois maiores

veículos de informação do País – algo inédito no Brasil.

Em 6 de junho, a Folha de S. Paulo publicou a matéria “Petrobras usa blog

para vazar reportagens”43 em jornal impresso. A matéria relatou o ocorrido e

acrescentou aspas do gerente de imprensa da estatal, Lúcio Pimentel, que informou

que divulgar e-mails de reportagens em andamento faz parte da política de

transparência adotada pela empresa no blog. O veículo ainda trouxe um advogado

especialista em legislação de imprensa, que informou não haver ilegalidade na


43
Petrobras usa blog para vazar reportagens. Folha de São Paulo, São Paulo, 6 jun. 2009.
Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0606200912.htm> Acesso em: 03 nov.
2009.
55

atitude adotada. O veículo ainda informou que a maioria dos comentários postados

no Blog “Fatos e Dados” a respeito das perguntas e respostas postadas era de

incentivo e apoio à estatal e muitos atacavam os veículos de comunicação e os

jornalistas da imprensa brasileira.

No mesmo dia, O Globo também divulgou uma matéria em sua versão

online, com o título “Petrobras vaza em blog informações obtidas por jornalistas”44.

Esta com um tom mais ácido e carregado de juízo de valor informou que, além de

“violar o sigilo dos órgãos de imprensa”, a atitude tomada pela companhia consiste

em um ato de desrespeito à apuração dos jornais.

Em 7 de junho, a Petrobras divulgou em nota oficial publicada em seu site

(http://www.petrobras.org,br) e também no blog, oito pontos sobre seu objetivo e

conteúdo do Blog “Fatos e Dados”45. O primeiro ponto da nota informa que a

companhia acredita que não houve “quebras de confidencialidade ou ilegalidade na

publicação de perguntas e respostas”. Argumento este que foi amparado pela

declaração do advogado José Paulo Cavalcanti Filho, na matéria da Folha de

S.Paulo: “É apenas uma deselegância com os jornais. Do ponto de vista da

democracia, não é ruim, pois a idéia é que a pergunta vai ao ar, de maneira que

qualquer um do povo toma conhecimento”.

Tal argumento também é confirmado no quinto ponto da nota oficial que

informa que a companhia consultou especialistas que disseram não haver

ilegalidade neste tipo de atitude.

44
Petrobras vaza em blog informações obtidas por jornalistas. O Globo, Rio de Janeiro, 7 jun. 2009.
Disponível em: < http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/06/06/petrobras-vaza-em-blog-informacoes-
obtidas-porjornalistas-756233232.asp> Acesso em: 28 out. 2009.
45
PETROBRAS. Petrobrás divulga nota oficial sobre Blog Fatos e Dados. 7 jun. 2009. Disponível
em: <http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=368> Acesso em: 28 out. 2009.
56

O segundo ponto possui um teor bem mais crítico e ataca diretamente a

matéria dos dois jornais:

Com efeito, a relação entre a Petrobras e os veículos de comunicação que a


interpelam é essencialmente pública. Neste contexto não há espaço para
informação sigilosa, como o verbo “vazar” utilizado no título pressupõe.
Tanto as respostas da Petrobras são públicas quanto as perguntas dos
repórteres também o são, ou deveriam ser.46

Neste ponto, a companhia questiona os métodos de apuração dos veículos

de informação que, na maioria das vezes, são ocultos à população. É senso comum

essas práticas, mas até então não haviam sido colocadas em questão por um órgão

público com tanta confiança e sem pudores. Sendo assim, a imprensa é colocada

em confronto até mesmo com o Código de Ética do Jornalista que diz que todo e

qualquer benefício que o profissional tenha conseguido durante a apuração de sua

matéria ou como critério para apuração deve ser revelado no corpo da notícia.

O terceiro e quarto ponto informam que o ato de publicar tanto as perguntas

quanto as repostas ajuda a estatal a alcançar um nível maior de transparência no

relacionamento com o seu público e reafirmam o compromisso em “prestar todos os

esclarecimentos”.

No sexto ponto, a própria empresa afirma que a blogosfera contribui para

uma relação mais direta com o público alvo, sem a necessidade de “filtros”,

argumento já sustentado neste trabalho no capítulo três. Além disso, contribui para o

“avanço democrático ao possibilitar um diálogo mais profundo”, como é explicado no

ponto sete da nota.

Por último, a Petrobras faz uma das melhores argumentações sobre a

inovação proposta no blog:

Por fim, cabe ressaltar que o objetivo do blog é essencialmente dar


transparência aos processos da Petrobras e não prejudicar o levantamento

46
PETROBRAS. Petrobrás divulga nota oficial sobre Blog Fatos e Dados. 7 jun. 2009. Disponível
em: <http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=368> Acesso em: 28 out. 2009.
57

de fatos e dados de jornalistas. Ao contrário, a divulgação prévia poderá


propiciar aos veículos, inclusive, que justifiquem mais tecnicamente suas
legítimas posições editoriais. Quaisquer que sejam elas, desde que
explicitamente. Opiniões serão sempre legitimadas no entendimento da
Petrobras. 47

Aqui fica evidente o caráter de fiscalização das redes sociais, que tanto

incomodam a imprensa. A neocom exercida, que não precisa de quem regularize

seus atos, de quem diga se é certo ou errado, o quarto poder não está acostumado

com alguém dizendo como praticar um jornalismo, no mínimo coerente, como

sugere a Petrobras.

