A GERAÇÃO INTERATIVA
NA IBERO-AMÉRICA
A GERAÇÃO INTERATIVA
NA IBERO-AMÉRICA
COORDENADORES
ESPECIALISTAS COLABORADORES
ENTIDADES COLABORADORAS
EducaRed
Telefônica Internacional, S.A.U.
Universidade da Navarra
COLEÇÃO
Fundación Telefónica
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 6
Esta obra foi editada por Ariel e Fundação Telefônica em colaboração com a Editora Planeta, que não compartilham
necessariamente os conteúdos nela expressos.Tais conteúdos são responsabilidade exclusiva dos seus autores.
ISBN: 978-84-0808-666-6
Depósito legal: xxxxxxxxx
Estão rigorosamente proibidas, sem a autorização por escrito dos titulares do copyright, sob as sanções estabelecidas na lei, a reprodu-
ção total ou parcial desta obra através de qualquer meio ou procedimento, compreendidos na reprografia e tratamento informático, e
a distribuição de exemplares da mesma através de aluguel ou empréstimo públicos.
001-106_GENER_PORT 6/2/09 15:36 Página 7
ÍNDICE
Prólogo,
por César Alierta, Presidente Executivo,Telefônica, S. A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Apresentação
por José María Álvarez-Pallete, Diretor Geral da Telefônica na América Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Introdução
por Manuel Echánove Pasquín,Telefônica América Latina ................................................................... 17
PRIMEIRA PARTE
1. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 21
SEGUNDA PARTE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 31
7
001-106_GENER_PORT 6/2/09 15:36 Página 8
8
001-106_GENER_PORT 6/2/09 15:36 Página 9
ÍNDICE
9
001-106_GENER_PORT 6/2/09 15:36 Página 10
TERCEIRA PARTE
3.1. Panorama da pesquisa sobre crianças, jovens e novas tecnologias ............................................. 207
3.1.1. Pautas de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208
3.1.2. Conteúdos e efeitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
3.1.3. Proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
3.1.3.1. Regulamentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
3.1.3.2. Mediação familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
3.1.3.3. Conhecimento das mídias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223
3.2. Argentina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
3.2.1. Brechas econômicas e regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
3.2.1.1. Acesso à educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
3.2.2. Consumos culturais, mídias e TIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
3.2.2.1. Difusão das TIC: Internet e celulares na mira dos adolescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
3.2.2.2. Culturas juvenis: tribos urbanas na era das TIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
3.2.3. Políticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238
10
001-106_GENER_PORT 6/2/09 15:36 Página 11
ÍNDICE
11
001-106_GENER_PORT 6/2/09 15:36 Página 12
QUARTA PARTE
12
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 13
PRÓLOGO
Para o Grupo Telefônica, a responsabilidade corporativa é um aspecto fundamental das nossas ativida-
des em todos os países em que estamos presentes.Todos os que fazem parte desta na companhia se es-
forçam para transformar em realidade nossa visão de «espírito de progresso», ou seja, melhorar a vida
das pessoas, facilitar o desenvolvimento dos negócios e contribuir para o progresso das sociedades, atra-
vés da oferta de serviços inovadores baseados nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
Com este compromisso, queremos não apenas facilitar o acesso de todos os cidadãos às oportunida-
des que as TIC oferecem, favorecendo a inclusão digital. Nosso interesse é que esse acesso, além disso,
seja feito de forma responsável. Um claro exemplo desta aposta é o projeto Gerações Interativas na Ibe-
ro-América, desafios educacionais e sociais, que nasce com o afã de promover, entre crianças e jovens ibe-
ro-americanos, a utilização responsável das TIC. Trata-se de um projeto fascinante, pois são eles, crianças
e jovens, que construirão o futuro dentro de um contexto marcado pelas novas tecnologias.
Por esta razão, é para mim um motivo de satisfação apresentar este livro, «Crianças e adolescentes
diante das telas. A Geração Interativa na Ibero-América», que significa um ponto de partida no desenvol-
vimento do projeto. Este livro nos coloca diante da realidade concreta da utilização destas tecnologias
por crianças e jovens da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela. A participação de
mais de 80.000 alunos nos permite ter uma idéia da dimensão do projeto. Os dados do estudo estão es-
pecialmente dirigidos a educadores e pais, além de empresas, instituições e à sociedade em geral, com o
objetivo de cuidar para que as TIC se tornem uma ferramenta que favoreça o crescimento pessoal dos
mais jovens.
O objetivo final do projeto é utilizar este conhecimento para desenvolver pautas e ações educativas
em todos os níveis – familiar, escolar e institucional – que nos ajudem a formar jovens experientes nas
tecnologias do presente e do futuro.
Gostaria de concluir estas palavras reafirmando o nosso compromisso com as crianças e jovens junto
à Sociedade da Informação, tarefa que requer compreensão e participação de todos. E obviamente, o
meu mais sincero agradecimento a todos os que, com dedicação e trabalho, fazem deste projeto uma
realidade e um desafio gratificante.
César Alierta
Presidente executivo, Telefónica, S.A.
13
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 14
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 15
APRESENTAÇÃO
O Grupo Telefônica possui mais de 160 milhões de clientes na América Latina, entre os quais um grupo
considerável de crianças e adolescentes. Este fato, além de ser um privilégio, significa também uma
grande responsabilidade. Por um lado, é a geração do futuro e, por outro, estão na vanguarda como
usuários de muitos dos nossos produtos e serviços. Além disso, do permanente contato com a tecnolo-
gia surgem dúvidas - e não poucas - nos âmbitos da educação e sociais.
Nossa companhia não podia mostrar-se alheia a este desafio. Neste sentido, há um ano colocou em
ação uma iniciativa pioneira: o projeto «Gerações Interativas na Ibero-América», em parceria com o Edu-
caRed e a Universidade de Navarra. O trabalho tem três objetivos principais: conhecer o uso e valoração
das telas entre estudantes ibero-americanos, de forma profunda e científica; transferir e repassar esse
conhecimento a todas as pessoas que cercam as crianças e jovens, como pais, educadores e profissionais
sociais, entre outros; e, por último, promover ações de caráter prático – formativas, legislativas e empre-
sariais – que representem um verdadeiro compromisso com esses usuários.
Em seus primeiros meses de trajetória, o projeto já deu importantes passos: alunos da Argentina, Bra-
sil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela participaram na maior pesquisa realizada na região sobre
o uso das telas como a Internet, telefones celulares, videogames e televisão. Mais de 800 escolas partici-
param do projeto e a metade delas já recebeu relatórios personalizados com os resultados da pesquisa.
Além disso, foram publicados diversos materiais educacionais para a formação de famílias e professo-
res, foram ministradas aulas de formação a educadores em vários países e, em breve, esperamos conti-
nuar dando novos passos, como a criação do Fórum Internacional sobre a Geração Interativa ou a imple-
mentação de múltiplas ações de formação e divulgação em diversos países.
Junto com este intenso trabalho de pesquisa e formação, foram criadas iniciativas para divulgar
internamente o projeto no Grupo Telefônica, como também para estimular sua difusão em meios de
comunicação e nos produtos e serviços que oferecemos por meio de publicidade, marketing ou pontos
de venda.
A publicação deste livro constitui agora uma peça a mais neste fascinante mosaico. Suas páginas pre-
tendem ser um instrumento de atualização sobre o conhecimento da Geração Interativa, esperando que
sirva para melhorar o trabalho de todos os que cercamos a vida de crianças e jovens:
pais, educadores, profissionais sociais, instituições e empresas. Antes de tudo, meu agradecimento a
todos os que o tornaram possível, e o desejo de que sua leitura seja interessante e prática.
15
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 16
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 17
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos assistimos a uma generalização do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação
em todos os âmbitos da sociedade. Todos podemos notar pessoalmente, em nosso trabalho e em nosso
modo de nos relacionar com os demais, o impacto desses aparelhos. Mas existe uma faixa etária onde
esta influência é patente e se manifesta de um modo que os adultos custam entender: as crianças e os
adolescentes. Eles se familiarizaram imediatamente com as tecnologias que, para os que têm a respon-
sabilidade de educá-los e formá-los, ainda são grandes desconhecidas. Este fato estabelece importantes
desafios que começam no conhecimento de como se está configurando esta Geração Interativa.
Contudo, este desafio não é novo. Nos anos 50 outra tela revolucionou a sociedade do mesmo modo: a
televisão. Porém, a televisão demorou quase vinte anos para chegar às casas e outros anos mais para se
transformar em objeto de estudo preferente. Ainda hoje propõe numerosos dilemas para legisladores e
estudiosos.
No despontar do século xxi, as novas telas abrem uma nova revolução que, ao contrário da anterior,
transcorreu de forma muito mais rápida. Atraiu o público jovem desde o princípio e gerou problemas e
oportunidades até então desconhecidos. E a geração televisiva se viu na tessitura de decidir e atuar so-
bre uma geração diferente, que cresceu em um contexto social, cultural e educacional muito distinto, e
que, da mesma forma que as mídias interativas, não é linear e não responde a esquemas já conhecidos.
O presente estudo pretende oferecer uma reflexão sobre quais são as características que identificam
a Geração Interativa na Ibero-América de modo particular.
A primeira parte desta monografia se concentra nos dados coletados pelo projeto «Gerações Interativas
na Ibero-América» entre 25.467 estudantes da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela,
durante os meses de outubro de 2007 e junho de 2008. O texto aborda as respostas obtidas dos jovens or-
ganizadas em torno às principais telas e atendendo tanto a questões de uso e posse quanto de valoração.
Ao longo da segunda parte, os autores de cada um dos países participantes no estudo dão um enfo-
que mais profundo às peculiaridades econômicas, educacionais e culturais de cada região, ajudando a
contextualizar e, portanto, a entender melhor os desafios educacionais particulares que esta nova reali-
dade apresenta.
Por último, oferece conclusões globais com o objetivo de reunir as principais diretrizes desenvolvidas pe-
lo estudo, para que sirvam de guia para trabalhos posteriores. Nos anexos também se pode consultar uma
descrição detalhada da amostragem objeto do estudo e dos recursos utilizados para a obtenção dos dados.
17
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 18
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 19
PRIMEIRA PARTE
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 20
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 21
1. METODOLOGIA
Para realizar esta pesquisa utilizou-se como ferra- tando o problema da contaminação (que os alu-
menta fundamental um questionário on-line. O nos leiam primeiro o questionário completo e de-
questionário foi adaptado à idade dos participan- pois respondam) que pode ocorrer em outras pes-
tes, sendo utilizados dois formatos diferentes. O quisas. Impede-se também que terceiros possam
primeiro questionário, composto por 21 pergun- exercer influência nas respostas.
tas, era dirigido às crianças com idades entre 6 e 9 Outra vantagem é a facilidade com que os alu-
anos. O segundo questionário, composto por 60 nos respondem ao questionário, pois estão fami-
perguntas, foi aplicado em estudantes com ida- liarizados com a informática e se desenvolvem
des entre 10 e 18 anos. bem na hora de preenchê-lo. Além disso, este sis-
Os questionários estão disponíveis na página tema permite consultar os dados imediatamente
www.generaciones-i.net/ e a coleta de dados foi após sua gravação, ao finalizar o questionário.
realizada nas salas de aula de informática das Com relação à amostragem selecionada para
próprias escolas. Atribuiu-se a cada escola um có- realizar o estudo, vale destacar que este projeto
digo de participação, assim o acesso dos partici- busca atingir dois objetivos diferentes que reque-
pantes era controlado, protegendo, ao mesmo rem distintas estratégias de amostragem:
tempo, a identidade dos mesmos. Em nenhum
momento se solicitou informação pessoal dos 1. O primeiro objetivo é poder estimar a prevalên-
participantes. cia de diferentes variáveis relacionadas com o
Em contrapartida, para evitar a contabilização uso das telas nos vários países participantes. A
de múltiplas participações de um mesmo usuário, representatividade de uma amostra é obtida,
comprovou-se a repetição das respostas. de maneira ideal, através de uma amostragem
Além disso, existem outros dois elementos de aleatória simples, a partir de uma lista de uni-
controle que garantem a qualidade da informa- dades de amostragem, em que podem ser es-
ção recopilada: a limitação de tempo para respon- colhidos aleatoriamente os sujeitos de interes-
der ao questionário e a presença de um professor se. No caso deste estudo, não existe uma lista
na classe durante a coleta de dados. de alunos por países, nem listas de colégios por
O sistema utilizado nesta pesquisa apresenta país. Em qualquer caso, aplicando as fórmulas
múltiplas vantagens. A mais importante é que ela de amostragem aleatória simples, que exigem
é realizada em um ambiente familiar para o alu- um elevado tamanho de amostras com relação
no, limitando a desconfiança que um lugar desco- a outras amostragens aleatórias, deduz-se que,
nhecido poderia provocar. A presença de professo- com 1.000 pessoas, a margem de erro seria bas-
res ou de pessoal de pesquisa na sala de aula faz tante baixa, de ±3,1%, e um nível de confiança
com que os alunos respondam com seriedade, evi- de 95%.
21
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 22
22
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 23
METODOLOGIA
1.1.2. Descrição geral da amostra serviços de telefonia fixa. Sendo assim, devemos le-
var em conta que a extrapolação e a comparação
A amostra selecionada está formada por estudan- dos dados correspondem apenas às crianças e jo-
tes de escolas urbanas de sete países diferentes: Ar- vens escolarizados das áreas urbanas do Estado de
gentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Ve- São Paulo. Ao longo do trabalho nos referimos uni-
nezuela. No caso do Brasil, a amostragem foi camente aos estudantes de escolas urbanas. No
realizada no Estado de São Paulo por se tratar da que diz respeito às escolas rurais, apenas se obteve
área que a Telefônica atua como concessionária dos uma amostra representativa no caso de dois países:
23
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 24
Gráfico 1.1. DISTRIBUIÇÃO DOS ALUNOS tipo de questionário, a amostra ficaria dividida da
PARTICIPANTES POR PAÍS E TIPO DE COLÉGIO forma indicada na tabela acima (Tabela 1.8.).
80,2% dos questionários foram coletados em
um total de 216 escolas públicas, e 19,8% em 104
escolas particulares. No gráfico 1.1. podemos
apreciar estes dados pormenorizados por países.
1. Para comprovar a correspondência de cada nível educativo dos diferentes países, consultar a tabela compreendida nos
anexos.
24
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 25
METODOLOGIA
Caso queira conhecer com maior profundidade Os números para cada faixa etária estão repre-
os dados da amostra relativos a cada país, podem sentados no gráfico 1.5.
consultar as tabelas compreendidas nos anexos.
Gráfico 1.5. PARTICIPANTES QUE MORAM COM
FAMÍLIAS MONOPARENTAIS (6-18 ANOS)
1.2. Situação e estrutura familiar
1.2.1 Pais
Quanto ao número de participantes que mo- A convivência com os avós é habitual para 22,3%
ram com famílias monoparentais, vale destacar dos estudantes mais novos; no caso dos jovens, o
que são muitos mais os que moram somente com número se reduz a 13,8%. Por países, os dados es-
a mãe do que os que moram somente com o pai. tão representados nos gráficos 1.7. e 1.8.
25
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 26
Gráfico 1.7. PARTICIPANTES QUE MORAM COM UM Gráfico 1.9. OCUPAÇÃO DO PAI E DA MÃE
AVÔ/AVÓ (6-9 ANOS) (10-18 ANOS)
26
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 27
METODOLOGIA
Gráfico 1.11. QUADRO COMPARATIVO ENTRE MÉXICO, Gráfico 1.13. QUADRO COMPARATIVO ENTRE AMBOS
PERU E O GLOBAL IBERO- AMERICANO DOS OS PAÍSES E O GLOBAL IBERO-AMERICANO DOS
QUE MORAM COM O PAI, A MÃE E O NÚMERO QUE MORAM COM O PAI, A MÃE E O NÚMERO
DE IRMÃOS (6-9 ANOS) DE IRMÃOS (10-18 ANOS)
e o percentual se reduz a 12,7% e 14,8%, respecti- ram morar com o pai, percentual que se eleva a
vamente, os que moram com três irmãos. Ape- 88% e 85%, respectivamente, dos que moram
nas 5,3% e 10,7% revelam que moram com qua- com a mãe. Quanto ao número de irmãos com os
tro irmãos, números que descendem a 1,4% e que moram, os percentuais são semelhantes às
6,1%, respectivamente, no que se refere a famí- da faixa etária inferior, antes citada: 28% dos me-
lias de cinco irmãos. É extraordinariamente ex- xicanos e 17% dos peruanos só têm um irmão;
pressivo no Peru o fato de que 10,5% das crianças 33% e 19%, respectivamente, dois; 15% e 18%, três;
morem com seis ou mais irmãos. No Peru, as fa- 6 e 12%, quatro; 3,5% e 10%, cinco; e 3,9 e 10%, seis
mílias com seis irmãos ou mais continuam sen- ou mais.
do relativamente comuns na zona rural. Além No entanto, o percentual de avós que moram
disso, 29,6% das crianças participantes declaram com seus netos nesta faixa etária diminui um
que o avô mora com eles, número de reduz a pouco com relação à faixa etária de 6 a 9 anos
18,3% no caso mexicano. (quase 30% dos participantes peruanos e 18% dos
mexicanos de 6 a 9 anos moram com seus avós,
Gráfico 1.12. QUADRO COMPARATIVO DA AMOSTRA, segundo a pesquisa): 11% dos jovens mexicanos
NÚMERO DE PARTICIPANTES, URBANA moram com eles, em comparação com o quase si-
E RURAL EM AMBOS OS PAÍSES (10-18 ANOS) milar 13% dos peruanos. O número global ibero-
americano é de 13,8%.
No que se refere à profissão do pai, 3,4% das
crianças mexicanas consultadas declaram que
trabalha em casa, 7,2% deles têm formação técni-
ca e 33% possuem título superior. No caso perua-
no, estes percentuais são: 14,5% em casa, 2% técni-
co, e 1,4% possuem título superior, o que nos dá
uma idéia da escassez de pais com estudos na zo-
Fonte: Gerações Interativas. na rural do Peru. Com respeito às mães, a densa
maioria em ambos os países trabalha em casa:
Nesta faixa etária e na zona rural participaram 70% no México e 76% no Peru. Encontramos tam-
2.151 crianças no México e 1.031 no Peru. 77% das bém 15% de mexicanas com título superior na zo-
crianças mexicanas e 75% das peruanas decla- na rural, contra 0,6% de peruanas.
27
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 28
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 29
SEGUNDA PARTE
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 30
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 31
INTRODUÇÃO*
Nos últimos anos assistimos a uma supremacia dos posição ao uso da tecnologia, é altíssimo. Um da-
dispositivos eletrônicos. As Tecnologias da Informa- do que chamou a atenção neste estudo foi que,
ção e Comunicação permitiram que o mundo ficasse inclusive nas regiões onde o acesso à internet era
muito menor, e se tornaram arte e parte da globali- menor, a preferência pela rede, comparado com
zação. De um lado, o processo foi facilitado e acelera- outros meios mais divulgados como a televisão,
do ao permitir acesso instantâneo e fácil à informa- era superior.
ção sobre o que está acontecendo em qualquer lugar Para esta Geração Interativa, e cada vez mais
do mundo, diluindo assim as fronteiras. De outro la- para o mundo inteiro, o acesso a estes dispositivos
do, transformaram-se em um fator a mais da globali- se transforma em um bem clássico, de primeira
zação: ter um telefone celular ou estar conectado à necessidade. Portanto, sem pretextos. Este fato
internet, ter acesso a determinados conteúdos na re- permite falar de uma afinidade especial das novas
de, nos transforma em parte da sociedade globaliza- tecnologias com este público infantil e juvenil, afi-
da, nos iguala e nos uniformiza com milhões de pes- nidade entendida como um grau de penetração
soas de qualquer parte do mundo. superior neste público se comparado com o total
É evidente que a Geração Interativa possui da população. Qualquer um, órgão público, insti-
grande fascínio e atração pela tecnologia, inde- tuição ou empresa, que estiver interessado em se
pendentemente de sua situação geográfica. dirigir a este target, deverá levar em consideração
Estas crianças e jovens têm em comum um estes meios tecnológicos para ser escutado.
grau significativo de posse e uso das Tecnologias Antes de entrar na análise detalhada dos dis-
da Informação e Comunicação, saltando não ape- positivos e aparelhos que a Geração Interativa na
nas as diferenças por países ou fronteiras, mas as Ibero-América tem ao seu alcance, seria oportu-
próprias diferenças culturais e socioeconômicas. no destacar outro aspecto para que ajude a con-
Independentemente de que um adolescente do textualizar os dados. Como já foi dito no capítulo
primeiro mundo tenha maiores recursos econô- sobre a metodologia, os dados fazem referência,
micos para adquirir um celular de última geração, de modo significativo e extrapolável, à população
uma conexão a internet de alta velocidade ou escolarizada e urbana dos sete países analisados.
uma coleção de videogames mais numerosa, seu Este fato, sem dúvida alguma, já marcará uma di-
grau de coincidência com um adolescente de um ferença com respeito ao seu possível acesso à
país em desenvolvimento, no que se refere à dis- tecnologia.
* Parte elaborada por Xavier Bringué Sala e Charo Sádaba Chalezquer, Faculdade de Comunicação, Universidade de Navar-
ra. O capítulo «Mediação educativa, o papel da escola» correspondente a «Internet: a tela que abrange tudo» foi elaborado
por Fernando García, Colégio Irabia, de Pamplona.
31
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 32
32
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 33
O objetivo deste capítulo é lançar um olhar mais presença de outros periféricos. Com relação ao ní-
profundo sobre o lugar que a internet ocupa na vi- vel de posse de computador pessoal –um dos índi-
da das crianças e dos jovens. Trata-se de observar, ces mais habituais para analisar o desenvolvi-
por um lado, em que medida possuem acesso pre- mento da Sociedade da Informação em um país
ciso para usufruir essa tecnologia e, por outro, de ou região– as crianças responderam afirmativa-
conhecer o quanto e onde se conectam, com que mente na maior parte dos casos (61%). Na faixa
finalidade, quais são os conteúdos e as atividades etária de 10 a 18 anos, a resposta sobre a posse de
mais habituais e, por último, o grau de afinidade computador chegou a 65%, não existindo diferen-
gerado, além das valorações que seu uso suscita ças em função do sexo.
neste público.
Gráfico 2.1.1. POSSE COMPUTADOR EM CASA
2.1.1. Uma geração equipada (6-18 ANOS)
33
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 34
34
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 35
Gráfico 2.1.5. LOCALIZAÇÃO HABITUAL DO índice é o menor: só 27% das crianças dizem ter
COMPUTADOR EM CASA (10-18 ANOS) acesso à internet em suas casas. No caso dos ado-
lescentes de 10 a 18 anos, o Brasil (58%), a Argenti-
na (57%) e o Chile (51%) são os mais avançados, en-
quanto a Colômbia fica bem atrás (27%) com
respeito a este índice.
Gráfico 2.1.6. TÊM ACESSO À INTERNET EM CASA No caso das crianças, somou-se outra variável à
(10-18 ANOS) resposta: «Não sei se tenho conexão à internet
em casa». Neste caso, 7% das crianças não são
conscientes se existe ou não acesso à rede em
suas casas, e este desconhecimento é mais acen-
tuado entre as meninas, com 7% dos casos, do que
entre os meninos, com 6%.
Entre os que têm acesso à internet, o mais ha-
bitual é que levem mais de dois anos conecta-
dos, o que ocorre em 45% dos casos. Apenas 13%
estão conectados recentemente, há menos de
um mês.
Um dado muito expressivo sobre a existência
de internet nas casas é que nos países onde os
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à per- adolescentes declararam uma maior posse des-
gunta N.º 11 «Você possui Internet em casa?» N=20.941 estudantes de 10
a 18 anos.
te serviço (Argentina e Brasil), os meninos estão
na frente das meninas no que se refere à possibi-
A Venezuela, com 54% de respostas afirmativas, lidade de usufruir deste serviço em casa. No caso
é o país com maior penetração de internet nas ca- da Argentina, por exemplo, a diferença é supe-
sas da amostra de crianças, seguido pelo Brasil, rior a dez pontos percentuais. Entretanto, nos
com 46% dos casos. A Colômbia é o país onde este países onde se demonstra o percentual de pene-
35
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 36
Gráfico 2.1.8. CONTRATAÇÃO DA CONEXÃO À INTERNET conexão à rede. No Peru, este dado atinge 19% e
(10-18 ANOS) a Colômbia marca o mínimo, onde somente 9%
das conexões possuem algum sistema de prote-
ção.
Entretanto, são conscientes, em sua maioria, de
possuir um sistema de proteção do computador:
em 49% dos casos. Esta resposta encontra seu va-
lor máximo no Chile, onde 62% dos adolescentes
reconhecem que seu computador tem um antiví-
rus, e mínima na Colômbia, com 29% de respostas
afirmativas.
Deveríamos particularizar estes dados desta-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun- cando que 18% dos participantes não sabem se
ta N.º 13: «Desde quando você possui Internet em casa?» : N=20.941 estu-
dantes de 10 a 18 anos.
possuem algum tipo de sistema de proteção (fil-
tro de conteúdos à rede ou antivírus no computa-
tração mais baixo nas casas, as meninas são as dor) e 6% sabem que têm algum tipo de sistema
principais beneficiárias, com percentuais tam- instalado, mas não são capazes de identificá-lo.
bém altos. Em linhas gerais, as meninas se mostram mais
confusas sobre a existências destes dados (19%
Gráfico 2.1.9. PENETRAÇÃO DE COMPUTADORES NAS dos casos) do que os meninos (16%).
CASAS. DIFERENÇAS POR SEXOS EM CADA PAÍS COM OS
VALORES MAIS ALTOS E MAIS BAIXOS (10-18 ANOS) Gráfico 2.1.10. DISPONIBILIDADE DE SISTEMAS DE
SEGURANÇA NOS COMPUTADORES (10-18 ANOS)
Embora seja difícil arriscar uma explicação para Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 25 «Você tem instalado algum sistema de proteção quando navega
este fenômeno, parece que existe relação com os na internet?» N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
lugares em que os adolescentes se conectam à re-
de e os desafios educacionais que implica, como Em resumo, a tabela 2.1.1. representa os dados
será comentado mais abaixo. referentes à disponibilidade de todos os dispositi-
Sobre a existência de algum tipo de controle vos que configuram a malha da Sociedade da In-
de acesso aos conteúdos da internet, a resposta formação, nas casas das Gerações Interativas.
majoritária é negativa: apenas 11% da amostra A vanguarda da Geração Interativa está forma-
de 10 a 18 anos reconhece ter um filtro em sua da pelos adolescentes da Argentina e do Chile,
36
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 37
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 8 «Da seguinte lista de objetos, selecione todos os que você possui em sua ca-
sa»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. Percentual afirmativo à pergunta N.º 11 «Você possui Internet em casa?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.1.11. PIRÂMIDE DOS EQUIPAMENTOS NAS países da região. Possuem um acesso que supera
CASAS IBERO-AMERICANOS (10-18 ANOS) a média em todos os dispositivos, exceto dos vi-
deogames portáteis. Mais além de ter computa-
dores em casa –o maior percentual– e uma gran-
de penetração de internet em casa, torna-se
significativo e simbólico nesta situação de vanta-
gem tecnológica o elevado acesso aos dispositi-
vos de música pessoais, por estarem mais distan-
tes da idéia de «necessidade básica».
Os jovens argentinos mostram uma relação es-
pecialmente estreita com o telefone celular que,
junto com a capacidade de selecionar conteúdos
televisivos graças à altíssima penetração da tele-
visão a cabo, marca a diferença com o resto. Man-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- têm uma distância muito pouco significativa com
ta N.º 8 «Da seguinte lista de objetos, selecione todos os que você possui
em sua casa»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
respeito às plataformas específicas jogos, video-
games e videogames portáteis.
Na parte média da tabela estão colocados os
que parecem ter uma situação de partida muito adolescentes do México, Venezuela e Brasil, que
semelhante à dos países da Europa ocidental no estão em uma boa posição para enfrentar os
que se refere à afinidade e alto nível de utilização desafios apresentados pela Sociedade da Infor-
da tecnologia. mação.
Os adolescentes chilenos estão em uma situa- Os jovens mexicanos mostram uma afinida-
ção de clara vantagem com respeito aos demais de especial com as tecnologias mais audiovi-
37
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 38
suais e lúdicas: o grau de posse de plataformas 2.1.2. Um uso universal, vários lugares
específicas de jogo (videogame e videogames para ter acesso
portáteis) é o mais elevado da amostra, assim
como as câmaras de fotos e de vídeo digitais. O A vida da criança e do adolescente está configura-
aspecto lúdico parece ser a prioridade na rela- da fundamentalmente pelo tempo que passa em
ção entre estes jovens e as tecnologias. casa, no colégio ou com seus amigos. Também, de
Por outro lado, a Geração Interativa da Venezue- forma tradicional, a casa é o lugar de «entrada» ou
la é uma das mais equipadas: o grau de acesso aos de primeira penetração das mídias através da
diversos dispositivos, como celulares, mp3, câma- oferta de conteúdos específicos dirigidos às crian-
ras de fotos e vídeo é alto e todos se correlacio- ças. Com esta fórmula conseguiu-se, por exemplo,
nam diretamente. aumentar exponencialmente a venda de apare-
Os adolescentes brasileiros têm acesso à rede lhos de televisão durante a década de 60 nos Es-
em suas casas de um modo significativamente tados Unidos. A ação comercial veio acompanha-
superior aos demais. Junto com este grau de co- da por uma potente oferta de conteúdos infantis
nectividade elevado, caracterizam-se por uma emitidos diariamente que, paradoxalmente, desa-
preferência clara pelos videogames em platafor- pareceu quando a televisão alcançou 90% de pe-
mas específicas. netração nas casas. Este tipo de conteúdos foi
Na retaguarda da Geração Interativa estão os substituído por programas mais generalistas, re-
jovens do Peru e da Colômbia. Esta consideração, legando as crianças ao kidvid ghetto dos sábados
longe de ser negativa, revela aos profissionais de manhã. De modo similar, esta estratégia conti-
educacionais e sociais destes países uma grande nua presente na venda de serviços de televisão a
oportunidade: ainda estão em condições de ga- cabo ou satélite, ou ainda serviços de banda larga,
rantir que a aquisição e o uso destas tecnologias no caso da internet. Contudo, aparecem dois ele-
responda às necessidades de formação desta fai- mentos radicalmente diferentes ao caso da televi-
xa etária. são acima citado: pode ser que a casa já não seja o
Este capítulo aborda o nível de posse e uso que lugar preferido para ter acesso às novas mídias e,
a Geração Interativa faz dos diferentes dispositi- ao mesmo tempo, a finalidade educativa já não é
vos tecnológicos. Relacionou-se o fator posse com marcada pela natureza do conteúdo, mas sim pela
a casa, como o meio natural em que se tem acesso finalidade do usuário. Na linha da pesquisa reali-
à tecnologia. zada, estas duas questões arrojam resultados e
Evidenciam-se diferenças significativas por conclusões muito particulares. Vejamos a seguir.
países: em termos gerais, podemos falar de três A internet define-se como uma mídia universal
velocidades ou estádios de desenvolvimento por muitos aspectos, também por múltiplo ou va-
–avançado, médio e iniciação– e no caso dos dis- riado que pode ser o lugar de acesso. No caso da
positivos específicos, por sexo e idade. Os meni- Geração Interativa é quase universal quanto ao
nos, em geral, são mais adeptos aos dispositivos uso: entre as crianças (6-9 anos), oito de cada dez
de jogo profissional, e as meninas mostram uma são internautas; no caso dos jovens (10-18 anos),
preferência mais generalizada pelo telefone ce- 95% revelam ser usuários de internet. Por países,
lular. Como é lógico, as crianças possuem menos os resultados são muito semelhantes, tal como
aparelhos tecnológicos, embora a tendência pode ser observado no seguinte gráfico.
dessa posse está ligada com a das idades poste- Por idades, e de forma global, a utilização da in-
riores. ternet se correlaciona diretamente (63% nave-
gam aos 6 anos, enquanto 96% navegam aos 17
38
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 39
anos). Por último, quanto ao acesso cotidiano à re- Gráfico 2.1.13. LOCALIZAÇÃO DO COMPUTADOR
de, não existe uma diferença significativa, de for- EM CASA (10-18 ANOS)
ma global, entre meninos e meninas.
39
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 40
surgem em primeiro lugar, para quase a metade das mídias, escapando também da possibilidade
dos participantes (48%) a própria casa ou uma lan de que pais e educadores possam educar este uso.
house. A escola fica em terceiro lugar para três de As alternativas mais comuns ao «lugar natural»
cada dez casos, e as casas alternativas –de um pa- para o acesso à internet são os cibercafés ou lan
rente ou amigo– chegam a 26%. Por último, 14% houses, lugares reconhecidos como habituais pa-
afirmam navegar também em outros lugares. ra 48% dos internautas. Por países, estão acima da
Por países, se conectam mais à internet em casa média, o Brasil –opção reconhecida por seis de ca-
crianças e jovens da Argentina, Brasil, Chile, Méxi- da dez participantes– junto com a Argentina e Ve-
co e Venezuela.Diante destes casos, são as crian- nezuela.
ças colombianas as que mais utilizam a escola co- As conseqüências educacionais deste dado
mo lugar habitual para navegar, seguidos da são numerosas, algumas delas serão tratadas
Argentina, Chile e Peru. Vale destacar a utilização em capítulos posteriores. Para adiantar, cabe di-
relativamente baixa da internet na escola no caso zer que a internet abandona o lugar primordial
do Brasil, México e Venezuela. educacional para uma considerável parte da Ge-
ração Interativa. Ter acesso à internet fora de ca-
Gráfico 2.1.15. ONDE NAVEGAM (10-18 ANOS) sa pressupõe a possibilidade de não existir uma
tutela –característica que define de forma radi-
cal o público objeto deste estudo– sem existir
ajudas técnicas que delimitem o acesso a deter-
minados conteúdos ou possibilitem uma super-
visão a posteriori das páginas navegadas. Tal co-
mo observamos do Gráfico 2.1.15, esse dado e
suas conseqüências não são pequenos: salvo a
Argentina, o Brasil e o Chile, o lugar «rei» para ter
acesso à internet acaba sendo um lugar público,
mais do que a própria casa.
40
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 41
41
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 42
Gráfico 2.1.18. TEMPO DE CONEXÃO (10-18 ANOS) para isso (a utilização é maior durante o final de se-
mana). Da mesma forma, de acordo com os resulta-
dos expostos até agora, a internet é uma atividade
prioritária para crianças e jovens: se existe possibili-
dade, se conectam em casa; se não, as lan house ou
os cibercafés são considerados o melhor recurso. Is-
so é o que indicam os dados do Peru, onde são os
que menos navegam em casa e mais em espaços
públicos. Ou ainda há outros que utilizam a escola
como alternativa, como acontece na Colômbia.
As crianças e jovens costumam distinguir-se pela
capacidade de selecionar pólos de interesse. Esta
característica, muito marcada nos adolescentes,
implica que quando encontram algo interessante
colocam um grande empenho em consegui-lo. E
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- quando conseguem, se dedicam a ele com intensi-
ta N.º 12 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza a Internet
diariamente em casa?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
dade. Dentro deste contexto ocorre a entrada da in-
ternet em suas vidas, como meio de infinitas possi-
Por países, observam-se várias tendências. Em bilidades interativas nunca antes vistas: o interesse
primeiro lugar, nos dias de semana, o grupo mais fica demonstrado pela ocupação que lhe dão. Mas
numeroso está formado pelos navegantes que cabe a pergunta: de onde vem o tempo que agora
destinam mais de duas horas à internet, a exce- utilizam para navegar? Quais as atividades estão
ção do Peru. Igualmente, salvo o caso citado, exis- sendo deixadas de lado por causa da novidade da
te em todos os países 40% que dizem dedicar internet entre as crianças e adolescentes? Quem ou
mais de duas horas diárias a esta atividade. Em se- o quê sofre as «conseqüências» de passar a ser uma
gundo lugar, a utilização no final de semana au- atividade secundária?
menta no caso dos «heavy users» que ficam mais O efeito «substituição» é reconhecido por sete
de duas horas diárias conectados à rede, salvo as de cada dez integrantes da Geração Interativa.
exceções do México e Peru. Por ultimo, os estu- De modo geral, navegar na internet «compete»
dantes da Geração Interativa brasileira, junto com com quatro tipos de atividades de distinta natureza:
a colombiana e venezuelana, são os que destinam atividades sociais –tempo destinado à família e aos
mais tempo a navegar em casa durante todos os amigos; atividades de lazer tradicional– leitura e es-
dias da semana; no extremo oposto estão os in- porte; atividades de lazer audiovisual –televisão e vi-
ternautas do Peru e do México. deogames; e, por último, atividades obrigatórias co-
A primeira conclusão destes dados é evidente: a mo o estudo ou a realização de trabalhos escolares.
internet é uma realidade que ocupa um espaço Em linhas gerais, a primeira derrotada no valio-
considerável de tempo nas casas dos jovens. O so campo de batalha do tempo das crianças e jo-
dado correspondente ao consumo diário superior a vens é a televisão: em termos absolutos, é a opção
uma hora para quatro de cada dez estudantes indi- mais marcada em um de cada quatro casos (28%).
ca que esta atividade está alcançando soberania e Em menor medida, mas dentro do âmbito do lazer
estabilidade nas preferências dos jovens internau- audiovisual, ficam prejudicados os videogames
tas. Logicamente, uma maior dedicação a navegar em detrimento da internet em 16% das situações.
em casa guarda relação direta com a disponibilida- Não se apreciam diferenças significativas se-
de de conexão em casa e com o tempo disponível gundo a idade, mas sim gradações por gênero: as
42
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 43
meninas deixam de assistir à televisão para nave- países como a Argentina ou o Chile. No caso dos
gar, enquanto os meninos preferem tirar o tempo brasileiros, o estudo é uma atividade muito me-
dos videogames. nos substituída (18%), em favor do lazer audiovi-
Um segundo âmbito substituído é o lazer tradi- sual (53%), ressalvando que essa substituição se
cional. Para 23% dos participantes, navegar na inter- divide quase em partes iguais entre a televisão e
net equivale a diminuir o tempo de leitura de livros os videogames. Também é a geração que retira
ou revistas e 15% deixam de praticar esporte. Em menos tempo destinado à família para navegar
terceiro lugar, os jovens internautas reconhecem na internet (12%). Por último, apenas 28% reco-
trocar o tempo de relação social por momentos de nhecem que não retiraram tempo de nenhuma
navegação virtual. Neste sentido, a família e os ami- outra atividades desde que navegam na internet,
gos dividem proporcionalmente o impacto como número mínimo no conjunto de países.
alternativa, ambas opções reconhecidas com 31%. • Chile. Coincide com a Argentina citada anterior-
Por último, é significativo que 25% lancem mão do mente. A ressalva fica por conta de que a Geração
tempo de estudo ou de realização de trabalhos es- Interativa chilena reconhece que retira um pouco
colares para poder navegar na internet. mais de tempo que destinava à família, aos ami-
gos ou à prática de esportes.
Gráfico 2.1.19. DE ONDE TIRAM O TEMPO • Colômbia. Destaca-se por uma certa divisão uni-
(10-18 ANOS) forme nos percentuais de resposta para cada uma
das opções. Junto com o Brasil, as crianças e ado-
lescentes colombianos reconhecem uma menor
substituição do estudo (18%) e também do espor-
te. A substituição da televisão também é a mais
baixa no conjunto de todos os países estudados
(22%), com uma distância de dez pontos dos ar-
gentinos.
• México. Da mesma forma que o país anterior,
mantém certa uniformidade na divisão de ativi-
dades substituídas, sendo o país mais próximo da
média global em cada uma das opções propostas.
• Peru. A atividade com maior grau de substitui-
ção é a televisão (31%), segundo número mais alto
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun- Gráfico 2.1.20. ROUBO DE TEMPO DE OUTRAS
ta N.º 24 «A que tipo de atividade você não dedica mais tempo desde que
começou a usar a Internet?» N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
ATIVIDADES PARA USAR A INTERNET (10-18 ANOS)
43
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 44
depois da Argentina. Junto com os videogames, o seus iguais. Cabe perguntar-se, então, como se re-
lazer audiovisual é substituído em 45% dos casos. solve esse paradoxo: a internet isola as crianças e
Em contrapartida, a família é uma opção menos jovens?
considerada como fonte de tempo (16%), como Existe para eles uma experiência em comum
também ocorre no caso dos amigos (10%). da mídia? É freqüente que naveguem sozinhos?
• Venezuela. É o país que, junto com o Brasil, reve- Como será possível a mediação familiar sem
la os perfis mais peculiares. Em primeiro lugar, que os pais estejam presentes nos momentos
quase a metade das crianças e jovens reconhe- de acesso? Com que freqüência existe uma na-
cem que a internet não substitui nenhuma ativi- vegação em comum, entre pais e filhos? A res-
dade. Para o restante, a mais substituída é a tele- posta a estas e outras perguntas é transcenden-
visão, seguida dos amigos ou do estudo pessoal, tal para traçar o mapa de oportunidades e
embora em percentuais inferiores ao valor global problemas que surgem ao redor da Geração In-
dos países. terativa. Por meio dos resultados de duas per-
guntas contidas no questionário, podemos che-
gar a algumas conclusões interessantes. Para
2.1.4. Internet: experiência isso, nos referiremos primeiro grupo das crian-
compartilhada? ças (6-9 anos), para abordar depois o caso dos
jovens, até os 18 anos.
Após mais de meio século de experiência televisiva De maneira geral, no caso de internautas preco-
e, apesar do constante aumento de aparelhos por ces, mais de um terço (40%) reconhece que navega
casa, muitos deles no próprio quarto das crianças sem a companhia de outras pessoas: «Navego sozi-
–assistir à televisão continua sendo uma experiên- nho», é a opção mais reconhecida. Por outro lado, a
cia basicamente gregária. Isso é o que indica a na- opção de navegação conjunta admite várias possi-
tureza desta mídia e os resultados dos diferentes bilidades: para dois de cada oito, consiste em nave-
sistemas de medição de audiências: o poder de gar com amigos ou irmãos; próximo desse número
atração da televisão consiste em congregar de for- se encontram os casos de navegação junto com
ma pontual a toda a família– e a milhões de pes- professores ou com a mãe, 22% e 20%, respectiva-
soas –a acompanhar conteúdos e eventos de espe- mente; por último, atinge uma freqüência menor a
cial transcendência momentânea, como, por possibilidade de navegar junto com o pai (18%) ou
exemplo, a estréia de um filhe ou um acontecimen- com outras pessoas (13%). Nesta faixa etária, a na-
to esportivo, ou de forma contínua pelo sucesso de vegação solitária cresce paulatinamente com a ida-
determinados programas– séries de televisão, con- de, diminuindo, ao mesmo tempo, a presença dos
cursos ou realities. pais. Por sexos, não se apreciam grandes diferenças,
Entretanto, a chegada dos meios interativos foi salvo um ligeiro crescimento da navegação junto
capaz de romper esta experiência, estabelecendo com a mãe no caso das meninas.
novas regras. Neste sentido, uma das mudanças Os resultados, segundo países, definem a Gera-
mais radicais no acesso das crianças e jovens às ção Interativa brasileira como a mais solitária, op-
mídias consiste na personalização do uso como ção reconhecida em mais da metade dos casos.
experiência única e pessoal. A internet aparece Neste sentido, vai seguida pelo Chile e pela Vene-
concebida como um meio, um suporte para colo- zuela, e se situam como os mais gregários as
car em prática um uso mais individualizado. crianças e jovens colombianos: apenas 28% reco-
E é rapidamente adotado por uma geração radi- nhecem navegar sozinhos na internet.
calmente gregária pela importância que tem para Navegar sozinho parece ser a forma mais fre-
as crianças e adolescentes a relação social com qüente de utilizar a internet entre as crianças e jo-
44
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 45
vens ibero-americanos. No entanto, esta situação tudo o que existe nela: Argentina, Colômbia e Mé-
não é única ou não se define como um requisito xico são um bom exemplo deste fenômeno, en-
essencial para que esta atividade tenha tanto su- quanto o Peru, Brasil e Venezuela são os lugares
cesso; na verdade é uma opção que indica auto- com maior implicação dos pais no uso conjunto
nomia e nem sempre isolamento, ao ser compatí- da rede, lugares onde também existem os maio-
vel com situações de uso comum da rede. Sendo res percentuais para o caso «Navego com minha
assim, as pessoas do mesmo grupo são as mais mãe». Algo semelhante ocorre com professores
idôneas para dividir a experiência de uma navega- como guias para orientar os internautas na inter-
ção em comum, principalmente no caso do Brasil net: os docentes do Brasil, Colômbia ou Peru são
e, em menor escala, na Argentina, Chile e Vene- os que mais se implicam em uma navegação con-
zuela. No extremo oposto, aparecem os internau- junta, embora isso ocorra em uma quarta parte
tas mexicanos, com apenas 19% de casos de nave- dos casos, na melhor das situações.
gação junto com amigos.
Como vimos, os irmãos são uma opção de com- Gráfico 2.1.21. COMPANHIA NO USO DA INTERNET
panhia na hora de navegar; o Peru é o país que (6-9 ANOS)
mais se destaca nesta esta opção, com 32%, e a Co-
lômbia se situa na retaguarda desta possibilidade,
com 16%. Observando a idade dos participantes,
podemos deduzir que, em muitos dos casos, estes
são os irmãos mais velhos. Potencialmente pode
ser uma ajuda, uma aprendizagem ou uma media-
ção diferente de simplesmente navegar com ami-
gos da mesma idade.
Retomando o assunto da mediação, a internet Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 9 «Com quem você costuma estar quando usa a Internet?»: N=4.526
se tornou a nova praça pública, universal e globa- estudantes de 6 a 9 anos.
lizada, reflexo de tudo o que o ser humano é capaz
de fazer, no melhor e no pior dos sentidos. Em vis- As tendências marcadas pelas crianças se con-
ta da pesquisa realizada, é freqüente ver peram- solidam, inclusive se radicalizam, no outro grupo:
bulando pela praça pública virtual crianças e jo- para os jovens, navegar na internet é uma ativida-
vens sem nenhum tipo de companhia, sem de autônoma, com acentuado caráter social e es-
possibilidade de uma mediação adulta diante de cassa mediação adulta, seja pelos pais ou docen-
45
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 46
tes. Sete de cada dez costumam navegar sozi- • Argentina. Usar a internet é basicamente uma
nhos, situação que aumenta à medida que cres- experiência social e autônoma. Em alguns casos,
cem e que se radicaliza a partir dos 13 anos. Ao junto com os irmãos. A presença de professores é
mesmo tempo, a internet significa uma experiên- muito escassa, mas aparece acima da média.
cia social que se divide com amigos e outras pes- • Brasil. Destaca pela sua autonomia, um perfil so-
soas do mesmo grupo em 66% dos casos; a possi- cial mais baixo em amigos ou irmãos, e uma
bilidade de navegação junto com amigos adquire, maior presença da mãe.
por outro lado, certa característica feminina –52% • Chile. Similar ao caso argentino, mas com um ca-
das meninas contra 42% dos meninos. Os irmãos ráter social que, embora apareça acima da média,
não têm um peso muito significativo como cole- não é tão acentuado. Não destaca a presença de
gas de navegação, e muito menos os pais ou os adultos.
professores. • Colômbia. Mantém-se abaixo da média em to-
dos os casos, salvo com relação à presença de pro-
Gráfico 2.1.22. COMPANHIA NO USO DA INTERNET fessores.
(10-18 ANOS) • México. Navegar na internet parece ser uma ex-
periência autônoma com relação à média, tem
um perfil social baixo e certa incidência fraterna.
• Peru. Destaca-se pela sua autonomia e perfil so-
cial; mantém valores abaixo da média em tudo o
que se refere ao âmbito familiar: irmãos, pai ou
mãe.
• Venezuela. Destaca-se pelo perfil social ou maior
presença de amigos no uso da internet. É o país,
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- junto com o Brasil, com maior presença da mãe,
ta N.º 22 «Na maioria das vezes que você utiliza a Internet, costuma estar...»
: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
com 17%.
Enfim, podemos classificar como uma Geração
Por países, as preferências no uso da internet, Interativa basicamente autônoma, no que se refe-
sozinho ou acompanhado, podem ser traçadas co- re ao uso, as crianças e jovens do Brasil e do Peru.
mo representado na seguinte tabela quanto a es- Os estudantes da Argentina e do Chile combinam
tar na média, acima ou abaixo da mesma: autonomia com um forte caráter social. Já os ve-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 22 «Na maioria das vezes que você utiliza a Internet, costuma estar...»:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
46
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 47
nezuelanos utilizam a internet como uma expe- Gráfico 2.1.23. QUEM ENSINOU VOCÊ A UTILIZAR A
riência puramente social. INTERNET (10-18 ANOS)
Sendo escassa, a experiência do uso conjunto
familiar se reflete em maior medida no caso da
Venezuela; e como tarefa junto com docentes,
costuma ocorrer na Argentina e Colômbia, sem-
pre com valores realmente baixos (7%).
Muito relacionada com a presença ou não de
companhia no uso da internet, está a questão so-
bre como ou com quem aprenderam a manipular
a rede. Em geral, a Geração Interativa ibero-ameri-
cana se define como autônoma por utilizar sozi-
nha, de forma majoritária, a internet. Logicamen-
te, também se reconhece como autodidata: a
metade dos internautas responde afirmativa-
mente à pergunta «Aprendi a usar a internet sozi-
nho». Neste sentido, levam a dianteira dos autodi-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
datas os estudantes chilenos, seguidos da ta N.º 23 «Quem ensinou você a usar a Internet?»: N=20.941 estudantes de
Argentina e do Brasil; aparecem claramente abai- 10 a 18 anos.
xo da média os internautas mexicanos e colom-
bianos. 2.1.5. Diversidade de serviços,
Por outro lado, no caso de ter recebido ajuda convergência de conteúdos
em sua formação como internautas, esta procede
basicamente de irmãos (20%), amigos (19%) ou A definição das crianças e jovens como usuários de
professores (18%), embora vistos os percentuais, Tecnologias da Informação e Comunicação reali-
não pode ser considerado como algo muito fre- zou-se historicamente através de diferentes ex-
qüente. E é menos freqüente ainda a intervenção pressões. Don Tapscott (1997) foi a primeira pessoa
dos pais como referência na «ciberaprendiza- que se referiu a ela denominando-a NetGeneration.
gem»: 8% reconhecem ter aprendido com o pai e Posteriormente, alguns autores classificaram
5%, com a mãe. este grupo de «Nativos digitais», pelo fato de o
47
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 48
contato com as diferentes telas ser intrínseco ao rede como as preferências da Geração Interativa
seu crescimento, ao contrário dos adultos, «Imi- são variadas, tal como observamos no seguinte
grantes digitais» (Prensky, 2001). gráfico:
Outra possibilidade é a denominação «Gera-
ções Interativas», adotada neste estudo que, sem Gráfico 2.1.25. SERVIÇOS UTILIZADOS (10-18 ANOS)
objeção às anteriores, tem a finalidade de dar ên-
fase a uma característica configuradora de crian-
ças e adolescentes diante das diversas telas: a per-
manente necessidade e busca da interação com
diversos suportes e conteúdos como meio para
obter outras finalidades. Neste sentido, a Geração
Interativa se sobressai pelo uso global que faz de
todos os serviços e conteúdos da internet.
O Gráfico 2.1.23 mostra o uso ou utilidade da in-
ternet feita pela Geração Interativa, comparando-
o com as preferências dos usuários adultos: para Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan-
os primeiros, a internet é um meio fundamental do navega na Internet» N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
de comunicação síncrona e lazer; para os segun-
dos, a rede é aproveitada como fonte de conteú- Como citamos anteriormente, as crianças e jo-
dos e comunicação assíncrona. vens internautas utilizam de maneira variada e glo-
bal as múltiplas possibilidades que a internet ofere-
Gráfico 2.1.24. QUADRO COMPARATIVO DAS ATIVIDADES ce. Entretanto, suas preferências de uso aparecem
MAIS REALIZADAS NA INTERNET (ADOLESCENTES DE 10 A polarizadas, divididas cinco grandes categorias que
18 ANOS X ADULTOS DE 18 A 60 ANOS) indicam a procura de metas muito específicas, de
acordo com a natureza do usuário infantil e juvenil.
Dito de outro modo, navegar na internet consiste
praticar as seguintes atividades:
48
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 49
49
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 50
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quando na-
vega na Internet»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
50
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 51
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan- ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan-
do navega na Internet» :N=1.970 estudantes de 10 a 18 anos da Argentina. do navega na Internet»: N=1.846 estudantes de 10 a 18 anos do Chile.
• Chile. Segue uma pauta semelhante à Argentina, a que maior preferência tem por eles, comparado
com uso dos serviços mais procurados acima da com o restante. Também utiliza o correio eletrôni-
média: Messenger e correio eletrônico. Destaca-se co de forma superior à média.
a clara preferência feminina no uso destes serviços: A utilização da rede como fonte de informação e co-
90% das meninas dizem utilizar o Messenger, com- nhecimento coincide com a média de países e é um
parado com 79% dos meninos. O uso do correio ele- pouco superior no aspecto de compartilhamento de
trônico é rotineiro para 75% das meninas, quase fotos e vídeos.Entretanto,as crianças e jovens brasilei-
vinte pontos percentuais acima dos valores para os ros são os que têm maior preferência pelo uso de co-
meninos. Como contrapartida, a rede não parece munidades:três de cada sete utilizam com assiduida-
ser uma ferramenta útil para o envio de mensa- de,sem diferenças significativas em função do sexo.
gens de texto (torpedos) para celulares, nem os
atrai como meio para bater papo em salas de chat. Gráfico 2.1.30. SERVIÇOS MAJORITÁRIOS E
Grande parte do uso está vinculado ao fato de na- MINORITÁRIOS. BRASIL (10-18 ANOS)
vegar por diversas páginas web, preferência clara-
mente superior entre as meninas; a possibilidade de
baixar conteúdos é muito importante para crianças
e jovens chilenos: é o grupo com maior número de
usuários deste serviço, igual ao que ocorre com a
possibilidade de compartilhar fotos, vídeos, etc.
Por último, outra característica peculiar é a utili-
zação da rede como meio para assistir a outros
conteúdos audiovisuais, principalmente no caso
da televisão, em que volta a estar à frente dos paí-
ses estudados (10%).
• Brasil. Na faceta «comunicar», destaca-se princi-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
palmente pelo uso de serviços de salas de bate- ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan-
papo (chat), sendo a Geração Interativa brasileira do navega na Internet»: N=3.415 estudantes de 10 a 18 anos do Brasil.
51
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 52
Por último, a Geração Interativa brasileira está • México. Como nos outros de países, o uso da rede
acima da média no que se refere a um maior aces- aparece muito vinculado à possibilidade de comuni-
so de serviços de rádio digital e pelo uso da rede car-se com os demais.No entanto,as crianças e jovens
para a realização de compras on-line. mexicanos não revelam uma utilização tão intensa
• Peru. Destaca-se pelo uso intenso de serviços in- de ferramentas como o Messenger, o correio eletrôni-
terativos. Está situado à frente no que se refere à co ou o envio de mensagens de texto a celulares.
utilização do correio eletrônico como ferramenta Para seis de cada dez participantes a internet é útil
de comunicação e destaca-se claramente pelo en- para navegar pelas web ou baixar conteúdos. Quatro
vio de mensagens de celulares (torpedos) ou a ce- de cada dez acham muito bom o fato de poderem
lulares a partir da rede, serviço que atrai quase a compartilhar fotos ou vídeos, ou participarem de di-
metade dos estudantes peruanos. versos jogos de forma virtual com outros internautas.
Da mesma forma, um de cada dez costuma uti- Em geral, no uso de diversos serviços, a Geração
lizar serviços de voz sobre IP (VoIP) para conversar Interativa mexicana é a que mais próxima está
com outros internautas. dos valores médios globais.
A visita de páginas web é um pouco superior à
média, diferente da possibilidade de baixar fotos Gráfico 2.1.32. SERVIÇOS MAJORITÁRIOS E
ou outros conteúdos. No aspecto «compartilhar», MINORITÁRIOS. MÉXICO (10-18 ANOS)
está na frente de outros países, sendo o segundo
lugar com maior utilização de comunidades vir-
tuais, atrás apenas do Brasil.
Para as crianças e jovens peruanos, a internet é
um elemento essencial como ferramenta de lazer:
situa-se à frente no uso de serviços de jogos on-line
(5%); sendo também o jogo digital a maior preferên-
cia entre os meninos em todos os países, no Peru é
onde maior quantidade de meninas joga on-line,
com 56%. Por último, quase dois de cada dez partici-
pantes têm acesso a programas de rádio digital.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan-
Gráfico 2.1.31. SERVIÇOS MAJORITÁRIOS E do navega na Internet»: N=7.469 estudantes de 10 a 18 anos do México.
52
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 53
2.1.5.2. Conteúdos
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan- Em evidente relação com os serviços utilizados, sur-
do navega na Internet»: N=3.292 estudantes de 10 a 18 anos da Colômbia.
ge a questão sobre os conteúdos mais visitados.
As possibilidades que o estudo oferece podem
• Venezuela. Destaca-se por fazer uso claramente ser agrupados em quatro focos de interesse. Em pri-
intenso da dimensão comunicativa da rede: surge meiro lugar, aparecem os conteúdos relativos ao la-
acima da média em quatro dos cinco serviços es- zer, como, por exemplo: a música, os jogos, o humor,
tudados. Portanto, é a Geração Interativa real- esportes, notícias, hobbies, etc. Em segundo lugar,
mente «síncrona» por revelar uma evidente prefe- aqueles que obtêm a classificação de educacionais
rência pelo uso do Messenger do que do correio e culturais, cujo acesso está especialmente vincula-
eletrônico. As meninas utilizam mais os serviços do à prática de trabalhos escolares. Grupo à parte,
de envio de mensagens por celulares (torpedo): de especial consideração, é o acesso a conteúdos
50%, comparado com 44% dos meninos. A visita qualificado como para adultos na rede. Por último,
de páginas web aparece acima da média, diferen- cabe considerar a categoria outros conteúdos como
te da opção de baixar conteúdos, que se mantém, alternativa àquelas visitas que não podem ser clas-
ou a possibilidade de compartilhar fotos ou ví- sificadas dentro das opções anteriores.
deos, aspecto que aparece com menos interesse Os resultados globais das quatro categorias re-
do que o global estudado, e que é de interesse li- fletem algumas características peculiares na Ge-
geiramente superior para os meninos (39%) do ração Interativa ibero-americana. A primeira está
que para as meninas (38%). formada pela procura de experiências de lazer no
A dimensão «lazer» revela um perfil similar e acesso à internet. Dito de outro modo, alguns dos
coincidente para grande parte dos países restan- conteúdos incluídos nesta categoria são os que
tes. Por último, e embora não seja um comporta- maiores pontos obtêm, com destaque para a mú-
mento globalmente difundido, as crianças e jo- sica, os jogos, o humor ou os esportes.
vens venezuelanos se destacam pela realização Existe também uma forma de se divertir ou uma
superior de compras através da rede. procura de conteúdos «adultos» nesta geração: em-
53
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 54
bora seja residual, 6% reconhecem que visitam sites Salvo esta exceção, o acesso aos demais conteú-
qualificados por eles mesmos como «para adultos». dos aumenta à medida que os internautas crescem.
A procura do entretenimento através do consumo Por sexos, as meninas mantêm uma maior pre-
de conteúdos relacionados com o lazer se contrapõe ferência sobre conteúdos musicais, educacionais y
intensamente à possibilidade de encontrar uma hobbies.
fonte de conhecimentos educacionais ou culturais Os meninos, por outro lado, preferem claramente
na internet. Em termos médios, somente dois de ca- os esportes, jogos, conteúdos relacionados com soft-
da dez estudantes afirmam visitar habitualmente ware e informático, além de tudo o que estiver rela-
páginas com recursos educacionais ou culturais. cionado com o humor. É muito significativa também
Destaca-se também que um terço dos partici- a maior preferência dos meninos por conteúdos
pantes afirma que visita outros conteúdos dife- «adultos» (12%, comparado com 2% de meninas). Por
rentes dos propostos na consulta. Sem dúvida al- último, conteúdos cuja preferência de acesso não
guma, junto com os conteúdos mais universais guarda relação com o gênero dos usuários são:as no-
existe um rico universo de possibilidades explora- tícias,os concursos ou programas de televisão.
do minuciosamente por esta geração. Como se fez anteriormente, a consideração dos
A preferência e uso freqüente de determinados resultados obtidos nos diversos países permite
conteúdos estão relacionados, como é lógico, com traçar as principais diferenças e semelhanças em
a idade e o sexo dos internautas. As crianças de função da procedência geográfica dos estudan-
até 12 anos preferem principalmente procurar tes. A seguinte tabela demonstra os resultados
conteúdos relacionados com jogos. obtidos neste sentido.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 16 «Quando você visita páginas web, quais dos seguintes conteúdos você
costuma consultar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
54
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 55
Observando a ilustração anterior, podemos tirar média global. No primeiro caso, as crianças e jo-
algumas conclusões: vens argentinos possuem preferência ligeira-
• A Geração Interativa do Brasil e do Peru caracte- mente inferior por recursos vinculados aos jogos
riza-se por um uso mais intenso de determina- e à cultura. Entretanto, a resposta afirmativa à
dos conteúdos. As visitas de internautas brasilei- visita de outros conteúdos diferentes dos per-
ros a conteúdos relacionados com o humor, guntados é ligeiramente superior. O México é o
esportes, programas de televisão ou concursos país que menos consome notícias, programas de
estão acima da média. No âmbito educacional, televisão e conteúdos educacionais.
afirmam ter uma ligeira preferência pelos con- • Por último, a Geração Interativa colombiana é a
teúdos culturais. Por outro lado, é o grupo que, que tem um acesso inferior à média em grande
em maior medida, reconhece visitar conteúdos parte das opções propostas; este é o caso de con-
para adultos, característica muito elevada entre teúdos relativos à música, humor, notícias e pro-
os meninos, chegando ao quadruplicar a média gramas de televisão ou outros relacionados com
global (24%). os próprios hobbies. Algo similar ocorre com o
• No caso do Peru, sentem-se atraídos pelos con- cultural ou a opção «outros». Aparece acima da
teúdos relacionados com os jogos, seus próprios média apenas da questão relacionada com o
hobbies ou pelos concursos. Ao mesmo tempo, acesso a recursos informáticos, com 17%.
as crianças e jovens peruanos se sobressaem por
serem os que com maior freqüência têm acesso Até aqui vimos como a Geração Interativa ibero-
a conteúdos educacionais e culturais. americana utiliza os serviços disponíveis na inter-
• A Geração Interativa chilena caracteriza-se funda- net e quais são os conteúdos que visitam com
mentalmente por um maior acesso a conteúdos maior freqüência. Uma observação em conjunto
sobre informação –mais de 40% dos casos afir- sobre os dois aspectos permite extrair, de modo
mativos– e pela procura de sites relacionados com conclusivo, outra característica que define esta
seus próprios hobbies. Mostra-se como uma Ge- geração.
ração Interativa fortemente especializada, já que Crianças e jovens de diferentes países têm em
30% afirmam visitar habitualmente outros con- comum o uso de serviços como o Messenger, o
teúdos além dos enumerados na pesquisa. Por úl- correio eletrônico ou a própria Word Wide Web. So-
timo, comparado com os demais países, tem uma bre os conteúdos, ocorre algo similar: crianças e
menor preferência pelos jogos ou pelo humor. jovens separados por grandes distâncias físicas,
• A Venezuela destaca-se por um uso mais eleva- culturais e educativas se unem à internet como
do de conteúdos relacionados com o esporte e usuários principais de conteúdos únicos.
pelas visitas a páginas web e recursos relativos a Dito de outro modo, a música, os esportes, os jo-
software e aplicações informáticas: habitual- gos, entre outros, formam lugares virtuais de en-
mente, dois de cada dez participantes, ostentan- contro comum para uma geração variada e abun-
do o índice mais elevado de toda a região. O dante. Quanto à questão de conteúdos, é possível
acesso a recursos educacionais se sobressai no- estabelecer um princípio de convergência univer-
ve pontos acima à média. As crianças e jovens sal a respeito de alguns assuntos de interesse: a
venezuelanos foram os mais bem retratados nas coincidência se confirma em crianças e jovens de
variáveis coletadas no questionário, com o me- todos os países e as diferenças sobre a média glo-
nor índice de resposta afirmativa na opção «visi- bal não são muito acentuadas, como se pode ver
to habitualmente outros conteúdos». no gráfico abaixo, onde estão representados os
• A Argentina e o México são as regiões com prefe- dados dos dois conteúdos mais demandados: mú-
rências no acesso a conteúdos mais próximos à sica e informação relativa a jogos.
55
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 56
Gráfico 2.1.35. USO DE CONTEÚDOS DE MÚSICA E Gráfico 2.1.36. USO DO MESSENGER E DE PÁGINAS WEB
JOGOS. POR PAÍSES (10-18 ANOS) POR PAÍSES (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan- ta N.º 15 «Indique quais dos seguintes serviços você costuma utilizar quan-
do navega na Internet»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. do navega na Internet»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Em contraposição aos conteúdos, o uso de ser- ploração de atividades como geradores de con-
viços também aponta a configurar-se como lugar teúdos.
comum de encontro mas com gradações diferen- 40% dos internautas possuem página web pró-
tes. pria ou criou, alguma vez, um blog, fotoblog ou
O Gráfico 2.1.36 nos mostra as pautas de uso outro espaço para difundir seus vídeos; 15% não
dos dois recursos mais demandados: o Messenger têm essa experiência, mas a considera como uma
e visitas a diferentes sites. E sendo freqüente na- opção interessante para o futuro.
vegar através destes serviços, as diferenças de uso Os demais 45% ocupam um nível mais elevado
por países são muito mais acentuadas, definindo em sua dimensão interativa ao fazer parte dos
a Geração Interativa ibero-americana como um geradores de conteúdos. A forma mais típica está
grupo com fortes divergências no que se refere à constituída pela elaboração de blogs, fotoblogs e
utilização destes serviços. outros suportes para a difusão de materiais au-
diovisuais (8%), junto com a elaboração de pági-
nas web (12%). A elaboração de blogs obtém per-
2.1.6. Criadores de conteúdos centual semelhante ao de 19% de adolescentes
norte-americanos, que em 2004 revelaram ter
Até aqui a Geração Interativa ficou tipificada co- blog próprio. Este número, procedente do estudo
mo usuária da rede através do «consumo» de di- PEW Internet and American Live Project, foi de
versos conteúdos, apoiando-se nos vários servi- 27% em 2007. Por último, destaca-se um pequeno
ços desenvolvidos com esta finalidade. grupo (9%) de experientes geradores ao afirmar
Entretanto, a internet oferece, por natureza, a a autoria simultânea na rede de blogs e páginas
possibilidade de contribuição ao meio, de pas- web próprias. Por idades, acontece um salto qua-
sar de espectador a emissor configurando con- litativo na possibilidade de configurar conteúdos
teúdos próprios. Esta característica é explorada a partir dos catorze anos. De acordo com o sexo, é
entre os pequenos internautas através da ex- interessante constatar o perfil das meninas co-
56
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 57
Tabela 2.1.5. VOCÊ JÁ FEZ ALGUMA PÁGINA WEB OU BLOG? (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 17 «Você já fez alguma página web ou blog?»: N=20.941 estudantes de 10 a
18 anos.
mo «bloggers» (20% comparado com 13% de me- página web ou um blog é negativa na metade dos
ninos), porém não se apreciam diferenças de gê- casos e supera a média global para toda a região.
nero quanto à faceta de Webmaster. É curiosa a Comparados com os visitantes de internet, encon-
comparação com os dados dos adultos: segundo tramos os «produtores». É o caso do Brasil, Argen-
o estudo realizado na Ibero-América por tenden- tina ou Chile, lugares em que predominam este
ciasdigitales.com, apenas 6% desenvolvem ou perfil. O primeiro deles, Brasil, destaca-se pelo alto
criam páginas web, blogs ou sobem podcast. número de «especialistas» que contribui ao total:
dois de cada dez internautas possuem página
Gráfico 2.1.37. VOCÊ JÁ FEZ UMA PÁGINAS WEB, BLOG web e blog. Além disso, uma quarta parte afirma
OU FOTOBLOG? (10-18 ANOS) ser autor de uma página web. O Chile e a Argenti-
na se destacam, comparado ao Brasil, pelo seu evi-
dente perfil «blogger»: quase a metade das crian-
ças e jovens chilenos possuem um blog, com
evidente predomínio feminino entre os autores.
57
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 58
ção sobre este uso pelos docentes, que sirva de Como nota positiva, seis de cada dez reco-
orientação educativa às crianças e jovens; as possí- nhecem ter professores que incentivam, com
veis ações de mediação educativa pelos pais en- seu exemplo ou com recomendações diretas, o
quanto as crianças e jovens navegam; e a percep- aproveitamento da rede como fonte impor-
ção do universo analisado sobre as restrições tante para resolver problemas de estudo ou
parentais no uso de determinados serviços da rede. trabalhos escolares. Dentro deste grupo e si-
A educação e a aprendizagem se apóiam em nu- tuados na vanguarda, 8% de casos em que se
merosas ocasiões na observação de modelos a se- reconhece que todos ou quase todos os pro-
guir. Neste sentido, a escola e o papel dos docentes fessores são usuários e aconselham o bom
como usuários da internet se transformam em tes- uso da internet.
temunho de alto valor educacional e indicador de Por países, os docentes mais ativos no uso e re-
boas práticas sobre um bom uso da internet. E a pri- comendação da internet são os do Chile e Argen-
meira condição para que exista essa mediação tina, conforme a percepção dos alunos, seguidos
através do exemplo será que as próprias crianças e do Peru e Venezuela. Com menor incidência neste
jovens reconheçam em seus professores a condição âmbito, estão a Colômbia e México, enquanto o
de internautas. As respostas à pergunta: «Você tem Brasil ocupa o último lugar.
algum professor que usa a internet para explicar
sua matéria ou estimula você a usar a internet para Gráfico 2.1.39. ALGUM DOS SEUS PROFESSORES
estudar ou praticá-la?» estão representadas no USA A INTERNET PARA EXPLICAR SUA MATÉRIA
Gráfico 2.1.39 e nos podem dar pistas sobre a reali- OU ESTIMULA VOCÊ A USAR A INTERNET PARA
dade prática de uma possível indicação docente. ESTUDAR? (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 10 «Você tem algum professor que usa a Internet para explicar sua ta N.º 10 «Você tem algum professor que usa a Internet para explicar sua
matéria ou estimula você a usar a Internet para estudar ou praticá-la?: matéria ou estimula você a usar a Internet para estudar ou praticá-la?:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
58
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 59
atualmente pelo meio social em que se encon- alunos. Nestes meios se facilita o trabalho autô-
tram estas crianças e jovens, especialmente em nomo, tanto individualizado como em grupo, e a
tudo o que se refere à mídia. alfabetização digital dos alunos.
Além disso, nunca na história este meio havia • Intranet educativa, que facilita compartilhar os
se modificado de uma maneira tão intensa e em recursos e a máxima comunicação entre a comu-
tão curto prazo. nidade educativa da entidade.
Os bits inundaram tudo sem que tivéssemos • Além disso, considera-se conveniente a existên-
tempo para pensar no que nos está acontecendo: cia de biblioteca ou salas de estudo com compu-
a tecnologia avança mais rápido do que a nossa tadores com conexão à internet para o trabalho
capacidade de assimilação. No centro deste fura- individual dos estudantes, e que eles tenham
cão tecnológico, surgem crianças e jovens como o também um computador conectado à internet
público que mais rapidamente se adapta à mu- em casa.»
dança. Enquanto os adultos –pais, tutores, profes-
sores– que têm a responsabilidade de acompa- Fala-se que o uso dos computadores no traba-
nhá-los durante sua educação, mostram uma lho escolar facilita a atenção à diversidade, per-
resistência à mudança que não só implica o aban- mite a aprendizagem autônoma ou auto-apren-
do «ao acaso» dessas crianças e jovens, mas que dizagem e a aprendizagem ativa. Entretanto,
pode fazer inclusive que sua autoridade seja muitas vezes esquecemos de que tão importan-
questionada. te quanto a aprendizagem de conceitos e proce-
Para indagar nesta questão e averiguar o pa- dimentos é a aprendizagem das atitudes: os
pel mediador de pais e educadores, analisare- professores não só devem ensinar a fazer, mas
mos algumas variáveis. Dada a limitação de têm também a responsabilidade de mostrar co-
espaço, não podemos pretender um estudo mo fazer bem. O aluno instruído no uso da tec-
exaustivo, por isso escolheremos as que, após se- nologia será capaz de fazer qualquer coisa. En-
rem analisadas, nos permitam tirar alguma con- tretanto somente o que foi educado para
clusão significativa. utilizá-la bem fará com ela coisas boas para si e
para o resto da sociedade.
2.1.7.1. O papel da escola
59
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 60
Gráfico 2.1.40. LUGAR DE NAVEGAÇÃO (10-18 ANOS) Gráfico 2.1.41. SERVIÇOS UTILIZADOS NA INTERNET
(10-18 ANOS)
60
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 61
Gráfico 2.1.43. «VISITO CONTEÚDOS EDUCATIVOS». Gráfico 2.1.44. «VISITO CONTEÚDOS EDUCATIVOS».
POR IDADES (10-18 ANOS) POR SEXOS (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 16 «Quando você visita páginas web, quais dos seguintes conteúdos ta N.º 16 «Quando você visita páginas web, quais dos seguintes conteúdos
você costuma consultar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. você costuma consultar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Ao observar estes dados, podemos chegar a fluência quanto à produção de conteúdos. Mais
uma primeira conclusão de que os sites preferi- especificamente, vamos estudar a criação de pá-
dos da internet estão relacionados com o lazer ginas web e de blogs ou fotoblogs. No caso de não
(música, jogos, humor, esportes...). Além disso, ter criado nada, analisaremos também a disposi-
o uso na escola não condiciona uma preferên- ção quanto a sua criação.
cia pelos conteúdos educacionais ou culturais. Os indivíduos que utilizam a internet na escola
Embora seja verdade que existe uma porcenta- são, em maior medida, produtores de conteúdos,
gem maior de pessoas que os visita se usam a especialmente no caso da criação de blogs e foto-
internet na escola, em ambos os casos estes blogs. Entretanto, a disposição para a produção de
conteúdos se encontram atrás de muitos ou- conteúdos dos que ainda não têm é similar em
tros relacionados com os hobbies ou com o ambos os casos.
tempo livre.
Comparando o acesso a páginas educativas por Gráfico 2.1.45. CRIADORES DE CONTEÚDOS
idades, observamos que sua utilização aumenta (10-18 ANOS)
com a idade, sendo este aumento significativa-
mente maior nos alunos que utilizam a internet
na escola.
Analisando a diferença por sexo, observamos
que as mulheres visitam mais páginas web com
conteúdos educacionais, e o uso da internet na es-
cola favorece o uso deste tipo de conteúdos em
ambos os sexos.
61
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 62
Diferenças nas atitudes quando utilizam a inter- tra negativa. Por um lado, é evidente que não é de-
net como meio de comunicação sejável que as crianças mintam, mesmo que seja
Como já vimos, quando analisamos os serviços de em uma sala de chat. Mas, por outro lado, mentir
internet utilizados, as pessoas que acessam a rede pode ser uma medida de prudência, já que permi-
no âmbito escolar fazem um maior uso das ferra- te ocultar sua intimidade e seus dados pessoais
mentas de comunicação: 22,6% contra 16,4% no de desconhecidos.
uso de salas de chat e 75,1% contra 63,6% no caso Quanto ao contato com amigos virtuais, os es-
do Messenger. Tentemos verificar agora se crian- tudantes que usam a internet na escola parecem
ças e jovens que utilizam estes meios revelam ati- ter menos amigos virtuais do que os que não o
tudes diferentes em função de se usam ou não a utilizam, embora o percentual dos que conhece-
internet na escola. Para isso estudaremos a respos- ram pessoalmente algum amigo virtual seja si-
ta afirmativa diante de uma série de questões que milar.
têm relação com se mentem ou não, se conhecem Além disso, um percentual um pouco maior dos
e se encontram com desconhecidos, se usam estes que utilizam a rede no colégio acha mais divertido
meios para prejudicar ou serem prejudicados ou, bater-papo com desconhecidos. Parece evidente
enfim, se existe algum tipo de «dependência». que nenhum dos grupos está mais prevenido so-
bre o «perigoso» que pode ser conhecer pessoal-
Gráfico 2.1.46. COMPORTAMENTOS NO MESSENGER E mente os «desconhecidos», sendo bastante alar-
NAS SALAS DE BATE-PAPO (10-18 ANOS) mante que um de cada três participantes tenha
se encontrado com algum «amigo virtual».
Se observamos o uso destas ferramentas para
prejudicar aos demais, algo poderia ser enquadra-
do dentro do chamado ciberbullying. As crianças
que utilizam a internet na escola estão dois pon-
tos por cima dos demais, tanto na epígrafe de ter
sido prejudicados como na de ter prejudicado al-
gum colega. Este resultado implica uma reflexão
sobre o papel da escola na prevenção desta pro-
blemática.
Por último, os indivíduos que usam a internet
no colégio refletem uma maior necessidade de
utilizar o Messenger.
62
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 63
cupar, de alguma maneira, na formação dos pais Gráfico 2.1.49. ATIVIDADE PARENTAL ENQUANTO
dos alunos que se estão introduzindo no ciberes- NAVEGAM (10-18 ANOS)
paço?
Para avaliar se esta formação está ocorrendo, in-
vestigaremos se os pais acompanham de alguma
forma seus filhos enquanto navegam, seja através
da companhia física (navegam com eles, estão no
mesmo ambiente...) ou psíquica (me perguntam o
que faço, revisam o histórico de navegação...).
63
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 64
Gráfico 2.1.51. PROIBIÇÕES ON-LINE (10-18 ANOS) Gráfico 2.1.52. SISTEMAS DE PROTEÇÃO. POR IDADES
(10-18 ANOS)
64
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 65
paramos com os que declaram ter instalado um Gráfico 2.1.54. OPINIÕES SOBRE A INTERNET
antivírus (quase cinco vezes maior), apesar de (10-18 ANOS)
também ser muito baixo, apenas um de cada dois.
Quanto ao papel da escola, parece que entre os
indivíduos que utilizam a internet no colégio há
um maior percentual de instalação de software
de proteção, tanto no computador como com rela-
ção à navegação por páginas inadequadas. No en-
tanto, em ambos os casos seria desejável que os
percentuais fossem muito mais altos.
Gráfico 2.1.53. NÍVEL DE CONHECIMENTO Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
DE INTERNET (10-18 ANOS) ta N.º 30 «Para mim a internet...» N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
65
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 66
rém, um percentual um pouco maior acha divertido resposta de 46% à opção «Meus pais me pergun-
bater papo em salas de chat com desconhecidos. tam o que eu estou fazendo enquanto estou co-
Por último, os pais das crianças que navegam nectado à internet». 27% reconhecem um passo a
no colégio não exercem uma mediação educativa mais na tarefa educativa de seus pais, e afirma
significativamente maior sobre seus filhos. Talvez que «Fazem vista grossa», fato mais freqüente en-
a escola devesse adquirir um maior protagonismo tre as meninas. Longe destas possibilidades, sur-
em sua formação, principalmente se está facili- gem comportamentos mais ativos como «Eles me
tando a crianças e jovens o acesso à rede. ajudam» (9%), «Eles se sentam comigo» (7%) ou
«Fazemos coisas juntos» (9%). Também parece
2.1.7.2. O papel da família que não é freqüente a presença dos pais no mes-
mo lugar onde os filhos navegam. A variável em
Apesar da autonomia da Geração Interativa com função do sexo traz pouca diferença na percepção
relação à rede e da escassa implicação dos pais, dos comportamentos enumerados. Logicamente,
como companhia ou como referência educativa a idade se correlaciona de forma positiva nas pau-
no uso da internet, podemos afirmar que existe tas de mediação parental, aumentando a probabi-
certo critério entre as crianças e jovens. lidade segundo diminui a idade.
