Anda di halaman 1dari 4

Os alunos não aprendem e a culpa é dos professores que não sabem

ensinar! Esse foi o lema durante o meu estágio feito há mais de 20


anos!
Durante uma aula assistida, um aluno perguntou-me que horas eram, e
aqui d’el-rei que o menino estava enfastiado! Para bem dos meus
pecados ainda tinha 27 alunos interessados na aula, que me valeram
para “abafar o incidente”!
Como “o professor é um actor”, fazia-se o pino, entoavam-se as
palavras, passeava-se pela sala organizada em grupos de mesas,
gesticulava-se, levavam-se resmas de imagens, bonecos, retroprojector,
diapositivos… cada aluno era um mundo e o professor tinha que se
desdobrar por 28 / 30 pequenos mundos por hora…
Não interessava muito o produto final, mas sim os processos, os
percursos que cada aluno percorria durante o ano lectivo.
Cada Unidade de Trabalho começava sempre por “sensibilização dos
alunos ao problema de…”
E os alunos ficavam sensibilizados.
Resultou? Sim resultou. Durante muitos anos este tipo de pedagogia
resultou nas minhas aulas e nas dos meus colegas. Os alunos
respondiam aos desafios, experimentavam, eram curiosos, interessados
e aprendiam.
E agora? Como é agora?
Se na pedagogia Freinet tudo era centrado nos interesses das crianças,
porque é que agora não resulta? Quais são afinal os interesses das
crianças e dos adolescentes de hoje?
Agora os interesses mudam todos os dias. Mudam muito mais depressa
do que antigamente. Mudam dois dias antes de se pôr em prática a
melhor pedagogia, a melhor metodologia, as melhores estratégias…
Ah! O zapping! Agora está na moda o zapping!
Hoje gosta-se disto, amanhã gosta-se daquilo. Não presta, deita-se
fora, troca-se, compra-se novo, desfaz-se, muda-se de emprego, de
casa, de canal de TV, de marido, de mulher, de amigos… tudo ao
alcance de um click!
Estamos na era do zapping, do imediatismo, do facilitismo, “do quero
ter já e depois logo se vê”!
As novas tecnologias, os novos sistemas de comunicação, entram-nos
pelos olhos, pelos ouvidos, pela nossa casa dentro, todos os dias e a
toda a hora. E não é mau. Usamo-las. Já não dispensamos o nosso ipod,
a Tv, o PC, o telemóvel, o pocket PC, o iphone, a PSP, a pendrive… e
tantos outros gadgets que nos inundam o dia a dia.
E de repente, toca para a aula e entram-nos 20/30 alunos por uma
porta que se sentam em frente de um quadro negro (ou verde), virados
para uma criatura que os proíbe de utilizar os Mp3 e os telemóveis, e
lhes pede que estejam sentados a conjugar os verbos, a fazer
equações, a ouvir contar os descobrimentos…
E eles que já nascem com a cabeça levantada, que com menos de um
ano de idade percorrem os corredores dos hipermercados em alcofas e
cadeirinhas penduradas nos carrinhos de compras, a levar com
outdoors, cartazes, luzes, sons …
Eles que desconhecem o que quer dizer “concentração”, porque já
nascem com “concentração dispersa”, eles que conseguem estar
atentos a 4 ou 5 coisas ao mesmo tempo, eles que já nascem
hiperactivos, têm que permanecer sentados numa sala de aula a
aprender matérias que não percebem bem “para quê?”
Para quê ler, se viajam mais e melhor através da Net?
Para quê memorizar aquela quantidade de nomes ou a tabuada, se
pode estar ao alcance de um click? Para quê?
Hoje já não “disfarço” os conteúdos como antigamente fazia. Eles não
gostam. Acham que é tratá-los como atrasados mentais. E têm razão.
Para quê projectar “a caixinha” na aula de Matemática, que é
construída em Ed. Tecnológica, é pintada na aula de Ed. Visual, é
cantada em Ed. Musical, é escrita no Português, traduzida em Inglês e
reciclada em Ciências Naturais?
Dar “a seco” os conteúdos, porque afinal assim eles “sabem” o que
estão a aprender.
Também já há salas repletas de computadores, onde os alunos se
atiram vorazmente a cada PC, surfando indiscriminadamente na Net ou