É por isso que um meio viável para contestar a mídia são as redes sociais,

que além de possuírem um número elevado de adeptos, torna possível o diálogo

profundo sobre qualquer assunto que seja de interesse de um certo número de

pessoas. Tudo que passa a ser de fácil acesso promove a democratização de algo,

e as redes sociais democratizam o acesso à informação, que poucos enxergam

como um bem de consumo, fundamental para a sobrevivência do ser humano.

A discussão ainda ganhou a defesa dos órgãos de imprensa como a

Associação Brasileira de Imprensa que mandou uma carta ao blog considerando a

atitude ilegítima e também a Associação Nacional de Jornais 48 que publicou uma

nota repudiando a atitude tomada pela Petrobras. Essa defesa salienta o argumento

de que até mesmo órgãos criados para ampliar o debate sobre o jornal e a prática

do jornalismo não conseguem se aproximar; ou ao menos tenta analisar, a

indignação que vem crescendo por parte da sociedade civil em relação à forma de

transmitir informação.

47
PETROBRAS. Petrobrás divulga nota oficial sobre Blog Fatos e Dados. 7 jun. 2009. Disponível
em: <http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/?p=368 > Acesso em: 28 out. 2009.
48
MESQUITA, Júlio César. ANJ repudia atitude antiética da Petrobras. Associação Nacional de
Jornais (ANJ), Brasília, 8 jun. 2009. Disponível em: <http://www.anj.org.br/sala-de-
imprensa/noticias/anj-se-manifesta-contra-atitudes-da-petrobras>Acesso em: 8 nov.2009.
58

Em 9 de junho, o jornal O Globo publicou um editorial no qual apontava

como ilegal a ação de publicar as perguntas e respostas e acusando a estatal de ter

errado. Acrescentou ainda que esperava que a Petrobras “ volte atrás nos

procedimentos nada éticos que adotou no atendimento à imprensa” 49.

Então, no dia 10 de junho, a Petrobras anuncia, por meio de sua equipe de

comunicação, publicar as respostas e perguntas dos jornalistas apenas a partir da

meia-noite do dia em que a matéria circularia. Embora não mais praticando o “furo

jornalístico” a imprensa reitera que seu objetivo ainda é publicar matérias que foram

divulgadas sobre a empresa, dados e fatos que comprovem o caráter errôneo,

tendencioso ou parcial de cada uma delas.

A Petrobras, com seu blog, rompeu com o quarto poder, e negou-se a

contribuir para esse modelo de neocom exercido no Brasil. É claro que o blog

também não é de todo democrático, libertário e isento, mas contribui para a

construção de um outro tipo de jornalismo, mais coerente, menos sensacionalista e

com uma apuração pública dos fatos.

4.2. Site do Presidente do Senado

Em março de 2009, o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia deixou o cargo

após a denúncia de que ocultou, em sua declaração de bens, a mansão que

possuía, desde 1996, no Lago Sul, bairro elitizado de Brasília. Este episódio acabou

desvendando outros segredos do Senado sendo alguns deles os gastos de R$ 6

bilhões em horas extras, a criação de 181 diretorias, assim como a utilização de atos

49
Ataque à Imprensa. O Globo, Rio de Janeiro, 9 jun. 2009. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/06/08/editorial-ataque-imprensa-756256898.asp>Acesso em:
28 out. 2009.
59

secretos para nomear, exonerar e promover cerca de 300 pessoas. A maioria das

nomeações era de parentes de senadores.

A incidência do nome de José Sarney nos escândalos e,

principalmente, em 468 atos secretos do Senado, fez com que a insatisfação da

população brasileira com o senador aumentasse a cada matéria publicada pela

imprensa brasileira. Em virtude dessa insatisfação foram criados vários protestos na

internet como o “#forasarney” e o www.tiremobigode.blogspot.com , já citados neste

trabalho.

Alegando falta de espaço fornecido pelos jornais às respostas do Senado e

também pelo próprio senador José Sarney, a Secretaria de Imprensa do Senado

criou em 17 de agosto de 2009, uma página no site do Senado

(www.senado.gov.br/imprensa/comunica) para responder matérias desfavoráveis ao

senador José Sarney e também à Casa. O site também faz a cobertura jornalística

das atividades da presidência do Senado e do cotidiano do presidente.

Nesta página, a Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado também


pretende elucidar fatos e corrigir informações divulgadas pela mídia, sempre
que julgar necessário para o devido esclarecimento da opinião pública.50

Assim como o Blog da Petrobrás, a página coloca em seu objetivo corrigir a

imprensa e “elucidar fatos”. Mas o seu lançamento não foi tão criticado pela

imprensa como o blog, principalmente porque a página não publicou as matérias

com as perguntas e respostas no processo de entrevista e também as publicou

antes que os jornais colocassem em circulação a informação.

A página contém seis canais. (1) Nota à imprensa que “são textos oficiais da

Secretaria distribuídos à imprensa”. (2) Discursos, onde é possível encontrar os

pronunciamentos do presidente da Casa. (3) Reforma no Senado, medidas

50
Sobre o site. Secretaria de Comunicação do Senado, Brasília, 17 ago. 2009. Disponível em:
<http://www.senado.gov.br/comunica/imprensa/sobre.asp> Acesso em: 8 nov. 2009.
60

administrativas tomadas para a “reestruturação do Senado, na gestão do presidente

Sarney, desde fevereiro de 2009”. (4) Mídia em Foco, que traz correções da

imprensa e “esclarecimento da Secretaria de Imprensa a matérias, notas e

comentários divulgados na mídia”. (5) Atos e Ofícios, decisões para a administração

da Casa. (6) Fale Conosco, canal onde é possível entrar em contato com a equipe

responsável pelo conteúdo da página.