Neste sentido, na pesquisa realizada são aborda- • Mediação passiva. Em algumas ocasiões, pais e
das duas questões:em primeiro lugar,a existência de mães realizam uma mediação ou revisão educa-
comportamentos de mediação familiar que sejam tiva a posteriori relacionada com os sites e com-
percebidos pelas crianças e jovens, tais como:a nave- portamentos de seus filhos como internautas.
gação em companhia, o interesse pelas atividades 5% dos participantes sabem que seus pais revi-
praticadas na rede, a comprovação posterior das pá- sam os lugares pelos quais navegaram e outros
ginas navegadas, entre outros; em segundo lugar, in- 5% afirmam que seus pais têm acesso às suas
terroga-se sobre o grau de restrição parental em de- mensagens eletrônicas.
terminadas questões como dar informação pessoal,
fazer compras on-line, baixar arquivos, bater papo Gráfico 2.1.55. O QUE SEUS PAIS FAZEM ENQUANTO
em salas de chat,assistir a filmes ou ver fotos,etc. VOCÊ NAVEGA NA INTERNET? (10-18 ANOS)
O Gráfico 2.1.55 resume os resultados globais relati-
vos à questão:«O que seus pais fazem enquanto você
está conectado à internet?» Neste sentido, é possível
reunir as respostas em torno de três possibilidades:
66
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 67
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergunta N.º 27 «O que seus pais fazem enquanto você está conectado(a) à Internet?»:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.1.56. MEDIAÇÃO DOS PAIS NA INTERNET. • Argentina. Destaca-se por ser o país em que
EDUCADORES X CONTROLE (10-18 ANOS) crianças e jovens reconhecem ter maior autono-
mia diante de seus pais: quase cinco de cada dez
assim o afirmam, com percentuais que atingem
57% em idades superiores aos 14 anos. Pelo con-
trário, existe uma freqüência maior com relação à
média na opção «Fazem vista grossa». Por último,
é muito pouco freqüente que pais e filhos nave-
guem juntos.
• Brasil. Obtém a segunda pontuação mais alta
em ausência de mediação, com 46%. Com refe-
rência à mediação ativa, se mantém abaixo da
média nas condutas mais habituais, como per-
guntar o que estão fazendo ou dar uma olhada.
Esta percepção é um pouco mais freqüente entre
as meninas e, seguindo a tônica geral, diminui
com a idade.
• Chile. É o terceiro pais que está acima da média
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria a em respostas afirmativas quanto à opção «Meus
partir das respostas à pergunta N.º 27 «O que seus pais fazem enquanto você
está conectado(a) à Internet?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
pais não fazem nada enquanto me conecto à in-
ternet», com 41%. No plano da mediação ativa, ga-
Por países, o reconhecimento de crianças e jo- nha maior probabilidade a opção «Fazem vista
vens sobre as ações educativas parentais merece grossa» e, em comparação com a média, é menos
o seguinte comentário: freqüente a ajuda dos pais.
67
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 68
• Colômbia. Mantém-se na média quanto a opção web: a metade dos estudantes conhece a inconve-
«Ausência de mediação» e aparece abaixo da mé- niência de tal comportamento, sendo as meninas
dia na possibilidade majoritária de mediação ati- mais conscientes disso. Em terceiro lugar, aparece
va: 36% reconhecem que seus pais perguntam so- a possibilidade de adquirir produtos e serviços, ve-
bre a atividade quando navegam, quase em dez tada para quatro de cada dez internautas. O ter-
pontos de distância da média global. ceiro tabu está relacionado com a possibilidade
• México. A Geração Interativa mexicana é a que de preencher formulários ou questionários, possi-
menos reconhece a opção «Ausência de media- bilidade que deve ser evitada para 15%.
ção» ou, pelo contrário, a que mais percebe uma As demais possibilidades oferecidas no questio-
influência parental em sua dimensão formadora nário não costumam superar um índice de proibi-
de internautas. Logicamente, a percepção sobre a ção paterna de aproximadamente 10%. Assim,
mediação ativa é mais intensa e está acima da existe uma grande relação entre os serviços e con-
média, atingindo em algum caso valores máxi- teúdos mais populares entre a Geração Interativa e
mos para o global de países estudados. a ausência de proibição dos pais para o acesso, seja
• Peru. Mantém um perfil similar ao México: me- por aprovação fundada ou por desconhecimento.
nor percepção sobre a ausência de controle paren-
tal e maior afirmação sobre determinados com- Gráfico 2.1.57. PROIBIÇÕES NA INTERNET (10-18 ANOS)
portamentos dos pais. Por exemplo, a metade dos
participantes reconhece que seus pais perguntam
o que fazem enquanto estão navegando.
• Venezuela. Um pouco mais de um terço reconhece
a ausência de mediação, sendo mais intensa a ação
dos pais no caso contrário:obtém melhores resulta-
dos nas opções que significam uma maior implica-
ção como, por exemplo, «Eles se sentam comigo»,
«Eles me ajudam» ou «Fazemos coisas juntos».
A segunda questão relacionada com a media-
ção educativa familiar se refere ao critério das
crianças e jovens sobre a proibição expressa de
utilizar algum dos serviços ou conteúdos disponí-
veis na rede.
Os dados globais indicam que, para dois de ca-
da dez integrantes da Geração Interativa na Ibero-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta
América, não existe nenhum tipo de restrição no N.º 28 «Quando você está navegando na Internet, de acordo com seus pais,
momento de acessar a internet, opção mais fre- que coisas você não pode fazer?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
qüente entre os meninos e que aumenta de for-
ma progressiva à medida que aumenta a idade A procedência geográfica fornece gradações aos
dos internautas, até chegar a afetar 50% dos jo- dados globais sobre determinadas proibições pa-
vens com mais de 17 anos. ternas percebidas pelos participantes. A Venezuela
Entre os que declaram ter algum tipo de reco- é o lugar com maior liberdade entre os precoces in-
mendação paterna sobre comportamentos a se- ternautas ao liderar o índice de respostas afirmati-
rem evitados enquanto navegam na rede, o ponto vas à pergunta: «Eles me deixam fazer tudo». Como
mais coincidente se encontra na possibilidade de é lógico, o reconhecimento sobre a inconveniência
oferecer informação pessoal em diversas páginas de dar informação pessoal, comprar ou preencher
68
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 69
Tabela 2.1.7. QUANDO VOCÊ NAVEGA NA INTERNET, DE ACORDO COM SEUS PAIS, QUE COISAS VOCÊ NÃO PODE
FAZER? (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 28 «Quando você está navegando na Internet, de acordo com seus pais, que
coisas você não pode fazer?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
questionários é inferior à média. Em situação aná- Gráfico 2.1.58. NUNCA DISCUTO COM MEUS PAIS POR
loga, podemos situar a opinião de crianças e jovens CAUSA DO USO DA INTERNET. DADOS GLOBAIS
procedentes do Chile, Argentina, Brasil ou Peru. SEGUNDO SEXO E IDADE. (10-18 ANOS)
O México se situa em uma pauta inversa se com-
parado com os países antes citados. São menos os
que reconhecem usufruir de absoluta liberdade e
muitos mais os que afirmam ter consciência clara
das coisas que não devem fazer. A Colômbia é a últi-
ma, com dois de cada dez casos ausentes de qual-
quer restrição e valores abaixo da média, no conhe-
cimento de uma proibição sobre a possibilidade de
dar informação pessoal ou realizar compras.
É evidente que o tempo e as ações de crianças e
jovens implicam e preocupam, em maior ou menor
medida, os pais. A internet não escapa a este princí-
pio e, em várias ocasiões, o uso da rede pode ter Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria a
partir da resposta «Nunca discutimos por causa disso» da pergunta N.º 26
conseqüências, como determinadas discussões fa- «Às vezes pode haver discussões com seus pais sobre o uso que você faz da in-
miliares ou ser objeto de prêmio ou castigo, como ternet. Por quais razões isso acontece?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
conseqüência de outros comportamentos.
Uma série de perguntas em nosso questionário Por sexos, os valores mantêm uma tendência cons-
tipifica a opinião de crianças e jovens a esse respeito. tante e crescente; as meninas mantêm um maior
Em primeiro lugar, é relevante que para aproxi- grau de ausência de conflitos familiares em idades
madamente a metade não exista nenhum motivo superiores.
de discussão familiar decorrente do tempo de uso Na situação de um possível conflito entre pais e
intenso à rede. O dado é crescente conforme a ida- filhos sobre o uso da internet, a causa mais fre-
de, tal como podemos observar no Gráfico 2.1.58. qüente costuma ser o tempo de conexão: 30% dis-
69
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 70
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 26 «Às vezes pode haver discussões com seus pais sobre o uso que você faz
da internet. Por quais razões isso acontece?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
cutem por este motivo, sendo mais freqüente en- Gráfico 2.1.59. MOTIVOS DE DISCUSSÃO (10-18 ANOS)
tre as meninas, ocorrendo de forma constante, se-
gundo da idade. Longe deste resultado, existe um
segundo motivo de discussão no uso da internet:
o momento do dia, escolha que gera tensões fa-
miliares para um de cada dez participantes. Por
último, é quase nulo o conflito decorrente dos
conteúdos ou ações desenvolvidas na rede. De for-
ma similar, é muito pouco freqüente que a possi-
bilidade de acessar a internet se transforme em
moeda de troca para premiar ou castigar determi-
nados comportamentos.
Os dados, conforme os diversos países estuda-
dos, estão representados na Tabela 2.1.8. Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 26 «Às vezes pode haver discussões com seus pais sobre o uso que
Uma vez mais ganha destaque a Venezuela, por você faz da Internet. Por quais razões isso acontece?»: N=20.941 estudantes
ser onde existe menos conflitos entre pais e filhos de 10 a 18 anos.
neste aspecto.
Os outros valores se identificam com a pauta conhecem uma maior freqüência de conflitos
global. O Brasil aparece como o segundo lugar on- com motivos baseados no momento ou no tempo
de existe menos conflito, e é singular por atingir de conexão. O Peru e o México se mantêm na mé-
10% no caso de «Já me castigaram e me proibiram dia em todos os casos, com uma ligeira incidência
de navegar ou controlaram meu tempo de aces- para as crianças e jovens mexicanos de discussões
so», valor máximo para esta opção se comparado originadas por causa de tempo ou utilização ex-
com os demais países. A Argentina não se sobres- cessiva.
sai sobre a média como referência na ausência de O Chile é o lugar com maior grau de discussão. E
discussão. Caso ocorra, são os internautas que re- também oferece as máximas diferenças em fun-
70
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 71
ção de gênero sobre a freqüência e os motivos de papel importante: bater papo em salas de chat ou
discussão. Por exemplo, a existência de conflitos conectar-se ao Messenger, por exemplo, são ou-
decorrentes do tempo é reconhecida por 28% dos tras formas de estar com os amigos. Este fato res-
meninos e 17% das meninas. salta o caráter instrumental que a tecnologia tem
Por último, a Colômbia apresenta um nível mé- para eles.
dio com respeito à ausência de conflitos e se situa Por isso cabe agrupar estas preferências sob a
um pouco abaixo da média em discussões relacio- etiqueta tecnológica (lazer interativo) ou pelo tipo
nadas com o tempo de utilização. de atividades, na qual a prioridade dos dispositi-
vos pode ser maior ou menor.
2.1.8. Valorações sobre a internet As preferências da Geração Interativa entre di-
ferentes atividades para usufruir as horas de lazer
A chegada de uma nova mídia tem a virtualidade ou tempo livre são surpreendentes pelo elevado
de provocar um efeito de transferência das au- grau de diversificação. Este fato gera convergên-
diências das mídias antes existentes, que perce- cia, no caso das crianças, sobre o uso dos videoga-
bem o aumento da concorrência por causa da mes e, no caso dos adolescentes –sendo igual en-
chegada de novas plataformas. Este «efeito trans- tre meninos e meninas– na televisão.
ferência» foi estudado tradicionalmente com a
chegada de uma nova mídia ao mercado e seu im- Gráfico 2.1.60. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
pacto na reorganização dos públicos de cada AGORA? ARGENTINA (6-9 ANOS)
uma.
As novas tecnologias estão exercendo influên-
cia no consumo de mídias tradicionais, mas deve-
se considerar que a Geração Interativa não sofreu
o efeito transferência tal como se entende habi-
tualmente. O uso que fazem das novas telas não
implica deixar de usar as outras, mas sim, desde o
início, na formação do «cardápio de mídias», elas
sempre estiveram presentes. Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N=374 estudantes de 6
Portanto, a utilização de novas mídias não subs- a 9 anos da Argentina.
tituiu nem transferiu nada. Porém, onde se pode
observar um efeito de transferência é na preferên-
cia de umas telas a outras com relação a gerações Gráfico 2.1.61. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
anteriores. AGORA? BRASIL (6-9 ANOS)
No entanto, deve-se levar em consideração
que não apenas as telas ou as mídias competem
entre eles pelo tempo e preferência da Geração
Interativa.
Para este grupo de idade, raramente o consumo
destas plataformas é uma atividade «vertical» e
estanca. Trata-se mais de algo horizontal, que afe-
ta toda a sua vida. As atividades que conformam o
universo desta faixa etária são múltiplas e in-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
cluem as de tipo social, familiares e as lúdicas. Em ta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N=790 estudantes de 6
algumas destas atividades as telas possuem um a 9 anos do Brasil.
71
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 72
Gráfico 2.1.62. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER Gráfico 2.1.65. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
AGORA? CHILE (6-9 ANOS) AGORA? PERU (6-9 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N=189 estudantes de 6 ta N.º 15 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N=610 estudantes de
a 9 anos do Chile. 6 a 9 anos do Peru.
Gráfico 2.1.63. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER Gráfico 2.1.66. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
AGORA? COLÔMBIA (6-9 ANOS) AGORA? VENEZUELA (6-9 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N=815 estudantes de 6 ta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N= 290 estudantes de
a 9 anos da Colômbia. 6 a 9 anos da Venezuela.
Gráfico 2.1.64. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER No que se refere às crianças, representadas nas
AGORA? MÉXICO (6-9 ANOS) tabelas anteriores, os videogames, a televisão e a
música são as três opções favoritas delas.
Chama a atenção ver que, independentemen-
te do país, em todos os casos se repete uma pau-
ta comum: enquanto os meninos têm preferên-
cia clara pelo lazer interativo –o videogame é a
atividade favorita para estas crianças entre 6 e 9
anos– as meninas tendem a escolher opções
mais sociais e de lazer tradicional, como conver-
sar com os pais e irmãos, ler, brincar com os ami-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N=1.458 estudantes de
gos. É surpreendente o alto apreço que as meni-
6 a 9 anos do México. nas peruanas e colombianas têm pela leitura, e
72
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 73
como as meninas argentinas gostam de jogar Gráfico 2.1.69. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
com os amigos. HOJE DEPOIS DO JANTAR? CHILE (10-18 ANOS)
A Geração Interativa, portanto, desde muito cedo
já identifica pautas de comportamento diferentes
entre meninos e meninas: enquanto eles estão
mais orientados ao lazer lúdico, para elas as rela-
ções sociais fazem parte essencial deste tempo li-
vre. No entanto, vale a pena ressaltar de novo o algo
grau de diversificação, o que afasta a imagem de
crianças excessivamente pendentes da tecnologia.
Para os adolescentes, pelo contrário, a pauta se
modifica consideravelmente, embora seja prová- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
vel que na resposta o adolescente tenha incluído ta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: N=1.846
estudantes de 10 a 18 anos do Chile.
a variável «probabilidade» de que aconteça o que
ele goste. Para os adolescentes, a televisão é a op-
ção favorita.
Gráfico 2.1.70. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
Gráfico 2.1.67. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER HOJE DEPOIS DO JANTAR? COLÔMBIA (10-18 ANOS)
HOJE DEPOIS DO JANTAR? ARGENTINA (10-18 ANOS)
Gráfico 2.1.68. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER Gráfico 2.1.71. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER
HOJE DEPOIS DO JANTAR? BRASIL (10-18 ANOS) HOJE DEPOIS DO JANTAR? MÉXICO (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: ta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»:
N=3.415 estudantes de 10 a 18 anos do Brasil. N=7.469 estudantes de 10 a 18 anos do México.
73
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 74
Gráfico 2.1.72. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER sos. Cabe lembrar que o Brasil possui um dos índi-
HOJE DEPOIS DO JANTAR? PERU (10-18 ANOS) ces mais altos de penetração da internet nas ca-
sas, portanto esta escolha tem lógica.
O que mais chama a atenção no caso dos ado-
lescentes chilenos é sua baixa preferência pela te-
levisão (14%), que foi superada pelo Messenger e
pela música (18% e 16%, respectivamente). O nível
de posse de reprodutores pessoais de música é o
mais elevado de todos os países estudados no ca-
so da Geração Interativa chilena.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Pelo contrário, destaca-se a elevada preferência
ta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: N=2.111
estudantes de 10 a 18 anos do Peru.
dos adolescentes colombianos pela televisão co-
mo opção de entretenimento (32%), dez pontos
Gráfico 2.1.73. O QUE VOCÊ MAIS GOSTARIA DE FAZER acima da média. Junto com a música (20%) cons-
HOJE DEPOIS DO JANTAR? VENEZUELA (10-18 ANOS) tituem as opções majoritárias de entretenimento
depois de jantar. Estes dados fazem com que os jo-
vens da Colômbia sejam os mais «tradicionais» na
hora de ocupar o tempo de lazer.
O Peru se destaca por uma preferência pela te-
levisão abaixo da média (20%), que fica substituí-
da pela música, no caso dos meninos (20%), e pelo
Messenger, no caso das meninas (20%).
Na Venezuela, as adolescentes são as que esco-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- lhem mais a música de toda a amostra, com 22%,
ta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: N= 838
estudantes de 10 a 18 anos da Venezuela.
competindo em igualdade com a televisão. É o gru-
po onde o lazer «interativo», opções de entreteni-
As diferenças entre preferências por sexo se mento mediadas pela tecnologia, é mais importan-
concentram entre videogames e Messenger: en- te. 40% dos meninos prefere uma tela interativa
quanto as meninas só escolhem em 1% dos casos para seu tempo de lazer (internet, videogames,
as plataformas de jogo como modo de diversão, Messenger ou celulares).
os meninos praticamente dobram este valor em
sua preferência pelo Messenger (14% contra 8%). Gráfico 2.1.74. PREFERÊNCIA. POR TIPO DE LAZER
Os adolescentes argentinos se destacam na pre- (6-9 ANOS)
ferência pelo Messenger: 18% da amostra revela
que é a atividade favorita. Este fato está relaciona-
do com a seguinte preferência em que se sobres-
saem sobre os demais jovens: «Estar com meus
amigos» (14%). Ambas as atividades possuem um
caráter de relação, e embora uma delas discorra so-
bre plataformas tecnológicas e outra em meios
presenciais, é evidente que, para a Geração Intera-
tiva argentina, os amigos são muito importantes.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria
No caso dos jovens brasileiros, navegar é a op- a partir das respostas à pergunta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer
ção mais destacável: é escolhido em 18% dos ca- agora?»: N=4.526 estudantes de 6 a 9 anos.
74
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 75
Gráfico 2.1.75. PREFERÊNCIA. POR TIPO DE LAZER Gráfico 2.1.78. MENINOS X MENINAS. POR TIPO DE
(10-18 ANOS) ATIVIDADE (6-9 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria Fonte:Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º
a partir das respostas à pergunta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»:N=4.526 estudantes de 6 a 9 anos.
hoje depois do jantar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
75
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 76
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N= 4.526 estudantes de 6 a 9
anos. Respostas à pergunta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N= 4.526 estudantes de 6 a 9
anos. Respostas à pergunta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 5 «O que você mais gostaria de fazer agora?»: N= 4.526 estudantes de 6 a 9
anos. Respostas à pergunta N.º 6 «O que você mais gostaria de fazer hoje depois do jantar?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Isto está relacionado com o fato de que os me- seus pais e irmãos), os meninos dividem suas pre-
ninos habitualmente não consomem a mídia, ferências entre o uso da mídia e o consumo de
mas sim o conteúdo, e que, à medida que crescem, conteúdos específicos.
aumenta a preferência por um consumo mais ge-
nérico da plataforma (assistir à televisão, navegar 2.1.8.1. Concorrência entre as telas:
na internet...) internet x televisão
Em ambos os casos, as atividades orientadas à
relação social, quer com sua família quer com Já vimos como o lazer mediado pela tecnologia,
seus semelhantes, são tão importantes como o o lazer interativo, é o preferido pela maior parte
consumo da mídia. da Geração Interativa. Levando em consideração
Se analisamos os dados por sexos, é evidente a que o nível de posse de diferentes dispositivos é
divergência das preferências: enquanto as meni- notável, será interessante conhecer quais são as
nas preferem a relação (estar com os amigos, con- preferências entre as telas que rodeiam as crian-
versar pelo Messenger, pelo telefone ou estar com ças e jovens.
76
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 77
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 21 «Apresentamos, em seguida, pares de aparelhos eletrônicos. Se você ti-
vesse que escolher uma coisa de cada par, com qual você ficaria?: N=4.526 estudantes de 6 a 9 anos.
Pudemos observar também que a televisão é a são para este público se salda com um empate
tela que possui mais presença e notoriedade en- na preferência: 33% das crianças optam pela re-
tre esta geração: não só está presente em prati- de, contra 31% que escolhe a televisão. No entan-
camente todas as casas (98%), mas, além disso, é to, no caso das crianças e jovens peruanos, onde
habitual que exista pelo menos duas televisões a penetração também está abaixo da média, a
por casa. No que se refere aos conteúdos, a pene- preferência pela internet ultrapassa 51% contra
tração dos serviços de televisão a cabo também 35% dos que preferem a televisão. Concluímos
é relevante. que, independentemente da posse, a afinidade
A televisão como opção de lazer é importante desta Geração Interativa pela internet faz com
para 13% das crianças entre 6 e 9 anos, que a esco- que se inclinem por esta mídia.
lhem, entre outras, como a atividade que mais A televisão se torna assim o príncipe destrona-
gostariam de fazer agora. No caso dos adolescen- do da maior parte das casas da Geração Interati-
tes, a importância aumenta a 23%, transforman- va: somente as crianças mexicanas e colombianas
do-se na opção mais escolhida. mantêm uma situação de empate em preferência
Porém, ao apresentar o binômio televisão ver- de uso.
sus internet, a Geração Interativa se inclina pela Esta tendência se mantém para os adolescen-
rede como a tela preferida: 45% das crianças de 6 tes: no caso do enfrentamento entre internet e te-
a 9 anos escolhem a internet, contra 37% que es- levisão, estes optam pela rede com o dobro de
colhe a televisão. Neste caso, o sexo não é rele- adesões. Da mesma forma, no caso do celular, se
vante na escolha em termos gerais, embora este- mantém uma situação praticamente de empate,
ja associado à idade: as crianças preferem, na onde a preferência das meninas é mais clara pelos
maioria das vezes, a televisão à internet. As meni- telefones se comparado com a televisão.
nas entram mais tarde no universo interativo dos A preferência pela internet é evidente em relação
que os meninos. à televisão. Crianças e adolescentes da Geração In-
Os meninos do Brasil e do Chile, países com terativa se sentem mais atraídos por esta nova tela
uma penetração de internet em casa acima da do que pela televisão tradicional. A internet se tor-
média, têm uma preferência também superior na, para esta geração, o que a televisão foi para ge-
pela internet, o que nos faz pensar que a dispo- rações anteriores, mas multiplica exponencialmen-
nibilidade da tecnologia em casa gera a prefe- te as possibilidades de acesso a conteúdos, de
rência. Os dados da Colômbia corroborariam es- geração de conteúdos próprios e de comunicação
ta idéia: com a penetração de internet mais com seu grupo de iguais. O acesso à rede é um vín-
baixa, a concorrência entre a internet e a televi- culo de união entre os membros desta Geração.
77
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 78
Gráfico 2.1.80. CRIANÇAS X ADOLESCENTES Gráfico 2.1.81. QUANDO UTILIZA A INTERNET, COMO
(10-18 ANOS) VOCÊ SE CONSIDERA? (10-18 ANOS)
78
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 79
Tabela 2.1.13. POR PAÍSES, ARGENTINA, CHILE, MÉXICO E VENEZUELA SÃO OS QUE CONSIDERAM A INTERNET MAIS ÚTIL
(10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria a partir da resposta «É muito útil» da pergunta N.º 30 «Para mim a internet...»:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.1.82. PARA MIM A INTERNET... (10-18 ANOS) 2.1.8.2.1. A internet como meio de comunicação
instantânea: Messenger x salas de chat
Já citamos anteriormente o uso e o tipo de con-
teúdo existentes na rede. Um dos mais populares
é o serviço de mensagens instantâneas, cujas apli-
cações mais populares são o Messenger e as salas
de chat.
79
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 80
80
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 81
nima: cerca de um de cada quatro costuma brin- Os adolescentes chilenos são os que mostram um
car com sua personalidade quando utilizam estes maior grau de sinceridade: 80% afirmam que sem-
sistemas de comunicação instantânea. pre se mostram como são. Além disso, são os que
menos afirmam suplantar sua personalidade de
Gráfico 2.1.85. SINCERIDADE E INTERNET POR IDADES modo ocasional:somente 15%,e em geral são os me-
(10-18 ANOS) ninos de 12 e 13 anos (26% e 24%, respectivamente).
O caso dos jovens colombianos é expressivo: a
verdade é que usam menos estes serviços do que
o restante de seus contemporâneos da Geração
Interativa, mas quando usam, só 50% deles são
sinceros, enquanto 25% fingem às vezes. Além dis-
so, um percentual acima da média (5%), declara
que esta atitude é habitual.
Nota-se que, na maior parte dos casos, o objeti-
vo de utilizar estes sistemas de comunicação ins-
tantânea é manter vínculos sociais preexistentes:
o grupo de amigos. No entanto, na realidade a
possibilidade de contatar com desconhecidos
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- abre as portas para alguns riscos, além da oportu-
ta N.º 19 «Se você está em uma sala de bate-papo ou em uma comunidade
de relacionamento, você costuma se apresentar como é de verdade ou fin-
nidade de fazer novos amigos. A amizade interati-
ge ser outra pessoa?: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. va também é uma característica da geração que
se está analisando: dois de cada três adolescentes
Quanto às diferenças dos jovens de cada país, va- têm amigos que conheceram em meios virtuais.
le a pena ressaltar alguns dados: As adolescentes Além disso, um de cada três chegou a conhecê-los
argentinas entre 13 e 14 anos são as que com mais pessoalmente.
assiduidade fingem ser outra pessoa quando ba-
tem papo em salas de chat, dado bastante superior Gráfico 2.1.87. TEM AMIGOS VIRTUAIS (10-18 ANOS)
ao dos meninos argentinos da mesma idade.
81
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 82
com um maior índice de penetração da internet Gráfico 2.1.89. VOCÊ TEM ALGUM AMIGO VIRTUAL?
em casa. MENINAS (10-18 ANOS)
Em linhas gerais, os meninos se mostram mais
dispostos a conhecer seus colegas virtuais, en-
quanto as meninas parecem ser mais prudentes:
conversam com os amigos com assiduidade mas
não os conhecem. (28% contra 24%).
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 21 «Se está usando o Messenger, você está de acordo com algumas das se-
guintes frases?: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
82
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 83
da internet são os que valoram acima da média 2.1.9. A internet na zona rural
quase todas as opções. Vislumbra-se uma diferen-
ça entre países mais favoráveis ao chat, como o Como já foi explicado no capítulo sobre a compo-
México, e outros ao Messenger, como o Brasil e a sição da amostragem, somente em dois casos,
Venezuela. Bater papo no chat com desconheci- México e Peru, a amostra obtida representa a po-
dos é prática habitual entre um de cada três ado- pulação escolarizada da zona rural. A seguir, deta-
lescentes argentinos, chilenos, mexicanos e vene- lharemos alguns dos dados mais relevantes sobre
zuelanos. a relação entre estas crianças e jovens e a internet
em cada um dos mencionados países.
2.1.8.3. Os valores de destaque acima da
média 2.1.9.1. O caso do México
Quando a internet compete com outras telas, co- 2.1.9.1.1. Posse e acesso à rede
mo o celular, as preferências estão polarizadas e a Enquanto 69% das crianças mexicanas urbanas
variável mais relevante é o país. Mas, em termos afirmam ter um computador em casa, esse nú-
gerais, as meninas se inclinam mais em direção ao mero é de um de cada dois na zona rural: 53%
celular se comparado com a internet: 42% esco- das crianças de 6 a 9 anos da zona rural revelam
lhem o celular e 35% que escolhem a rede. que não têm ou não utilizam nenhum compu-
Por países, podem ser identificados dois gran- tador.
des grupos: os celularizados e os internetizados. Entretanto, como se verá mais abaixo, o número
México, Peru e Venezuela fazem parte do primeiro é muito alto e muito maior do que no Peru.
grupo: nesse caso, os adolescentes preferem sig- Na zona rural deste país, no intervalo de idade
nificativamente o celular à rede. entre 10 e 18 anos, 41% dos jovens responderam
que não têm computador em casa. Se compara-
Gráfico 2.1.90. GRUPOS SEGUNDO PREFERÊNCIAS mos estes dados com os resultados da amostra
(10-18 ANOS) urbana da mesma idade no México, é evidente a
diferença: chega a 69%. Fica patente, portanto,
a desigualdade com respeito à cidade.
Quanto à pergunta relativa a se têm internet
em casa, 50% das crianças mexicanas do meio ru-
ral desta idade responderam «Não». No caso dos
jovens de 10-18 anos, o «Não» alcançou 52%.
60% dos adolescentes mexicanos da zona ru-
ral que têm computador afirmam que têm um
antivírus instalado. Apenas 13% dos que, além
disso, têm acesso à rede em casa, reconhecem
possuir um filtro de conteúdos para a navega-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- ção, embora 14% dos participantes desconhe-
ta N.º 60 «Apresentamos, em seguida, pares de aparelhos eletrônicos. Se
você tivesse que escolher uma coisa de cada par, com qual você ficaria?:
cem se têm algum sistema de proteção quando
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. navegam.
83
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 84
dos casos. Navegar em «Outro lugar» é o habi- na rural que possuem acesso à rede é diferente do
tual para 35% dos participantes, enquanto 32% uso no final de semana.
das crianças mexicanas da zona rural navegam De 2ª à 6ª feira, 15% revelam não usar a rede. E 7%
no colégio. usam menos de uma hora.Os heavy users,que usam
A casa também é o lugar mais habitual de aces- mais de duas horas, representam 11% dos casos.
so para os adolescentes. 36% se conectam tam- O percentual de heavy users é maior durante o
bém no colégio, 31% na casa de um amigo e 19% final de semana: 32% dos casos.
em um cibercafé. Os medium users, que usam entre uma e duas
horas, equivalem a 26% dos que têm conexão em
Gráfico 2.1.91. ONDE SE CONECTAM À INTERNET. casa. Os 21% restantes usam a internet menos de
(MÉXICO, 6-9 ANOS) uma hora.
O uso da internet, como ficou evidente nas pági-
nas anteriores, tira o tempo de outras atividades,
pergunta que também foi feita aos jovens mexica-
nos de 10 e 18 anos que usam a internet na zona ru-
ral. Para 31% deles, tirou o tempo da televisão, que
aparece como a principal prejudicada, seguida pe-
los estudos, que perderam tempo em 26% dos ca-
sos, a família, em 22%, e os amigos, em 15%.
84
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 85
lulares (torpedos) através da rede, enquanto 11% dos visitados, embora em menor medida, estão
usam a internet para falar pelo telefone. relacionados com os hobbies (27%) e com as
No caso mexicano urbano, o uso da rede apare- notícias (21%).
cia muito vinculado à possibilidade de se comuni-
car com os demais, como também ocorre na zona Gráfico 2.1.95. CONTEÚDOS PREFERIDOS.
rural. Ao contrário dos usuários da zona rural, as (MÉXICO, 10-8 ANOS)
crianças e jovens mexicanos da cidade não reve-
lam uma utilização tão intensa de recursos como
o Messenger ou o correio eletrônico.
Mas ambas as zonas coincidem em que a inter-
net é útil para navegar na web ou fazer download
de conteúdos, além de poder compartilhar fotos,
vídeos ou desenvolver diversos jogos de forma vir-
tual com outros internautas.
Por sexo, as meninas do México rural prefe- 2.1.9.1.5. Companhia para navegar
rem em sua maioria as páginas web (63%), o Com respeito a se navegam na internet sozinhos
Messenger (61%) e o correio eletrônico (59%), ou com companhia, 30% das crianças (6-9 anos)
percentuais parecidos aos dos meninos mexi- da zona rural responderam que navegam «Sozi-
canos da mesma zona, que preferem também nhos», 22% navegam «Com algum amigo», 19%
as páginas web (58%), o Messenger (52%) e bai- «Com algum irmão», 11% «Com o pai», 13% «Com
xar músicas (também 52%). Freqüentemente a mãe» e 14% «Com algum professor». Na zona
visitam mais páginas web com conteúdos mu- urbana do México, navegar na internet é uma
sicais, em 84% dos casos, seguida pelas de jo- experiência autônoma com relação à média e
gos, com 58% das respostas, as de humor (38%) tem certa incidência fraterna, muito parecida à
e as páginas esportivas (34%). Outros conteú- zona rural.
85
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 86
Além disso, 76% dos jovens participantes da 2.1.9.1.6. A internet e os usos comunicativos
zona rural revelam que na maior parte das ve- Embora já se tenha dito que a utilização das ferra-
zes que utilizam a internet estão sozinhos, 50% mentas de comunicação instantânea dos jovens
estão com um amigo, 39% navegam com al- da zona rural do México é menos intensa que os
gum irmão, 17% com o pai e 22% com a mãe. da cidade, os dados demonstram que 81% prefe-
Com os professores, o número é realmente bai- rem o Messenger comparado com 17% que optam
xo: 4%. pelas salas de chat.
Com respeito a se mostrarem como são na rea-
Gráfico 2.1.96. COM QUEM NAVEGAM lidade quando se exercem essa atividade, 72% dos
(MÉXICO, 6-9 ANOS) participantes responderam que «Sempre», 22%
reconheceram que às vezes fingem, dado que
concorda mais ou menos com esse 1 de cada 4 alu-
nos urbanos que costumam brincar com sua per-
sonalidade quando utilizam estes sistemas de co-
municação instantânea. Apenas 2% reconhecem
que sempre fingem ser outra pessoa.
43% dos jovens mexicanos da zona rural nesta
faixa etária afirmam que não têm nenhum amigo
virtual; um de cada três tem e, além disso, o co-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 9 «Com quem você costuma estar quando se conecta à internet?»:
nheceu pessoalmente; e 21% restantes reconhe-
N=789 estudantes mexicanos de 6 a 9 anos. cem que têm, mas que não os conhecem.
86
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 87
Gráfico 2.1.98. ATIVIDADE DOS PAIS ENQUANTO USAM Gráfico 2.1.99. PROIBIÇÕES ON-LINE. (MÉXICO, 10-18
A INTERNET. (MÉXICO, 10-18 ANOS) ANOS)
87
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 88
Gráfico 2.1.100. PARA ELES A INTERNET... Gráfico 2.1.101. DE ONDE TIRA TEMPO PARA A
(MÉXICO, 10-18 ANOS) INTERNET. (PERU, 10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun-
ta N.º 30 «Para mim a internet...» N=2.151 estudantes mexicanos de 10 a 18 ta N.º 24 «A que tipo de atividade você não dedica mais tempo desde que
anos. começou a usar a internet?» N=11.098 estudantes peruanos de 10 a 18
anos.
88
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 89
Gráfico 2.1.102. ONDE SE CONECTAM À INTERNET. da zona rural. A visita a páginas web é um pouco
(PERU, 6-9 ANOS) superior à média, não sendo assim a possibilidade
de baixar fotos ou outros conteúdos. No aspecto
«compartilhar», destaca-se de outros países, ocu-
pando o segundo lugar com maior utilização de
comunidades, atrás apenas do Brasil. Para os meni-
nos e meninas peruanos, a internet é um elemento
essencial como ferramenta de lazer: estão na fren-
te com respeito ao uso de serviços de jogos on-line
(53%), percentual coincidente com o rural.
Os jovens da zona rural do Peru coincidem com
os do México, considerando que a internet é útil
para navegar, baixar conteúdos, para poder com-
partilhar fotos, vídeos ou praticar diversos jogos
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun- de forma virtual com outros internautas.
ta N.º 8 «Em qual desses lugares você costuma usar a Internet?»: N=608 es-
tudantes peruanos de 6 a 9 anos.
Neste âmbito, as meninas preferem, em sua
maioria, o correio eletrônico (55%), as páginas web
Gráfico 2.1.103. ONDE SE CONECTAM À INTERNET. (46%) e baixar música (33%). Entre as preferências
(PERU, 10-18 ANOS) dos meninos peruanos se encontram também o
correio eletrônico (50%), as páginas web (48%) e
baixar música (35%).
As web de conteúdo musical são visitadas por 71%
dos participantes, marcando uma clara diferença
com os demais conteúdos. 50% de peruanos da zona
rural visitam páginas de jogos; as notícias parecem
atrair seu interesse, já que 29% declaram acessar es-
se tipo de conteúdo. Também visitam, embora em
menor medida, as páginas relacionadas com os hob-
bies (25%),as esportivas (35%) e as de humor (14%).
Nas zonas urbanas do Peru, os jovens revelam
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun-
ta N.º 14 «Em que lugar você costuma usar a Internet?»: N=11.098 estudan-
que se sentem atraídos pelos conteúdos relacio-
tes peruanos de 10 a 18 anos. nados com os jogos, coincidindo com os jovens da
zona rural. Ao mesmo tempo, os peruanos da zona
filmes, programas, etc. Por outro lado, 46% usam a urbana se destacam por serem os que com maior
rede para visitar páginas web, 28% enviam torpe- freqüência acessam conteúdos educacionais e
dos e 25% compartilham vídeos ou fotos. Apenas culturais, o que acontece também com os perua-
10%, respectivamente, usam a internet para falar nos da zona rural, cujo acesso às web educativas é
pelo telefone. de 39%, e as culturais de 25%.
Na zona urbana, o Peru está na frente no que se Por outro lado, as meninas peruanas escolhem
refere à utilização do correio eletrônico como ferra- majoritariamente a música (53%), os conteúdos
menta de comunicação e se destaca claramente educacionais (55%), e os jogos (22%), comparado
pelo envio de mensagens a celulares através da re- aos meninos, que escolhem majoritariamente
de, serviço que atrai quase a metade das crianças e também a música (62%), depois os jogos (49%), os
jovens peruanos. O mesmo ocorre também com as educacionais (45%) e os esportes (41%).
89
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 90
Gráfico 2.1.104. CONTEÚDOS PREFERIDOS Gráfico 2.1.105. COM QUEM NAVEGAM (PERU, 6-9 ANOS)
(PERU, 10-18 ANOS)
90
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 91
Gráfico 2.1.107. O QUE FAZEM NA INTERNET Gráfico 2.1.108. ATIVIDADE DOS PAIS ENQUANTO
(PERU, 10-18 ANOS) USAM A INTERNET. (PERU, 10-18 ANOS)
91
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 92
nas web: a metade dos participantes sabe que es- 2.1.10. Resumo executivo
se comportamento não é conveniente, prioridade
que não aparece neste caso específico. 2.1.10.1. Região
Acesso
• O lugar de acesso mais comum para as crianças
é em casa, seguido da escola.
• Os lugares de acesso mais habituais entre os
adolescentes são a própria casa ou os cibercafés.
Em outro plano se situa a escola, a casa dos ami-
gos ou a de familiares.
• Uma menor penetração da internet em casa leva
a um maior uso nos cibercafés e na escola.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta
• À medida que crescem, usam mais a internet fo-
N.º 30 «Para mim a internet...»: N=1.031 estudantes peruanos de 10 a 18 anos. ra de casa. O multiacesso aumenta com a idade.
92
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 93
93
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 94
• 9% formam o grupo de criadores experientes, ao ferem faz com que, logicamente, poucos a consi-
serem autores simultâneos de páginas web e de derem que não é essencial, sendo somente 8%.
blogs. • Com respeito à possibilidade de que o uso da re-
de possa gerar dependência, apenas 20% identi-
Mediação educativa ficam este fato como um problema.
• Segundo os participantes, 35% dos pais não in- • Em salas de chat e no Messenger, duas das apli-
tervêm enquanto seus filhos navegam na inter- cações favoritas dos adolescentes, 66% decla-
net. ram que sempre se mostram como realmente
• O mais freqüente, em 45% dos casos, é que os são. Entretanto, 22% declaram que às vezes fin-
pais perguntem o que eles estão fazendo en- gem quando batem papo em salas chat.
quanto navegam, ou que dêem uma olhada • Em linhas gerais, os meninos se mostram mais
(26%). dispostos a conhecer seus colegas virtuais (35%
• As opções «Eles se sentam comigo» ou «Faze- contra 31%), enquanto as meninas parecem ser
mos algumas coisas juntos» não superam 10%. mais prudentes neste ponto: mantém os amigos
• Os comportamentos com maior controle paren- com assiduidade mas não os conhecem. ( 27%
tal (coisas que não podem fazer) são «Dar infor- contra 23% dos meninos).
mação pessoal» (47%) ou «Comprar alguma coi- • Para 69% deles e praticamente para três de cada
sa» (40%). quatro meninas, a afinidade com o Messenger se
• As ações mais habituais praticadas por crianças e explica pelo fato de permitir que elas conversem
jovens são jogar, bater papo, assistir a vídeos, baixar com seus amigos.
arquivos,entre outros,quase não têm restrições.
• 23% declaram que não têm nada proibido quan- 2.1.10.2. Argentina
do navegam.
• A pesquisa revela que 56% dos professores dos Posse
adolescentes realizam algum tipo de indicação • A Argentina é um dos três países líderes na pe-
docente sobre a internet (usam a rede em sala netração de computadores, com 79% dos casos.
de aula ou recomendam sua utilização para o es-
tudo pessoal). Uso
• A Argentina é um dos países mais avançados na
Valorações conexão à internet; é o que afirma 57% dos ado-
• 45% das crianças de 6 a 9 anos preferem a inter- lescentes.
net, contra 37% que preferem a televisão. Esta • A afinidade pela tecnologia é evidente no caso
tendência se intensifica com a idade: enquanto da Argentina, usufruindo dela em níveis muito
28% dos adolescentes preferem a televisão, 54% elevados.
optam pela internet. • Os jovens argentinos mostram preferência pelo
• 45% dos jovens reconhecem ter um nível médio telefone celular que, juntamente com a capaci-
de conhecimento da internet. Um de cada três dade de selecionar conteúdos televisivos graças
jovens se considera usuário avançado ou expe- à altíssima penetração da televisão a cabo, mar-
riente na rede (16%). Os meninos estão alguns ca a diferença com os demais. Apenas mantêm
pontos à frente nestas últimas categorias (17% uma distância significativa com respeito às pla-
contra 14% das meninas). taformas específicas de jogo (videogames e
• Embora 79% dos adolescentes considerem que a videogames portáteis)
internet é muito útil, apenas 13% acham que é im- • A casa é o lugar mais habitual de acesso à inter-
prescindível. O alto grau de utilidade que lhe con- net para crianças e jovens argentinos.
94
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 95
• As casas alternativas são uma opção freqüente, com outros internautas, configuram outro pólo
onde a Argentina se destaca por estar muito aci- de interesse para crianças e jovens argentinos.
ma da média, com 46% de respostas afirmativas • Quanto ao lazer digital, não se destaca sobre os
à opção «Na casa de um amigo», dado que indica demais países: a tônica geral é a prevalência dos
um uso marcadamente social da internet. jogos on-line e, em menor escala, o acesso ao rá-
dio e à televisão digital.
Tempo • No acesso a conteúdos, a Argentina mostra pre-
• A atividade mais substituída é o estudo e o tem- ferências mais próximas à média global. As
po destinado aos trabalhos escolares (39%), jun- crianças e jovens argentinos têm uma preferên-
to com a televisão (32%) e a leitura (27%). Nos cia ligeiramente inferior por recursos vinculados
três casos, estas opções obtêm o valor máximo aos jogos e à cultura. Entretanto, é ligeiramente
comparado com os demais países. superior a resposta afirmativa à visita de outros
conteúdos diferentes dos perguntados.
Companhia
• É freqüente encontrar na rede crianças e adoles- Criadores de Conteúdos
centes sem nenhum tipo de companhia, sem • A Argentina é um dos países onde predomina o
possibilidade de uma mediação adulta; a Argen- perfil de criador de conteúdos. Destaca-se seu
tina é um bom exemplo deste fenômeno. evidente perfil «blogger», com 32% dos casos.
• O uso da internet na Argentina é basicamente
uma experiência social. Em alguns casos se com- Mediação educativa
partilha com os irmãos. A presença de professores • Segundo a percepção de seus alunos, os docen-
é muito escassa, mas aparece acima da média. tes mais ativos no uso e recomendação da inter-
• Destaca-se o perfil autodidata dos argentinos. net são os da Argentina.
Os estudantes entre 10 e 18 anos reconhecem, • A Argentina se destaca por ser o país com maior
com percentuais acima da média, que os amigos reconhecimento pelos participantes de uma
são referências de ajuda na formação como in- maior autonomia diante de seus pais: quase cin-
ternautas. co de cada dez assim o afirmam, com percen-
tuais que chegam a 60% em idades superiores
Uso de serviços aos 14 anos. Em contrapartida, tem uma fre-
• A Geração Interativa deste país realiza um uso qüência maior com relação à média na opção
intenso e multifuncional da rede, por cima da «Fazem vista grossa». Por último, é muito pouco
média em quase todos os casos. É um grupo que freqüente a navegação de pais e filhos juntos.
dá prioridade a tudo o que se refere à comunica- • A Argentina não se sobressai sobre a média no
ção: utilizam preferencialmente o Messenger, que se refere à ausência de discussão. Caso ocorra,
sem diferenciar o uso em função do sexo; o cor- são os internautas que reconhecem uma maior
reio eletrônico é utilizado pelas meninas (70%) freqüência de conflitos com motivos baseados no
dez pontos a mais do que os meninos; e o envio momento ou no tempo de conexão.
de torpedos, serviço que também exerce alta • No caso da Argentina, o reconhecimento sobre a in-
atração nas meninas. O único serviço que parece conveniência de dar informação pessoal,comprar ou
não contar com excessiva popularidade é o uso preencher questionários aparece abaixo da média.
do chat.
• A visita de páginas web e os downloads de diver- Valorações
sos conteúdos, além das ferramentas que lhes • Os adolescentes argentinos se destacam na utili-
permitem compartilhar conteúdos audiovisuais zação do Messenger: 18% da amostra revela que é
95
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 96
sua atividade favorita. Este fato está relacionado • Junto com este grau de conectividade elevado,
com a seguinte preferência em que se sobressaem caracterizam-se por uma preferência clara pelos
sobre os demais jovens: «Estar com meus amigos» videogames em plataformas específicas.
(14%).Ambas as atividades possuem um caráter re-
lacional, e embora uma dela discorra sobre plata- Uso
formas tecnológica e outra em meios presenciais,é • As crianças e jovens do Brasil (63%) utilizam a es-
evidente que para a Geração Interativa da Argenti- cola como lugar mais habitual para navegar, per-
na, os amigos são muito importantes. centual que ultrapassa a média global.
• 29% dos meninos argentinos consideram que • No caso dos adolescentes brasileiros, o percen-
seu conhecimento da rede é avançado ou muito tual de navegação é de 60%, o mais alto da Gera-
avançado. ção Interativa, embora nesta época ocorra uma
• A afinidade pelo Messenger é muito superior no mudança de preferência para a navegação em
caso das adolescentes argentinas (73%), que li- casa.
deram a preferência pelo popular sistema de
mensagens instantâneas. Tempo
• As adolescentes argentinas entre 13 e 14 anos são as • 57% dos jovens de 10 a 18 anos navega mais de
que com mais assiduidade fingem ser outra pessoa duas horas durante o final de semana, percen-
nas salas de chat, percentual que é muito superior tual que se situa a 14 pontos da média global.
ao dos meninos argentinos da mesma idade. • As preferências na hora de substituir as ativida-
• Bater papo com desconhecidos é prática habitual des são realmente peculiares. No caso dos brasi-
entre um de cada três adolescentes argentinos. leiros, o estudo é uma atividade muito menos
• A Argentina é um país dividido: os meninos pre- substituída (18%), em favor do lazer audiovisual
ferem claramente a rede (54% contra 30%) e as (53%), ressalvando que essa substituição se divi-
meninas, o celular (31% contra 58%). de quase em partes iguais entre a televisão e os
videogames. Também é a geração que transfere
2.1.10.3. Brasil menos tempo destinado à família para navegar
na internet (12%). Por último, apenas 28% reco-
Posse nhecem que navegar na internet não tira o tem-
• O Brasil é o país onde a localização do computa- po de nenhuma outra atividade, valor mínimo
dor no quarto dos filhos é mais freqüente. Existe no global de países.
um computador em 38% dos quartos das crian-
ças, e em quase um de cada dois quartos dos Companhia
adolescentes (44%). • Os resultados, segundo países, definem a Ge-
• Este país, com 46%, está em segundo lugar ração Interativa brasileira como a mais solitá-
quanto à penetração de internet nas casas das ria, opção reconhecida em mais da metade
crianças. dos casos, o que implica incompatibilidade
• No caso dos adolescentes, é o país mais avança- com situações de uso compartilhado da rede.
do na penetração da internet nas casas, com Neste sentido, os jovens brasileiros ressaltam
58%. que as pessoas mais idôneas para comparti-
• Os adolescentes brasileiros estão em uma boa lhar a experiência de navegar juntos são ou-
posição para enfrentar os desafios propostos pe- tros jovens.
la Sociedade da Informação. • O Brasil é um dos lugares com maior implicação
• Estes adolescentes têm acesso à rede em casa, de dos pais no uso em comum da rede, lugar onde
um modo significativamente superior aos demais. também estão os maiores percentuais relativos
96
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 97
97
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 98
98
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 99
99
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 100
99% dos casos, seguido pelo computador, com ternet. É o país com o menor índice de uso no
uma distância de 56 pontos. caso do Messenger ou do correio eletrônico,
• Estes dados situam a Colômbia na retaguarda serviço que conta com maior preferência entre
da Geração Interativa. Esta apreciação, longe de os meninos. O contraste surge com um acesso
ser negativa, revela aos profissionais educativos elevado aos serviços de chat: 27% batem papo
e sociais deste país uma grande oportunidade: em salas de chat, quase dez pontos acima da
ainda estão em condições de garantir que a média global.
aquisição e o uso destas tecnologias responde às • No apoio da internet como meio para conhecer
necessidades de formação desta faixa etária. ou para compartilhar, revela usos inferiores ao
global. Entretanto, são as meninas as que mais
Uso utilizam a rede para isso (32%, contra 21% dos
• 46% dos jovens colombianos utilizam a escola meninos).
como o lugar mais habitual para navegar. • A Geração Interativa colombiana é, entretanto,
semelhante à de grande parte dos países estu-
Tempo dados no acesso a jogos na rede, rádio ou televi-
• Destaca-se por uma divisão uniforme nos per- são digital, ou na realização de compras on-line.
centuais de resposta para cada uma das opções. • Estes estudantes realizam um acesso inferior à
Junto com o Brasil, as crianças e jovens colom- média sobre grande parte das opções apresenta-
bianos reconhecem uma menor substituição do das; é o caso de conteúdos relacionados com
estudo (18%) e também do esporte. A substitui- música, humor, notícias e programas de televi-
ção da televisão também é a mais baixa no con- são ou outros relacionados com os próprios hob-
junto de todos os países estudados (22%), com bies. Algo similar ocorre com os conteúdos cultu-
uma distância de dez pontos com relação a rais ou a opção «Outros». O único caso que surge
crianças e jovens argentinos. acima da média é o relacionado ao acesso a re-
cursos informáticos, com 17%.
Companhia
• É freqüente encontrar na rede crianças e jovens Criadores de conteúdos
colombianos sem nenhum tipo de companhia, • A resposta dos jovens colombianos à possível
sem possibilidade de uma mediação adulta autoria de uma página web ou de um blog é ne-
diante dos perigos da rede. gativa na metade dos casos e supera a média
• Os irmãos são, para alguns dos países, uma op- global para toda a região.
ção de companhia na navegação, mas os jovens
colombianos utilizam essa ajuda externa ape- Mediação educativa
nas em 16% dos casos. • A Colômbia se caracteriza por uma baixa inci-
• O uso da internet se mantém abaixo da média dência dos docentes na utilização e recomenda-
em todas as opções relacionadas à companhia, ção da internet.
salvo no caso da presença de professores. Pode- • Mantém-se na média na opção «Ausência de
mos classificá-la como uma tarefa em conjunto mediação» e está abaixo da média quanto à pos-
com os docentes, embora costuma ocorrer quase sibilidade majoritária de mediação ativa: 36% re-
sempre com valores realmente baixos (7%). conhecem que seus pais lhes interrogam sobre
sua atividade na internet, quase a dez pontos de
Uso de serviços distância da média global.
• Destaca-se por um uso inferior à média em • A Colômbia se situa na retaguarda da Geração
grande parte dos serviços pesquisados na in- Interativa, sendo um dos países com menos res-
100
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 101
trições familiares quando ao uso da internet. cas de jogo (videogames e videogames portá-
Dois de cada dez casos não possuem nenhuma teis) é o mais elevado da amostragem, assim co-
restrição e os valores estão abaixo da média no mo as câmaras de fotos e de vídeo digitais. O as-
conhecimento de uma proibição sobre a possibi- pecto lúdico parece ter prioridade na relação
lidade de dar informação pessoal ou realizar destes jovens com as tecnologias.
compras.
• Quanto aos motivos de discussão em torno da Uso
internet, a Colômbia apresenta um nível médio • Os estudantes do México possuem maior acesso
com relação à ausência de conflitos e está um à internet em suas casas (57%), comparado com
pouco abaixo da média em discussões relaciona- o uso relativamente baixo da internet na escola
das com o tempo de utilização. (27%).
• 52% dos adolescentes navegam em cibercafés,
Valorações opção mais habitual no caso dos meninos.
• Destaca-se a elevada preferência dos adolescen-
tes colombianos pela televisão como opção de Tempo
entretenimento (32%), dez pontos acima da mé- • A opção relacionada com o tempo de navegação
dia. Junto com a música (20,4%) constituem as «Mais de duas horas» diminui no caso do Méxi-
opções majoritárias de entretenimento depois co, situando-o abaixo da média global.
do jantar. Estes dados tornam os jovens da Co- • O México é o país com valores mais próximos à
lômbia o grupo mais «tradicional» na hora de média no que se refere à substituição de ativida-
ocupar o tempo de lazer. des. As mais prejudicadas pelo uso da internet
• A televisão passa a um segundo plano na maior são: a televisão (28%), os estudos (24%) e a famí-
parte das casas da Geração Interativa, enquanto lia (20%).
os colombianos mantêm uma situação de em-
pate nesta preferência de uso. Companhia
• É expressivo o caso dos jovens deste país quanto • No México as crianças e jovens navegam sem
ao grau de sinceridade na rede: a verdade é que companhia, sem a possibilidade de uma media-
usam menos estes serviços do que o restante de ção adulta contra os perigos que a internet pode
seus contemporâneos da Geração Interativa, oferecer.
mas quando usam, apenas 50% deles são since- • Navegar na internet é uma experiência autôno-
ros, enquanto 25% fingem às vezes. Além disso, ma. Com relação à média, tem um perfil social
um percentual acima da média (7%) declara que baixo e certa incidência fraterna.
finge habitualmente. • No México, a preferência pelos irmãos na hora de
navegar na internet está acima da média. O pai é
2.1.10.6. México um apoio para um de cada dez participantes
mexicanos, país onde a mãe atinge sua máxima
Posse influência, em 6% dos casos.
• A posse de telas dos adolescentes do México se
situa em torno à média global. Está em uma boa Uso de serviços
posição para enfrentar os desafios propostos pe- • O uso da rede aparece muito vinculado à possibi-
la Sociedade da Informação. lidade de comunicar-se com os demais. No entan-
• Os jovens mexicanos mostram uma afinidade to, crianças e jovens mexicanos não revelam uma
especial com as tecnologias mais audiovisuais e utilização tão intensiva de ferramentas como o
lúdicas: o grau de posse de plataformas específi- Messenger, o correio eletrônico ou o envio de tor-
101
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 102
102
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 103
47% da média global) Este fenômeno surge a • A visita a páginas web é um pouco superior à
partir dos 13 anos e afeta em maior medida os média, o que não ocorre com a possibilidade de
meninos. baixar fotos ou outros conteúdos.
• No aspecto «compartilhar», destaca-se de ou-
Tempo tros países, colocando-se em segundo lugar
• Nos dias de semana, os peruanos que se conec- quanto à utilização de comunidades, atrás ape-
tam mais de duas horas diárias representam nas do Brasil.
percentuais muito abaixo da média. No final de • Para os estudantes peruanos, a internet é um
semana, porém, este percentual sobe, ultrapas- elemento essencial como ferramenta de lazer:
sando a média global. está em primeiro lugar no uso de jogos on-line
• A atividade com maior grau de substituição no (55%); é também onde o jogo digital possui
Peru é a televisão, com 31%, segundo valor mais maior preferência entre os meninos. No Peru é
alto da Geração Interativa. onde maior quantidade de meninas joga on-line
Junto com os videogames, o lazer audiovisual é (41%). Por último, quase dois de cada dez estu-
substituído em 45% dos casos. dantes têm acesso a programas de rádio digital.
Em contrapartida, a família é uma opção menos • A Geração Interativa do Peru se caracteriza por
considerada como fonte de tempo (16%), o que um uso mais intenso de determinados conteú-
também ocorre no caso dos amigos (10%). dos: sentem-se atraídos pelos conteúdos relacio-
nados com os jogos, seus próprios hobbies ou
Companhia pelos concursos. Ao mesmo tempo, as crianças e
• O Peru é um dos lugares com maior implicação jovens peruanos se destacam por ser os que com
dos pais no uso conjunto da rede, lugar onde maior freqüência têm acesso a conteúdos edu-
também se revelam os maiores percentuais para cacionais e culturais.
a opção «Navego com minha mãe». Algo seme-
lhante ocorre com professores como guias para Criadores de conteúdos
orientar os internautas pela internet. Existe uma • A resposta dos meninos peruanos à possível au-
grande implicação dos docentes em navegar toria de uma página web ou de um blog é nega-
junto com os alunos, embora só ocorra talvez em tiva na metade dos casos e ultrapassa a média
uma quarta parte dos casos. global.
• Vale destacar a autonomia dos jovens peruanos
e quanto ao perfil social, mantém valores abaixo Mediação educativa
da média em tudo o que se refere ao âmbito fa- • O Peru é o terceiro país onde os docentes são
miliar: irmãos, pai ou mãe. considerados mais ativos na utilização e reco-
mendação da internet.
Uso de serviços • Os estudantes peruanos afirmam que têm
• Distingue-se o uso intenso de diversas mídias uma percepção sobre a ausência de controle
interativas. Situa-se à frente no que se refere à parental e maior afirmação sobre determina-
utilização do correio eletrônico como ferra- dos comportamentos dos pais: por exemplo, a
menta de comunicação e no envio de torpedos metade dos participantes reconhece que seus
a celulares pela rede, serviço que atrai quase a pais lhes perguntam o que fazem enquanto es-
metade das crianças e jovens peruanos. Além tão navegando.
disso, um de cada dez costumar utilizar servi- • Os jovens peruanos reconhecem ter bastante li-
ços de voz sobre IP para conversar com outros berdade ao liderar o índice de respostas afirma-
internautas. tivas à opção: «Eles me deixam fazer tudo». Co-
103
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 104
mo é lógico, o reconhecimento sobre a inconve- para enfrentar os desafios propostos pela Socie-
niência de dar informação pessoal, comprar ou dade da Informação.
preencher questionários é inferior à média.
• Os valores relativos aos motivos de discussão gi- Uso
ram em torno da média, embora o motivo mais • As crianças e jovens da Venezuela, com 63%, são
freqüente fique por conta do tempo de utiliza- os que mais se conectam em casa. Na faixa etária
ção. dos 10 a 18 anos, destaca-se o uso relativamente
baixo da internet na escola e a alternativa mais
Valorações comum ao «lugar natural» está formada pelo
• No caso das crianças e jovens do Peru, onde a pe- acesso em cibercafés ou lan houses, com 55%,
netração da internet nas casas também está comparado a 51% que têm acesso em suas casas.
abaixo da média, a preferência pela internet su-
pera 51%, frente 35% que preferem a televisão. Tempo
Concluímos que, independentemente da posse, • A Venezuela possui perfis peculiares. Em primei-
a afinidade desta Geração Interativa pela inter- ro lugar, quase a metade das crianças e jovens
net faz com que se inclinem por esta mídia. reconhecem que a internet não substitui nenhu-
• No caso dos jovens, destaca-se a preferência pela ma atividade. Para o restante, a mais substituída
televisão em índices inferiores à média (20%), é a televisão, seguida dos amigos ou do estudo
que fica substituída pela música, no caso dos pessoal, embora em percentuais inferiores aos
meninos (20%), e pelo Messenger, no das meni- globais.
nas (20%).
• O Peru está acima da média no que se refere à Companhia
preferência dos adolescentes pelas salas de chat, • Destaca-se pelo perfil social ou a presença de
sendo os meninos os que optam por este servi- amigos no uso da internet. É um dos países com
ço: 17% dos casos. Pelo fato de utilizarem um es- maior presença da mãe, com 17%. Embora escas-
paço público para acessar a rede, as salas de chat sa, a Venezuela reflete a experiência de uso no
parecem ser o sistema mais habitual. Por outro âmbito familiar.
lado, isso deixa estes jovens mais expostos aos
possíveis riscos que podem encontrar em suas Uso de serviços
conversas on-line. • Distingue-se por um uso claramente intenso da
• Os adolescentes peruanos preferem significati- dimensão comunicativa da rede: está acima da
vamente o celular (47%) à rede (40%). média em quatro dos cinco serviços estudados.
Neste sentido, é uma Geração Interativa real-
2.1.10.8. Venezuela mente «síncrona» por revelar uma evidente pre-
ferência pelo uso do Messenger ao correio ele-
Posse trônico. Entre as meninas, existe uma maior
• A Venezuela, com 54%, é o país com maior pene- utilização dos serviços de envio de mensagems a
tração de internet nas casas das crianças. celulares: 50% contra 44% dos meninos.
• A Geração Interativa venezuelana é uma das • A visita a páginas web está acima da média, ao
mais equipadas: o grau de acesso aos diversos contrário de downloads conteúdos ou a possibi-
dispositivos, como celulares, mp3, câmaras de fo- lidade de compartilhar fotos de conteúdos ou
tos e vídeo é alto e todos se correlacionam dire- vídeos, aspecto que aparece com menor interesse
tamente. A Venezuela, em um nível médio com do que o global estudado, e que interessa mais os
relação a esta geração, está em uma boa posição meninos (39%) do que as meninas (38%).
104
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 105
• Cabe destacar outro aspecto do público adoles- implicação como, por exemplo, «Eles se sentam
cente e juvenil da Venezuela: a elevada realiza- comigo», «Eles me ajudam» ou «Fazemos algu-
ção de compras através da rede. mas coisas juntos».
• A Venezuela se destaca por um uso mais elevado • A Venezuela é o lugar com maior liberdade entre os
de conteúdos relacionados com os esporte e pe- precoces navegantes, ao liderar o índice de respos-
las visitas a páginas web e recursos relativos a tas afirmativas à pergunta: «Eles me deixam fazer
software e aplicações informáticas: habitual- tudo». Como é lógico, o reconhecimento sobre a in-
mente, dois de cada dez participantes, sendo o conveniência de dar informação pessoal, comprar
dado mais elevado de toda a região. O acesso a ou preencher questionários é inferior à média.
recursos educacionais também está nove pon- • Também é o lugar com menor conflito entre pais
tos acima da média. As crianças e jovens vene- e filhos neste âmbito; os demais valores se iden-
zuelanos foram os mais bem retratados nas va- tificam com as pontuações médias globais.
riáveis coletadas no questionário, com o menor
índice de resposta afirmativa à opção «Visito ha- Valorações
bitualmente outros conteúdos». • As adolescentes venezuelanas são as que mais
preferem a música de toda a amostra, com 22%,
Criadores de conteúdos competindo com a televisão. É o grupo onde, no
• A resposta dos adolescentes venezuelanos à lazer «interativo», as opções de entretenimento
possível autoria de uma página web ou de um mediadas pela tecnologia são mais importantes.
blog é negativa na metade dos casos e ultrapas- 40% dos meninos preferem uma tela interativa
sa a média global. para seu tempo de lazer (navegar, videogames,
Messenger ou celulares).
Mediação educativa • É o país onde os adolescentes consideram mais
• É um dos países onde os alunos consideram os útil o uso da internet, com 86% de preferência
docentes mais ativos na utilização e recomenda- por esta opção.
ção da internet. • Bater papo em salas de chat com desconhecidos
• Mais de um terço dos participantes reconhece a é prática habitual entre um de cada três adoles-
ausência de mediação, sendo mais intensa a centes venezuelanos.
ação dos pais no caso contrário: obtêm melhores • Os adolescentes preferem significativamente o
resultados nas opções em que existe uma maior celular (51%) à rede (27%).
105
001-106_GENER_PORT 6/2/09 14:31 Página 106
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 107
2.2.1. O celular, cada vez mais difundido Entre as crianças e jovens, observa-se que há
um desejo claro de utilizar essa tecnologia: en-
82,2% dos adolescentes entre 10 e 18 anos afir- quanto 41,8% das crianças (6 – 9 anos) afirmam
mam que possuem um telefone celular, trans- ter seu próprio aparelho celular, 28,2% dizem que
formando esta tecnologia na segunda mais po- não possuem um aparelho seu, mas que utilizam
pular entre a Geração Interativa, atrás apenas habitualmente o aparelho de outras pessoas (pais
da televisão. A telefonia celular conseguiu con- ou irmãos). Apenas 27% não utilizam de nenhuma
quistar este público, que associa o fato de ter maneira esse aparelho.
um celular à tão desejada independência e li- Nesta faixa etária, são as crianças da Venezuela
berdade que caracterizam esta faixa etária. Ar- (66,6%), do Brasil (50,5%) e do Chile (50,3%) as que
gentina, Venezuela e Chile lideram o uso do ce- apresentam uma maior precocidade na aquisição
lular nessa faixa etária, todos com uma taxa de do próprio celular.
penetração superior a 90% (94%, 93% e 93%,
respectivamente). Gráfico 2.2.2. POSSE DE CELULARES (6-9 ANOS)
107
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 108
tor determinante na hora de adquirir um apare- 57% e no Peru 56%. O México e a Venezuela lide-
lho. As meninas aparecem como as usuárias ram a lista dos países mais precoces, com 72% e
mais habituais desta tecnologia: 86% contra 67% de adolescentes que afirmam que tiveram
80% dos meninos. seu primeiro celular entre 9 e 12 anos de idade.
Vale destacar o caso do Brasil, onde a diferença
entre os sexos é de quase 10%. Gráfico 2.2.4. ESTUDANTES QUE ADQUIRIRAM SEU
PRÓPRIO CELULAR ENTRE OS 9 E 12 ANOS
Gráfico 2.2.3. POSSE DE CELULARES POR SEXO
(10-18 ANOS)
108
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 109
Gráfico 2.2.5. COMO ADQUIRIRAM O CELULAR Gráfico 2.2.6. COMO ADQUIRIRAM O CELULAR
(6-9 ANOS) (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 13 «Como você conseguiu seu celular?»: N=4.526 estudantes de 6 a 9 ta N.º 36 «Como você conseguiu seu primeiro celular?»: N=20.941 estudan-
anos. tes de 10 a 18 anos.
mais utilizada, com um índice muito superior ao O celular é a telinha com o maior índice de aceita-
«acesso sob demanda», em que 31% ganharam um ção e utilização pela Geração Interativa ibero-ameri-
aparelho depois de pedi-lo aos pais. No Brasil, ao cana.Junto com a televisão,é a tecnologia mais difun-
contrário, esta prática é menos habitual, registran- dida entre as crianças e jovens,sendo considerado um
do um índice de apenas 22% dos casos. elemento básico de identidade para eles.
Os parentes representam a terceira via de aces- O celular é muito mais do que um aparelho para
so ao celular para esta faixa etária, em 16% dos ca- fazer ligações, recebê-las ou enviar mensagens. A
sos. A Argentina (22%) e o Chile (19%) destacam-se Geração Interativa caracteriza-se pelo uso multi-
nesta modalidade. O conceito de «parentes» é funcional do celular, com um claro predomínio do
muito amplo e pode incluir desde um irmão mais aspecto lúdico neste sentido. Algumas das pergun-
velho até avós e tios. De qualquer forma, este va- tas incluídas no questionário permitem aprofun-
lor é válido porque permite identificar até que dar estas questões, e esta análise é feita a seguir.
ponto o acesso dos adolescentes ao celular foi
uma decisão de seus pais ou não, o que poderia 2.2.1.1. Uma geração bem comunicada.
facilitar ou dificultar a imprescindível mediação
familiar. Possuir ou utilizar um celular multiplica as possi-
Nesta faixa etária influi também outro fator bilidades de comunicação com pessoas próxi-
que é a administração do dinheiro e o desejo de mas, sejam estas parentes ou amigos. Segundo a
ter um celular; 8% dos participantes compraram pesquisa realizada, ocorre uma transição na fre-
seu aparelho com recursos próprios. qüência destas comunicações do âmbito familiar
Vale ressaltar que, neste caso, a porcentagem de para o âmbito social, relacionada diretamente
meninos que adquiriu seu próprio telefone é duas com a idade.
vezes maior do que o de meninas (12% deles contra Os resultados globais para o grupo de crianças
6% delas). Esta opção aumenta de forma significa- (6-9 anos) indicam que, basicamente, elas utili-
tiva a partir dos 16 anos entre os meninos. zam o celular para comunicar-se com seus pais ou
109
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 110
parentes. Ou seja, a telinha é um instrumento de Gráfico 2.2.8. COMUNICAÇÃO DAS MENINAS: MÃE X
contato permanente com a mãe (56%), o pai (51%), AMIGOS, SEGUNDO A IDADE (6-9 ANOS)
outros parentes (43%) ou irmãos (25%). Por outro
lado, mais de um terço reconhece que utiliza o ce-
lular para falar com seus amigos. O gráfico abaixo
mostra uma comparação entre estes resultados.
110
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 111
Tabela 2.2.1. COM QUEM FALAM HABITUALMENTE PELO TELEFONE CELULAR (6-9 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 12 «Com quem você costuma se comunicar pelo celular?»: N=4.526 estu-
dantes de 6 a 9 anos.
Dois países registram uma freqüência média O uso do celular muda à medida que as crianças
no uso do celular: o Peru se destaca por uma ten- e jovens crescem, adquirem novas preferências,
dência ligeiramente superior a utilizar o celular novas prioridades e mais autonomia. Uma das
para falar com o pai ou outros parentes, grupo mudanças mais significativas com relação ao seu
não tão preferente no México, segundo país nes- uso é substituição da comunicação familiar pela
te grupo. comunicação social. Como pode-se observar no
A Argentina e a Colômbia fecham o grupo dos Gráfico 2.2.9., os amigos constituem o primeiro
países analisados destacando-se pelo baixo uso grupo de interlocutores freqüentes. Surge tam-
do celular em comparação com a média global. A bém uma nova categoria bastante marcante: o
mãe continua sendo a interlocutora mais habi- namorado ou a namorada, principal alvo das liga-
tual, especialmente para as meninas; destaca-se o ções ou mensagens para quase para um terço
elevado valor da opção «outros parentes» para os desta geração. Vale destacar que não se observam
jovens argentinos. diferenças relevantes neste âmbito relacionadas
com as várias idades dos participantes.
A freqüência do uso, e também a variedade de
Gráfico 2.2.9. CELULAR: USO FAMILIAR X USO SOCIAL interlocutores, continua mostrando uma clara
(6-9 ANOS)
Gráfico 2.2.10. COM QUEM FALAM HABITUALMENTE
PELO CELULAR (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 12 «Com quem você costuma se comunicar pelo celular?»: N=4.526 ta N.º 34 «Com quem você costuma se comunicar mais pelo celular?»:
estudantes de 6 a 9 anos. N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
111
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 112
112
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 113
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 34 «Com quem você costuma se comunicar mais pelo celular?»: N=20.941
estudantes de 10 a 18 anos.
113
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 114
• Conteúdos. Neste ponto o celular aparece co- Gráfico 2.2.14. ATIVIDADES REALIZADAS COM O
mo um suporte de conteúdos e não como uma CELULAR (10-18 ANOS)
ferramenta de comunicação. A metade dos jo-
vens, independentemente do gênero, utiliza-o
para ouvir música. Também é útil para ver fotos
e vídeos em 47% dos casos. Em menor medida,
13% navegam na internet graças ao seu celular,
e 6% utilizam seu aparelho para assistir à tele-
visão.
• Lazer. Dando continuidade a uma atividade ini-
ciada desde que eram pequenos, 52% conti-
nuam utilizando o celular para jogar. Neste
sentido, esta atividade é um pouco mais fre-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
qüente entre os meninos e perde peso como ta N.º 33 «Para você, o celular serve principalmente para...»: N=20.941 estu-
função principal do celular no grupo com me- dantes de 10 a 18 anos.
nos de 9 anos de idade.
• Criação. A constante inovação tecnológica per- mos gerais, as meninas tendem mais a usar o ce-
mite dotar os celulares de um maior número de lular para fotografar, enquanto os meninos pre-
acessórios. Entre todas as novidades, a mais usa- ferem gravar vídeos.
da pela Geração Interativa é a possibilidade de • Organização. O celular serve como relógio para
fazer fotos (50%) ou gravar vídeos (45%). Em ter- mais da metade das crianças. 46% vão um pouco
Tabela 2.2.3. ATIVIDADES REALIZADAS COM O CELULAR POR PAÍSES (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 33 «Para você, o celular serve principalmente para...»: N=20.941 estudantes
de 10 a 18 anos.
114
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 115
115
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 116
2.2.3. Uma tela que não se apaga que 22% estudam ou fazem os deveres escolares
sem desligar seu telefone.
O grau de penetração do celular entre a Geração Ao mesmo tempo, apenas 20% dormem com a
Interativa, seu uso intenso entre diversos interlo- telinha desligada. Por último, os momentos fami-
cutores e o aproveitamento funcional das suas liares não impedem a utilização do celular. Assim,
possibilidades acaba transformando-o na tela parece que os professores exercem uma pressão
mais difícil de apagar. Neste sentido, a pesquisa muito mais forte do que os pais com relação a
realizada perguntou sobre esta possibilidade, conveniência ou não do uso do celular em deter-
oferecendo diversas situações em que é possível minadas situações.
que o celular permaneça desligado. O Gráfico O critério sobre a utilização ou disponibilidade
2.2.15 indica o percentual de respostas para cada do celular não apresenta diferenças segundo o se-
uma das opções. xo. Além disso, a idade se correlaciona com deter-
minados comportamentos: em termos gerais, as
Gráfico 2.2.15. EM QUAL DESTAS SITUAÇÕES VOCÊ crianças com menos de 13 anos desligam o celular
DESLIGA O CELULAR? (10-18 ANOS) com maior freqüência em todas as situações.
Por países, a tendência é generalizada quan-
do se trata de manter o celular ligado nas férias
ou enquanto estiver com a família; as meninas
do Brasil são as que menos desligam o celular e,
com relação à idade, verifica-se a tônica geral de
deixá-lo permanentemente ligado a partir dos
13 anos. A situação é parecida durante a noite:
os que menos desligam o celular nessa hora são
os colombianos. Por outro lado, um de cada qua-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 39 «Em qual destas situações você desliga o celular?»: N=20.941 estu-
tro jovens argentinos e venezuelanos costuma
dantes de 10 a 18 anos. dormir com o celular desligado. Não existem di-
ferenças notáveis em função do sexo: chilenos e
De modo geral, a escola parece ser o lugar mais argentinos estão acima da média no que se re-
inacessível para o uso do celular, apesar de 46% fere à compatibilidade do uso do celular com o
dos estudantes mantê-lo ligado durante as aulas. estudo.
Uma quarta parte dos jovens diz que o desliga en- No extremo oposto se encontram o Peru e o
quanto está no cinema, e o mais significativo é México, mas sempre com valores elevados. Em
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 39 «Em qual destas situações você desliga o celular?»: N=20.941 estudantes
de 10 a 18 anos.
116
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 117
117
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 118
O mesmo ocorre no Peru e na Colômbia, mas de Gráfico 2.2.20. QUEM FINANCIA O CELULAR? GLOBAL
forma mais moderada. A maior parte dos adoles- (10-18 ANOS)
centes na Argentina, Brasil ou Venezuela conside-
ram que o investimento em seus celulares é inter-
mediário. Por último, o México destaca-se por
obter os valores mais elevados nos intervalos rela-
cionados com gastos superiores.
Em função do sexo, as meninas argentinas e brasi-
leiras gastam mais do que os meninos em todos os
intervalos. Nas demais regiões, existe uma paridade,
com certa tendência a um ligeiro gasto superior para
os meninos. Por último, a percepção do gasto cresce
com a idade em todas as regiões estudadas.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 31 «Quem paga a conta do seu celular?»: N=20.941 estudantes de 10 a
Gráfico 2.2.19. COMPARAÇÃO DO GASTO INTENSO DO 18 anos.
118
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 119
A dependência dos pais é claramente superior à Gráfico 2.2.23. CONVERGÊNCIA DAS TELAS
média no caso da Argentina e da Venezuela.
Por outro lado, a Geração Interativa do Chile, Co-
lômbia e Peru situa-se próxima da média, com va-
lores que indicam que dois terços dos pais assu-
mem esse gasto. Por último, os jovens mais
«conseqüentes» com relação ao uso/gasto são os
brasileiros e mexicanos.
Elaboração própria.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Gráfico 2.2.24. PREFERÊNCIA PELA TELEVISÃO OU
ta N.º 31 «Quem paga a conta do seu celular?»: N=20.941 estudantes de 10 a
18 anos.
CELULAR POR IDADES (6-9 ANOS))
2.2.5. Valorações
119
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 120
Fonte:Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 2.2.5.1. Riscos aos adolescentes
21 «Apresentamos,em seguida,pares de aparelhos eletrônicos.Se você tivesse que
escolher uma coisa de cada par,com qual você ficaria?:N=4.526 estudantes de 6 a
relacionados com o uso do celular
9 anos.Respostas à pergunta N.º 60 «De cada alternativa de coisas que apresenta-
mos a seguir,qual você mais gosta?»:N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
O fato de um adolescente ter um telefone celular
mação um pouco dramática, devemos reconhecer implica colocar em suas mãos uma ferramenta
que estes jovens são capazes de valorar a tecnolo- que pode também envolver alguns riscos.
gia com certa distância: 70% afirmam que «não Pode-se fazer distinção entre riscos ativos e passi-
haveria problema». vos.
120
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 121
Gráfico 2.2.27. RECEBI MENSAGENS E LIGAÇÕES DE Gráfico 2.2.29. RECEBI MENSAGENS OBSCENAS OU
DESCONHECIDOS (10-18 ANOS) PORNOGRÁFICAS (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria
com a resposta «Já recebi mensagens ou ligações de pessoas desconheci- com a resposta «Já recebi mensagens obscenas ou pornográficas no meu
das» à pergunta N.º 40 «Você concorda com alguma das seguintes fra- telefone celular» à pergunta N.º 40 «Você concorda com alguma das se-
ses?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. guintes frases?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.2.28. JÁ ME PREJUDICARAM ATRAVÉS DO Gráfico 2.2.30. CONHEÇO ALGUÉM QUE ESTÁ VICIADO
CELULAR (10-18 ANOS) EM CELULAR (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria
com a resposta «Já me prejudicaram alguma vez com uma mensagem,foto ou com a resposta «Conheço alguém que está viciado em celular» à pergunta
vídeo através do telefone celular» à pergunta N.º 40 «Você concorda com algu- N.º 40 «Você concorda com alguma das seguintes frases?»: N=20.941 estu-
ma das seguintes frases?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. dantes de 10 a 18 anos.
121
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 122
Gráfico 2.2.31. UTILIZEI O CELULAR PARA OFENDER Os jovens chilenos e peruanos são os que reve-
ALGUÉM (10-18 ANOS) lam um maior apego à música: em ambos os ca-
sos, chega a quase 60% de preferência. Destaca-
se precisamente por ser uma exceção comparado
com os demais países, que no Peru os meninos li-
derem a preferência pelo mp3, com dez pontos de
vantagem sobre as meninas: 63% dos casos. Entre
a amostra deste mesmo país, junto com a da Ve-
nezuela, é mais habitual a dúvida entre os dois
dispositivos: praticamente 10% têm problemas
para decidir-se por um deles.