utilizando o MSN e outros programas do género, onde costumam passar
horas a conversar com os próprios vizinhos do lado…
Já não conversam muito entre eles. Falam teclês na Internet, por SMS…
Afinal o que é que querem?
Quais são os seus interesses?
Acabo de ver na Internet o tal vídeo da aluna aos gritos e puxões à
professora, só porque esta lhe retirou o telemóvel enquanto decorria a
aula. Uma turma inteira a faltar ao respeito a uma professora, que
tenta desesperadamente desempenhar o seu papel, que com certeza já
trabalha há muitos anos. Reparo agora que não é só este, mas centenas
deste género de vídeos que mostram cenas em salas de aula onde se
passa tudo, menos ouvir o professor! São escolas em Portugal, em
Inglaterra, no Brasil e pelos 4 cantos do mundo. Mas afinal o que é que
se está a passar?! De repente todos os professores perderam a
autoridade na sala de aula?! E os valores? Ainda são os mesmos valores
que perduram? Respeito é sempre respeito. Falta de respeito há 20
anos é a mesma falta de respeito hoje?
Aqui em Portugal, de há 3 anos para cá tem sido uma alegria com
alguns políticos a denegrirem a imagem dos professores. Nos outros
países não sei. Será que a culpa é dos telemóveis?
São verdadeiros génios os professores que conseguem manter a
disciplina e o interesse dos alunos (uma turma inteira – 28 alunos) numa
sala de aula durante um dia!
Perguntemos aos pais de hoje se conseguem manter os vossos filhos
quietos sentados à mesma mesa a conversar? Quanto tempo dura o
vosso jantar lá em casa? No meu tempo era a hora sagrada em que
estávamos com os nossos pais a conversar à mesa.
São os vossos próprios filhos – devem conhecer-lhes os interesses,
caramba! Quanto tempo conseguem estar à conversa com eles, ou a
ensinar-lhes qualquer coisa? Nem que seja só as boas maneiras? Quanto
tempo conseguem prender a atenção dos vossos filhos adolescentes?
É que eu já tenho dificuldade em fazer isso mesmo com os meus
próprios filhos!
Então, percebam o que é que se pode conseguir sem equipamento
nenhum. Só com uma sala cheia de mesas e cadeiras, um quadro negro
de giz… e 28 pessoas diferentes.
Entretanto proliferam livros e documentários sobre pequenas crianças
ditadoras e pais que pedem ajuda… O que é que se passa afinal?! Os
pais estão a demitir-se e pede-se à escola que os substituam também?
São tantas as questões que gostava de ver debatidas, analisadas,
reflectidas em conjunto com pais, professores, alunos, governantes…
Claro que queremos ser avaliados. Claro que temos sido avaliados. Há
listas de graduação a nível nacional. Estágios, formação anual,
antiguidade… más condições e péssimos salários, agora congelados…
Para quando as Reformas a sério?
Uma coisa eu tenho a certeza, não se conseguirá nada sem o
envolvimento de todos.
Sou mãe de 3 filhos e professora há 28 anos. Nunca tive problemas de
indisciplina nas minhas aulas, mas tem-me saído do pêlo e do tempo
que tiro à minha própria família, dedicando-me à escola a tempo
inteiro, mas até quando?
Os alunos que me aparecem nas aulas são cada vez mais problemáticos.
O seu desinteresse, a falta de empenho e de trabalho crescem
avassaladoramente. As forças vão-me faltando e os resultados são cada
vez menos positivos. E não, não estou a falar dos resultados do
aproveitamento, mas dos resultados das estratégias que utilizamos para
ganhar o interesse dos alunos. Esses são para mim os mais importantes,
porque os outros decorrem naturalmente dos primeiros.
São os programas, as matérias, os fracos recursos de que dispomos, a
própria estrutura em que se sucedem as aulas, as vidas familiares
turbulentas e desequilibradas, a grande disparidade entre a vida lá fora
e o comportamento que se pretende numa sala de aula, que provocam
este desinteresse nos alunos de hoje.
Isabela

Anda mungkin juga menyukai