O canal que interessa a esse trabalho é o Mídia em Foco e é sobre o

conteúdo postado neste canal que será analisado.

As primeiras publicações se tratavam sobre matérias em que o presidente

era condenado de participar dos atos secretos. As respostas atinham-se a revelar

dados que comprovavam que o jornal equivocou-se em sua apuração.

Mas com o passar de algumas publicações, o teor das notas, cartas e

respostas enviadas aos jornais e publicados na página ficou mais ácido. Foi o caso

da matéria “As empresas que ajudaram a eleger José Sarney” do Portal Exame,

publicada em 3 de setembro de 2009 51.A matéria apresentava uma lista de

empresas que financiaram a campanha de José Sarney e logo na primeira linha

mostrava seu caráter parcial e tendencioso: “Não é toa que José Sarney (PMDB-

AP) está incrustado no centro do poder há mais de cinco décadas”. No mesmo

parágrafo, a jornalista autora da matéria, Giseli Cabrini, informa que o senador

soube construir uma “rede de proteção que inclui amigos e apadrinhados

espalhados pela máquina pública, políticos que lhe devem favores e até mesmo o

presidente Lula”.

51
CABRINI, Giseli. As empresas que ajudaram a eleger José Sarney. Portal Exame, São Paulo, 3
set. 2009. Disponível em: <http://portalexame.abril.com.br/economia/empresas-ajudaram-eleger-jose-
sarney-496259.html> Acesso em: 8 nov. 2009.
61

No sutiã que sustenta a matéria é informado que “cientistas políticos dizem

que empresas que financiam políticos ajudam a perpetuar a corrupção”. A matéria é

concluída com uma relação das cinco grandes empresas que financiaram a

campanha política do senador.

No mesmo dia (3/9/2009), a Secretaria de Imprensa do Senado enviou uma

carta à redação do Portal corrigindo a jornalista não apenas com dados, mas

baseando-se em regras e legislação da prática do jornalismo.

A matéria “As empresas que ajudaram a eleger José Sarney” prima pela
gratuidade e pela falta de observância às regras básicas do jornalismo. Em
primeiro lugar, não havendo qualquer condenação aos senador José Sarney
é indefensável que ele seja exposto como se o tivesse sido.
[...] Não bastasse, o texto não sustenta a linha fina, segundo a qual
“cientistas políticos dizem que empresas que financiam políticos envolvidos
em escândalos ajudam a perpetuar a corrupção...”. Numa desmoralização
do plural sustentado na frase e do pluralismo a que se deve ater o bom
jornalismo, a matéria apresenta apenas um cientista que, segundo o portal
Exame, teria feito afirmativa com conteúdo anunciado (não há aspas na
52
declaração).

Certamente, houve uma ruptura com a ética da profissão visto que nenhuma

prova foi encontrada pela Comissão de Ética do Senado que arquivou os 11

processos em que Sarney estava sendo condenado.

Outra regra básica é a de coerência do sutiã (“linha fina”) com a matéria.

Segundo Thaïs de Mendonça, em seu livro Manual do Foca, o chamado “chapéu” é

colocado acima do título e é utilizado para reforçar o tema da matéria e funciona

como um estímulo para a leitura53. O significado de sutiã é o mesmo só que ao invés

de ser inserido acima do título, ele fica abaixo do título.

Ao se ler a matéria, é possível verificar que o que foi proposto no sutiã não é

o que foi explanado na matéria, onde apenas um cientista político (Gaudêncio

52
Carta enviada à redação do Portal Exame. Secretaria de Comunicação do Senado, Brasília, 3
nov. 2009. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/comunica/imprensa/midiaemfoco.asp> Acesso
em: 8 nov. 2009.
53
JORGE, Thaïs de Mendonça. Manual do foca: guia de sobrevivência para jornalistas. São Paulo,
Ed. Contexto, 2008 p. 221.
62

Torquato) declara a afirmação feita. O outro cientista inserido na matéria (Lúcio

Rennó), além de discordar com a afirmação do sutiã, ainda coloca por água abaixo a

idéia sustentada pela jornalista de que é um problema empresas fazerem doações a

candidatos.

Após a correção com base em regras do jornalismo, a Secretaria comprova

que o presidente foi inocentado devido à falta de provas e que as representações

eram frágeis, sem documentação. É argumentado ainda que ao invés de a imprensa

e a oposição da Casa considerarem as provas, continuaram repetindo

exaustivamente as acusações.

Sobre a acusação de que há uma “rede de proteção” a Secretaria

argumenta, na carta, que a jornalista e o portal assenhoraram-se do lugar de uma

Corte e ignoraram a Constituição, que no 5º artigo e inciso 57, informa que ninguém

pode ser julgado culpado até que seja condenado como tal.