A Argentina é o país que mais se inclina pelo ce-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria lular, em 38% dos casos, enquanto os colombianos
com a resposta «Utilizei o celular para enviar mensagens, fotos ou vídeos
ofensivos contra alguém» à pergunta N.º 40 «Você concorda com alguma
são os que menos escolhem este aparelho, sendo
das seguintes frases?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. também os que menos preferência demonstram
pelo mp3. Por outro lado, a preferência dos jovens
Gráfico 2.2.32. SEMPRE TENHO MEU CELULAR LIGADO brasileiros pelo aparelho musical se mantém um
PARA ME COMUNICAR COM MEUS AMIGOS (10-18 ANOS) pouco abaixo da média e, pelo contrário, um pou-
co acima no que se refere ao celular.
122
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 123
Uso do celular
Com relação ao uso que fazem do celular, os jogos
aparecem como o motivo fundamental de utiliza-
ção: 63% dos casos, seguidos por «Falar» com 53%
e «Enviar mensagens» com 33%. Os dados coinci-
dem com os da zona urbana, onde o celular é usa-
do principalmente como uma ferramenta para jo-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun-
ta N.º 10 «Você usa algum celular?»: N= 2.247 estudantes mexicanos de 6 a
gar mais do que para sua finalidade original:
9 anos. comunicar-se com os demais, que ocupa o segun-
do e terceiro lugares nas preferências de uso, já
No caso das crianças (6–9 anos) que possuem que falar é a atividade preferida de 43% e quase
um aparelho próprio– o que na zona rural mexi- um terço utiliza o celular para enviar mensagens.
cana representa aproximadamente uma de cada
quatro – o presente foi a forma mais habitual de Gráfico 2.2.34. USOS MAIS FREQÜENTES DO CELULAR
obtê-lo, em 23% dos casos. 17% afirmam que ga- (MÉXICO, 6-9 ANOS)
nharam dos pais sem que eles pedissem, en-
quanto 11% pediram que lhe comprassem um
aparelho. Contudo, da mesma forma que na zona
urbana, o presente foi a via de acesso ao celular.
No caso da zona rural, esta opção representava
45,2% dos casos, maior do que a resposta «Meus
pais o compraram para mim», que representa
31,4% dos casos.
Para os jovens (10-18 anos), a compra por parte
dos pais a pedido deles, foi a principal via de
acesso (25%), seguida pelo presente de um pa-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
rente (20%), a compra por parte dos pais sem ta N.º 11 «Com o celular, você costuma...»: N= 2.247 estudantes mexicanos
que os filhos tivessem pedido (19%), e os que o de 6 a 9 anos.
compraram com recursos próprios (18%). Aqui
existem algumas diferenças significativas em A idade traz uma diversificação no uso do celular:
relação à zona urbana, onde 31% adquiriram seu os adolescentes o utilizam basicamente para fazer
aparelho sem pedi-lo, e apenas 1,5% comprou e receber ligações (79%), e quase empatam com
por sua conta. Este último dado é menor do que 77% que usam para «Enviar mensagens». Outros
o registrado na zona rural, o que indica que os jo- usos que merecem destaque são: usá-lo como reló-
vens das zonas rurais são mais autônomos na gio (57%), para fotografar (49%), jogar (48%), ouvir
hora de gastar o dinheiro. música (47%), gravar vídeos (42%), e ver fotos e ví-
No caso dos adolescentes, a idade que determi- deos (39%). Apenas 7% utilizam o celular para nave-
na o momento de adquirir o celular é 12 anos; 66% gar na Internet.
123
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 124
Gráfico 2.2.35. USOS MAIS FREQÜENTES DO CELULAR com 40% e outros parentes com 43%. Na zona
(MÉXICO, 10-18 ANOS) urbana, os amigos são também os primeiros in-
terlocutores, conforme afirmam 68% dos parti-
cipantes.
O gasto
Quem paga a conta do seu telefone celular? 46%
dos adolescentes rurais responderam «Eu mes-
mo», enquanto os pais pagam para 42% deles. No
caso da zona urbana, os pais pagam os gastos de
58% dos participantes. E a proporção dos que ar-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- cam sozinhos com seus gastos também é diferen-
ta N.º 12 «Com quem você costuma se comunicar pelo celular?»: N= 2.247
estudantes mexicanos de 6 a 9 anos.
te: 40% dos rurais contra 28% dos urbanos. A per-
gunta seguinte é obrigatória: Você sabe quando
A idade diminui a importância da família co- gasta mensalmente em celular?
mo destinatária da comunicação celular e a 29% deles não sabem, 23% dizem ter um gasto
substitui pelos amigos, que obtêm 66% das re- médio, 15% têm um gasto reduzido, e apenas 10%
ferências, seguidos pelas mães, com 56% dos ca- têm um gasto alto. No caso da amostra urbana,
sos, os pais com 44% das respostas, os irmãos 21% estão entre valores altos e muito altos.
124
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 125
Gráfico 2.2.38. COMO ADQUIRIRAM O CELULAR Gráfico 2.2.39. OPINIÕES SOBRE OS CELULARES
(MÉXICO, 10-18 ANOS) (MÉXICO, 10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 36 «Como você conseguiu seu primeiro celular?»: N=9.620 estudan- ta N.º 40 «Você concorda com alguma das seguintes frases?»: N= 9.620 es-
tes mexicanos de 10 a 18 anos. tudantes mexicanos de 10 a 18 anos.
125
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 126
Contudo, os adolescentes da zona rural peruana, Gráfico 2.2.41. USOS MAIS FREQÜENTES DO CELULAR
embora registrem um índice inferior à média urbana (PERU, 6-9 ANOS)
de seu país,não ficam tão atrás:67% dos jovens de 10
a 18 anos responderam que têm acesso a um celular,
e os 30% restantes, um percentual alto, afirmam que
não possuem nem utilizam nenhum celular. Este da-
do os coloca atrás do Peru urbano, onde mais de oito
de cada dez adolescentes têm um celular
No caso das crianças de 6 a 9 anos que pos-
suem um telefone celular próprio, algo muito
pouco freqüente na zona rural peruana (11%), o
presente foi a forma de adquiri-lo em 13% dos ca-
sos, seguido de 9% que ganharam de seus pais
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
sem pedi-lo, e de 6,5% que ganharam um depois ta N.º 11 «Com o celular você costuma...»: N=1.218 estudantes peruanos de 6
de pedi-lo. Entretanto, na zona urbana, o presente a 9 anos.
foi a via de aquisição ao celular: 45,2% dos casos
adquiriu se aparelho desta forma, mais do que o resto da Ibero-américa. Entre as crianças, o jogo é
percentual referente a «Meus pais o compraram a principal via para introduzir-se no uso do celular.
para mim», que representa 31,4% dos casos. No caso dos adolescentes, 85% usam para fazer
No caso dos adolescentes, vale destacar que um e receber ligações, enquanto 54% usam para en-
de cada dois adquiriu com recursos próprios, segui- viar mensagens. Outros usos que merecem desta-
do de 18% que ganharam de seus pais sem pedi-lo, que são: jogar (46%), como relógio (37%), ouvir
e 15% que ganharam depois de pedi-lo. 7% ganha- música (37%), tirar fotos (30%), ver fotos e vídeos
ram de algum parente. Neste caso, outra vez, a dife- (21%) e fazer vídeos (21%). Apenas 4% utilizam o
rença entre o modo de ter acesso a esta telinha celular para navegar na Internet.
apresenta uma divergência em relação à zona ur-
bana peruana, onde 31% dos adolescentes o adqui- Gráfico 2.2.42. USOS MAIS FREQÜENTES DO CELULAR
riram sem pedi-lo, e 14% ganharam de um paren- (PERU, 10-18 ANOS)
te.Por outro lado, apenas 1% dos jovens urbanos de
Peru comprou um aparelho com recursos próprios.
No caso do Peru, a idade que parece ser a previs-
ta socialmente para a aquisição do primeiro celu-
lar é de 15 anos, uma vez que isto foi o que afirma-
ram 18% dos participantes. De fato, até 12 anos,
menos de um de cada dois já tinham um celular
(48%). Neste aspecto, são menos precoces que os
mexicanos.
Uso do celular
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
64% das crianças peruanas da zona rural usam o ta N.º 33 «Para você, o celular serve principalmente para...»: N=3.142 estu-
celular para falar; 47% usam também para jogar, e dantes peruanos de 10 a 18 anos.
um de cada quatro para enviar mensagens. Neste
sentido, as crianças peruanas seguem a mesma Na zona rural peruana, os meninos o utilizam,
tendência que seus iguais na zona urbana e no por ordem de preferência: para fazer e receber li-
126
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 127
gações (89%), enviar mensagens (56%), jogar Gráfico 2.2.44. COM QUEM VOCÊ CONVERSA PELO
(53%), receber ligações (41%), ouvir música (37%) e CELULAR? (PERU, 10-18 ANOS)
como relógio (36%).
As preferências das meninas peruanas obede-
cem à seguinte ordem: fazer e receber ligações
(80%), enviar mensagens (53%), como relógio
(38%), jogar (37%) e ouvir música (37%).
Entre as crianças mais novas, os pais são os in-
terlocutores mais habituais, com 40% dos casos,
seguidos de outros parentes (38%), da mãe (36%),
dos irmãos (23%) e dos amigos (11%).
Gráfico 2.2.43. COM QUEM VOCÊ CONVERSA PELO Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 34 «Com quem você costuma se comunicar mais pelo celular?»:
CELULAR? (PERU, 6-9 ANOS) N=3.142 estudantes peruanos de 10 a 18 anos.
127
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 128
Uso do celular
• A Geração Interativa caracteriza-se pela capacida-
de de dar múltiplos usos ao celular. A telinha trans-
forma-se, assim, numa ferramenta que serve para
muito mais do que simplesmente comunicar-se.
Por exemplo, entre as crianças (6-0 anos) é mais
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- habitual seu uso para jogar (53%), mais do que li-
ta N.º 40 «Você concorda com alguma das seguintes frases?»: N=3.142 estu-
dantes peruanos de 10 a 18 anos.
gar (43%) ou enviar mensagens (33%). As meninas
128
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 129
continuam sendo mais ativas, exceto com respeito • 80% estuda com o celular ligado e 82% não o desli-
ao jogo. A partir dos 10 anos, o uso multifuncional ga enquanto dorme.
do celular se agrupa em cinco dimensões:
• Comunicação. É a função principal. 80% admitem Gasto mensal
que o utilizam para fazer ou receber ligações, 77% • 32% sabem quanto gastam mensalmente em ce-
para enviar mensagens de texto e 12% para bater lular.
papo em salas de chat através do celular. • Para o resto, a percepção ou lembrança do gasto
• Conteúdos. Neste ponto o celular aparece como mensal está entre muito baixo ou baixo para 19%;
um suporte de conteúdos e não como uma ferra- médio, para 18% e alto ou muito alto para 21%.
menta de comunicação. A metade dos adolescen- Recursos financeiros
tes, independentemente do gênero, utiliza-o para • Os pais são os que pagam habitualmente esse
ouvir música.Também é útil para ver fotos e vídeos gasto, fato reconhecido por 63% dos adolescentes.
em 42% dos casos. Em menor medida, 11% nave- • 31% paga o celular com recursos próprios,4% conta
gam na internet graças ao seu celular, e 5% o utili- com recursos financeiros de outras pessoas (pa-
zam para assistir à televisão. rentes).
• Lazer. Dando continuidade a uma atividade inicia-
da desde que eram pequenos, 52% continuam Discussão
aproveitando seu celular para jogar. Neste sentido, • Apesar da popularidade do telefone celular entre
esta atividade é um pouco mais freqüente entre os os jovens, 63% não discutem com seus pais por
meninos e perde força como função principal do causa do uso desta telinha.
celular se comparado ao grupo com menos de 9 • Pelo contrário, o tempo costuma ser o principal
anos de idade. motivo de discussão (15%), além do dinheiro (14%).
• Criação. A constante inovação tecnológica permite O momento de uso é menos problemático (9%).
dotar os celulares de um maior número de acessó-
rios.Entre todas as novidades,a mais usada pela Ge- Valorações
ração Interativa é a possibilidade de fazer fotos • Embora seja evidente que o celular tenha uma pe-
(50%) ou gravar vídeos (45%). Em termos gerais, as netração que não distingue de modo significativo
meninas tendem mais a usar o celular para fotogra- entre sexo, no que se refere à preferência, trata-se
far,enquanto os meninos preferem gravar vídeos. de uma tela feminina. Na concorrência entre a te-
• Organização. Por último, o celular serve como reló- levisão e o telefone celular, a televisão mantém a
gio para mais da metade dos jovens. 46% vão um vantagem no percentual global (37,3% contra
pouco mais além e afirmam que utilizam o celular 35,5%) no caso das crianças. No entanto, nesta fai-
como agenda eletrônica: de novo as meninas apa- xa etária, as meninas se destacam por escolher o
recem como líderes e, neste caso, mais «organiza- celular em vez da televisão: 39,1% contra 34,5%. Es-
das», já que 50% utilizam o celular como agenda ta preferência fica mantida no caso dos adolescen-
contra 41% dos meninos. tes (34,1% que preferem a televisão contra 40,2%
que preferem o celular).
Disponibilidade • Além disso, quando o celular compete com a inter-
• O celular define-se como «a telinha que nunca se net, uma vez mais as meninas se inclinam pelo ce-
apaga» para 35% dos meninos. É mais difícil para lular: 41,8% escolhem o celular contra 35,5% que
as meninas desligar o celular (38%). preferem a rede.
• A escola é o lugar com maiores restrições no uso do • O principal motivo para manter o celular sempre li-
celular: 42% o desligam o aparelho quando estão gado é «Conversar com meus amigos»,em 52%
na escola. dos casos.
129
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 130
• Com relação aos riscos intrínsecos, 37,6% afirmam muito superior à média entre as meninas da Ar-
que receberam mensagens e ligações de desco- gentina (46%).
nhecidos, e 26,7% conhece alguém que sempre es- • A Geração Interativa argentina considera o celular
tá com o celular, portanto poderíamos falar de útil basicamente para se comunicar. Seu uso é bas-
uma certa dependência. tante intenso para o envio de mensagens (torpe-
• Apesar destes dados, os adolescentes reconhe- dos), recurso utilizado habitualmente por 95% dos
cem que se ficassem duas semanas sem o tele- jovens. Como suporte de conteúdos, atividade de
fone celular: para 70% deles não haveria ne- lazer ou para fazer fotos e vídeos não se destaca
nhum problema e 17,7% consideram que suas em relação à média, mas é alto o percentual dos
vidas mudariam para melhor. Seguindo a tônica que o utilizam como relógio ou como agenda.
dos dados precedentes, as meninas são as que
escolheram mais esta opção: 21,4%, contra 13,2% Disponibilidade
dos meninos. • Os jovens argentinos de 10 a 18 anos estão acima
da média no que se refere à compatibilidade do
uso do celular com o estudo.
2.2.7.2. Argentina
Gasto mensal
Posse • A média do gasto dos argentinos com seus celula-
• A Argentina é o país líder na penetração do celular res gira em torno dos valores médios).
entre jovens de 10 a 18 anos, com 94%. • Em função do sexo, as meninas argentinas gastam
• A opção «Ganhei de um parente» é a mais destaca- mais do que os meninos em todos os intervalos
da com relação à média global, com 22%. analisados.
Interlocutores
• Vale destacar o baixo uso do celular comparado Recursos financeiros
com a média global. A mãe continua sendo a in- • A dependência dos pais no caso da Argentina é cla-
terlocutora mais habitual, especialmente para ramente superior à média. Os pais pagam a conta
as meninas. Destaca-se o elevado número de de celular de 80% dos jovens.
respostas à opção «Outros parentes» para as
crianças. Valorações
• A Argentina entra no grupo de uso mais intenso • As meninas, com um percentual acima da média
do celular. Vale destacar que sete de cada dez (28%) revelam que a vida pioraria depois de duas
crianças utilizam freqüentemente o celular para semanas sem o celular.
falar com amigos. Ao mesmo tempo, a comuni- • Mais de uma de cada duas meninas afirma que re-
cação com o grupo familiar continua sendo in- ceberam mensagens de texto e ligações de pes-
tensa. soas desconhecidas.
• 12% dos meninos argentinos declaram ter recebi-
Uso do celular do uma mensagem com conteúdo obsceno ou
• Para os argentinos, a opção «Jogar com o celular» pornográfico.
está acima da média geral. É um dos lugares com • Com um valor superior à média global, 27% dos jo-
maior perfil lúdico no uso do celular entre os ado- vens participantes afirmam «conhecer alguém
lescentes. que sempre está com o celular».
• As meninas argentinas são as que mais conversam • 19% dos meninos revelam que utilizaram o celular
pelo celular da região ibero-americana. O envio de para ofender alguém. Neste ponto os meninos su-
mensagens de texto (torpedos) é uma atividade peram as meninas.
130
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 131
131
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 132
• 50% das crianças possuem seu próprio celular, o • Uma de cada duas meninas afirma ter recebido
que coloca o Chile no terceiro lugar entre os países mensagens e ligações de pessoas desconhecidas.
com maior precocidade quanto a posse do próprio • 15% dos meninos chilenos afirmam ter recebido
aparelho. uma mensagem com conteúdo obsceno ou por-
• Para 61% das crianças, o celular foi um presente. nográfico, tornando o Chile o país com maior
• O Chile se sobressai com 19% no que se refere ao exposição involuntária a conteúdos inapropria-
acesso ao celular obtido como presente de um pa- dos.
rente. • Superando a média global, 39% dos chilenos parti-
cipantes afirmam «conhecer alguém que sempre
Interlocutores está com o celular».
• Os jovens chilenos mostram valores que superam • 19% dos meninos revelam que «Utilizaram o celu-
a média geral. Tanto meninos quanto meninas co- lar para ofender alguém», aspecto em que os me-
municam-se freqüentemente com seus pais e são ninos superam as meninas.
os que mais se comunicam com parentes. • Os jovens chilenos revelam um alto grau de apego
à música, atingindo quase 60% da preferência
Uso do celular com respeito ao celular.
• 65% dos jovens chilenos que têm entre 10 e 18
anos superam a média global no uso do celular 2.2.7.5. Colômbia
com finalidade lúdica, atividade que coincide
tanto para os meninos quanto para as meninas. Posse
• Entre os 10 e 18 anos, a Colômbia é o país com
Disponibilidade menor percentual de posse de celular próprio de
• Os jovens chilenos de 10 a 18 anos estão acima da toda a Geração Interativa, com 72% dos partici-
média no que se refere à compatibilidade do uso pantes.
do celular com o estudo. Apenas 17% dos partici- • 37% das crianças colombianas afirmam que tive-
pantes desligam o celular quando estudam. No ram acesso ao telefone celular através da opção
âmbito escolar, as pautas de restrição no uso do «Meus pais o compraram para mim».
celular caracterizam-se por serem mais permissi-
vas no Chile do que nos outros países. Interlocutores
• A Colômbia se destaca dentro do grupo de paí-
Gasto mensal ses analisados pelo baixo uso do celular em
• Sobre a percepção do gasto mensal, a Geração In- comparação com a média global. A mãe é a in-
terativa chilena se sobressai pelo alto índice de res- terlocutora mais habitual, especialmente para
posta ao intervalo mais baixo de gasto. as meninas; destaca-se a elevada incidência da
(3.600 pesos mensais). resposta «Outros parentes» para as crianças co-
lombianas.
Recursos financeiros • Na faixa etária dos 10 aos 18 anos, os participantes
• Entre os jovens de 10 a 18 anos, são os pais que pa- encontram-se abaixo da média global em todas as
gam a conta do celular em 53% dos casos. opções de interlocutores, sendo a resposta mais
freqüente «Com os amigos».
Valorações • A Colômbia mantém um perfil baixo no que diz
• Com um percentual acima da média global, 29% respeito ao uso do telefone celular, embora a dife-
das meninas chilenas revelam que a vida pioraria rença seja menor em relação à média global nos
depois de duas semanas sem o celular. casos como o da mãe e do pai.
132
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 133
Disponibilidade Interlocutores
• Os jovens colombianos são, de todos os países • As crianças utilizam o telefone celular com in-
pesquisados, os que menos desligam o celular tensidade média, com tendência preferente a li-
quando vão dormir. gar para a mãe em 53% dos casos, seguido do
• No âmbito escolar, as pautas de restrição no uso pai, em 48%.
do celular caracterizam-se por serem mais per- • Na faixa etária dos 10 aos 18 anos, o México está co-
missivas na Colômbia do que nos demais paí- locado também em torno do grupo médio na fre-
ses. qüência do uso do aparelho,embora exista algumas
diferenças com respeito ao esse uso pelas crianças:a
Gasto mensal idade está relacionada positivamente no caso do
• A Geração Interativa colombiana caracteriza-se México,ao aumentar os percentuais em todos os ca-
por ser a que menos consciência tem do gasto sos e colocá-los mais próximos da média global.
mensal gerado pelo celular.
• Por outro lado, o índice de gasto em celular dos Uso do celular
jovens colombianos é de baixo e muito baixo • As crianças caracterizam-se por uma intensida-
(menos de 15 mil pesos mensais). de média no uso do telefone celular, com uma le-
ve tendência a ligar mais para a mãe em 53%, se-
Recursos financeiros guida do o pai.
• A principal fonte de recurso financeiro dos jo- • No México o uso das diversas possibilidades ofe-
vens colombianos, como nos demais países, são recidas pelo celular é alto. Acima da média está
os pais, com 51%; enquanto 24% são os próprios seu uso com fins de comunicação para a recep-
jovens. ção e realização de ligações e o envio de mensa-
gens de texto. Mais da metade dos jovens utili-
Valorações zam celular como dispositivo para ouvir música
• Em um nível inferior à média, 19% das meninas ou ver fotos e vídeos.
revelam que suas vidas piorariam depois de • Por outro lado, os menores mexicanos são os pri-
duas semanas sem o celular. meiros na lista dos criadores de conteúdos atra-
• 6% dos jovens colombianos afirmam que foram vés do celular, inclinando-se pelas fotos.
prejudicados alguma vez através do celular.
• Abaixo da média global, 31% no caso dos meni- Disponibilidade
nos e 37% no caso das meninas asseguram que • Em função do sexo, na faixa etária dos 10 a 18
receberam mensagens e ligações de pessoas anos, as meninas mexicanas são as que mais
desconhecidas. prescindem do celular na hora de estudar.
• Os meninos colombianos são os que menos se • No âmbito escolar, o México é um dos países
inclinam pelo celular, além de ser também os com pautas de maior restrição no uso do celular.
que menos preferem os mp3. Gasto mensal
133
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 134
134
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 135
• A Venezuela é o líder da lista de países mais superior ao valor global e, se considerarmos ex-
precoces quanto ao acesso a esta telinha: 67% clusivamente os dados referentes às meninas,
dos adolescentes afirmam que tiveram seu pri- chega quase a 90%. Também é expressivo a uti-
meiro celular aos 12 anos. lização do celular para bater papo em chats ou
• A Venezuela, com 41% dos casos, é o país onde a navegar na Internet, comportamento pouco di-
preocupação dos pais pelo acesso dos filhos ao fundido no resto dos países e que nos mostra o
celular foi mais comum, superando muito o interesse presente e futuro da Geração Intera-
acesso sob demanda: 31% recebeu um aparelho tiva com relação a esta possibilidade.
depois de pedi-lo aos pais.
Disponibilidade
Interlocutores • Um de cada quatro crianças venezuelanas
• As crianças venezuelanas caracterizam-se por costuma desligar o celular na hora de dormir.
um uso intenso do telefone celular. Estão colo- Não existem diferenças notáveis em função
cadas aciuma da média no que se refere à co- do sexo.
municação com os diferentes grupos; o vínculo
familiar está fortemente associado à freqüên- Gasto mensal
cia do uso do celular, e 50% das meninas con- • 26% dos jovens venezuelanos não sabem
versam habitualmente para as amigas. quanto gastam em celular.
• A Venezuela continua em primeiro lugar no • A Venezuela está colocada em um nível inter-
que se refere ao uso mais intenso do celular mediário com relação ao investimento realiza-
também entre os jovens de 10 a 18 anos, embo- do em seus telefones celulares (entre 30.000 e
ra as diferenças com relação aos valores mé- 45.000 bolívares mensais).
dios sejam menos expressivos que entre crian- • Um percentual baixo de jovens venezuelanos,
ças de 6 a 9 anos. A exceção está na variável representado por 26%, não sabe quanto gas-
«Com meu(minha) namorado(a)» que é 19% tam em celular.
maior do que a média e é confirmada pela me-
tade dos estudantes venezuelanos. Recursos financeiros
• A dependência dos pais é claramente superior
Uso do celular à média no caso da Venezuela.
• A Venezuela, com 53%, está acima da média • Os pais pagam a conta do celular para 71% dos
global, colocando-se como um dos lugares com jovens venezuelanos.
maior perfil lúdico no uso do celular entre os
menores. Valorações
• As meninas que mais falam pelo celular são as • Com índices acima da média global, 37% das
venezuelanas, com 67%. meninas venezuelanas revelam que suas vidas
• O envio de mensagens de texto (torpedos) é piorariam depois de duas semanas sem o celu-
uma atividade com um índice muito superior à lar.
média entre as meninas da Venezuela, com • Mais de uma de cada duas meninas venezuela-
90% dos casos. nas afirma que recebeu mensagens e ligações
• A Geração Interativa da Venezuela está na van- de pessoas desconhecidas.
guarda no que se refere ao uso intenso e multi- • 7% das meninas afirmam que foram prejudica-
funcional. Está acima da média em todos os ca- das através do telefone celular, transformando
sos, às vezes, de forma muito significativa. Por a Venezuela no segundo país em que mais
exemplo, o envio de mensagens de texto é 11% ocorre esta situação.
135
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 136
• Superando a média global, 34% dos participan- para ofender alguém. Este percentual é sig-
tes afirmam que conhecem alguém que sem- nificativamente inferior no caso das meni-
pre está com o celular. nas.
• Com o percentual mais alto da Geração In- • Quase 10% dos venezuelanos têm dificuldades
terativa, 22% dos meninos venezuelanos para inclinar-se por uma das duas tecnologias:
declaram que utilizaram o telefone celular mp3 ou telefone celular.
136
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 137
O lazer é o centro de referência no uso que a Gera- destinado ao lazer e ao entretenimento. Como
ção Interativa faz das diferentes telas. afirma Prensky (2001) «os nativos digitais jogam
De alguma forma no DNA das crianças surge de uma forma diferente e seu conceito do jogo é
a necessidade irresistível de se divertir. O jogo outro: já não tem apenas um caráter lúdico, mas
constitui o eixo prioritário e, no caso das crian- também eminentemente social».
ças, faz parte das demais atividades: uma Estão disponíveis no mercado diversos apare-
criança se levanta brincando, continua com a lhos para o entretenimento digital: os específicos
dimensão lúdica na escola enquanto aprende, liderados pelas plataformas de videogames
joga ao chegar em casa e dorme escutando (Xbox, Playstation, Wii), e os videogames portáteis
uma estória. (Gameboy, PSP, Nintendo DS). Além destas plata-
Por outro lado, o desenvolvimento de atividades formas, o celular, o computador e a internet, por
lúdicas implica contar com alguns ingredientes meio dos jogos on-line, emergem como tecnolo-
básicos. gias cada vez mais habituais para desenvolver es-
Em resumo, participar de um jogo propriamen- ta atividade.
te dito implica contar com uma boa estória como A pesquisa conclui que 39% dos jovens entre 10
fio condutor, alguns elementos que permitam o e 18 anos têm um aparelho de videogame e 18%
seu desenvolvimento – classicamente foram os possuem um videogame portátil. Como se pode
brinquedos – e pessoas com quem dividir a expe- constatar nos gráficos seguintes, as diferenças
riência, ou seja, os jogadores. por sexo e país são significativas.
Neste contexto, os videogames se definem co-
mo o espaço lúdico por excelência para a Geração Gráfico 2.3.1. COMO VOCÊ JOGA?
Interativa. A pesquisa realizada aprofunda na (ARGENTINA, 10-18 ANOS)
questão do lazer digital entre crianças e jovens, ti-
pificando questões relevantes como o tempo que
passam jogando, o jogo individual contra o jogo
social, os tipos de videogames mais populares ou
a incidência dos jogos em rede.
2.3.1. Posse
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à per-
Outro dos evidentes expoentes da Geração Intera- gunta N.º 42 «Como você joga?»: N=1.970 estudantes de 10 a 18 anos da
tiva é a importância que o jogo adquire no tempo Argentina.
137
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 138
Gráfico 2.3.2. COMO VOCÊ JOGA? Gráfico 2.3.5. COMO VOCÊ JOGA?
(BRASIL, 10-18 ANOS) (MÉXICO, 10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta
ta N.º 42 «Como você joga?»: N=3.415 estudantes de 10 a 18 anos do Brasil. N.º 42 «Como você joga?»: N=7.469 estudantes de 10 a 18 anos do México.
Gráfico 2.3.3. COMO VOCÊ JOGA? Gráfico 2.3.6. COMO VOCÊ JOGA?
(CHILE, 10-18 ANOS) (PERU, 10-18 ANOS)
Gráfico 2.3.4. COMO VOCÊ JOGA? Gráfico 2.3.7. COMO VOCÊ JOGA?
(COLÔMBIA, 10-18 ANOS) (VENEZUELA, 10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à per- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à per-
gunta N.º 42 «Como você joga?»: N=3.292 estudantes de 10 a 18 anos da gunta N.º 42 «Como você joga?»: N= 838 estudantes de 10 a 18 anos da
Colômbia. Venezuela.
138
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 139
Em termos globais, 50% dos meninos de 10 a 18 Gráfico 2.3.8. SIM, EU JOGO (6-18 ANOS)
anos possuem um videogame, contra 30% das
meninas. No que diz respeito aos videogames
portáteis, 23% dos meninos revelam que têm um
comparado com apenas 13% das meninas.
Tendo em conta a faixa etária, a fidelidade aos
videogames é maior do que a dos videogames
portáteis, cujo interesse diminui rapidamente à
medida que vão crescendo.
Brasil (52%), Chile (47%) e México (47%) são os
países onde a penetração dos aparelhos de video-
game está mais consolidada. Nesses três países, a
diferença por sexos, anteriormente citada, man-
tém-se em níveis altamente significativos. Entre
estes, o México demonstra ser um país especial- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta
N.º 15 «Você joga com videogames ou jogos de computador?»: N=4.526 estu-
mente voltado para os jogos: além de estar entre dantes de 6 a 9 anos. Respostas à pergunta N.º 41 «Você costuma jogar video-
os de maior penetração no que diz respeito aos vi- games ou jogos de computador?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
deogames, os videogames portáteis têm 30% de
penetração em relação aos 18% da média. mente. Diante da mesma pergunta, 67% dos jo-
Na parte média-alta da tabela está a Argentina, vens (10-18 anos) afirmaram que jogam. Este fato
onde 32% dos jovens declaram possuir um videoga- parece apontar que a idade pode ser um dado sig-
me, enquanto 9% possuem um videogame portátil. nificativo para estabelecer a afinidade com estes
O Peru e a Venezuela também fazem parte des- aparelhos.
te grupo, onde aproximadamente um de cada A situação de partida – os 6 anos – é mais favo-
quatro adolescentes possui esse tipo de aparelho. rável para os meninos do que para as meninas.
A Colômbia é o país que apresenta o menor ín- Durante os primeiros anos, mais ou menos até os
dice de acesso a estas plataformas de lazer: ape- 12 anos, a preferência pelo jogo vai aumentando
nas 18% dos participantes revelam possuir um vi- em ambos os sexos.
deogame em casa. Aproximadamente nessa idade, tanto os meni-
Além de conhecer os dados de posse das plata- nos como as meninas começam a demonstrar um
formas específicas de jogo, a pergunta seguinte re- menor interesse pelo jogo digital, embora no caso
fere-se a se realmente eles jogam. A questão pode das meninas a preferência diminua de um modo
parecer supérflua, mas tem por objetivo compro- mais rápido e significativo. Os meninos, ao contrá-
var em que medida a posse de uma determinada rio, mantêm majoritariamente esta opção de la-
tecnologia limita ou fomenta a atividade lúdica. zer. A verdade é que, ao não ser um estudo longi-
Seria possível responder afirmativamente a tal tudinal, existe a possibilidade de que as crianças
pergunta sem necessidade de possuir o terminal: que hoje com 12 anos tenham uma preferência
pode-se jogar na casa de um amigo, por exemplo. muito elevada pelos videogames - chegam a 83%
O aspecto social do jogo, o fato de poder jogar nos meninos de 14 anos - mantenham esta mes-
com outras pessoas, como se comentará mais ma afinidade à medida que vão crescendo.
adiante, é muito importante para as crianças e jo- O questionário propõe uma pergunta sobre o
vens desta faixa etária. Neste caso, a pergunta aparelho mais utilizado e preferido para jogar,
também foi questionada ao grupo de crianças (6- neste caso ampliando as opções ao jogo on-line,
9 anos). Neste caso, 73% responderam afirmativa- ao jogo através do celular e do computador.
139
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 140
140
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 141
Tabela 2.3.1. DIFERENÇAS POR PAÍSES ENTRE POSSE DE PLATAFORMA DE JOGO E SEU USO (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Elaboração própria com as respostas às perguntas N.º 8 «Da seguinte lista de objetos, selecione todos
os que você possui em sua casa»:, N.º 11 «Você possui Internet em casa?» e N.º 42 «Como você joga?» (depois de ter perguntado «Você costuma jogar video-
games ou jogos de computador?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
gunda plataforma é seguida por 61%, embora Sexo, idade e posse aparecem como as três va-
três de cada quatro meninos prefira o videoga- riáveis fundamentais na hora de determinar a ati-
me (75%). Além disso, apesar de não ser maioria tude diante do jogo digital e a plataforma utiliza-
em termos absolutos, é o país onde mais se usa o da. Os meninos mostram-se como autênticos
videogame portátil (33%), sendo praticamente o profissionais do jogo: jogam mais, começam an-
dobro do resto da amostragem. tes e mantêm altos níveis de jogo ao longo dos
• Peru. O computador demonstra ser, uma vez anos. Além disso, preferem as plataformas especí-
mais, a tela mais habitual para 73% dos jovens ficas de maior qualidade de jogo.
peruanos, seguida do celular, com 55%. Como no- Desde o início, as meninas jogam menos. Mas é
vidade convém ressaltar que um de cada dois a partir dos 12 anos que o interesse por esta opção
meninos (52%) escolhe os jogos em rede como de lazer diminui de uma forma mais significativa.
prática mais habitual. Suas preferências na hora de escolher as platafor-
• Venezuela. Este país segue uma pauta similar, ou mas parecem mais funcionais do que específicas:
seja, o computador também é a plataforma mais o computador ou o celular são as mais usuais, pro-
importante para 68% dos jovens, seguida do ce- vavelmente porque são as que mais têm à sua dis-
lular, com 59%. posição, além da possibilidade de multifunção.
141
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 142
Em todos os casos, o fato de ter em casa uma ou Gráfico 2.3.10. COM QUEM VOCÊ COSTUMA JOGAR?
outra plataforma determinará o que se jogará: a (6-9 ANOS)
dúvida aqui consiste em se o aparelho que mais
se usa para jogar foi comprado com este objetivo
ou se, no processo de domesticação da mídia, os
adolescentes lhe deram essa utilidade (como no
caso do celular, da internet ou do computador).
Do mesmo modo que as demais telas analisadas, Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 17 «Com quem você costuma jogar?»: N=4.526 estudantes de 6 a 9
uma questão muito importante no caso dos vi- anos.
deogames é a sua dimensão como experiência so-
cial. Neste sentido, o questionário pergunta com O Gráfico 2.3.1 representa os resultados por paí-
quem costumam estar quando utilizam os video- ses para a seguinte pergunta: «Com quem você
games. costuma jogar?»
No caso das crianças, metade revela que joga A Geração Interativa da Argentina e do Brasil se
sozinha, sem existir diferenças entre os sexos. Por destaca por gostar de jogar sozinha, característica
outro lado, nos momentos de lazer, os amigos são demonstrada também por crianças e jovens co-
suas principais companhias: os irmãos – com cer- lombianos, embora em menor escala. No oposto à
teza mais velhos – também fazem parte do princi- opção do jogo individual se situam o resto dos
pal grupo de jogadores, seguidos dos amigos. Fi- países: no Chile, os principais colegas de jogo cos-
nalmente, a experiência de uso dos videogames tumam ser os amigos, enquanto no México são os
como momento familiar em que participam o pai irmãos.Por último, a possibilidade jogar junto com
ou a mãe é reconhecida por dois de cada dez par- os pais é mais alta na Venezuela.
ticipantes.
Podemos observar no Gráfico 2.3.10 as varian- Gráfico 2.3.11. COM QUEM VOCÊ COSTUMA JOGAR?
tes em função do sexo ao tipo de companhia na (6-9 ANOS)
utilização de videogames. O jogo individual é
uma característica que se mostra paritária. A
dimensão social do videogame é, no entanto,
algo mais freqüente nas meninas, situação que
também é idêntica na dimensão familiar e des-
taca uma maior companhia da mãe no caso das
meninas.
Analisando estes resultados, podemos concluir Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 17 «Com quem você costuma jogar?»: N=4.526 estudantes de 6 a 9
que entre os 6 e 9 anos jogar com os videogames anos.
é uma experiência individual que combina com
momentos junto com amigos e, em menor pro- A partir dos 10 anos ocorrem algumas mudan-
porção, com os pais. Entre os meninos existe uma ças na utilização dos videogames como atividade
maior intensidade no uso desta tela e um menor individual e social. Em primeiro lugar, o fato de jo-
grau de jogo em grupo. As meninas jogam menos gar sozinho adquire maior força e perde o critério
e o fazem de um modo mais social. paritário em favor do sexo masculino. Como expe-
142
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 143
riência social, aumenta o protagonismo de outros Gráfico 2.3.14. COM QUEM VOCÊ COSTUMA JOGAR?
indivíduos do mesmo grupo – irmãos e amigos – e (10-18 ANOS)
diminui o recurso aos pais.
Os meninos se mostram mais dispostos a dividir
esses momentos de lazer com os amigos; as meni-
nas se apóiam mais em seus irmãos. Por último, os
pais perdem opções e quase 90% não os têm como
colegas habituais quando jogam videogames. Em
resumo, é aproximadamente com esta idade que o
jogo individual se consolida de forma crescente, au-
menta a possibilidade de jogar com outros indiví- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 48 «Com quem você costuma jogar?»: N =20.941 estudantes de 10 a
duos do mesmo grupo, sejam eles amigos ou ir- 18 anos.
mãos, e os pais vão perdendo protagonismo à
medida que os filhos avançam rumo à adolescência. A citada evolução também tem o seu reflexo nos
resultados obtidos conforme os diferentes países
Gráfico 2.3.12. COM QUEM VOCÊ COSTUMA JOGAR? estudados. A incidência do jogo individual se inten-
(10-18 ANOS) sifica no Brasil, na Argentina ou na Colômbia sendo
a opção mais freqüente no Chile e na Venezuela,
países em que o jogo social não é a primeira opção.
Finalmente, o uso dos videogames como experiên-
cia compartilhada é uma característica peculiar no
México – através dos irmãos – ou no Peru, país com
o maior índice na opção «Com os amigos».
144
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 145
Gráfico 2.3.17. JOGO MENOS DE UMA HORA DIÁRIA • Chile. De segunda a sexta-feira está acima da
DURANTE A SEMANA (10-18 ANOS) média o grupo de jogadores que passam mais de
duas horas jogando; este perfil de heavy users é
claramente masculino – 30% contra 8% das me-
ninas – e alcança seus máximos índices entre os
14 e os 15 anos. No sábado e domingo acentua-se
esta tendência: um de cada quatro participantes
destina mais de duas horas a jogar, e com 15 anos
chegam a 42%.
• Colômbia. Considerando todos os dias da semana,
as crianças e jovens colombianos são os que me-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 46 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza diariamente
nos tempo passam com videogames ao consegui-
os videogames?»: N =20.941 estudantes de 10 a 18 anos. rem valores inferiores à média em todas as opções.
• México. A Geração Interativa mexicana revela ser
Com relação ao tempo que passam jogando, a máxima expoente dos medium users. Alcança o
podemos traçar os seguintes perfis por países: valor máximo em comparação com todos os paí-
• Argentina. A utilização durante os dias de sema- ses analisados na opção «De segunda a sexta-
na se identifica com os valores médios: seis de feira jogo entre uma e duas horas diárias». Tam-
cada dez não passam mais de duas horas jogan- bém rompe de forma geral em função do sexo ao
do, portanto o perfil majoritário é o dos medium serem as meninas deste país as que mais jogam
users, enquanto 15% ultrapassam essa barreira. O videogames. Sábado e domingo mantêm a pecu-
restante não joga ou não é capaz de calcular o liaridade de diminuir o consumo e até mesmo
tempo utilizado. O perfil do heavy user – mais de nesses dias aumentam os casos dos que respon-
duas horas de consumo diário – é mais freqüen- dem a opção «Nunca jogo».
te entre adolescentes de 12, 13 e 15 anos. No final • Peru. Define-se por um uso intenso durante os
de semana aumentam os casos de não-utiliza- dias de semana em momentos de jogo que não
ção dos videogames ou de uma utilização infe- costumam ultrapassar os 60 minutos com uma
rior aos sessenta minutos diários. Por outro lado, característica muito peculiar: as meninas supe-
diminui o grupo com um consumo superior às ram os meninos como jogadoras de videogames
duas horas, se comparado com a média global. nesta situação, principalmente dos 12 aos 18
No entanto, na faixa etária entre 12 e 13 anos, anos. Por outro lado, o grupo dos heavy users é
40% revelam ser heavy users. bastante inferior à média global. Durante o final
• Brasil. As crianças e jovens brasileiros refletem de semana o consumo se intensifica e ocorre
certa polarização quanto à utilização de video- uma transição do grupo que destina menos de
games durante os dias de semana que estão aci- uma hora rumo a um intervalo maior, de quase
ma da média nas duas opções mais opostas: au- duas horas diárias de jogo. Neste caso, as meni-
sência de jogo ou dedicação intensiva. Durante o nas parecem optar por não jogar e os meninos
final de semana o tempo de uso se intensifica e por jogar mais tempo.
aumenta significativamente o grupo de heavy • Venezuela. Durante os dias de semana são bem
users; característica que define bem dos jogado- poucos os que nunca jogam diariamente e mui-
res de 14 anos. Em resumo, o Brasil se destaca por tos os jogadores heavy users: 43% dos meninos
obter os máximos valores durante todos os dias de 13 anos revelam que jogam mais de duas ho-
da semana no caso de mais de duas horas diá- ras. O final de semana nos proporciona valores
rias de jogo. mais próximos à média em todos os casos.
145
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 146
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 46 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza diariamente os vi-
deogames?»: N =20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 46 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza diariamente os vi-
deogames?»: N =20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
146
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 147
Gráfico 2.3.18. QUE TIPOS DE JOGOS EM REDE VOCÊ Gráfico 2.3.19. QUE TIPOS DE JOGOS EM REDE VOCÊ
JOGA? (10-18 ANOS) JOGA? POR SEXOS (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun-
ta N.º 45 «Que tipo de jogos em rede você tem jogado ultimamente?»: N ta N.º 45 «Que tipo de jogos em rede você tem jogado ultimamente?»: N
=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. =20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
147
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 148
Tabela 2.3.4. QUE TIPO DE JOGOS EM REDE VOCÊ JOGA? (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergunta N.º 45 «Que tipo de jogos em rede você tem jogado ultimamente?»: N=20.941
estudantes de 10 a 18 anos.
A Colômbia se destaca por uma menor prefe- talhas» para ambos os sexos:a partir dos 2 (ou 12 eu-
rência no uso de jogos em rede se comparado com ros) anos o percentual para os meninos não é menor
a média, salvo no caso «comunidades virtuais». Os que 70% e a metade das meninas reconhece jogar
títulos deste gênero atraem mais as meninas co- este tipo de videogames com jogadores virtuais.
lombianas, sendo muito superior ao índice de me-
ninos em algumas idades. Por exemplo, aos 12
anos 54% das meninas revelam que jogam em re- 2.3.5. Jogos piratas
de, contra 37% dos meninos.
As crianças e jovens chilenos se situam em um A descrição até aqui realizada define a Geração In-
plano médio em relação ao seu uso e preferência terativa como um dos grupos populacionais si-
pelos jogos on-line. Da mesma forma que na Co- tuados na vanguarda do uso e do aproveitamento
lômbia, a preferência pelos jogos baseados em co- de «novas e velhas» telas. Obviamente, crianças e
munidades virtuais está acima da média. Em am- jovens interativos formam um grupo heterogê-
bos os sexos, e abaixo de 14 anos, os índices de neo e em si mesmo contêm outros subgrupos
penetração são superiores a 50%. com maior ou menor grau de conhecimento e uso
A Argentina mantém uma pauta similar ao seu das mídias e das tecnologias.
país vizinho, embora exista uma maior preferência Igualmente, ressaltamos como tendências pre-
pelos jogos virtuais esportivos e pelos títulos rela- sentes e futuras o aproveitamento multifuncional
cionados com jogos de mesa. 45% das meninas re- das mídias, conteúdos e suportes em suas mais va-
conhecem jogar com estes últimos,frente a 26% dos riadas manifestações: download de vídeos, fotos e
meninos. Os jogos de estratégia, no entanto, mar- software, capacidade para criar conteúdos próprios,
cam a pauta contrária: abaixo dos 12 anos o percen- etc. Tal capacidade, combinada com o forte compo-
tual de uso para os meninos não é inferior a 75%, en- nente da relação social e procura do lazer no uso
quanto para as meninas não supera os 38%. das telas, explica que mais da metade dos jogado-
Por último, a Geração Interativa brasileira man- res de videogames reconheça possuir jogos que
tém preferências bem peculiares. Por um lado, rom- não são originais e que 18% revelem que quase to-
pe com a tendência global de que os mais populares dos seus jogos têm essa procedência.
são títulos baseados no desenvolvimento de comu- Em termos gerais, a partir dos 13 anos aumenta
nidades virtuais, corridas ou jogos esportivos. Por a freqüência na posse de cópias de videogames
outro, destaca-se no uso do gênero «estratégia e ba- não originais. Em função do sexo, encontramos a
148
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 149
diferença mais evidente para a opção «Sim, quase ainda mais acentuado entre os meninos: em todas
todos»: um de cada quatro meninos reconhece as faixas etárias é superior a 50%, afetando a seis de
que seus jogos não são originais, enquanto que cada dez jogadores de videogames com 16 anos.
este número não alcança os 10% no caso das me-
ninas. São, também, os meninos a partir dos 15
anos os que reconhecem de uma forma mais in- 2.3.6. Mediação familiar
tensa esta situação, ultrapassando os 35%.
Qualquer atividade realizada por crianças e jovens
Gráfico 2.3.20. VOCÊ POSSUI JOGOS PIRATEADOS? em suas casas costuma estar guiada por algumas
(10-18 ANOS) normas ou critérios, mais ou menos explícitos, es-
tabelecidos pelos pais. De forma radical, inclusive
a ausência destes parâmetros já indica a existên-
cia de uma determinada posição educacional dos
pais quanto às atitudes dos filhos.
No caso dos videogames, a pergunta 49 do
questionário «Gerações Interativas na Ibero-Amé-
rica» explora a existência dessa referência educa-
cional a partir das conseqüências – em forma de
discussões ou conflitos familiares – que podem
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 47 «Você possui jogos pirateados?»: N =20.941 estudantes de 10 a 18
ser decorrentes do uso dos videogames em casa.
anos. Como ponto de partida, é necessário conhecer se o
uso de videogames pelas crianças e jovens cria algum
Como podemos comprovar no Gráfico 2.3.21, o tipo de alteração nas normas estabelecidas pelos pais
México, o Peru, a Colômbia e a Venezuela se desta- para o desenvolvimento de tal atividade. De um mo-
cam pela preferência das crianças e jovens por vi- do global, essa suposição é afirmativa para 44% dos
deogames originais. A média corresponde à Gera- jogadores. É algo paradoxal o fato de que as meninas,
ção Interativa argentina, enquanto o Brasil e o Chile mesmo utilizando muito menos tempo e tendo me-
aparecem com clara tendência para o videogame nor interesse pelos videogames, discutam mais com
não original, embora este último país obtenha os re- os seus pais acerca das conseqüências desta ativida-
sultados mais altos na opção «Sim, quase todos», de conforme se demonstra no Gráfico 2.3.23.
com aproximadamente 40%. O fenômeno torna-se
Gráfico 2.3.22. VOCÊ DISCUTE COM SEUS PAIS POR CAUSA
Gráfico 2.3.21. VOCÊ POSSUI JOGOS PIRATEADOS? DO USO QUE FAZ DOS VIDEOGAMES? (10-18 ANOS)
(10-18 ANOS)
149
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 150
Gráfico 2.3.23. VOCÊ DISCUTE COM SEUS PAIS POR Gráfico 2.3.24. VOCÊ DISCUTE COM SEUS PAIS POR
CAUSA DO USO QUE FAZ DOS VIDEOGAMES? POR CAUSA DO USO QUE FAZ DOS VIDEOGAMES? POR
SEXOS (10-18 ANOS) IDADES E SEXOS (10-18 ANOS)
150
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 151
Por último, países como o Chile, Argentina seleção de horários inapropriados para realizar
ou o México seguem a pauta geral descrita de esta atividade lúdica, enquanto o Brasil se des-
um maior conflito sobre o tempo de uso, se- taca pelos conflitos baseados no tipo de jogos,
guido de discussões pelo momento do dia em situação que é excepcionalmente superior à
que jogam ou pelo tipo de jogos. O Peru é o opção «Já tivemos discussões pelo momento
país em que mais existe discussão acerca da em que jogo».
Gráfico 2.3.26. MOTIVOS DE DISCUSSÃO PELO USO DE Gráfico 2.3.28. DISCUTO COM MEUS PAIS PELO MOMENTO
VIDEOGAMES. POR SEXOS (10-18 ANOS) EM QUE JOGO. POR IDADES E SEXOS (10-18 ANOS)
Gráfico 2.3.27. DISCUTO COM MEUS PAIS PELO TEMPO Gráfico 2.3.29. DISCUTO COM MEUS PAIS PELO TIPO DE
QUE PASSO JOGANDO. POR IDADES E SEXOS (10-18 ANOS) JOGOS. POR IDADES E SEXOS (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 49 «Às vezes pode surgir discussões com seus pais sobre o uso que ta N.º 49 «Às vezes pode surgir discussões com seus pais sobre o uso que
você faz dos jogos de computador. Por quais razões isso acontece?»: N você faz dos jogos de computador. Por quais razões isso acontece?»: N
=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. =20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
151
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 152
Gráfico 2.3.30. MOTIVOS DE DISCUSSÃO PELO USO DE Gráfico 2.3.31. TELEVISÃO X VIDEOGAMES.
VIDEOGAMES. POR PAÍSES (10-18 ANOS) PREFERÊNCIA POR IDADES (6-9 ANOS)
2.3.7. Valorações
152
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 153
153
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 154
as mais altas da amostragem (superior aos 20% Caracterizam-se por uma grande divergência
em ambos os casos). nos gostos em função do gênero do jogo, que pro-
Os jogos favoritos da Geração Interativa são, em vavelmente se pode explicar pela maior experiên-
termos gerais, os jogos de «ação»: os gêneros de cia com este tipo de lazer digital.
aventuras (63%), esportes (52%) e luta (48%) reú- No Peru e na Colômbia a preferência é muito
nem os índices mais altos de preferência. mais convergente em tipologias específicas de jo-
Contudo, os jogos mais intelectuais e de raciocínio gos: os jovens peruanos preferem os títulos de
como os de inteligência (35%) ou de simulação (19%) aventura e esportes. Já os colombianos se desta-
não chegam a agradar à maioria dos participantes. cam pela preferência pelos jogos de esporte e pla-
taforma.
Gráfico 2.3.35. PREFERÊNCIA PELOS GÊNEROS DE No caso da Argentina e da Venezuela, não têm
VIDEOGAMES. GERAL E POR SEXOS (10-18 ANOS) nenhuma preferência em particular, embora este-
jam na média de algumas categorias.
Tabela 2.3.5. PREFERÊNCIA POR PAÍS EM FUNÇÃO DO GÊNERO DE JOGO (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergunta N.º 43 «De quais gêneros de jogos você mais gosta?»: N=20.941 estudantes de 10
a 18 anos.
154
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 155
2.3.7.2. Motivos de uso chilenos, onde a cifra alcança quase um de cada três
(71%), seguidos pelos argentinos (67%).
Consideraremos agora em que medida são conscientes Esta característica é a mais relevante para todos
das razões que os levam a este uso intenso,como tam- os jovens, independentemente da sua nacionali-
bém dos riscos que os videogames podem significar. dade, sendo apenas no caso colombiano onde não
Em relação às razões do uso, é óbvio que o compo- alcança a maioria (46%).
nente lúdico («os videogames me divertem») se tor- Antes fizemos alusão à capacidade de os videoga-
na o motivo fundamental que explica porque mais mes vincularem lazer e sociabilidade; isto fica pa-
de um de cada dois jovens estão de acordo com esta tente em outra afirmação que cria um grau notório
frase. Os que mais valorizam esta qualidade são os de consenso, especialmente entre os meninos: «É
Gráfico 2.3.37. OS VIDEOGAMES ME ENTRETÊM (10-18 Gráfico 2.3.39. JOGAR ME PERMITE FAZER COISAS QUE
ANOS) NÃO POSSO FAZER NA VIDA REAL (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 50 «Você concorda com algumas das seguintes frases?»: N=20.941 ta N.º 50 «Você concorda com algumas das seguintes frases?»: N=20.941
estudantes de 10 a 18 anos. estudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.3.38. OS VIDEOGAMES ME FAZEM PASSAR O Gráfico 2.3.40. É MUITO MAIS DIVERTIDO JOGAR COM
TEMPO DE FORMA DIVERTIDA (10-18 ANOS) ALGUÉM DO QUE SOZINHO (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 50 «Você concorda com algumas das seguintes frases?»: N=20.941 ta N.º 50 «Você concorda com algumas das seguintes frases?»: N=20.941
estudantes de 10 a 18 anos. estudantes de 10 a 18 anos.
155
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 156
muito mais divertido jogar com alguém do que sozi- Gráfico 2.3.42. RISCOS ATIVOS DOS VIDEOGAMES (10-
nho», com a que concordam 36% dos participantes. 18 ANOS)
Nesta questão, destaca-se o Chile, onde mais de um
de cada dois estão de acordo com esta frase.
Para 21% dos participantes, os videogames sig-
nificam a possibilidade de acessar a uma «realida-
de paralela» onde podem fazer coisas que não são
possíveis na vida cotidiana. Os meninos concor-
dam mais com esta afirmação do que as meninas,
o que provavelmente tenha uma relação com os
gêneros de jogo favoritos. Os meninos chilenos,
brasileiros e argentinos revelam uma especial afi-
nidade com esta possibilidade, enquanto para as
meninas isso não é especialmente relevante.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 50 «Você concorda com algumas das seguintes frases?»: N=20.941
Gráfico 2.3.41. SUBSTITUIÇÃO DE ATIVIDADES PELOS estudantes de 10 a 18 anos.
156
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 157
Gráfico 2.3.43. JOGO EM REDE COMO ASPECTO SOCIAL Gráfico 2.3.45. GOSTO DE JOGAR EM REDE PORQUE ME
(10-18 ANOS) PERMITE SER OUTRA PESSOA (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 44 «Caso utilize jogos em rede, você concorda com algumas das se- ta N.º 44 «Caso utilize jogos em rede, você concorda com algumas das se-
guintes frases?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. guintes frases?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
postas se referem exclusivamente a 38% da amos- O jogo em rede abre novas possibilidades que
tragem de 10 a 18 anos que declarou jogar em rede. tornam o jogo mais interessante: é um suporte
Destaca-se o aspecto social, acima de tudo: jo- onde se permite fazer coisas que não fariam na
ga-se em rede com o grupo de amigos em 52% vida real, e isso é valorado pelos jovens em 32%
dos casos. Isto torna o jogo mais divertido (48%), dos casos. Entre todas as possibilidades, «Ser
pois, além disso, permite que o jogador faça novas outra pessoa» parece mais importante para um
amizades (36%). Em todos os casos, os meninos grupo significativo de meninos, liderados pelos
deram mais valor a estas afirmações do que as chilenos, em 26%, venezuelanos, em 24%, e bra-
meninas. Destacam-se, nestes casos, os adoles- sileiros, em 23%.
centes peruanos e venezuelanos.
Gráfico 2.3.44. JOGAR ME PERMITE FAZER COISAS QUE Gráfico 2.3.46. JOGAM VIDEOGAMES (MÉXICO, 6-18
NÃO POSSO FAZER NA VIDA REAL (10-18 ANOS) ANOS)
157
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 158
Existe alguma diferença na utilização das novas Gráfico 2.3.48. COMO VOCÊ JOGA?
plataformas de lazer interativo na zona rural? No (MÉXICO, 10-18 ANOS)
caso do México, alinhado com o seu perfil urbano
como sendo o país com mais jogadores de video-
games, a diferença não é tão significativa: 66%
dos meninos entre 6 e 9 anos afirmam jogar.
Embora os percentuais variem sensivelmente, a
tendência no caso rural copia a pauta urbana: o
uso dos videogames diminui com a idade. 61% dos
participantes mexicanos na faixa etária de 10 a 18
anos se declaram jogadores, dado inferior à média
da região, onde sete de cada dez adolescentes
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
afirmam que são usuários de videogames. ta N.º 42 «Como você joga?»: N=2.151 estudantes mexicanos de 10 a 18 anos.
158
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 159
Gráfico 2.3.49. DURANTE A SEMANA, QUANTO TEMPO nhos, 16% jogam com a mãe, 20% com o pai, 42%
VOCÊ UTILIZA OS VIDEOGAMES (MÉXICO, 10-18 ANOS) com os irmãos e 33% com os amigos. As conclu-
sões da zona urbana eram parecidas: jogar com
videogames é uma experiência individual que se
combina com momentos compartilhado com
outras pessoas e, em menor escala, com os pais.
Os irmãos – com certeza os mais velhos – consti-
tuem o principal grupo de acompanhantes, se-
guidos dos amigos.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Indagados sobre quem são os seus principais
ta N.º 46 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza diariamente colegas de jogo, 57% dos adolescentes revelam
os videogames?»: N=2.151 estudantes mexicanos de 10 a 18 anos.
que jogam sozinhos. Mas entre os principais cole-
rias aumentam e aparecem nitidamente 22% que gas estão os irmãos, com 52% de respostas afir-
não jogam neste período da semana. mativas, e também os amigos, em 46% dos casos.
Na zona urbana, de segunda a sexta-feira, uma Os pais e mães raramente são colegas de jogo:
terceira parte se declara light users; e as demais ca- 10% para as mães e 13% para os pais.
tegorias são similares às rurais. No final de semana, No contexto urbano, as coisas são bem pareci-
da mesma forma que na amostragem da zona rural, das: o jogo individual adquire maior força. Como
aumenta o dado de participantes que não jogam e experiência social, aumenta o protagonismo de
diminuem os casos de consumo baixo ou médio, de- outros indivíduos do mesmo grupo – irmãos e
finidos nos intervalos de «Menos de uma hora» ou amigos – e diminui o recurso aos pais. Em resu-
«Entre uma e duas horas». Encontramos o contraste mo, é aproximadamente com esta idade que o
no caso de consumos mais intensos, cuja freqüência jogo individual se consolida de forma crescente,
aumenta durante os dias não letivos. aumenta a possibilidade de jogar com outros in-
divíduos do mesmo grupo, sejam eles amigos ou
Jogar com alguém x Jogar sozinho irmãos, e os pais vão perdendo protagonismo à
Quanto a com quem as crianças de 6 a 9 anos medida que os filhos vão crescendo rumo à ado-
costumam jogar, 39% revelam que jogam sozi- lescência.
159
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 160
Por sexos, os meninos mexicanos da zona rural ou todos. Seus colegas da zona rural parecem agir
jogam majoritariamente sozinhos, 58%, com ami- de forma mais legalizada: 61% dos participantes
gos, 51%, e com irmãos, 49%, enquanto as suas revelaram não ter jogos copiados; apenas 27%
meninas mexicanas jogam também, de preferên- possuem algum.
cia, sozinhas em 57%, com irmãos, 55% e com ami- Por outro lado, 38% dos jovens urbanos ibero-
gas, 39%. americanos usam jogos em rede. Na zona rural,
37% dos jovens mexicanos afirmam que praticam
Gênero de jogos este tipo de jogos com o grupo de amigos. Já 23%
Com relação aos gêneros que mais gostam, desta- reconhecem que jogar on-line é mais divertido
cam-se os esportes com 57% das respostas. porque existem mais pessoas jogando. Para ou-
Outro gênero que vale destacar é o de aventura, tros 23%, jogar em rede lhes permitem fazer coi-
com 58%. Os de ação e luta também são preferi- sas que não podem na vida real.
dos por 47%, e os de inteligência por 32%.
Gráfico 2.3.53. VIDEOGAMES PIRATAS
Gráfico 2.3.52. QUAIS GÊNEROS PREFEREM? (MÉXICO, 10-18 ANOS)
(MÉXICO, 10-18 ANOS)
160
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 161
Valorações e percepções Gráfico 2.3.55. COMO VOCÊ JOGA? (PERU, 10-18 ANOS)
• Sobre as percepções em relação aos riscos ati-
vos e passivos destes jovens, cabe salientar
que seguem a pauta dos participantes no con-
texto urbano: Os videogames os divertem, e
essa é a razão para usá-los em 54% dos casos.
Para 32%, é uma forma divertida de passar o
tempo.
• O tempo que passam jogando videogames é to-
mado principalmente do tempo de estudo, 45%,
embora a família, 24%, e os amigos, 15%, também Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
sejam afetados. ta N.º 42 «Como você joga?»: N=1.031 estudantes peruanos de 10 a 18 anos.
• A vertente social do jogo parece clara: 34%
consideram muito mais divertido jogar com Os jovens, por outro lado, preferem o computa-
companhias do que sozinho, enquanto apenas dor, 51%, seguido do celular, 47%. Os videogames
17% acham que estes jogos podem os tornar são a opção de 17% dos participantes.
violentos.
Tempo de jogo
2.3.8.2. O caso do Peru Como podemos observar nos Gráficos 2.3.56 e
2.3.57, no que se refere ao tempo que passam jo-
Jogam videogames? gando, a pauta de uso de videogames varia entre
Apenas 38% das crianças e jovens peruanos da semana e final de semana, concentrando-se uma
zona rural jogam videogames. Na faixa etária de maior proporção de heavy users nos sábados e do-
10-18 anos, o percentual do Peru rural atinge mingos.
39%. Em ambos os casos, estão abaixo da média
urbana da região, onde quase sete de cada dez Jogar com alguém x Jogar sozinho
adolescentes afirmavam ser usuários das plata- No caso das crianças de 6 a 9 anos da zona rural
formas de jogo. do Peru, os irmãos são os colegas preferidos e
161
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 162
Gráfico 2.3.56. DURANTE A SEMANA, QUANTO TEMPO Gráfico 2.3.58. COM QUEM COSTUMAM JOGAR?
VOCÊ UTILIZA OS VIDEOGAMES? (PERU, 10-18 ANOS) (PERU,6-9 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 46 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza diariamente ta N.º 17 «Com quem você costuma jogar?»: N=608 estudantes peruanos
os videogames?»: N=1.031 estudantes peruanos de 10 a 18 anos. de 6 a 9 anos.
Gráfico 2.3.57. QUANTO TEMPO VOCÊ UTILIZA OS sos. Nesta idade, a participação dos pais fica redu-
VIDEOGAMES NO FINAL DE SEMANA? (PERU,10-18 ANOS) zida ao mínimo: 4% cada um.
Nestas idades o jogo individual vai se consoli-
dando de forma crescente, aumentando a possibi-
lidade de jogar de forma compartilhada com seus
semelhantes, sejam eles irmãos ou amigos, e os
pais vão perdendo protagonismo à medida que
seus filhos avançam para a adolescência.
No Peru rural, os meninos declaram jogar sozi-
nhos em 49% dos casos, a mesma percentagem
daqueles que jogam com amigos, 49%, e em me-
nor escala com irmãos, 39%. Por sua parte, as pe-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 46 «Em uma semana normal, quanto tempo você utiliza diariamente
ruanas da zona rural jogam, a maior parte, com
os videogames?»: N=1.031 estudantes peruanos de 10 a 18 anos. amigas, 40%, irmãos, 36%, e sozinhas, 35%.
162
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 163
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 43 «De quais gêneros de jogos você mais gosta?»: N=1.031 estudantes ta N.º 47 «Você possui jogos pirateados?»: N=1.031 estudantes peruanos de
peruanos de 10 a 18 anos. 10 a 18 anos.
Comparado com 61% dos jovens peruanos que Gráfico 2.3.61. QUAIS JOGOS EM REDE PREFEREM
não possuem jogos piratas, a zona rural este nú- (PERU, 10-18 ANOS)
mero chega a praticamente sete de cada dez par-
ticipantes. Pode-se ter em conta que a média em
todos os países participantes nos estudos é de
48% e, portanto, fica claro que os peruanos são
mais cuidadosos com respeito a esse assunto,
principalmente os da zona rural. De fato, apenas
23% destes jovens declaram possuir algum jogo
copiado.
Os jogos em rede, no entanto, surgem como
uma das atividades favoritas destes jovens: 53%
reconhecem jogá-los de forma habitual com o seu
grupo de amigos. Outros 23% afirmam que jogar
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun-
em rede é mais divertido porque tem mais gente ta N.º 45 «Que tipo de jogos em rede você tem jogado ultimamente?»:
jogando. Já 21% consideram que lhes permite fa- N=1.031 estudantes peruanos de 10 a 18 anos.
zer coisas que não podem na vida real. Compara-
do com 36% de jovens urbanos que revelam que Neste caso também há muitas diferenças em
os jogos em rede ajudam a fazer novos amigos, relação aos da zona urbana. Mais especificamen-
apenas 18% da zona rural concordam com este ar- te, os participantes peruanos da zona urbana en-
gumento: talvez a proximidade dos que moram contram os jogos esportivos ou de estratégia mais
em um povoado minimize a necessidade de pro- atraentes e não tanto aqueles títulos pertencen-
curar amigos. tes ao gênero de comunidades virtuais ou de cor-
Entre a grande variedade de jogos em rede exis- ridas de competição. O uso de jogos de estratégia
tentes, os mais populares entre estes jovens são é realmente relevante pelos índices de populari-
os esportivos, 42%, os de corridas, 32%, de estraté- dade que alcançam na cidade, com aproximada-
gia e batalha, 30%, e os de mesa e cartas, 15%. mente 70%.
163
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 164
164
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 165
mais populares entre os jogadores com menos de • Comparando celulares com os videogames, a pre-
15 anos, enquanto que os jogos de mesa são inte- ferência das meninas pelos celulares, junto com o
ressantes para todas as idades. seu escasso interesse pelos videogames, ficam
• Rivalizar com jogadores on-line em corridas de au- evidenciados em todos os países, fazendo do celu-
tomóveis ou um jogo de futebol é mais freqüente lar a tela predileta. Mesmo assim, em todos os ca-
em idades inferiores aos 14 anos. Superada esta sos, os meninos preferem os videogames.
barreira, substituem-se por jogos focados no de- • Os jogos favoritos da Geração Interativa são prefe-
senvolvimento de estratégias, quase sempre rela- rentemente os de ação: os gêneros de aventu-
cionadas com temas bélicos. ra,(63%), esportes, (52%) e luta (48%). Os jogos in-
telectuais como os jogos de inteligência (35%) ou
Jogos piratas de simulação (19%) não são do gosto da maioria
• Mais da metade dos jogadores de videogames re- dos participantes.
conhecem que possuem jogos não originais e 18% • No caso dos meninos, mantêm-se na esfera do es-
declaram que quase todos seus jogos são piratas. porte, da ação e da aventura. As meninas, em con-
• A partir dos 13 anos, aumenta a freqüência de pos- trapartida, preferem jogos de aventura e de inteli-
se de jogos que não são originais. Em função do gência.
sexo, é reconhecido por um de cada quatro meni- • O motivo fundamental que explica as razões do uso
nos, número que não chega a 10% no caso das das plataformas de lazer digital está constituído
meninas. Os meninos a partir dos 15 anos são os pela opção dos videogames «Eles me entretêm».
que mais reconhecem este fato, com percentuais • 36% dos participantes, especialmente os meni-
superiores a 35%. nos, declaram que «é muito mais divertido jogar
com outras pessoas do que sozinho», o que mais
Valorações uma vez reforça o elo existente entre o lazer e a
• Os videogames possuem uma clara vantagem sociabilidade.
com respeito à televisão: enquanto 28% das crian- • Para 21% dos participantes, os videogames ofere-
ças entre 6 e 9 anos preferem a televisão, 53% es- cem a possibilidade de ter acesso a uma realidade
colhem os videogames como opção predileta. paralela onde se podem fazer coisas que não são
• A preferência masculina pelos videogames supe- possíveis na vida real.
ra em mais de 20 pontos à feminina. • O efeito de substituição que os videogames exer-
• No caso dos jovens, a televisão ganha por 10 pon- cem na vida cotidiana dos jovens lhes afeta de di-
tos, embora seja a perda de interesse das meninas ferentes formas: em 41% dos casos o videogame
pelos videogames o que influi bastante no resul- toma o tempo de estudo, em 23% toma o tempo
tado. No caso dos meninos, a preferência pelos vi- de estar com a família e em 17% de estar com os
deogames é patente: comparado com 24% que seus amigos. Os rapazes afirmam que diminuem
preferem a televisão, 53% escolhem os videoga- o tempo dedicado a cada uma destas atividades
mes. As cifras das meninas são assombrosas, mas em favor dos videogames.
de modo inverso. 59% preferem a televisão contra • O uso incomensurável de videogames também
18% que se inclinam pelos videogames. envolve alguns riscos. Enquanto um de cada qua-
• Uma vez mais, vemos como a idade e o sexo, assim tro conhece alguém que joga o tempo todo, ape-
como o uso, são também determinantes na prefe- nas 17% reconhecem que ele mesmo está viciado
rência pelos videogames: ao mesmo tempo que as em algum videogame.
meninas perdem interesse pelos mesmos à medi- • 38% entre 10 e 18 anos declaram jogar em rede.
da que crescem, os meninos ajustam em baixa a 52% dos casos afirmam que jogam com o grupo
preferência,mas de um modo bem contido. de amigos, revelando que deste modo é mais di-
165
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 166
vertido (48%) e que, além do mais, permite fazer • Existe uma maior preferência para os jogos vir-
novas amizades (36%). Os meninos deram mais tuais esportivos e os títulos relacionados com os
valor do que as meninas, em todos os casos. jogos de mesa. No caso das meninas, 45% reco-
• Para 32% dos participantes, o jogo em rede permi- nhecem jogar com estes últimos, contra 26% dos
te fazer coisas que não são podem fazer na vida meninos. Os jogos de estratégia, no entanto, mar-
real, além de abrir novas possibilidades e tornar o cam a pauta contrária: com menos de 12 anos, o
jogo mais interessante. percentual de uso para os meninos não é inferior
a 75%, e para as meninas são ultrapassa os 38%.
2.3.9.2. Argentina
Jogos piratas
Posse • A preferência por jogos originais ou piratas estão
• 31% dizem possuir um aparelho de videogame e em um meio-termo.
9%, um videogame portátil.
• Na Argentina destacam-se por jogar,e bastante,com Valorações
o computador,87%, tanto eles como elas,e com o ce- • No caso da Argentina não se destaca nenhuma
lular, 62%. Os meninos, por sua vez, destacam-se por preferência em função do gênero, embora em al-
preferirem os aparelhos de videogames,com 56%. gumas categorias se situem na média.
• As diferenças por sexo são significativas. • Em relação às razões de uso, é óbvio que o compo-
Companhia nente lúdico da opção «os videogames me entre-
• A Geração Interativa de 6 a 9 anos se destaca por têm» se torna o motivo fundamental para 67%
jogar com os videogames sozinha. dos participantes.
• A incidência do jogo individual torna-se mais pro- • Para 21% dos participantes, os videogames signifi-
funda entre os 10 e 18 anos. cam a possibilidade de ter acesso a uma «realida-
de paralela» onde é possível realizar coisas que
Tempo não são possíveis na vida cotidiana. Os meninos
• Durante os dias de semana se identifica com os concordam mais com esta afirmação do que as
valores médios: seis de cada dez dedicam um má- meninas, o que provavelmente tenha uma relação
ximo de duas horas e 15% superam este limiar; o com os gêneros de jogo favoritos. Os meninos ar-
resto não joga ou não é capaz de calcular o tempo gentinos revelam uma especial afinidade com es-
que passam jogando. O perfil dos heavy users, ta possibilidade, enquanto para as meninas esse
com mais de duas horas de consumo diário, é dado não é especialmente relevante.
mais freqüente entre jovens de 12, 13 e 15 anos. • Os jovens argentinos, entre outros países, de-
• No final de semana aumentam os casos em que monstraram ser os mais heavy users destas plata-
não se utilizam os videogames ou de uma utiliza- formas de lazer.
ção inferior aos sessenta minutos diários. Por ou-
tro lado, diminui o grupo com um consumo supe- 2.3.9.3. Brasil
rior às duas horas, se comparado com a média
global. Contudo, para as faixas etárias de 12 e 13 Posse
anos, 40% afirmam ser heavy user. • O Brasil é um dos países onde a penetração dos
aparelhos de videogame está mais consolidada,
Jogo em rede registrando 52% dos casos. As diferenças por sexo
• Os jovens argentinos estão em um plano interme- são altamente significativas.
diário em relação ao seu uso e preferência pelos • 72% dos jovens jogam no computador, embora
jogos on-line. 74% dos meninos joguem com o videogame e
166
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 167
aproximadamente 45% com jogos em rede. Com- • Para 21% dos participantes, os videogames signifi-
panhia cam a possibilidade de ter acesso a uma «realida-
• A Geração Interativa de 6 a 9 anos se destaca por de paralela» onde é possível realizar coisas que
fazer uso dos videogames de forma individual. não são possíveis na vida cotidiana. Os meninos
• A incidência do jogo individual se acentua mais concordam mais com esta afirmação do que as
entre os 10 e 18 anos. meninas, o que provavelmente tenha uma relação
com os gêneros de jogo favoritos. Os meninos bra-
Tempo sileiros revelam uma especial afinidade com esta
• As crianças e jovens brasileiros refletem certa po- possibilidade, enquanto para as meninas isso não
larização no consumo dos videogames durante os é especialmente relevante.
dias da semana, com valores que estão acima da • Os jovens do Brasil, entre outros, demonstraram
média nas duas opções mais opostas: ausência de ser os mais heavy users destas plataformas de la-
jogo ou intensa dedicação. zer.
Durante o final de semana o tempo de uso se in- • O jogo em rede abre novas possibilidades que tor-
tensifica e aumenta significativamente o grupo de nam o fato de jogar mais interessante. Entre to-
heavy users, característica que define bem dos joga- das as possibilidades, «ser outra pessoa» parece
dores de 14 anos. Em resumo, o Brasil se destaca por importante para um grupo numeroso de meni-
obter os máximos valores durante todos os dias da nos brasileiros (23%).
semana na opção relativa a mais de duas horas diá-
rias de jogo. 2.3.9.4. Chile
Valorações Tempo
• O Brasil é um dos países com mais «jogadores de • De segunda à sexta-feira está o grupo de jogado-
videogames»: suas preferências pelos diferentes res que passam mais de duas horas jogando; este
gêneros estão, na maior parte dos casos, na média perfil de heavy user é claramente masculino –
ou são superiores a ela. Caracterizam-se por uma 30% contra a 8% das meninas – e alcança os valo-
grande divergência nos gostos em função do gê- res máximos entre os 14 e 15 anos. Aos sábados e
nero do jogo. domingos esta tendência se acentua: um de cada
167
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 168
168
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 169
tempo passam jogando, com valores inferiores à uma e duas horas diárias», quebrando também
média em todas as opções. a tônica geral em função do sexo ao serem as
meninas as que mais se dedicam aos videoga-
Jogo em rede mes. A peculiaridade consiste no final de sema-
• A Colômbia se destaca por uma menor preferên- na, onde o consumo de reduz, inclusive aumen-
cia no uso de jogos em rede se comparado com a tando os casos de resposta à opção «Nunca
média, exceto no caso «Comunidades virtuais». jogo».
Os títulos deste gênero atraem bastante as me-
ninas colombianas, com percentuais superiores Jogo em rede
ao dos meninos em algumas idades. • As crianças e jovens mexicanos se inclinam em
maior escala pelos jogos de pura competição es-
Jogos piratas portiva ou os de corridas.
• Vale destacar a preferência das crianças e jovens Além disso, a Geração Interativa desse país está
pelos jogos originais. na vanguarda com relação à preferência de títulos
baseados em jogos de mesa clássicos.
Valorações
• Na Colômbia é relevante a preferência por tipo- Jogos piratas
logias específicas de jogos, como os de esporte e • Vale destacar a preferência das crianças e jovens
plataforma. pelos jogos originais.
169
107-170_GENER_PORT 6/2/09 14:33 Página 170
170
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 171
171
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 172
há em casa
2.4.3. Onde fica a televisão
Mais além do tipo de televisão a que se tem
acesso, por assinatura ou de canais abertos, é Como já citamos antes, o lugar que estes vários
interessante conhecer quantos aparelhos de te- aparelhos de TV ocupam também é importante
levisão existem nas casas e onde ficam localiza- para a caracterização da Geração Interativa. Neste
dos. Esta informação determinará e explicará o sentido, vale destacar que, já desde muito cedo, o
uso individual ou familiar da mídia, e pode ser próprio quarto (49%) se transforma em um lugar
um elemento importante para facilitar o con- habitual de consumo de televisão. Como lugares
trole ou a mediação no acesso aos conteúdos mais habituais, seguem o quarto dos pais (47%) e
televisivos. a sala ou quarto de estar (45%).
172
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 173
Entretanto, essa pauta se acentua com a idade: 2.4.4. Qual o melhor lugar para assistir
entre os participantes de 10 a 18 anos, 57% decla- à televisão?
ram ter uma televisão no quarto, embora para es-
ta faixa etária a sala seja a opção mais seleciona- Como já vimos, a internet se caracteriza por per-
da, com 62% dos casos. mitir um acesso «multilugar» utilizando o telefo-
A Venezuela e o Chile se destacam por equi- ne celular, seja em casa, na escola ou nos ciberca-
par de maneira especial o quarto das crianças fés ou lan houses. O mesmo acontece com os
(6-9 anos): em 60% dos casos eles têm uma videogames, no caso do espetacular sucesso dos
televisão. No caso dos jovens, a Venezuela videogames portáteis entre os mais novos. Com-
chega a ter 69% de penetração da televisão parada às demais telas, a televisão se define por
no quarto. ser a mais «caseira»: o domicílio da família é o lu-
O quarto dos pais se consolida como outra gar onde, na maioria das vezes, as crianças e jo-
localização comum: 53% dos pais de jovens vens têm acesso aos diversos conteúdos televisi-
entre 10 e 18 anos têm um aparelho em seu vos. Por outro lado, a presença de vários aparelhos
quarto. de TV dentro da própria casa também possibilita
A sala de estar continua sendo o lugar habitual um acesso «multilugar», questão que será anali-
do aparelho de televisão: em 62% das casas de sada neste ponto.
adolescentes entre 10 e 18 anos é aí onde fica a te- Os dados globais da pesquisa realizada de-
levisão, atingindo seu índice máximo no Brasil, monstram que o próprio quarto das crianças e jo-
com 79% dos casos. vens é o lugar onde eles habitualmente assistem
à televisão, inclusive mais do que na sala de estar.
Gráfico 2.4.4. LOCALIZAÇÃO DOS APARELHOS DE TV Este dado nos indica uma mudança no estereóti-
EM CASA (6-9 ANOS) po gerado durante décadas de que a televisão é o
centro da reunião familiar: a Geração Interativa
prefere assisti-la em seu próprio quarto e, como
veremos mais adiante, sozinha.
Como segunda opção, 45% afirmam que assis-
tem à televisão na sala; um terço afirma que as-
173
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 174
Gráfico 2.4.6. ONDE VOCÊ ASSISTE À TV? MENINOS Gráfico 2.4.7. ONDE VOCÊ ASSISTE À TV? MENINAS
(10-18 ANOS) (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 51: «Onde fica(m) a(s) televisão(ões) em sua casa?»: N=9.843 meninos ta N.º 51: «Onde fica(m) a(s) televisão(ões) em sua casa?»: N=11.098 meni-
estudantes de 10 a 18 anos. nas estudantes de 10 a 18 anos.
siste à televisão do quarto dos seus irmãos e, em coincide com a tendência geral. Porém, à medida
menor escala, aparecem lugares como a cozinha que vão crescendo, essa opção se substitui ou
ou a sala de jogos. complementa com a possibilidade de realizar essa
A idade e o sexo dos participantes acrescentam atividade na sala de estar, que passa a ser, a partir
gradações às pautas globais de comportamento. dos 14 anos, o lugar preferido para assistir a con-
Como podemos observar no Gráfico 2.4.6, para os teúdos televisivos.
meninos, assistir à televisão no próprio quarto é De acordo com os diversos países estudados,
um fato precoce, com tendência a aumentar à podemos definir duas grandes tendências sobre
medida que vão crescendo. Paralelamente, a idade os lugares mais habituais para assistir à televisão.
se correlaciona positivamente com a possibilida- O primeiro grupo se define por um uso da televi-
de de assistir à televisão na sala de estar, até tor- são no próprio quarto que está acima da média
nar-se um lugar habitual, fato que se consolida a geral. Neste sentido, destaca-se a Geração Intera-
partir dos 16 anos. tiva venezuelana, junto com a do Chile e do Méxi-
O caso das meninas é um pouco diferente. A co. Do outro lado estão as crianças e jovens do
preferência delas pela televisão no próprio quarto Brasil, Argentina ou Peru, que preferem a sala de
Tabela 2.4.1. ONDE VOCÊ ASSISTE À TV? QUADRO POR PAÍSES (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 51: «Onde fica(m) a(s) televisão(ões) em sua casa?»: N=20.941 estudantes de
10 a 18 anos.
174
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 175
estar para assistir à televisão. Por último, a análise Gráfico 2.4.8. QUANTO TEMPO VOCÊ ASSISTE À TV
dos dados por países permite definir as crianças e DURANTE A SEMANA? (10-18 ANOS)
jovens chilenos como os que mais realizam um
acesso múltiplo dentro de seus próprios domicí-
lios quando se sentam na frente da televisão: tal
como está representado na Tabela 2.4.1, estão aci-
ma da média em cinco das sete opções que o
questionário oferecia.
175
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 176
Durante o final de semana, ocorrem algumas As crianças e jovens chilenos são os que mais se
mudanças nas pautas de consumo. Como pode- identificam com as pautas de consumo médio,
mos observar no Gráfico 2.4.9., o consumo intenso principalmente durante os dias úteis. Nos dias de
se reduz, embora com um importante detalhe: os semana, a metade as meninas com mais de 13
meninos com menos de 13 anos deixam o grupo anos passam mais de duas horas diárias na frente
«menos de uma hora» e intensificam o tempo de da televisão. No lado oposto estão os meninos de
consumo com valores muito acima da média. É o curta idade.
caso, por exemplo, de estudantes de 11 anos: 55% Durante o final de semana, as meninas man-
reconhecem que assistem à televisão mais de têm pautas de consumo elevadas e se somam a
duas horas diárias nos sábados e domingos. Tam- este grupo as meninas mais novas, de 11 e 12 anos.
bém é significativa a diminuição do consumo te- As crianças e adolescentes colombianos pare-
levisivo ocorrido nas meninas de 14 anos, tal como cem ser os que menos tempo passam na frente da
pode ser visto no Gráfico 2.4.10. televisão durante os sete dias da semana com res-
peito à média. De segunda-feira ao domingo, o
Gráfico 2.4.10. ARGENTINA. «ASSISTO À TV MAIS perfil de baixo consumo está caracterizado pelos
DE DUAS HORAS NOS SÁBADOS E DOMINGOS» meninos com menos de 14 anos; no intervalo mé-
(10-18 ANOS) dio estão os meninos com mais de 16 anos e o
consumo intenso pertence às meninas com mais
de 14 anos. É interessante ressaltar que uma quar-
ta parte das crianças e jovens afirma que não sa-
be quanto tempo passa na frente da televisão dia-
riamente.
No caso do México, assistir à televisão em dias
úteis é uma atividade preferente para as meninas.
A partir dos 15 anos, os valores para a opção «Entre
uma e duas horas» são superiores à média, e no
intervalo seguinte, que indica um consumo mais
intenso, predominam as adolescentes de 14 a 16
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 52 «Em uma semana normal, quanto tempo você assiste TV em ca-
anos. No final de semana o consumo deste grupo
sa?»: N=1.970 estudantes de 10 a 18 anos na Argentina. se intensifica, somando-se ao grupo os meninos
com menos de 12 anos. Porém, em termos gerais e
No Brasil, o consumo intenso de televisão du- contrariando a tendência global, o consumo de te-
rante os dias úteis é conduzido pelo grupo de me- levisão se reduz durante os feriados.
ninas com idades compreendidas entre os 13 e 15 Com relação aos dados globais, o Peru se carac-
anos; neste sentido, mais da metade deles reco- teriza pelo predomínio de um consumo médio du-
nhecem que passam mais de duas horas na frente rante os dias úteis. A diferença por sexo e idade é
da televisão. A partir dessas idades, o consumo di- nítida: as meninas adolescentes prevalecem no
minui e uma quarta parte das meninas destina intervalo «Mais de duas horas diárias», e os meni-
menos de uma hora diária a esta atividade. Por nos mais novos, assim como os adolescentes a
outro lado, dentro do perfil de consumo médio es- partir dos 16 anos, passam menos de uma hora
tão os meninos entre 10 e 14 anos. No final de se- diante da televisão, dado superior à média do
mana, o tempo que passam na frente da televisão país. Durante o final de semana o consumo inten-
é maior entre meninos e meninas adolescentes so se mantém entre as meninas e se somam a
de 14 e 15 anos. elas os meninos de 13 e 14 anos.
176
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 177
Tabela 2.4.2. QUANTO TEMPO VOCÊ ASSISTE À TV DIARIAMENTE DURANTE A SEMANA? (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 52 «Em uma semana normal, quanto tempo você assiste TV em casa?»:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Tabela 2.4.3. QUANTO TEMPO VOCÊ ASSISTE À TV DIARIAMENTE NO FINAL DE SEMANA? (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 52 «Em uma semana normal, quanto tempo você assiste TV em casa?»:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Por último, o interesse pela televisão entre membros da família: outros irmãos ou a mãe são as
crianças e jovens venezuelanos é inferior à média principais companhias na metade dos casos.
durante todos os dias da semana. Vale destacar Por outro lado, assistir à televisão sozinho fica
que em feriados o consumo televisivo entre meni- em terceiro lugar como possibilidade habitual e,
nos e meninas com menos de 12 anos aumenta, em menor escala, costumam estar em companhia
diminuindo o interesse por esta atividade para os de outros parentes ou seus amigos. Dentro deste
meninos com mais de 15 anos. grupo de telespectadores precoces, as meninas
mantêm uma maior tendência ao consumo social
2.4.6. Companhia diante da televisão ou em companhia, sem que surjam diferenças em
O número de aparelhos de TV nas casas e sua lo- Gráfico 2.4.11. COM QUEM VOCÊ ASSISTE À TV?
calização determinam a questão que se analisa (6-9 ANOS)
neste ponto, com base nas respostas dadas pelos
participantes à pergunta: «Quando você assiste à
TV, costuma estar com...».
Sobre os dados globais podemos extrair uma pri-
meira conclusão que indica a transição de experiência
compartilhada à experiência individual no consumo
de televisão pela Geração Interativa ibero-americana.
Como podemos observar no Gráfico 2.4.11, abaixo dos
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
9 anos «assistir à televisão» implica uma maior pro- ta N.º 20 «Quando você assiste à TV, costuma estar com...». N=4.526 estu-
babilidade de exercer essa atividade junto com outros dantes de 6 a 9 anos.
177
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 178
Gráfico 2.4.12. COM QUEM VOCÊ ASSISTE À TV? POR crianças e jovens ibero-americanos. A mãe ou os ir-
SEXOS (6-9 ANOS) mãos passam a um segundo plano como compa-
nhias habituais, sempre com percentuais superiores
à metade dos casos. Próximo a 40% está o pai e, em
menor escala, cabe a possibilidade de que as com-
panhias sejam os amigos ou outros parentes.
As tendências anteriores, combinadas com as va-
riáveis idade e sexo, adquirem algumas gradações.
Entre os meninos, crescer significa assistir à televi-
são sozinho com maior freqüência, possibilidade
que atinge seus valores máximos (68%) entre os 16
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 20 «Quando você assiste à TV, costuma estar com...». N=4.526 estu-
e 17 anos. Para as meninas, o passar do tempo impli-
dantes de 6 a 9 anos. ca uma preferência mais suave em direção à expe-
riência individual diante da TV, compatível com as-
função de gênero no caso de consumo individual, sistir junto com outros membros da família, tal
conforme podemos observar no Gráfico 2.4.12. como observamos nos Gráficos 2.4.15, 2.4.16 e 2.4.17.
A opção de assistir à televisão com «minha
mãe» é majoritária no caso do Peru, sendo supe- Gráfico 2.4.14. COM QUEM VOCÊ ASSISTE À TV?
rior a 50% em lugares como a Argentina ou o Bra- (10-18 ANOS)
sil. Os irmãos se destacam como companhia para
crianças e jovens mexicanos e argentinos. Por ou-
tro lado, a Geração mais independente ou solitá-
ria diante da TV e em curtas idades está formada
por crianças e jovens do Brasil, Argentina e Chile,
com relação aos do Peru, Colômbia ou México, que
optam por um consumo da mídia mais familiar.
Gráfico 2.4.13. COM QUEM VOCÊ ASSISTE À TV? POR Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 54 «Quando você assiste à TV, costuma estar com...». N=20.941 estu-
PAÍSES (6-9 ANOS) dantes de 10 a 18 anos.
178
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 179
Gráfico 2.4.16. COM QUEM VOCÊ ASSISTE À TV? Gráfico 2.4.17. COM QUEM VOCÊ ASSISTE À TV?
MENINOS (10-18 ANOS) MENINAS (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 54 «Quando você assiste à TV, costuma estar com...». N=9.843 meni- ta N.º 54 «Quando você assiste à TV, costuma estar com...». N=11.096 meni-
nos estudantes de 10 a 18 anos. nas estudantes de 10 a 18 anos.
A Geração Interativa peruana é a que mais se dia e com grande probabilidade de que esta situa-
identifica com os valores médios globais. ção ocorra mais entre meninos com mais de 15
Talvez seja interessante destacar uma ligeira anos. O pai também é uma companhia freqüente
preferência em meninos de 14 a 16 anos por assis- para os meninos superando, em todas as idades,
tir à televisão sozinhos ou em companhia do pai. os 50%. Por último, as meninas a partir dos 14
Entretanto, as meninas que assistem à TV com a anos costumam assistir mais à televisão em com-
mãe estão acima da média geral do país em todos panhia da mãe; entre os 12 e 13 anos, 70% costu-
os intervalos de idade estudados. mam assistir junto com os irmãos.
A Argentina se configura como o lugar onde as O Chile segue pautas próximas ao seu país vizi-
crianças e jovens têm mais variedade de compa- nho, mas com algumas gradações. Assistir à TV
nhia adiante da TV. Como demonstra a Tabela sozinho é mais freqüente a partir dos 17 anos, sem
2.4.4. os resultados da pesquisa situam as crian- diferença de gênero. O pai é a companhia dos me-
ças e jovens argentinos acima da média em todas ninos para assistir à televisão com maior freqüên-
as opções da pesquisa. Destaca-se a opção de as- cia, mas não existe diferença por sexos se a idade
sistir à televisão «Sozinho», muito acima da mé- for inferior aos 12 anos. Por último, as meninas
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 20 «Quando você assiste à TV, costuma estar com...». N=20.941 estudantes
de 10 a 18 anos.
179
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 180
continuam se destacando por encontrarem idô- pai», «Minha mãe» ou «Meus irmãos». Em termos
neos no uso da TV a mãe, os irmãos e outros pa- gerais, a opção mais escolhida entre crianças e jo-
rentes. vens é a primeira, dado que indica a já citada au-
As crianças e jovens brasileiros estão acima da tonomia diante da televisão. Dito de outra forma,
média global no que se refere a assistir sozinhos crianças e jovens têm a oportunidade de decidir o
ou em companhia dos pais. De acordo com as ten- que assistir na televisão em combinação com ou-
dências que já destacamos, a idade acentua a in- tras fontes de decisão, que podem ser os pais e ir-
dependência diante da TV, e são as meninas as mãos. Obviamente, a liberdade de escolha au-
que, com índices superiores à média do país, pro- menta com a idade: a partir dos 14 anos, 60%
curam a companhia da mãe ou de irmãos. reconhecem ter autonomia nas escolhas diárias
O México se destaca por uma menor incidência da grade de programação. O pai e a mãe mantêm
quanto à possibilidade de assistir à televisão sozi- a autoridade na escolha de conteúdos televisivos
nho, principalmente no caso das meninas. Tam- em 43% e 42% dos casos, respectivamente. Por úl-
bém está abaixo da média global a presença de timo, a escolha fica dividida com os irmãos para
um dos pais, embora as meninas mantenham um terço dos participantes.
uma maior tendência de assistir à televisão com a
mãe do que os meninos. Gráfico 2.4.18. QUEM DECIDE QUAL PROGRAMA
Por último, as crianças e jovens colombianos se ASSISTIR? (10-18 ANOS)
destacam por uma menor incidência de opções
como assistir à televisão «Sozinho», «Com meu
pai» ou «Com minha mãe». O mesmo acontece na
Venezuela, onde também é menor a possibilidade
de assistir à televisão junto com outras pessoas,
amigos ou parentes.
180
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 181
Tabela 2.4.5. QUEM DECIDE QUAL PROGRAMA ASSISTIR. POR PAÍSES (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 57 «Quando você assiste à televisão em família, quem decide qual progra-
ma assistir?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
181
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 182
• «Jogar» é uma atividade compatível com a tele- Gráfico 2.4.21. O QUE VOCÊ FAZ ENQUANTO ASSISTE À
visão, reconhecida por um pouco mais de 20% TV? POR SEXOS (10-18 ANOS)
das crianças e jovens. Ocorre com maior intensi-
dade com os meninos de curta idade.
• «Navego na internet»: parece que a rede não é
uma atividade compatível com a televisão, salvo
em 15% dos casos. Mantém-se com a idade e não
existem diferenças significativas entre meninos
e meninas.
• «Leio algum livro» é a atividade menos compatí-
vel e um pouco mais reconhecida entre a audiên-
cia feminina.
182
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 183
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 55 «Você realiza alguma destas atividades enquanto assiste à TV?»:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Mediação baixa ou focalizada. Significa um ín- possíveis motivos de discussão como conseqüên-
dice de realização de atividades simultâneas que, cia do uso da televisão por crianças e jovens.
em geral, está abaixo da média, salvo algumas ex- O primeiro ponto interessante consiste em veri-
ceções. Neste sentido, pode-se falar de multitare- ficar se existem, em casa, limites sobre a imensa
fa focalizada na hora da refeição entre os partici- oferta de conteúdos televisivos aos quais se tem
pantes venezuelanos ou no estudo para quase acesso. Interrogados sobre se têm alguma indica-
um terço da Geração Interativa colombiana. ção dos pais a respeito, 34% das crianças e jovens
afirmam que, em casa, os pais deixam que eles as-
2.4.9. Mediação familiar sistam a todos os programas de televisão; 43% re-
conhecem que «Há programas que não me dei-
A família se perfila como um âmbito educativo de xam assistir» e quase a quarta parte não sabe
especial importância na utilização e acesso às te- com certeza se existe um critério em casa sobre
las pelos jovens. Dentro de uma família se satisfa- esta questão. Por outro lado, como demonstra o
zem diversas necessidades destinando tempo e Gráfico 2.3.24, os meninos possuem maior auto-
atenção à ampla oferta de conteúdos televisivos, nomia, em termos gerais, com respeito à grade de
navegando na internet, destinando tempo de la- programação ou, dito de outra forma, as meninas
zer aos videogames, etc. Sob esta perspectiva, a parecem ser mais conscientes de que, de acordo
casa se configura como um espaço onde o jovem com seus pais, existem programas que não devem
acessa às telas e também adquire, por interação assistir.
com pais e irmãos, pautas e critérios sobre seu Por último, a possibilidade de assistir a todos os
uso. programas aumenta à medida que crescem, mas
Obviamente, a televisão não escapa à impor- sem atingir um resultado de 100%.
tante tarefa mediadora de pais e mães com rela- De fato, para quatro de cada seis meninos al-
ção à Geração Interativa. A pesquisa realizada per- cançar a maioridade não significa uma liberdade
mite informar sobre a existência e características de escolha absoluta sobre os conteúdos televisi-
desse trabalho parental, segundo as opiniões das vos.
crianças e jovens expressas no questionário relati- A Tabela 2.4.7 identifica os valores sobre esta
vas a dois aspectos: a existência de restrições no questão nos diversos países objeto de estudo.
acesso a determinados conteúdos televisivos, e o Como podemos observar, as crianças e jovens
tipo de mediação familiar explorada através de do Brasil e da Venezuela são os que declaram uma
183
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 184
maior autonomia para assistir aos programas de Gráfico 2.4.25. DEIXAM EU ASSISTIR A TODOS OS
televisão. PROGRAMAS. POR IDADES E SEXOS (10-18 ANOS)
Vale destacar o caso do Brasil onde, a partir dos
14 anos, mais de 42% respondem afirmativamen-
te a esta possibilidade. Também é importante o
grupo de crianças e jovens chilenos que afirmam
poder assistir a todos os programas, porém quase
um terço também reconhece não ter certeza se
seus pais lhes deixam ver ou não alguns conteú-
dos televisivos, opinião também freqüente na Ar-
gentina, seu país vizinho. Por último, no México e
no Peru é maior o grupo de participantes que têm
consciência de que existe alguma restrição dos
pais sobre a grade de programação.
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 58 «Existe algum programa que seus pais não deixam você assistir?:
Gráfico 2.4.23. DEIXAM EU ASSISTIR A TODOS OS N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
PROGRAMAS (10-18 ANOS)
A existência ou não de mediação dos pais com
respeito à televisão pode ser manifestada em
múltiplas conseqüências. Uma delas se reflete
nas discussões ou conflitos que surgem entre pais
e filhos pelo uso da TV, e neste sentido, interroga-
mos crianças e jovens dos sete países estudados.
Assistir à televisão não significa nenhum confli-
to com os pais para pouco mais da metade da Ge-
ração Interativa ibero-americana. As meninas su-
peram ligeiramente os meninos nesta questão.
Por idades, representa-se uma pauta que parece
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 58 «Existe algum programa que seus pais não deixam você assistir?:
lógica: são os jovens os que menos discutem. O
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. Gráfico 2.4.27 permite a análise de algumas pecu-
liaridades a esse respeito. Como podemos obser-
Gráfico 2.4.24. DEIXAM EU ASSISTIR A TODOS OS var, de acordo com a idade e o sexo dos telespecta-
PROGRAMAS. POR SEXOS (10-18 ANOS) dores, os meninos discutem com seus pais em
maior escala do que as meninas em todas as ida-
des, salvo no caso dos 14 anos. Também se observa
uma diminuição mais harmônica das discussões
em função da idade entre as meninas: a partir da
adolescência parece que se inicia uma redução
paulatina de conflitos familiares por causa do uso
da TV.
Os dados relativos a cada país definem a Gera-
ção Interativa venezuelana como o grupo com
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 58 «Existe algum programa que seus pais não deixam você assistir?:
maior ausência de conflitos familiares na faceta
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos. como telespectadores. O Brasil, a Argentina e o
184
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 185
Tabela 2.4.7. PROIBIÇÃO DE PROGRAMAS PELOS PAIS. QUADRO POR PAÍSES (10 A 18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergunta N.º 58 «Existe algum programa que seus pais não deixam você assistir?:
N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Chile seguem esta pauta, embora em menor esca- Gráfico 2.4.28. VOCÊ DISCUTE COM SEUS PAIS POR CAUSA
la; no Peru e no México é igual o grupo dos que DO USO QUE FAZ DA TELEVISÃO.POR PAÍSES (10-18 ANOS)
discutem com o dos que não discutem, e na Co-
lômbia é majoritário o grupo de crianças e jovens
que costumam discutir com seus pais por causa
do uso da televisão.
185
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 186
Gráfico 2.4.29. MOTIVOS DE DISCUSSÃO POR SEXOS E Gráfico 2.4.30. DISCUTO COM MEUS PAIS POR CAUSA
TOTAL (10-18 ANOS) DO TEMPO QUE PASSO ASSISTINDO À TV (10-18 ANOS)
186
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 187
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergunta N.º 56 «Às vezes pode surgir discussões com seus pais sobre o uso da que você
faz da televisão. Poderia nos indicar quais dessas situações isso acontece?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.4.32. DISCUTO COM MEUS PAIS POR CAUSA 2.4.10. Valorações sobre a televisão
DO TIPO DE PROGRAMAS QUE ASSISTO (10-18 ANOS)
Já vimos como o lazer mediado pela tecnologia,
ou seja, o lazer inter,ativo, é o preferido pela maior
parte da Geração Interativa. Levando em conside-
ração que o nível de posse de diferentes dispositi-
vos é considerável, será interessante conhecer
quais são as preferências entre as telas que os ro-
deiam.
Pudemos apreciar também que a televisão é a
tela que possui maior presença e notoriedade en-
tre esta geração: não só está presente em pratica-
mente todas as casas (98%), mas, além disso, é ha-
bitual que existam pelo menos duas televisões
por casa (72%). No que se refere aos conteúdos, a
penetração dos serviços de televisão a cabo tam-
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Resposta à pergun-
bém é relevante (48%).
ta N.º 56 «Às vezes pode surgir discussões com seus pais sobre o uso da que A TV como opção de lazer é importante para 13%
você faz da televisão. Poderia nos indicar quais dessas situações isso acon-
tece?»: N=20.941 estudantes de 10 a 18 anos.
das crianças entre 6 e 9 anos, que a escolhem entre
outras, como a atividade que mais gostariam de
Como podemos observar na Tabela 2.4.8., a Ve- fazer agora. No caso dos adolescentes, a importân-
nezuela é o país mais próximo à média global nas cia chega a 23% e se transforma na opção mais es-
duas primeiras opções e se coloca como o país on- colhida entre a faixa etária de 10 a 18 anos.
de as crianças e jovens menos discutem por causa
dos programas vistos. O Chile se caracteriza por 2.4.10.1. Presença x preferência
uma maior tendência a concentrar o motivo das
discussões nos momentos do dia em que passam A televisão, como já vimos, mantém uma presen-
na frente da TV; algo similar ocorre no Brasil, lugar ça hegemônica nas casas da Geração Interativa,
onde existe, com maior freqüência, um conflito mas sua continuidade como tela principal não es-
familiar cuja origem está nos conteúdos que tá garantida, posto que as novas plataformas in-
crianças e jovens assistem. Por último, a Colômbia terativas estão se instalando com força na vida
segue a pauta geral com valores que estão abaixo destas crianças e jovens e em seu leque de mídias.
da média, principalmente com relação à opção Este fato aponta a uma complementaridade entre
«Tenho ou já tive discussões por causa do tempo todos os dispositivos que cercam esta faixa etária,
que passo na frente da TV». incluída a televisão.
187
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 188
Na disputa entre as telas, a televisão só ganha mantenham a preferência pela televisão com
entre as meninas adolescentes quando equipara- índices superiores à média: 34% no caso da Ar-
da aos videogames, e entre as crianças e meninos gentina e 35% no caso do México. Como já cita-
adolescentes, quando equiparada com o celular. mos anteriormente, a televisão a cabo permite
No resto dos casos, a Geração Interativa se gaba um maior nível de seleção de conteúdos e, por-
de seu título e, diante da possibilidade de esco- tanto, adquire um valor renovado para a Gera-
lher, a mídia mais interativa (celular, internet ou ção Interativa.
videogames) emerge com força quando compara- No caso dos adolescentes, o binômio videoga-
da com a televisão. me-televisão deixa a segunda como vencedora
Gráfico 2.4.33. PREFERÊNCIAS ENTRE AS TELAS (6-18 Gráfico 2.4.34. PREFERÊNCIA ENTRE INTERNET E
ANOS) TELEVISÃO (10-18 ANOS)
188
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 189
Gráfico 2.4.35. PREFERÊNCIA ENTRE TELEVISÂO E Gráfico 2.4.37. VALORAÇÕES GERAIS SOBRE A
VIDEOGAMES (10-18 ANOS) TELEVISÃO (10-18 ANOS)
189
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 190
Gráfico 2.4.38. QUANDO CHEGO EM CASA SEMPRE Gráfico 2.4.40. «JÁ VI A PROGRAMAS QUE MEUS PAIS
LIGO A TELEVISÃO (10-18 ANOS) NÃO ME DEIXAM VER» (10-18 ANOS)
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun- Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
ta N.º 59 «Você concorda com alguma das seguintes frases?»: N=20.941 es- ta N.º 59 «Você concorda com alguma das seguintes frases?»: N=20.941 es-
tudantes de 10 a 18 anos. tudantes de 10 a 18 anos.
Gráfico 2.4.39. CONHEÇO ALGUÉM QUE SEMPRE ESTÁ 2.4.11. A televisão na zona rural
ASSISTINDO À TV (10-18 ANOS)
2.4.11.1. O caso do México
190
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 191
No caso das crianças entre 6 e 9 anos da zona Com quem assistem à televisão?
rural do México, 3% afirmam que não têm televi- Em grande medida, as crianças costumam assistir à
são em casa, equivalente ao dobro da amostra- televisão com algum membro de sua família: 55%
gem urbana da mesma idade (1,5%). Além disso, o com algum irmão, 53% dos casos com a mãe e 47%
percentual de crianças que declaram que só têm com o pai.Apenas 38% assistem à televisão sozinhos.
um aparelho de TV em casa é de um para cada Como podemos observar no Gráfico 2.4.43, este
três, contra 14% na zona urbana. fato representa algumas diferenças com relação à
Esta diferença diminui com a idade e apenas zona urbana, que podem ser resumidas basica-
0,6% das adolescentes deste meio declaram que mente no aumento do consumo individual e na
não têm televisão em casa. perda de importância da família (com exceção
dos irmãos).
Onde fica a televisão?
No caso das crianças, os lugares mais freqüentes Gráfico 2.4.43. COM QUEM ASSISTEM À TV? (MÉXICO,
de localização da TV da zona rural são o quarto 6-9 ANOS)
dos pais, com 48% dos casos, seguido do próprio
quarto (47%) e da sala de estar (25%).
191
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 192
rias: são, portanto, heavy users; 33% passam entre bre os conteúdos televisivos que seus filhos
uma e duas horas, os medium users, e 14% pode- consomem.
riam ser classificado de light users, ao assistir me- Porém, 52% das respostas revelam que existem
nos de uma hora de televisão por dia. programas que seus pais não os deixam assistir.
No final de semana, os percentuais são pratica- Apenas 22% das crianças revelam que os pais os
mente iguais: 34%, 30% e 16%. Ou seja, todos os deixam assistir a todos os programas. Por outro
percentuais diminuem ligeiramente, o qual é coe- lado, 12% dos participantes reconhecem que em
rente com a idade, pois no final de semana é alguma ocasião viram programas que seus pais
quando se ocupam com outras atividades dife- não os deixam assistir.
rentes da televisão. Apesar de que assistir à televisão junto com os
Por sexos, nos dias de semana, 36% dos meni- pais ou irmãos possa significar que outros deci-
nos mexicanos a assistem mais de duas horas; dam a programação, é majoritária a preferência
31% assistem entre uma e duas horas e 16% assis- por assisti-la em companhia de alguém.(58%).
tem menos de uma hora. As meninas são mais
heavy users: nos dias de semana 47% assistem 2.4.11.2. O caso do Peru
mais de duas horas; 30% assistem entre uma e
duas horas, 7% assistem menos de uma hora e O Peru é uma exceção neste estudo detalhado da
0,3% responderam que nunca. amostra rural: 17% dos estudantes da zona rural
O tempo que passam na frente da TV é, em mui- declaram que não têm televisão em casa. Apenas
tos casos, um tempo dividido com outras ativida- 0,8% das crianças entre 6 e 9 anos da zona urbana
des. 64% assistem à televisão enquanto comem e revelavam este dado. No caso dos jovens de 10 a 18
35% enquanto fazem os deveres. 34% revelam que anos, este número se atenua: apenas 11% decla-
a televisão está ligada enquanto conversam com ram não ter televisão em casa.
a família, e em 18% dos casos ela fica ligada en-
quanto dormem. Gráfico 2.4.44. POSSE DE TELEVISÃO (PERU, 6-9 ANOS)
Por sexos, 65% dos meninos mexicanos assis-
tem à televisão enquanto comem, 33% enquanto
fazem os deveres e 30% enquanto conversam
com a família. Por sua vez, 68% das meninas assis-
tem à televisão enquanto comem, 47% enquanto
fazem os deveres e 40% enquanto conversam
com a família. A pauta entre meninos e meninas é
a mesma, embora as meninas se destaquem mais
como consumidoras da televisão e a conciliam em
maior escala com outras atividades.
A escolha dos programas Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à pergun-
Quando se sentam para assistir à televisão, em ta N.º 18 «Quantos aparelhos de TV existem em sua casa?»: N=608 estu-
dantes peruanos de 6 a 9 anos.
15% dos casos são eles mesmos que decidem qual
programa vão assistir. O pai toma a decisão em
44% das vezes, valor muito parecido com o de Além disso, 63% de peruanos da zona rural en-
mães, com 43% das respostas. tre 6 e 9 anos respondem que em casa só existe
Do ponto de vista educacional, também é um aparelho. Este dado contrasta também forte-
importante o controle que os pais exercem so- mente com a realidade urbana deste país: 30%
192
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 193
dos estudantes urbanos no Peru afirmam ter uma Gráfico 2.4.46. COM QUEM ASSISTEM À TV? (PERU, 6-9
única televisão. Ou seja, neste país, ter apenas ANOS)
uma televisão é o mais habitual fora das cidades.
Em ambos os casos, o valor se duplica entre os
dois os contextos.
193
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 194
Durante semana, 32% dos meninos peruanos da ro-americanos. Porém esta preferência começa a
zona rural assistem a TV entre uma e duas horas; apontar a suportes mais interativos.
24% assistem mais de duas horas e 17% assistem
menos de uma hora. 28% das meninas assistem à Acesso
TV entre uma e duas horas, 26% assistem mais de • O lugar habitual de consumo de televisão, para
duas horas e 15% assistem menos de uma hora du- 49% das crianças, é o próprio quarto. Como luga-
rante a semana. Neste caso, os meninos são maio- res mais habituais, aparecem em seguida o
res consumidores de televisão do que as meninas. quarto dos pais, com 47%, e a sala ou quarto de
O tempo que passam na frente da TV é, em mui- estar, com 45% dos casos.
tos casos, um tempo dividido com outras ativida- • Esta pauta se acentua com a idade: entre os par-
des: 45% assistem à televisão enquanto comem e ticipantes de 10 a 18 anos, 57% declaram ter uma
36% enquanto fazem os deveres. Para 27%, a TV é televisão no próprio quarto, embora a sala seja a
compatível com conversar com a família e 12% opção mais escolhida, com 62% dos casos. Pare-
acham que é uma boa companhia para dormir. ce provável que o fato de que 53% dos pais des-
tas crianças tenham televisão em seus quartos
2.4.12. Resumo executivo exerça influência no resultado.
194
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 195
195
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 196
• As crianças de 6 a 9 anos preferem brincar com mam não possuir nenhum aparelho de TV em
os amigos. casa (2,2%).
• Cinco de cada dez participantes confessam que • No que se refere à implantação e comercializa-
fazem os deveres enquanto assistem à TV. ção de TV a cabo, está longe da média, com 30%
da amostra ibero-americana analisada.
Companhia • 40% das crianças (6 a 9 anos) afirmam possuir
• Um de cada dois jovens entre 10 e 18 anos afirma três ou mais aparelhos de TV em casa. Dos jo-
que «gosta mais de assistir à televisão em com- vens (10 a 18 anos), nove de cada dez confessam
panhia de outras pessoas do que sozinho». ter pelo menos um aparelho em casa.
• No caso das crianças de 6 a 9 anos, 60% confes-
sam que costumam assistir à televisão sozinhos. Uso
• 43% das crianças consultadas demandam um
Consumo de conteúdos consumo social da mídia e afirmam que prefe-
• A concorrente mais evidente da televisão é a in- rem e costumam assistir à televisão com outras
ternet, embora os jovens argentinos se mostrem pessoas.
a favor da televisão acima da média, represen- • Três de cada sete participantes afirmam conhecer
tando 34% dos casos. alguém que sempre está assistindo à televisão.
• Quando disputa com os videogames, a diferença
a favor da televisão é muito maior. A tendência Acesso
neste sentido é mais evidente entre as meninas • Com 79%, representa o maior percentual de alu-
do que entre os meninos. Apenas 1% delas esco- nos da Ibero-América que afirmam que a sala de
lhem os videogames contra 13% dos meninos. estar é o lugar habitual de suas casas onde fica o
• Quando disputa com o telefone celular, ocorre aparelho de TV.
um empate técnico para os jovens argentinos de • 46% das crianças entre 10 e 18 anos afirmam que
10 a 18 anos. assistem à televisão em seu próprio quarto.
• Entre as crianças (6 a 9 anos), os meninos são os
Mediação educativa que claramente têm maior tendência em colo-
• Em alguns casos, existem normas sobre os con- car a TV em seus próprios quartos (59% contra
teúdos televisivos apropriados para as crianças e 46% de meninas).
jovens. Entre os meninos que se mostram mais
propensos a cumpri-las estão os argentinos Tempo
(15%). • Os jovens representam um dos maiores percen-
• Seis de cada dez participantes com idades entre tuais (50%) que revelam que a primeira coisa
10 e 18 anos afirmam que são eles mesmos que que fazem assim que chegam em casa é ligar a
decidem a programação televisiva que assistem. televisão.
É de grande significado que, nestas idades, se- • Quase a metade dos brasileiros com idades en-
jam as crianças as que representem um maior tre os 10 e 18 anos (43%) revelam que costumam
percentual afirmativo, com 69%. assistir à TV mais de duas horas diárias durante
a semana. As meninas de 14 anos em diante for-
2.4.12.3. Brasil mam o perfil que melhor reflete esta tendência
(46% afirmam assistir à TV de segunda à sexta-
Posse feira mais de duas horas diárias).
• É o país da Ibero-América que apresenta o • Este percentual aumenta ligeiramente durante
mais elevado percentual de alunos que afir- o final de semana, sendo 45% os que afirmam
196
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 197
assistir mais de duas horas diárias de televisão os que mais confirmam esta tendência, com 22%
no sábado ou no domingo. contra 12% das meninas).
• Seis de cada dez estudantes brasileiros garan-
Substituição de atividades tem que nunca discutiram com seus pais por al-
• A televisão como opção de lazer é importante gum motivo relacionado com o uso ou consumo
para 14% das crianças de 6 a 9 anos, que a esco- da televisão.
lhem como «atividade que mais gostariam de • 42% dos alunos entre 10 e 18 anos afirmam que
fazer agora». seus pais os deixam assistir a todos os programas.
• No caso dos adolescentes, o percentual de res-
postas chega a 22% tornando-se a opção mais 2.4.12.4. Chile
escolhida pela faixa etária de 10 a 18 anos.
• Cinco de cada dez crianças brasileiras reconhe- Posse
cem que fazem os deveres enquanto assistem à • Apenas 1% das crianças de 6 a 9 anos declaram
televisão. não possuir televisão, confirmando assim prima-
zia desta tela nas casas.
Companhia Um de cada dois alunos afirma que há mais de
• 44% dos jovens entre 10 e 18 anos afirmam que três televisões em casa.
«gostam mais de assistir à televisão em compa- • Os jovens (10-18 anos) revelam que, em 94% dos
nhia de outras pessoas do que sozinho». casos, possuem pelo menos uma televisão em
• Entre as crianças de 6 a 9 anos, 60% costumam casa e 52% dos participantes revelam possuir o
ficar sozinhas na frente da televisão. Neste caso, serviço de televisão a cabo.
as meninas se colocam acima da média, com
64% de respostas afirmativas. Uso
• 34% reconhecem que entre seu grupo de amigos
Consumo de conteúdos e conhecidos existe alguém que sempre está as-
• A concorrente mais evidente da televisão é a sistindo à televisão. Esta tendência é mais evi-
internet. As pesquisas revelam que existe uma dente entre as meninas (38% comparado com
clara preferência pela rede em detrimento da 29% dos meninos)
televisão (57% contra 21% que preferem a tele- • Assistir à televisão continua sendo uma das ati-
visão). vidades mais habituais de crianças e jovens chi-
• Quando disputa com o celular, os jovens de 10 a lenos. Porém esta preferência começa a apontar
18 anos se inclinam pela televisão; e o mesmo a suportes mais interativos.
acontece com os videogames, mas com uma
menor diferença, favorecida pela opinião dos Acesso
meninos desta idade (44% escolhem os videoga- • 64% dos participantes afirmam ter pelo menos
mes contra apenas 17% das meninas). uma televisão em seu próprio quarto. Os adoles-
centes de 10 a 18 anos elevam essa média, com
Mediação educativa 68% de respostas afirmativas.
• Em alguns casos, existem normas sobre os con- • O lugar onde os jovens chilenos assistem à televi-
teúdos televisivos apropriados para as crianças e são varia se comparado com a média. Não é na sala
jovens. Entre os que se mostram mais propensos de estar, mas sim em seu próprio quarto (62% dos
a cumpri-las estão os brasileiros. Apenas 18% alunos de 10 a 18 anos corroboram esta tendência).
afirmam ter assistido alguma vez a programas No caso dos jovens, trata-se de uma tendência
que seus pais lhes proíbem (sendo os meninos mais própria dos meninos que das meninas.
197
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 198
198
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 199
199
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 200
200
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 201
201
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 202
• No caso dos videogames, ao contrário de outros • Desses, 63% reconhecem que costumam assistir
países ibero-americanos, os jovens peruanos es- à televisão em seu próprio quarto.
colhem a televisão (52%). • 60% das crianças com idades compreendidas en-
• A diferença com relação aos telefones celu- tre 6 e 9 anos declaram que o lugar habitual da te-
lares é inferior, mas mesmo assim 44% pre- levisão em casa é no seu próprio quarto. 57% reve-
ferem a televisão. São os meninos os que fa- lam que a segunda opção quanto à localização da
vorecem esta tendência (com 47% que TV em suas casas é no quarto dos pais.
escolhem a televisão), pois as meninas reve-
lam certa igualdade na escolha (com 40% Tempo
em ambos os casos). • A maioria dos adolescentes venezuelanos reco-
nhece (36%) que costuma assistir mais de duas
Mediação educativa horas de televisão diariamente. É uma tendência
• A maioria dos adolescentes peruanos (54%) re- mais acentuada nas meninas (40%) do que nos
conhece que são eles que escolhem os progra- meninos (33%).
mas de televisão que assistem. Entretanto, 49% • Nos finais de semana esta tendência se man-
afirmam que existem programas que seus pais tém. 39% afirmam que passam mais de duas ho-
não os deixam assistir. ras diárias na frente da televisão. As meninas,
• 51% reconhecem, neste sentido, que nunca dis- com 41%, corroboram de novo este fato.
cutiram com os pais por qualquer motivo rela- • Apenas 13% dos jovens venezuelanos afirmam
cionado com a televisão. assistir à televisão menos de uma hora diária.
202
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 203
soas, ou seja, demandam um consumo social da • No caso dos videogames, os adolescentes vene-
mídia. zuelanos preferem a televisão (46%) antes dessa
• Os mais novos afirmam em sua maioria (60%) opção, pela qual se mostram partidários 32% dos
que costumam assistir à televisão junto com alunos.
as mães. As meninas elevam a média, com • Quando disputam a televisão e o celular, a maio-
63%, contra 57% dos meninos que reconhecem ria dos alunos participantes se inclinam pela se-
assistir à televisão junto com elas. 42% decla- gunda opção, com 43% das respostas.
ram estar habitualmente sozinhos na frente
da TV. Mediação educativa
• Entre os adolescentes, a tendência varia e são • 62% afirmam que são eles que escolhem os pro-
mais os que revelam assistir à televisão sozi- gramas de televisão que assistem. Apenas 34%
nhos (58%) ou com algum irmão (mesmo per- afirmam que há programas que seus pais não os
centual). deixam assistir, embora 11% reconheçam que al-
guma vez assistiram a esses programas.
Consumo de conteúdos • Os jovens venezuelanos são os menos propen-
• A internet se revela como a grande concorrente sos a discutir com seus pais por qualquer razão
da TV. 54% dos jovens venezuelanos optam pela relacionada com a TV. 70% dizem que nunca dis-
rede, contra 28% que escolhem a televisão. cutiram por este motivo.
203
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 204
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 205
TERCEIRA PARTE
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 206
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 207
3.1. Panorama da pesquisa sobre também um bom número de incertezas que de-
crianças, jovens e novas tecnologias vem ser esclarecidas. É preciso que a população,
no nosso caso infantil e juvenil, conheça a capa-
A pesquisa em torno aos jovens e sua ralação cidade de acesso e os hábitos de consumo des-
com a mídia é muito vasta, além de prolongada tes meios. Existe também um interesse em sa-
no tempo. Nos anos de 1930 surgiram nos Esta- ber quais os perigos estão subordinados ao uso
dos Unidos os primeiros estudos sobre as crian- destas tecnologias. Em inúmeras ocasiões este
ças e o rádio, e também sobre as crianças e o ci- interesse está motivado pelo desejo natural de
nema (Payne Fund Studies). Durante a década de criar medidas protetoras e reguladoras. Em ou-
1950, os estudos abrangeram a nova mídia que tras, ocupa também um lugar de destaque o es-
predominava: a televisão. De fato, o estudo da re- tudo dos benefícios que estes novos meios po-
lação do público infantil e juvenil com a televi- dem proporcionar, por exemplo, ao âmbito
são se mantém até hoje. Como podemos com- educacional.
provar, ainda hoje a televisão continua sendo a Além disso, o tema das novas tecnologia aborda
«rainha» por ser freqüentemente a mais consu- uma questão de especial relevância: a denomina-
mida pelos jovens. Conseqüentemente, também da «brecha digital». Utiliza-se este termo para fa-
é a mídia mais estudada. lar das diferenças existentes entre distintos gru-
No entanto, nas últimas décadas do século XX fo- pos de pessoas no que se refere ao conhecimento
ram chegando novas tecnologias como os video- e domínio das novas tecnologias. Estas diferenças
games, o telefone celular, o computador e a inter- podem vir marcadas por fatores socioeconômicos,
net. Este novo panorama tecnológico avançou de como por exemplo pelo forte contraste existente
forma excepcional, colocando-nos em um ambien- entre os países mais desenvolvidos e os do tercei-
te mediático sem precedentes após a virada do sé- ro mundo, ou por outras questões como a idade.
culo. As novas tecnologias abrem um amplo leque Com relação a este último aspecto, pode ser de
de possibilidades a múltiplos agentes: a pessoas interesse a exposição de Prensky, que fala dos «na-
como usuários individuais, as empresas e institui- tivos» e dos «imigrantes» digitais. Assim, a gera-
ções, às administrações públicas, etc. Pode-se afir- ção de jovens que nasceu imersa no desenvolvi-
mar que o uso adequado e com conhecimento das mento das novas tecnologias, ocorrido durante as
novas tecnologias facilita a vida de todos. últimas décadas do século XX, é a geração dos «na-
Entretanto, as novas tecnologias não apresen- tivos digitais». Trata-se de um grupo de pessoas
tam apenas múltiplas possibilidades: trazem para as quais os jogos de computador, a internet,
1. Capítulo elaborado por Jorge Tolsá Caballero. Faculdade de Comunicação, Universidade de Navarra.
207
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 208
o telefone celular, o correio eletrônico ou as men- pacidade de acesso dos jovens à variedade de
sagens instantâneas fazem parte integrante de mídias, o tempo de uso, onde e com quem, entre
suas vidas. Além disso, como conseqüência destes outros aspectos. É uma das primeiras questões
usos, a maneira de pensar desta geração mudou, em ser abordada e, portanto, a pesquisa nesta
sendo diferente da geração anterior (Prensky, matéria é muito vasta.
2001:1).
Por outro lado, as pessoas que não nasceram • Conteúdos e efeitos: o trabalho de maior dimen-
imersas no meio das novas tecnologias, mas que são neste campo refere-se à televisão. No entan-
estão obrigadas a utilizá-las, são os denomina- to, nos últimos anos, a internet e os videogames
dos «imigrantes tecnológicos». Trata-se de uma vêm sendo objeto de maior atenção. Dentro da
geração que, por dizer de alguma forma, não fala análise de conteúdos, vale destacar um interesse
de forma natural a linguagem das novas tecno- específico por conteúdos nocivos, como a violên-
logias. cia e a pornografia, embora também exista aná-
Se para o «nativo digital» estas tecnologias são lise mais geral, que enfoca a programação televi-
sua «língua materna», para o «imigrante digital» siva ou a imagem que esta mídia projeta nos
representa uma «língua estrangeira», e é por isso jovens. Da mesma forma, existe um grande inte-
que em muitas ocasiões demonstram ter um cer- resse em analisar os efeitos que o uso das mí-
to «sotaque». dias e tecnologias podem gerar. Por um lado, es-
Este «sotaque» se traduz em usos que não são tuda-se os perigos e riscos que as crianças e
próprios de um «nativo digital», tais como impri- jovens podem encontrar. É o caso, por exemplo,
mir um correio eletrônico ou levar a uma pessoa da violência nos videogames e sua possível re-
fisicamente diante de um computador para ver percussão na agressividade. Por outro lado, tam-
uma página web (Prensky, 2001: 2). bém existe um interesse importante pelos as-
Mais adiante veremos que estas diferenças en- pectos benéficos.
tre o «nativo» e o «imigrante» digital tornam-se
um desafio, do ponto de vista educacional e prote- • Proteção: compreende o estudo das medidas
tor, porque que muitas vezes os pais e professores adotadas em diferentes âmbitos (governamen-
são superados pelas crianças no que se refere à tal, familiar, escolar, etc.) para proteger a integri-
utilização das novas mídias. dade física e psicológica do jovem, que pode che-
Ao longo destas páginas faremos um resumo gar a ser vulnerada pelo uso de diferentes
da pesquisa que, desde a década passada, abor- mídias. As três mais importantes são a regula-
dou os jovens e a mídia, com uma atenção espe- mentação, a mediação familiar e a educação
cial ao âmbito das novas tecnologias. Embora as dentro deste aspecto.
mídias tradicionais, especialmente a televisão,
continua sendo um importante objeto de estudo, 3.1.1. Pautas de consumo
o nosso interesse estará voltado às novas mídias
que surgiram nos últimos anos. A multiplicidade O consumo, entendido em um amplo sentido,
de estudos, bem com a diversidade de enfoques e abrange tudo o que estiver relacionado com o
profundidade no tratamento dos temos, permi- acesso e a utilização das crianças e jovens com a
tem distinguir a pesquisa existente em torno a mídia.
três áreas temáticas. Questões como o equipamento tecnológico dos
domicílios, o lugar de acesso, o momento do dia
• Pautas de consumo: abrange questões como o ou o tempo utilizado estão na mira de múltiplas
equipamento tecnológico nos domicílios, a ca- investigações. De fato, parece evidente que esta é
208
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 209
uma das primeiras questões a serem estudadas respeito do consumo da mídia pela população ju-
dentro do campo estudantes/mídia e, portanto, venil norte-americana.
existem muitos trabalhos a este respeito. É especialmente interessante o relatório apre-
Os países nos quais a pesquisa relacionada com sentado por Rideout e outros, em 2005.
esta matéria está muito desenvolvida, possuem Deduz-se, portanto, que o consumo atual dos
inúmeros trabalhos que incluem as pautas de jovens caracteriza-se por estar cada vez mais divi-
consumo médio. E os que o estudo do binômio es- dido entre as diversas mídias, com tendência a se-
tudantes/mídia está no início, resolveram come- rem utilizados de forma simultânea. Ainda assim,
çar por estas questões básicas que formam a base tal como revelam os diferentes trabalhos, parece
do terreno de atuação. Portanto, podemos con- que a televisão continua ocupando um lugar pre-
cluir que a pesquisa em torno das pautas de con- dominante na vida dos jovens.
sumo é um indicador do grau de maturidade que Os resultados deste estudo podem servir como
se atribui a um determinado país no estudo da re- exemplo de pesquisas realizadas sobre o consu-
lação de crianças e jovens com a mídia. mo de mídias. Referem-se aos Estados Unidos e,
É complicado falar de números de consumo es- portanto, não são extensivos aos demais países
pecíficos, pois as pesquisas estão realizadas em por igual. Porém podemos dizer que indicam as
diferentes âmbitos geográficos, durante distintos tendências mais significativas do que está acon-
períodos e atendendo a diversos parâmetros. Por tecendo nos países mais desenvolvidos.
exemplo, consideram-se diferentes faixas etárias No âmbito europeu, também é numerosa a
da população ou uma gama distinta de mídias, pesquisa em torno do consumo de mídias. O pro-
entre outras questões. grama Safer Internet Plus, impulsionado pela Co-
Mesmo assim, nos referiremos a alguns dos es- missão Européia, trabalha para que crianças e jo-
tudos mais relevantes realizados até então, tanto vens façam um uso seguro da internet através de
nos Estados Unidos quanto na Europa, que po- diferentes pesquisas e projetos. Conta com a cola-
dem ser úteis para descrever o panorama geral. boração de várias entidades, entre elas empresas
Nos Estados Unidos são vários os órgãos e insti- de telecomunicações como a Telefônica. Atual-
tuições que trabalham no campo dos jovens e da mente vale destacar o projeto EUKidson line, coor-
mídia. São alguns deles: The Nacional Institute on denado pela London School of Economics (LSE), que
Media and the Family,2 ponto de referência inter- pretende estudar, entre 2006 e 2009, o uso da in-
nacional no que se refere à proteção contra os peri- ternet e das chamadas Tecnologias da Informação
gos da mídia; The Markle Foundation,3 que enfoca e Comunicação por crianças e jovens de 18 esta-
especialmente o potencial das novas tecnologias dos membros da União Européia. Mais além do
para as áreas de saúde e segurança nacional; Pew simples estudo do uso destas mídias, este projeto
Internet and American Life Project,4 cujo foco de tem como finalidade identificar os principais ris-
atenção é o potencial da internet e seu impacto cos e questões relacionadas com a segurança que
em diversas áreas da vida; ou o The Kaiser Family afetam o público infantil e juvenil no uso das TIC,
Foundation,5 que trabalha no âmbito da saúde glo- para, desta forma, poder tomar as decisões políti-
bal. Esta última instituição possui grande relevân- cas e legais adequadas, individualmente em cada
cia pelos trabalhos realizados em 1999 e 2005 a país como também no âmbito europeu. Por isso
2. http://www.mediafamily.org/
3. http://www.markle.org/
4. http://www.pewinternet.org/
5. http://www.kff.org/
209
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 210
estão realizando uma profunda e vasta revisão de são universalmente quantificadas. De certa forma
todas as pesquisas existentes na Europa que en- é fácil encontrar informação deste tipo, puramen-
volve a relação dos jovens com as TIC, e de manei- te quantitativa, em grande número de países,
ra especial com a internet. muitas vezes através de estatísticas oficiais.
Portanto, este trabalho facilita a identificação Mas essas informações sozinhas podem ser in-
dos principais grupos investigadores e os traba- suficientes para abordar questões mais comple-
lhos mais relevantes nesse campo, e as conclusões xas sobre a relação dos jovens com as TIC, embora
finais têm um notável valor. se trate, sem dúvida alguma, de um ponto de par-
De acordo com um dos primeiros estudos deste tida. Se em alguns países a pesquisa neste âmbito
projeto que foi apresentado por Livingstone e ou- é escassa, os trabalhos realizados oferecerão, co-
tros (2007), as pautas de consumo de TIC (acesso e mo um primeiro avanço, dados sobre estas ques-
uso) ocupam o primeiro lugar na pesquisa. Todos tões.
os países que participam no projeto incluem esta Podemos, portanto, chegar a algumas conclu-
questão em seus trabalhos. Portanto é lógico que, sões: a especial e primeira consideração que se
ao se tratar de uma questão básica, muitos dos atribui a variáveis relativas ao público-alvo, tais
países que não participam nesta investigação como a idade, gênero, nível de estudos ou as ca-
também a abordem. Parece evidente que, na hora racterísticas psicossociais dos indivíduos, serão
de fazer uma análise da relação dos jovens com as abordados de forma detalhada mais adiante.
TIC e aprofundar nas questões mais complexas A questão sobre o gênero é de especial interes-
como os perigos decorrentes da sua utilização, a se para os pesquisadores. Um número considerá-
construção de redes sociais através destas tecno- vel de estudos aborda o consumo das TIC fazendo
logias ou, por exemplo, o potencial educacional uma clara distinção entre sexos. De fato, Livings-
das mesmas, seja primordial saber quem as utili- tone e outros (2007) tratam esta questão de ma-
zam, onde, quando, quanto e como. neira independente, situando-a no mesmo nível
Por outro lado, todas estas questões são abor- que outros assuntos como o uso, o acesso ou as
dadas não apenas nas pesquisas de cada país, co- atividades on-line. Os autores concluem que o es-
mo veremos mais adiante, mas também nos di- tudo do gênero está presente na agenda dos pes-
versos estudos multinacionais de nível europeu, quisadores de todos os países estudados, embora
como o Eurobarómetro, Mediappro ou SAFT. em diferente grau. A Suécia, Dinamarca e Espanha
Convém esclarecer também que mesmo sendo são os que dão uma maior ênfase ao estudo.
muitos os trabalhos que têm as TIC como objetivo Além do gênero, outra variável estudada com
de estudo, na realidade a grande maioria se con- freqüência é a idade: são muitos os trabalhos que
centra quase que exclusivamente na internet: abrangem diferentes faixas etárias com o fim de
quase todos se referem ao acesso à rede através estabelecer diferenças e comparações. No entan-
do computador pessoal, sendo poucos os que fa- to, não existe um claro acordo no que se refere ao
zem referência ao celular ou videogames como re- intervalo mais conveniente para estudar. Portanto
curso para navegar. as idades dos jovens estudados variam muito em
Portanto, um dos primeiros assuntos estudados função de cada país. Livingstore e outros (2007)
é o equipamento dos próprios jovens, em suas ca- apresentam uma série de conclusões interessan-
sas ou escolas, pois é o que vem a determinar a tes a este respeito.
possibilidade de acesso às novas tecnologias. Em primeiro lugar, muitas vezes as pesquisas
Questões como a presença e o número de compu- abrangem a população em geral, incluídos os
tadores nas casas, a existência de acesso a inter- adolescentes maiores, posto que podem ser es-
net, a posse de telefone celular ou videogames, tudados como se fossem adultos (as crianças re-
210
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 211
querem outros métodos de pesquisa). Em se- Por outro lado, o estudo sobre as habilidades
gundo lugar, a maioria das pesquisas realizadas on-line dos jovens está presente em uma grande
com jovens enfatiza especialmente os adoles- variedade de pesquisas destinadas a averiguar co-
centes, já que são os que mais utilizam as TIC mo é a competência midiática deste público, sua
comparados com os mais novos. Enfim, existem destreza na utilização das novas tecnologias e a
mais pesquisas sobre quem mais utiliza estas forma em que estas são adquiridas. De acordo
tecnologias, ou seja, os jovens. Porém as crianças com os estudos coordenado pela LSE, países como
estão aumentando expressivamente esta utili- a Áustria, Bélgica ou Estônia, entre outros, abor-
zação e, portanto, sua vulnerabilidade diante de dam essa questão.
possíveis riscos. O estudo assegura que no futu- Por último, considerou-se a dimensão dos pú-
ro os menores de 12 anos devem ser a prioridade blicos infantis e juvenis como criadores de con-
de estudo. teúdos no entorno das TIC. Trata-se de um aspec-
Outras variáveis de correlação no estudo do uso to inovador, decorrente da natureza das novas
das TIC consistem nas características sociodemo- tecnologias: o usuário abandona sua posição de
gráficas, educacionais e psicossociais de crianças, receptor passivo e se torna um usuário ativo, pro-
pré-adolescentes e adolescentes. Além do acima tagonista, emissor, meio e receptor ao mesmo
citado, também despertam interesse questões co- tempo. Livinstone e outros (2007) citam esta
mo a quantidade de tempo utilizado com estas questão em seu estudo, assim como outros tra-
tecnologias (freqüência, momento do dia, dia da balhos existentes.
semana,etc.) ou o lugar de acesso e uso (predomi- É o caso do Center for the Study of Children,
nam o domicílio familiar e a escola como os prin- Youth and Media, da Universidade de Londres. Es-
cipais lugares que devem ser estudados e compa- ta entidade considera a criação de conteúdos (me-
rados). dia production) como uma de suas linhas de pes-
Bastante interessante é o estudo dos usos que quisa. Inevitavelmente, ligado à criação de
as crianças, pré-adolescentes e adolescentes fa- conteúdos está a interpretação dos mesmos, sem
zem das novas tecnologias. Trata-se, portanto, de dúvida alguma de grande interesse para os pes-
saber para quê utilizam de forma específica cer- quisadores. O objetivo, no final das contas, é saber
tos recursos como o computador, a internet ou o o que a criança entende quando navega, como de-
telefone celular. Esta questão também já foi in- cifra e assume as mensagens oferecidas pelas no-
vestigada, em maior ou menor medida, em quase vas tecnologias.
todos os países. Concluindo, os estudos aqui apresentados po-
A modo de exemplo, o estudo multinacional dem servir para ilustrar o interesse geral de conhe-
Mediappro reúne uma série de usos que os jovens cer os hábitos de consumo de mídias, especial-
fazem da internet, que podem ser objeto de estu- mente das novas tecnologias, entre a população
do: motores de busca (Google, Yahoo, etc.), correio juvenil. É complicado falar de valores de referência
eletrônico, Messenger ou similar, salas de bate- já que existem vários trabalhos em diferentes âm-
papo e, por último, downloads de diversos conteú- bitos geográficos, faixas etárias, variedade de mí-
dos (música, vídeos, fotos, etc.). O referido estudo dia e medições de diferentes aspectos. Por outro la-
reúne informação sobre os usos que os jovens fa- do, vale destacar que as fronteiras temáticas no
zem do telefone celular: fazer ligações e enviar âmbito das pautas de consumo de mídias ficam
mensagens. difusas em diversas ocasiões. Sendo assim, muitos
Também apresentam, em menor escala, outros estudos incluem destro deste ponto questões que
usos como o download de conteúdos, jogos e poderiam merecer um tratamento especial e dife-
acesso a internet, entre outros. renciado. O Eurobarómetro 2007 pode ser um
211
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 212
exemplo. Ao citar os usos da internet, inclui o senta. O trabalho realizado por García e outros
«grau de liberdade dos jovens», assunto mais rela- (2004) é um bom exemplo. Este trabalho enfoca
cionado com a família e o papel mediador que os de forma especial a programação televisiva da Es-
pais podem exercer com respeito aos filhos. panha, incluída a publicidade. Os autores realiza-
ram um estudo empírico e uma análise de con-
3.1.2. Conteúdos e efeitos teúdos da programação das diversas cadeias de
âmbito nacional espanhol. Orientam o trabalho
Na pesquisa sobre jovens e mídia aprecia-se um em conhecer questões da seguinte ordem: se os
interesse especial pelos conteúdos que este públi- programas são assistidos pela faixa etária a que
co está exposto e que são consumidos. Por outro estão destinados, se as crianças assistem a pro-
lado, são muitas as pesquisas em torno dos efei- gramas destinados aos adultos, o papel das figu-
tos, tanto positivo quando negativos, decorrentes ras masculina e feminina nos mesmos ou se exis-
do uso de diferentes mídias. te um excesso de carga publicitária.
Este interesse pelos efeitos surge nos começos Também encontramos trabalhos que se con-
do rádio nos Estados Unidos, durante a década de centram na imagem que se representa da juven-
1930, tal como explica Kundanis (2003: 67-72). tude através da mídia (Von Felitzen y Carlsson,
Já naquela época uma associação de pais de 1999), ou nos valores que a publicidade transmite
Nova Iorque acusou o programa Ether Bogeyman aos jovens (Sánchez, 2004).
de provocar pesadelo nas crianças. Desde então, o Não obstante, se existe um tema mais recor-
debate em torno dos efeitos da mídia nas crianças rente na pesquisa recente sobre essa matéria, é o
criou interesse. Na década de 50, com a chegada que está relacionado com os riscos que as tecno-
da televisão, o interesse se voltou em dois tipos de logias apresentam, e que são de vários tipos: de
conteúdos: violência e sexo. conteúdo, de contrato, de privacidade, comerciais
De fato, a preocupação por estes dois aspectos e para a saúde. De todos eles, o que mais chamou
prolonga-se até nossos dias, como veremos ao a atenção dos pesquisadores são os riscos de con-
longo deste capítulo. teúdo, especialmente os que se referem à violên-
Embora sejam assuntos diferentes, os «conteú- cia e ao sexo.
dos» e os «efeitos» estão relacionados. Assim, é Com respeito à violência, existem inúmeros es-
habitual considerar que determinados conteúdos tudos que abordam sua presença nas diferentes
(especialmente o sexual e o violento) estão direta- mídias e sua influência sobre o comportamento
mente relacionados com os efeitos que podem agressivo deste público. Ao falar de violência, é ne-
gerar na audiência. cessário considerar uma série de premissas antes
Uma evidência deste fato é o estudo apresenta- de realizar qualquer tipo de valoração. Em primei-
do por Livingstone e outros, em 2007, anterior- ro lugar, deve-se levar em consideração a natureza
mente citado. Quando os autores realizam uma da mídia. Não é o mesmo a violência na televisão,
classificação dos perigos que a internet pode pro- em que o jovem é um mero receptor passivo, que
vocar nos jovens, uma das categorias que apre- a violência em um videogame, em que o jovem
sentam é a de «riscos de conteúdo». Ao longo des- participa ativamente e que pode conter altas do-
tas páginas tentaremos revelar o estado da ses de realismo.
pesquisa em torno a ambos os conceitos, embora Também devemos considerar o que justifica a
muitas vezes seja difícil separar um do outro. presença de imagens ou atitudes violentas na
Para começar, podemos encontrar algumas mídia: pode ser violência gratuita ou, pelo con-
análises de conteúdos que tentam moldar a reali- trário, enquadrada dentro de um determinado
dade de uma mídia e do que esta oferece e repre- contexto.
212
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 213
Além disso, incluirá também a existência de al- mentos agressivos ou provocam influências nega-
gum tipo de mediação (fundamentalmente fami- tivas no indivíduo. Porém destaca também que a
liar) no momento de consumir conteúdos violen- violência é apenas um dos vários fatores que pode
tos, que pode ajudar o jovem a interpretar o que desembocar nesta agressividade. Gentile y Ander-
está assistindo de uma maneira adequada. Por- son (2003) reconhecem como vigentes os quatro
tanto, a violência pode ocorrer em circunstâncias efeitos da violência na mídia citados por Donners-
muito diversas e que seus efeitos, se existirem, tein, Slaby e Eron em 1994: o efeito agressor, o
não tem porquê serem iguais. efeito vítima, o efeito testemunha/espectador e o
Wartella (1996) fala da violência, junto com a efeito apetite. O efeito agressor pressupõe que a
comercialização, como um dos temas que mais exposição à violência gera mais agressividade. O
causam preocupação quanto aos efeitos que a te- efeito vítima pressupõe que, diante de tal quanti-
levisão pode gerar e vincula estes efeitos aos con- dade de violência, a pessoa se sente mais vulnerá-
teúdos, tal como citamos no início. Outros traba- vel e indefesa, o que pode levar a tomar medidas
lhos, como o de Von Feilitzen e Carlsson (2000), de proteção (como ir armado, por exemplo). O
referem-se de maneira especial à violência nos vi- efeito testemunha pressupõe que, ao acostumar-
deogames, e partem da seguinte premissa: sabe- se a ver a violência, de certo modo fica-se insensí-
se que muitas crianças e adolescentes gostam de vel a ela. Por último, o efeito apetite implica que a
jogos violentos, mas pouco se sabe sobre os con- violência desperta a fome por mais violência.
teúdos e a influência que estes jogos podem exer- Podemos falar de um acordo existente entre os
cer nos mesmos. pesquisadores sociais em torno da idéia de que
Na revisão bibliográfica de Wartella e outros uma exposição prolongada à violência na mídia
(2000) também se aborda a questão da violência. pode provocar a agressividade dos indivíduos. Na
Trata-se de uma recopilação de pesquisas reali- verdade, a violência na mídia é um dos muitos fa-
zadas na última década do século XX sobre a rela- tores que podem levar à agressividade, mas tam-
ção das crianças com as novas tecnologias, abor- bém pode ter efeitos positivos. Isso ficou de-
dando temas habituais como o consumo destas monstrado através de uma experiência realizada
mídias (acesso, utilização, etc.) e o desenvolvimen- com estudantes da Califórnia, em que a guia
to social ou a aprendizagem. Cita também os con- exercida por um grupo de educadores desembo-
teúdos violentos e agressivos nestas mídias (es- cou numa menor agressividade (Strasburger e
pecialmente nos videogames) e as conseqüências outros, 2002: 83).
prejudiciais que pode provocar no comportamen- Além da violência, um segundo aspecto que
to das crianças. Os autores consideram que o vi- concentrou o interesse de inúmeros autores na
deogame é a mídia mais potente neste aspecto, hora de abordar os efeitos da mídia está relacio-
mas citam também outros como a televisão. nado com conteúdos sexuais. O sexo esteve pre-
É complicado encontrar uma resposta certa à dominantemente presente na televisão. Agora a
pergunta de se a violência gera comportamentos internet é uma janela muito mais direta a um
agressivos. Na pesquisa encontramos opiniões mundo de conteúdos sexuais, pederastas e por-
opostas, e embora alguns afirmem que parece ha- nográficos. Também podem ser encontradas refe-
ver indícios de que existe uma relação entre a vio- rências sexuais, embora em muito menor escala,
lência e a agressividade, ainda vale a pena ser pru- nos videogames. Podemos constatar como um
dente na hora de fazer essa afirmação. Segundo fato que hoje em dia crianças e jovens estão ex-
Valkenburg (2004: 56-57), praticamente todas as postos a uma grande quantidade de conteúdos
meta-análises realizadas demonstram que os sexuais em múltiplos suportes. É o que reconhe-
conteúdos violentos na mídia geram comporta- ce algumas das pesquisas mais recentes (Von Fei-
213
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 214
litzen e Carlsson, 2000; Malamuth e Impett, Porém, devemos ter em conta que a mídia e as
2001; Strasburger e Wilson, 2002; Castells e De novas tecnologias podem apresentar mais peri-
Bofarull, 2002). gos que os decorrentes do conteúdo (como os vio-
Chegada a esta situação, é natural que exista lentos e os sexuais, já citados).
um grande interesse em conhecer os efeitos deste Deste modo, o estudo apresentado por Livings-
tipo de conteúdo nos jovens menores de 18 anos. tone e outros (2007) sobre o projeto EUKidson line
Embora se afirme habitualmente que as pes- cita três tipos de riscos mais, além dos riscos de
quisas neste sentido são escassas (Von Feilitzen e conteúdo: riscos de contato, riscos comerciais e
Carlsson, 2000; Malamuth e Impett, 2001; Stras- riscos de privacidade.
burger e Wilson, 2002), podemos entrever algu-
mas conseqüências. É abundante a apresentação • Os riscos de contato surgem da comunicação in-
de relações sexuais de qualquer tipo fora do casa- terpessoal através das TIC. Os jovens mantêm
mento (ou de contextos de amor), fato que pode diálogos com amigos e colegas através de pro-
desencadear uma maior permissividade sexual gramas como o Messenger, mas também há lu-
entre os jovens. Neste sentido, o maior perigo des- gar para a comunicação com pessoas anônimas.
ta permissividade radica em questões como gravi- Um dispositivo de uso muito comum são as salas
dez não desejada ou doenças de transmissão se- de bate-papo, onde podemos encontrar indiví-
xual. Algumas das formas de combater estes duos com os mais perversos objetivos (pederas-
problemas estão relacionados com a responsabili- tas, pedófilos,etc.). Por isso existe um importante
dade dos responsáveis pela programação e anun- interesse em conhecer a natureza dos contatos
ciantes, que devem transmitir mensagens mais que os jovens estabelecem através das novas tec-
precisas e saudáveis, não utilizar o sexo a qual- nologias. Este interesse busca saber se conhece-
quer custo colaborando, assim, na educação ram estranhos através da internet e se alguma
(Strasburger e Wilson, 2002). vez se encontraram pessoalmente com eles.Tam-
Além da violência e do sexo - conteúdos pre- bém se já se sentiram acossados em determina-
dominantes na pesquisa - estes autores citam das ocasiões, de que maneira e como reagiram
outros tipos de conteúdos que podem provocar diante desse acosso, entre outras questões.
efeitos nocivos nos jovens. Em primeiro lugar, ci- • Os riscos de privacidade fazem referência de for-
tam as drogas e, dentro delas, o fumo ou o álcool. ma específica à invasão da intimidade de uma
Também preocupa tudo o que está relacionado pessoa. Esta invasão pode ocorrer através do pe-
com a alimentação e as desordens alimentares dido ou uso fraudulento de nossos dados pes-
(anorexia, bulimia), diretamente vinculados aos soais (por exemplo, para o envio de mensagens
padrões de beleza transmitidos através da mídia não desejadas ou spam), ou pela atuação de de-
hoje em dia. Estas questões possuem uma sin- linqüentes informáticos, também denominados
gularidade: estão presentes especialmente na crackers, que podem ter acesso e manipular o
publicidade. De fato, são muitos os trabalhos conteúdo de nosso computador de forma inde-
que se referem especificamente à publicidade sejável.
de cigarro ou de alimentos e os efeitos que po- • Os riscos comerciais, por último, são os derivados
dem provocar na audiência. Embora a pesquisa da atividade publicitária e comercial feita através
científica tenha ainda certas carências, existem da rede. Estes riscos são os que receberam menos
evidências de que a publicidade de cigarro e ál- atenção até este momento, segundo o estudo.
cool seja um fator importante no consumo des- Porém, não são menos importantes. Podem ocor-
tas drogas pelos adolescentes (Strasburger y rer na hora de realizar transações comerciais (em
Wilson (2002:206). que haja fraude), ou de enviar propagandas en-
214
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 215
ganosas. Além disso, também estão nos campos O SAFT utilizou cinco países como campo de estu-
das descargas ilegais (de música, vídeos, progra- do: Noruega, Dinamarca, Islândia, Suécia e Irlanda.
mas informáticos, etc.) ou de jogos em rede. Reúne informação sobre o consumo das TIC e
faz referência a diversos riscos além dos relacio-
Dentre as conclusões que o estudo chega, vale nados com o conteúdo: privacidade e informação
destacar a necessidade de conhecer com mais pessoal, ameaças e abusos on-line ou o estabele-
profundidade a forma de reação das crianças e cimento de contatos através da rede.
pais com relação a estes perigos. É necessário sa- Da mesma forma, o Eurobarómetro 2007 dedica
ber como percebem os riscos das TIC e se tomam boa parte do seu conteúdo aos riscos em torno de
algum tipo de medida preventiva, além de outras duas tecnologias específicas: a internet e o telefone
questões. celular. Apresenta informação relevante e tratada
Finalmente, existe um último tipo de perigo com profundidade suficiente: estudam quais são
que pode ser decorrente do uso da mídia, e que os principais perigos ou riscos que as crianças en-
está relacionado com a saúde. Valkenburg (2004) contram na hora de utilizar estas tecnologias, quais
refere-se de maneira concreta ao videogame, e medidas são adotadas para se protegerem e como
fala dos efeitos físicos como uma possível conse- tudo isso afeta o uso das mencionadas tecnologias.
qüência. Com respeito à internet, os jovens participantes ci-
Estes efeitos iriam desde o que denomina «Nin- tam vários medos e problemas potenciais, desde os
tendonitis» (dores constantes em algumas re- que afetam diretamente o computador ou a nave-
giões do corpo como a munheca ou o cotovelo de- gação até os que podem prejudicar a integridade
vido ao uso excessivo) aos ataques epiléticos. psicológica ou física deles. Também citam perigos
Wartella e outros (2000) se referem também de como as descargas ilegais, a dependência ou a frau-
maneira concreta ao videogame, e apresenta os de on-line. Quanto ao celular, os perigos vislumbra-
principais efeitos debatidos na pesquisa, que são dos estão relacionados com a recepção de mensa-
os ataques epiléticos, a dependência (e suas con- gens ou ligações desagradáveis, as radiações que
seqüências como mudanças de humor, recaídas, podem afetar à saúde, o roubo ou a própria navega-
abandono, etc.) ou o sedentarismo. Apesar de ção na internet através deste aparelho.
apresentarem alguns trabalhos, os autores con- O Eurobarómetro 2007 estuda também as rea-
cluem que não existe um corpo investigador sufi- ções dos jovens com relação à apresentação de
ciente para estabelecer conclusões. E nesta mes- seis categorias de problemas, o grau de informa-
ma linha estão as pesquisas de Strasburger e ção referente aos mesmos, e formas de alerta. Es-
Wilson (2002), que, além disso, acham necessário tes problemas estão relacionados com:
distinguir o «jogador de alto risco», de maneira
que a responsabilidade dos possíveis efeitos do vi- • A veracidade da informação que encontram na
deogame não sejam exclusivamente da mídia. rede.
Trata-se de uma realidade poliédrica, pois esse al- • A possibilidade de encontrar conteúdo chocante.
to risco pode ter origem em diversos fatores: as • A possibilidade de estabelecer contatos perigosos.
características pessoais do jogador, a quantidade • O acosso.
de tempo utilizado, seu meio familiar (favorável • O engano relacionado com produtos e serviços.
ou não a que jogue), entre outras. • As descargas ilegais.
Além do EUKidson line, destacamos no início
deste capítulo dois projetos que enfocam espe- O estudo conclui que o público juvenil reco-
cialmente os riscos que as TIC apresentam para a nhece haver mais perigos, sendo além disso
juventude: SAFT e Eurobarómetro. mais graves, na internet do que no telefone celu-
215
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 216
lar. No nosso modo de ver, é especialmente inte- Em realidade, o potencial educacional das mí-
ressante que este estudo revele uma homoge- dias provavelmente seja uma das suas vantagens
neidade apreciável entre todos os países estuda- mais evidentes.
dos no que se refere à percepção dos riscos pelos Com a chegada das TIC, esse potencial cresceu
jovens. enormemente e são muitos os trabalhos que se
Enfim, fica patente que o surgimento das dis- concentram no uso destas ferramentas como ma-
tintas mídias trouxe também um interesse em es- terial educacional, inclusive nas salas de aula (espe-
tudar os perigos que o público especialmente vul- cialmente no caso do computador e da internet).
nerável pode vir a se enfrentar, como é o caso dos O trabalho do Center for the Study of Children,
jovens menores de 18 anos. Porém, a pesquisa não Youth and Media se destaca neste campo e encon-
se deteve apenas nos efeitos negativos da mídia: tramos pesquisas em torno de distintos aspectos.
existem estudos que demonstram, em menor nú- Entre 1999 e 2001 levou-se a cabo o projeto Chan-
mero, as bondades e benefícios originados pelo ging sites of education, que se concentrou nas ca-
uso destas tecnologias. sas como novos ambientes de aprendizagem. O
Assim, pode parecer que a pesquisa sobre os jo- estudo parte da crescente importância que este
vens e a mídia seja um tanto crítica e pessimista, lugar estava adquirindo na educação das crianças
pois muitas vezes se concentra apenas nos peri- e se concentra no conteúdo dos diferentes produ-
gos e não das vantagens. Devemos entender que tos educacionais disponíveis, não apenas infor-
isto se deve à atitude protecionista que este pú- máticos, mas também em papel, como livros ou
blico requer, por ser mais indefeso. Mas isto não revistas. Um ano depois, em 2002, começou a ela-
significa que se ignore o enorme potencial positi- boração de um novo projeto, Learning on line, que
vo da mídia, especialmente das novas tecnologias, visava mais especificamente a aprendizagem
se forem bem utilizadas. através das novas tecnologias e especialmente da
Na realidade, se forem utilizadas de forma pru- internet. Este estudo aborda não só os conteúdos
dente e mensurada, os videogames, a televisão, a destes produtos educacionais (páginas web), mas
internet ou o telefone celular são atividades nor- também as características da indústria que cresce
mais, saudáveis e inclusive positivas. (Castells y De em torno destes produtos e a utilização dada aos
Bofarull, 2002: 33). mesmos em casa e pelo entorno familiar. Além
Se nos concentrarmos, por exemplo, no telefone disso, também existem pesquisas sobre o poder
celular, ficam evidentes muitas das suas vanta- educacional de outras novas tecnologias, como
gens: permite evitar situações de risco, atuar em por exemplo o videogame.
casos de emergência ou que os pais tenham um Entre 2004 e 2007, através do projeto Digital tech-
maior controle sobre os filhos. No caso da televi- nology, learning and «game formats», estudou-se a
são, trata-se de um importante meio destinado a motivação e frustração do jovem usuário de video-
socializar. games, com o objetivo de aproveitar esta informa-
É uma janela para o mundo que pode servir pa- ção para o campo dos videogames educacionais.
ra educar e levar cultura, além de divertir. E o mes- Trata-se muitas vezes de formatos híbridos, em que
mo acontece com a internet. Alguns de seus bene- há uma mistura de educação e diversão.
fícios são evidentes à primeira vista: facilita o Na realidade, são diversas as pesquisas que
acesso a uma enorme quantidade de informação, abordam as vantagens potenciais do videogame.
ajuda que as pessoas se relacionem com outras A visão de García e outros (2004) pode ser
que estão longe de uma forma rápida e é uma ja- qualificada de otimista, porém as entidades pú-
nela aberta à cultura, entre outros diversos bene- blicas têm um papel decisivo no desenvolvimen-
fícios. to deste setor.
216
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 217
Mas este potencial educacional não está restri- mais sociabilidade pode existir pelo fato de consi-
to apenas ao computador, à internet ou ao video- derar seus colegas como fonte de apoio e infor-
game. Katz (2006: 90-91) volta a sua atenção ex- mação.
clusivamente no estudo do telefone celular e seu Do mesmo modo, alguns estudos europeus já
impacto nos diferentes níveis da sociedade. citados, como o EUKidson line ou o Mediappro
Um destes níveis é o educacional. abordam as TIC como instrumentos de sociabili-
Assegura que os serviços WAP dos celulares que zação, referido-se fundamentalmente às mídias
possuem internet permitem ter acesso em tempo específicas: a internet e o telefone celular. Ao es-
real à informação de diversos meios educacionais. tudar a utilização da rede pelos jovens, é muito
Estes aparelhos também servem para que profes- freqüente a alusão a programas como o Messen-
sores e alunos se mantenham conectados e é útil ger ou as salas de bate-papo, que permitem o con-
em questões de organização (horários, reuniões, tato com outras pessoas, em muitos casos, ami-
grupos de trabalho, etc.). gos já conhecidos pelos usuários. Observamos,
Além do efeito educacional, diversos autores portanto, que entre os diversos usos atribuídos ao
ressaltaram outras possibilidades das novas tec- computador/internet, um dos que se destaca en-
nologias. Por exemplo, alguns se dedicaram à ca- tre os jovens está relacionado com o estabeleci-
pacidade do videogame para desenvolver a inteli- mento de relações sociais. No caso do telefone ce-
gência, especialmente no que se refere à memória lular, esta finalidade fica registrada de uma forma
espacial. No caso de Valkenburg (2004), que além muito mais evidente e que, segundo estas pesqui-
disso cita outras possíveis vantagens como me- sas, os jovens o utilizam fundamentalmente para
lhorias na coordenação olho-mão, na capacidade comunicar-se com seus amigos (principalmente
de atenção visual ou na criatividade. através de mensagens de texto). Esta linha é a que
Entretanto, de acordo com suas explicações, os segue Ling (2007), que assegura que o celular é
resultados ainda não são concludentes. Wartella um instrumento fundamental para os jovens de
(1996) fala de vantagens do videogame similares hoje, porque serve para estar em contato contí-
a estas e acrescenta também uma série de bene- nuo e sentir-se coesos. Além disso, facilita de certa
fícios sociais, como o fato de jogar com outras forma a emancipação com relação aos pais (pp.
pessoas. 61-62).