Ao contrário das afirmações do Portal Exame, qe mostrou “se lixar” para o


próprio Manual de Redação da Abril e seque ouviu o outro lado, o senador
José Sarney [...] foi à tribuna do Senado para esclarecer e desmascarar as
denúncias que fizeram contra ele. Se fosse intenção deste portal a isenção
jornalística, bastaria ter se informado dos argumentos e provas
apresentados em plenário e reproduzidos à exaustão em notas à
54
imprensa.

O argumento aqui exposto é uma prova mais explícita do rompimento do

Estado, personificado pelo presidente do Senado Federal, com a imprensa que

sempre procurou cooperar em momentos históricos importantes.

Ao dizer que a portal de notícias está se lixando para o próprio Manual de

Redação, é possível admitir que além de comprovar a manipulação do conteúdo da

matéria, a própria imprensa desconhece, ou não utiliza, os recursos implantados no

principal documento que rege seus métodos de apuração.

54
Carta enviada à redação do Portal Exame. Secretaria de Comunicação do Senado, Brasília, 3
nov. 2009. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/comunica/imprensa/midiaemfoco.asp> Acesso
em: 8 nov. 2009.
63

Fica comprovado que a imprensa é tão acostumada a não ter fiscalização e

se apossou de tal forma de seu poder, que esqueceu como é fazer um trabalho, no

mínimo, apresentável. Mais que isso a carta ainda mostra que mesmo sendo

produtora de informação, ela mesma não se informa ou se informa de acordo com a

realidade que cria para se estabelecer.

As notas que mais chamaram a atenção da imprensa, publicadas no Mídia

em Foco, foram relacionadas à censura prévia do jornal O Estado de S. Paulo a

pedido do filho do presidente, Fernando Sarney, e também sobre a declaração do

presidente no Dia Internacional da Democracia. Vários jornais publicaram

reportagens com críticas à declaração, mas a que mereceu um destaque maior foi a

publicada na revista Isto É.

No dia 19 de setembro de 2009, a revista Isto É publicou uma matéria

intitulada “A imprensa sobre ameaça” falando sobre a censura que os meios de

comunicação têm sofrido em toda a América Latina55. Cenário este que levou a

Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) a convocar um fórum de emergência

para discutir os atos de censura prévia e censura da liberdade de imprensa que tem

se alastrado pela América Latina.

A matéria começa informando que o processo de redemocratização da

América Latina completou dois anos, mas os governantes ainda não se

acostumaram com a liberdade de imprensa. No Brasil, o “caso mais clamoroso” é a

censura judicial do Estadão que foi proibido de noticiar a respeito dos negócios do

filho do presidente do Senado, Fernando Sarney, e sobre a operação Boi Barricada

55
COSTA, Octávio; PARDELLAS, Sérgio. A imprensa sobre ameaça. Isto É, São Paulo, 19 set. 2009.
Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2080/artigo152207-1.htm> Acesso em: 8 nov.
2009.
64

da Polícia Federal, na qual Fernando é alvo de investigações. A censura foi

outorgada pelo desembargador Décio Vieira e durou 49 dias.

No segundo parágrafo foram inseridas aspas sobre o discurso do Senador

no Dia Internacional da Democracia:

A má vontade com a imprensa é crescente. Na terça-feira (15), Sarney


afirmou durante sessão em homenagem ao Dia Internacional da
Democracia, que, no Brasil, “a mídia passou a ser inimiga do Congresso e
das instituições representativas.56

A declaração definitivamente foi um prato cheio para a imprensa, devido às

atuais circunstâncias em que o senador se encontrava. Em meio a uma crise interna

no Senado, uma declaração como esta chega a render vários editoriais em diversos

meios de comunicação, inclusive em blogs e twitters.

Casos de censura à imprensa na Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e

Nicarágua também são citados na matéria. Embora os atos de censura destes

países fossem mais fortes e extremos do que no Brasil, a matéria ainda informa que

é surpreendente:

Mas não deixa de ser surpreendente, para os brasileiros que viveram os


anos de chumbo, ver o presidente Lula falar o que está falando sobre a
linha editora dos jornais.57

Ao longo da matéria, ainda são acrescentadas aspas de especialistas que

comentam a atitude de censura ao jornal Estadão e também sobre o discurso no Dia

Internacional da Democracia. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil

(OAB), Cezar Britto, informa que sem liberdade de expressão não há Estado de

Direito. O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurízio Azedo, afirma

que é fato que os meios de comunicação podem cometer erros, mas que isso não é

56
COSTA, Octávio; PARDELLAS, Sérgio. A imprensa sobre ameaça. Isto É, São Paulo, 19 set. 2009.
Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2080/artigo152207-1.htm> Acesso em: 8 nov.
2009.
57
Idem. A citação se refere ao pronunciamento do presidente Lula ao dizer que a imprensa brasileira
é “capenga” e “especializados apenas em notícias negativas”.
65

motivo de censura visto que “a liberdade é exercida com o propósito de servir ao

bem comum”.

O jornalista encerra a matéria falando que os anos de chumbo voltaram para

a imprensa da América Latina.

Em resposta à Secretaria de Imprensa do Senado envia uma carta à revista

que não é publicada no veículo. A resposta começa da seguinte forma:

Caro Diretor de Redação, se os jornalistas da Isto É tivessem tido o trabalho


de ler o discurso do senador Sarney, feito no Dia Internacional da
Democracia, em 15 de setembro, certamente teriam evitado o erro de
informação e a enganosa acusação de que o presidente do Senado teria
adotado postura contrária à liberdade de expressão58.