Este interesse pelos efeitos nas relações sociais Guardam também certa semelhança com o
é muito comum no meio científico. Alguns auto- Messenger ou as salas de bate-papo, as denomi-
res como Shulman (1996) ou Orleans e Laney nadas comunidades sociais, mais evoluídas e que
(2000) abordaram a questão de se o uso do com- servem para se comunicar com outras pessoas,
putador provoca o isolamento da criança ou, pelo embora de forma diferente. De acordo com o estu-
contrário, pode chegar a facilitar ou fomentar as do de Livingstone e outros (2007), trata-se da
relações sociais. Estes últimos refletem o debate quinta questão mais estudada dentro do total de
existente sobre esta questão, onde estão os que estudos analisados. Mais especificamente, os paí-
defendem o computador como instrumento para ses que mais exploraram esta questão são a Sué-
a socialização e os que são seus detratores, ao ale- cia, a Noruega e a Dinamarca.
gar que o único que este instrumento faz é afas- Para terminar, a identidade é outro assunto fre-
tar o usuário do ambiente que o rodeia. É bem ex- qüentemente abordado e que reflete o interesse
pressivo que, ao estudar a influência que os pais pelos aspectos sociais do uso das TIC. Este concei-
exercem no consumo das TIC de seus filhos e, por- to pode ser estudado sob distintas perspectivas:
tanto, sobre sua sociabilidade, os autores expo- interessa a influência das TIC na configuração da
nham a teoria de que, quanto menor o controle, identidade do jovem usuário, além da oportunida-
217
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 218
de que a internet oferece de criar identidades fic- 9). Do mesmo modo, a autora chega à acertada
tícias para navegar por determinados conteúdos. conclusão de que no debate sobre a mídia e seus
O mesmo ocorre com os videogames, sejam eles efeitos, é necessário adotar uma postura interme-
em rede ou não. Esta questão foi abordada por vá- diária.
rios países, mas entre eles existe uma predomi- Enfim, não se pode afirmar categoricamente
nância pelos nórdicos (Dinamarca, Noruega e que sejam positivos ou negativos, ou que influem
Suécia) se observarmos os dados do estudo de Li- muito ou pouco. O importante é avaliar bem o
vingstone e outros (2007). contexto e as circunstâncias em que se consome
Por outro lado, também há pesquisadores que tal mídia (p. 12).
se concentram nas possíveis aplicações do vi- Concluindo, vemos que no debate sobre os efei-
deogame para a saúde. Strasburger y Wilson tos da mídia existem inúmeras posturas enfrenta-
(2002:140-141) citam usos do videogame ou da das. É complicado mostrar-se favorável a qualquer
realidade virtual relacionados com a saúde, a edu- uma delas, pelo menos de um modo absoluto. Al-
cação de hábitos saudáveis, entre outros. Nesta gumas vezes pode parecer que se dá mais impor-
mesma linha trabalha a Markle Foundation, insti- tância aos aspectos negativos do que os positivos,
tuição que analisa de forma específica as possí- o que não implica necessariamente uma visão
veis aplicações das novas tecnologias em duas pessimista da mídia e das novas tecnologias. Na
áreas: a saúde e a segurança nacional. A indústria maior parte das vezes parte-se do princípio de que
também está fazendo um esforço para explorar o estas mídias são boas, dando mais ênfase aos as-
aspecto «saudável» dos videogames, tentando pectos negativos com uma intenção protetora. Es-
mudar a idéia de que só fomenta o sedentarismo se interesse pela proteção está muito presente na
ou a inatividade. Um exemplo é o recente lança- pesquisa, tal como veremos no próximo ponto.
mento da console Wii Fit, uma plataforma com
sensores que simulam a prática de diferentes es- 3.1.3. Proteção
portes, como esqui, exercício aeróbico ou footing.
Resumindo, na pesquisa sobre a relação dos jo- Como citamos anteriormente, o surgimento de di-
vens com a mídia existe um vasto debate sobre os ferentes mídias trouxe consigo um interesse em
efeitos, tanto positivo quando negativos, decor- conhecer os efeitos do seu uso na audiência, espe-
rentes do uso destas tecnologias. Freqüentemen- cialmente a que pode ser mais vulnerável, como é
te este debate está baseado mais em suposições o caso da infantil e juvenil. Este interesse está su-
do que em fatos reais. bordinado a uma clara intenção de proteger o me-
Portanto, é necessária uma pesquisa mais pro- nor dos possíveis perigos relacionado com o uso
funda sobre os efeitos que ainda não estiverem da mídia.
demonstrados. São diversos os agentes que têm a responsabili-
Mas existem também evidências sobre algu- dade de proteger o jovem da mídia. Os mais impli-
mas vantagens e inconvenientes sobre o uso des- cados na tutela, educação e desenvolvimento dos
tas mídias. Ainda assim, devemos considerar ou- jovens são a família e a escola, além das autorida-
tros fatores que também podem influir negativa des públicas. A própria mídia e outros agentes so-
ou positivamente em nosso público. Segundo afir- ciais, como empresas, instituições, etc., não po-
ma Livingstone (2007), não se pode pensar na mí- dem eludir de sua responsabilidade. Todos eles
dia como a única culpada: devemos considerar devem colaborar de maneira estreita entre eles
outros fatores que, de maneira direta ou indireta, para que os jovens façam um uso responsável e
através da interação de uns com os outros, aju- positivo da vasta gama de mídia que está ao seu
dam a explicar um fenômeno social particular (p. alcance. Enfim, este é um assunto de interesse ge-
218
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 219
ral. Como ressalta Carlsson (2006: 12), a inferiori- quanto é complicado exercer algum tipo de con-
dade de condições de crianças e jovens diante da trole se os pais não estão tão preparados quanto
mídia exige a implicação de todos para essa pro- os filhos. Por isso é importante que os adultos co-
teção. Ao longo desta epígrafe, analisaremos três nheçam bem a natureza da mídia, especialmente
pilares fundamentais para atingir esta finalidade, o das novas tecnologias.
como a regulamentação, a mediação familiar e o Por isso vem surgindo a idéia de que é necessá-
conhecimento da mídia. rio educar-se no uso dessas mídias como medida
A regulamentação está ligada às leis e normas de proteção. No âmbito anglo-saxão costuma-se
estabelecidas pelas autoridades públicas, bem co- falar de media literacy, termo que poderia ser en-
mo por outros fatores, de forma externa e interna. tendido como «cultura da mídia» ou «competên-
É uma questão complexa, pois a legislação possui cia em mídia». Esta competência é para muitos
distintos níveis: local, nacional e supranacional. um fator de vital importância, que deve ser levada
Esta legislação está mais desenvolvida no caso de a um maior número possível de pessoas: aos jo-
mídias mais antigas, como por exemplo a televi- vens, mas também aos seus pais e educadores.
são. No entanto, no caso das novas tecnologias, é
comum a existência de «vazios legais». Atualmen- 3.1.3.1. Regulamentação
te estão sendo desenvolvidos estudos internacio- Em primeiro lugar, é necessário fazer um esclareci-
nais, com o fim de desenvolver políticas de prote- mento acerca do conceito de regulamentação. Este
ção no futuro. Um exemplo é o projeto EUKidson termo refere-se à legislação existente sobre a mí-
line, citado anteriormente, dirigido especialmente dia, mas também ao conjunto de normas estabele-
à internet e às TIC. Por causa da complexidade da cidas por outras instituições não governamentais e
legislação e da rápida evolução destas tecnolo- de possíveis medidas de controle e autocontrole.
gias, existe um debate em torno de quem deve Convém esclarecer que a regulamentação é,
exercer o papel regulador. atualmente, um tema muito abordado.
É comum que, além da regulamentação, se fale Muitas pesquisas que estão sendo desenvolvi-
também da auto-regulamentação e da co-regula- das a respeito da relação dos jovens com a mídia
mentação. têm como objetivo a busca de medidas regulado-
Um segundo fator considerado de grande rele- res no futuro. Os programas Safer Internet Plus, o
vância para a proteção do menor é a família. Eurobarómetro ou o Mediappro, já citados, são
Fala-se de mediação familiar como um exercício bons exemplos desse objetivo.
necessário e fundamental para que a criança faça Outra iniciativa enquadrada no mesmo progra-
um bom uso da mídia. ma da Comissão Européia é o The Youth Protection
Neste sentido, é vasta a bibliografia destinada a Roundtable (YPRT), que visa «uma aproximação só-
pais e educadores sobre as TIC, onde se explicam as cio-técnica» para a proteção da juventude. Entre
pautas a seguir. Por outro lado, muitas vezes apre- seus objetivos está a proposta de criar «pontes in-
ciamos diferenças significativas entre pais e filhos ternacionais» que facilitem a elaboração de políti-
com relação ao domínio das novas tecnologias. cas acerca desta matéria dentro da Europa. Partici-
As crianças nascem e crescem imersos em uma pam também desta iniciativa outros programas
imensidão tecnológica que muitas vezes supera o com objetivos similares tais como The SIP-Bench-
conhecimento de seus próprios pais. É evidente o mark-Project,6 INSAFE7 o ETSI.8
6. http://www.sip-bench.eu/sipbench.php?page=participate&lang=en
7. http://www.saferinternet.org/ww/en/pub/insafe/index.htm
8. http://www.etsi.org/WebSite/homepage.aspx
219
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 220
Portanto, estão sendo desenvolvidos um consi- às leis, além do contínuo desenvolvimento das
derável número de trabalhos dirigidos a criar polí- tecnologias, que tornaria esta regulamentação
ticas de regulamentação da mídia, especialmente obsoleta rapidamente.
no que se refere ao público infantil e juvenil. Não Outro conceito que surge é o de co-regula-
parece relevante concentrar-se de uma maneira mentação.
específica na legislação em vigor: esta variará em Este termo se refere a um sistema de combina a
função do âmbito geográfico, bem como do meio regulamentação governamental e a não-governa-
concreto ao que faça referência. Sendo assim, en- mental, de tal forma que uma se acople à outra de
contramos leis de nível local, nacional ou suprana- maneira eficaz. Acerca desta questão, a pesquisa
cional. Algumas mídias estão especificamente le- realizada pelo Hans-Bredow Institut e apresentada
gisladas, como o caso da televisão, com a diretiva por Schulz (2006) pode ser de grande interesse.
legal «Televisão sem Fronteiras». Já outras, por se- O estudo se refere à existência de medidas de
rem novas, podem estar ao abrigo de leis mais ge- co-regulamentação nos 25 estados-membros da
rais, como o caso dos videogames. União Européia e de outros países não europeus,
Com relação a esta mídia, existem sistemas de como a Austrália, Canadá, África do Sul e Malásia.
classificação de conteúdos de caráter voluntário, O objetivo é medir sua eficácia e efetividade, bus-
como o código PEGI. cando os impedimentos existentes para imple-
Neste sentido, vem-se debatendo nos últimos mentar estes sistemas dentro da legislação euro-
anos sobre a existência da necessidade de dar péia. Consideram um vasto leque de mídias:
mais peso à legislação ou se, pelo contrário, a re- imprensa, programação televisiva, serviços on-li-
gulamentação deveria estar nas mãos de outros ne, telefones celulares, cinema e jogos interativos.
agentes sociais. Com este trabalho chegaram-se a duas conclu-
Segundo explica Carlsson (2006: 13-14), há algu- sões. Por um lado, os sistemas de co-regulamenta-
mas décadas a proteção do menor com relação à ção implicam de forma generalizadas dois objeti-
mídia era discutida em termos de regulamenta- vos concretos: a proteção do menor e a proteção do
ção governamental e proibições. Hoje em dia, no consumidor diante da publicidade (p.102). A segun-
entanto, a situação mudou devido a uma série de da conclusão é que parece ficar demonstrado que
fatores. os sistemas de co-regulamentação são compatíveis
Em primeiro lugar, houve uma desregulamen- com a legislação européia. Além disso, alguns espe-
tação e dispersão da autoridade de forma vertical cialistas citam as vantagens destes sistemas, co-
(proliferam as instituições supranacionais) e hori- mo a possibilidade de uma maior responsabilida-
zontal (surgem diversos agentes não estatais). de por parte da indústria, um processo de tomada
Este fato, junto com a globalização em que es- de decisões mais rápido e uma maior sustentabili-
tamos imersos e o rápido desenvolvimento das dade (p. 117).
telecomunicações, transferiu a importância da O interesse pela co-regulamentação evidencia a
responsabilidade de proteger o menor contra a existência de múltiplos agentes, além das autorida-
mídia para os pais e outros adultos em detrimen- des públicas, que podem e devem implicar-se na re-
to da legislação. A fórmula ideal é a que combina gulamentação da mídia e na proteção do público
regulamentação, auto-regulamentação e co-re- infantil e juvenil, que é especialmente vulnerável.
gulamentação, tal como explica a autora. Ilustramos com o Quadro 3.1. apresentado em
A auto-regulamentação se refere ao próprio 2005 pelo citado Hans-Bredow Institute, que clas-
controle que a mídia deve exercer. Esta auto-regu- sifica estes agentes reguladores de acordo com as
lamentação cresceu durante a década de 1990, co- categorias de formais ou informais e externos ou
mo forma de evitar reportar-se constantemente internos.
220
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 221
Formal Informal
Externo Leyis Forças e relações de mercado
Externo Regras e normas Opinião pública e criticismo
Externo Opinião pública w criticismo
Interno Alta direção Profissionalismo
Interno Controle financeiro Cultura de organização
Interno Auto-regulamentação Normas éticas
Fonte: Hans-Bredow Institut. Bruxelas, Seminário 2005.
Enfim, parece evidente que a situação atual re- horário de uso (momento de ir dormir, de fazer os
quer a colaboração de diferentes agentes, e que a deveres, etc.), mas com relação a outras questões,
legislação é um elemento necessário, mas não su- como o conteúdo consumido pela crianças, pare-
ficiente, como medida de controle das mídias. cia haver uma preocupação muito menor (Him-
melweit y Oppenheim, 1958: 384). Uns anos mais
3.1.3.2. Mediação familiar tarde surgiu o trabalho de Schramm e outros
A família é o segundo agente que está diretamen- (1961:148), também relacionado com as crianças e
te implicado na proteção da criança com respeito a televisão.
à mídia. Nos capítulos anteriores a este trabalho, Estes autores fazem referência à responsabili-
citamos os pais como fator fundamental na socia- dade dos pais diante dos efeitos que a mídia pode
lização da criança, mais especificamente em sua provocar nos filhos, mais especificamente quando
faceta como consumidor. Da mesma forma, os se referem a conteúdos que lhes podem produzir
pais têm um papel decisivo na relação de seus fi- medo. Citam também o dever dos pais de contro-
lhos com a mídia. lar a quantidade de tempo na frente da televisão
O surgimento das novas tecnologias enrique- e sua repercussão na prática de outras atividades,
ceu o meio mediático em que as crianças cres- do papel dos mesmos como referência a seguir
cem. Este meio é, por sua vez, mais complexo, para a criança e de seu dever de reclamar e dar
fundamentalmente para as pessoas mais velhas mostras de preocupação (pp- 181-183).
que, ao contrário dos mais jovens, não cresceram Na pesquisa dos últimos anos aprecia-se um
dentro dele de forma natural e que muitas vezes enorme interesse por diferentes temas relacio-
carecem de conhecimentos e destrezas necessá- nados com a influência que os pais podem exer-
rios para utilizá-las. cer no consumo de mídias de seus filhos. Uma
Se retrocedermos a meados do século passado, primeira questão estudada faz referência às
podemos encontrar alguns estudos que mostram pautas de consumo de mídias da família em seu
interesse em conhecer o papel mediador dos pais conjunto.
com relação ao consumo de mídias dos filhos. Os trabalhos de Red.es (2005) ou de Pasquier
Um trabalho de Himmelweit e Oppenheim se (2001) seguem esta linha. Este último aborda as-
concentrava em estudar os efeitos da televisão na suntos tais como o equipamento dos domicílios e
criança. Considerava-se como um fator a ser leva- os motivos que levam os pais a adquirir determi-
do em consideração o exemplo e controle que os nadas tecnologias. Por exemplo, expõe-se a idéia
pais exerciam no consumo da mídia. Uma das de que a televisão é um meio muito popularizado,
conclusões que os autores chegaram foi de que enquanto o computador é um meio mais próprio
parecia haver um amplo controle com relação ao das famílias de classe média ou alta. Muitos pais,
221
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 222
segundo explica, compram o computador como Na mesma linha estão as conclusões de Aus-
ajuda para a educação de seus filhos, tornando-o tin e outros (1999), com referência concreta-
uma ferramenta necessária para seu rendimento mente à televisão: asseguram, respaldando-se
escolar. Resumindo, é interessante saber quais são na pesquisa existente, que parece que os pais
as mídias adquiridas pelos pais e por quê. impõem poucas regras, discutem pouco os con-
Também é interessante conhecer a forma de teúdos e exercem um escasso controle sobre a
consumo de mídia dentro da família. Será relevan- influência que seus filhos recebem através des-
te saber quais são as mídias utilizadas pelos pais e ta mídia. No entanto, destaca também que seria
pelos filhos, se existem diferenças entre ambos precipitado culpar os pais dos efeitos não dese-
quanto ao conhecimento e uso das mesmas, ou se jados que as mídias exercem em seus filhos (p.
inclusive as utilizam todos juntos ou separados. 176).
Analisou-se também a influência do modelo fa- Não existe uma conclusão definitiva sobre qual
miliar no consumo de mídias: por exemplo, no ca- deve ser o papel mediador que os pais devem
so de famílias monoparentais, como influem o pai exercer.
ou a mãe no equipamento tecnológico da casa ou O bom senso diz que para cada caso específico
na localização destas tecnologias. deverá haver diferentes medidas. São habitual-
No entanto, a questão que mais chamou a mente citadas (Austin e outros, 1999; Kundanis,
atenção dos pesquisadores está relacionada com 2003) as tarefas que implicam a mediação paren-
a denominada «mediação parental», ou seja, o pa- tal de Messaris: categorização, validação e suple-
pel de intermediação que os pais exercem na rela- mentação.
ção dos filhos com a mídia. Este interesse implica A primeira consiste em ajudar a interpretar os
conhecer a existência de normas ou restrições conteúdos expostos pela mídia, dizendo se estão
quanto ao uso destas mídias. Também se os pais ou não dentro da realidade; a segunda, em mos-
ajudam a interpretar de forma adequada os con- trar acordo ou desacordo com a mensagem, e a úl-
teúdos exposto, proporcionando seu critério aos tima, em complementar esse conteúdo com infor-
filhos e dialogando com eles. mação adicional, se for necessário.
Austin e outros (1999) concentraram-se de ma- Outras visões concentraram-se mais na impor-
neira especial na televisão e apóiam a teoria de tância de utilizar a mídia de forma compartilhada.
que o estilo de comunicação dos pais influi na Castells y De Bofarull (2002) citam as vanta-
compreensão e interpretação dos conteúdos pelos gens do «lazer compartilhado», que «serve para se
filhos. Mais além dos estilos de comunicação, ou- divertir, mas também para promover uma media-
tros estudos se concentraram na existência de re- ção parental - protagonizada pelos pais - que tem
gras impostas pelos pais, como o The Kaiser Family como objetivo educar» (p. 183).
Foundation. No estudo apresentado por Rideout e Para realizar esta atividade será necessário le-
outros em 2005 a questão foi abordada com certa var em consideração previamente uma série de
profundidade. De acordo com este estudo, pode- elementos: o momento e duração, o lugar, os
mos concluir que os pais exercem pouco controle participantes e o papel de cada um deles (pp.
sobre o uso que seus filhos fazem da mídia. 184-185).
De acordo com eles, devido ao amplo equipa- Pode ser de interesse a contribuição realizada
mento tecnológico das casas e das afirmações por Llopis (2004), que concentrou sua análise em
dos jovens quanto a imposição de normas, parece torno da televisão e a sociedade espanhola. O au-
que os pais não acham que seus filhos passam tor parte de um contexto, segundo explica, em
muito tempo com as mídias ou simplesmente são que a família é reconhecida como uma das princi-
indiferentes a esta questão (p. 39). pais instituições mediadores do consumo infantil
222
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 223
de televisão (p. 128). Por isso realiza um estudo vens e a mídia. É uma questão que interessa pais e
com o objetivo de estabelecer uma tipologia de educadores, mas também os órgãos públicos e a
estilos de mediação familiar do consumo televisi- própria industria. Todos reconhecem a necessida-
vo das crianças e adolescentes espanhóis. O resul- de de mostrar estas mídias e seus possíveis usos. E
tado são três categorias diferentes, que ele deno- essa educação não é necessária só para os jovens.
mina «conglomerados» (pp. 142-145): Os adultos de hoje (pais, professores, etc.) mui-
tas vezes são superados pelas crianças e jovens no
• Os pais controladores-restritivos, cujo exercício conhecimento e utilização destas tecnologias. No
se baseia pouco na orientação e na co-visão, uti- entanto, o relevante papel que têm na tutela, edu-
lizando com maior freqüência o controle. cação e proteção das crianças os obriga a conhe-
• Os pais permissivos formam um grupo de não cê-las bem.
exerce praticamente nenhum tipo de mediação Foram utilizados vários termos para falar sobre
do consumo televisivo, no que se refere à limita- esta questão: educação midiática, educação para
ção e controle nem à orientação e à co-visão. a comunicação, competência em mídia, etc. O ter-
• Os pais orientadores são aqueles que recorrem mo mais utilizado é media literacy: trata-se da ha-
muito pouco à limitação, mas sim ao controle, bilidade de uma pessoa para ter acesso, analisar,
como também à orientação e à co-visão. Este é o avaliar e gerar mídia impressa e eletrônica (Auf-
estilo mais comum de todos. derheide, 1992).
A educação em mídia é o objetivo de várias pes-
Tudo o que fizemos referência até agora evi- quisas. No contexto europeu, o projeto Educaunet
dencia o interesse que suscitou a mediação fa- é um exemplo. Seu objetivo primordial era imple-
miliar quando se fala de consumo juvenil de mí- mentar uma série de ações que levassem a uma
dias, especialmente no que se refere à proteção. maior consciência da importância de educar atra-
Do mesmo modo, as pesquisas parecem concluir vés das tecnologias de uma forma crítica. Este
que é necessária a mediação dos pais no uso que projeto, realizado entre 2002 e 2004, reconhece o
seus filhos fazem das diversas mídias. Para que valor das TIC na educação dos jovens e considera a
essa mediação seja eficaz, será fundamental que segurança em internet um «risco educacional».
os pais conheçam bem e inclusive utilizem estas Por isso é necessária a participação ativa dos jo-
mídias. Mas não devemos pensar na mediação vens para enfrentar estes riscos. A intenção do
como um exercício puramente restritivo. Ela de- projeto era infundir uma atitude crítica durante o
ve ser uma guia para ajudar os jovens a tirar o uso destas TIC. A conclusão geral do estudo con-
maior proveito das mídias e das novas tecnolo- siste em que as crianças desejam e necessitam
gias, de uma maneira responsável e ao mesmo explorar e brincar com esses riscos on-line, com-
tempo divertida. partilhando-o em conversas com seus amigos e
De acordo com as afirmações de Castells e colegas.
De Bofarull (2002), «a família, que assumiu um Outra equipe de pesquisadores que trabalha-
coerente e organizado projeto na educação ram nesta mesma linha é Mediappro. De fato, nes-
dos filhos, deve extrair os benefícios formati- te projeto participaram muitos dos pesquisadores
vos do uso das novas tecnologias e do lazer di- que estiveram anteriormente no Educaunet. Sen-
gital» (p. 178). do assim, o Mediappro se concentrou no aspecto
educacional da internet e das demais TIC, perse-
3.1.3.3. Conhecimento das mídias guindo como objetivo fundamental contribuir
O âmbito da educação é um assunto que ocupa com uma série de recomendações para educar os
um papel de destaque na literatura sobre os jo- jovens de 12 a 18 anos no uso seguro da internet e
223
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 224
das novas tecnologias da comunicação. O estudo, mocracia a maior parte das decisões são toma-
realizado entre 2005 e 2006, contou com a partici- das por causa da existência da mídia, e depen-
pação de universidade, órgãos públicos, funda- dem das concepções e impressões que estas
ções e associações de nove países diferentes, utili- geram. Por isso, a educação midiática deve le-
zando pesquisa existente até então acerca dessa var à redistribuição do poder político e social, e
matéria, além de uma pesquisa própria. Para al- a compreender todo o leque de mídias que
cançar o objetivo de criar uma série de recomen- existem ao nosso alcance. Para alcançar essa
dações, tiveram de estudar os hábitos de consu- democratização, a educação que se ministra
mo das TIC dos jovens, especialmente no que se aos jovens deve incluir a participação ativa dos
refere à segurança. mesmos na mídia.
Também contemplaram, entre outros assuntos, Esta participação e exercício da democracia
se existia educação no uso das TIC ou em que âm- através da mídia é de suma importância para os
bito era aplicado (escola, família,etc.) jovens mais desfavorecidos, tal como ressalta Rot-
Além disso, existem outros estudos internacio- her (2006). O autor entende a educação em mídia
nais sobre a educação no uso da mídia, como os como um sistema baseado na interação social e
que abordam Buckingham e Domaille (2003). no diálogo, numa prática ativa e democrática,
A pesquisa que eles apresentaram estava dirigi- dando oportunidade aos jovens de ter um critério
da a fazer uma revisão a nível internacional da sobre os assuntos locais e globais e, enfim, desen-
educação midiática que era realizada fundamen- volvendo cidadãos engajados, críticos e informa-
talmente na escola. dos (p.223). Vemos, portanto, que a visão que Rot-
O trabalho destes dois autores é interessante her tem da educação em mídia vai mais além do
porque tenta abranger o maior número possível simples uso e faz parte de um contexto cultural,
de países e também porque identifica proble- social e político global.
mas e necessidades que devem ser soluciona- Como salientamos no início, a educação em
dos no futuro. Uma das necessidades que deve- mídia também será necessária para pais e pro-
ríamos destacar é a de adotar uma perspectiva fessores, especialmente no campo das novas
global, de tal forma que os países de língua in- tecnologias. Neste sentido, devemos ressaltar
glesa não sejam os únicos protagonistas na que uma grande parte da literatura acerca dos
pesquisa. jovens e as mídias está orientada a estes públi-
Devemos também fazer alusão à importância cos, aos que se dão pautas e recomendações. A
de educar no uso de todos os tipos de mídia (e não modo de exemplo citamos: Kundanis, R., 2003;
apenas as TIC), e a necessidade de enlaçar de algu- Castells e De Bofarull, 2002; Singer e Sin-
ma maneira a educação formal da escola com ou- ger,2001; García e Bringué,2007).
tras formas de educação mais informais. Resumindo, o ambiente multimídia atual
No âmbito norte-americano, demonstrou-se apresenta várias possibilidades, mas para apro-
também um vasto interesse pela educação em veitá-las ao máximo é necessária a educação
mídia, que há anos vem adquirindo importância e dos diferentes públicos implicados: crianças, jo-
abrindo seu espaço nos programas docentes das vens, pais, educadores, os mais desfavorecidos,
escolas. (Hobbs, 1996: 104). etc. A mídia tem várias vantagens, mas a igno-
Diante do contexto descrito, alguns autores rância impedirá poder aproveitá-las. Podería-
ressaltaram que a educação em mídia também mos dizer que no caso da mídia, especialmente
é necessária para a participação democrática com a chegada das novas tecnologias, é plena-
dos jovens na sociedade. Segundo explicam mente de aplicação a máxima que diz: «Conhe-
Von Feilitzen e Carlsson (1999:24-26), numa de- cimento é poder».
224
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 225
Como conclusão final, podemos afirmar que cultural e educacional do país com respeito a este
existe uma pesquisa consolidada no tempo so- tema, através de uma monitoração das pesquisas
bre as crianças e jovens como usuários de tec- locais que descrevem as principais tendências de
nologia. O interesse por este público especial- consumo e as iniciativas surgidas nos âmbitos
mente vulnerável começou com o surgimento educacionais, sociais e de regulamentação. Nas
do rádio e da televisão. O mesmo está aconte- conclusões, traçamos o possível mapa de proble-
cendo, já no início do século XXI, com a propaga- mas e desafios educacionais que este cenário po-
ção da internet, dos computadores e dos video- de desencadear.
games.
Em qualquer caso, parece que o primeiro em 3.2.1. Brechas econômicas e regionais
ser estudado são as pautas de consumo da tec-
nologia pelo menor e por sua família. Em se- Na hora de analisar a educação, a socialização e o
gundo lugar, interessam de um modo especial consumo de mídias pela infância e juventude em
os efeitos que pode provocar o uso dessa tec- um país como a Argentina, são relevantes fatores
nologia sobre a criança ou o jovem. Embora o tais como a pobreza e o desemprego na família, e
que mais se estude sejam os possíveis conteú- a pobreza na infância e na adolescência.
dos nocivos – com ênfase especial na violência A Argentina está se recuperando lentamente de
e no sexo - as novas tecnologias e suas possibi- uma crise econômica e social sem precedentes
lidades de interagir apresentam riscos antes em sua história. Embora tenha estourado em
inexistentes, como os de contato, os de privaci- 2001, o processo de deterioração durou uma déca-
dade ou os comerciais. Todos estes riscos fo- da, na qual o desemprego superou os 30%, degra-
mentam também uma intenção protetora e de dando de modo significativo a situação social, es-
regulação entre os organismos públicos, as ins- pecialmente as condições de vida da maior parte
tituições públicas e privadas e os pesquisado- das famílias.
res. No entanto, o potencial positivo das tecno- Sendo a crise mais prolongada e intensa das últi-
logias não pode se negado, constituindo mas décadas, estima-se que 50% da população te-
também um importante tema de estudo. Sua nha vivido durante mais de 10 anos em condições
utilização positiva pode ser útil para diferentes de pobreza. Uma significativa parcela da população
áreas como a educação, a sociabilidade ou in- era pobre mesmo antes do início da crise e pode-
clusive a saúde. Não obstante, o bom aproveita- mos presumir que foram os que sofreram os piores
mento das novas tecnologias requer um bom efeitos devido às condições de maior vulnerabilida-
conhecimento e uso das mesmas. Portanto a de e exclusão social em que se encontravam.
educação no uso das mídias e das tecnologias A partir do segundo semestre de 2006, 8,5% da
parece ser uma questão fundamental, tanto população vivia com menos de dois dólares por
para as crianças e jovens, quanto para seus pais dia e 3,2% vivia com menos de 1 dólar diário, am-
e educadores. bos índices de uma pobreza extrema. (CEDLAS,
Universidade Nacional de La Plata). Se levarmos
3.2. Argentina9 em consideração a informação proporcionada pe-
lo Instituto Nacional de Estatística e Censos (IN-
O objetivo deste trabalho é apresentar a situação DEC), a população considerada pobre, com renda
infanto-juvenil com relação às mídias e às novas do núcleo familiar igual ou inferior a 2 dólares diá-
tecnologias na Argentina. Tenta situar o contexto rios por pessoa, chega a 27%.
9. Capítulo elaborado por Alejandro Artopoulos e Carolina Aguerre. Escola de Educação,Universidade de San Andrés,Argentina.
225
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 226
10. Nestes números elaborados para o Barômetro da Dívida Social da Infância em junho de 2007 pela Universidade Cató-
lica Argentina, estão incluídas crianças de 1 a 5 anos que não fazem parte deste estudo.
11. Lei de Educação Nacional Nº 26206, Artigo 27.
226
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 227
computação ou de uma segunda língua, embora güísticas, orais e escritas da língua espanhola e
o nível de desigualdade seja maior no caso do compreender e expressar-se em uma língua es-
acesso à computação. É fundamental considerar trangeira; b) Desenvolver as capacidades neces-
neste ponto que o conhecimento de uma língua sárias para a compreensão e utilização inteli-
estrangeira permite ter a opção de navegar em gente e crítica das novas linguagens produzidas
outros sites da internet, não apenas nos que es- no campo das Tecnologias da Informação e Co-
tão em castelhano. municação. 12
71,6% das crianças escolarizadas da zona urba- No nível médio de ensino, 11,2% dos adolescen-
na freqüentam estabelecimentos de ensino pú- tes urbanos não freqüentam estes estabeleci-
blicos, 16,1% os particulares laicos e 12,2% estabe- mentos de ensino. A falta de escolaridade na ado-
lecimentos de ensino paroquiais ou religiosos. lescência é maior na Grande Buenos Aires do que
8,2% dos jovens em idade escolar das grandes ci- nas zonas urbanas do interior, com maior preva-
dades freqüentam escolas em tempo integral. lência das mulheres, e em um menor nível socioe-
Ao contrário, o tempo integral na escola para fai- conômico da população.
xa etária de 6 a 12 anos é uma característica pró- A taxa de escolaridade na educação secundária
pria, tanto das crianças mais pobres quanto das costuma ser um forte índice de desenvolvimento
mais ricas, embora prevaleça a escolaridade em social. Segundo Barro e Lee (2000), no final da dé-
tempo integral para as classes médias-altas. Os cada de 1990 apenas 25% dos adultos argentinos
primeiros, por causa da necessidade de freqüen- possuíam educação secundária.
tar um estabelecimento de ensino que, além da Este número é baixo, tanto a nível regional
educação formal, também proporcione a ali- quanto mundial, e se situa abaixo de três dos
mentação necessária; no caso dos segundos, o principais países latino-americanos: Chile e
tempo integral dos estabelecimentos de ensino Uruguai, com mais de 30%, e México, com cerca
particulares não responde apenas a uma neces- de 29%. Apesar disso, a taxa de alfabetização de
sidade dos pais profissionais: a ampliação das adultos, ou seja, com 15 anos de idade ou mais
horas de aula representa para eles um sinônimo (97%), foi superior em sete pontos percentuais a
de excelência e exigência educativa. Os tempos média latino-americana em 2004. Por outro la-
de interação livre com o computador ou com a do, a alfabetização de jovens (15-24 anos) foi de
televisão são, em ambos os casos, mais restritos 99% (contra 97% da região), e 93% dos alunos
à medida que passam pelo menos 8 horas diá- continuaram os estudos de secundária em
rias na escola, onde, mesmo tendo aulas de com- 2002.
putação, o tempo e a forma de acesso são mais Quanto aos adolescentes, 45% da parcela mais
limitados. pobre da população têm aulas de computação na
escola, contra 79% da parcela mais rica.
Os adolescentes e a educação No que se refere ao ensino de língua estrangei-
A educação secundária, em todas as suas moda- ra, os percentuais aumentam consideravelmente,
lidades e orientações, tem a finalidade de habi- sendo superiores a 78% da população mais pobre
litar adolescentes e jovens para o exercício ple- e 98% da mais rica. 13 Ou seja, que a extensão do
no da cidadania, para o trabalho e para a ensino de línguas estrangeiras é uma característi-
continuidade dos estudos. São alguns dos seus ca com mais prevalência do que o de computação
objetivos: a) Desenvolver as competências lin- dentro da educação Argentina.
227
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 228
3.2.2. Consumos culturais, mídias e TIC Tanto é assim que apenas sete de cada dez
crianças não utilizam a internet. Nas cidades das
«(...) a vida organizada em torno do consumo deve províncias são oito de cada dez crianças. Tanto a
existir sem normas: está guiado pela sedução, pe- leitura quanto o uso da internet e de telefones ce-
lo surgimento de desejos cada vez maiores e volá- lulares são atividades e usos altamente segmen-
teis anseios, e não por regras normativas».14 tados em termos de estratificação social da popu-
«Há 185 dias não letivos em que as crianças e jo- lação. 10% das crianças mais pobres são duas
vens não estão nas salas de aula. E mesmo duran- vezes mais propensas a não ter hábito de leitura
te os períodos de aula, 19 horas por dia (pelo me- do que 10% das crianças mais ricas. Quanto ao gê-
nos durante 10 delas estão acordados) participam nero, é público a propensão das meninas para a
em outras atividades familiares, comunitárias, leitura e dos meninos para o uso da internet.
institucionais ou sociais. Não é necessário apre- Dentro deste contexto, o novo fenômeno de
sentar nem comparar mais números: a formação massa da comunicação celular atravessa, no caso
dos jovens não corresponde somente à escola. Exi- dos adolescentes e jovens, níveis socioeconômi-
ge também a ação consciente e responsável de cos, regiões e gêneros, como acontece com a tele-
outros espaços sociais».15 visão.
O impacto da mídia na socialização de crianças Enquanto a relação, no caso da internet, é de
e jovens já é uma consigna amplamente aceita e quatro vezes, no acesso aos telefones celulares
que possui longa data nos estudos sobre os efei- não se observa diferenças entre os setores mais ri-
tos da comunicação. cos e pobres. Todos, por igual, possuem acesso a
Mais recentemente, nas últimas duas décadas, aparelhos celulares e ao serviço de telefonia, em-
houve uma aproximação aos efeitos da mídia no bora supõe-se que exista uso restringido a men-
lugar de consumo. Ángela McRobbie, Néstor Gar- sagens de texto e com pouquíssimos minutos de
cía Canclini, Aníbal Ford, Jesús Martín Barbero e comunicação oral (Barômetro da Dívida Social da
Zygmunt Bauman são alguns dos expoentes que Infância, junho 2007). Neste sentido, a Argentina
estudam o lugar preponderante do consumo de está se igualando ao Chile em número de pene-
mídias hoje em dia. tração da comunicação celular entre os jovens. O
As mídias já não são apenas espaços de sociali- potencial que o celular demonstra para penetrar
zação, como a família ou a escola, senão que, além em todas as classes sociais merece ser tratado
disso, estão atravessados pela lógica do consumo neste trabalho de forma especial, dada sua capa-
e, portanto, tendem a assumir seus receptores co- cidade como tecnologia imediata de comunica-
mo tais. ção íntima, um dos atributos mais procurados pe-
Os consumos culturais de crianças de jovens los consumidores jovens de mídias.
tendem a estar tingidos por uma regulamentação Para investigar o lugar das mídias na vida de
anímica, que podem ser extremas nos grupos crianças e jovens, cabe perguntar-se pelas dinâmi-
mais vulneráveis. Embora o consumo de televisão cas familiares que permitem ter acesso às diver-
seja uniforme em todos os grupos, apenas 5 de ca- sas mídias. Um dos elementos mais relevantes é
da 10 crianças entre 6 e 12 anos cultivam o hábito como esse contato acontece e, para isso, a figura
da leitura. Esta carência é mais notória na Grande dos pais é fundamental. Os estudos realizados
Buenos Aires do que nas cidade do interior, como nas casas Argentina apontam que a mãe é prova-
Córdoba ou Rosário. velmente quem tem maior capacidade para saber
228
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 229
o que seus filhos assistem na televisão, ou por 75% nos de notícias, e de que 7 de cada 10 progra-
quais sites navegam, além da quantidade de ho- mas de ficção contêm violência.
ras que passam exercendo esta atividade. Na apli- Afirma que se mostra uma cena de violência ca-
cação de regras cotidianas da interação com a mí- da 15 minutos, a qualquer hora, sem levar em con-
dia, a mãe acaba sendo um sujeito central, com sideração o horário de proteção ao menor.
conseqüências importantes na hora de desenvol-
ver políticas públicas específicas para crianças e 3.2.2.1. Difusão das TIC: Internet e celulares na
adolescentes. Inclusive os adolescentes entre 13 e mira dos adolescentes
17 anos dizem que passam a maior parte do tem- O computador é um elemento central na vida das
po com sua mãe (77%) e em menor medida com o crianças das classes médias altas, e em torno dele
pai (26%). (BDSI, 2007). surgem diversas situações cotidianas (os momen-
36% das crianças e adolescentes têm uma tos de uso permitido, disputas entre irmãos, etc.).
mãe ou tutora feminina com nível de estudos Nas casas dos mais pobres não existe computa-
primário incompleto, 28% até secundário in- dor, e nas das classes médio-baixas, se houver al-
completo, 19% secundário completo e 18% pos- gum, o acesso à internet de banda larga ainda não
suem mais de secundário completo (Barômetro é preponderante.
da Dívida Social da Infância, 2007, cfr.). Este fato Em 2007 havia 2.557.413 conexões de banda lar-
é especialmente relevando quando se tem em ga na Argentina, o que implica que 25% das casas
conta que as crianças entre 6 e 12 anos passam tinham acesso a este serviço (2,3 milhões de casas
a maior parte do tempo com a mãe, e em menor conectadas) (Clarín digital, 28 de março, 2008). De
medida com o pai ou outras pessoas da famí- todos os modos, o uso do computador e o acesso à
lia.(BDSI, 2007). internet nos cibercafés ou lan house é uma das
De acordo com diferentes pesquisas, os meni- formas mais novas de acesso para os mais pobres.
nos assistem a uma média de quatro horas diá- Abordaremos esta questão mais adiante.
rias de televisão; alguns passam três e outros Embora esta modalidade tenha baixa freqüên-
até seis horas por dia na frente da TV (Merlo Flo- cia, é uma opção para poder ter acesso a um com-
res, 2004, cfr.). Às vezes estão juntos com um putador além da escola.
adulto, mas em geral assistem sozinhos. O tem- 49% dos adolescentes não têm telefone celu-
po que passam na frente da TV diminui à medida lar próprio; 45,6% não usam a internet e 48,3%
que aumentam os recursos socioculturais das não têm hábito de ler (BDSI, 2007). Entre os que
famílias. dizem não ter celular próprio, 65% são oriundos
Outro aspecto que os estudos realizados reve- de 10% da população de nível socioeconômico
lam é que as crianças tendem a não assistir pro- mais baixo, e 37,5% dos 10% da população de ní-
gramas produzidos para elas. O motivo é simples: vel mais alto. Entre os que dizem não utilizar a
a programação específica é escassa. De acordo internet, 70,4% pertencem aos 10% da popula-
com o estudo do Comitê Federal de Radiodifusão ção de classe mais baixa e 4,8% da classe mais
(Comfer, 2007), em 2004 existiram 328 programas rica; e por último, entre os que não têm costume
diferentes nos canais abertos. Desse total, menos de ler, 59,1% pertencem aos 10% da população
de 10% era destinado a crianças e jovens e apenas mais pobre e 47,2% da população mais rica
5% era de produção nacional. (BDSI, 2007).
Com relação ao que assistem quando ligam a Em junho de 2007, 51% dos adolescentes ti-
televisão, este estudo revelou que o índice de vio- nham um aparelho celular próprio e 55% tinham
lência nos canais abertos de televisão é de 68% acesso à internet (BDSI, 2007, 222).Tanto no uso de
nos programas da categoria entretenimento, de celulares quanto no de internet não existem dife-
229
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 230
renças entre jovens de Buenos Aires e região me- três livros por ano, (não estão incluídos os livros de
tropolitana com os das grandes cidades do inte- texto).
rior do país. As diferenças são notórias por renda. Entretanto,nas regiões mais afastadas do país,co-
Na classe socioeconômica média-alta,88% dos jo- mo por exemplo nas comunidades indígenas que
vens têm acesso à internet, enquanto na classe bai- habitam o norte rural, as condições são muito mais
xa o acesso é de 49%, e na classe muito baixa, de parecidas com a de jovens dos países em desenvol-
34%. Este fato mostra a importante brecha existen- vimento, onde a utilização destas Tecnologias da In-
te, e denota, ao mesmo tempo, uma relativamente formação e Comunicação – exceto o rádio – é muito
alta utilização da internet entre os jovens argenti- baixa. Neste contexto, apenas 15% usa o computa-
nos, colocando-os em oitavo lugar em todo o conti- dor. O mesmo percentual dos que lêem jornais e re-
nente americano no Índice de Oportunidade Digital vistas ou escutam rádio uma ou duas vezes por se-
2006. mana. A pesquisadora Elena Duro (Duro, 2007, cfr.)
Estes números ilustram claramente como o aces- salienta que quase 60% das crianças e jovens destas
so às novas tecnologias tende a ser muito mais desi- comunidades nunca usaram um computador. Pelo
gual que o acesso à leitura como tecnologia tradi- contrário, 70% revelam assistir à televisão todos os
cional. A brecha se acentua muito mais no uso da dias,o que mostra a alta utilização desta mídia entre
internet do que no uso do telefone celular (há uma as comunidades mais pobres e afastadas, junto com
diferença de quase vinte vezes contra 2 a 1 do telefo- o rádio (60% ouvem rádio diariamente).
ne celular),o que mostra como uma tecnologia mais Morduchowicz (2008, cfr.) salienta em sua pes-
econômica como o celular pode penetrar nas cama- quisa que o computador não é inimigo da leitura,
das mais pobres da sociedade. Vale destacar que as pois os adolescentes que mais lêem são também os
diferenças no acesso e uso da internet, telefones ce- que fazem um uso mais diversificado do computa-
lulares e leitura é bastante igualado entre ambos os dor.Esta pesquisa também tenta mostrar que as no-
sexos. vas mídias não substituem as tradicionais, como a
Existe uma ligeira distância entre os homens, que televisão, o rádio, os jornais e revistas, mas se com-
utilizam mais a internet (56,9% contra 51,8%), en- plementam e se sobrepõem. Por exemplo, utiliza-se
quanto no que se refere à leitura, prevalecem as mu- o suporte eletrônico para acompanhar uma notícia
lheres: 56,8% lê com freqüência, contra 46,6% dos que saiu em uma revista ou para procurar informa-
homens (BDSI, 2007 cfr.). ção sobre um recital de música que escutaram no
Os adolescentes não mencionam o computador rádio, e assim as diversas mídias se complementam.
como material de estudo,mas utilizam xerox (quase Apesar da tendência à convergência digital,podería-
50%), manuais (17,8%), livros de atividades (20,3%) e mos caracterizar este consumo mais como comple-
outros livros, de acordo com o Barômetro da Dívida mentar do que como rival.
Social da Infância,o que chama a atenção se compa- Porém o fato de «o computador não ser inimigo
rado com o estudo de Roxana Morduchowicz (2008, da leitura» é apenas um fenômeno limitado. O com-
cfr.) - diretora do programa de Escola e Mídias do Mi- portamento descrito se comprova apenas – segun-
nistério da Educação – que destaca a internet como do o mesmo estudo – nos setores de maiores recur-
um instrumento central. Em algumas casas já se vis- sos, onde se registram percentuais similares (entre
lumbra uma concorrência entre os livros e as TIC. Se 70% e 60%) nos consumos levianos do computador
levarmos em consideração que em quatro de cada (salas de bate-papos e jogos), comparado com con-
dez casas existem seis livros no máximo, podemos sumos «sérios» (fazer os deveres, procurar informa-
dizer que quase existe mais telas do que livros nes- ção).
sas casas (contando também os telefones celula- Pelo contrário, nos setores com menos recursos,
res).Os jovens tendem a ler pouco:65% só lê de um a enquanto os consumos levianos do computador
230
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 231
(salas de bate-papos e jogos) equivalem a 85% e 75% lar adquire diante das formas fixas de estar conecta-
respectivamente, os consumos «sérios» (fazer os de- do, como o computador ou o telefone fixo.
veres, procurar informação) só chegam a 30% e 35%, No mundo todo o fenômeno da conectividade à
respectivamente (Morduchowicz, 2008: p47, cfr.). internet nas casas tende a aumentar quando exis-
Os jovens utilizam de forma simultânea a mídia, tem adolescentes. Letícia Luque, pesquisadora da
sem anulá-las, coisa que deixa os adultos perplexos. Universidade Nacional de Córdoba, argumenta que
Por causa destes padrões de consumo, cada adoles- isto ocorre por um fenômeno de mais demanda ex-
cente passa uma média aproximada de seis horas plícita de novas tecnologia pelos jovens, que indi-
por dia com as mídias e, no caso de jovens com mais cam a conseguir espaços difusos de sociabilidade
recursos, pode chegar a sete horas e meia. Apenas on-line com seus grupos de pertinência, e por outro
20% dos entrevistados no estudo de Morduchowicz pela expectativa educativa dos pais com relação à
revelam que utilizam as mídias uma de cada vez. O internet. A nível de acesso, embora as diferenças en-
habitual é combinar o bate-papo – onde mantém tre as classes mais ricas e mais pobres estejam na
conversas simultaneamente com várias pessoas – posse do computador, as pesquisas apontam à utili-
com a música, ao mesmo tempo que respondem zação dada à internet: nas lan houses só se usam as
mensagens de texto com o celular e procuram infor- salas de bate-papo e os jogos. Os setores médios e
mação na internet. altos, que têm conexão em casa, usam a internet
Com respeito ao telefone celular, 55% dos partici- também para procurar informação e fazer os deve-
pantes entre 15 e 17 anos disseram que possuem um res de casa, como citamos anteriormente.
aparelho e 90% responderam que o usavam para se O trabalho de Morduchowicz revela uma tendên-
comunicar com amigos através de mensagens de cia entre jovens argentinos que não escapa à corren-
texto (torpedos). Os adolescentes usam o celular te mundial, mas que difere dela nas formas de aces-
fundamentalmente para enviar mensagens de tex- so às novas mídias.
to, em segundo lugar para fazer ligações e, em ter- O equipamento e a conectividade são mais fre-
ceiro,para tirar fotos e ouvir música. O uso das novas qüentes em países industrializados, mas neste país,
tecnologias não é apenas tema de conversa e en- inclusive em setores com menos recursos, a desi-
contro entre seus semelhantes. A internet constitui gualdade passa pela posse do equipamento em ca-
para eles um meio privilegiado para construir uma sa e não pela sua utilização, que se concretiza em lu-
esfera de autonomia com respeito à família, em be- gares públicos como lan houses e cibercafés. Entre
nefício da sociabilidade com os amigos. Particular- 30 e 40% dos jovens da Argentina têm computador
mente, a combinação sala de bate-papo e SMS for- em casa, mas o uso freqüente é muito maior: 80%
mam o pilar da forma íntima de desenvolvimento na pesquisa de Morduchowicz e 55% na pesquisa
das culturas juvenis móveis (Castells:2007, cfr.). realizada pelo Barômetro da Dívida Social da Infân-
Quanto às salas de bate-papo, trata-se de um es- cia (BDSI, cfr.). Este fato, enfim, mostra como a di-
paço propício para segredos e confidências difíceis mensão dessa questão está mais vinculada à posse
de dizer cara a cara. Mesmo quando o uso é indivi- do equipamento do que no acesso em si. Mais
dual, a função é basicamente social: interagir com adiante voltaremos a falar sobre o fenômeno parti-
outros. cular da Argentina no que se refere ao acesso à in-
No trabalho de Morduchowicz, 65% dos partici- ternet através dos cibercafés.
pantes continuam considerando que sair com os Das pesquisas mais recentes sobre mídias (Merlo
amigos é a opção mais divertida. A televisão, o rádio Flores: 2004, Morduchowicz, 2008, cfr.) também se
ou a leitura são alternativas menos votadas ou pre- depreende que elas foram «privatizadas» nas casas.
feridas só para os dias mais tranqüilos ou monóto- Nas famílias com mais recursos é comum que os jo-
nos. Por isso a importância que a comunicação celu- vens tenham sua televisão e seu computador locali-
231
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 232
zados em seus quartos. Isso permite que façam um diante de um computador em companhia de ou-
uso privado, que escapa ao controle dos pais ou tu- tra pessoa.
tores, alcançando espaços difusos em que os pais É um uso solitário, embora ocorra com uma fun-
não têm acesso. Este é um problema central quando ção de socialização e comunicação.
as políticas do Estado delegam boa parte da regula- Os pais têm uma percepção positiva da internet
mentação de conteúdos aos pais, como salienta So- se comparada com a televisão, considerada me-
nia Livingstone (Livingstone:2006, cfr.). nos educativa. E por essa razão, entre outras, estão
O surgimento da televisão marcou novas relações mais ausentes e conhecem menos os sites pelos
nas famílias. Isto não é novo: a negociação pela quais os filhos navegam, e os usos que estes dão
quantidade de horas e o conteúdo que os adoles- ao computador. Mais homens do que mulheres
centes podem ver gera negociações e conflitos entre têm computador no próprio quarto – 17% contra
pais e filhos. Enquanto controlar a televisão é um si- 10% - nas casas com maior renda. E 40% possuem
nal de ser bom pai para um adulto,para o menor,de- um aparelho de TV, nas casas com menos renda.
safiar esse controle é um sinal de autonomia. Mas a Quando estão em casa, os adolescentes passam
chegada da internet alterou a dinâmica familiar: os mais da metade do tempo do quarto (Morducho-
pais, pela primeira vez, têm menos conhecimento wicz:2008,cfr.).
quanto à manipulação e ao instrumental que seus O uso mais difundido da internet é para salas
filhos. De acordo com esta pesquisa realizada com de bate-papo, que embora seja individual, sua
adolescentes e suas famílias, apenas 15% dos pais função é coletiva.
sabem mais do que os filhos. Houve uma inversão Na pesquisa de Morduchowicz, entre os jovens
dos papéis. Agora são os pais que consultam os fi- que têm internet em casa, 55% vão às lan houses
lhos (Morduchowicz: 2008, cfr.). para bater papo ou jogar em rede com outros ami-
O uso solitário do computador ou da televisão sig- gos. Quando são perguntados o que é para eles
nifica mais horas de uso e mais espaço para a explo- um dia divertido, continuam escolhendo sair com
ração dos conteúdos, com a impossibilidade para os os amigos, o que indica uma sociabilidade tradi-
adolescentes de colocar em palavras o que lhes po- cional. É, além disso, a primeira geração que pos-
de preocupar do que estão vendo. Por isso as campa- sui diferentes tecnologias e suportes para se co-
nhas pelo uso responsável das TIC promovem a utili- municar com os amigos, seja para conversar ou
zação destas mídias nas salas de estar de casa, com enviar mensagens de texto, como o telefone fixo,
o fim evitar a possibilidade de ocultações. o celular e o chat.
16. Autora de um clássico: Life on the Screen: Identity in the Age of the Internet (1995), uma das primeiras obras sobre o efei-
to da Internet nos jovens.
232
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 233
Os resultados obtidos contrastam com as pes- os adolescentes mais agressivos. «A hipótese era
quisas de Sherry Turkle,16 considerada uma das que depois de jogar os jovens se mostrariam mais
máximas referências neste tema. Segundo Turkle, agressivos entre eles, mas as observações que rea-
os videogames em rede mantêm os adolescentes lizamos não mostraram que isso aconteça. Gritam
em estado de fantasia, proporcionando sentimen- ou xingam uns com os outros quando estão jo-
tos de onipotência. Mas nos grupos estudados gando, mas quando terminam não vimos que bri-
por Luque, não foram encontradas patologias nos guem (Luque: 2004, cfr.).
comportamentos destes adolescentes. Numa pesquisa realizada por Tatiana Merlo
Subentende-se que os adolescentes passaram Flores (Instituto de Pesquisas de Mídia e Comitê
de jogar ao ar livre, ou ao futebol a este outro tipo sobre a Infância e a Mídia da Unesco, 2004, cfr.)
de jogos. Para Luque a substituição por estas no- encontramos padrões similares aos revelados
vas tecnologias é lógica, pois os computadores por Luque, enquanto a maior parte dos jovens
sempre fizeram parte da realidade deles. Confor- entrevistados (66%) prefere não utilizar jogos
me os resultados das pesquisas, os videogames violentos. Além dos dados das entrevistas, sur-
em rede são importantes para os adolescentes gem novos motivos muito diferentes ao precon-
porque permitem desenvolver o pensamento ló- ceito estabelecido de que utilizam esses jogos
gico formal. Melhoram a capacidade de raciocínio para canalizar a violência. As razões que os le-
lógico para poder formular estratégias de jogo e vam aos videogames surgem mais pelo afã de
favorecem resposta mais rápida aos estímulos vi- superação e a obtenção de metas, a socialização
suais e auditivos. e o fato de compartilhar e aprender com seus
Luque considera também que o jogo em rede é amigos.
uma nova maneira de compartilhamento com
seus semelhantes. Acesso e brecha digital: as lan houses na Argentina
Vale destacar que os videogames em rede aca- Uma das características relevantes do caso argen-
bam sendo um bom lugar para os jovens experi- tino está relacionada com a resolução público-pri-
mentarem outros papéis, já que eles podem de- vado do problema do acesso. O acesso à infra-es-
sempenhar diferentes funções ou papéis, o que trutura entre crianças e jovens das classes sociais
possibilita que o adolescente de setores popula- mais baixas seguiu padrões de uso diferenciais,
res exercite as habilidades próprias do uso das TIC. que podemos considerar inovações, pois envol-
A pesquisadora afirma não ter encontrado ca- vem ao mesmo tempo mecanismos de mercado
sos preocupantes ou patológicos. «Pode ser preo- que socializam o acesso à banda larga.
cupante se, pelo fato de passar muitas horas na Embora os adolescentes permaneçam a maior
lan house, o adolescente deixe de comer, tomar parte do tempo em sua própria casa (73,6%),
banho, encontrar-se com os amigos, de praticar quase a metade deles costuma ir a casa de ami-
atividades físicas ou diminuir o rendimento esco- gos e outros parentes. É expressivo que 13% dos
lar», ressalta. homens e quase 8,6% de mulheres freqüentem
Nesta linha, transfere a responsabilidade para os um cibercafé ou lan house em seus momentos
pais: «Se o adolescente passa muitas horas na lan de lazer, o que equivale a uma média de 10% do
house e abandona seus estudos, a responsabilida- tempo de lazer dos adolescentes nestes lugares.
de não é do dono da lan house, mas sim dos pais. Mas é um lugar onde prevalecem também crian-
São eles que devem controlar os comportamentos ças de 6 a 12 anos, sobretudo da classe média,
e determinar seus valores» (Luque:2004, cfr.). onde 3,4% já tem o costume de jogar nestes es-
As pesquisas realizadas na UNC não indicam paços (Barômetro da Dívida Social Argentina:
que os videogames sejam elementos que tornem 2008, 194, cfr.).
233
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 234
O caso dos cibercafés, ou «ciber», como se deno- Estes meninos usam a internet principalmente
minam na Argentina, apresenta um padrão muito para jogos em rede (65%), para bater papo em sa-
interessante de acesso, de socialização e de apren- las de chats (53%), para baixar ou escutar música
dizagem, enquanto espaços privados de caráter (62%), para estudar (12%) e para ter acesso a sites
público (Finquelievich, S., Prince, A.:2007, cfr.). de pornografia (12%). 55% destes meninos possui
Neste estudo realizado entre 2003 e 2007, os e-mail e 22% têm um perfil em Fotolog, o que
autores têm conhecimento de que um terço dos mostra que, apesar de não terem um lar e muito
internautas tem acesso à internet nesses lugares. menos um domicílio fixo, possuem um espaço vir-
O estudo enfoca os grupos de menor renda e, tual que os caracteriza na internet.(Finquelievich,
em particular, as crianças de rua que usam a inter- Prince:2007, cfr.).
net nestes lugares. Os ciber possuem legislação específica a ní-
Levando em conta que estes lugares funcionam vel dos organismos governamentais locais. Esta
como micro-empreendimentos, os preços oscilam é insuficiente, pois não leva em conta todas as
entre 1,50 e 2 pesos por hora de uso, um valor que particularidades dos usos de crianças e jovens.
para as crianças e adolescentes mais pobres ainda Além disso, esses lugares também não sofrem
é acessível. Entre os participantes do estudo de inspeções para fazer cumprir, de modo efetivo,
Finquelievich e Prince, mais de 70% freqüentam a lei.
estes lugares por não poder se conectar casa, quer O artigo 1º da Lei N.º 86.357 estabelece que:
por não possuírem um computador, quer por não «Os estabelecimentos comerciais que no âmbi-
terem conexão à internet. to da Cidade Autônoma de Buenos Aires forne-
Os jovens são os consumidores mais freqüentes ça acesso à internet devem instalar e ativar em
dos ciber. Os usuários de até 25 anos eram, em todos os computadores que estiverem à dispo-
2004, 49% do total. sição do público, filtros de conteúdos sobre as
Não obstante, nos últimos anos, registrou-se a páginas pornográficas». Além disso, a legislação
inclusão de faixas etárias muito baixas; os meno- possui uma série de disposições. Por exemplo
res de 18 anos representam 26% dos usuários que estes estabelecimentos comerciais devem
atuais (Finquelievich,S., Prince, A.:2007, cfr.). estar localizados a mais de 200 metros das es-
Criou-se em Buenos Aires o primeiro ciber es- colas; deve haver cartazes que esclareçam que
tatal em 2006, no bairro de Boedo. Este espaço permanecer mais de duas horas na frente do
inicial, bem como os que o seguiram (Ciber Obe- computador pode ser prejudicial para a saúde;
lisco, em 2007, e experiências similares na capi- que os sites pornográficos, violentos, cassinos
tal, região metropolitana e várias províncias), es- virtuais e lugares de apostas devem ser blo-
tavam destinados a jovens que vivem nas ruas queados para menores de 18 anos. As restrições
ou marginais, inscritos no Ministério de Direitos são impostas também sobre os horários. Além
Humanos. Nestes Centro de Atendimento Inte- de especificar os horários de atendimento ao
gral para Crianças e Adolescentes em Situação público, os menores de 16 anos estão autoriza-
de Rua, existe um espaço controlado de introdu- dos a utilizá-los somente das 18 às 20 horas, fa-
ção às TIC, e como forma de acompanhamento zendo cumprir, desta forma, com a recomenda-
dos deveres escolares. Descobriu-se que 98% dos ção de duas horas diárias, no máximo, na frente
menores de rua usam a internet, que 95% a do computador. Estas leis são similares tanto na
usam todos os dias e que 40% se conectam em região metropolitana de Buenos Aires como
um ciber. também em outras províncias.17
234
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 235
SMS: «a geração do polegar» na Argentina são, e utilizam esta tecnologia porque buscam
Antes de nos perguntar pelo uso específico dos certas gratificações baseadas em suas necessi-
SMS (torpedos) devemos destacar o efeito do tele- dades ou motivações.
fone celular nesta geração. É de tal magnitude o No estudo de Dimmick, Sikand e Patterson (1994,
recente fenômeno da utilização da comunicação cfr.) - texto pioneiro sobre As satisfações do telefone
celular que quando se pergunta aos jovens qual é doméstico – indicam que as gratificações vinculadas
a mídia que mais lamentariam perder, apesar do à utilização do telefone fixo são: a «sociabilidade», a
seu relativo pouco uso comparado com as mídias «instrumentalidade» e o «resseguro». Vinculando
já consagradas, o celular alcança um dos primei- estas categorias com o uso dos adolescentes, a pri-
ros lugares, junto com a televisão e a internet meira consiste na possibilidade de se comunicar
(Morduchowicz: 2008, cfr.). com o núcleo social (amigos, familiares), a segunda
Na Argentina a pesquisa sobre o uso de celula- se refere a coordenar encontros e à segurança como
res ainda é muito recente. Podemos mencionar al- chamada de emergência ou ao próprio controle que
guns trabalhos vinculados ao impacto da telefo- os pais exercem sobre os filhos adolescentes quan-
nia celular no consumo básico,18 e outros de do saem. A terceira se relaciona com o fato de poder
caráter mais aplicado e descritivo, como as pes- ressegurar-se através do telefone, por exemplo, de
quisas efetuadas por consultoras como Prince e que a família e os amigos se encontrem bem ou de
Cooke, e Carrier e Associados. pedir aos pais para buscá-los em algum lugar quan-
A primeira consistiu em uma pesquisa quanti- do saem. De acordo com a teoria dos usos e gratifi-
tativa nacional, realizada durante o ano de 2006, a cações nos estudos de comunicação social, uma mí-
22 milhões de usuários da telefonia celular. A par- dia prospera quando proporciona utilidade ou
tir deste trabalho descobriu-se que o SMS é o ser- satisfações aos seus donos (Dimmick, Sikand e Pat-
viço mais utilizado, com 92% dos casos. terson: 1994; Hoflich e Rossler:2002; Blumler e
Este percentual chega a 97% entre jovens com Katz:1974, cfr.).
menos de 18 anos. Vale destacar que não existe Ao contrário do que acontece com a mídia tradi-
uma diferenciação por nível socioeconômico nem cional, como jornais, rádio e televisão, quando as
de gênero estatisticamente significativa. Obteve- pessoas utilizam o telefone fixo e as novas mídias
se também como resultado que os participantes (como, por exemplo, o e-mail), são elas que deter-
do estudo enviavam uma média de 12 mensagens minam seus usos e atribuem um conteúdo. As ne-
de texto por dia. Este fato indicaria, segundo o ci- cessidades do usuário combinadas com as possi-
tado estudo, que estão sendo enviados 215 mi- bilidades e limitações da tecnologia adotada
lhões de mensagens de texto por dia (Prince e levam aos diferentes tipos de apropriações de
Cooke: 2006, 18, cfr.). Este número cresce entre os uma mídia (Castells, M. e outros: 2007, cfr.).
menores de 18 anos, que são os que enviavam Em um trabalho realizado no início de 2007 em
uma média de 14 mensagens diárias. Buenos Aires (Sporn:2007, cfr.) com 20 adolescen-
A teoria dos usos e gratificações também po- tes entre 14 e 18 anos, encontraram-se alguns da-
de ser de grande contribuição para a compreen- dos interessantes sobre o uso dos telefones celu-
são do uso das mensagens de texto, pois consi- lares entre os jovens urbanos de diferentes classes
dera que os indivíduos que utilizam uma socioeconômicas. Entre os jovens, o gasto mensal
determinada mídia são conscientes desta deci- de celular é de $32 (10 dólares). Mais especifica-
18. Como o estudo de Barrantes R., Galperín H., Molinari A., Agüero A., e Molinari A. (2007) «Acessibilidade dos serviços de
telefonia celular na América Latina», DIRSI. Disponível em:
http://www.dirsi.net/files/finals/asequibilidad_de_los_servicios_de_telefona_mvil_en_amrica_latina.pdf
235
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 236
236
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 237
não respondiam aos laços de união tradicionais O software e suas inúmeras aplicações – desde o
como os da família ou os vínculos profissionais fo- correio eletrônico até os blogs – fazem dos jovens
ram chamadas de «tribos urbanas». Para García seus principais avaliadores e usuários privilegiados.
Canclini (1995, cfr.) a urgência destes agrupamen- SMS, fotologs, videologs, são os novos espaços de
tos, associada ao fenômeno das construções de socialização, intercâmbio e de resistência destas
identidade, compensa a dispersão e a desagrega- novas gerações.
ção das grandes urbes, oferecendo a condição de São várias as tribos que fazem parte da paisa-
pertinência a grupos, principalmente os que não gem urbana com presença visível nas principais
conseguem a integração social através da educa- cidades do país e seu uso intensivo de TIC.
ção e do trabalho. Em particular, foram duas as «tribos» que cha-
Na opinião de Maffesoli (Maffesoli:1990, cfr.), maram a atenção recentemente: os emos e os
dentro destes agrupamentos cada pessoa recupera floggers.
o caráter afetivo/emocional. Por isso as característi- Em 2008 ambas as tribos foram alvo de cobertu-
cas básicas do processo de neotribalização esteja ra pela imprensa nacional e local porque protagoni-
associado com: as comunidades emocionais, que se zaram uma singular briga em massa em um espa-
fundamentam nas comunidades emocionais in- ço semi-público, as escadas de acesso a um grande
tensas, às vezes efêmeras e sujeitas à moda; as no- shopping center. A convocação para essa reunião
vas formas de sociabilidade, onde o fundamental é havia sido totalmente realizada por internet. 21
viver com o grupo, afastar-se do político para aden- Os «emos» fazem parte desta encruzilhada das
trar-se na cumplicidade de compartilhar dentro do culturas juvenis contemporâneas, e é uma das tri-
coletivo; e a fiscalidade da experiência que surge a bos mais freqüentes nas praças de Buenos Aires.
necessidade de contrapor à fragmentação e disper- Seu nome é uma apócope de emotional. Escutam
são do global, a necessidade de espaços e momen- grupos de música eletrônica como My Chemical, di-
tos compartilhados nos que se desenvolva uma for- zem que praticam a bissexualidade, seu aspecto se-
te interação (Baeza Correa: J., 2003, cfr.) gue estéticas andróginas e de aparência lânguida,
Esta caracterização se corresponde, com muita são inimigos do excesso de peso, são depressivos,
precisão, com a descrição do surgimento de novas excessivamente emocionais, se autoflagelam e se
tribos urbanas de jovens que utilizam de forma crê que têm tendências suicidas. São rejeitados e
especial as novas tecnologias. «As manifestações discriminados por outras tribos porque são consi-
das culturas juvenis atuais respondem a estes derados como um grupo de gays e lésbicas que pro-
questionamentos próprios da idade com o estig- pagam a AIDS com seus cortes de autoflagelação.
ma de uma época altamente tecnológica no rela- Usam sempre roupas pretas, maquiagem, pin-
tivo às comunicações e um estado das relações in- tam uma mecha de cabelo de vermelho e nunca
tergeracionais atravessado pela aproximação e a sorriem.
horizontalidade»19. Outra tribo que parece mobilizar milhares de
As gerações mais jovens são, para este sociólo- adolescentes da Argentina é a dos «floggers», que
go argentino, as que se sentem mais interpeladas criam popularidade e fama por meio de um foto-
com este lema «faça você mesmo» DIY.20 log. Os «floggers» são adolescentes menos estili-
237
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 238
zados, e não buscam ser diferentes através de um Diante desta nova realidade que se impõe, é in-
tipo de vestimenta, música ou aspecto geral. teressante notar a iniciativa do Ministério da Edu-
Mas para Urresti (2000,cfr.) procuram o mesmo cação nos projetos de Apoio à Melhoria da Escola
que os adolescentes de sempre: inclusão em redes Média, que possui um eixo específico para «As
de amigos, possibilidade de alternar e flertar com transformações socioculturais e tecnológicas e
outros adolescentes, através dos recursos ofereci- sua incidência nas práticas pedagógicas», onde
dos pelas novas tecnologias. Utilizam os blogs e os existe um eixo secundário baseado na integração
fotologs, um meio barato e de massa, para se exibi- de culturas juvenis nas práticas escolares e outro
rem, multiplicando assim as possibilidades de um que promove o uso das TIC nestas práticas. Embora
encontro real, para complementá-lo, mais tarde, este fato seja insuficiente para compreender total-
com o bate-papo por mensagens instantâneas ou mente este fenômeno, é interessante para avaliar
com o intercâmbio de SMS, coisa que antes era fei- as políticas públicas em torno dessa questão.
to através de intermináveis conversas telefônicas.
Usam os mesmos penteados e roupas, o que tor- 3.2.3. Políticas
na difícil distinguir entre homem e mulher. Apesar
de a violência não ser o que os caracterizou em um Na Argentina foram promulgadas leis, sanciona-
princípio, houve incidentes em algumas regiões de dos decretos e emitidas declarações administrati-
Buenos Aires por diferenças entre eles. 22 vas que foram delineando uma política para o de-
«O objetivo é construir grupos, fortalecer redes senvolvimento da Sociedade da Informação. A
de inclusão, obter os benefícios que o amor pro- estrutura legal desenvolvida só teve objetivos de
mete em um momento em que as comunicações ordem técnica. Em pouquíssimos casos podemos
interpessoais se encontram definitivamente atra- observar tentativas de estratégias programáticas
vessada pelas novas tecnologias. Hoje isso é feito gerais dirigidas a criar um meio que facilite o
através de velozes textos entrecortados, de ima- acesso universal às TIC para crianças e jovens. E
gens publicadas pelo seu próprio protagonista ou muito menos que estas tecnologias sejam as pro-
de opções estilísticas radicais e espetaculares, tagonistas da transformação da educação para o
mas a canção continua sendo a mesma: é a luta trabalho.
pelo reconhecimento dos adultos, a amizade de As políticas tecnológicas, de um modo geral, e
seus amigos e o amor dos amados23». as políticas de inclusão digital, em particular, têm
Para este pesquisador, os adolescentes atuais muitas dificuldades para conseguir um lugar de
devem gestar sua oposição geracional diante de destaque na agenda pública. No entanto, mesmo
pais mais juvenis, menos tradicionais e convencio- não sendo objeto de discursos políticos, podemos
nais e até mesmo protagonistas da rebelião de observar ações concretas passíveis de serem men-
gerações dos 60 e dos 70. suradas.
Ou seja, que são filhos de pessoas abrasadas Estas ações emergiram de uma série de políti-
pelo espírito juvenil, mas com toda a disponibili- cas de nível médio na administração objetivando
dade das novas tecnologias para formar seu pró- resolver os temas básicos da modernização e os
prio estilo e levar adiante uma estratégia estética problemas concretos na eficácia da administra-
e cultural com características muito particulares. ção do Estado (Artopoulos e Molinari, 2007, cfr.).
22. «Los cabezas» e «los chetos». Além disso há outros antagonismos. Em Rosário existem dois bandos: «la fabela» e «los
niños populares», que usam a internet como meio de troca de ameaças. Através de blogs, fotologs e outros espaços combi-
nam lugares de encontro e tramam vinganças.
23. Urresti, 2008.
238
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 239
239
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 240
O programa está dirigido a apoiar as jurisdições Gráfico 3.1. LINHA DO TEMPO SOBRE EXPERIÊNCIAS
na melhoria da qualidade, da equidade e da efi- EDUCACIONAIS E AS TIC
ciência do sistema educacional. Deste modo, ten-
ta contribuir para a diminuição da desigualdade
social através do aumento da escolaridade e do
atendimento das necessidades educacionais dos
jovens dos setores que estão sob maior risco so-
cial e educacional.
Peomse e PIIE atendem, com diferentes alcan-
ces, em torno a 6.700 estabelecimentos de gestão
estatal, freqüentados por alunos de nível médio
(com financiamento do BID) e aproximadamente
2.500 de Ensino Geral Básico 1 e 2 (contrapartida
local), incorporados em função de contar com uma
proporção mínima de matrícula em situação de
pobreza. O Ministério da Educação, Ciência e Tec-
nologia se ocupa das aquisições e contratações de
livros, equipamentos informáticos, consultoria e
capacitação; e as estaduais se encarregam do Portanto, os programas de inclusão de tecnolo-
equipamento mobiliário, obras menores, salas de gias na educação deveriam observar os processos
informática, redes, consultoria e capacitação. de difusão e de inclusão. No entanto, nas políticas
Cada agência tem sua própria agenda, sem unir atuais não existe uma tentativa de substituir está
esforços. Neste cenário de dispersão, estas agên- lógica «igualitária» por uma efetiva lógica de «apro-
cias enfrentam com dificuldade a problemática priação» da tecnologia. Neste sentido, podemos
básica pra atualizar o equipamento e a conectivi- ressaltar as experiências relatadas a seguir.
dade das organizações educacionais. Em poucos
casos encontramos exemplos de inovação organi- Experiências estaduais
zacional, no âmbito das jurisdições, que enfren- Embora existam experiências de destaque no
tem a problemática de segunda ordem: os proces- Pampa e em San Luis, para citar algumas, a média
sos de apropriação a nível de organização escolar de utilização da internet em experiências educa-
e de docente/sala de aula. cionais significativas e com impacto continua
Mesmo quando os programas mais avançados sendo muito baixo.
do ministério nacional superam a dicotomia pré- Entre as experiências de utilização de TIC em políti-
informacional «igualdade com relação às TIC», o cas de desenvolvimento, a Rede Porteña Telemática
funcionário médio vê com receio as iniciativas na- (Reporte) do Ministério da Educação do Governo da Ci-
cionais. Estas iniciativas, como vimos anteriormen- dade de Buenos Aires foi uma das mais importantes.O
te, tornam-se legítimas com lógica «igualitária» projeto estava formado por vários componentes e co-
sem atender aos critérios de poder de apropriação. bria diferentes níveis e modalidades do sistema edu-
Este fato faz com que a implementação de políti- cacional.Aulas en Red foi o projeto educacional institu-
cos termine perdendo efetividade. cional das escolas primárias baseado na inclusão das
Por outro lado, muitos estudos demonstraram TIC nos processos de aprendizagem e de ensino;a Red
que não existe uma relação direta entre o poder de Escuelas Medias foi o projeto que promoveu e facili-
de apropriação das tecnologias e o nível socioe- tou o uso das TIC nas Escolas de nível Médio e Artísti-
conômico. cas da Grande Buenos Aires.
240
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 241
24. http://www.me.gov.ar/escuelaymedios/
241
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 242
O canal Encuentro (http://www.encuentro.gov.ar/), mas para convocar esses grupos. Enquanto eram
canal de televisão do Ministério da Educação foi cria- bem sucedidos com outros grupos, o mesmo não
do em maio de 2005 pelo Decreto Nacional 533/05, e acontecia com os jovens. Utilizar os celulares como
reconhecido pela Lei de Educação Nacional (Lei N.º canal de comunicação com os jovens permitiu ele-
26.206),sancionada em dezembro de 2006. var consideravelmente a resposta às convocações.
Trata-se de um recente e inovador projeto de ca- Entre as lições aprendidas na área social e de tra-
nal público cuja proposta, com uma grade de pro- balho, as políticas top-down, ou de cima para bai-
gramação variada, inclui blocos específicos de xo, de transferência de tecnologia aos municípios
programas para crianças que são interessantes (como portais de oferta e demanda de emprego e
pela exploração de gêneros e técnicas utilizadas, capacitação) requerem um acompanhamento até
mais parecido a um canal público europeu do que a obtenção da apropriação, que nem sempre é con-
do tradicional desenho animado que se importa seguida. Quanto às políticas bottom-up, ou seja, de
do exterior. O conteúdo destes programas inclui baixo para cima, embora sejam as menos intrusi-
um componente fortemente educacional que, vas, deixam espaço para «inventar a roda», pois em
embora não analise as metalinguagens televisiva, muitos casos existem recursos, aplicações, padrões
torna-se um divulgador de conteúdos de alta qua- e tecnologias suscetíveis de serem divididas.
lidade para o setor infantil.
3.2.3.4. Regulamentação: desafios domésticos,
3.2.3.3. Políticas sociais estatais e sociais
A regulamentação sobre a mídia é uma função
Entre os programas desenvolvidos pelo Ministério que, de modo característico, é cumprida pelos es-
do Desenvolvimento Social, destaca-se o Plano de tados. No entanto, embora este fato ainda seja
Desenvolvimento Local e Economia Social. Neste aplicável às mídias tradicionais de comunicação
plano foram realizadas experiências de utilização (rádio, televisão), não é possível aplicar os mes-
de SMS como meio de comunicação com os jovens mos critérios para a internet. Livingstone y Bober
nas atividades de promoção comunitária de diver- (2006, cfr.) destacam que nunca se esteve diante
sos estados, como por exemplo em Mendoza. Tam- de uma mídia com maior potencial, tanto pelos
bém denominado «Mãos à obra», este programa riscos quanto pelas oportunidades que oferece.
utiliza diversos recursos de política social como: o No que se refere à regulamentação doméstica,
apoio econômico e financeiro a empreendimentos vale destacar que existem pouquíssimos estudos
e cadeias produtivas, serviços à produção e aos Fun- realizados na Argentina. Numa pesquisa da Socie-
dos Solidários para o Desenvolvimento; o fortaleci- dade Argentina de Pediatria (Sap)25, as mães parti-
mento institucional e a capacitação a pequenas cipam mais quando os filhos usam o computador
unidades de produção e seus beneficiários para al- em casa (77%), contra 13% dos pais. 90% dos en-
cançar um desenvolvimento social economica- trevistados afirmaram ter um anti-vírus instala-
mente sustentável com a finalidade de gerar em- do, apenas 29% afirmaram que ativou o controle
prego e melhorar a qualidade de vida das famílias. parental que vem com esse tipo de programas pa-
Entre os grupos populacionais escolhidos estão ra restringir o acesso a determinados sites.
as famílias, os jovens e a terceira idade em situação O percentual de pais que sempre conversam so-
de pobreza, desocupação ou vulnerabilidade so- bre os riscos da rede com seus filhos foi de 53%.
cial. Os programas haviam tentado diversas for- 41% afirmam de conversam às vezes e 6% nunca
25. Participaram quase 900 pessoas que responderam sobre a atividade diante do computador de 1.380 crianças e ado-
lescentes, através de um questionário de 30 perguntas (2008).
242
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 243
tocaram no assunto com os filhos. Enquanto 23% O Estado inicia seus passos na regulamentação
dos pais não aplicam nenhuma regra para regular do uso e conteúdos da internet. No dia 5 de junho
o uso da internet em casa, 51% consideram que entrou em vigor a nova lei de delitos informáticos
não necessitam supervisionar a atividade do filho que estabeleceu, entre outros pontos, uma ampla
quando está conectado. No entanto 100% acham referência à pornografia na internet, destacando
que é fundamental qualquer tipo de campanha que «toda representação de um menor de 18 anos
para melhorar o vínculo entre pais e filhos com re- dedicado a atividades sexuais explícitas terá uma
lação à utilização da internet(Sap, 2008, cfr.). pena de 6 meses a 4 anos de prisão», além de cas-
Para melhorar estes números e a relação entre tigar os que tiverem imagens com menores de 18
pais e filhos com o computador, falta capacidade anos para comercializá-las.
reflexiva em casa. Na avaliação desse risco, a Socie- De modo fundamental também os que facilita-
dade Argentina de Pediatria (SAP) continuou com rem o acesso a espetáculos pornográficos a me-
os estudos e realizou uma pesquisa on-line na nores de 14 anos.
qual ficou demonstrado que 51% das crianças e A regulamentação das mídias tradicionais é
adolescentes se conectam diariamente à internet competência do organismo regulador do espectro
e, no mesmo percentual, não há nenhum adulto radiofônico (Comfer) que, como em quase todos
presente nesse momento. Soma-se a este fato que os países, possui instrumentos para a proteção do
51% dos pais não conhecem os contatos de seus fi- menor (Lei de Radiodifusão 22.285, artigo 17).
lhos nos programas de mensagens instantâneas e Uma das dificuldades institucionais que a Ar-
uma terceira parte também não sabe qual é o nick gentina apresenta para a regulamentação perti-
ou apelido que os filhos utilizam para se conectar. nente e atual das mídias para crianças e adoles-
Um estudo sobre a situação das crianças e ado- centes é a de ter dois organismos reguladores: um
lescentes com respeito à mídia audiovisual eletrô- para a radiodifusão (Comfer) e outro para as tele-
nica apresentado em 2007 pela ouvidoria pública comunicações (Comissão Nacional das Comuni-
possui uma particular importância. Este estudo cações, CNC), o que desconhece a problemática
foi realizado em acordo com diversas organiza- atual da convergência digital das mídias e a ne-
ções da sociedade civil e profissionais preocupa- cessidade de articulação das políticas.
dos pelo conteúdo que os mais jovens assistem na Outro desafio importante em matéria de regu-
televisão. O trabalho é produto do debate de três lamentação é a escassa capacidade de incidência
comissões – de assuntos legais, conteúdos e parti- da sociedade civil nestas questões. Enquanto na
cipação das crianças nas mídias – que informam Europa existem iniciativas sociais que encontra-
sobre as múltiplas dimensões do problema. Des- ram eco em seus respectivos países (The Children’s
tacam-se as representações estigmatizantes, es- Charities’Coalition for Internet Safety (CHIS) na
tereotipadas e, conseqüentemente, prejudiciais Grã Bretanha, ou o Safer Internet, na União Euro-
que a mídia costuma apresentar com relação aos péia), iniciativas semelhantes ainda não são visí-
mais jovens. Também analisa o complexo ponto veis no panorama argentino. Embora existam di-
que representa a participação das crianças nas versas organizações vinculadas a estas questões
mídias audiovisuais, pelo vínculo direto que surge que foram importantes para impulsionar o docu-
com o trabalho infantil, que muitas vezes pode ser mento que a ouvidoria pública apresentou em
nocivo ao desenvolvimento dessas crianças. 2007, como a SAVIAA (Sociedade Audiovisual para
Entre as conclusões, no relatório da ouvidoria a Infância e Adolescência Argentina), a Sociedade
pública fica patente a necessidade de promover a Argentina de Pediatria ou o SIGNIS (Associação
produção de programas de televisão de qualidade Católica Mundial para a Comunicação), estas não
integral para crianças e adolescentes. puderam incidir na opinião pública, salvo em ca-
243
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 244
sos específicos que não estão vinculados com a Estima-se que 50% da população tenha vivido
educação sobre as mídias ou sobre os enquadra- durante mais de 10 anos em condições de pobreza
mentos de regulamentação mais gerais. e que mais da metade das crianças da Argentina
foram pobres em 2004. Existe um grave problema
3.2.4. Problemas sociais e desafios das de percepção da população jovem dos setores po-
políticas pulares sobre o que fazer com os possíveis usos
das TIC. Como observamos, os estudos demons-
Ao longo deste capítulo fizemos uma revisão dos tram que a utilização leviana (bate-papo e jogos)
principais problemas sociais da Geração Interati- estão mais difundidos. É evidente que nestes se-
va da Argentina com relação ao consumo de mí- tores são poucos os jovens que conseguem ver
dias e TIC. De um lado, os problemas relacionados que as TIC podem ser uma potente ferramenta de
como acesso à infra-estrutura e à brecha digital. experimentar uma subida social.
Por outro, os problemas relacionados com a expo- Trata-se de um desdobramento do uso social
sição excessiva e o efeito de ocultação e opacida- das TIC: a maior parte dos jovens deste setor acre-
de que as mídias digitais possuem para os pais se dita que a tecnologia tenha um valor. Enfim, o de-
comparados com as mídias tradicionais como a senvolvimento depende de uma mudança cultu-
televisão e o rádio. E, finalmente, o atraso das polí- ral profunda dos nossos jovens.
ticas de integração de TIC no sistema educacional. O desenvolvimento econômico, através do uso
Entretanto, existe dentro da agenda pública uma intenso da informação como matéria-prima da
série de problemas centrais relacionados com o produção de conhecimento em todos os setores
futuro profissional da Geração Interativa que só da economia, requer recursos humanos que não
agora a Argentina pôde começar a formular. se considerem a si próprios como meros consu-
Atualmente na Argentina, graças à sólida recupe- midores.
ração da economia, entre outras coisas, pôde-se es- Como na etapa da industrialização, são neces-
pecular com a possibilidade de desenvolver uma sárias escolas médias capazes de formar técnicos.
próspera indústria exportadora de produtos e servi- A educação média «digitalizada» requer ino-
ços de tecnologia da informação (CESSI, 2008, cfr.), vações pedagógicas que não se limitem apenas
mas dificilmente possa ser levada à prática se não à formação de técnicos em informática, mas que
existir uma férrea convicção de resolver os obstácu- modernizem todas as ocupações. É necessária a
los relacionados com a formação de recursos huma- intervenção estatal para que a totalidade de
nos. A expansão da indústria SSI está acontecendo novas escolas médias e técnicas possam se co-
em diversas áreas do mercado de trabalho, aque- nectar com as indústrias de serviços avançados,
cendo a brecha entre oferta e demanda que, para os tanto TIC quanto outros relacionados com a in-
próximos 10 anos, se estima que será de 10 a 20 mil dústria do entretenimento e do desenho, entre
pessoas por ano. A demanda de capital humano es- outros setores.
tá seguindo padrões de crescimento que não po- As TIC afetaram de forma transversal todo o te-
dem ser acompanhados em todos os casos pela cido produtivo e modificaram as possibilidades de
oferta de recursos humanos decorrentes do sistema emprego dos jovens atuais e futuros.
de educação convencional (Cicomra: 2007;p. 73, cfr.). Como cartas de baralho, todas as competên-
A produção de recursos humanos é apenas um cias se misturaram de novo e requerem tanto re-
dos problemas a enfrentar. O outro problema que formular os perfis dos alunos que terminaram a
as câmaras do setor vislumbram é ainda a baixa escola técnica como prover de tecnologia a esco-
consideração da corrida informática entre a popu- la média em geral e digitalizar profissões e ocu-
lação de setores populares. pações.
244
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 245
Nesta nova onda de emergência da educação ções posteriores a 1990 não sabem que uma re-
nas TIC ainda não temos um fenômeno similar, não volução começou nesse ano de 1995. Elas já de-
existe inovação nem temos um estado presente. sembarcavam no mundo tendo a Internet como
Levando este fato em consideração, quais são os um instrumento natural. Desde então, todas as
motores da mudança? Quais são as mudanças que crianças nascidas já estavam imersas nesse am-
o sistema educacional necessita pra melhorar o ní- biente digital.
vel de emprego destes jovens interativos? Quais
são os desafios das políticas públicas e privadas? 3.3.1. Contexto geral
26. Capítulo elaborado por Christian Marra. Instituto Internacional de Ciências Sociais, São Paulo, Brasil.
245
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 246
cretos. Um deles, por exemplo, foi a maior trans- de renda, apresentaram queda entre 1995 e 2000,
parência das contas públicas, pois sem inflação mas é preciso ressalvar que o país finalizou a dé-
foi possível calcular com maior clareza o déficit cada de 90 com uma renda per capita superior à
público e todos os demais componentes das con- do começo da década. Em 1991 a renda per capita
tas nacionais. Num cenário de hiperinflação, es- no Brasil era de US$ 2.709, saltando a US$ 4.472
ses indicadores permanecem camuflados atrás em 1995, primeiro ano completo de vigência do
dos elevados índices, como resultado do desco- Plano Real. Essa renda seguiria em ascensão até
nhecimento do valor exato do dinheiro. 1997, quando atingiu um pico de US$ 4.960, mas
Contudo, o Plano Real, tal como foi concebido, caiu nos anos seguintes, afetada pelo baixo cres-
não poderia sustentar-se a longo prazo sem as ne- cimento do país em 1998 e 1999. Nesse último
cessárias correções de rumo. Um dos pilares do ano, essa renda média havia recuado a US$ 3.111.
Plano Real era o regime de metas inflacionárias. Outro ponto positivo foi o aumento do poder
Quase todas as demais variáveis do sistema finan- de compra do salário mínimo entre 1994 e 1999,
ceiro estariam condicionadas por elas. Um segun- que passou a superar o valor de uma cesta de ali-
do apoio foi uma política cambial que amarrou a mentação básica. Em 1994 o valor do salário mí-
cotação do real com a do dólar norte-americano. nimo no Brasil era inferior ao de uma cesta básica
Por fim, uma terceira marca eram as elevadas ta- de alimentação (o salário correspondia a 68% do
xas de juros praticadas durante sua vigência. Nes- valor da cesta), mas ao longo dos anos seguintes
se período o país adotou sucessivamente algumas ganhou maior poder real de compra.
das mais altas taxas de juros do mundo. O reflexo De todas as formas, o alto nível de desemprego
negativo disso foi o encarecimento do crédito in- seguia como uma das mais importantes preocu-
terno para o financiamento de novos investimen- pações do brasileiro, senão a maior. Uma pesqui-
tos, além da inibição do consumo interno. Com a sa divulgada em maio de 1999 (ÉPOCA, 1999)
capacidade de investir amarrada e com um consu- apontava que 76% dos entrevistados declaravam
mo popular apertado, o ritmo de crescimento que o desemprego era o problema mais impor-
anual do PIB no período entre 1994 e 1999 foi mo- tante que o Brasil enfrentava. Além disso, o tema
desto. O único lado positivo, contudo, foi a manu- «desemprego» foi considerado como a segunda
tenção dos baixos índices de inflação. maior fonte de temor da população, perdendo so-
Como os déficits comerciais no período eram mente para a violência urbana.
elevados, rapidamente o governo viu esgotarem- No campo econômico, os números referentes
se suas reservas internacionais. A cotação do real, ao PIB revelavam a retomada dos bons resulta-
atrelada ao dólar, sugava diariamente volumes dos. Após fechar o ano de 1999 com um cresci-
imensos dessas reservas. Temerosos de que o go- mento de apenas 0,3%, os índices registrados nos
verno brasileiro não seria capaz de honrar suas anos seguintes, embora oscilantes (4,3%, 1,3%,
dívidas a curto prazo, investidores e especulado- 2,7% e 1,1%, segundo dados do IBGE), anunciavam
res desencadearam uma súbita retirada de capi- uma fase de maior otimismo e estabilidade fi-
tais do país. Não restou outra alternativa: no dia nanceira. Foi, no entanto, a partir de 2004 que os
13 de janeiro de 1999 foi anunciada a desvaloriza- indicadores atingiram patamares ainda mais ani-
ção do real e a livre flutuação da moeda. madores. Naquele ano, o crescimento da riqueza
O Plano Real, ao longo dos seus até então qua- nacional foi de 5,7%, um recorde que puxou o de-
tro anos e meio em vigência, trouxe consigo re- sempenho brasileiros nos anos seguintes: 3,2%,
sultados sociais positivos –sobretudo graças à 3,8% e 5,4%. Neste último período de quatro
estabilização da inflação. Indicadores socioeco- anos, o crescimento anual médio foi de 4,5%, cer-
nômicos, como o índice de desemprego e o nível ca de dois pontos a mais do que a média registra-
246
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 247
da entre 2000-2003. A boa performance foi ga- com as informações disponíveis na página eletrô-
rantida em grande medida pelo aumento de 6,5% nica do programa, aproximadamente 11,1 milhões
do consumo, item que costuma corresponder a de famílias estão atualmente cadastradas.
60% do PIB. O programa, composto por quatro ações dife-
Além do ambiente favorável, a descoberta de rentes –Bolsa-Escola, Cartão-Alimentação, Bolsa-
novas reservas de petróleo e gás no litoral brasi- Alimentação e Auxílio-Gás– foi também apresen-
leiro serviu para valorizar ainda mais a projeção tado como alternativa para elevar o índice de
do país no cenário internacional. Com as novas crianças e adolescentes matriculadas no ensino
áreas de exploração, que permitem vislumbrar fundamental e médio. No Brasil, é comum que os
um enorme potencial de crescimento da extra- jovens de famílias carentes deixem de estudar
ção nos próximos anos, a produção brasileira po- para ingressar no mercado de trabalho e, assim,
derá ser duplicada e, se cumprida, colocará o país poder ampliar a renda familiar. O auxílio presta-
no grupo das grandes potências petrolíferas. do pelo governo tem a missão de assegurar a per-
Em agosto de 2008, um levantamento promo- manência dos jovens nas escolas.
vido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), um dos Por isso, em troca do benefício, as famílias de-
maiores institutos de pesquisas econômicas do vem atender a algumas exigências. Seu descum-
país, revelou que as metas estão sendo atingidas primento pode levar à exclusão do programa. En-
gradualmente, sobretudo no que diz respeito à tre elas, a exigência de que todas as crianças com
melhoria da qualidade de vida. Nos últimos qua- idade entre 6 e 15 anos devem ter freqüência es-
tro anos, a população pertencente à «classe mé- colar mínima de 85%, além de receber as vacinas
dia» aumentou cerca de 10 pontos percentuais, necessárias. Das gestantes também é exigido
passando de 42,26%, em 2004, para 51,89%, em que os exames pré-natal sejam realizados perio-
2008. Efeito direto desta mudança foi a diminui- dicamente.
ção de famílias enquadradas nas classes mais Outro indicador que aponta para mudanças no
baixas (D e E), caindo de 46,13% para 32,59% no perfil do país diz respeito à população. Em 2002, a
mesmo período. Ainda de acordo com o estudo, o população total no Brasil atingia aproximada-
crescimento da «classe média» foi resultado dire- mente 185 milhões de habitantes. Segundo o IB-
to da geração de empregos formais. Neste senti- GE, o país seguia com uma população jovem, com
do, os números divulgados são significativos: en- número elevado de crianças, embora os números
tre julho de 2007 e julho de 2008, por exemplo, indicassem famílias com um número cada vez
aproximadamente dois milhões de novos postos menor de filhos. Em 1992 o número médio de fi-
de trabalho foram criados em todo o país. lhos por mulher no Brasil era de 2,7, índice que se
Dentre os programas sociais implantados pelo reduziu a 2,0 em 2006. Com essa regressão, o país
governo federal, o Bolsa-Família é um dos que vem assistindo a um gradual encolhimento na
mais vem recebendo destaque na mídia interna- base de sua pirâmide populacional. Em 1995 o
cional e nacional. Por meio dele, famílias que vi- percentual de crianças até 14 anos no Brasil equi-
vem em situação de pobreza (cuja renda mensal valia a 32,2% da população, índice que se reduziu
está entre 60 e 120 reais, cerca de 20 a 40 euros) e a 26,5% em 2005.
de extrema pobreza (menos de 60 reais) podem Apesar dessa diminuição percentual, o mon-
cadastrar-se para receber um auxílio mensal do tante ainda é considerável: nesse ano de 2005 o
governo. Os benefícios podem chegar a 182,00 Brasil possuía uma população infantil, com idade
reais (cerca de 60 euros) e variam de acordo com inferior a 14 anos, de aproximadamente 49 mi-
a renda mensal por pessoa da família e o número lhões de pessoas. O número de famílias com pelo
de crianças e adolescentes até 17 anos. De acordo menos um componente com idade inferior a 14
247
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 248
anos corresponde a 49,6% do total. Considerando estudantes no nível fundamental. Esse avanço do
os dados disponíveis no caso de famílias com ao número de alunos no ensino fundamental trouxe
menos um integrante com menos de 6 anos, o como conseqüência natural a elevação das matrí-
percentual chega a 28,2%. culas no ensino médio. Esse montante quadrupli-
cou na última década do século XX, passando de
3.3.1.2. Panorama contemporâneo 2,5 milhões de alunos em 1990 para 10 milhões na
da educação no Brasil virada do milênio (Ibid.). Outro efeito foi o aumen-
O Brasil foi um dos países que mais cresceram to do interesse pela graduação universitária e a
economicamente ao longo do século XX. Antes proliferação de novos estabelecimentos de ensino
era um país essencialmente pobre, caracterizado superior.·Estatísticas do Ministério da Educação
como uma colônia de exploração comercial, sem revelam que, nessa época, um percentual de 80%
vida econômica própria. De fato, no começo do dos alunos do ensino médio passou às universida-
século XX o país não se encontrava sequer entre des. Uma taxa extraordinária, que costuma girar
os mais ricos da América do Sul. A renda per capi- em torno de 30% nos países mais ricos. No início
ta do Brasil era equivalente à do Peru e era 4,7 ve- do milênio, as taxas de expansão da oferta de va-
zes inferior que a da Argentina, considerado o gas nas universidades foram da ordem de 15% ao
país sul-americano mais rico na época (Castro, ano, demonstrando o aumento da demanda pelo
2006). Hoje o cenário é outro. O Brasil tem o ensino superior (Ibid.).
maior Produto Interno Bruto da América do Sul e O sistema educacional avançou muito em
sua renda per capita elevou-se acentuadamente quantidade, mas não em qualidade, sobretudo
em relação àquele período.·Contudo, para o siste- no caso do setor público. Com efeito, a grande
ma educacional brasileiro, essa velocidade de maioria dos colégios públicos é reconhecidamen-
crescimento teve um preço: simplesmente não te de qualidade inferior a muitos dos colégios pri-
conseguiu acompanhar o ritmo de expansão eco- vados. Uma situação que contrasta radicalmente
nômica. A economia brasileira avançou mais rápi- com o ensino universitário, cujas universidades
do que seu sistema educacional, e com isso, a de- públicas –tanto as mantidas pelo governo federal
manda por profissionais qualificados sempre quando pelos governos estaduais– são, na maior
superou a oferta. É verdade que o ritmo de cresci- parte dos casos, claramente superiores aos insti-
mento do sistema educacional foi igualmente al- tutos privados em termos de qualidade dos pro-
to, porém, os números revelam que ainda tem fessores, produção acadêmica, avanço na pesqui-
muito a melhorar. sa, etc.
Isso nunca foi novidade para os especialistas O resultado é um cenário de marcada injustiça
do setor. Sempre se comentou que a melhoria do social: estudantes que tiveram o privilégio de es-
ensino fundamental deveria ser uma prioridade tudar em caros colégios particulares de qualida-
no país. de freqüentemente são a maioria dos que ingres-
Mas, apesar dessas carências, um ponto a se sam nas melhores universidades públicas; em
destacar é a universalização do ensino no Brasil. contrapartida, os alunos de pior condição social,
Ao final da década de 1990, o índice de alunos en- que passam a juventude estudando em colégios
tre os 7 e os 14 anos matriculados nas escolas atin- públicos de má qualidade, raramente conseguem
gia 97% (Ibíd.). Isso ocorreu sobretudo em virtude uma vaga nas universidades pública. O caminho
de uma maior percepção, no início dessa década, mais comum para eles é ingressar em faculdades
de que a formação fundamental deveria ser real- privadas (em geral os exames de admissão não
mente tratada como prioridade. Isso passou a ser são tão rigorosos), que são caras e de qualidade
feito e houve um claro incremento no ingresso de inferior às públicas. Também por isso, é normal
248
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 249
que tais alunos cursem em geral a faculdade no das. Por isso, pode-se dizer que o cenário atual
período noturno, obrigados a trabalhar durante apresenta um claro desfio.
todo o dia como forma de custear os estudos. Evi-
dentemente, saem da faculdade em condição de 3.3.2. Contexto da mídia
inferioridade em relação aos alunos da universi-
dade pública, que puderam se dedicar à carreira Graças ao fenômeno da globalização –que ga-
em período integral, sem qualquer outra preocu- nhou força a partir da década de 1990–, o contex-
pação externa. to da mídia brasileira não difere muito do que se
Na última década o Brasil passou a participar observa nos países ibero-americanos. As redes
do PISA (Programa Internacional de Avaliação de mundiais de computadores aproximaram as pes-
Alunos). Desde então, amostragens de alunos do soas e incrementaram o intercâmbio de hábitos
ensino fundamental e médio passaram a ser ava- entre distintos países. Por isso, se pode afirmar
liados em exames similares aos aplicados nos de- que o modo como as crianças brasileiras utilizam
mais países que fazem parte do programa (paí- a web não é muito diferente do modo como o fa-
ses da OECD –Organização para a Cooperação e o zem nos demais países. Mas mesmo assim, é pos-
Desenvolvimento Econômico– e outros países em sível apontar algumas peculiaridades no modo
desenvolvimento). como os jovens têm se envolvido com os meios
Em contrapartida, o ensino superior caminha de comunicação no Brasil nos últimos anos.
em sentido oposto. O avanço da ciência brasileira,
em seu mundo acadêmico público, é a jóia da co- 3.3.2.1. A internet como ferramenta
roa de seu sistema de ensino. Contribui para isso de inclusão social
uma série de agências públicas de fomento, co- Ainda que as desigualdades venham sendo redu-
mo CAPES, CNPQ, FINEP e FAPESP, que alcançam zidas, conforme antes mencionado, as disparida-
padrões internacionais de qualidade. Muitos dos des ainda podem ser apontadas como uma das
programas de pós-graduação oferecidos pelas principais características da estrutura social bra-
universidades públicas brasileiras encontram-se sileira e, por sua vez, também aparecem refleti-
em pé de igualdade com a de outros países ricos das no campo da tecnologia da informação. Ape-
em muitas linhas de pesquisa. Em 1980 o Brasil sar de o país possuir a maior infra-estrutura de
era o 28º país em volume de produção científica telecomunicações da região e experimentar um
no ranking da ISI / Current Contents (Ibid), entida- processo de rápida modernização –especialmen-
de que contabiliza mais de 4 mil periódicos inter- te nos grandes centros–, o acesso a ela ainda é
nacionais de qualidade em suas estatísticas. Em oneroso, fazendo com que a maior parte dos
2004 o Brasil já se encontrava em 17º lugar, sendo usuários de computadores e da internet seja
que até o 30º somente havia países desenvolvi- oriunda de classes mais abastadas.
dos, à exceção da Índia. A cada 2 ou 3 anos a pro- Neste sentido, a relação entre o baixo desem-
dução científica no Brasil sobe uma posição nes- penho brasileiro nas referidas áreas sócio-edu-
se ranking. E dentre os campos nos quais o cativas e a dificuldade em garantir o acesso rá-
avanço da ciência brasileira é eficazmente con- pido à chamada «cidadania digital» –expressão
vertido em tecnologia, podem ser citados a agri- cada vez mais utilizada pelos especialistas na
cultura, a aeronáutica, a genética e a exploração área– deve ser destacada. Em uma sociedade
de petróleo em água ultra-profundas. ainda incapaz de garantir as condições para que
Em resumo, a escolaridade no Brasil ainda é todos possam exercer plenamente as formas
baixa, e sua qualidade de ensino, ruim. Ao mesmo mais básicas de cidadania, ou seja, o acesso à
tempo, a economia avança a passadas mais rápi- educação, à saúde, à moradia, à alimentação,
249
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 250
não seria descabido, por exemplo, questionar-se Dessa maneira, ainda segundo as palavras de
sobre a legitimidade do investimento em tecno- site oficial, o governo federal espera que os co-
logia. Afinal, em um ambiente marcado por nhecimentos sobre informática não se traduzam
grande pobreza material, não seriam os micro- apenas em novas habilidades adquiridas, mas se-
computadores, a internet, a interatividade itens jam «uma ferramenta útil, prática a ser utilizada
secundários e supérfluos? Além disso, os baixos nas atividades desenvolvidas nos postos de tra-
índices de escolaridade não seriam também um balho ou para aumentar as chances de concor-
obstáculo para uma maior adesão da população rência nos postos de trabalho oferecidos pelo
às tecnologias? mercado».
Um estudo divulgado pela Associação Brasilei- Desde o final da década de 1990, algumas ini-
ra de Empresas de Tecnologia da Informação e ciativas que visam à democratização do acesso
Comunicação (Brasscom) permite responder afir- principalmente à informática e à internet estão
mativamente a esta segunda questão. De acordo sendo levadas a cabo. Em 1999, lançaram-se as
com os dados, o Índice Brasil para Convergência bases para o Programa Sociedade da Informação.
Digital (IBCD) –que reflete os aspectos da inova- Assim, «integrar, coordenar e fomentar ações pa-
ção, da convergência digital e da estrutura e dinâ- ra a utilização de tecnologias de informação e co-
mica do mercado de Tecnologia da Informação e municação, de forma a contribuir para que a eco-
Comunicação no país– estava longe do conside- nomia do país tenha condições de competir no
rado ideal. Numa escala de 0 a 10, o índice havia mercado global e, ao mesmo tempo, contribuir
atingido 5,85 pontos em 2007. Logicamente não para a inclusão social de todos os brasileiros na
se pode ignorar que houve melhoria (em 2004, o nova sociedade» passaram a estar entre os obje-
valor registrado foi de 5,04), mas dois principais tivos do programa.
fatores foram considerados entraves para um No entanto, apesar de abarcar idéias funda-
crescimento mais rápido: a conectividade e a mentais, como a universalização dos serviços,
educação. criação de mercado, trabalho e oportunidades, a
Mas ainda que a falta de escolaridade seja re- informatização da administração pública, o pro-
conhecida como um dos entraves para o avanço grama não possuía metas e ações concretas e te-
do uso da tecnologia no país, acredita-se que ve resultados pouco eficazes.
ela possa ser incrementada justamente por Em 2003, foi inaugurado o Programa de Inclu-
meio dos microcomputadores. No Brasil, as são Digital, composto de diversas ações. Dentre
ações de inclusão digital, segundo as palavras eles, vem se destacando o ainda em vigor «Com-
publicadas na página web do Ministério da putador para Todos» que, conforme sugere o pró-
Ciência e Tecnologia –principal responsável pelo prio nome, visava diminuir o custo dos micro-
gestão do tema no âmbito governamental–, «a computadores, uma das principais barreiras para
inclusão digital está estreitamente vinculada à a população de baixa renda.
problemática da inclusão social dos menos fa- Para garantir a queda real dos preços dos equi-
vorecidos», funcionando como «um instrumen- pamentos, o governo federal lançou-se em duas
to da promoção da inclusão social». Em teoria frentes. Uma medida aprovada em junho de
equivale afirmar que o acesso democratizado 2005 isentou as revendedoras de artigos eletrô-
ao uso de novas tecnologias adquire maior sen- nicos do recolhimento de algumas tributações
tido quando, além de gerar empregos, passa a –obrigatórias para todo o setor do comércio– no
oferecer condições para que seus usuários ocu- caso da venda de microcomputadores de até
pem cargos financeiramente mais atraentes e 2.500,00 (cerca de 800 euros). Isso possibilitou a
que exijam maior capacitação. redução de 9,25% no valor de tais equipamentos,
250
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 251
mas, como se trata de um desconto concedido criados para oferecer capacitação e incluir mes-
pelas próprias lojas, não apenas os mais carentes, mo aqueles que não dispõem de condições finan-
mas também os mais abastados passaram a va- ceiras para adquirir seu próprio equipamento.
ler-se do benefício. A iniciativa pública não esteve sozinha neste
A segunda frente passou a ter um apelo mais processo de democratização do acesso às tecno-
social. Computadores de até 1.400,00 reais logias digitais. Em um curto período, alastrou-se
(466,00 euros) que seguem as configurações es- o número de lan houses e cyber cafés. E o que foi
tipuladas pelo governo podem ser parcelados em um movimento iniciado para atender as classes
até 24 prestações de 70 reais (24 euros). Paralela- com maior poder aquisitivo, já atende também à
mente, as empresas de telefonia também foram população mais carente.
estimuladas a oferecer planos mais acessíveis, de Utilizando-se de dados do estudo TIC Domicí-
maneira a aumentar o número de usuários co- lios 2007, Santos (2008) afirma que um dos da-
nectados à internet. De acordo com informações dos que mais chama a atenção é «o expressivo
que constam na página web oficial, ainda está crescimento no uso de centros públicos de aces-
previsto que todo cidadão que adquirir um equi- so pago em todas as regiões do país» (San-
pamento beneficiando-se do programa tenha o tos,2008:36). De acordo com o autor, o percen-
direito a suporte, tanto para atendimento técni- tual de utilização nesses espaços «subiu de 30%
co (problemas com hardware, defeitos de fabrica- em 2006 para 49% no ano seguinte, passando à
ção, etc.), como para o uso dos aplicativos. frente do acesso em domicílios que se manteve
Para constatar os benefícios trazidos pelo pro- estável em 40%». A pesquisa também mostra
grama, a Associação Brasileira das Empresas de que quanto menor a renda da população, maior
Software (ABES) solicitou um levantamento ao é a utilização das lan houses. «Dos usuários de
instituto de pesquisa Ipsos Public Affairs, em ju- Internet com renda até 1 salário mínimo, 78%
nho de 2006. Nos seis primeiros meses daquele declararam utilizar a rede através de centros pú-
ano, 265 mil unidades haviam sido vendidas e o blicos de acesso pago. Esse número cai para 67%
intuito era verificar se o principal objetivo do pro- para os que têm renda entre 1 e 2 salários míni-
grama –o aumento do número de computadores mos; 55% para os que têm renda entre 2 e 3 salá-
entre a população de classe C– vinha sendo atin- rios mínimos; 42% para os com renda entre 3 e 5
gido. Entrevistas telefônicas realizadas com 502 salários mínimos; e é de apenas 30% para os
usuários mostraram os bons resultados: 86% res- usuários com renda superior a 5 salários míni-
ponderam que aquele havia sido o primeiro com- mos» (Santos,2008:37).
putador de sua casa; 56% disseram pertencer à Mas ainda que apresente incontestáveis as-
classe C e 13%, à classe D; 81% responderam que pectos positivos, não é possível deixar de recordar
só pôde adquirir o equipamento por conta da fa- um risco real apresentado por este tipo de inicia-
cilidade de pagamento e 80% optou por parcelar tivas quando aplicadas a nações de grandes con-
a compra em 24 meses. trastes sociais como o Brasil. Em situações deste
Outro braço do programa governamental de tipo, é bem possível que, para alguns, a educação
inclusão digital foi a criação de Telecentros, uma digital chegue antes da educação tradicional. Es-
iniciativa que já vinha sendo utilizada com suces- te aspecto aparece em reportagem publicada pe-
so em países como o Canadá. Trata-se de espaços lo jornal O Estado de S. Paulo, de 13 de maio de
compostos por vários computadores interligados 2008. Baseada nos resultados de uma pesquisa
em rede local e conectados à internet, destinados realizada pela Secretaria Municipal de Participa-
à oferta de cursos e treinamentos presenciais e à ção e Parceria que identificou que a maior parte
distância, informações e serviços. Ou seja, foram dos usuários dos Telecentros da capital abando-
251
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 252
nou os estudos antes de completar o primeiro ci- estão instalados apenas em computadores resi-
clo de formação escolar, a matéria deixa claro que denciais, e, já se sabe, tal medida não é bem re-
a «inclusão digital tem chegado à frente do aces- presentativa, pois grande parte da audiência na
so à educação básica para os moradores de São web ocorre no trabalho. Algumas projeções, que
Paulo». levaram em conta os acessos à internet em resi-
Realizado em 53 Telecentros, o levantamento dências, no trabalho, em escolas, cybercafés, bi-
indicou que 12% dos cerca de 200 mil usuários bliotecas, etc, apontavam a uma quantidade
entrevistados não possuem nenhuma escolari- aproximada de 40 milhões de usuários da web no
dade e 43% não concluíram o ensino fundamen- Brasil no final de 2007 (IBOPE, 2008). De todas as
tal. Do total, 72% não haviam concluído o ensino formas, como este estudo está enfocado no uso
médio. Os especialistas ouvidos pela reportagem por parte de crianças e adolescentes –e isto se
argumentam que o fato de terem nascidos co- centra no uso doméstico– as estatísticas do Ibo-
nectados à internet faz do computador uma for- pe NetRatings permitem vislumbrar um panora-
ma de comunicação mais atrativa do que a fre- ma dessa relação entre os jovens e a rede mun-
qüência escolar, também pelo fato de que os dial de computadores.
ícones utilizados na comunicação digital sejam Segundo dados desse instituto divulgados à
mais compreensíveis para uma pessoa com baixo imprensa em março de 2008, o número de inter-
nível de escolaridade do que a linguagem escrita. nautas residenciais ativos era de cerca de 22,7 mi-
Segundo o diretor executivo da Rede de Informa- lhões, volume 40% superior ao de um ano antes
ção Tecnológica Latino Americana (Ritla), Jorge (IBOPE, 2008). O tempo médio de uso mensal era
Werthein, um dos ouvidos pela reportagem, o mais alto do mundo entre os países monitora-
aproximar a tecnologia aos índices de escolarida- dos pelo Ibope NetRatings: 23 horas e 51 minutos
de é a única maneira de fazer jus ao termo inclu- em média. Esses índices foram os mais altos até
são digital. De acordo com ele, «o uso da internet então registrados pelo instituto desde quando as
precisa ser revertido em produção de conheci- medições foram iniciadas no ano 2000. Um dado
mento. Isso só é possível se o acesso à escolarida- relevante divulgado na ocasião mostrava que, en-
de acompanhar o processo de inclusão digital. tre as causas do rápido crescimento do uso da in-
Caso contrário, a internet torna-se apenas instru- ternet nas residências, estava uma preocupação
mento de diversão, para jogar, trocar e-mails ou dos pais em oferecer acesso à web em casa para
acessar sites de relacionamentos» (O ESTADO DE seus filhos. Alexandre Sanches Magalhães, ge-
S. PAULO, 2008). O governo de São Paulo estuda a rente de análises do Ibope NetRatings, comenta:
possibilidade de que aproveitar o ambiente dos «Os pais acreditam que a internet dará uma vida
Telecentros para oferecer cursos preparatórios melhor para seus filhos, por isso não poupam es-
para que estes usuários possam retornar aos es- forços para obter o acesso residencial e os filhos
tudos. querem ser iguais a seus pares, ou seja, poder che-
gar na escola ou na rua e dizer que têm internet
3.3.2.2. Uso da Internet em casa»27
As estatísticas de uso no Brasil não são muito A conclusão a que se pode chegar é a de que o
precisas do ponto de vista quantitativo, pois o volume de crianças utilizando a internet em casa
principal instituto de medição de audiência, o atinge um volume bem expressivo.
Ibope NetRatings, não contabiliza o uso da inter- Por esses motivos, essas novas gerações digi-
net nos ambientes profissionais. Seus medidores tais já crescem habituadas a manusear computa-
252
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 253
dores com acesso à internet. Os usos mais co- 90% das denúncias de pedofilia no Brasil tinham
muns são os acessos a sites de comunidades e relação com o Orkut (UOL, 2008, 1). A constatação
para conversar com colegas através dos mais po- desses problemas ganhou repercussão na socie-
pulares comunicadores instantâneos de mensa- dade graças à atuação de ONGs que procuram
gens. De fato, a internet não é, para os jovens no orientar as famílias. Uma delas, a já citada Safer-
Brasil, apenas um instrumento de acesso a con- net, tem como objetivo, conforme consta em sua
teúdos, mas é também um canal de relaciona- página web: «Promover o uso seguro das Tecnolo-
mento que cresce continuamente em relevância. gias da Informação e Comunicação, e criar as con-
Fazer parte de comunidades e acessar blogs é dições necessárias para garantir a efetiva proteção
práticas usuais entre os jovens no Brasil. Contri- dos Direitos Humanos na Sociedade da Informa-
buiu para isso um aspecto cultural e comporta- ção, além de contribuir para uma cultura de res-
mental dos brasileiros, cujas características se ponsabilidade e habilitar crianças, jovens e adultos
encaixam perfeitamente aos propósitos das re- para construírem relações sociais saudáveis e se-
des sociais: é próprio da cultura brasileira o tem- guras através do uso adequado das tecnologias»28
peramento aberto e amigável, que somado ao Para isso, entre vários serviços, a ONG oferece,
crescente acesso da sociedade à internet, faz com em sua página web, um espaço para que qual-
que o uso de redes sociais e a formação de comu- quer um denuncie a prática de crimes na inter-
nidades on-line sejam extremamente populares. net. Além disso, disponibilizam numerosos ca-
A rede social mais comum no país –a rede Orkut, nais de informação e orientação às famílias
aumentou graças à web brasileira, principalmen- (SAFERNET: 2008, 2).
te a partir de 2004. Em 2007 tinha aproximada- Vale também mencionar o trabalho de cons-
mente 7,5 milhões de usuários registrados no cientização disponível no site www.protejaseus-
Brasil. De acordo com a empresa, o percentual de filhos.com.br, cuja página web oferece uma série
usuários brasileiros do Orkut chegava a 53,91% de orientações aos pais a respeito do uso das no-
em maio de 2008 (Google, 2008 e The Economist, vas tecnologias, além de referências legais que
2007). Não à toa, após ter sido criado em língua permitem assegurar a proteção da criança. Outra
inglesa, a língua portuguesa (com pronuncia bra- instituição com atuação similar no Brasil é a
sileira) foi a segunda para a qual foi traduzida a Childhood –Instituto WCF– Brasil, promovida pela
página do Orkut. Rainha Silvia, da Suécia. Um de seus trabalhos
O fenômeno Orkut, de fato, representou uma elaborados, no entanto, é uma cartilha intitulada
revolução no modo como os jovens se comuni- Navegar com Segurança, dirigida a pais de família
cam no país. Dentre o total de usuários do Orkut interessados receber orientações sobre o uso
no Brasil, 61,47% possuem idade entre 18 e 25 adequado da Internet por crianças e adolescen-
anos. Muitos deles deixaram de usar os tradicio- tes. A cartilha traz informações sobre o modo co-
nais e-mails, substituindo-os pelas páginas de re- mo funciona a internet, ensina como evitar o
cados desta rede social como meio de comunicar- acesso a conteúdos de pornografia infantil e
se com os colegas. Mas essa febre trouxe consigo também os riscos de envolvimento com adultos
uma série de problemas. Como é amplamente sa- mal intencionados que atuam no mundo virtual.
bido que a rede é muito usada por crianças e ado- Outro dado relevante extraído das medições do
lescentes, o Orkut, como outras redes sociais, con- Ibope NetRatings é o tempo de navegação médio
verteu-se em um território altamente visado pela internet, que chega a quase uma hora por
pelos pedófilos. De acordo com a ONG Safernet, dia e que influi diretamente no comportamento
253
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 254
dos jovens. Numa exposição sobre a internet no beram o maior número de denúncias. Além disso,
Brasil, Juliasz (2008), comentou que, dentre as um Conselho de Acompanhamento da Progra-
principais marcas comportamentais dos jovens mação, composto por integrantes das organiza-
que usam a internet no Brasil, podem ser citadas ções que apóiam a campanha, emite pareceres
a dificuldade em manter o foco em apenas uma julgando os comentários enviados pelo público,
tarefa, são fragmentados, crescem num universo que também estão disponíveis na página web.
multifacetado e estão habituados a ter acesso
sempre gratuito às informações. 3.3.2.4. Marco legal da mídia e da proteção
do menor
3.3.2.3. A televisão no Brasil e a proteção Em julho de 1990, quase coincidindo com o perío-
da juventude do de popularização das novas tecnologias digi-
Uma das iniciativas recentes mais marcantes no tais, o governo federal promulgou uma lei que
campo da proteção da juventude ante os abusos criou o Estatuto da Criança e do Adolescente
da televisão, e que conta com apoio de parlamen- (ECA), um instrumento jurídico que visava prote-
tares da câmara federal, tem o nome de «Ética na ger a juventude –em concreto, jovens com idade
TV». Trata-se de um grupo misto, centralizado na inferior a 18 anos, idade na qual adquirem a
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câ- maioridade legal. O ECA se propõe a definir os di-
mara dos Deputados, com o apoio de outras cinco reitos fundamentais da criança e do adolescente
organizações: o Conselho Federal de Psicologia no Brasil, incluindo uma série de garantias de li-
(CFP), o Fórum Paulista pela Ética na TV, Federa- berdades individuais, respeito à sua dignidade
ção Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação como pessoa humana, direitos à educação, convi-
Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e vência familiar, saúde, estabilidade familiar, etc.
a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplina- Atualmente, o Estatuto é o principal instru-
res da Comunicação (Intercom). mento legal de proteção do menor no Brasil, ser-
Uma de suas campanhas mais chamativas re- vindo como referência ao poder público em suas
cebeu o nome de «Quem Financia a Baixaria é políticas de proteção e desenvolvimento integral
Contra a Cidadania», que tinha como objetivo de- da juventude. Além de uma série de garantias já
nunciar, por meio de sua página web, programas mencionadas, também abrange todos os casos
de televisão que, pelos seus conteúdos, feriam os de proteção aos menores nos meios de comuni-
direitos humanos. O argumento principal da cação de massa. Todo tipo de descumprimento
campanha é a idéia que as emissoras de televisão dos direitos fundamentais da criança e do ado-
são concessões para o exercício de um serviço pú- lescente na mídia pode ser enquadrado criminal-
blico, e que, portanto, devem atuar no sentido de mente como um desrespeito à legislação contida
construir valores cidadãos. Desse modo, caso a no estatuto. Em concreto, o artigo de número 240
sociedade constate que determinados progra- do estatuto detalha as penas legais para casos de
mas ferem esse princípio fundamental, devem pornografia infantil em obras teatrais, cinemato-
manifestar-se contrariamente a eles. Em sua pá- gráficas, televisivas, fotográficas, ou qualquer ou-
gina web foi criado um espaço para facilitar o en- tro meio visual. O artigo seguinte, de número 241,
vio deste tipo de informações e desde 2002, ano especifica as penas em casos similares na rede
de início da campanha, já havia recebido mais de mundial de computadores, a internet.
32 mil manifestações do público. Baseado nestes Em outra frente, mais relacionada à proteção
dados, os responsáveis pela campanha passaram da criança e do adolescente no uso da televisão e
a divulgar regularmente os chamados «rankings nos espetáculos públicos, o Governo Federal,
da baixaria», com a lista dos programas que rece- atendendo às crescentes manifestações da socie-
254
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 255
dade no sentido de se controlar abusos das emis- grama do ar. A análise das faixas etárias reco-
soras de televisão aberta, tem adotado, nos últi- mendadas é realizada pelo Departamento de Jus-
mos anos, novas ações. Em setembro de 2000, o tiça, Classificação, Títulos e Qualificação (Dejus),
Ministério da Justiça publicou a portaria 796/00, mas qualquer cidadão passou a ter a prerrogativa
com base no artigo 21 da Constituição, estabele- de manifestar sua contrariedade a algum deter-
cendo padrões de classificação indicativos por minado programa considerado ofensivo, tanto
idade nos espetáculos de diversão pública, na te- por meio do próprio Ministério da Justiça quanto
levisão e no rádio. A partir de então, a programa- pelo Ministério Público.
ção passou a ser previamente classificados por O modelo de classificação indicativa não inclui
uma comissão do ministério, que seria responsá- os programas jornalísticos, esportivos e eleito-
vel por indicar a faixa etária mais adequada do rais, as propagandas comerciais e publicitárias e
público ao qual se destina. As novas normas pas- os programas exibidos ao vivo. Mas, no caso des-
saram a vigorar e muitos programas tiveram que tes últimos, estavam passíveis de ser classifica-
mudar seu horário de exibição, passando para dos caso fossem constatadas reiteradas inade-
horários mais adequados. quações ao horário de exibição. Por fim, ficou
Em 2007 uma nova portaria, a de número também estipulado que as Normas do Ministério
264/07, trouxe atualizações à classificação indi- da Justiça não incluiriam os programas da televi-
cativa. A formativa estabeleceu que, das 6 e às 20 são a cabo, por tratar-se de um tipo diferente de
horas, somente programas com classificação li- serviço.
vre poderiam ser exibidos. Das 20 às 23 horas, o Durante um período de três anos antes da por-
intervalo passou a ser chamado de «horário de taria ser editada, foram ouvidas cerca de 100 mil
proteção da criança e do adolescente», e os pro- pessoas durante o processo de consulta pública
gramas teriam que exibir, durante cinco segun- das medidas. Nesse total estavam incluídos pais,
dos antes de seu início, a idade mínima indicada professores, órgãos ligados às emissoras, univer-
para sua assistência, que poderia ser de 10, 12, 14, sidades, entidades públicas, estudantes, etc.
16 ou 18 anos. Também deveriam apontar que ti-
pos de conteúdos seriam apresentados, como ce- 3.3.3. Conclusões
nas de violência, sexo velado ou explícito, consu-
mo de drogas, entre outros. Além disso, as A presente exposição, longe de esgotar os nume-
emissoras teriam a possibilidade de, por conta rosos aspectos sociais, culturais e educacionais
própria, realizar uma auto-classificação dos pro- que compõem a complexa realidade de um país
gramas antes de submetê-los à avaliação do Mi- com as dimensões do Brasil, permite vislumbrar
nistério da Justiça. um panorama geral da situação da juventude no
Outra novidade foi a obrigatória adequação da Brasil e suas relações com os novos meios de co-
programação ao fuso horário local. Esse ajuste foi municação. O artigo mostra como o país, ainda
necessário porque determinados programas libe- que apresente um ritmo de crescimento econô-
rados com restrições de idade para exibição às 21 mico gradual, ainda é marcado por uma clara má
horas, por exemplo, numa parte do país, eram exi- distribuição da renda, que restringe o acesso dos
bidos às 18 horas em outras com fuso horário dis- benefícios sociais a uma parcela limitada da po-
tinto. A portaria do ano 2000 não levou em conta pulação. O acesso, por exemplo, à educação de
esse detalhe. qualidade é desigual, e uma parcela considerável
As sanções às emissoras que não respeitam na enorme massa de jovens no país vive em con-
essas normas variam da simples advertência, po- dições de vida pouco dignas. Mesmo assim, essas
dendo chegar a uma multa ou à retirada do pro- novas gerações vão se constituindo em grandes
255
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 256
29. Capítulo elaborado por Pedro Hepp Kuschel. Ministério da Educação, Governo do Chile.
30. SIMCE (http://www.simce.cl) é o sistema nacional de medição de resultados de aprendizagem do Ministério da Edu-
cação do Chile. Seu propósito é contribuir par melhorar a qualidade e equidade da educação, informando sobre o desempe-
nho dos estudantes em diferentes áreas do currículo nacional, e relacionando-os com o contexto escolar e social em que eles
aprendem. As provas SIMCE são aplicadas a nível nacional, uma vez por ano, aos estudantes de um determinado nível educa-
cional. Além das provas associadas ao currículo, o SIMCE também reúne informação sobre professores, estudantes, pais e tu-
tores através de questionários.
31. PSU: Provas de Seleção Universitária. Instrumentos de avaliação educacional que medem a capacidade de raciocínio
dos postulantes que terminaram o Ensino Médio, através dos conteúdos do Plano de Formação Geral de Linguagem e Comu-
nicação, de Matemática, História e Ciências Sociais e de Ciências, que inclui Biologia, Física e Química.
256
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 257
32. http://www.consejoeducacion.cl/
33. http://www.cnormativa.uchile.cl/ley18962.html
257
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 258
Chile deve se enfrentar agora com maior decisão o 3.4.1.2. O desafio da qualidade
desafio da equidade na educação. Um passo impor- A respeito da cobertura educacional, o Chile conse-
tante será concentrar estes esforços nos setores guiu resolver bem essa questão: quase todas as
mais vulneráveis do país, os que, a julgar pelos re- crianças freqüentam a educação básica e mais de
sultados da prova SIMCE, recebem, com muita dife- 90% freqüentam a educação fundamental. O gran-
rença, a pior educação do país. de desafio consiste em melhorar a qualidade da
educação, esforço que se iniciou com a reforma
3.4.1.1. Estrutura do sistema educacional educacional na passada década (Cox, 2003; OECD:
chileno34 2004, cfr.). Os resultados de provas internacionais
A organização do sistema escolar chileno é descen- demonstram que o Chile tem uma boa posição
tralizada. Os estabelecimentos de ensino do país dentro da Ibero-América, mas que está longe dos
são administrados por municípios ou por entidades níveis de qualidade dos países desenvolvidos.
mantenedoras privadas. Na prova PISA (Program for Internacional Stu-
O sistema está formado por estabelecimentos dent Assessment)*, realizado cada três anos, a
subvencionados (municipais e particulares), parti- OECD procura determinar se os adolescentes de 15
culares pagos e corporações de administração dele- anos possuem habilidades em leitura, matemática
gada. Todos eles atendem a estudantes dos níveis e ciências, tão necessárias no mundo moderno. A
de educação primária, fundamental e média. última prova do PISA foi aplicada em 2006. Embora
Na educação superior, existem universidades es- a média nacional do Chile tenha aumentado 33
tatais autônomas, universidades particulares esta- pontos com relação à prova de 2000, ainda man-
belecidas antes de 1980 que recebem recursos es- tém uma grande distância com a capacidade de lei-
tatais, e universidades, institutos profissionais e tura de países desenvolvidos.
estabelecimentos de formação técnica particula- Na prova do PISA, os estudantes que consegui-
res, criados depois de 1980, que têm uma forma re- rem alcançar as categorias 4 e 5 estão preparados
duzida de recursos estatais. Somente as universida- para enfrentar as exigências do mundo moderno.
des concedem títulos profissionais e graus 54,4% dos estudantes da Coréia estão dentro dessa
acadêmicos. Os estabelecimentos de ensino médio categoria. No Chile, são apenas 14,5% dos alunos. A
profissionalizantes são particulares e têm poderes categoria 1 corresponde a uma muito baixa com-
para ministrar cursos profissionais e técnicos, mas preensão da leitura. 4,8% dos estudantes da Finlân-
não podem oferecer cursos que são exclusivamen- dia estão nesse nível ou em níveis inferiores a este.
te de nível universitário. Os estabelecimentos de No Chile, 36,3% dos estudantes de 15 anos estão
formação técnica, por sua vez, somente podem ofe- situados nessas categorias, o que significa que não
recer cursos técnicos com duração normal de dois entendem ou entendem precariamente o que es-
ou três anos, concedendo o título de técnico. tão lendo.
O sistema de financiamento da educação básica Em 1998, o Chile participou no Terceiro Estudo In-
e fundamental está baseado no subsídio educacio- ternacional sobre o Nível Leitor de Adultos –IALS–
nal (voucher) por estudante. O subsídio é pago aos realizado pela OECD. O objetivo deste estudo era
mantenedores municipais e particulares subven- determinar se os cidadãos são capazes de entender
cionados, de acordo com a média mensal de fre- e aplicar a informação escrita para resolver proble-
qüência dos estudantes. Este subsídio é um forte mas cotidianos, para enfrentar problemas no traba-
incentivo para captar mais estudantes e mantê-los lho e também para estudar e desenvolver seus co-
matriculados (González:2003, cfr.). nhecimentos através da leitura.
34. http://www.mineduc.cl
258
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 259
Os resultados constatam a brecha de qualidade mente, a agenda tem como objetivo «contribuir pa-
entre o Chile e os países desenvolvidos: 85% dos ra o desenvolvimento econômico e social do país
chilenos entre 16 e 65 anos estão dentro das cate- através do potencial oferecido pelo uso das tecno-
gorias 1 e 2, o que significa que não entendem o que logias de informação e comunicação com o fim de
estão lendo ou somente são capazes de responder melhorar a qualidade da educação, aumentar a
perguntas diretas sobre textos simples. 13% estão transparência, a produtividade e a competitividade,
situados na categoria 3, que é o nível mínimo para conseguir melhor gestão através da maior partici-
enfrentar as exigências da vida e do trabalho. pação e compromisso cidadão».35
Apenas 2% da população adulta chilena alcan- Entre os objetivos específicos no âmbito educa-
çou as categorias 4 e 5, que significa que podem in- cional da agenda, abordam-se aspectos de infra-es-
tegrar conhecimentos e elaborar respostas pró- trutura, de recursos humanos e curriculares: «O
prias a partir da leitura de diversos textos. Os país contará com uma infra-estrutura digital de
profissionais chilenos com educação universitária qualidade para apoiar o processo educacional.
completa têm menor capacidade de leitura do que Os professores e estudantes terão as compe-
os suecos com educação média completa. tências digitais necessárias para garantir uma
O Chile ocupou o último lugar entre os 20 países aprendizagem de qualidade. O sistema educacio-
que se submeteram a este estudo. nal contará com conteúdos pedagógicos e mode-
Em 1999 participou da prova internacional TIMSS los de uso de incluem as TIC. O sistema educacio-
(Third International Mathematics and Science Stu- nal incluirá as TIC em seus processos de gestão. O
dy) que mede a compreensão em matemática e país contará com oferta de serviços e conteúdos
ciências de estudantes de oitava série da educação públicos e particulares disponíveis na rede, perti-
básica. Do total de 38 países, o Chile ocupou o 35º nentes e adequados às necessidades do processo
lugar na classificação, ficando na frente apenas de educacional».
Filipinas, Marrocos e África do Sul. Em matemática,
Singapura obteve 604 pontos. A média dos 38 paí- 3.4.2.2. O Programa Enlaces do Ministério
ses foi de 487 pontos. Os estudantes chilenos obti- da Educação
veram apenas 392 pontos, quer dizer, 95 menos do No início dos anos 90, com o retorno do Chile à de-
que a média. Em ciências, Taiwan obteve a maior mocracia, o país introduziu uma importante refor-
pontuação, que chegou a 569 pontos. A média foi ma educacional (Cox e Lemaitre: 1999). No contexto
de 488, e o Chile obteve 420 pontos. desta reforma educacional, surgiu o Programa En-
laces (Hepp: 2003), inicialmente concebido como
3.4.2. Cenário local das tecnologias digitais uma aposta experimental em torno de redes de
pessoas apoiadas por tecnologias, a usos pedagógi-
3.4.2.1. A Agenda Digital chilena cos dentro e fora da sala de aula e a usos adminis-
O Governo do Chile, no contexto do programa de trativos da tecnologia. Em 1993 esta iniciativa co-
modernização do Estado e dos setores produtivos, meçou a se expandir, buscando ser um programa
acordou a denominada Agenda Digital para os de nível nacional. Desde o início o Programa Enla-
anos 2007-2012, construída com contribuições de ces aproveitou as experiências internacionais em
um amplo e representativo setor do país. Em sua informática educacional, especialmente as da Cos-
declaração inicial, a Agenda Digital atribui uma alta ta Rica (Fonseca: 1991; Zea: 2000) e outras (Dwyer:
prioridade à inclusão das tecnologias digitais em 1994), e estabeleceu importantes alianças com os
todos os âmbitos do programa nacional. Efetiva- responsáveis pelas políticas de tecnologias digitais
35. http://www.agendadigital.cl/
259
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 260
de outros países como, por exemplo, o projeto Co- meiro passo para integrar as tecnologias no siste-
nexões, da Colômbia.36 ma educacional, reconhecendo que ainda há um
Depois de mais de 15 anos de aplicação do Pro- longo caminho que percorrer para que os professo-
grama Enlaces, conseguiu-se que mais de 96% res consigam uma verdadeira apropriação das tec-
dos matriculados nas escolas tenham acesso às nologias digitais.
tecnologias digitais e mais de 85% dos professo- A «segunda parte» do Enlaces, iniciado no início
res tenham participado de cursos de capacitação desta década, embora procure continuar avançan-
para usos pedagógicos e administrativos destas do com intensidade em infra-estruturas, reconhe-
tecnologias. ce como eixo central da política a qualidade da uti-
Atualmente, a taxa no Chile é de 29 estudantes lização, especialmente para conseguir que os
por computador e a intenção é que essa taxa seja professores possam tomar decisões sobre o uso da
de 10 estudantes por computador nos próximos tecnologia em sala de aula, integrando-a em suas
dois anos. Mais de 60% dos estabelecimentos de práticas diárias e considerando estas ferramentas
ensino têm internet e uma grande parte deles, cer- como elementos normais e diários em suas tarefas
ca de 50%, possui banda larga. As escolas partici- administrativas.
pantes do Programa Enlaces abriram suas portas às Um dos principais objetivos do Programa Enlaces
suas comunidades oferecendo cursos de alfabeti- continua sendo demonstrar que as tecnologias di-
zação digital aos pais, tutores e outras pessoas da gitais causam um impacto positivo na aprendiza-
própria comunidade. Hoje em dia, mais de 250 mil gem formal, ou seja, na aprendizagem estabelecida
pessoas foram alfabetizadas digitalmente. no currículo nacional. Dão atenção especial à lin-
Além destes avanços em infra-estrutura e capa- guagem, matemática e ciências, pois estas são as
citação de professores, o Programa Enlaces estru- matérias em que o Chile mostra graves deficiên-
turou uma rede de assistência técnica em todo o cias, especialmente nos setores pobres, e são os que
país, com base nas universidades regionais. Hoje regularmente são medidos em provas nacionais e
em dia, mais de 20 estabelecimentos de ensino internacionais. Neste sentido, na última década o
superior atendem as escolas em aspectos de ins- Programa Enlaces convocou diversas entidades de
talação e manutenção das infra-estruturas tecno- pesquisa para trabalhar em modelos de uso peda-
lógicas, bem como de capacitação de professores gógico das tecnologias em sala de aula.38 Atual-
e dirigentes. mente conta com algumas experiências de sucesso
Outra iniciativa de destaque da política chilena é em pequena escala, portanto o desafio principal
o portal educacional Educarchile,37 que faz parte da consiste em difundir estas experiências de sucesso
rede latino-americana de portais RELPE e represen- em mais escolas. A difusão e aumento na escala
ta o eixo central dos esforços do Ministério da Edu- são, hoje em dia, as preocupações centrais do pro-
cação por tornar relevante para os professores a grama Enlaces.
tecnologia digital. O Educarchile representou uma Como resultado deste longo e sistemático proces-
referência nacional sobre conteúdos digitais para a so de inclusão das tecnologias no sistema educacio-
educação e possui uma crescente base de usuários, nal chileno, e dos numerosos recursos investidos no
professores, pesquisadores e estudantes. mesmo, atualmente professores, estudantes e tuto-
O que citamos anteriormente constituiu a «pri- res estão aproveitando as TIC em suas tarefas de ro-
meira parte» do Programa Enlaces, pois foi o pri- tina. Possivelmente este é o impacto mais relevante
260
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 261
de longo prazo do Programa Enlaces: a inserção das Entretanto, também é verdade que estes esfor-
tecnologias digitais de forma irreversível na cultura ços não dão conta das importantes mudanças havi-
escolar chilena. Se no início da década de 1990 a per- das no uso destas tecnologias pelos jovens. Estas
gunta mais freqüente dos professores era «Para quê mudanças iniciaram uma nova brecha digital, des-
ter computadores nas escolas?», hoje em dia a per- ta vez de gerações, distanciando jovens e adultos
gunta é «Como posso usá-los mais eficazmente no no que se refere ao uso da tecnologia. Percebe-se
meu trabalho profissional específico?». Esta pergun- este fenômeno cada vez com maior intensidade na
ta surtiu um importante impacto nas políticas, por- juventude chilena, exercendo um forte efeito nas
que embora as primeiras aproximações do uso formas em que os jovens escolhem para estar infor-
eram generalistas (usar redes, aplicações de produ- mados, aprender e comunicar-se usando as TIC.
tividade, programas informáticos educacionais em As pesquisas realizadas pelo Programa Enlaces sa-
geral), hoje em dia o professor procura respostas lientam que mais de 60% dos estudantes chilenos
concretas às especificidades de sua aula e de seus têm um celular e, embora sejam mais numerosos na
alunos. classe socioeconômica alta, a penetração nas classes
Os depoimentos reunidos nas visitas às escolas média e baixa é rápida. Não nos arriscamos em dizer
demonstram uma grande variedade e criatividade que dentro de alguns anos a grande maioria dos jo-
no uso das tecnologias digitais. vens chilenos terá em seus bolsos uma máquina –
Como instrumento de equidade, é particular- hoje chamada de «celular» – que,além de um grande
mente interessante o uso que se faz das TIC em al- poder de comunicação, terá uma fascinante capaci-
gumas escolas da periferia das cidades e de esco- dade de processamento de informação.
las rurais com população vulnerável ou ainda com É bastante provável que os estudantes de 2010
algum componente étnico, que normalmente não (ano do bicentenário chileno), independentemente
usa este tipo de tecnologia. Dentro destes contex- de seu nível socioeconômico, tenham poderosos
tos, estudantes e professores contaram com no- computadores de bolso.
vas ferramentas de comunicação (como comuni- A pergunta consiste se a escola, os professores e
cação via internet com estudantes de outras os tutores estão preparados para isso.
escolas chilenas e do mundo, preparação de aulas
com material obtido da internet, e-learning), além 3.4.3. Mapa de problemas e desafios
de ampliar as formas de aprender e de participar educacionais
( jornais escolares digitais, clubes de robótica,
apresentações digitais de projetos de estudantes, Embora o Chile conte com uma sólida «primeira
competências digitais nacionais, etc.). Estes de- parte» de infra-estruturas e de professores capaci-
poimentos ainda são experiências isoladas e não tados no uso pedagógico e administrativo das tec-
constituem a norma, mas sugerem o que pode nologias digitais, ainda falta um longo caminho por
acontecer em muitas escolas onde existe um am- percorrer para obter usos efetivos desta tecnologia
biente de aprendizagem que possa ser percebido na aprendizagem e na administração escolar efi-
como importante e atraente pelos estudantes, e ciente.
como interessante para a prática profissional dos Como já foi mencionado, as políticas chilenas
professores. procuram dar uso mais efetivo e maior impacto na
Em resumo, podemos dizer que os esforços em aprendizagem formal ou curricular destas tecnolo-
infra-estruturas e capacitação de professores do gias, ou seja, as que são anualmente medidas pela
Programa Enlaces colocaram o Chile relativamente prova nacional SIMCE – Linguagem, Matemática e
bem entre os países em desenvolvimento, embora Ciências – e que demonstram o estancamento da
ainda longe dos países desenvolvidos. qualidade da educação chilena. Entretanto, as habi-
261
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 262
lidades demandadas para a vida no século XXI estão criativa e sem fronteiras, como são para as classes
sendo consideradas, de forma crescente, como um médias e altas.
eixo importante de preocupação da política Ou seja, diante da oportunidade, as crianças e jo-
/Hepp:2004, cfr.). vens pobres usam as TIC da mesma forma que crian-
Entre os principais desafios educacionais refe- ças e jovens de todo o mundo (Hepp:2003,cfr.).
rentes às tecnologias digitais estão os seguintes: Um aspecto que preocupa os professores é o rit-
mo das mudanças da tecnologia, bastante mais rá-
• Uso das tecnologias digitais em sala de aula para pida e menos previsível do que o ritmo que eles es-
melhorar a aprendizagem. As tecnologias da infor- tão acostumados no âmbito da educação.
mação e comunicação existem há quase duas dé- O mercado das tecnologias de informação e co-
cadas no sistema educacional chileno. municações (computadores, jogos, telefones celula-
O questionamento sobre a presença das TIC res, música digital, etc.) é altamente competitivo e
nas salas de aula deu lugar na década passada a move grandes capitais. Por isso estão constante-
perguntas sobre sua utilização efetiva no currícu- mente sendo lançados no mercado novos produtos
lo e no desenvolvimento de novas habilidades passíveis de serem utilizados nas escolas e que po-
nos jovens relacionadas com informação e comu- deriam ter um caráter «educacional». A alta veloci-
nicação, com o fim de prepará-los melhor para a dade destas inovações permite predizer que as mu-
emergente sociedade do conhecimento. Apesar danças tecnológicas nas próximas duas décadas
dos esforços em infra-estrutura, os estudos indi- serão maiores e mais rápidas que em todo o século
cam que a maioria dos professores continua sem passado. Nesse ritmo atual, em 2012 os telefones ce-
utilizar a TIC em suas atividades docentes diárias. lulares comuns terão a capacidade de um bom com-
Embora existam casos isolados que demonstrem putador de hoje em dia: uma poderosa máquina de
que o uso em sala de aula é viável para o profes- processamento de informação, de comunicação, de
sor chileno, eles ainda não são uma realidade ge- música e entretenimento no bolso dos jovens, ricos
neralizada nas escolas do país. O uso regular e em e pobres. Surgem então perguntas muito válidas pe-
massa das TIC pelos professores continua sendo los professores tais como: Qual o valor educacional
um desafio para as políticas públicas. As razões disso e que vale a pena provar em minhas aulas?
para as baixas taxas de uso são múltiplas e bas- Existem modelos de usos educacionais?
tante conhecidas: escassa preparação dos profes- Em que contextos foram provados? Como inte-
sores em estabelecimentos de formação docen- grá-los ao trabalho em minha disciplina e com
te; insuficiente tempo para conhecer e praticar os meus alunos? São mais efetivos para a aprendiza-
programas informáticos de uso pedagógico; pou- gem do que outros métodos?
cos modelos de uso em sala de aula; baixa confia- Diversos portais educacionais tentam encontrar
bilidade do equipamento, entre outros. (Earle: respostas para estas perguntas.39
2002; Venezky:2002; Zhao:2002,cfr.). Porém, tam- O grande desafio atual é ativar as TIC como ins-
bém existem evidências positivas do uso das TIC trumentos de aprendizagem a grande escala, de
nas escolas, que parecem aumentar à medida forma que possam ser incluídos no âmbito das po-
que os professores jovens – nativos do mundo di- líticas educacionais.
gital – vão fazendo parte das equipes educativas. Segundo Cuban (2001, cfr.), menos de 5% dos pro-
O uso das TIC é especialmente interessante nas fessores mudam a prática docente por causa das
escolas onde o nível socioeconômico é baixo e que TIC – somente a integram na prática atual – o que
a utilização destas tecnologias é também nova, ocorre também nas universidades. Resumindo, não
39. BECTA:http://www.becta.org.uk/
262
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 263
houve impacto educacional significativo, a escala, vo); deve tentar ocupar os alunos durante todo o
ao introduzir as TIC nos sistemas escolares. período da aula e não somente os minutos que
Diversos estudos indicam que a atitude, habilida- considerar pedagogicamente útil, etc. Finalmente, é
des e preparação dos professores são fundamen- usual que perceba que seus alunos têm maiores
tais para o rendimento educacional. Por exemplo, destrezas que ele ou ela com as TIC. Tudo isso faz
um estudo em 26 países revelou que «a carência de com que o uso da sala de informática provoque in-
habilidades e conhecimentos das TIC pelos profes- timidação e represente um grande esforço para
sores» e «a dificuldade de integrar as TIC no curricu- muitos professores.
lum vitae» estão entre as três primeiras razões que Uma alternativa comprovada em diversos países
explicam a falta de efetividade das TIC na aprendi- e que atualmente o programa Enlaces proporciona
zagem (Loveles:2002; Zhao: 2002). é a de integrar gradualmente as tecnologias digi-
Resumindo, as TIC ainda não conseguiram se vali- tais em sala de aula a partir de situações mais co-
dar como ferramentas importantes em torno da nhecidas e confortáveis para os professores. Exem-
aprendizagem formal escolar. As promessas de mu- plo: um projetor e um lap top ou uma lousa digital.
danças rápidas e radicais na educação com as TIC O ideal é que o professor seja proprietário do lap
foram estimulantes para os planejadores políticos, top, podendo utilizá-lo tanto para assuntos pes-
mas chocaram com a realidade das escolas e de sua soais como para preparar sus aulas.
comunidade, cultura e tradições. Neste esquema de evolução, o objetivo é que o
Alguns países que já experimentaram diferentes professor, baseado nas necessidades pedagógicas
estratégias com TIC na educação adotam hoje em da classe e de seus alunos, decida quando, quanto e
dia enfoques evolutivos – a partir da sala de aula de como usar a tecnologia. No entanto, neste caso
hoje, do professor em exercício – sem tentar uma existe um importante desafio para a formação ini-
«revolução das práticas», mas sim uma transfor- cial dos docentes. Dos cursos de informática e do
mação gradual, com utilização progressiva das tec- uso de programas informáticos de produtividade,
nologias. de aprender sobre navegadores de internet e do
uso de portais educacionais, é necessário avançar
• O desafio das TIC na aprendizagem.A sala de aula em direção à formação das atitudes e habilidades
tradicional chilena é, muitas vezes, caracterizada mais suscetíveis de serem ensinadas com TIC e,
como de «aprendizagem frontal», isto é, com estu- além disso, conhecer modelos de uso de TIC para as
dantes sentados em fila diante de professores que matérias a aprender, saber como organizar a classe
transmitem conhecimento, controlam a disciplina, e como avaliar. Depois, é necessário que os profes-
os meios e a seqüência da aprendizagem. É tam- sores conheçam o significado das TIC para seus alu-
bém neste modelo de sala de aula que são forma- nos, especialmente se já contam com elas em casa
dos os professores das faculdades de educação. e se têm telefones celulares. Este conhecimento
A transição desta sala de aula tradicional, que é permitirá ao professor escolher e contextualizar
um ambiente conhecido e controlado pelo profes- muito melhor os recursos informáticos que colocar
sor chileno, para a sala de aula informática, implica à disposição de seus alunos.
para o professor uma mudança profissional, peda- Da mesma forma, é necessário que os professo-
gógica e organizacional de grande significado. res passem do uso das TIC para tarefas administra-
Na sala de aula informática, o professor possui tivas ao uso destas ferramentas para a gestão da
menor controle sobre seus alunos, sobre a discipli- aprendizagem de seus alunos.
na e a seqüência de conteúdos, devendo enfrentar-
se a prováveis dificuldades técnicas de hardware ou • Os jovens e as TIC. Uma questão que surgiu com
software (e preparar um plano de aulas alternati- força em países desenvolvidos é o uso das TIC pelos
263
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 264
jovens de hoje. Fala-se de uma nova brecha: a que Quanto a isso, o Chile explorou diversos cami-
ocorre entre os «nativos» do mundo digital (os jo- nhos alternativos, através de iniciativas junto com o
vens que integraram as TIC em suas vidas desde pe- setor privado como as da Intel (Teach to the
quenos) e os «imigrantes» (o resto das pessoas, nor- Future)40, Microsoft (Innovative Teachers)41, Oracle
malmente com mais de 30 anos). Alguns estudos (Think.Com)42 e outras. Entretanto, os novos estu-
indicam que os níveis de acesso e a qualidade de uso dantes de pedagogia já são «nativos» do mundo di-
em casa (e na rua) são superiores ao do colégio (BEC- gital, pois todos eles estudaram em escolas que
TA: 2003, cfr.). Dentro destes contextos, os jovens: possuíam tecnologias digitais graças ao Programa
Enlaces, portanto já contam com uma base de habi-
• Usam estratégias avançadas de aprendizagem lidades e conhecimentos muito superior às das ge-
(utilização de recursos, de decisões e resoluções rações anteriores de estudantes.
de conflitos em jogos). Espera-se, portanto, que estes novos profissio-
• Aprendem a manipular e selecionar a informa- nais necessitarão não só capacitações básicas de
ção (Internet). familiarização com a tecnologia digital, mas tam-
• Desenvolvem habilidades avançadas na utiliza- bém respostas pedagógicas específicas relaciona-
ção das TIC. das com o uso das TIC em suas futuras aulas, in-
• Desenvolvem novas formas de comunicação cluindo as especialidades.
entre si. É bem provável que, nos próximos anos, estas res-
postas sejam mais facilmente encontradas nas re-
• Formação inicial de docentes. Hoje em dia, salvo des de profissionais que utilizam a internet do que
algumas exceções, as faculdades de educação chi- nas faculdades de educação.
lenas têm um fraco vínculo com a realidade escolar,
que incluiu tecnologias digitais há quase vinte • Capacitação de professores. Embora mais de 85%
anos em todo o sistema educacional. dos professores chilenos em exercício recebessem
Por isso, a maioria dos professores em exercício capacitação básica para o uso das tecnologias digi-
foram capacitados fora das universidades para ob- tais e cerca de 70% deles possuem computador
ter as competências mínimas. Este parece ser um pessoal em casa, ainda resta um longo caminho
desafio em muitos países em vias de desenvolvi- por percorrer para que os professores apliquem, de
mento e representa uma carga pesada para os mi- maneira eficaz, a infra-estrutura disponível nas sa-
nistérios de educação, que devem preparar os pro- las de aula. Um aspecto favorável é que, de acordo
fessores que estão exercendo em suas próprias com uma pesquisa realizada recentemente aos
escolas. Em muitas faculdades de educação há la- professores chilenos, de todos os programas que o
boratórios de computadores e algumas disciplinas Ministério da Educação oferece, o Programa Enla-
básicas de uso de tecnologias digitais, mas não ces é o que obtém a mais alta valoração.
existe uma inclusão integral e transversal nas disci- Este fato indica que existe uma boa base para traba-
plinas. Os escassos projetos de pesquisa das facul- lhar com os professores,a tecnologia é bem aceita nas
dades de educação financiados pelo sistema nacio- escolas e, na verdade, com o programa Enlaces perce-
nal de pesquisa (Conicyt) expõem a ampla brecha beu-se um aumento na demanda de mais computa-
entre a formação dos docentes e a realidade que es- dores,projetores,lousas digitais,software educacional
tes enfrentam em seus futuros trabalhos. e capacitação em usos pedagógicos nas disciplinas.
40. http://www.intel.com/education/
41. http://www.microsoft.com/Education/
42. http://www.think.com
264
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 265
• Cobertura e participação do mundo rural. O pro- grama Enlaces, pioneiro em programas de especia-
grama Enlaces teve, desde o princípio, um caráter lização e pós-graduação em informática educacio-
regional. Embora seus primeiros passos fossem na nal e principal centro de geração de políticas sobre
capital, Santiago, a expansão e maturidade foi exe- tecnologias educacionais da década passada. Po-
cutada nas regiões, sendo Temuco, na região de La rém, outros importantes centros de reflexão nacio-
Araucanía, seu principal centro de operações. nal surgiram para enriquecer o trabalho informáti-
Foi aí onde se criou o Instituto de Informática co nacional. Vale destacar o centro Comenius, da
Educativa, sede da Coordenadoria Nacional de En- Universidade de Santiago do Chile, que hoje em dia
laces em seus primeiros dez anos de vida. é a principal referência nacional no uso das tecno-
As escolas rurais chilenas, que são mais de 3.000, logias digitais aplicadas à matemática, e o Eduin-
foram as que mais demoraram para incluir as tec- nova, da Pontifícia Universidade Católica do Chile,
nologias digitais. Os motivos são basicamente as centro de pesquisa sobre tecnologias móveis em
distâncias das cidades e, às vezes, as dificuldades de sala de aula. Também existem outras entidades de
acesso, que atrasaram a chegada da internet, difi- pesquisa universitária em Concepción, Santiago e
cultando muitas vezes o apoio técnico e pedagógi- Valparaíso, formando uma rede de reflexão e opera-
co. No entanto, hoje em dia cerca de 90% destas es- ção em informática educacional, associada ao pro-
colas possuem computadores e uma crescente grama Enlaces, que ainda estão em atividade.
proporção delas tem algum grau de conexão à in- Esta vasta rede nacional tem, hoje em dia, um im-
ternet. O outro desafio importante nas escolas ru- portante desafio: aplicar os trabalhos em informá-
rais é a de proporcionar conteúdos e programas di- tica educacional às novas gerações de profissionais
gitais pertinentes à realidade desse meio. Por causa e acadêmicos, tanto no desenvolvimento de políti-
da pouca conexão à internet, estas escolas não pos- cas quando na pesquisa teórica e aplicada.
suem bom acesso ao portal Educarchile, motivo pe- Com relação à infra-estrutura tecnológica, o Chi-
lo qual foi criado um «portal off-line», que permite le está atualmente melhorando substancialmente
gravar o conjunto de conteúdos educacional em sua rede de banda larga, oferecendo novos subsí-
um CD e utilizá-lo simulando a navegação em um dios às novas escolas e ampliando a cobertura para
portal. Esta é uma solução parcial, introduzida em incluir também as escolas rurais. Espera-se que em
vários países da Ibero-América onde existe dificul- 2012 cerca de 100% das escolas chilenas, indepen-
dade de conexão graças à rede de portais RELPE.43 dentemente do lugar em que se encontram, te-
Cabe mencionar que, como símbolo de seu cará- nham acesso à internet de banda larga.
ter nacional, o Enlaces incluiu em seu programa, no Do mesmo modo, espera-se que em 2010 a taxa
final da passada década, a única escola da Antárti- de estudante por computador seja de 10 e que a
ca, capacitando seus professores e equipando-as maioria das escolas tenha pelo menos um projetor
com computadores e equipamentos periféricos. ou uma lousa digital.
Hoje em dia, em todas as regiões do Chile, mais Neste mesmo aspecto, o Chile estudou alguns
de 85% dos alunos matriculados têm acesso às tec- programas em torno ao modelo «1 criança, 1 compu-
nologias digitais. tador»,especialmente a iniciativa OLPC do MIT,reali-
zando inclusive algumas experiências piloto com
• Capital humano em informática educacional. O bons resultados, tanto no setor público como no pri-
Instituto de Informática Educacional da Universi- vado. Embora atualmente ainda não exista uma de-
dade de La Frontera continua sendo o principal cen- cisão do governo a respeito, cresce a pressão de di-
tro de reflexão nacional neste campo, berço do Pro- versas comunidades educacionais de todo o país
265
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 266
por participar destas iniciativas. É muito provável Nacional de Estatística (DANE), com base no censo
que em 2009 o Chile tenha em algumas regiões um de 2005.
programa tipo OLPC para dezenas de milhares de A distribuição da população por gênero é de
crianças dos setores de maior vulnerabilidade social. 20.336.117 homens e 21.132.267 mulheres. Partindo
Nestes programas, mais do que impactos na apren- desta população base, a previsão é de que em 2020,
dizagem formal, a tônica girará em torno da equida- a população seja de 50.912.429 habitantes. Chega-
de no acesso a estas tecnologias. mos a este número partindo de um ritmo de cresci-
mento de 1,25% no período 2000-2005, diminuindo
• Gestão escolar mais eficiente. As escolas são insti- qüinqüênio a qüinqüênio até chegar a uma taxa de
tuições que manipulam informação de estudantes, 1,09% no qüinqüênio 2015-2020.
tutores, professores, recursos didáticos, entre outros, Deste modo, a população que tem entre 5 e 19
e necessitam processos de comunicação de dados anos é de 12.568.713 habitantes, dos quais
com entidades governamentais e superiores. Neces- 6.388.009 são homens e 6.180.704 mulheres. O
sitam, como qualquer instituição, organizar, moni- equivalente a 30,3% da população colombiana.
torar e controlar seus processos. Tudo isso pode ser Para 2020 a população dentro desta faixa etária
apoiado de maneira efetiva por sistemas de infor- será de 12.807.849, dos quais 6.547.927 serão ho-
mação para a administração e gestão educacional. mens e 6.259.922 mulheres, equivalendo a
Estes sistemas são utilizados atualmente por esco- 25,15% da população naquele momento (Proje-
las de níveis socioeconômicos altos, em sua maioria. ção de População Dane).