Outra crítica embasada nos métodos de apuração dos veículos de

comunicação está enfatizando a falta de interesse em sequer manter-se informado a

respeito do objeto de acusação – no caso a declaração do senador. De fato, a

matéria usa aspas do discurso apenas na parte em que o presidente argumenta

contra a imprensa, não há nenhuma outra citação sobre o resto do discurso.

Aliás, os autores da matéria não teriam incorrido em erro se tivessem


consultado a própria IstoÉ, edição de 3 de maio, que, pela primeira vez,
entrevistou o presidente sobre o tema. Está lá registrado o pensamento do
senador: “A grande crise é da democracia representativa. O que representa
melhor a sociedade é a imprensa, as ONGs ou o Parlamento? [...] O
Parlamento perdeu sua sacralidade. A instituição está ameaçada por
mecanismos de democracia direta, até mesmo pela internet.59

Tem-se então um típico caso onde a imprensa é criticada sob argumentos

baseados em suas próprias matérias anteriores. Neste caso, é ainda um pouco mais

rico porque entrevistou o personagem alvo de sua crítica, em maio, sobre o mesmo

tema – “liberdade de expressão” – em que acusa o presidente de violar.

58
Carta enviada a Isto É e não publicada. Secretaria de Comunicação do Senado, 19 nov. 2009.
Disponível em: < http://www.senado.gov.br/comunica/imprensa/midiaemfoco.asp> Acesso em: 8 nov.
2009.
59
Carta enviada a Isto É e não publicada. Secretaria de Comunicação do Senado, 19 nov. 2009.
Disponível em: < http://www.senado.gov.br/comunica/imprensa/midiaemfoco.asp> Acesso em: 8 nov.
2009.
66

Pode-se afirmar então que, em meio a essas circunstâncias, a imprensa

precisa apurar mais, informar-se mais, tomar cuidado com os pormenores, para

poder enfrentar o Estado. O cão-de-guarda que antes balbuciava informações para

chantagear o Estado está precisando muito mais do que isso para voltar a ser a

“dona da verdade”.

Nestas cartas e notas em respostas aos erros e manipulações da imprensa,

fica claro que o Estado não mais teme a imprensa, mas também não cria órgãos

formais para regulamentar a prática da mesma, apenas o questiona para poder

expor a opinião pública, dados e fatos que podem promovê-lo à aceitação. Mas

também, rompe com os métodos da imprensa e procura meios para questioná-la e,

assim, colocá-la em posição de desconforto obrigando-a a fazer um trabalho mais

coeso, e verdadeiro; comprometida, pelo menos, com a apuração dos fatos.

Sobre o mesmo assunto (discurso de Sarney, censura e fórum da SIP) o

Estadão elaborou uma matéria com um teor não muito diferente da matéria da IstoÉ.

O jornal acrescenta aspas importantes que fazem crítica também à atuação sem

limites da imprensa. É o caso da declaração do cientista político mexicano da

Universidade de São Paulo (USP), Adriano Gurza Lavalle, sobre o motivo do

aumento de censura que a imprensa tem enfrentado na América Latina nos últimos

anos.”Em geral, a justificativa está ligada justamente à grande liberdade que a

imprensa recebeu após essa experiências traumatizantes”. Tais experiências seriam

a era de ditadura que todos os países latinos enfrentaram ou ainda enfrentam de

forma disfarçada ou explícita.

A resposta para essa matéria do Estadão, publicada em 18 de setembro de

2009, sob o título “SIP busca saída para cerco à imprensa”, a Secretaria utilizou os

mesmos argumentos que na matéria da IstoÉ.


67

O “cerco” armado pelas instituições públicas por meio de redes sociais é

encarado pela imprensa como um cerceamento da liberdade de expressão. As

instituições públicas enxergam como correções e esclarecimento de dados que

podem colocar em risco a imagem, como representante do povo. O usuário/leitor é

capaz de juntar todos esses argumentos fazendo apenas um RT (retwitt), montando

um bookmark a respeito do assunto, opinando em seu blog, e disseminando a

informação a uma velocidade que, é claro, espanta.

Mas, mais importante que toda essa interação e troca de informação com ou

sem manipulação na internet é a iniciativa dos órgãos públicos ─ que no caso do

Senado, é um poder ─ em criticar o quarto poder e divulgar os reais fatos da

situação. Se não são tão reais, pelo menos dá o direito da dúvida e questionamento

aos usuários e leitores. Melhor do que aceitar a única argumentação adotada pelo

monopólio dos meios de comunicação do Brasil.

Além de romper com uma aliança, os órgãos públicos acrescentam ao

cidadão mais um veículo para contestar informação, para fomentar opinião, para

definir sua própria argumentação.

É fato que o presidente do Senado é muito mais sagaz em omitir as suas

falcatruas. Mas a diferença de seu trabalho corrupto para o trabalho corrupto da

imprensa, é que ele sabe como omiti-lo, escondê-lo e mais, utilizar da própria

Constituição para se defender e demonstrar que não há irregularidades em suas

atividades.

4.3. Twitter de políticos brasileiros

Como já explicitado neste trabalho, precisamente na introdução deste

trabalho e também no decorrer deste, o número de políticos com perfil no microblog


68

Twitter vem crescendo, principalmente depois da reforma eleitoral que permitiu a

propaganda eleitoral na internet. Cerca de 35% dos deputados federais possuem

perfil na rede e 34 senadores. Todos os senadores migraram para a rede este ano.

Um dos pioneiros a criar perfil na rede foi o atual governador do Estado de

São Paulo, José Serra (PSDB), que hoje conta com 137.778seguidores. Em seu

Twitter, há uma enorme atualização de informações feitas durante a madrugada com

temas variados. Em sua página (@joseserra_) o governador comenta suas

atividades enquanto chefe do Executivo estadual, mas também comenta sobre

futebol, literatura e cultura.

Neste ano, em meio à crise no Senado, os políticos com perfil na rede social

aproveitaram o espaço para trocar informações importantes. A mais comentada foi o

post do senador Aloízio Mercadante (PT-SP) em seu Twitter (@mercadante) em que

informava que iria renunciar à liderança do PT. Às 12h15 do dia 20 de agosto de

2008, o senador postou: “Subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da

liderança do PT em caráter irrevogável”.

A atitude divulgada por Aloizio foi um reflexo do arquivamento dos 11

processos contra José Sarney pela Comissão de Ética do Senado. Após seis

minutos em relação ao post anterior, o senado postou novamente, agora criticando a

postura dos senadores Flávio Arns (PT-PR) e Marina Silva (PT-AC) que anunciaram

a saída do partido no dia anterior: “Ao contrário dos que estão deixando o partido,

saio da liderança para disputar, junto à militância, a concepção do PT [em] que eu

acredito”.

A informação de sua possível renúncia, juntamente com o seu objetivo em

disputar a concepção do PT, foi exclusiva de seu Twitter. Nenhum jornal teve o

privilégio de receber esta informação em primeira mão. É esse o motivo porque


69

muitos políticos – antes da reforma eleitoral – criaram um perfil na redes: para poder

manter um relacionamento com seus eleitores/seguidores sem a interferência da

mídia, muito menos de seus editoriais e críticas.

Cerca de 39 minutos depois do último post, Mercadante retorna a postar:

“Recebi telefonema do ministro Múcio avisando que o presidente Lula quer

conversar comigo pessoalmente antes do meu pronunciamento”. José Múcio,

ministro de Relações Institucionais, teria ligado para o senador a pedido do

presidente que parecia ter ficado chateado com a decisão de Mercadante. Com o

telefonema o líder petista transferiu o seu discurso para o dia 21 pela manhã.

No dia seguinte (21), o senador João Pedro (PT-AM) anunciou em seu perfil

(@joaopedrosenado) no microblog, também em primeira mão, antes do

pronunciamento de Mercadante e antes mesmo do senador postar na rede social, a

seguinte informação: “O senador Mercadante entrou em contato comigo hoje de

manhã e disse que permanecerá no cargo. Ele deve fazer o anúncio em plenário”.

A repercussão foi imediata. Três mil manifestações foram postadas em

repúdio à atitude do senador Mercadante. Um exemplo do conteúdo das mensagens

é a do usuário Igor Polaroid que postou o seguinte: “Fui às ruas pelo PT, fiz

campanha pelo PT, votei no PT e hoje você ajudou a decidir o que fazer no futuro:

PT nunca mais”.

Mas não foram apenas os cidadãos/twitteiros que se manifestaram, o

deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) também criticou o senador: “Pobre

Mercadante: até para sair da liderança tem que pedir autorização ao Lula”. O

senador Cristovam Buarque (@Sen_Cristovam) também se prontificou: “Continuará

o líder no pragmatismo da aliança entre Lula, Renan, Colllor e Sarney?”.


70

No mesmo dia, houve o arquivamento dos 11 ações contra Sarney e

senadores de oposição denunciaram na rede social o arquivamento. Álvaro Dias

(@alvarodias_) (PSDB-PR) postou: “O Conselho de Ética rejeitou, por 9 a 6, as

denúncias e representações contra o presidente José Sarney. A oposição vai

recorrer ao plenário”. Paulo Paim (@paulopaim) foi categórico: “A decisão do

Conselho de Ética foi de foro individual de cada senador. Lamento profundamente o

que está ocorrendo”.

O que chama mais a atenção nesta comunicação toda é apenas a

reprodução dos post na rede pela imprensa brasileira. Em momento nenhum, a

imprensa teve acesso a este tipo de informação a não ser ao visualizar o perfil de

tais senadores.

Durante toda a celeuma /questão/ da comunicação feita por Mercadante

sobre a sua saída e o arquivamento de ações contra Sarney,muitos foram os

envolvidos e interessados no assunto fizeram questão de expor suas opiniões, bem

como informações a que tiveram acesso no microblog .

São os políticos, representantes da população brasileira, sem necessidade

da mídia para promover suas ações e até as suas próprias falhas (como

Mercadante).

Nem todos os políticos com perfil no Twitter postam na rede. Muitos deixam

que seus assessores façam isso ou contratam um consultor político para postar. A

maioria dos perfis dos políticos utiliza a rede para se promover. Postam suas

agendas oficiais, obras inauguradas, Projetos de Lei aprovados, etc. Poucos se

atêm para o caráter interativo da rede social, que pode possibilitar um diálogo com o

eleitor e a população brasileira, muito mais eficaz. Outros preferem ficar alfinetando
71

membros da oposição para conseguir mais seguidores e assim, maior visibilidade na

rede social.