Além disso, os Ministérios da Educação, a nível cen- A Colômbia, política e administrativamente, está
tral, como regional ou municipal também necessi- dividida em 32 departamentos (estados) e 4 distri-
tam apoio informático em todos os níveis de mani- tos. Para a apresentação da seguinte informação
pulação da informação e de tomada de decisões. serão considerados os 32 estados e dos distritos so-
Em resumo, as TIC são necessárias para obter mente o de Bogotá. Os outros três ficarão vincula-
uma gestão educativa eficaz e transparente, desde dos à informação do estado ao que pertencem. Os
a sala de aula até o Ministério. dados mostram que 50,68% da população jovem
do país está situada em seis estados, incluído Bogo-
tá. Do mesmo modo, o relatório «Dolarización del
3.5. Colombia44 ingreso per cápita departamental de Colombia, 1975-
2000», que faz parte da coleção Documentos de tra-
3.5.1. Colômbia, dados geográficos e bajo sobre economía regional, editada em 2006 pe-
demográficos lo Banco da República, menciona que:«Uma revisão
da distribuição do aumento da renda nacional bru-
O nome oficial do país é República da Colômbia. ta (RNB) por estado mostra que Bogotá é o grande
Tem uma superfície de 1.141.178 quilômetros qua- ganhador.
drados. Está situada na América do Sul. (…) 40% do aumento na RNB durante o período
Limita ao norte com o mar das Antilhas, ao leste 1975-2000 concentrou-se na capital do país, segui-
com a Venezuela e o Brasil, ao oeste com o oceano do por Antioquia (12,9%),Valle (8,6%), Cundinamar-
Pacífico e ao noroeste com o Panamá. Ao sul limita ca (4,3%), Atlántico (3.9%), Santander (3,5%), Bolívar
com o Equador e o Peru. (3,2%), e Nuevos Departamentos (3,2%). Os 17 esta-
Sua população é de 41.468.384 habitantes, se- dos restantes tiveram, cada um, participações infe-
gundo os dados do Departamento Administrativo riores a 2% do total do aumento do RNB».
44. Capítulo elaborado por Germán Antonio Arango Forero. Universidade de La Sabana, Colômbia.
266
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 267
É interessante analisar a correlação direta exis- 252 bilhões de pesos e, em 2007, chegou aos 320,4
tente entre concentração da população jovem na bilhões.
Colômbia e concentração da renda nos estados De acordo com os índices do Observatório Econô-
mencionados, pois permite observarmos com cla- mico, Financeiro e Empresarial da Universidade Ser-
reza as regiões do país em que, conseqüentemen- gio Arboleda, de Bogotá, a balança comercial da Co-
te, também se concentra o consumo de produtos lômbia em fevereiro de 2008 se situava em 52,9
tecnológicos relacionados com a comunicação e a milhões de dólares negativos devido à diferente en-
cultura. tre as importações, que somavam 2.886 milhões de
A capital da Colômbia é Bogotá, cidade situada dólares, e as exportações, que apenas atingiam
no interior do território nacional, considerada o ei- 2.833 milhões de dólares.
xo político, administrativo, econômico e cultural do O Observatório menciona que os principais
país. As capitais correspondentes aos estados mais produtos de exportação da Colômbia são o petró-
importantes em população e renda são Medellín, leo, o carvão, o café e alguns metais como o ferro-
com 2.219.861 habitantes; Cali, com 2.075.380; Bar- níquel. Da mesma forma, os principais parceiros
ranquilla, com 1.112.889 e Cartagena, com 895.400. comerciais do país são os Estados Unidos, a Vene-
zuela, a União Européia, o Equador e o Peru, res-
3.5.2. Panorama econômico e laboral pectivamente.
colombiano Segundo o DANE, em maio de 2008 a taxa média
de desemprego na Colômbia foi de 10,9%.
A economia da Colômbia é a quinta maior da As cidades que obtiveram as maiores taxas de
América Latina. O Produto Interno Bruto (PIB) da desemprego foram Ibagué, com 19,4%, Medellín,
Colômbia do ano 2005 foi aproximadamente de com 15,1% e Pereira, com 13,6%.
267
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 268
Por outro lado, as que apresentaram as menores Finalmente devemos mencionar que de 2000 a
taxas de desemprego foram Cúcuta, com 9,4%, Bu- 2004 houve uma redução da taxa de repetência, si-
caramanga, com 10,1% e Bogotá, com 10,4%. tuando-se em 4,2% ao término deste período, a
A situação colombiana contrasta com o estudo mais baixa até então.
«Panorama laboral para a América Latina e o Caribe Em 2007, a matrícula nacional nos níveis de ensi-
2007», publicado pela Organização Internacional no primário, fundamental e médio foi de 10.574.249
do Trabalho, onde se menciona que para esta região alunos, superior em 122.135 à registrada em 2006,
se prevê uma ligeira diminuição da taxa de desem- que foi de 10.452.114 estudantes.
prego em 2008 a 7,9%, estimando-se que a geração O crescimento anual foi de 1,17%.
de empregos deveria crescer mais do que a oferta 77,34% da matrícula nacional de 2007 realizou-se
laboral. Persistiria a tendência decrescente da taxa em estabelecimentos de ensino oficiais. Por sua
de desemprego regional que começou em 2003, vez, a participação do setor não oficial e a matrícula
porém mais pausadamente do que nos últimos subsidiada dentro do total correspondeu a 17,25% e
anos. 5,41%, respectivamente. Embora a matrícula oficial
sofresse um aumento de 115.481 alunos, a matrícula
3.5.3. Contexto educacional do país subsidiada foi a que apresentou maior taxa de cres-
cimento (7,84%) com respeito ao ano de 2006, re-
3.5.3.1. A educação fundamental e média presentando 41.620 alunos. A matrícula em estabe-
na Colômbia lecimentos não oficiais, por sua vez, diminuiu em
Os números mais recentes publicados pelo Minis- 1,88%, representando 34.966 alunos.
tério da Educação em sua página web mencio-
nam que durante o ano de 2005 quase 11 milhões 3.5.3.2. A educação superior
de estudantes cursaram a educação primária, De 2003 a 2005 foram criadas 211.891 vagas na edu-
fundamental e média na Colômbia. A cobertura cação superior na Colômbia através de três progra-
da educação básica chegou a 88%. Igualmente, mas. 1. Crédito. 2. Modernização da gestão das insti-
segundo a informação divulgada pelas secreta- tuições públicas de educação superior. 3. Promoção
rias de educação do país, neste mesmo ano da educação técnica e tecnológica.
8.310.165 alunos estudaram em estabelecimentos Este esforço permitiu aumentar a cobertura, que
oficiais e 2.475.304 em estabelecimentos não ofi- passou de 21% a 25%. O crescimento mais significa-
ciais. Para atender a demanda educacional, a Co- tivo ocorreu nos níveis técnico e tecnológico, apesar
lômbia tinha 55.057 sedes que se encontravam or- da maior parte das instituições serem de caráter
ganizadas em 15.723 estabelecimentos de ensino universitário.
oficiais e 10.812 não oficiais. Quanto à cobertura da educação superior, é im-
É interessante observar como durante o período portante ressaltar que em dez anos cresceu cerca
2000-2005 a matrícula na educação fundamental de dez pontos percentuais, conseguindo atender a
e média cresceu nos estabelecimentos de ensino mais de 1,2 milhões de estudantes em 2005.
oficiais. Isso aconteceu porque a oferta de estabele- Da mesma forma, é expressivo que o crescimen-
cimentos particulares teve uma contração de to esteve alavancado principalmente pelo setor ofi-
150.000 alunos, segundo os dados do Ministério da cial, embora o particular também tenha crescido,
Educação. mas em menor escala.
Neste mesmo período, a educação fundamental Quanto aos níveis de formação, a Colômbia con-
também foi a que obteve maior crescimento com ta com educação técnica profissional, tecnológica,
relação aos demais níveis educacionais, com universitária, especializações, mestrados e douto-
2.968.633 estudantes. rados. Os números de 2002-2005 demonstram
268
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 269
269
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 270
mais que freqüentaram bibliotecas no último ano, ca o deslocamento a um lugar público ou privados
42,23% visitaram bibliotecas públicas, 35,48% biblio- destinado a este fim. Na Colômbia, o cinema apre-
tecas escolares, 17,82% visitaram bibliotecas universi- senta uma tendência similar em ambas as popula-
tárias e 3,50% as bibliotecas especializadas. ções: das crianças de 5 a 11 anos, 15,80% foram ao ci-
Outro ponto indagado pela pesquisa de consumo nema no último trimestre, e da população de 12
cultural foi o correspondente a espetáculos e apre- anos ou mais, no mesmo tempo de referência, a as-
sentação, que inclui obras de teatro, dança e ópera, sistência foi de 15,79%.
concertos e recitais ao vivo de qualquer gênero mu-
sical, feiras e exposições de artesanato, fotografia, 3.5.5. Contexto midiático colombiano
artes gráficas, escultura, desenho e pintura.
Os resultados ressaltam que 43,25% da popula- Durante o primeiro decênio do novo século, o con-
ção de 12 anos ou mais assistiu a algum tipo de texto midiático na Colômbia esteve regido por duas
apresentação e espetáculo cultural nos últimos 12 características: por um lado, a elevada penetração
meses. Deste percentual, 99,75% estiveram em al- de firmas e capitais estrangeiros que adquiriram
gum evento cultural de entrada gratuita. um importante percentual da propriedade das
Com relação à participação por idades, destaca- companhias de comunicação e, por outro, a conver-
se que, do total de pessoas de 12 anos ou mais que gência na produção de conteúdos por estas organi-
afirmou assistir a alguma apresentação ou espetá- zações. Firmas tradicionalmente reconhecidas por
culo cultural, 42,51% correspondem à população de sua dedicação à imprensa, rádio ou televisão foram
12 a 25 anos, 29,24% à pessoas entre os 26 e 40 anos, transformadas em conglomerados de hipermídia,
24,16% à população entre 41 e 64 anos e 4,08% aos que procuram afetar com conteúdos e serviços a
cidadãos com 65 anos ou mais. complexa cadeia de valor no mercado da comuni-
De acordo com o revelado pelo DANE o cinema cação contemporânea.
foi definido como ação de assistir à projeção de fil- A Espanha foi o mais importante investidor dos
mes em espaços que não sejam a casa, o que impli- últimos anos. Em 2007, o Grupo Editorial Planeta
270
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 271
comprou, por 338 milhões de dólares, 55% da Edito- oferta de conteúdos, contribuíram para o fenôme-
ra El Tiempo (CEET), proprietária do maior jornal de no de segmentação, fragmentação e polarização
circulação nacional,El Tiempo, jornais locais e regio- das audiências. Este fato se enquadra dentro de um
nais, publicações temáticas, portais de Internet e o novo panorama da indústria contra a tradicional
canal local privado City TV, do qual é proprietário de presença de poucos meios acostumados a grandes
40% devido às restrições vigentes para investimen- públicos homogêneos, predominantemente no sé-
to estrangeiro na televisão colombiana. culo XX (Webster: 2005).
Em 2002, o grupo Prisa aumentou sua participa- Levando em consideração a natureza da lingua-
ção acionária em 60% na primeira Cadeia de Rádio gem e o impacto sonoro e audiovisual que provoca
da Colômbia, a Caracol, criando, além disso, o Grupo nos consumidores, este fenômeno é mais notório
Latino de Rádio, subsidiário do sistema Unión Ra- na indústria do rádio e da televisão.
dio, com 86,7% de sua propriedade. Da mesma forma, no cenário de fragmentação
Cabe ressaltar que a Colômbia ostenta o nível das audiências, torna-se mais evidente entre os pú-
mais alto de penetração no sistema de televisão blicos adolescentes e juvenis, que se mostram atraí-
por assinatura da América Latina, com 74,6% contra dos pela oferta de conteúdos de caráter temático,
65,3% do segundo, a Argentina, de acordo com a demográfico e psicográfico, fato destacado em re-
pesquisa de opinião da Target Group Index (TGI) la- centes pesquisas de audiências realizadas pelo Ob-
tino de 2007. servatório de Mídias da Faculdade de Comunicação
Vale destacar a presença de grupos colombianos da Universidade de La Sabana.
de investimento que consolidaram sua participa- Por outro lado, as consideradas mídias pequenas –
ção no mercado das mídias. A organização Ardila a nível comunitário, local e regional – surgem neste
Lulle (Radio Cadena Nacional RCN, rádio e televisão, cenário como alternativas à oferta oligopolista co-
além de publicações temáticas), o grupo Valores Ba- mercial,nacional e internacional. Porém os baixos or-
varia (Caracol Televisión e meios impressos) e o Gru- çamentos redundam negativamente na qualidade
po Semana (revistas), que se destacam no mercado de suas produções e emissões e, conseqüentemente,
pela solidez e variedade de seus projetos, como na conquista e fidelização de suas audiências.
também por sua projeção nos mercados de mídia
internacionais. 3.5.5.2. Em primeiro lugar a televisão
Na Colômbia, a televisão continua sendo a mídia de
3.5.5.1. Excesso de oferta de conteúdos maior penetração e a internet se mostra como o de
e fragmentação de audiências maior crescimento. Por outro lado, o rádio, como mí-
O fenômeno ocorrido na Colômbia coincide com a dia convencional em freqüências AM e FM, perdeu
dinâmica presente no mercado global da comuni- índices de audiência.
cação, determinado pelas possibilidades presentes Porém, continua em segundo lugar da Ibero-
na tecnologia digital que contribuíram para reduzir América com respeito à penetração, atrás da Gua-
as fronteiras tradicionais entre os meios informati- telama.
vos de imprensa, rádio e televisão, a indústria do en- A Tabela 3.3, baseada nos resultados do Estudo
tretenimento e as telecomunicações (Herman e Geral de Mídia (EGM), realizado na Colômbia desde
McChesney: 1999). 1999 pela Associação Colombiana de Investigação
A concentração das grandes mídias comerciais de Mídias (ACIM), mostra os níveis de penetração
em mãos de poucos grupos econômicos sob a mo- de cada mídia e sua evolução neste século.
dalidade de oligopólio (Albarran, 2002) e o novo pa- A televisão continua gozando da preferência dos
norama de concorrência pela conquista dos públi- consumidores colombianos. Além da renovação
cos em ambientes caracterizados pelo excesso de das licenças de operação dos canais nacionais pri-
271
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 272
vados RCN e Caracol em 2008, abriu-se licitação pú- chamam a atenção»; «os documentários emitidos
blica para entrar no mercado pelo menos uma ter- na Colômbia são muito monótonos. Para uma pes-
ceira operadora. Os conglomerados internacionais soa jovem são necessários mais recursos didáticos,
Grupo Prisa e Grupo Planeta da Espanha; Ángel para poder entender e aprender melhor, e não ape-
González e Televisa do México; a organização Cisne- nas uma pessoa falando o tempo todo e passando
ros da Venezuela e RTI Telemando (General Electric) imagens. Isso é monótono e não interessa».
dos Estados Unidos participaram da concorrência Quanto às preferências de televisão não referen-
para obter a licença do terceiro canal nacional pri- cial, de ficção e entretenimento (Orza:2002), desta-
vado. A Comissão Nacional de Televisão determi- ca-se a baixa aceitação do formato reality show en-
nou para setembro de 2008 a escolha do modelo tre os adolescentes entrevistados, em comparação
de televisão digital que substituirá a analógica. com os resultados de estudos semelhantes quando
este formato havia conquistado um lugar impor-
3.5.5.3. Resposta do público juvenil tante no horário nobre da televisão colombiana, es-
O panorama da mídia colombiana no século XXI im- pecialmente do primeiro qüinqüênio do século XXI.
primiu nos públicos infantis e juvenis novos hábi- Segundo a pesquisa de Arango, nenhum dos estu-
tos de consumo, respostas e comportamentos, dantes que participaram do estudo ressaltou as-
principalmente no campo audiovisual. pectos positivos do reality show. Narramos a seguir
O reflexo destes jovens consumidores à nova di- alguns comentários de ordem crítica: «Os realities
nâmica midiática gerou, nos últimos anos, um se aproveitam da ingenuidade das pessoas, de seus
acentuado interesse em temas de pesquisa pelas sonhos»; «os realities possuem um duplo sentido»;
faculdades de comunicação e entidades oficiais, co- «utilizam as pessoas para conseguir rating»; ferem
mo a Comissão Nacional de Televisão e o Ministério o sentimento das pessoas e procuram pessoas que
das Comunicações. têm a auto-estima baixa».
Em sua pesquisa Fragmentação de audiências O aumento no consumo de televisão internacio-
numa sociedade multicanal: gostos e preferências nal também vem reafirmar o fenômeno de frag-
dos adolescentes em Bogotá, (2007), Arango cita mentação das audiências que participaram no es-
que 71% dos participantes escolheram o entreteni- tudo. A informação recopilada revela o reflexo dos
mento como primeira opção de preferência de con- princípios enunciados por James Webster (2005)
teúdos, contra 29% que preferiram espaços de cará- com relação a este fenômeno: primeiro, a progra-
ter informativo. mação é muito mais diversificada que há algumas
Segundo os índices de consumo televisivo classi- décadas; segundo, a programação é mais específica
ficado como de caráter referencial (Orza: 2002), os em seus conteúdos com relação à natureza do ca-
programas informativos sobre esportes, sobre a vi- nal e sua especialização temática; e terceiro, a en-
da dos famosos e assuntos de atualidade são os trada da televisão nas casas é hoje mais diferencial,
preferidos, seguidos das notícias, programas de en- dependendo das possibilidades de acesso e da ofer-
trevistas e opinião. Em suas justificativas, os estu- ta de conteúdos de cada sistema de programação.
dantes ressaltaram a qualidade da produção, a co-
bertura e a profundidade dos assuntos. Nestes 3.5.5.4. Crescimento da internet
gêneros, evidencia-se a influência exercida pelos A internet é a mídia de maior crescimento no país.
programas emitidos em canais internacionais com No segundo semestre de 2007, cerca de nove mi-
comentários do tipo: «Existem canais internacio- lhões de colombianos, 25% da população, se conec-
nais que emitem a biografia de personagens que tou à rede diariamente. Continua em ascensão a
marcaram a história. Documentários como o de melhoria de condições de acesso e, no campo da
Osama Bin Laden, por exemplo. Estes programas educação, aumenta o interesse de instituições e
272
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 273
formadores pelo uso de novas tecnologias em sala A Colômbia mostrou uma penetração de assi-
de aula. Na indústria, o custo dos computadores nantes do serviço de internet de 3,99% comparado
continuam diminuindo, como também o preço da com junho de 2008, segundo o relatório da CRT, au-
assinatura da rede. mentando em 0,85% se comparado com dezembro
Durante o segundo semestre de 2007, no con- de 2007.
sumo de internet a nível regional - de acordo com Do total de conexões neste período, 85,4% cor-
a classificação usuário/semana - o primeiro lugar respondem a assinantes residenciais, enquanto
ficou com o Chile, com 40%, seguido pela Colôm- 13,9% são corporativos e 0,7% corresponde a esta-
bia, com 35%, e a Argentina, com 33% (segundo o belecimentos coletivos. Neste período, os preços di-
Estudo Geral de Mídia da ACIM). Apesar de os nú- minuíram em 22% e a velocidade de conexão efeti-
meros revelarem um crescimento sustentável e va de descida (downstream) entre 256 K e 1 M já
um consumo em ascensão, o percentual de co- representava 75,5%.
lombianos que tem acesso à rede continua sendo
baixo e concentrado nas classes sociais e econô- 3.5.5.5. Outras mídias
micas mais altas. A pesquisa de consumo cultural realizada pelo
O EGM 2007-II revela que apenas 20% da popula- DANE em 2007 e citada no ponto anterior revelou
ção das classes sociais mais baixas têm acesso à in- que 64,4% de crianças entre 5 e 11 anos e 55,4%
ternet, comparado com 40% da classe média, 40% com mais de 12 anos são consumidoras de vídeos.
da médio-alto e 66% da classe alta. Da segunda faixa etária, o maior intervalo corres-
Por sua vez, registra-se o nível mais alto de consu- ponde a jovens de 12 a 25 anos, com 43,9%. Do
mo em usuários que têm entre 18 e 34 anos. mesmo modo, 50,3% de crianças entre 5 e 11 anos
Os últimos dados parecem confirmar está ten- e 18% de 12 anos ou mais consumiram videoga-
dência crescente na expansão da internet. Segundo mes. Entre eles 74,9% corresponde a jovens entre
o relatório semestral de conectividade da Comissão 12 e 25 anos.
de Regulamentação de Telecomunicações na Co- Finalmente, segundo as estatísticas da Superin-
lômbia N.º 13, o país fechou o primeiro semestre de tendência de Indústria e Comércio e a Associação
2008 com 1,8 milhões de assinantes de internet, da Indústria Celular na Colômbia, o mercado das
um crescimento de 28,5% se comparado com o mês telecomunicações sem fio na Colômbia cresceu
de dezembro, e 79% se comparado com junho do em 4% durante o primeiro trimestre de 2008, al-
ano anterior. cançando 35,5 milhões de assinantes ao sistema
Em acessos de Banda Larga, os assinantes au- de telefonia celular, para uma cobertura superior
mentaram em 31,3%, chegando a 1,6 milhões. Os a 78% da população total estimada, superando a
acessos comutados cresceram em 9%, chegando a média mundial de 75%. Além disso, em 2007 o
190.053. país atingiu o primeiro lugar da Ibero-América em
273
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 274
45. Capítulo elaborado por Octavio Islas e Amaia Arribas C. Tecnológico de Monterrey, México.
274
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 275
ção, produção, competência, etc. dos cidadãos me- no quinto mês de 2008 em relação a maio de
xicanos. Mas estas mudanças não afetaram ape- 2007 como conseqüência de sua redução em
nas a base econômica e política da sociedade. Afe- dois dos quatro setores que a compõem. 47 Em
taram também a estrutura cultural e informativa resumo, os números indicam que a atividade
do país. industrial teve uma variação de 0,07% no últi-
Os índices econômicos do México mostram mo mês de maio em relação ao mês imediata-
que o crescimento do país está sendo inferior ao mente anterior
esperado devido à inflação (que chega a níveis Embora os dados do Fundo Monetário Interna-
de 2004) 46 e às taxas de juros, situação que se cional indiquem uma boa atividade econômica
agrava com a crise energética, comprometendo no início de 2008 no México, isto não é suficien-
a competitividade. Apesar da volatilidade inter- te, pois os concorrentes mais próximos como a
nacional, os valores obtidos no primeiro semes- Argentina, Brasil, Venezuela, Índia e Coréia cres-
tre de 2008 foram positivos, mas é claro que são cem muito mais rápido, de acordo com os dados
necessárias ações que permitam ao México con- do Banco do México. O México ocupa o 49º lugar,
solidar sua posição, como por exemplo, que o in- segundo o estudo de competitividade e globali-
vestimento público e privado aumente suas ta- zação, elaborado pela Foreign Policy Partners e
xas de crescimento, o que lhe permitiria não A.T.Kerany em 2007.
depender do ritmo imposto pelos principais con- O México ocupa a posição número 11 no mundo
correntes. e a terceira na América em termos de população,
A recessão dos Estados Unidos não afetou o abaixo de países como os Estados Unidos e o Bra-
México de forma significativa, graças ao bom de- sil (em um século, a população do México se mul-
sempenho das exportações e aos altos preços do tiplicou 7,8 vezes). A análise da distribuição de sua
petróleo. O país deve implementar uma reforma população mostra que três de cada quatro pes-
no setor petroleiro que lhe permita aproveitar a soas vivem em áreas com mais de 2.500 habitan-
renda gerada pelo mesmo, já que o mês de maio tes, o que revela o fenômeno de concentração da
de 2008 registrou números que há muito tempo população em localidades maiores.
não eram obtidos nos principais índices financei- Em 2008 o país possui 106,7 milhões de habi-
ros e econômicos do país. O México deve aprovei- tantes, dos quais 50,8% são mulheres e 49,2% são
tar esta oportunidade, usando a renda gerada pe- homens. Por faixa etária, menos de um terço da
lo setor petrolífero para conseguir um maior população são crianças e adolescentes com me-
crescimento econômico nos de 15 anos (29,4%), os jovens (15 a 29 anos) re-
De acordo com as fontes do INEGI (Instituto presentam 27,3%, os adultos (30-59 anos) 35,1%, e
Nacional de Estatística, Geografia e História), a os idosos com mais de 60 anos representam
produção Industrial no México diminuiu 1,2% 8,2%. (INEGI).
46. A taxa de inflação do México em junho de 2008 chegou ao nível mais alto em mais de três anos, pelo aumento dos
preços dos alimentos e serviços como energia elétrica e gás, de acordo com o Banco Central do México. Embora o índice de
preços ao consumidor tivesse aumentado 0,41% em junho, a inflação anual subiu 5,26%, seu maior aumento desde novem-
bro de 2004. Fonte: Reuters. Data de consulta: 9 de julho de 2008.
47. Nesse mês a mineração caiu 8,1% com relação ao nível do mesmo mês em 2007. Este comportamento se somou à di-
minuição da produção petrolífera e não petrolífera. A construção registrou uma queda de 1,9% nesse mês, devido à menor
construção de edificações e obras de engenharia civil ou obras pesadas. O setor manufatureiro registrou um pequeno au-
mento anual de 0,4% decorrente do avanço da produção de equipamentos de transporte e de maquinaria e equipamentos. E
finalmente, os serviços de fornecimento de energia elétrica, água e gás encanado ao consumidor final aumentaram em 7%
em maio de 2008 em comparação com o mesmo mês no ano anterior.
275
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 276
3.6.2. O contexto educacional do país anos, nove não sabem ler nem escrever, enquanto
de cada 100 homens, seis encontram-se na mes-
Todos os países conseguem se desenvolver com o ma situação. As unidades federativas com menor
apoio eficaz de um sistema educacional forte e índice de analfabetismo são: o Distrito Federal
sólido. Por isso é importante melhorar sua quali- com 2% e Nuevo León com 2,7%; Chiapas, Guerrero
dade desde o ensino primário até a universidade, e Oaxaca possuem os maiores índices de popula-
garantindo sua função social, além de fortalecer o ção analfabeta com mais de 16% cada.
vínculo da educação com a ciência e a tecnologia. No país, a proporção da população de 5 a 14
O processo de urbanização implica um processo anos que freqüentava a escola em 2007 era de
de crescimento e desconcentração da população 95,5%. O comportamento deste índice por sexo é
urbana por mais cidades. Este processo também parecido, com 95,8% das meninas e 95,8% dos
foi acompanhado por um aumento e descentrali- meninos. Por unidade federativa, existe diferenças
zação da matrícula no ensino superior. entre o percentual da população de 5 a 14 anos
Segundo os últimos dados publicados no início que freqüenta a escola. O Distrito Federal possui a
de julho de 2008 pelo INEGI (Instituto Nacional de maior proporção com 99,1% e a menor está em
Estatística, Geografia e Informática), em 2007 8% Chiapas, com 89,2%.
da população a partir dos 15 anos de idade não Diante deste panorama, a Secretaria de Educa-
conseguiu entrar ou permanecer no sistema edu- ção Pública (SEP) publicou uma lista do Registro
cacional nacional; 14,3% concluíram o primário, de Validade Oficial de Estudos (RVOE) com as es-
26,8% concluíram pelo menos um ano do segun- colas e universidades que contam com o aval de
do ciclo da educação fundamental ou de um cur- qualidade que garante um serviço educacional
so técnico ou comercial, 19,4% concluíram alguma adequado. A Aliança pela Qualidade da Educação
série do segundo grau ou equivalente, e 13,8% Básica busca uma «formação baseada em valores
concluíram algum ano do ensino superior. e educação de qualidade, que propicie a constru-
A média de escolaridade da população a partir ção e a promoção da competitividade para que as
de 15 anos de idade em 2007, é de 9 anos; as mu- pessoas possam desenvolver todo seu potencial».
lheres têm 8,8 anos de escolaridade em média,
contra 9,1 dos homens. Por estado, o Distrito Fede- Gráfico 3.2. ESQUEMA DA ALIANÇA PELA QUALIDADE
ral registra 10,5 anos, equivalente a um ano e meio NO ENSINO BÁSICO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
de educação média superior; por outro lado, Oaxa- PÚBLICA
ca com 8 anos e Chiapas com 7,7 anos possuem a
média mais baixa de escolaridade.
Um índice de 97,6% da população entre 8 e 14
anos sabe ler e escrever, sendo a proporção de me-
ninos (97,3%) e meninas (97,8%) quase a mesma.
Por unidades federativas, o Distrito Federal possui
o maior percentual da população de 8 a 14 anos
que sabe ler e escrever com 99,4%, seguido por
Aguascalientes (99,1%), Nayarit (99%) e o estado
de México (98,9%). Do lado oposto, Chiapas
(93,9%), Guerrero (95,5%) e Yucatán (95,7%).
Em 2007 a taxa de analfabetismo da população
a partir de 15 anos de idade foi de 7,2%. De cada
100 mulheres com idade igual ou superior a 15 Fonte: SEP (Secretaria da Educação Pública). Julho, 2008.
276
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 277
Com essa aliança, apresentada no mês de julho dos e Canadá (TLC), também propiciaram o au-
de 2008, pretende-se implementar um processo mento do número de instituições de ensino supe-
que responda às necessidades e demandas arti- rior, já que cresceu o mercado mexicano. Isto obri-
culadas em torno das escolas. Foi estabelecida gou a investir na formação de recursos humanos
uma agenda de compromissos que formam uma especializados, que representavam um eixo fun-
estratégia para transformar a educação em uma damental para o desenvolvimento da competitivi-
política de Estado efetiva, para transformar e dade, o que fez com que a demanda por estes es-
atualizar o sistema educacional. Para isso, deve-se tudos aumentasse.
contar com a infra-estrutura e equipamentos ne- Durante o governo de Felipe Calderón, o ensino
cessários, como também com tecnologia de pon- superior foi denominado como um setor funda-
ta. Além disso, os professores das escolas serão es- mental que exige uma reforma, assim como, a se-
colhidos e receberão incentivos de acordo com as gurança, saúde, energia elétrica, e obviamente, o
conquistas educacionais das crianças. petróleo.
A transformação do sistema educacional de- O gasto com educação se concentra, sobretudo,
pende da melhoria do bem-estar e desenvolvi- na educação básica, o que estimula uma maior
mento integral das crianças e jovens na área de participação da iniciativa privada nos serviços de
saúde, alimentação e nutrição, como o último ensino superior.
ponto para criar as condições sociais que melho- A busca pelos padrões de qualidade também
rem o acesso, a permanência e saída bem sucedi- é uma das matérias pendentes da universidade
da da escola. Por último, está prevista uma avalia- mexicana que pretende ser uma instituição que
ção que sirva de estímulo para aumentar a gera conhecimento e que possui uma sólida li-
qualidade educacional. gação com a economia e a sociedade. Não se po-
Uma das razões que explica o aumento da de- de pensar em futuro com o modelo atual de uni-
manda pelo ensino superior no México é a melho- versidades, por isso é necessário transformar-se
ria dos indicadores educacionais dos níveis ante- em uma universidade mais ágil, dinâmica e
riores ao nível superior (taxa de absorção, de mais comprometida com os problemas da so-
abandono e de eficiência final). Ao melhorar estes ciedade. Por isso, propõe-se a revisão da estru-
índices, a população demandante destes serviços tura administrativa e dos procedimentos buro-
aumentou de maneira extraordinária. cráticos.
Reformas políticas e tratados comerciais como A Secretaria de Educação Pública (SEP) realizou
o Tratado de Livre Comércio com os Estados Uni- diversos fóruns anuais onde foi debatido o futuro
277
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 278
278
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 279
mento sobre consumo cultural, e apresenta um nada. Assim, mais de 95% dos participantes costu-
cenário dos padrões dos mexicanos com relação mam assistir à televisão e mais de 87% costumam
às expressões culturais e artísticas a nível local, ouvir rádio. O tempo dedicado a estas mídias é
regional, nacional e internacional, que variam significativo: quase metade dos participantes
em função da idade, renda, grau de instrução, (48,9%) assiste à televisão de duas a quatro horas
localidade e ocupação. Embora tenham passado por dia e mais de um terço (35,3%) ouve rádio de
cinco anos, desde então não foi feita outra pes- duas a quatro horas diariamente. Quase oito de
quisa para medir e avaliar o programa Nacional cada 10 participantes (78,9%) costumam ouvir
de Cultura 2001-2006, uma das prioridades do música gravada e quase um de cada três destina
sexênio anterior. Também não foram realizados de duas a quatro horas diárias a esta atividade.
outros estudos que reúnam de maneira siste- 60,1% dos participantes responderam haver lido
mática e com uma metodologia confiável esta um livro no último ano, e 6,6% mais de 10 livros.
informação. 16,1% afirmaram ler jornal todos os dias, e a meta-
Os resultados demonstraram que era necessário de (50,1%) disse que lê pelo menos uma vez por se-
colocar em prática políticas culturais específicas mana. Pouco mais de um de cada quatro (26,4%)
para cada setor. Como seria muito longo expor to- afirmou que lê revistas pelo menos uma vez por
dos os resultados desta pesquisa decidimos abor- semana. Quanto às novas tecnologias, 30,3% dos
dar apenas as conclusões extraídas da mesma. participantes declararam que costumam usar o
computador e quase um de cada quatro (24,6%)
• Em primeiro lugar, existe uma estreita ligação se conectam à internet. Os equipamentos exis-
entre educação e cultura. A pesquisa diferencia o tentes nas casas também mostram a grande pe-
grau de instruçaão como um fator sócio-demo- netração das indústrias culturais: 97,9% dos parti-
gráfico de grande peso na composição das práti- cipantes têm televisão em casa e, entre eles, 37,2%
cas culturais dos mexicanos. É importante lem- responderam ter duas ou mais. 95,8% possuem
brar que o México é um país de jovens, e o maior rádio, e entre eles, 25% comentam ter dois ou
consumo cultural ocorre entre as novas gera- mais. 76,5% dos participantes dizem ter livros em
ções. Em praticamente todos os temas aborda- casa, e entre 60% e 80% têm objetos destinados à
dos pela pesquisa, os menores de 30 anos, entre reprodução de música gravada como CD (76,5%),
eles os mais jovens (de 15 a 22 anos), são os que cassetes (69,7%), gravadores (68,2%) e reproduto-
apresentam maiores índices mais altos de con- res de CD (66,5%).
sumo cultural. Por isso, é importante considerar • Os espaços culturais mais visitados pelos partici-
este setor na estratégia de difusão e no desenho pantes são o cinema (80,1%), bibliotecas (68,2%),
dos conteúdos das atividades culturais. livrarias (63,2%), museus (62,4%), lugares de
• Conforme se observa nos itens referentes à lei- shows musicais (52,5%) e sítios arqueológicos. Se
tura ou à frequência a teatros da pesquisa, os considerarmos a freqüência no último ano, o cine-
percentuais entre os usuários mais assíduos não ma está de novo em primeiro lugar com três de
variam em função da idade. Isto nos leva a pen- cada quatro dos participantes (75%), seguidos das
sar que estes hábitos são estimulados em ida- livrarias (40,6%), espaços para shows musicais
des precoces, e uma vez adquiridos, são manti- (32,2%), bibliotecas (29,7%) e museus (23,7%).
dos ao longo da vida. • Entre as preferências dos participantes vale desta-
• A presença das indústrias culturais na vida coti- car o romance (36,2%) e a história (33,6%) como
diana dos mexicanos, e mais especificamente, nos temas de leitura; as seções de notícias nacionais
meios de comunicação de massa em todos os âm- (47,7%) e de esportes (40,5%) dos jornais; as revis-
bitos sociais e territoriais é digna de ser mencio- tas de espetáculos e de televisão (46,1%); os noti-
279
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 280
ciários (49,5%) e as novelas (39,2%) da televisão; paços, influenciam outros fatores como o tipo de
os programas musicais (87,0%) e de notícias atividades, sua intensidade, e os programas de di-
(46,8%) no rádio; a balada romântica/pop (50,0%), fusão e de formação de públicos. Os dados regio-
a música Grupera (35,6%) e a Ranchera (33,6%) co- nais são mais difíceis de interpretar já que in-
mo gêneros musicais; e os filmes de ação (62,9%) cluem estados, municípios e cidades muito
e de comédia (37,5%). Quase o dobro dos partici- heterogêneas em termos de atividades e equipa-
pantes afirma que assiste mais filmes norte- mentos. Contudo, os dados indicam que existem
americanos (58,0%) do que mexicanos (31,8%); mais semelhanças no consumo cultural de duas
enquanto 78,9% dos que escutam música grava- cidades de mais de 100.000 habitantes, mesmo
da preferem a música em espanhol, 6,8% prefe- quando estão localizadas em regiões diferentes
rem em outro idioma e para 14,1% é indiferente. do que entre qualquer destas duas cidades e
• Mesmo quando não existem diferenças de gê- duas localidades rurais de seus respectivos esta-
nero nos padrões de consumo cultural na gran- dos. É curioso que nas localidades e nos grupos
de maioria dos temas pesquisados, nos casos com menores índices de consumo cultural na
das novas tecnologias (uso do computador e maioria das categorias é onde se registra o maior
acesso à internet) os dados da pesquisa indicam índice de visitação a feiras e festas comunitárias,
que os índices de consumo são mais baixos en- sendo o mais provável que estas estejam no cen-
tre as mulheres. tro da vida cultural de muitas localidades e que,
• Um elemento constante entre os diversos gru- além disso, estejam ligadas a outras práticas de
pos sociais é a importância da família como eixo caráter social e produtivo. Em resumo, os resulta-
central da vida social e do uso do tempo livre. dos indicam que o consumo e as práticas cultu-
Outro fenômeno no consumo de bens culturais rais dos mexicanos estavam em 2003 muito liga-
é a forte procura dos participantes pelo comér- das aos níveis de escolaridade e de renda. Foram
cio informal. Sobretudo no caso dos CDs (70,3% detectados padrões diferentes em função da ida-
dos que compram afirmam que costumam com- de, níveis, territórios, e principalmente, em favor
prar em vendedores ambulantes), e dos vídeos dos que vivem nos municípios de maior concen-
(onde a proporção é de 41,6%), e em menor esca- tração populacional, o que mostra que o consu-
la no caso dos livros (6,8%). mo e as práticas culturais estão ligadas à disponi-
• É importante destacar que o nível de confiança bilidade de infra-estrutura destinada a estes fins.
que os participantes admitem possuir em rela- • No México, a televisão e o rádio continuam ten-
ção ao desempenho das instituições culturais. do uma cobertura praticamente universal entre
Esta confiança representa um enorme ativo ins- todos os grupos sócio-demográficos, assim co-
titucional que deve ser aproveitado com progra- mo nas regiões, municípios e cidades. A impren-
mas de ampla participação social, desde a pró- sa escrita tem menor cobertura, enquanto a in-
pria elaboração das políticas culturais. ternet tem uma penetração mais restrita e seu
• A análise regional da pesquisa revela resultados consumo é mais diferenciado dependendo da
interessantes. Os níveis mais baixos de consumo faixa etária, renda e grau de instrução.
cultural ocorrem em municípios de menos de
100.000 habitantes, em função da falta de infra- 3.6.4. Mídia e concentração
estrutura cultural que condiciona sua prática. En-
tretanto, uma leitura mais profunda mostra que É importante mencionar que os produtos e servi-
associar disponibilidade de infra-estrutura a ní- ços culturais fazem parte de uma identidade
veis de freqüência não é totalmente proporcio- transmitida através dos símbolos, sinais e idéias e
nal. Sendo assim, além da disponibilidade de es- que são próprios de uma comunidade ou país. Em
280
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 281
alguns países da América Latina, como é o caso do bra um amplo panorama do estado em que se en-
México, a indústria cultural tornou-se parte es- contra a propriedade dos meios de comunicação
sencial do desenvolvimento econômico, fortale- nestas regiões. Neste livro, os autores afirmam
cendo o mercado exportador e a oferta cultural. que o México, além do Império Telmex de Carlos
Como prova do alto grau de penetração das in- Slim (um dos homens mais ricos do mundo junto
dústrias culturais na vida cotidiana dos mexica- com Bill Gates, de acordo com a revista Fortune),
nos, constatamos, por exemplo, que há dez anos os grandes líderes de concentração da mídia são o
atrás existiam no México 595 estações de televi- Grupo Televisa e o Grupo Azteca. O Grupo Televisa
são divididas entre canais nacionais, emissoras, opera em empresas cinematográficas, quatro de
televisões locais e televisões dos governos esta- televisão aberta, rádio difusoras, 313 filiais pró-
tais. Quanto ao rádio, existem 1.332 emissoras no prias, internet, televisão a cabo (com 21 sinais) e
país divididas em 875 rádios AM e 479 FM. No que telefonia celular. Além disso, possui uma editora
diz respeito aos sistemas de satélite, existem os com dezenas de publicações dirigidas a todo tipo
complexos de satélite Morelos II, Solidaridad I e de públicos (Televisión y Novelas, Vanidades, Cos-
Solidaridad II que cobrem todo o território mexi- mopolitan, Caras), a OCESA Entretenimentos, o Es-
cano e outras partes do continente americano. tádio Azteca e times de futebol. Só com seus ca-
Com relação à mídia escrita, o México possui 400 nais de televisão 2 e 5 detém 55% da audiência.
jornais de circulação local e 192 revistas, a maioria Desde 1996 mantém uma parceria com três gru-
de circulação nacional e de periodicidade variável. pos internacionais: News Corporation, Liberty Me-
Além disso, existem 59 agências de notícias, das dia e Grupo Televisa.
quais 14 são nacionais e 45 internacionais, com 64 Por outro lado, o Grupo Azteca conta com 43 es-
correspondentes estrangeiros, 57 jornais e 7 de re- tações locais e filiais localizadas em diferentes
vistas. pontos do país. Também possui uma empresa dis-
Esta tendência fez com que, entre outros fenô- cográfica (Azteca Music), é provedor de internet e
menos comunicativos, a estrutura da mídia no telefonia celular, possui participação na cadeia
México ficasse altamente concentrada e centrali- Elektra, no Banco Azteca e em um time de futebol.
zada; por exemplo, em 1994 a Televisa controlava Com seus dois canais de televisão, o 7 e o 13, de-
entre 85% e 90% do mercado televisivo do país, tém 25% da audiência. Entre outras subsidiárias
possuía três canais nacionais de TV e quatro ca- está o portal todito.com. Em 2001 iniciou seu pro-
nais só para a Cidade do México. Nesse mesmo cesso de expansão internacional em Nicarágua, El
ano, a Secretaria de Comunicações e Transportes Salvador e Estados Unidos. Por último, faz parte
lhe atribuiu a concessão de mais 67 canais de tele- do grupo Azteca América Network, uma cadeia de
visão para formar outra rede nacional, assim co- televisão dirigida à população hispânica nos Esta-
mo a concessão para operar outros dois canais de dos Unidos.
televisão no Distrito Federal (os canais 46 e 52 em Outro grande grupo é a Organização Editorial
UHF). Mexicana (OEM) que reúne mais de 60 jornais,
Os argentinos Guillermo Mastrini (especialista entre os quais estão El Sol de México, e o de espor-
em políticas públicas de informação) e Martín Be- tes Esto y La Prensa. Além disso, conta com uma
cerra (pesquisador em políticas de comunicação) cadeia radiofônica nacional, a ABC, que está em
no seu livro «Periodistas y Magnates – Estructura y vinte cidades do país, o Canal 12 de televisão e a In-
Concentración de las Industrias Culturales em formex, uma agência informativa que presta ser-
America Latina», apresentam uma análise sobre viços a todos os meios de comunicação do Grupo.
as indústrias culturais e de telecomunicações de O Grupo Multimedios Estrellas de Oro, que edi-
nove países latino-americanos nos que se vislum- ta treze jornais diários em todo o país, entre eles
281
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 282
Milênio, Público, Diario de Monterrey, La Afición, e A capacidade persuasiva das novas mídias gerou
os semanários Milênio Semanal e Fama. Possui 37 entre os jovens nova credibilidade nos produtos cul-
estações de rádio, nove canais de televisão com turais baseados na nova mídia digital. Por isso,pode-
grande influência em Monterrey e em zonas pró- mos afirmar que existem veículos mais eficazes pa-
ximas, e participação nos negócios de televisão a ra transmitir a informação coletiva aos jovens
cabo. mexicanos do que o rádio e a televisão tradicionais.
Destaca-se a importância do Grupo Reforma,
que com sua ampla gama de jornais possui cerca 3.6.5. A mídia pública
de 16% da circulação total de jornais do país.
Esta grande infra-estrutura informativa contri- No México não existe a mídia pública como tal, já
buiu para modificar profundamente os hábitos que em termos jurídicos ela foi classificada como
culturais da vida cotidiana dos mexicanos, como mídia governamental ou do Estado. Embora al-
indicam as conclusões da pesquisa nacional sobre guns deles possuam requisitos próprios da mídia
o consumo cultural dos mexicanos. pública, a verdade é que não basta ter vocação pa-
Os jovens buscam o acesso a produtos culturais ra ser um meio de comunicação público.
como música, cinema, televisão, internet, literatu- Como as leis da livre concorrência exigem que as
ra, moda, etc., pela necessidade de satisfazer suas empresas compitam entre si com recursos próprios e
aspirações expressas em um produto cultural, sem o apoio do estado, o Governo mexicano foi reti-
criando uma imitação de estilos de vida. Nesta rando gradualmente as ajudas outorgadas aos meios
busca encontram também a publicidade48 que de comunicação públicos, e estes tiveram que lutar
promove exatamente muitos destes produtos com seus próprios recursos para sobreviver diante da
culturais. forte concorrência das empresas privadas. Isto signifi-
Este poder da mídia - e cada vez mais a mídia di- ca que a mídia pública teve que buscar outras fontes
gital da qual falaremos mais adiante - sobre a so- de renda para sobreviver, o que se resumiu basica-
ciedade e os indivíduos gerou uma sociedade mi- mente à venda do tempo no ar para as grandes em-
diática, criando-se uma nova atmosfera cultural presas de comercialização publicitária. Devemos lem-
coletiva, que tal como indica o pesquisador da brar que no México, o marco jurídico vigente
UAM (Universidade Autônoma do México): «mo- reconhece duas figuras: a concessão (onde o lucro é o
dificou a estrutura e a fronteira do Estado mexica- objetivo principal) e a permissão (onde a venda dos
no e da cultura nacional, criando uma nova malha espaços está condicionada aos patrocínios).49
na esfera do poder que fez surgir o Estado Mexica- Os desafios que deve enfrentar para conseguir
no Ampliado. Desta forma, observamos o surgi- uma verdadeira mudança são difíceis, mas se a
mento da tele-administração pública, tele-espor- vontade política se unir à vontade profissional será
tes, a tele-política, a tele-bancos, a tele-oração, a possível dispor de um contexto e das ferramentas
tele-medicina, tele-vendas, tele-diversão, rádio as- necessárias para poder competir com qualidade
sistência psíquico-emocional, rádio orientação contra o impacto da mídia privada. Primeiro, é pre-
viária, rádio igreja, rádio orientação sexual, etc.» ciso redefinir o que é mídia pública e a televisão
(Esteinou:2000). em particular. Nesta discussão deve-se partir de
48. Uma realidade que merece ser estudada é a semelhança dos gostos dos jovens de todo o mundo, onde o aspecto fun-
damental é que a publicidade das empresas cada vez está mais presente nas indústrias culturais.
49. Nesta última modalidade pode-se ampliar a figura do patrocínio com figuras como doações e intercâmbios que per-
mitam gerar renda própria. Embora o lucro não seja o principal objetivo da mídia pública, isto não significa que seja possível
ter uma atribuição legal para vender publicidade e conseguir com esta renda melhorar sua infra-estrutura, a qualidade de
suas produções e de pessoal.
282
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 283
um novo papel dos meios de comunicação públi- atua ativamente durante 3,56 horas em cada
cos e chegar a um consenso sobre sua própria con- ocasião. De acordo com os dados de penetração
cepção, onde sejam concebidos não só como da internet fornecidos pelo TGI, 3 de cada 10 me-
transmissores de cultura, mas também como cria- xicanos têm acesso esta mídia. Outro dado im-
dores e produtores da mesma. A mídia pública tem portante de acordo com esta fonte é que cada
características e objetivos muito diferentes da mí- vez mais mexicanos têm acesso à internet, sen-
dia governamental e comercial e, portanto devem do já utilizada por mais de 20% da população e
ser considerados diversos campos de ação no mo- mais de 26% nas zonas urbanas. Para entender
mento de elaborá-la, para garantir assim sua auto- as características demográficas da internet, o
nomia na gestão e o pluralismo nos conteúdos. TGI fez uma análise que indicou que a internet
tem uma penetração de 32% na população na-
3.6.6. As novas tecnologias e as pesquisas cional. Estes internautas se conectam em média
locais 17 vezes por mês e seus dispositivos digitais
(computadores, câmeras, reprodutores de mp3 e
Na última década foram modificados, graças aos telefones celulares) fazem parte desta rotina. A
avanços tecnológicos, os processos de divulgação, segunda parte do estudo, através de uma pes-
promoção e comercialização não só da informa- quisa on-line, permitiu captar uma amostragem
ção mas também dos próprios produtos culturais. de 2.027 pessoas maiores de 14 anos de todos os
Assim, as novas tecnologias da informação trans- níveis sócio-econômicos do México.
formaram as dinâmicas com que a sociedade se • O estudo mostrou que a casa e o local de trabalho
articulava, organizava, participava e comunicava. são os lugares onde as pessoas geralmente têm
Hoje em dia, sobretudo em alguns segmentos de- acesso à internet. Contudo, não ter conexão à in-
mográficos como no dos jovens de 18 a 35 anos, a in- ternet em casa não é um obstáculo para ser um
ternet é o meio com maior afinidade e está causando internauta, sobretudo nas camadas sócio-econô-
uma verdadeira revolução, que implica na democra- micas mais baixas. O papel dos cibercafés e Lan
tização da mídia e uma mudança radical nos hábitos Houses é fundamental, portanto, para entender o
dos usuários. A mídia digital permite que os usuários acesso à internet no México nestes setores.
deixem de ser espectadores passivos para tornarem- • A multitarefa está presente: os internautas reali-
se atores («prosumidores» = consumidores e produ- zam outras atividades ao mesmo tempo em que
tores ao mesmo tempo). Existe uma clara necessida- usam a internet (telefone, música e televisão
de de comunicar-se e expressar-se, que se reflete em são as mídias que utilizam enquanto estão na-
fenômenos tão bem sucedidos como é o caso das vegando). Atualmente, a penetração de equipa-
mensagens instantâneas,os blogs e o fenômeno das mentos eletrônicos digitais é consideravelmente
redes sociais ou comunidades. alta entre os internautas.
Segundo o último «Estudo do Consumo e a In- • É importante lembrar que existe uma geração
ternet», do IAB (Interactive Adversting Bureau, de jovens de 18 a 24 anos, que vive on-line, seja
HTTP://www.iab-mexico.com), realizado pela na rede, com seu iPod ou com seu celular. O mais
Millward Brown e TGI™ e publicado em julho de importante para eles é estar conectados. Por is-
2008 no México, a internet é atualmente o tercei- so, a internet é um estilo de vida para muitos,
ro meio de comunicação mais utilizado no Méxi- não só para os jovens, mas também para outras
co, depois da televisão e do rádio. faixas etárias. Neste estudo, para os internautas
mexicanos, a internet passou a ser a mídia com
• O usuário passa aproximadamente 4,49 horas maior vínculo emocional. Frases como «gosto de
cada vez que se conecta à internet, das quais utilizá-la», «faz parte da minha rotina», «é indis-
283
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 284
Gráfico 3.3 POSSE DE TECNOLOGIA DOS INTERNAUTAS Gráfico 3.4. EXPOSIÇÃO À MÍDIA NAS ZONAS
MEXICANOS URBANAS
Fonte: IAB, Interactive Advertising Bureau. México, 2008. Fonte:AMIPCI.Estudo sobre hábitos de consumo em internet,México,2007.
pensável em minha vida» ou «adoro» são atribu- Outra pesquisa realizada pelo Yahoo México co-
tos associados à internet. mo parte de um estudo ambicioso que foi realiza-
• A internet também é considerada uma mídia do a nível mundial e que contou com um total de
funcional, já que os internautas afirmam que os 4.783 participantes maiores de 18 anos de 16 paí-
mantêm atualizados, marca tendências, usam ses da Ásia, Europa, Austrália e América, revela da-
mais do que qualquer outro meio de comunica- dos muito interessantes à respeito da mídia e à
ção, permitindo decidir o que vêem, lêem e ou- propriedade da tecnologia, seu uso e atitudes e
vem (sentem que lhes dá poder de decisão, são valores:
mais proativos).
• Em média, as casas que possuem internet têm
Sem dúvida, o estudo do IAB surge como um 2,4 aparelhos de televisão, dois computadores e
documento abrangente, já que reúne diversos 6,3 aparelhos tecnológicos de outro tipo. Já no
grupos populacionais, inclusive aqueles que tra- México podemos ver que outros aparelhos como
dicionalmente estavam afastados do mundo in- câmera digital, HTDV... seguidos da televisão, su-
terativo. A internet não só faz parte da rotina dos peram os computadores.
usuários como também conseguiu criar um vín- • O telefone celular está onipresente, enquanto
culo afetivo que dá uma sensação de pertencer e outros tipos de tecnologia variam de acordo
de fazer parte de uma comunidade (vide redes
sociais) e ao mesmo tempo, uma sensação de in- Gráfico 3.5. MÉDIA DE APARELHOS TECNOLÓGICOS
dependência. POR FAMÍLIA. POR PAÍSES
Todos os anos a Associação Mexicana de Inter-
net realiza uma pesquisa nacional sobre os hábi-
tos de consumo em internet (o estudo é realizado
desde 2000) e os compara com outros meios con-
vencionais. No Gráfico 3.4 vemos os resultados da
exposição à mídia nas zonas urbanas, onde a tele-
visão aberta ainda continua sendo a mídia mais
acessada pelos mexicanos e onde, pouco a pouco,
a internet vem ganhando terreno. Fonte: IAB, Interactive Advertising Bureau. México.
284
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 285
com o país. O México e o Reino Unido são os que mídia eletrônica utilizada especialmente pelos jo-
mais adquiriram o celular, e a Ásia ocupa o pri- vens, faltam projetos públicos para a transforma-
meiro lugar na lista de aquisição de reproduto- ção dos meios de comunicação.
res de mp3, conforme se observa no Gráfico 3.6 e Por outro lado, o aspecto positivo da econo-
no Gráfico 3.7. mia de mercado que impera por esta falta de
• Normalmente, as pessoas passam um quarto regulação é a competitividade, a abertura de
do total de horas do dia utilizando as mídias. mercados e a possibilidade de novos financia-
O México está na média com quase 20% do mentos. É necessária a auto-regulação da
tempo útil do dia gastos em meios de comu- mídia através de códigos de ética que, como su-
nicação (os participantes que mais tempo gerem alguns autores, são os mecanismos cole-
consomem em mídias são os da Índia). Desse giados mais úteis para garantir seu funciona-
tempo, os mexicanos passam mais horas com mento.
tecnologias que com outras mídias conven- Os últimos anos se caracterizaram pelas enor-
cionais. mes mudanças na demografia, geopolítica e pelos
• Cada vez se utiliza mais o termo família 2.0: avanços tecnológicos. As famílias se transforma-
primeiro porque as pesquisas mostram que a ram, evoluíram, e se adaptaram a essas mudan-
maioria dos participantes deseja e gosta de ças. Um maior acesso às mídias e à tecnologia,
passar tempo com sua família; e segundo, por- junto com estas mudanças externas, modificaram
que muitas das atividades que realizam juntos a forma como as famílias se comunicam, com-
têm relação com os aparelhos e telas digitais pram e se divertem. Sendo assim, seus hábitos
(as ligações feitas com o celular, mensagens culturais também estão mudando.
curtas, e-mails, twitter, Messenger, ouvir músi- Com o acesso à rede, os produtos culturais es-
ca, jogos on-line, compartilhar fotos, entre ou- tão inter-relacionados e essas fronteiras estão de-
tros). Finalmente, a internet e a televisão edu- saparecendo. A informação e o entretenimento
cam, informam e divertem os membros da estão no imaginário social com novos valores de
família. consumo, de participação e de compromisso.
As mídias e a tecnologia continuarão provo-
3.6.7. Desafios cando mudanças na forma como as famílias se
divertem, se relacionam e se comunicam. Exis-
Embora cada vez existam mais iniciativas na socie- tem diferenças evidentes de atitude e compor-
dade que dão voz aos cidadãos, sobretudo graças à tamento entre os que cresceram com estas
285
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 286
novas tecnologias (os nativos digitais ou a ge- economia nos últimos anos foi significativo. Em
ração net) e as gerações anteriores (os migran- 2007, particularmente, o PIB teve um aumento de
tes digitais). 9,0%. Isso significa que, de 1994 a 2007, o PIB cres-
ceu em 43,9% (Ibid.).
Considerando as variáveis de desenvolvimen-
3.7. Peru50 to humano, o Peru ainda tem um longo caminho
por percorrer para alcançar seus vizinhos: ocu-
3.7.1. Contexto geral: expansão, pando o 87º lugar do IDH (PNUD 2008: 229, cfr.),
crescimento e necessidades o país está quase exatamente na metade da ta-
bela estimada pelas Nações Unidas, que inclui
O Peru atravessa um dos períodos mais longos de 177 países, com 53,1% da população abaixo da li-
crescimento econômico desde o início desta dé- nha nacional de pobreza, e 41,1% da população
cada, graças à crescente demanda de minerais, a com renda abaixo da linha dos dois dólares diá-
expansão de diversas atividades econômicas rios (Ibid.).
dentro do país e à construção. Precisamente este O Peru é um país urbano, embora 27% da popu-
contexto de crescimento serve para destacar al- lação viva em zonas rurais (INEI 2008). Muitos pe-
gumas das carências mais sérias que o país en- ruanos mais pobres vivem nas regiões menos ur-
frenta e que afeta crianças e jovens peruanos de banizadas (Ibid.) e a pobreza também acompanha
forma direta. os que pertencem às etnias nativas, tanto nos An-
des quanto na Amazônia.
3.7.1.1. Um retrato socioeconômico de crianças e O emprego e a perspectiva do mesmo para os
jovens na sociedade peruana jovens dependem de uma boa educação, mas
O Peru é um país de renda média, com aproxima- também da situação geográfica desses jovens.
damente 75% da população residente em áreas ur- Existem zonas do Peru que estão atravessan-
banas. Os números de 2007 indicavam 28.700.000 do uma situação de quase pleno desemprego
peruanos, sem contar com os que moram fora do por causa da expansão de indústrias de expor-
país, como migrantes econômicos (aproximada- tação e indústria ligeira para consumo local. A
mente um milhão) (INEI 2008). O crescimento da demanda agregada de tecnologia da informa-
50. Capítulo elaborado por Eduardo Villanueva. Pontificia Universidad Católica del Perú (PUCP), Perú.
286
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 287
ção por estas empresas varia significativamente ção demográfica Lima e três cidades mais próxi-
em função da articulação dos mercados inter- mas), atraindo imigrantes internos durante uns
nacionais. sessenta anos.
Numa região como a América Latina, marcada Mas a diferença socioeconômica entre a capital
pela desigualdade de renda, o Peru não ia ser uma e o resto do país é muito grande: Lima concentra
exceção: de acordo com os dados do IDH (PNUD 70% do PIB do Peru. Muitos serviços, incluindo as
2008: 281-282) o índice Gini (coeficiente de desi- telecomunicações e mídia de massa, têm em Lima
gualdade de renda) do Peru é de 52,0. Uma parti- seu principal mercado, ignorando ou não ofere-
cularidade é que a concentração de renda e gas- cendo alternativas que enfatizem o âmbito local
tos nos 20% da população mais rica é baixa em nas chamadas «províncias». Esta enorme brecha é
comparação com países como o Chile ou a Colôm- notória também na ausência de informação deta-
bia, o que torna, comparativamente, a classe mé- lhada e precisa sobre a situação da internet fora
dia na menos poderosa em termos de renda. de Lima.
Vale destacar que a enorme diversidade cul-
3.7.1.2. A situação educacional tural peruana é um reflexo da vitalidade das co-
O Peru destina 2,4% do seu PBI (equivalente a munidades locais em todo o país. Mesmo sendo
13,7% do gasto público) à educação, com uma evi- mais conhecidas as expressões de origem andi-
dente prioridade na educação primária (51% con- na, em todo o Peru existe uma clara tradição de
tra 36% para a secundária e 11% para a terciária) festividades de variadas manifestações que se
(PNUD 2008: 266). reflete na vida cotidiana dos peruanos, tanto
Embora a cobertura de serviços educacionais nas diferentes províncias quanto na própria ci-
públicos seja o suficientemente ampla permi- dade de Lima, onde reside um terço da popula-
tindo que 97,8% das crianças entre 6 e 11 anos se ção peruana do país e onde ocorrem atos que
matriculem e que 93,5% delas freqüentem a es- vão desde as famílias até as comunidades da
cola, o início da educação secundária ( jovens de «diáspora interior». Esta presença cultural enri-
12 a 16 anos) mostra uma queda importante, quece a vida dos peruanos, tanto como mani-
pois a taxa de matrícula cai para 89,7% e a taxa festação de identidade local, como através da
de freqüência a 72,3%, mais de 20% menos do constante miscigenação de ritmos e costumes,
que na educação primária. Enquanto na educa- encontrando na variada gastronomia das dife-
ção primária o percentual é um pouco maior pa- rentes partes do país uma das fontes mais de-
ra meninos do que meninas (93,5% de meninos senvolvidas de orgulho regional e nacional em
e 91,8% de meninas), na secundária a diferença seu conjunto. A presença de grande quantidade
é quase irrelevante, especialmente para uma es- de conteúdo digital criado pelos próprios usuá-
timativa de amostragem (72,6% de meninos e rios destinado à culinária reflete esta importân-
72% de meninas). A principal razão para a eva- cia para os peruanos.
são escolar é a existência de problemas familia- Os valores de distribuição de renda e de PBI
res, econômicos e de tipo indeterminado (Enaho detalhadas separadamente por Lima e provín-
2006, cfr.). cias ilustram bem esta realidade. Um efeito dis-
so é a alta concentração de recursos humanos e
3.7.1.3. A brecha entre Lima e as províncias materiais em Lima, o que torna difícil desenvol-
Uma constante, que surgiu e continuará surgindo ver mercados regionais em várias áreas, incluin-
neste texto, é a diferença entre Lima, a capital, e o do as mídias.
resto do país. Sem dúvida alguma, Lima é a maior Outras características da vida cotidiana perua-
cidade do Peru com grande diferença (compara- na, entretanto, são comuns a Lima e às províncias.
287
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 288
Entre eles o alto consumo de internet através Tabela 3.9. ESPAÇO DE ACESSO PREDOMINANTE
das lan houses ou a facilidade de consumo de Lan house 70,63%
conteúdos pirateados. Casa 14,50%
Trabalho 9,28%
3.7.2. Contexto midiático: a transformação Estabelecimento de ensino 3,38%
da vida midiática Outros (incluído acesso celular) 2,22%
Inevitavelmente, tanto a melhora geral das condi- que oferecem serviços do tipo «Triple play».
ções econômicas do país como a presença cotidia- Diante da pressão competitiva, os preços ten-
na em massa da esfera midiática global trouxeram dem a diminuir, mas a cobertura ainda é fraca. O
consigo mudanças na vida cotidiana, especial- investimento em novos serviços, especialmente
mente na dos jovens. O processo de expansão da o de banda larga domiciliar, deveria oferecer
cobertura de telecomunicações, embora ainda me- mais opções aos consumidores. Mas a amplia-
nor em comparação com outros países da região, ção deste espaço de acesso à internet e as novas
foi acompanhado pela popularização de mecanis- mídias é um assunto pendente, particularmen-
mos alternativos de acesso à internet, que se tor- te crítico fora de Lima.
naram uma opção para a maior parte da popula- A televisão por assinatura, um elemento im-
ção, mas também é um reflexo das carências que portante no desenvolvimento do imaginário cul-
enfrentam. tural próprio da era digital, ainda está pendente
de ser consolidada como negócio. Por um lado,
3.7.2.1. Telecomunicações e a necessidade isto torna a oferta relativamente acessível e
urgente de infra-estrutura e serviços mais estimulante quanto aos preços atuais que
A partir da privatização do duopólio controlado em outros países da região. Mas por outro, ainda
pelo Estado em 1994, as telecomunicações no existe excessiva dispersão da oferta. A principal
Peru tiveram um crescimento indiscutível, tan- operadora, a Cable Mágico, que controla um
to em cobertura quanto em serviços. Sem dúvi- enorme número de assinaturas. Abaixo desta
da alguma, a conjuntura internacional em que companhia existe uma profusão de operadoras
a expansão da internet e da telefonia celular com diversos níveis de seriedade e que oferecem
resultam impulsos para investir em infra-es- o serviço de forma independente, sem muitas
trutura e serviços, é um elemento de peso sig- possibilidade de expansão a novos serviços, algo
nificativo. particularmente crítico fora de Lima (OSIPTEL
Enquanto desde o início desta década existe 2008, cfr.).
concorrência, pelo menos em Lima, para ofere- Está prevista a escolha do padrão de televi-
cer serviços de banda larga a microempresas co- são digital para este ano, embora o processo
mo as lan houses, recentemente o consumidor tenha sido mais lento do que o esperado (Villa-
final tem, de maneira sistemática, a oportuni- nueva 2008, cfr.) e não existe estimativa sobre
dade de escolher entre ofertas significativas de a data em que a analógica deixará de funcio-
banda larga desde 2008, com duas operadoras nar.
288
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 289
Nível Socioeconômico Uso da Internet Posse computador em casa Conexão à internet em casa
Nível A 90% 95% 86%
Nível B 81% 65% 44%
Nível C 65% 39% 12%
Nível D 44% 7%* 2%*
Nível E 32% 7%* 2%*
(Variável que combina os níveis D e E).
3.7.2.2. O acesso: características básicas putador em casa, o que indica a importância das
Apesar da relativa precariedade da infra-estrutu- lan houses (Apoyo: 2006c: 14, 23, cfr.). Em ambos
ra, desde princípios desta década um importante os casos, a informação disponível se refere unica-
número de peruanos tem acesso regularmente à mente à capital.
internet (Telefônica 2002). A estimativa oficial pa- Entre os usuários de internet em Lima, a divisão
ra 2007 era de 29,40%. A quantidade de pessoas, por faixas etárias oferece pistas interessantes
particularmente crianças e jovens, que se conside- com respeito à intensidade do uso e à importân-
ram usuários regulares da internet é, portanto, cia das lan houses. Como podemos observar no
significativa. Quadro 3.9, entre os que usam a internet existe
O grande nivelador é a lan house, uma versão lo- paridade no número de sessões e, com exceção
cal do cibercafé que for surgindo em todo o país e das crianças com menos de 13 anos, também exis-
que, por várias razões, oferece mais do que um aces- tem semelhanças de horas de consumo. Estes da-
so barato: é um espaço de apropriação da rede por dos mostram claramente que as lan houses são
crianças e jovens; 70,63% dos usuários de internet espaços mais populares para o acesso à internet.
usam as lan house como principal lugar de acesso.
A empresa Apoyo realizou uma estimativa so- 3.7.2.3. As lan houses como lugares
bre o tempo de uso mais comum para os usuários privilegiados de acesso
de Lima, estimando um consumo médio de 12,8 A partir da sua popularização, em finais da década
sessões mensais de 84 minutos de duração de 90, as lan houses conseguiram se transformar
(Apoyo 2006b: 10, cfr.). em uma característica comum da vida dos perua-
A composição socioeconômica dos usuários de nos (Delfin: 2008;Villanueva: 2002, 2005, cfr.). Em
internet não possui relação com o fato de ter com- geral, situadas em zonas comerciais menores, são
289
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 290
negócios familiares ou pessoais que oferecem Como exemplo, podemos observar que perto de
serviços com preço variado, mas acessível para os muitas universidades é comum encontrar lan
jovens. O custo médio é de 1,20 sóis por hora (0,25 houses de dois tipos: de uso geral para navegação,
centavos de dólar em maio de 2008) (Apoyo: impressões, xerox e outros serviços como cópia de
2006a, 5, cfr.)–, existindo também a disponibilida- trabalhos, inclusive de elaboração de teses; e lan
de de serviços complementares: assessoramento houses para jogos, principalmente MMPORPG de
básico na utilização da internet, inclusive com ser- alta popularidade como World of Warcraft e Coun-
viços de «valor acrescentado», como a preparação ter Strike. Estes espaços se complementam com
de trabalhos escolares ou universitários. uma série de lugares de venda de computadores
embora seja difícil estimar o número preciso de montados no local e venda de programas piratea-
lan houses no Peru ou em Lima, a percepção coti- dos a preços irrisórios.
diana e a estimativa de trabalhos prévios (Fernán- Não é apenas pelo custo. Como defende Quiroz
dez Maldonado:2001; San Román:2002,cfr.) per- (2004: 109, cfr.) «os estudantes encontram em ca-
mitem ressaltar que, ao contrário do que acontece sa e no colégio limitações para explorar a internet
em outros países, só estão ausentes nas zonas de e satisfazer sua curiosidade, por isso freqüentam
renda muito alta ou muito baixa, tanto nas capi- as lan houses». A lan house é um espaço «libera-
tais como em cidades menores. Não existe uma do», onde os jovens podem agir como tais, sem ní-
associação direta com o turismo, embora existam veis significativos de supervisão e controle. Nestes
lan houses destinadas ao atendimento de turistas lugares, inclusive atividades que não seriam san-
nas zonas ou cidades com alto trânsito de visitan- cionadas como inadequadas como jogos em rede,
tes estrangeiros. os jovens têm oportunidades de expressão muito
As lan houses são espaços pequenos: mais da mais amplas e coletivas do que em casa. O surgi-
metade das estudadas pelo Apoyo em Lima mento de lan houses especializadas em jogos
(Apoyo: 2006a: 22, cfr.) não têm mais que 10 com- cumpre esta função: praticadas em um meio em
putadores e usam predominantemente computa- que as expressões desinibidas de entusiasmo não
dores «compatíveis», ou seja, montadas local- são consideradas inadequadas, muito pelo con-
mente com periféricos genéricos. Certamente não trário, são bem-vindas, permitem que o ato indivi-
estão adequados ao acesso de pessoas com limi- dual do jogo se transforme em ato social.
tações físicas (Risolidaria S.f., cfr.).
Ao serem negócios pequenos, com fraca asso- 3.7.2.4. Conteúdos, plataformas midiáticas e
ciação entre eles e alta taxa de renovação, no crianças e jovens
existe um mecanismo confiável de rastreamen- Como indicam as pesquisas realizadas em Lima,
to dos mesmos. A exceção fica por conta do sis- existe um claro padrão de uso da internet pelos
tema de pagamentos de impostos através da in- jovens dessa cidade que poderia ser extrapolada
ternet, implementado pela administração ao resto do país. Lamentavelmente não temos in-
tributária peruana, que promoveu o registro de formação sobre o uso fora das lan houses, portan-
algumas delas para que sirvam de agentes de to consideramos mais relevante estudar este es-
acesso à SUNAT virtual, o sistema de pagamento paço social tão popular.
de impostos e tributos do estado peruano. É pos- Tanto o trabalho acima citado de Quiroz, como
sível identificar orientações específicas, desde as as pesquisas da Apoyo permitem deduzir que o
lan houses que oferecem serviços básicos a interesse mais evidente pela rede em crianças é a
usuários de alta circulação até outras pensadas informação relacionada com o consumo de mídia,
para jovens de um bairro específico, em geral principalmente o de massa. Pelo contrário, os jo-
vinculadas a jogos em rede. vens incidem mais na comunicação entre seus
290
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 291
iguais, com uma continuidade muito fluida entre res, o número de assinaturas ultrapassa os 10
o telefone celular, as mensagens curtas, o correio milhões (OSIPTEL 2008, cfr.). Apreciações não sis-
eletrônico e o uso de software social/sites de en- temáticas permitem intuir que as crianças e os
contros, como o Hi5, o mais popular destes servi- jovens da Geração Interativa do Peru realizam o
ços no Peru, mais do que o Facebook ou o MySpace consumo de mídias e dispositivos digitais de for-
(Valleywag 2007: cfr.). Estimativas indiretas (Villa- ma conjunta, e que a emulação entre os amigos
nueva: 2005, cfr.) e estudos relacionados tangen- leva a desejar a posse de diversos aparelhos em
cialmente com este assunto (Huber: 2002; Trini- quantidade e variedade cada vez maior: um fe-
dad: 2002 e 2005, cfr.) apontam em direções nômeno chamado por Ishii (2007, cfr.) apparat-
similares. Este comportamento não é particular- geist, onde possuir um aparelho cria a necessida-
mente diferente do comportamento de usuários de de possuir outros mais, segundo modas
de outras faixas etárias, e parece ser contraditório passageiras, mas também tendências de longo
quando se compara com o propósito declarado prazo que incluem a transferência do jogo aos
como principal: o estudo. videogames ou o consumo de vídeos em forma-
O consumo de conteúdos não foi estudado de- tos para computador.
talhadamente, mas é possível estimar que se Este consumo integrado e integral do formato
apresenta em escalas: existe interesse tanto em digital cria tendências que não respondem direta-
produtos globais de massa – música, seriados de mente a padrões standard de renda ou de consu-
televisão e filmes do mainstream ou cultura prin- mo. A partir do trabalho de pesquisadores da re-
cipal – quanto em produtos de massa especiali- gião, sobretudo agrupados em DIRSI, é possível
zado – anime japonês (mangá). Também está aproximar-se à realidade do consumo de mídias e
presente o regional, os produtos da área latino- serviços da sociedade da informação através do
americana como música ou vídeos, onde os es- modelo da pobreza digital. Parafraseando Barran-
porte ocupa especial importância. Nos âmbitos tes (2005, cfr.), os indivíduos digitalmente pobres
nacional e local começa a se revelar a capacidade carecem de informação e comunicação concedi-
dos usuários de produzir seu próprio conteúdo, das pelas tecnologias digitais devido à falta de co-
como animações ou vídeos curtos que fazem nhecimento de como utilizá-las ou por falta de
uma paródia de eventos da política e da vida so- renda suficiente. Não se trata se pessoas de baixa
cial local (Villanueva: 2006, cfr.). Uma vez mais, renda ou com necessidades básicas não satisfei-
com base em estimativas como as temáticas que tas: alguns pobres digitais não seriam chamados
alguns blogs de jovens universitários não lime- «pobres» em outros contextos. Este fato marca
nhos apresentam, podemos dizer que ocorreria claramente as crianças e jovens de quase todo o
um rebote, ou seja, um impacto relativamente país fora da categoria de pobreza digital. Embora
forte e rápido, destes conteúdos para o consumo as considerações de renda e disponibilidade de
através da internet, com peso semelhante tanto meios de acesso não desapareceram, muitas
em Lima como em outras cidades. crianças e jovens que moram em zonas pobres e
A popularidade dos telefones celulares, repro- sem acesso às tecnologias digitais podem ser ple-
dutores digitais de áudio,dispositivos de video- namente conscientes da existência destas opor-
games e videogames portáteis, embora não cla- tunidades e estarem preparados para aproveitá-
ramente quantificada, é aparente no imaginário las quando for o caso. Isto é o que parece indicar
coletivo onde o «celu» é um elemento comum os depoimentos surgidos a partir de programas
na publicidade e nos produtos culturais dirigidos como OLPC ou experiências em comunidades alto
a crianças e jovens, bem como na difusão efetiva andinas (Huber: 2002, cfr.) ou amazônicas nativas
destes aparelhos: no caso dos telefones celula- (Correa: 2006, cfr.).
291
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 292
3.7.2.5. A pirataria como consumo generalizado cil reverter esta tendência enquanto o formato
Não é possível falar sobre o consumo de mídias no preferido de distribuição de conteúdos seja um
Peru sem considerar a pirataria e o consumo atra- suporte físico de baixo custo, como o CD ou o
vés de redes de intercâmbio. A escala deste tipo de DVD. A possibilidade de diminuição da pirataria
consumo é significativamente alta (IFPI: 2006, estaria no desenvolvimento de plataformas digi-
cfr.), mas, acima de tudo é necessário destacar o tais de distribuição direta, como o video on de-
rotineiro que se tornaram estas práticas, que atra- mand ou similares, ainda distante por causa da
vessam as classes sociais e as faixas etárias. pouca disponibilidade de infra-estruturas de re-
As formas comuns de pirataria, representadas de suficientemente sólidas e de fornecedores in-
na compra de conteúdos através de camelôs ou de teressados.
pequenos comerciantes em lojas de bairro, in-
cluem a música, os vídeos e os videogames. Ou- 3.7.3. Projetos específicos de acesso
tros mais especializados incluem os programas de
computador e os livros. Embora existam muitas iniciativas de promoção
A alta demanda de material pirateado é com- de acesso, poucas fazem parte de estratégias inte-
plementada, a nível juvenil, pelo uso de redes de gradas e de alcance regional ou nacional. Desta-
intercâmbio P2P, como o eMule e os bitTorrents, cam-se dois: o FITEL (Fundo de Investimento em
que permitem o acesso a cópias de alta qualidade Telecomunicações), administrado pelo Estado,
de quase qualquer gênero musical e de vídeo, com sustentando através de uma taxa aplicada à recei-
uma multiplicidade de fóruns de discussão e salas ta das operadoras de telecomunicações e orienta-
de chat que incluem espaços de acesso. do a cobrir a brecha digital através do aumento da
Mais além dos números, um dos aspectos que tele-densidade; e a implementação do projeto
causa mais impacto destas práticas é a ausência de OLPC (One laptop per child) no Peru, segundo
distinções por níveis de renda: encontramos discos grande projeto de provisão de computadores para
e vídeos pirateados em todas as partes de Lima e de estudantes e que tem alcance nacional, embora li-
outras cidades do Peru, tanto nos bairros com as mitado a um grupo específico. Também comenta-
maiores rendas quanto nas zonas habitadas por remos sobre a dispersa e pouco efetivo número de
pobres urbanos. Enquanto a distribuição em massa iniciativas para proteger os jovens de conteúdos
destes materiais fez com que desaparecessem inadequados e de potencial exploração sexual
muitas empresas especializadas em aluguel de fi- através das novas mídias.
tas de vídeo ou venda de música, as opções dos ar-
tistas locais também ficam limitadas: é comum 3.7.3.1. Promoção de acesso
não existir versões «formais» de gravações musi- Embora o Peru tenha um plano nacional para o
cais ou de vídeo de artistas de alta popularidade desenvolvimento da Sociedade da Informação,
nos setores com menos renda, pois suas obras só não conseguiu implementar estratégias de gran-
são distribuídas em formatos muito similares aos de alcance para ampliar o acesso setorial ou social
pirateados a preços muito baixos: um vídeo CD às tecnologias de informação, com exceção do FI-
(VCD) com uma hora ou mais de clips musicais de TEL, criado a partir da privatização das telecomu-
artistas locais pode ser vendido, dependendo da re- nicações em 1994 para fornecer conectividade às
gião, por pouco menos de dois dólares. regiões que o mercado não pode atender por ra-
Embora sejam realizadas, tanto pelo Estado zões de escala.
quanto pelas maiores empresas comerciais, cam- Concentrado em vários projetos específicos
panhas para promover o consumo formal, a esca- destinados a zonas rurais do país com particular
la à que se chegou faz prever que será muito difí- necessidade de atenção, inicialmente o FITEL am-
292
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 293
pliou a fronteira telefônica, além do acesso à in- gionais optassem por adquirir computadores para
ternet através de iniciativas de subvenção que suas escolas com fundos próprios, a política nacio-
conseguiram impressionar comunidades específi- nal está claramente dirigida aos setores de extre-
cas, com zonas de fronteira e rurais afastadas da ma pobreza.
conectividade urbana. O investimento realizado A aquisição de 40.000 computadores em uma
até hoje é de 53 milhões de dólares. Apesar de ser primeira etapa, com a intenção de chegar aos
um avanço, o montante e o impacto são insufi- 800.000 durante 2008 (La República, 2008), colo-
cientes para chegar aos milhares de localidades cou o Peru entre os poucos países que investiram
rurais de escassa população. neste projeto. O Uruguai é outro país da Ibero-
Atualmente (Ruiz: 2008, cfr.) o FITEL tem como américa participante do mesmo projeto.
marco legal a Lei 28900, que circunscreve sua De qualquer ponto de vista, a distribuição de
ação às localidades classificadas como rurais, computadores de forma gratuita terá efeitos
com população inferior a 3 mil habitantes e com significativos na vida cotidiana das crianças e de
tele-densidades fixas menores a 2% das casas. suas famílias. A decisão de entregá-los nas zonas
De forma particular, o projeto de internet rural, rurais alto andinas foi inclusive mais significati-
que tem previsto beneficiar aproximadamente a va ainda pelo fato de a conexão destas zonas
1,1 milhões de habitantes em 1.050 localidades com a mídia ser tênue por causa da dificuldade
com base numa estratégia combinada de subsí- de acesso à televisão e à internet. Embora a im-
dio, investimento de governos locais e um comi- plementação atual não considere indispensável
tê de gestão, se complementa com um progra- o acesso à internet, a entrega começou em co-
ma de banda larga rural, que beneficiará munidades com conexão via satélite graças a
diretamente 2,9 milhões de habitantes. Final- um programa anterior, o Huascarán, desenvolvi-
mente, destaca-se a chamada «banda larga para do no governo de Alejandro Toledo, onde a ênfa-
localidades isoladas», que, com um investimento se era instalar laboratórios de computação (au-
de 4,3 milhões de dólares, deveria cobrir 1,5 mi- las de informática) com conexão à internet em
lhões de habitantes. colégios fora de Lima.