Mas o importante é notar que, mesmo com poucos políticos aderindo à

comunicação direta com o público através do Twitter, a imprensa tem começado a

reportar as conversas e informações postadas pelos políticos, ao contrário do que

acontecia anteriormente – quando o político procurava a imprensa para poder

divulgar as suas ações.

Há uma crescente independência da mídia por parte de políticos e

organizações públicas, principalmente para cooperar para uma informação sem

barreiras, sem interferência dos juízos de valores da mídia. A cada exemplo visto

aqui, é possível notar o quanto as redes sociais têm possibilitado para que esse

cenário se amplie na comunicação do Brasil.


72

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não restam dúvidas de que a imprensa para poder sobreviver terá que

repensar a sua fórmula de fazer jornal. Terá que fazer um jornalismo de qualidade,

um jornalismo online, um jornalismo que está disputando audiência com usuários de

redes sociais.

O jornalista Luiz Nassif decretou: “O jornalismo tradicional acabou” 60 ,e não

é porque as informações nas redes sociais são de alta qualidade, mas porque o

jornalismo exercido no Brasil é muito ruim. Por falta de compromisso com a verdade

e com a informação, os usuários/cidadãos começam a encontrar nos perfis em redes

sociais, um tipo de informação mais atrativa que a publicada em jornais.

O jornalismo de dossiê adotado pela imprensa colaborou para que o Estado

tomasse atitudes para se defender das acusações deturpadas da imprensa que,

sem limites e regras, cria fatos, gera necessidades. “A imprensa define quais são os

crimes [...] e quais as punições”61 e para se defender o Estado por meio de órgãos

públicos encontrou nas redes sociais um espaço para transmitir informação e

questionamentos sem a interferência da imprensa.

Por mais que os órgãos instituídos para defender a imprensa se oponham a

esse método, a sociedade civil, usuária da internet, encontra nesse método uma

aproximação com a democracia, a personificação do seu voto. A comunicação sem

barreiras entre o cidadão e o Estado, o aproxima da democracia direta e não

representativa, alcançando assim um fluxo de informação que chega a ele sem a

interferência da imprensa.

60
Informação cedida em entrevista para a estudante Ana Paula Bessa, em evento realizado pelo
Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB) chamado Blogosfera e mídias do século XXI.
61
KUCINSKI, Bernado. Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o colapso da razão ética. São
Paulo,Ed. Fundação Perseu Abramo, Ed. Unesp. 2005, p.67.
73

Ela viabiliza, por exemplo, o exercício da democracia direta, mesmo em


sociedade de massa, ou pelo menos da expressão plebiscitária sobre temas
controversos. [...] É uma mídia muito mais adequada [...] pela qual o
cidadão cumpre suas obrigações ou exerce seus direitos diretamente por
intermédio da internet, acessando portais de autoridades e serviços
públicos. 62

O desespero da imprensa no caso do Blog da Petrobrás mostrou como ela

está despreparada para aceitar que a informação não precisa mais ser um Tratado

de Tordesilhas, onde cada família possui um feudo da informação, barganhando

para poder lucrar cada vez mais com a apropriação dela. A democratização da

informação significa que todos poderão informar e transmitir informação, tornando-se

em mais um concorrente.

É claro que os veículos de grande mídia ainda não perderam sua total

credibilidade com a população brasileira, mas ficou mais do que provado por meio

de dados explanados neste trabalho, que ela não se modernizou a ponto de

conseguir acompanhar a evolução tecnológica da própria sociedade.

O jornalismo feito nos portais dos grupos de comunicação é o mesmo que

está presente em sua versão imprensa, televisiva, etc. Apresentando apenas um

número menor de parágrafos e mal acabados. Não existe um jornalismo online ainda

no Brasil porque não se estuda métodos eficazes de se fazer jornalismo na internet.

Não existe ainda um profissional preparado para entender as comunicação e

informação online.

Quem está ganhando audiência na internet são os usuários de redes sociais

que possuem interesse na informação, ou que estando no local onde aconteceu um

fato conseguem fazer o que a imprensa não sabe, mostrar a verdade através de

vídeos, imagens e textos curtos. E é provável que cada vez mais usuários comecem

a publicar seus relatos como forma de criticar a apuração da imprensa.


62
Kucinski, Bernardo. Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o colapso da razão ética. São Paulo,
Ed. Fundação Perseu Abramo, Ed. Unesp. 2005, p. 78.
74

O Estado para questionar o poder da mídia muniu-se de conhecimento de

manual de redação, métodos de apuração jornalísticas e teorias da comunicação, e

além de informar dados ainda a repreende acusando-a de não cumprir com os

“princípios básicos do jornalismo” conforme já relatado neste trabalho.

A imprensa impõe-se como um poder de direito, mas está perdendo cada

vez mais sua influência deixando em evidência as suas falhas e manipulações. Fica

explícito como está em situação frágil perante a sociedade que agora pode obter

informação dando um clique com o mouse.

Com a reforma na lei eleitoral os brasileiros estão sendo incentivados a

acompanhar passo a passo do seu candidato para saber cobrar e questionar suas

atitudes. Os políticos já estão sofrendo retaliações por meio do eleitorado virtual

sobre suas atitudes e posicionamentos e agora, depois da reforma, terão que tomar

cada vez mais cuidado ao se envolver em “atos secretos”. Terá que estar aberto ao

diálogo e a questionamentos de usuários de diversos lugares e classes sociais, e

principalmente, interagir com ele.

As redes sociais estão aproximando o cidadão do espaço público para a

discussão política social, que antes era gerido pela imprensa. A própria sociedade

através das redes sociais, consegue criar espaços, comunidades, chats, onde

conseguem sabatinar políticos, organizações. É o interesse público sendo

representado pela próprio público, sem manipulação.

A internet e as redes sociais são heterogenia, mas uma característica que

possibilita a maior aceitação da informação gerada nestes meios. Em um meio

heterogêneo há informação para todas classes sociais, estilos, religiões, raças, etc.

Não é como a imprensa que vive para o neoliberalismo, alimentando a sociedade

com uma informação que interessa apenas à uma classe social. A opinião pública
75

não é mais representada pelas pesquisas de opinião dos grupos de comunicação,

mas pelo Trend Topics63 do Twitter.

A imprensa não é mais um monopólio da informação. Este argumento é

respaldado pelo discurso de Luiz Nassif que diz:

Gradativamente o profissional de jornalismo será valorizado pelo seu


domínio em redes sociais, bancos de dados internacionais, que saiba
utilizar o Twitter, porque acabou o monopólio da notícia pelos grandes
jornais. E com o advento da internet e com o alto fluxo de informações
disseminadas até o sistema político irá mudar64

O jornalista do futuro deverá saber como inserir movimentos sociais, ONGs,

associações, municípios nessas redes sociais de informação, pois estes terão cada

vez mais anseio de ser produtora principal de informação das suas próprias notícias.

Não será preciso conhecer um jornalista de redação para poder veicular notícia,

bastará apenas conhecer as técnicas de informação das redes sociais e criar sites

institucionais cada vez mais respaldados por essas redes.

Há ainda uma discussão se o jornalista irá virar um gerenciador de conteúdo

ou um arquiteto da informação. É muito mais profundo do que ambos os conceitos.

O jornalista deverá conhecer como a informação se dá na internet, saber analisar as

fontes seguras, saber usar usuários da internet como fonte de informação. Também

deverá saber linkar feeds de notícias direcionando o tema que ele cobre. Mas, muito

mais do que isso, o jornalista deverá produzir textos que são enriquecidos pela

apuração detalhada de informações na web. Deverá enriquecer o seu texto com

links, vídeos, imagens que foram obtidos em redes e sites do mundo inteiro. Ele

deverá ser um jornalista que conhece bem o centro global de informações que é a

internet.

63
Relação dos assuntos mais comentados no dia no microblog.
64
Informação cedida em entrevista para a estudante Ana Paula Bessa, em evento realizado pelo
Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB) chamado Blogosfera e mídias do século XXI.
76

A democratização da informação está apenas no começo e a inserção do

Estado nesse novo meio de comunicação, possibilita que a imprensa perca a sua

representatividade aos poucos, gerando assim espaços públicos de discussão

democrática sobre o interesse público.

Através deste estudo foi possível entender que autores como Roberto

Amaral, que acreditavam que a tecnologia não pode representar um passo para a

democratização da informação, estavam equivocados neste argumento.

Se a democratização dos meios de comunicação é ponto de partida para a


democratização da sociedade brasileira (o que implica descentralização), é
impossível pensar em meios democráticos em sociedade autoritária. Não é
a tecnologia que define o uso, mas a política. A mudança no plano político,
porém, depende do papel desempenhado pelos meios de comunicação que,
no Brasil, têm lócus próprio, no qual exercem papel próprio. Aqui são
agentes. Como romper o círculo?65

Ao contrário do que pensava Amaral não foi necessário que a imprensa

exercesse um papel mais democrático para que o plano político assim o tornasse. O

Estado (plano político) foi quem tomou uma postura de aderir à redes sociais de

informação – um ambiente democrático – para desmistificar as informações

transmitidas pela imprensa. Logo, se o Estado toma essa postura e a sociedade

enxerga como positiva – como foi o caso do Blog da Petrobras e do Twitter de

políticos – um passo para democratização da informação foi dado, sem que a

imprensa aceitasse. E este foi a quebra do ciclo, a quebra da aliança com o quarto

poder, que possibilitou o início de um fluxo significativo de informações produzidas

pelo Estado, usuário e sociedade civil.

De fato, se estabelece uma disputa dos usuários das redes sociais e até

mesmo do Estado, em conquistar mais um passo para a democratização da

informação.

65
AMARAL, Roberto. Imprensa e controle da opinião pública (informação e representação no
mundo globalizado). IN: Imprensa e Poder. Org. Luiz Gonzaga Motta. Brasília, Ed. Universidade de
Brasília. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2002 p. 101.
77

Na conjuntura deste cenário atual é pertinente afirmar que a democratização

da informação vá crescendo aos poucos e a imprensa se remodelando, até que se

chegue em um padrão compatível de convivência e qualidade de informação

adequados para uma sociedade democrática.

Mas como todos os acontecimentos históricos, decisões e , principalmente,

mudanças de posturas acontecem. Pode-se acreditar que esta postura adotada pelo

Estado seja positiva para o futuro da informação no Brasil, mas também pode ser

efêmero. Resta-nos então acompanhar cada detalhe e atitudes tomadas

formalmente e subjetivamente, tanto pela imprensa quanto pelo Estado e também

usuários, para saber se estamos trilhando o caminho certo para a democratização

da informação.
78

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