A brecha de acesso à tecnologia, que as lan hou- Mais além das recentes controvérsias sobre a
ses salvaram nas cidades, é o principal motivo de continuidade do projeto OLPC, o governo do Peru
atenção do FITEL. É possível que a significativa re- parece que está claramente comprometido com
dução desta brecha, obtendo uma completa co- sua estratégia de renovação educacional baseada
bertura de seus projetos, tenha conseqüências nestes computadores. Falta ainda definir o que
importantes nas possibilidades de participação acontecerá quando os atuais beneficiários cresce-
na vida digital de crianças e jovens do chamado rem e não puderem continuar usando os compu-
«Peru profundo», ou seja, zonas rurais com alta tadores, claramente pensados para crianças de
presença de habitantes de cultura andina e ama- cerca de 10 anos.
zônica, tradicionalmente excluídos das possibili-
dades da sociedade contemporânea. 3.7.3.3. Proteção ao jovem
Junto com a popularização da internet, surgiu
3.7.3.2. Educação: OLPC também o fantasma dos perigos que ela traz.
O Estado peruano decidiu adquirir computadores Mais além de exageros, é evidente que para
XO-1 produzidos pela fundação OLPC (One laptop qualquer internauta desprevenido existe o risco
per child), como parte de sua estratégia educacional de ser presa de diferentes tipo de riscos, desde a
para as comunidades mais pobres, principalmente estafa comum até a exploração sexual, passando
as da zona alto andina. Embora alguns governos re- pelo uso de conteúdos não adequados.
293
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 294
Várias instâncias do poder político no Peru têm de acesso, também pode acontecer em casa, no
consciência disso, e procuraram oferecer soluções. colégio ou em muitos outros espaços. Não seria
No entanto, podemos afirmar que muitas das so- adequado reduzir o problema às lan houses. É fá-
luções propostas são insuficientes por um proble- cil culpar estes negócios pelos problemas.
ma de interpretação do perigo. Visto como uma Destaca-se também a campanha empreendida
questão fundamentalmente repressiva e de con- pelo Ministério da Mulher e Desenvolvimento So-
trole de acesso, os conteúdos e práticas inadequa- cial (Peru-MIMDES: 2007,cfr.), que sob o lema «Ba-
das foram incluídos junto com as ilegais em nor- te-papo com segurança, bate-papo pensando»,
mas legais que privilegiam a sanção e com certas procura promover uma atitude mais crítica e
transgressões à privacidade, ao invés de fomentar consciente com respeito aos possíveis riscos da
uma compreensão mais clara do fenômeno social comunicação digital. Esta campanha enfatiza a
e cultural da internet e a autoconsciência e a visão proteção à privacidade, ressaltando a possibilida-
crítica em crianças e jovens. de de que uma criança ou adolescente possa ser
O caso mais significativo é a lei municipal 808, vítima de abuso sexual a partir de intercâmbios
do Município de Lima, de agosto de 2005, que pouco precavidos com pessoas desconhecidas. A
«regula o acesso de menores de idade às páginas intenção desta iniciativa é mais adequada que a
web de conteúdo pornográfico, pornografia in- de outros mecanismos, pois trata de informar os
fantil, violência extrema e/ou similares». É conse- jovens para que enfrentem as possíveis conse-
qüência direta da lei 28119: «Lei que proíbe o qüências de suas ações.
acesso de menores de idade a páginas web de Enfim, é indispensável estabelecer claramente
conteúdo pornográfico», que transfere a obriga- a distinção entre o ilegal e o «prejudicial»: Para o
ção de fiscalização aos municípios, em coordena- ilegal, resta apenas a proibição e a perseguição le-
ção com a Polícia Federal. A norma aplicada na re- gal, enquanto que para o prejudicial, em geral, só
gião metropolitana de Lima aplica-se também à funciona a educação (Price:2002,cap.5,cfr.).
regulamentação da violência extrema, pornogra-
fia infantil e inclusive «similares» não definidos 3.7.4. Perspectivas
com clareza. Como mecanismo de acompanha-
mento estabelece que todos os usuários de uma Considerando a grande popularidade da internet
lan house deverão ser registrados com suas cédu- entre os jovens peruanos, os custos acessíveis e a
las de identidade. ampla disponibilidade das lan houses como espa-
Existem outras práticas, como as disposições re- ço de acesso, é possível estimar que elas continua-
gionais, municipais e de bairro com espaços pró- rão se expandindo, principalmente se a situação
prios onde existem computadores para uso exclu- atual de melhoria econômica se consolidar. Tam-
sivo de crianças e menores de idade. Com essas bém é possível estimar que o acesso à internet fei-
medidas garante-se não apenas a utilização de fil- to de outros lugares continuará crescendo, mas
tros nos computadores mas também a existência sem deixar as lan houses como espaços privilegia-
de espaços mais fáceis de monitorar, que não po- dos, dadas suas características sociais específicas.
dem ser usados por terceiros com outras finalida- Os usuários peruanos, que começam a partici-
des (Lei Municipal de San Martín, s.f., cfr.). Contu- par ativamente do «espaço de fluxos» seguindo os
do isso não quer dizer que estas normas parecem argumentos de Castells (1997, cap. 5, cfr.), conso-
assumir que o único espaço de risco potencial é a mem local e globalmente, e também geram con-
lan house: embora seja verdade que as probabili- teúdos para as realidades e situações próprias do
dades de sofrer assédio ou violência sejam maio- país. Esta tendência, também global e habitual-
res numa lan house por ser o espaço privilegiado mente etiquetada como Web 2.0, se mistura com a
294
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 295
realidade do consumo livre, produto da imensa po- estudados.Encontra-se atrás da Argentina (38º lugar),
pularidade da pirataria, em todas as suas formas, e Brasil (70º lugar), e na frente da Colômbia (75º lugar),
do uso de redes de intercâmbio de conteúdos. Peru (87º lugar),Equador (89º) e Bolívia (117º).
O desafio para os próximos anos é combinar vi- A classificação nesta escala está emoldurada
sões nacionais com ações locais que, no caso de em um «desenvolvimento humano médio», des-
crianças e adolescentes, os protejam sem asfixiá- tacando a baixa taxa de analfabetismo (6%). O
los, permitindo que ampliem seus horizontes sem PNUD ressalta que 31% da população tem menos
limitá-los ao consumo. O aproveitamento do inte- de 15 anos e 4,9% tem mais de 65 anos. A idade
resse e a criatividade individual deveria ser um de- média para os homens é de 24,3 anos, e a idade
grau em direção a estratégias nacionais, que sem média para as mulheres é de 25,4 anos. Quanto à
dúvida alguma serão insuficientes diante das ca- religião, 96% da população é católica, 2% é protes-
rências estruturais, mas que encaminharão o es- tante e o restante pertence a outras religiões.
forço em direção a níveis superiores. Mais de 60% da população está estabelecida
Nesta direção, é necessário também garantir nos vales e ao pé das montanhas da cordilheira da
que a internet e as mídias interativas sirvam co- costa e da cordilheira dos Andes, criando assim
mo ferramentas de integração entre todos os pe- grandes vazios populacionais ao sul do eixo fluvial
ruanos de distintas zonas, costumes e níveis de Apure-Orinoco.
consumo, mas também do Peru com o mundo. A Como conseqüência, 40% da população está as-
realidade desta geração interativa é que aproveita sentada nas oito cidades mais importantes do
a tecnologia para a satisfação e o proveito. É ne- país: Zulia, Miranda, Carabobo, Distrito Capital, La-
cessário que o uso seja mais produtivo e dirigido ra, Aragua, Anzoátegui e Bolívar.
ao crescimento com justiça para todos. É dever do Compreender os processos de socialização das
Estado, da sociedade civil e da empresa privada crianças e jovens venezuelanos, a partir da relação
criar condições para que a iniciativa individual dos mesmos com as Tecnologias da Informação e
prospere nesta direção. Comunicação (TIC), requer configurar a cultura di-
gital nacional a partir de características próprias do
país como a diversidade social, uma brecha econô-
3.8. Venezuela51 mica considerável e o planejamento de políticas
públicas.
A Venezuela possui 27.934.473 habitantes, de acor- A diversidade social deste país é mais notória
do com a projeção do Instituto Nacional de Esta- em diferenças de classe econômica do que em di-
tística (INE) para 2008. Deste total, 8.023.997 pes- ferenças raciais. Estes elementos impulsionam
soas formam a população juvenil, compreendida uma heterogeneidade juvenil, caracterizada por
entre os 10 e os 24 anos. Este número representa Angulo (1993, cfr.) por suas diferenças no estilo de
28,73% da população venezuelana e demonstra vida, livre adoção de pautas particulares de com-
que, demograficamente, este grupo tem uma im- portamento, encarecimento forçado de meios e
portância especial, já que 1 de cada 5 venezuela- recursos, expansão da pobreza, situações familia-
nos é considerado jovem. res diversas e numa segmentação educacional
Segundo o Programa das Nações Unidas para o De- marcada por desigualdades em anos de escolari-
senvolvimento (PNUD) no estudo 2007/2008,a Vene- zação e qualidade de conteúdos.
zuela está colocado no 74º lugar quanto ao índice de Dessa forma, a brecha econômica existente gera
desenvolvimento humano, de um total de 177 países hábitos e pautas de comportamento diferentes en-
51. Capítulo elaborado por Mabel Calderín Cruz e Miladys Riojano, Universidade Andrés Bello.
295
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 296
tre o jovem que vive em zonas rurais, o que vive nas ros». Desde os 7 anos de idade os aparelhos tecno-
cidades com recursos limitados, e os grupos juvenis lógicos estão entre os seus presentes preferidos, e
com acentuada tendência de consumo. Em todos mais do que ideais e gostos comuns, estes são os
eles, o mercado de imagens que se transmite na objetos e aparelhos que os unem e os identificam
mídia gera percepções e modos de socialização di- com outras crianças de sua idade (Producto:
ferentes. Como expressa Díaz Nosty (2007): «Ocorre 2006, cfr.). Esta geração nasceu cercada pelo te-
na América Latina duas manifestações contrasta- clado, começam e terminam o dia manipulando o
das na aplicação social das extensões tecnológicas controle remoto da televisão, tornam-se escravos
da comunicação. No campo dos novos usos, os se- do celular, são fanáticos por videogames e so-
tores com poder aquisitivo estão menos distantes nham com um computador.
dos europeus e norte-americanos do que de seus Segundo a revista Producto (2006,cfr.), um estu-
compatriotas situados nos vastos espaços da po- do de mercado realizado pela Quantum Research,
breza» (p. 24). que mostra o perfil e a preferência de marcas das
De acordo com a conclusão da pesquisa Enjuve – crianças entre 7 e 12 anos indica que, 36% da amos-
um dos trabalhos pioneiros na Venezuela para o es- tra estudada possui um telefone celular, 49% um
tudo de jovens no período compreendido entre videogame e 88% uma televisão.Também mencio-
1960 e 1993 – esta primeira etapa se caracterizou na que o envio de mensagens de texto é a função
por vários processos empreendidos pelo Estado: a mais utilizada dos celulares (70,2%). Por ouro lado,
industrialização do país, a intensificação do proces- 53,5% utilizam a internet, e desse total, 16% se co-
so de urbanização, a expansão da matrícula na edu- nectam para entrar nas salas de bate-papo.
cação, a estabilização política e a abertura democrá- A pesquisa «Omnibus Kids» da Datanálisis, aplica-
tica, a expansão das mídias e o aumento de circuitos da a uma mostra de 500 pessoas em suas residências,
de consumo e produção cultural (Angulo: 1993, cfr.) no mês de março, que mede as atividades de entrete-
Os seis elementos identificados no parágrafo an- nimento das crianças de 7 a 12 anos na Venezuela, re-
terior marcaram uma geração mais acostumada a gistrou que a principal atividade realizada pelas crian-
receber imagens geradas pela televisão. Até o final ças em seu tempo livre e nos finais de semana é
da década de 80 e início dos anos 90, estes jovens assistir à televisão, especialmente desenhos anima-
fizeram parte de uma política social que os consi- dos (75%) e esta mesma atividade é a preferida para
derava receptores automáticos de benefícios co- divertir-se nos seus momentos livres,durante a sema-
muns, mais do que uma população com especifici- na e nos finais de semana (98%). Sendo assim, a po-
dades que necessitava estratégias particulares. pulação infantil consome altas doses de comunica-
Desde 1998 as estruturas tradicionais do país fo- ção audiovisual, com um elevado percentual de
ram concebidas com um novo modelo político. As- protagonismo da violência e uma programação pre-
sim, a Geração Interativa se configurou a partir de dominantemente estrangeira.
novas regulações, programas sociais que fomen- No caso da população juvenil da Venezuela, de
tam outras competências, acesso às TIC com a visão acordo com o INE, está formada por jovens de 10 a
de gerar um «desenvolvimento humano e social». 24 anos e dividida em três grupos: dos 10 aos 14
anos formada por 2.730.895 pessoas, entre os 15 e
3.8.1. Contexto cultural,educacional os 19 anos composta por 2.703.056, e dos 20 aos
e social 24 anos existem 2.590.046 jovens. No total, o gê-
nero masculino está constituído por 4.081.062,
3.8.1.1. Perfil da população em estudo equivalente a 50,86% da juventude, enquanto o
Muito antes de completar 10 anos as crianças ve- gênero feminino é composto por 3.942.935, que
nezuelanas se tornam «adolescentes prematu- representa 49,14%.
296
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 297
297
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 298
informação, interconexão e amplitude de possibi- mente, nos municípios de Mara e Perijá. Entre os
lidades oferece tantas opções para a vida aos jo- resultados preliminares destaca-se o fato de que
vens que diante das dificuldades eles preferem 90% dos consultados não possuem um computa-
mudar de direção ao invés de persistir o suficiente dor pessoal, entretanto 60% responderam que se
para alcançar suas metas. conectam à internet e a via de acesso que utili-
Mudam o switch de suas vidas do mesmo modo zam é o cibercafé ou lan house ou o infocentro. O
que fazem com um aparelho tecnológico, e entre uso que fazem da Rede é principalmente para fins
seus valores predominam: a liberdade de escolha; acadêmicos, para comunicar-se por e-mail e pou-
a procura de satisfações pessoais, embora assu- co mais de 10% usam as salas de bate-papo.
mam de maneira consciente a importância do gru- Isso demonstra que, até em zonas rurais, em po-
po; a irreverência diante da autoridade e a abertu- pulações de baixo poder aquisitivo, o setor juvenil
ra para a criatividade. Por outro lado, têm maior está imerso em um processo de apropriação da
capacidade de negociação que seus antecessores, tecnologia. Vale destacar que, segundo De Freitas
aceitam e defendem a heterogeneidade, e como (2007), nos setores populares venezuelanos, a ju-
bons consumidores amam a utilidade, a funciona- ventude está reduzida a um período menor do
lidade, a inovação, as satisfações e a conquista de que em outras camadas sociais porque nessas
objetivos concretos (Culshaw: 2008a, cfr.). áreas a vida tem outro sentido e outra velocidade,
As empresas da Venezuela identificaram na po- está mais próxima da violência e do terror. Desde
pulação juvenil uma elevada capacidade crítica muito cedo, se vêm obrigados a incorporar-se ao
em relação aos serviços e expectativas muito al- mercado de trabalho para sobreviver, se casam e
tas à espera de novas idéias, o que fez com que começam a ter filhos e assumem tanta responsa-
adaptassem seus aparelhos para satisfazer as ne- bilidade, que muitas vezes lhes impede de realizar
cessidades de inovação e as aspirações do seg- seus sonhos.
mento juvenil. Por exemplo, o telefone celular dei- Mas, como afirma o próprio De Freitas (2007):
xou de ser um acessório dos adultos para «Mesmo com tantas privações, a riqueza destas
transformar-se no instrumento preferido de co- áreas reside em sua incomensurável diversidade,
municação e socialização dos jovens. uma diversidade que é o motor que impulsiona a
Outro estudo realizado pela Quantum Reserach dinâmica cultural que possibilita a criação de es-
de casa em casa em Caracas, Valencia, Maracaibo, tratégias, redes, associações, que permite encon-
Barquisimeto, Puerto La Cruz e Puerto Ordaz, no trar soluções diante de tanta adversidade» (p. 261).
qual foram entrevistados 400 jovens entre 11 e 18
anos para saber o que consomem, como adminis- 3.8.1.2. Identidades e valores assimilados
tram seu dinheiro, do que gostam, como se diver- As imagens e símbolos transmitidos através da
tem e o que pensam do futuro, mostrou que mais hipermídia atual geram uma cultura simbólica
de 80% dos consultados afirmaram que possuem que se mistura com aspectos locais e gera a reor-
um aparelho celular através do qual enviam e re- ganização de padrões de percepção e socialização.
cebem mensagens de texto e multimídia, jogam, As tecnologias respondem, de certo modo, ao
gravam vídeos, tiram fotos e até escutam música lugar de onde provêm e trazem consigo valores,
(GEP:2008,cfr.). crenças e uma ideologia implícita (Montagu, Pi-
Por outro lado, Espinoza (2007) observou as prá- mentel e outros: 2004,cfr.).
ticas de uso e conhecimentos sobre a internet dos Especificamente no caso das TIC, seu impulso e
jovens estudantes universitários na faixa etária desenvolvimento ocorreram inicialmente na cultu-
compreendida entre 15 e 24 anos, residentes em ra anglo-saxônica e isto implica em um idioma pre-
zonas suburbanas do estado de Zulia, especifica- dominante, idéias e estilo de vida. O ciberespaço es-
298
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 299
tá baseado um parâmetro tipicamente americano. te, a televisão com canais por assinatura. Mas ou-
A realidade que se anuncia com as auto-estradas tros são adquiridos através da internet. Segundo
de informação e o desenvolvimento da telemática, estatísticas da empresa Tendencias Digitales, o si-
surge como um desenho do tamanho de seus esti- te que mais visitam é o Google, com uma média
los de pensamentos. A preeminência da casa sobre de 5,69 vezes ao dia; e da mesma forma que em
a rua, do privado sobre o público, do individualismo outros países latino-americanos se interessam
utilitário sobre o afetivo, do negócio sobre todas as pela música que conseguem na internet e pelas
coisas (Verdú:1997; cfr. Montagú: 2004,32, cfr.). notícias, vídeos, tecnologia e cinema.
Nas zonas urbanas do país observa-se como se Se consideramos as conclusões de um estudo
valoriza cada vez mais ter um aparelho eletrônico do Joint Information Systems Committee e da Bri-
de última geração e possuir televisão a cabo, em tish Library (2008, cfr.) sobre a geração que mais
lugar de cobrir necessidades básicas. costuma usar este buscador, entrariam na catego-
A segmentação dos grupos juvenis e a interpreta- ria de «nativos digitais» e se caracterizariam pela
ção que fazem dos símbolos e valores que lhes são falta de habilidades críticas e analíticas que lhes
transmitidos através da mídia dependem da posi- permita avaliar a relevância ou a fiabilidade do
ção que se ocupa na escala econômica nacional. De que encontram na web.
acordo com um estudo da Quantum Research publi- Esta conclusão reforça a aquisição de identidades
cado na revista Producto (Culshaw: 2008) e um es- estrangeiras, sem muitos questionamentos, tornan-
tudo sobre as tribos jovens (Auletta: 2008) pode-se do mais poderosa a influência da mídia, especial-
identificar os seguintes grupos: os que seguem a mente da mídia audiovisual. Tal como explicam
cultura do rap e do hip-hop, os roqueiros, os punks, e Margulis e outros (1998) e Reguillo (2000) (Martin
outros que surgiram dos anteriores, como os Barbero: 2007, cfr.): «Os meios de comunicação são
«emos» (variação dos «punketos», que abandona- um dos agentes de desvalorização do nacional mais
ram o anarquismo da década de 90 pelo sentimen- poderosos, e o que vemos hoje, de uma maneira
talismo), os «tukis» (vários estilos musicais: salsa, mais explícita nos jovens, é o surgimento de cultu-
música eletrônica e reggaeton), «góticos» (variante ras que, como no caso das musicais e audiovisuais,
dos roqueiros e dos punketos associada com una es- ultrapassam a fronteira territorial pela conforma-
tética de contraste, privilegiando o negro e a música ção de ‘comunidades hermenêuticas’ dificilmente
classificada como escura);os «frikis» (extravagantes, compreensíveis do ponto de vista nacional (...) Dessa
amantes das revistas em quadrinho, da ciência-fic- forma, a mídia coloca em jogo um movimento con-
ção, jogos de interpretação de papéis (RPG) e princi- traditório de globalização e fragmentação da cultu-
palmente os videogames de fantasias épicas). ra, que é, ao mesmo tempo, de deslocalização e revi-
O estilo associado ao rap ou ao hip-hop é mais talização do que é local» (p. 259).
fácil de ser observado nas camadas sociais mais
baixas, as quais repetem padrões dos cantores 3.8.1.3. Influência das TIC nos processos de
afro-americanos, misturados com letras de can- socialização da população infantil e juvenil
ções modificadas sobre a realidade dos bairros ca- A internet, segundo Garbin (2003, cfr.) possui três
raquenhos. As outras variantes são identificadas campos que se diferenciam entre si: cultura, co-
na classe média e alta. Em todos existe um ele- municação e informação, mas com a chegada da
mento comum: a influência anglo-saxônica e o socialização da Web, estas diferenças desaparece-
consumo de produtos estrangeiros. ram, facilitando o desenvolvimento de uma cultu-
Boa parte de seus símbolos são copiados atra- ra a nível global construída com base no coletivo,
vés dos produtos audiovisuais que transmitem os que ultrapassa fronteiras, integra e interconecta
meios de comunicação tradicionais, especialmen- comunidades virtuais.
299
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 300
As relações estabelecidas por crianças e jovens cional onde são estabelecidos vínculos afetivos entre
através do diálogo virtual contribuem para a forma- os interlocutores, não existe censura e ocorre um
ção de novas identidades. É um processo socializa- processo de exploração interior dos jovens que am-
dor no qual são formadas comunidades «desterrito- plia de forma ilimitada as relações com seus iguais.
rializadas ou reterritorializadas» a partir da busca de O anonimato, tão característico dos diálogos
aproximação, identificação ou negociação que ocor- virtuais estimula a criatividade nos jovens, libera-
re de um lugar geográfico para outro qualquer, onde os dos prejuízos em suas expressões e estimula a
a distância deixa de ser relevante e o que se valoriza desenvolver a imaginação. Isso é o que sugere
é a semelhança de interesses, os gostos e as prefe- Garbin (2003, cfr.), quando afirma que os jovens
rências como as afinidades musicais. Assim, a Rede inventam para si descrições físicas ou narrações
se torna o novo espaço onde esta geração satisfaz de situações construídas intencionalmente em
suas necessidades culturais (Quiroz, 2007,cfr.). um dado momento, de acordo com uma circuns-
As crianças e os jovens adoram os espaços onde tância específica ou dependendo do interlocutor.
podem agir livremente e onde podem dispor de pri- Também as operadoras telefônicas estão inves-
vacidade, e a Rede é um lugar onde encontrar-se, tindo em tecnologia para prestar serviços que vão
onde eles decidem quando e com quem se comuni- além da ligação telefônica, como por exemplo, o
cam, mas também se expõem, tornam-se visíveis e ringback tone, acesso ao Messenger e o SMS Full,
ao mesmo tempo, rompem as estruturas tradicio- porque permitem a simulação do computador no
nais da educação. Nesse sentido, Quiroz (2007) afir- celular e o uso das ferramentas informáticas, entre
ma que, diante da clássica intermediação do pro- outras aplicações. Isto porque são serviços que cau-
fessor e do livro de texto, se abre um caminho para sam muita atração em crianças e adolescentes com
o conhecimento da relação direta do jovem com idades entre 14 e 24 anos, que representam 39% do
uma ampla e variada tipologia de fontes de infor- mercado de celulares na Venezuela (GEP:2008, cfr.).
mações (textos, mapas, imagens, som, vídeos, etc.), Comunicar-se e socializar com outros através das
todas as formas multimídia de aprendizagem ao salas de bate-papo e programas como o Messenger,
seu alcance. Só que estas formas de acesso ao co- Yahoo,Myspace e Facebook,assim como poder acessar
nhecimento já não são controláveis e exige o de- um universo virtual de informações, segundo García
senvolvimento de algumas competências para au- (2008), tornou-se tão importante na vida dos jovens
mentar a capacidade crítica e o uso eficiente destes venezuelanos que os que não possuem um computa-
recursos por parte dos jovens, diante da excessiva dor usam os centros de comunicação,lan houses e ou-
quantidade de informações que encontram e que tros estabelecimentos que são aproximadamente
continuam crescendo na Rede. 3.000 em todo o território nacional,para conectar-se.
Entre as alternativas ou serviços oferecidos pela Outro aspecto que vale destacar é o hábito de lei-
Rede, as salas de bate-papo e o Messenger, têm uma tura orientado principalmente aos livros. Atual-
grande aceitação entre os jovens, em primeiro lugar mente as TIC estão exercendo uma influência posi-
pelo caráter imediato e sincrônico que os caracteriza, tiva sobre esta atividade nos grupos juvenis;
mas também por ser um espaço de fácil acesso e segundo Culshaw (2008, cfr.) os adolescentes pre-
muito econômico para manter conversas particula- ferem ler on-line ou em versão eletrônica muitos
res ou em grupo; eles escolhem a opção desejada: se dos materiais obrigatórios incluídos nos programas
conversar com uma ou com várias pessoas, sobre de educação, mas, muitas vezes, seu interesse por
seus assuntos preferidos. Para Quiroz (2007, cfr.), este informar-se através de sites ou ler livros inteiros em
espaço de interação anônimo, onde é possível con- formato digital responde a iniciativas próprias de
versar com desconhecidos e encontrar pessoas com aproximação aos temas da atualidade que geram
as mesmas preferências, produz uma abertura emo- discussão nos grupos aos que pertencem.
300
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 301
Assim, para Culshaw (2008b): «Em uma época políticas específicas e cenários adaptados às múlti-
em que os iPods e os celulares parecem querer plas facetas do novo sistema educacional.
substituir os tradicionais livros, sagas como as de Sobre isso, explicam Benavides e Pedro (2007):
Harry Potter tiveram o mérito de abrir um cami- «É claro que as tecnologias não são consideradas
nho para a leitura, reforçado pelos filmes, jogos te- nunca uma questão política isolada. Entretanto,
máticos e até souvenires com elementos de mun- no que se refere às suas aplicações educacionais a
dos mágicos. A tecnologia não necessariamente verdade é que elas também devem estar perfeita-
afasta os jovens da leitura, muitas vezes o que faz é mente integradas tanto nos planos políticos co-
que a redefine (...) Neste sentido, a internet cumpre mo nos educacionais, assim como, num sentido
o mesmo papel ou similar ao dos tradicionais li- mais amplo, nos planos sócio-econômicos relacio-
vros, revistas e jornais impressos» (ref.3). nados com conceitos que vão além da perspectiva
As TIC também estão mudando a linguagem de escolar. Entre estes estão a educação permanente,
comunicação, a velocidade, o tempo virtual e as as novas atitudes exigidas pela sociedade rede, o
possibilidades de usar novas formas para demons- novo conceito de cidadania e a alfabetização in-
trar sentimentos e emoções características deste formática, apenas para citar alguns» (p. 22).
novo meio de comunicação, estão criando uma Existem três grandes pontos que Valderrama
forma de expressão diferente, abreviada, cheia de (2004, cfr.) considera importantes para abordar os
códigos próprios, às vezes, indecifráveis. A teoria de desafios educacionais no cenário da globalização.
Garbin (2003, cfr.) é que esta forma de escrever tão O primeiro está relacionado com a capacidade de
diferente, agressiva e pobre não é uma ameaça aos «aprender a aprender» e influi tanto no aspecto
tradicionais adjetivos escolares da escrita, nem é pedagógico como no político; o segundo desafio
uma evolução de outras formas de escrever, mas se refere à formação e desenvolvimento de habili-
sim, uma nova articulação entre a linguagem oral dades cognitivas, comunicativas, sensíveis e cultu-
e escrita, que se adapta às peculiaridades da diver- rais para atingir um verdadeiro controle do ser so-
sidade de usuários que freqüentam a internet. cial em relação às TIC e com isso criar um saber
local; e o terceiro desafio diz dirigido à aceitação
3.8.1.4. Estratégias de aprendizagem nas TIC da diversidade entre os indivíduos ou a disposição
O espaço telemático ou «terceiro entorno» (E3), de de dialogar com o outro que é diferente.
acordo com Echeverría, (2000, cfr.) implica em um Mas o panorama é bastante complexo dado que
novo enfoque do setor educacional em função de o nível de responsabilidade que exercia o Estado so-
seu caráter representacional, distal e multicrôni- bre os conteúdos e programas de ensino agora
co, e sua dependência de redes eletrônicas nas compartilhados com novos agentes: universidades
quais os nós de interação podem estar espalha- virtuais, universidades empresas, universidades
dos por vários países. Para isso, são necessárias corporativas, organizações não governamentais,
iniciativas educacionais baseadas em estratégias instituições religiosas e outros que, segundo Crovi
que permitam o uso e a apropriação das TIC visan- (2006), facilitam a educação «em qualquer lugar, a
do desenvolver novas possibilidades que enrique- qualquer momento, a qualquer idade e em diferen-
çam os processos de aprendizagem. tes idiomas, embora dê prioridade ao inglês» (p. 91).
Para alcançar os objetivos desta nova sociedade é Na Venezuela, o planejamento de recursos edu-
preciso mais do que simplesmente transmitir co- cacionais em matéria de TIC foi elaborado com a
nhecimentos ou informações através da formação à visão de um modelo não excludente no que diz
distância, do trabalho colaborativo não presencial, respeito ao acesso, que considera a realidade so-
das comunidades de aprendizagem ou do acesso ili- cioeconômica do país e sua diversidade. Salas, Ló-
mitado às bases de dados on-line, é preciso elaborar pez e Lara (2006, cfr.) afirmam que sua implanta-
301
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 302
ção enfrentou obstáculos como o elevado custo Movimento de Educação Popular Integral, Fé e Ale-
dos equipamentos, insumos, manutenção e co- gria e a Universidade Católica Andrés Bello, cujos
nectividade ou formação dos docentes. convênios com a IBM levaram as tecnologias da in-
No Governo, o acesso às TIC foi articulado a par- formação até às escolas públicas. No setor privado, a
tir de unidades fixas e celulares próximas à popu- Fundação Telefônica vem desenvolvendo progra-
lação que garantem o uso gratuito de equipa- mas que visam a qualidade educacional através do
mentos e a conexão à internet, como os centros uso das TIC, como é o caso das Salas de Aula Hospi-
bolivarianos de informática e telemática, salas de talares e o programa Proniño, através dos quais pro-
aulas virtuais, infocentros, entre outros. fessores e alunos podem, não apenas, ter acesso aos
Nas salas de aula de computação, o Estado ten- equipamentos e às novas tecnologias, mas também
ta estimular o uso de recursos multimídia, hiper- receber orientação e formação de qualidade.
mídia, softwares educacionais e ferramentas de Em termos de publicações foram identificadas
comunicação para buscar, processar e intercam- as coleções multimídia Multisaber e El Navegante,
biar informação. portal educacional nacional52, Portal Renadit53 (re-
Nas salas de aula denominadas «interativas», o de nacional de atualização docente), Projeto Pe-
objetivo principal é fomentar discussões coletivas queno Explorador (Kidsmart), e outras ferramen-
através de material áudio-visual, tele-aulas e vi- tas de caráter privado, que foram distribuídas
deoconferências. através de franquias em todo o país como: Tecno
Entre as prioridades anunciadas pelo Ministério Kids, Future Kids, portal Apalancar54, entre outros.
do Poder Popular para a Educação está o uso de Para o planejamento de recursos nesta área, espe-
ferramentas ofimáticas, como processadores de cialistas em medição de tendências como o econo-
texto, planilhas de cálculo e apresentações, uso de mista Carlos Jiménez estabeleceu dois eixos: educa-
softwares educacionais, uso de ferramentas web ção tecnológica e investimento na aprendizagem da
e consulta de portais educacionais. língua inglesa. Em sua opinião, o crescimento da so-
Por outro lado, é importante destacar que o aces- ciedade do conhecimento na Venezuela aponta na
so às TIC foi avaliado a partir de dois pontos de vista. direção de uma política educacional massiva que
Em uma primeira etapa foram selecionados softwa- motive e ensine a fazer, tal como aconteceu com a
res com licenças pagas através de convênios com penetração do celular, que em 2006 atingia 70% da
empresas como Microsoft, os quais incluíam treina- população, quase 18 milhões de pessoas.
mento de professores, e licenças especiais para as As primeiras propostas são descritas por Cabanzo,
escolas. Não obstante, desde 2002 o Governo tem Zambrano e Zabala (1997) em sua tese sobre a re-
tentado fomentar o uso de softwares gratuitos e presentação social da informática educacional nos
promover sua instalação em todos os níveis. Outras docentes da educação básica que participam do
iniciativas em matéria educacional foram adotadas projeto «Simon». As autoras fizeram um levanta-
através dos governos de forma descentralizada, co- mento dos projetos educacionais implantados des-
mo o projeto Bibliotecas Virtuais de Aragua que pos- de a década de 90, que são os seguintes:
sui diferentes áreas que fomentam o uso da tecno-
logia com assessoria: salão de pesquisa, de leitura, • A Associação Venezuelana de Educação e Infor-
simuladores, para deficientes físicos, etc. Além disso, mática (AVEI), que surgiu em 1994 com o objetivo
existem experiências como as desenvolvidas pelo de incentivar a pesquisa e o desenvolvimento da
52. http://www.portaleducativo.edu.ve
53. http://www.renadit.me.gob.ve
54. http://www.apalancar.org.ve
302
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 303
área de informática na educação; apoiar e organi- tura, escrita, raciocínio lógico, formação para o
zar congressos, seminários, workshops, fóruns e trabalho, ciência e tecnologia como parte de
jornadas de trabalho nesta área; promover a for- um ambiente de vivência dos valores humanos
mação de grupos intra e interdisciplinares de tra- e cristãos necessários para sua vida futura.
balho que favoreçam o desenvolvimento de expe- – A informática a serviço da aprendizagem como
riências na área e promover atividades neste um recurso para o desenvolvimento dos alunos,
campo de trabalho e pesquisa para a incorpora- que deixa de ser considerada um conteúdo so-
ção dos docentes a serviço das mesmas. bre o qual aprender. Da mesma forma que é ne-
• O Centro Nacional de Ensino Assistido por Com- cessário estudar ciências, matemática e língua,
putador (CENEAC) foi criado como um departa- agora é necessário aprender informática de
mento universitário de pesquisa e produção na maneira descontextualizada e não significati-
área de Informática Educacional. Foi criada em va. A proposta visa aprender a usar o computa-
1995 com o objetivo de promover e desenvolver o dor, em lugar de aprender sobre eles.
planejamento pedagógico da informática, através – Aluno ativo: é o papel que assume o aluno
de atividades destinadas à formação de recursos dentro do processo de interação com o com-
humanos e na pesquisa sobre novos enfoques pe- putador. A todo momento os alunos devem
dagógicos e a produção de suportes didáticos. estar «no comando» do processo, utilizando o
• A IBM da Venezuela criou o Centro de Informática computador como um recurso a seu serviço
Educacional da empresa a nível nacional (CIE- para a construção de conhecimentos.
IBM) para desenvolver projetos educacionais que – Compromisso afetivo, entre o estudante e a
se fundamentam na pedagogia construtivista, atividade que realiza com o computador. É im-
baseada na teoria de Jean Piaget e Seymour Pa- portante desenvolver o senso de propriedade
pen. Assim, a empresa IBM da Venezuela execu- sobre as atividades. Sugerir temas e discus-
tou uma longa lista de projetos destinados à im- sões sobre aspectos que são relevantes para
plementação da informática como ferramenta de eles. Incluir estímulos motivadores (convida-
apoio à educação, para proporcionar a aprendiza- dos, excursões, ou tantas outras alternativas)
gem de conteúdos acadêmicos, estimular o de- que surgirem da criatividade dos educadores.
senvolvimento da auto-estima e promover a ex- – Liderança do educador: que tenham autonomia
pressão da criatividade, proporcionar às crianças suficiente para exercer a liderança do processo,
do pré-escolar o acesso ao computador como sem ter que ser regida por esquemas «pré-fabri-
uma ferramenta a mais do ambiente escolar, per- cados» nos escritórios centrais de planejamento.
mitir ao docente exercer seu papel de facilitador – Informática contextualizada: que os proces-
mediante recursos modernos que proporcionem sos de ensino e aprendizagem estejam de
à criança experiências enriquecedoras nas diver- acordo com a realidade dos alunos em dois ní-
sas áreas do desenvolvimento e facilitar a aquisi- veis fundamentais: um no que se refere às fer-
ção de habilidades para a pesquisa. ramentas informáticas utilizadas e outro no
• Por outro lado, a Federação Internacional de Fé e que diz respeito aos temas tratados. Ou seja,
Alegria, da Companhia de Jesus, apresentou no por um lado, dar preferência às ferramentas
ano de 2002 uma proposta sobre o uso da infor- que serão úteis no desempenho futuro dos
mática dentro dos ambientes educacionais de estudantes; e por outro, os temas devem ser
sua organização que inclui dez premissas: de interesse, pertinentes, baseados no conhe-
– A informática dentro da proposta pedagógica cimento da realidade, diretamente relaciona-
de Fé e Alegria para garantir que todos os alu- dos com o que ocorre no seu entorno e que o
nos alcancem as competências básicas em lei- aluno proponha e se comprometa com a mu-
303
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:34 Página 304
dança partindo de sua própria realidade, de to acelerado e uma obsolescência quase imediata
sua família, cidade, país e mundo. das TIC, impera a necessidade de criar espaços de in-
– Adaptável a diferentes infra-estruturas, sufi- teração para a construção de saberes em permanen-
cientemente flexível para adaptar-se à varie- te renovação, onde se vincule o trabalho individual e
dade de infra-estruturas que poderão existir o de grupo, e se reúnam todas as partes interessadas
dentro da intranet e a extranet de Fé e Alegria. na construção de um novo conhecimento. Nesse
São dadas orientações gerais sobre a maneira sentido,afirma Echeverría (2000) que:«As redes edu-
de trabalhar, mas sempre dando a liberdade cacionais telemáticas (RET’s) poderiam ser locais, re-
necessária para adaptar cada iniciativa a suas gionais, nacionais, lingüísticas, temáticas, públicas
próprias realidades e contextos. Será preciso ou privadas, mas o importante é que estejam conec-
avaliar os benefícios que representam uma tadas entre si e que haja uma regulação específica
plataforma padronizada na economia de cus- para essa zona do terceiro entorno, muito diferente
tos de manutenção e outros benefícios. da zona comercial, militar, financeira ou dos outros
– Integrada à sala de aula: ampliar o uso das fer- bairros da cidade global no E3,a qual propõe que seja
ramentas informáticas fora da sala de aula. chamada de Telépolis» (p. 33).
Conscientizar sobre o valioso recurso de apoio
que representam as TIC para estudantes e edu- 3.8.2. Contexto midiático
cadores na busca, organização e apresentação
de informações para seus projetos. Assim co- 3.8.2.1. Resumo da situação da mídia: Impren-
mo, para a comunicação e o desenvolvimento sa, Rádio, Televisão, Cinema e Internet
de projetos cooperativos com estudantes de Na Venezuela, a mídia existe há muito tempo e faz
outras escolas através da Rede (Internet). parte da cultura nacional há dois séculos: o primei-
– Equipe diretiva comprometida: com capacida- ro jornal foi fundado em 1808, o cinema em 1897, o
de para acompanhar o trabalho realizado nos rádio em 1931, a televisão em 1953, e os primeiros
laboratórios, participar na tomada de deci- meios de comunicação digital surgiram em 1996.
sões para a dotação e atualização de equipa- O desenvolvimento da comunicação de massa
mentos e programas, promover a formação e no país ocorreu paralelamente ao crescimento
atualização constante em tecnologia de pon- econômico nacional, especialmente depois da dé-
ta de seus educadores, avaliar os avanços do cada de 50 quando a receita petrolífera fez surgir
projeto, incidir sobre a projeção na comunida- uma etapa de modernização que incluiu a confor-
de, entre outras ações. O nível de compromis- mação de estruturas empresariais, as quais con-
so determinará o sucesso do projeto. solidaram indústrias culturais com um forte im-
– Projeção na comunidade: as comunidades on- pacto na população venezuelana.
de estão os estabelecimentos de ensino da Fé Até os anos 90, os grupos de comunicação esti-
e Alegria não podem ficar de fora da ação edu- veram nas mãos do setor privado, mas uma mu-
cacional no uso das ferramentas informáticas. dança na concepção política fez com que o Gover-
Serão organizados programas de capacitação no realizasse vários investimentos na aquisição de
em tecnologias da informação e comunicação meios de comunicação e na promoção de iniciati-
para ampliar as possibilidades de inserção da vas midiáticas alternativas ou independentes.
população vizinha no mercado de trabalho e A televisão foi a mídia com maior penetração
assim contribuir para o progresso profissional desde que foi criada, atingindo 90% do mercado e
e pessoal da comunidade. contando com uma forte receita de publicidade.
Desta forma, diante do panorama de uma socie- Contudo, de acordo com o último estudo sobre as
dade que sofre de «infoxicação», com um crescimen- Indústrias Criativas na América Latina e no Caribe
304
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 305
305
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 306
306
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 307
307
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 308
mo a número 38 do mundo, e o Grupo 1BC, pionei- vel nacional, revela que 18% da população declara
ro nas empresas audiovisuais do país. que se conecta à internet para entreter-se, por di-
Até o final dos anos 90 a maioria das conces- versão (...), de fato, a principal atividade das crian-
sões para a exploração do espectro radioelétrico ças de 7 a 12 anos venezuelanas na internet é jo-
foi outorgado a grupos capazes de gerar investi- gar. (Jiménez:2006; cfr.Flores, 2006:78, cfr.).
mentos e produção audiovisual por um tempo es- O aumento no consumo deste tipo de mídia fez
tabelecido pelo Governo venezuelano. com que surgissem novos hábitos de socialização,
O planejamento de políticas públicas destinadas aumentasse o consumo de imagens globais e que
ao mercado livre provocou, portanto, o crescimento os valores fossem reorganizados de acordo com
de conglomerados que favoreceram a infra-estru- uma nova dinâmica cultural que aponta para um
tura tecnológica, a qualidade e competitividade da mundo sem intermediários e desmassificado,
mídia privada. com novos papéis que fomentam a participação e
A partir de 2002 o Estado adquiriu novos sinais a retroalimentação.
e passou a colaborar com os meios alternativos Em um estudo da consultora Tendencias Digita-
que apóiam suas políticas. Além disso, aprovou les realizado em 2006, este tipo de mídia é visto
um marco jurídico que regula as comunicações e da seguinte maneira:
concessões no país.
De acordo com Bisbal (2006, cfr.), em 1999 o Go- • Internet: a mais interativa, a que oferece uma vi-
verno venezuelano só possuía o sinal venezuelano são mais global, a mais variada, a que mais rápi-
de televisão (VTV), um sinal radial em amplitude do informa.
modulada (630 AM) para o centro do país, um sinal • A televisão nacional, a que une toda a família, a
em freqüência modulada (91.1 FM), e uma agência mais acessível.
de notícias oficial, a Venpres. Atualmente conta • A televisão a cabo ou por assinatura: a mais cô-
com cinco canais de televisão: VTV, VIVE TV, Assem- moda, a que mais relaxa e diverte
bléia Nacional TV, Ávila TV,Telesur e Teves (substitu-
ta do sinal da RCTV); sete emissoras reunidas na Rá- Os jovens fazem parte do segmento da popula-
dio Nacional de Venezuela (RNV) e o circuito YVKE ção que mais se aproxima a essa realidade, pois são
Mundial; a rede digital do Ministério de Comunica- os que têm mais tempo livre. Segundo Esqueda e
ção e Informação, a Rede Ven-Global News e a López (2008), os jovens com acesso a estas tecnolo-
agência de notícias governamental rebatizada co- gias possuem uma média de 94 números armaze-
mo Agência Bolivariana de Notícias (ABN). nados na memória do celular, 78 pessoas na lista de
Além destes meios de comunicação, Bisbal contatos do Messenger e 86 pessoas na sua rede de
(2006) explica que existe a mídia «para-estatal», contatos. Autodefinem-se como especialistas neste
composta por 400 emissoras de rádio comunitá- tipo de mídia, embora a televisão continue ocupan-
ria, 36 televisões comunitárias e quase 100 jornais do um lugar de destaque em suas preferências.
com publicidades diferentes. A maioria deles com- Esta situação fez com que o segmento jovem
põe a associação Nacional de Mídia Comunitária fosse considerado um mercado interessante para
Livre e Alternativa (ANMCLA). posicionar produtos e tecnologias relacionadas
com a mídia audiovisual e interativa. Esqueda e
3.8.2.3. Importância das mídias audiovisuais e Lopez (2008, cfr.) afirmam que este segmento foi
interativas na Venezuela o que com maior rapidez se adaptou a estes recur-
A internet é uma atividade que se realiza preferi- sos e sua influência nos lares aumenta quando se
velmente em casa ou nas lan houses, ou seja, sob transformam em assessores para a compra de
um teto. Uma amostragem de 1.300 pessoas a ní- computadores, provedores de internet, telefonia
308
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 309
celular e local. Portanto, na Venezuela se observa normas, de maneira coordenada e articulada en-
uma concorrência entre os anunciantes, os con- tre os órgãos do poder público e a iniciativa priva-
glomerados multimídia e o próprio Governo por da, principalmente com o setor produtivo, que
posicionar mensagens, ideologias e hábitos de permitam o investimento, desenvolvimento e
consumo neste tipo de mídia. consolidação das TIC em todos os âmbitos esta-
Considerando-se a presença destes meios de co- tais e sociais (Visión, misión y lineamientos estraté-
municação no setor juvenil foram elaboradas polí- gicos. CNTI:2005,ref.2).
ticas públicas que protegem os conteúdos trans- Na Venezuela, o Governo declara e reconhece
mitidos tanto pela televisão como os que podem ser o principal impulsor do desenvolvimento das
ser consultados nas salas públicas de bate-papo TIC, do uso da internet e dos negócios eletrônicos.
da internet. A Lei Orgânica para a Proteção da Por isso foram criados vários documentos legais55
Criança e do Adolescente, explicada no capítulo so- e modificados alguns dos existentes. Entre os mais
bre marco regulador, é um desses instrumentos. relevantes sobre esta matéria estão os artigos 108 e
Outra estratégia adotada no país é a importân- 110 da Constituição Nacional56, a Lei de Tecnologias
cia de aprender a educar através da mídia para a da Informação, Lei sobre Mensagem de Dados e As-
percepção crítica das mensagens. sinaturas Eletrônicas57, Lei Orgânica de Ciência, Tec-
nologia e Inovação58, Decreto 825, Decreto 3.390, Lei
3.8.2.4. Marco regulador Orgânica da Administração Pública, Lei de Licita-
Do ponto de vista legislativo o setor das TIC na Ve- ções, Lei Especial sobre Crimes de Informáticas59, Lei
nezuela tem um marco regulador do qual partici- de Registro Público e do Tabelionato, Lei de Proteção
pam vários órgãos: o Ministério do Poder Popular ao Consumidor e ao Usuário, Código Orgânico Tri-
para Ciência e Tecnologia (MCT) e o Centro Nacio- butário,60 Lei de Telecomunicações61 e a Lei de Res-
nal de Tecnologias da Informação (CNTI), que são ponsabilidade Social de Rádio e Televisão (Resorte).
os órgãos responsáveis por promover a cultura do Com respeito ao setor educacional e em relação
uso destas tecnologias, do governo eletrônico e da às crianças e aos adolescentes, a Venezuela possui
sociedade da informação no contexto nacional. uma Lei Orgânica de Educação, a Lei Nacional de
Estes, junto com outras entidades do Estado: Mi- Juventude – artigos 28, 29 e 38, e a Lei Orgânica
nistério do Poder Popular para a Comunicação e a para Proteção da Criança e do Adolescente62 cria-
Informação (MINCI), o Ministério do Poder Popu- da em 1998, que coincide com a Constituição da
lar para Telecomunicações e Informática e a Co- República Bolivariana da Venezuela de 1999 tanto
missão Nacional de Telecomunicações (Conatel), em seus aspectos substanciais quantos nos refe-
trabalham na elaboração de políticas dirigidas à rentes aos órgãos e entidades do Estado.
criação de um Plano Nacional de Tecnologias da Os artigos 68 a 75 desta lei contemplam a res-
Informação (PNTI). ponsabilidade do Estado de garantir a meninos,
Este plano tem como missão o desenvolvimen- meninas e adolescentes uma educação adequa-
to de estratégias políticas, planos, programas e da ao seu desenvolvimento, que inclua uma pro-
55. http://www.gobiernoenlinea.ve/legislacion-view/view/ver_legislacion.pag
56. http://www.tsj.gov.ve/legislacion/constitucion1999.htm
57. http://www.tsj.gov.ve/legislacion/dmdfe.htm
58. http://www.leyesvenezolanas.com/lv04.htm
59. http://www.tsj.gov.ve/legislacion/ledi.htm
60. http://www.leyesvenezolanas.com/lv04.htm
61. http://www.tsj.gov.ve/legislacion/LT_Motivos.htm
62. http://www.tsj.gov.ve/legislacion/lopna.htm
309
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 310
gramação sobre educação crítica para os meios • A diversidade social existente na Venezuela mar-
de comunicação; difunda mensagens que aten- ca a brecha que existe entre a alfabetização pri-
dam suas necessidades informativas, tais como: mária (baseada em ler e escrever) e a secundária
as educacionais, culturais, científicas, artísticas, (baseada no uso e acesso às TIC).
de recreação e esportivas; promova os direitos, • Existe uma evidente influência dos símbolos e
garantias e deveres das crianças e adolescentes; da cultura anglo-saxônica na população juvenil.
garanta a exibição de programas, publicidade e No segmento das tribos urbanas, observa-se o
propaganda consideradas adequadas para este impacto das imagens globais.
segmento da população. • O planejamento de recursos nas TIC foi baseado
A mesma lei propõe que as emissoras de rádio e em um modelo não excludente para garantir o
televisão sejam obrigadas a apresentar uma pro- acesso da população. Por iniciativa do governo
gramação de alta qualidade com fins informativos, central, foram criados os infocentros, que são es-
educacionais, artísticos, cultural e de entreteni- paços gratuitos para o acesso à internet. Como
mento, dirigidas exclusivamente ao público infan- iniciativas privadas, destacam-se a publicação de
til e juvenil; fomentar a criação, produção e difusão material e os programas de instrução guiados.
de materiais informativos, livros, publicações, • A televisão é o tipo de mídia de maior penetra-
obras artísticas e produções audiovisuais, radiofô- ção no país. O setor das telecomunicações foi o
nicas e multimídia dirigidas a crianças e adoles- que registrou maior crescimento sustentável
centes, que sejam da mais alta qualidade, plurais, e desde 1993, o que permitiu um aumento no
que promovam os valores de paz, democracia, li- acesso da população a esta tecnologia. Estes fei-
berdade, tolerância e igualdade entre as pessoas e tos fazem com que as mídias audiovisuais e in-
sexos, assim como o respeito por pai, mãe, repre- terativas sejam de grande importância no país.
sentantes ou responsáveis e sua identidade nacio- • Os jovens de hoje revelam-se por sua liberdade
nal e cultural. física, de informação e de consumo, e diante de
Do mesmo modo, diz que o Estado deve estabe- tantas possibilidades que a sociedade interco-
lecer políticas para garantir orçamento suficiente, nectada oferece, preferem mudar de orientação
destinado especificamente a cumprir este objeti- antes de persistir o suficiente até alcançar suas
vo e, ao mesmo tempo, zelar para que as informa- metas. Mudam o switch de suas vidas como se
ções e imagens inadequadas como a pornografia, tratasse de um aparelho tecnológico, e entre
as que incitam a violência, o uso de armas, fumar seus valores predominam: a liberdade de esco-
ou usar substâncias alcoólicas, estupefacientes lha; a procura de satisfações pessoais, embora
ou psicotrópicos sejam devidamente identifica- assumam de maneira consciente a importância
das para evitar que agentes maliciosos incidam do grupo; a irreverência diante da autoridade e a
na formação e no desenvolvimento de crianças e abertura à criatividade.
adolescentes. • A rede é uma alternativa para que crianças e jo-
vens transitem por um caminho aberto em dire-
3.8.3. Conclusões ção ao conhecimento com acesso a uma ampla
variedade de fontes e formas multimídias de
• Um de cada cinco venezuelanos é jovem, repre- aprendizagem, sem intermediação de um pro-
sentando assim um segmento de considerável fessor. Portanto é necessária uma sólida forma-
importância a nível demográfico. ção usar, de maneira crítica e responsável os con-
• A maior parte da população venezuelana mora teúdos que se encontram nela.
em zonas urbanas, o que determina hábitos es- • Atualmente as TIC estão exercendo uma in-
pecíficos de consumo e cultura. fluência positiva sobre o hábito de leitura nos
310
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 311
grupos juvenis, pois eles preferem ler on-line ou país com a introdução e uso em massa das TIC
em uma versão eletrônica muitos dos materiais com o propósito de fortalecer o desenvolvimen-
obrigatórios incluídos nos programas de educa- to humano e social, configurar redes telemáticas
ção. Mas, em grande medida, o interesse pela in- de usuários como apoio aos processos adminis-
formação através de páginas web ou em ler li- trativos, escolares e acadêmicos, além de abrir
vros completos em formato digital responde a espaços ou canais para o fluxo e o intercâmbio
iniciativas próprias de aproximação aos temas de informação válida e confiável.Propõe-se, ao
de atualidade que geram discussão nos grupos mesmo tempo, articular estratégias entre o se-
aos que pertencem. tor público e o privado que permitam investir e
• O Governo da Venezuela promoveu a elaboração consolidar o desenvolvimento das TIC em todos
de um Plano Nacional para a modernização do os âmbitos da sociedade.
Um mecanismo de articulação entre o público e os conteúdos de produção local é a chamada «blogosfera», ou seja, os blogs
de autores locais. Não havendo estudos detalhados sobre o interesse específico dos jovens pelas blogosferas locais, podemos
fazer poucas estimativas educadas sobre seu impacto; o surgimento em mídias de massa (programas de televisão e simila-
res) de alguns vídeos ou animações que circulam durante semanas e até meses na blogosfera local, mas que são apresenta-
dos como «novidade» por estes programas, parece indicar que o número de consumidores desta forma específica de mídia
ainda é pequeno.
311
171-312_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 312
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 313
QUARTA PARTE
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:35 Página 314
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 315
4. CONCLUSÕES E ANEXOS
315
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 316
pecto mais importante – pela idade e natureza – dados confirmaram a simbiose entre um público
da vida desses jovens: a escola. Entretanto, além com dificuldades para manter a atenção em
desta percepção, a Geração Interativa parece defi- uma única tarefa e algumas mídias que propor-
nir as telas de forma integrada e multifuncional. cionam uma clara leitura não linear. 70% dos jo-
De alguma maneira, são meios capazes de satisfa- vens afirmam que comem e 39% dos casos fa-
zer necessidades muito específicas. Por exemplo, zem os deveres com a televisão ligada. Inclusive
a Internet serve para ajudar nas tarefas escolares, 15% afirmam que navegam na internet e assis-
mas principalmente, permite uma conexão per- tem à televisão ao mesmo tempo. O telefone ce-
manente com tudo o que lhes interessa. Basta ver lular fica ligado quando estão em sala de aula
os usos mais freqüentes relacionados ao down- em 54% dos casos, e na hora de estudar em 78%
load de músicas, filmes, etc. Pode ser que o telefo- das vezes.
ne celular tenha sido inventado para falar, mas
também permite comunicar-se de outras manei- 4. Uma geração precoce. A experiência da televi-
ras: mensagens de texto (torpedos), envio de fotos são mostra como esta tecnologia demorou várias
e vídeos. Parece que a principal função de um vi- décadas para ocupar grande parte da vida e do
deogame é jogar, mas se for on-line, é muito me- tempo de milhões de espectadores. Entretanto, no
lhor, incluindo bater-papo em salas de chats e na- âmbito interativo, o mesmo fenômeno está ocor-
vegar como parte da atividade lúdica. Em resumo, rendo a uma velocidade vertiginosa: os dados
a Geração Interativa usa e experimenta as telas confirmam que, cada vez mais, diminui a idade de
para satisfazer dois aspectos essenciais de sua vi- acesso às telas: por exemplo, na amostragem
da: o lazer e a relação social. mencionada, quase 6 de cada 10 jovens afirmam
ter adquirido seu celular antes dos 12 anos.
Gráfico 4.2. IMPORTÂNCIA DAS PRINCIPAIS
ATIVIDADES EM INTERNET 5. Elas, relação; eles, ação. Analisando os dados
em função do gênero é possível estabelecer uma
diferença básica entre meninos e meninas. Os pri-
meiros vêem as telas como um meio para satisfa-
zer seus principais interesses: a necessidade de
ação. A maior penetração dos videogames, a prefe-
rência por uma oferta lúdica baseada na competi-
ção e o acesso a determinados serviços e conteú-
dos na Internet confirmam este fato. Do outro
lado, estão as meninas e sua principal preferência
pelo uso das telas no contexto das relações: costu-
mam usar mais as salas de bate-papo, preferem o
telefone celular em lugar de outras mídias que não
Fonte: Pesquisa Gerações Interativas na Ibero-América. Respostas à permitem tanta interação com seus amigos e são
pergunta N.º 16 “Quando você visita páginas web, quais são os con-
teúdos que costuma consultar?”: N=20.941 estudantes de 10 a 18
jogadoras preferivelmente de títulos que lhes per-
anos. mitam crescer em um meio de relações sociais.
316
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 317
CONCLUSÕES E ANEXOS
na ciberadolescência: por exemplo, os usos da inter- 8. Uma geração emancipada. São duas as ques-
net variam a favor de tudo aquilo que permite uma tões fundamentais que apóiam este princípio: a
conexão constante com o seu grupo de iguais; o ce- consolidação da cultura do quarto ou a realidade
lular tem uma penetração de mais de 50%, e os vi- de alguns adolescentes que possuem um espaço
deogames deixam de ser um jogo para transformar- próprio, isolado da vida familiar e, muitas vezes,
se em uma relação – competitiva ou social – com equipado para abrir-se de forma global a um
amigos e desconhecidos. Entre os que são dois ou universo interativo; e o acesso solitário às telas
três anos mais velhos, parece ocorrer uma mudança como o modo mais habitual de uso e aprendiza-
nos perfis do uso e valoração das diversas telas, en- gem dos estudantes participantes. Contudo, em-
trando talvez em uma etapa de cibermaturidade. A bora muitas vezes esta autonomia seja estimu-
novidade do videogame diminui e a televisão ganha lada pelos adultos – 27% dos adolescentes, por
força, inclusive em comparação com a Internet. Os exemplo, adquiriu seu celular através de seus
consumos são moderados e estes recursos parecem pais sem pedi-lo–, a verdade é que esta preferên-
encontrar outras finalidades: por exemplo, a Inter- cia de consumo de tecnologia e telas é clara-
net passa a ser melhor aproveitada para estudar. mente social: 36% dos consultados preferem jo-
gar com alguém a sozinhos, e 51% também
7. Uma geração ligada. Sem ignorar o atual peso optam por assistir à televisão acompanhados,
da televisão ou o uso multifuncional que fazem mesmo que isso signifique não poder escolher o
de todas as telas, a previsão é de um futuro domi- programa.
nado pelo telefone celular. É a telinha que lhes
acompanha a todos os lugares e que lhes serve de Gráfico 4.4. SOLIDÃO COM AS TELAS
ponto de ligação para administrar todas as ativi-
dades. Isso nos faz pensar que o ritmo atual de de-
senvolvimento e inovação da tecnologia celular
lhes dará, em breve, uma ferramenta portátil ca-
paz de integrar o que agora está nas diversas te-
las: conteúdos, lazer e interação social.
317
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 318
Gráfico 4.5. ONDE ASSISTEM À TELEVISÃO NO retam, também surge uma oportunidade: pais e
DOMICÍLIO (10-18 ANOS) mães poderão recuperar espaço e tempo perdi-
do se transformarem a Geração Interativa em
Famílias Interativas.
318
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 319
CONCLUSÕES E ANEXOS
rias soluções adequadas às peculiaridades apre- Esta citação, extraída de um dos estudos pionei-
sentadas pela Geração Interativa em cada lugar. ros sobre os efeitos da televisão nas crianças e jo-
Deixa-se para outro momento a análise mais pro- vens,escrita em 1961,mostra a oportunidade de mo-
funda destas diferenças para poder atender estas dificar os desafios educacionais já existentes. Ou
necessidades de uma forma mais personalizada. seja, a chegada em massa da tecnologia interativa
abre um novo horizonte de possibilidades e, ao mes-
13. Um dever de todos. «A criança que vive em mo tempo, apresenta uma oportunidade de forma-
um ambiente de carinho e segurança, com inte- ção similar àquela que, em outra ocasião, significou
resses e amigos corretos, realizando atividades o surgimento da televisão. Para enfrentar esta nova
saudáveis nas suas horas de lazer, tem uma pe- realidade, interconectada, global e mutante, é preci-
quena possibilidade de que a televisão lhe provo- so o esforço integrado de todas as partes implicadas
que efeitos indesejáveis.»1 na formação e educação das crianças e jovens.
1. Schramm,W.; Lile, J.; Parker, E. B.; Television in the lives of our children; Oxford University Press; London, 1961.
319
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 320
320
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 321
CONCLUSÕES E ANEXOS
Colômbia Peru
México Venezuela
321
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 322
322
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 323
CONCLUSÕES E ANEXOS
! Jogar TELEVISÃO...
! Outras coisas 18. Quantos aparelhos de TV existem em sua casa?
! Nenhum
12. Com quem você costuma se comunicar? (Você ! Um
pode marcar mais de uma resposta) ! Dois
! Com minha mãe ! Três
! Com meu pai ! Quatro ou mais
! Com meus irmãos ou minhas irmãs
! Com outros parentes (primos, tios, avós, etc.) 19. Onde ficam? (Você pode marcar mais de uma
! Com os (as) amigos (as) resposta)
! Em meu quarto
13. Como você conseguiu seu celular? ! No quarto de um irmão ou irmã
! Pedi que me comprassem ! Na sala de estar
! Foi um presente ! No quarto dos meus pais
! Meus pais me deram ! Na cozinha
! Não tenho ou utilizo o celular de outras pessoas ! Em uma sala de jogos (para o videogame)
! Em outros lugares
14. Você tem um MP3/MP4/iPod?
! Sim 20. Quando você vê TV, costuma estar com… (Você
! Não pode marcar mais de uma resposta)
! Ainda não, mas quero ter um ! Sozinho (a)
! Meu pai
VIDEOGAMES... ! Minha mãe
15. Você joga videogames ou jogos de computador? ! Algum irmão ou irmã
! Não ! Outro membro da família
! Sim ! Um amigo (a)
! Outras pessoas
16. Com que aparelhos você joga? (Você pode
marcar mais de uma resposta) 21. Apresentamos, em seguida, pares de aparelhos
! Usando um videogame (ex.: Playstation) eletrônicos. Se você tivesse que escolher uma coi-
! Com o computador sa de cada par, com qual você ficaria? Sublinhe em
! Com um videogame portátil cada linha o seu preferido.
! Através da Internet
! Com o celular ! Internet ! Televisão ! Não sei
! Com outro tipo de aparato ! Internet ! Celular ! Não sei
! Videogames ! Televisão ! Não sei
17. Com quem você costuma jogar? (Você pode ! Celular ! Televisão ! Não sei
marcar mais de uma resposta) ! Celular ! Videogames ! Não sei
! Jogo sozinho (a)
! Com minha mãe De 10 a 18 anos
! Com meu pai
! Com meus irmãos 1. Qual a sua idade?
! Com os (as) amigos (as) ! 10 anos ou menos
! Com outras pessoas ! 11 anos
323
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 324
4. Sem contar você, quem mora na sua casa? (Vo- 6. O que você mais gostaria de fazer hoje depois
cê pode marcar mais de uma resposta) de jantar?
! Meu pai ! Assistir um pouco a televisão
! Minha mãe ! Escutar música
! Um(a) irmão/irmã ! Conversar um pouco com meus pais e/ou
! 2 irmãos/irmãs irmãos
! 3 irmãos/irmãs ! Navegar na Internet
! 4 irmãos/irmãs ! Jogar algum jogo de computador
! 5 irmãos/irmãs ! Ir dormir
! 6 ou mais irmãos ! Ler
! Meu avô/minha avó ! Conversar através de salas de bate-papo
! Outras pessoas ou conectar-me ao Messenger
! Falar no telefone
5. Qual é a profissão de seu pai? ! Estar com meus amigos/as
! Está desempregado ! Outros
! Está aposentado
! Trabalha em casa 7. O que você lê com freqüência? (Você pode mar-
! Operário ou trabalhador autônomo (ex.: car mais de uma resposta)
trabalha em uma fábrica, pedreiro ou mes- ! Leituras obrigatórias da escola
tre de obras,encanador, marceneiro... ) ! Livros alheios à tarefa escolar
! Nível médio (ex.: técnico em engenharia, ! Revistas
empregado de um banco, auxiliar de en- ! Quadrinhos
fermagem...) ! Não leio nada
324
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 325
CONCLUSÕES E ANEXOS
8. Da seguinte lista de coisas, selecione todas 12. Em uma semana normal, por quanto tempo
aquelas que você possui: você usa a Internet diariamente em casa?
! Walkman/Discman DURANTE A SEMANA (DE SEGUNDA À SEXTA)
! Rádio/Aparelho de som ! Nunca
! Computador ! Menos de uma hora
! Impressora ! Entre uma e duas horas
! Scanner ! Mais de duas horas
! USB o disco rígido externo ! Não sei
! Celular
! MP3/MP4/iPod FINAL DE SEMANA (SÁBADO E DOMINGO)
! Câmera fotográfica digital ! Nunca
! Câmera de vídeo digital ! Menos de uma hora
! Videogame ! Entre uma e duas horas
! Videogame portátil ! Mais de duas horas
! Televisão ! Não sei
! TV por assinatura (ex.: digital, a cabo, Inter-
net) 13. Desde quando você possui Internet em casa?
! Home Theater ou caixa amplificadora ! Há um mês
! Há mais de um mês, mas menos de um ano
COMPUTADORES E INTERNET... ! Há mais de um ano, mas menos de dois
9. Onde fica o computador que você costuma usar anos
mais em sua casa? ! Há mais de dois anos
! No meu quarto
! No quarto de um irmão/irmã 14. Em que lugar(es) você costuma usar a Internet
! Na sala de estar (ex.: navegar, chat, e-mail…)? (Você pode marcar
! No quarto dos meus pais mais de uma resposta)
! Em um escritório ou lugar semelhante ! Nenhum, não uso Internet (vá para a per-
! O computador é portátil gunta nº 29)
! Em minha casa
10. Você tem algum professor que usa a Internet ! Na escola
para explicar sua matéria ou estimula você a usar ! Em um cybercafé
a Internet para estudar ou praticá-la? ! Na casa de um amigo
! Não, nenhum ! Na casa de um parente
! Sim, alguns (menos da metade) ! Em outro lugar
! Sim, quase todos (mais da metade)
! Sim, todos 15. Indique qual (is) dos seguintes serviços você
costuma utilizar quando navega na Internet (Vo-
11. Você possui conexão à Internet em sua casa? cê pode marcar mais de uma resposta)
! Não (vá para a pergunta 14) ! Visitar páginas de web
! Não, mas estamos pensando em adquiri- ! Salas de bate-papo
la (vá para a pergunta 14) ! Messenger
! Sim ! E-mail
! Jogos na rede
! Listas de discussão
325
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 326
326
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 327
CONCLUSÕES E ANEXOS
22. Na maioria das vezes que usa a Internet, você ! Sim, tenho um “firewall”
costuma estar (Você pode marcar mais de uma ! Sim, mas não sei do que se trata
resposta) ...
! Sozinho (a) 26. Às vezes podem surgir discussões com seus
! Com um amigo ou uma amiga pais sobre o uso que você faz da Internet. Por
! Com vários amigos ou amigas quais razões isso acontece? (Você pode marcar
! Com algum irmão ou irmã mais de uma resposta)
! Com meu pai ! Tenho ou já tive discussões por causa do
! Com minha mãe tempo em que passo conectado
! Com meu (minha) namorado (a) ! Tenho ou já tive discussões em função do
! Com um professor momento do dia em que me conecto
! Com outras pessoas ! Tenho ou já tive discussões pelo que eu fa-
ço enquanto estou conectado
23. Quem ensinou você a usar a Internet? (Você ! Já me castigaram e me proibiram de nave-
pode marcar mais de uma resposta) gar ou controlaram meu tempo de acesso
! Ninguém, que aprendi sozinho (a) ! Já me recompensaram ou já me deram
! Algum irmão/irmã mais tempo de acesso se cumpro ou reali-
! Meu (minha) namorado (a) zo algo que eles querem
! Meus amigos (as) ! Nunca discutimos por causa disso
! Meu pai
! Minha mãe 27. O que seus pais fazem enquanto você está co-
! Algum professor (a) da escola nectado à Internet? (Você pode marcar mais de
! Outras pessoas uma resposta)
! Perguntam o que estou fazendo
24. A que tipo de coisa você não dedica mais tem- ! Fazem vista grossa
po desde que começou a utilizar a Internet? (Você ! Ajudam-me
pode marcar mais de uma resposta) ! Estão no mesmo quarto
! Família ! Sentam-se comigo
! Amigos/as ! Verificam depois por onde eu naveguei
! Namorado/a ! Vêem meu e-mail
! Estudo ! Fazemos coisas juntos: compras, organiza-
! Televisão mos viagens, escrevemos para familiares…
! Videogame ! Não fazem nada
! Esporte
! Leitura 28. Quando está navegando na Internet, de acor-
! A nada do com seus pais, que coisas você não pode fazer?
(Você pode marcar mais de uma resposta)
25. Você tem instalado algum sistema de proteção ! Comprar algo
quando navega na Internet? (ex.:antivírus, filtro de ! Bater papo
conteúdos)? (Você pode marcar mais de uma resposta) ! Dar informação pessoal
! Não ! Preencher ou responder questionários/
! Não sei pesquisas
! Sim, tenho um “filtro” ! Baixar arquivos (ex.: programas, música,
! Sim, tenho um antivírus filmes, etc.)
327
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 328
328
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 329
CONCLUSÕES E ANEXOS
36. Como você conseguiu seu primeiro celular? ! Já me prejudicaram alguma vez com uma
! Meus pais o compraram para mim sem mensagem, foto ou vídeo através do celular
que eu lhes pedisse ! Conheço alguma pessoa que está viciada
! Meus pais o compraram para mim porque em celular
pedi a eles ! Sempre tenho meu celular ligado para po-
! Eu mesmo o comprei der me comunicar com meus amigos
! Um amigo me deu de presente ! Já recebi mensagens obscenas ou porno-
! Um parente me deu de presente gráficas no meu telefone celular
! De outro modo distinto ! Já recebi mensagens ou ligações de pes-
! Não tenho ou utilizo o celular de outras soas desconhecidas
pessoas
VIDEOGAMES...
37. Se eu ficasse duas semanas sem celular... 41. Você costuma jogar videogames ou jogos de
! Minha vida mudaria para melhor computador?
! Minha vida mudaria para pior ! Não (vá para a pergunta 50)
! Não mudaria em nada ! Sim
38. Às vezes podem surgir discussões com seus 42. Com o que? (Você pode marcar mais de uma
pais sobre o uso que você faz do celular. Por quais resposta)
razões isso acontece? (Você pode marcar mais de ! Usando um videogame
uma resposta) ! Com o computador
! Tenho ou já tive discussões por causa do ! Com um videogame portátil
tempo em que passo usando o celular ! Através da Internet (jogos na rede)
! Tenho ou já tive discussões por causa do ! Com o celular
momento em que uso o celular ! Com um MP3/MP4/iPod
! Tenho ou já tive discussões por causa do ! Com outro tipo de aparato
dinheiro que gasto com celular
! Nunca discutimos por causa disso 43. De quais gêneros de jogos você mais gosta?
(Você pode marcar mais de uma resposta)
39. Em qual (is) situação (ões) você desliga o celu- ! Esportes
lar? (Você pode marcar mais de uma resposta): ! Jogos de representação de papéis (ex.: RPG)
! Quando estou na sala de aula ! Plataforma
! Quando estou no cinema ! Ação/luta
! Quando estou estudando ! Aventura
! Quando estou com a família (comendo, as- ! Estratégia
sistindo TV, etc.) ! Simulação
! Quando estou de férias ! Inteligência
! Quando vou dormir ! Fliperama
! Estou sempre com o celular ligado ! Outros
40. Você concorda com alguma das seguintes fra- 44. Caso utilize os jogos em rede, você concorda
ses? (Você pode marcar mais de uma resposta) com algumas das seguintes frases? (Você pode
! Tenho utilizado o celular para enviar mensa- marcar mais de uma resposta)
gens,fotos ou vídeos ofensivos contra alguém ! Jogo em rede com meu grupo de amigos
329
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 330
330
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 331
CONCLUSÕES E ANEXOS
331
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 332
58. Existe algum programa que seus pais não te ! Conheço alguém que sempre está assis-
deixam assistir? tindo TV
! Deixam-me assistir todos os programas
! Sim, existem alguns programas que eles 60. Apresentamos, em seguida, pares de apare-
não me permitem assistir lhos eletrônicos. Se você tivesse que escolher uma
! Não sei coisa de cada par, com qual você ficaria? Grife o
preferido em cada uma das alternativas.
59. Você concorda com alguma das seguintes fra-
ses? (Você pode marcar mais de uma resposta) ! Internet ! Televisão ! Não sei
! Eu gosto mais de assistir TV acompanhado ! Internet ! Celular ! Não sei
do que sozinho ! Videogames ! Televisão ! Não sei
! Quando chego em casa sempre ligo a tele- ! Celular ! Televisão ! Não sei
visão ! Celular ! MP3 player ! Não sei
! Já vi programas que meus pais não me ! Celular ! Videogames ! Não sei
deixam ver ! Bate-papo ! Messenger ! Não sei
! Na televisão não colocam programas para
mim, são para maiores
332
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 333
BIBLIOGRAFIA
Aranda, Fernanda. Usuários de telecentros de SP têm baixa escolaridade. O Estado de S. Paulo, 13/05/2008.
Associação Colombiana de Investigação de Mídias (2007), «Estudio General de Medios Colombia II-2007»,
Bogotá, Colômbia.
Associação da Indústria Celular da Colômbia (2008), «Distribución del mercado móvil en Colombia por ope-
rador». Bogotá, Colômbia.
Auletta, N. (2008), «Un mundo de tribus: los jóvenes consumidores», Debates Iesa, vol. XIII, n.º 2, abril-junho,
pp. 14-19.
Baer,W. (1996), A Economia Brasileira, Editora Nobel, São Paulo, p. 209.
Baeza, J., «Culturas juveniles: acercamiento bibliográfico»,Revista Medellín, volume XXIX – n.º 113/ Março
2003. En http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/chile/ceju/culturas.pdf
Barrantes, R. (2005), «Analysis of ICT demand:what is digital poverty and how to measure it?» em Digital
poverty, Latin American and Caribbean perspectives, DIRSI, Lima, pp. 29-53.
Barrionuevo, Alexei. Strong Economy Propels Brazil to World Stage. The New York Times, 31/07/2008.
Barro, R. J. and Jong-Wha Lee, «International Data on Educational Attainment: Updates and Implications».
CID Working Paper n.º 42, Abril. 2000
Bauman, Z. «Modernidad Líquida», Fundo de Cultura Econômica da Argentina, 2002.
Becta (2003), «What the research says about interactive whiteboards». En http://www.becta.org.uk/re-
search/ reports/docs/wtrs_whiteboards.pdf.
Benassini,C.,«¿Quién es quién en los medios»,Revista Mexicana de Comunicación,n.º 102,dez.2006-janeiro
2007. Pp. 28-32. 2007.
Benavides, F. y F. Pedro (2007), «Educación y Tecnologías Telemáticas», Revista Iberoamericana de Educación
n.º 45, pp. 19-69.
Bisbal,M.,«De la nueva política comunicacional a la desmesura del poder».Comunicación:estudios venezola-
nos de comunicación n.° 141, 2008, primeiro trimestre, pp. 70-79.
Bisbal, M. (2007), «Informe por países:Venezuela». En DIAZ, Carlos (ed.) Medios de comunicación, el escenario
iberoamericano. Fundação Telefônica, Madrid, pp. 132-135.
Bonet, J. y A. Meisel (2006), Documentos de trabalho sobre economia regional. Polarização da renda per
capta dos Estados na Colômbia, 1975-2000, n.º 76. Banco de la República. Cartagena, Colômbia.
Bringué, X. (2007), Comunicação apresentada no XXI Congresso Internacional de Comunicação. «Niñosy jó-
venes en un nuevo escenario de comunicación». Universidade de Navarra.
Bringué, X. y C. Sánchez Blanco (2005), Comunicação apresentada no XX Congresso Internacional
de Comunicação. «Los niños y sus pantallas: ¿quién será capaz de mediar?». Universidade de Na-
varra.
333
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 334
Bringué, X.; Navas, A.; Sánchez Aranda, J. J. (2005), «La imagen de la juventud en la publicidad televisiva».
Conselho Audiovisual da Navarra (Espanha)
Bringué, X.; Sádaba, C.; García, F.; González D.; Fundação Ana Mª de la Lama y Salvarrey (2007), «Infancia y
medios de comunicación. Un estudio aplicado a Castro Urdiales».
Bringué, X.; Sádaba, C.; Rodríguez, J.; Conselho Audiovisual de Navarra (Espanha) (2008), «La Generación In-
teractiva frente a un nuevo escenario de comunicación: Retos sociales y educativos».
Bolsa-Família. En http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/ (Acesso 30-12-08).
Cabanzo,C.;Zambrano,B.;y Zabala,V.,«Representación social de la informática educativa en docentes de
educación básica incorporados al proyecto Simón». Universidade Central da Venezuela (UCV). Faculdade
de Humanidades e Educação. Escola de Psicología, 1997. Tese apresentada para optar ao grau de licencia-
tura em Psicología. Menção Psicología Escolar.
Canclini, N. (1991), «El consumo sirve para pensar», Diálogos de la Comunicación n.º 30 de junho, ed. FELA-
FACS. Perú.
Cañizalez, A. (2008), «Capítulo venezolano». Em Castro, Cosette.(Ed.), Industrias de Contenidos en Latinoa-
mérica.
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), União Européia e Aliança para a Sociedade
de Informação, Santiago do Chile, pp. 84-89.
Cassinelli Capurro, A (N.D). Drogadicción y su influencia en la violencia.
Castells, M. (2000), La era de la información, economía, sociedad y cultura. La sociedad red, volume 1, Editora
Alianza. Espanha.
Castells, M. (2003), La era de la información: economía, sociedad y cultura, Editora Alianza, Madri.
Castells, M., Mireia Fernández-Ardèvol, Jack Linchuan Qiu y Araba Sey, «Mobile communication and society:
A Global Perspective»,The MIT Press, 2007.
Castro,Cláudio de Moura,Muito Brasil para Pouca Educação,em Agenda Brasil – Perspectivas para a próxima
década, Editora Manole, São Paulo, 2006, p. 110 - 115.
Castro, G. (2005), Los jóvenes y la vida cotidiana: elementos y significados de su construcción (Este é um ar-
tigo em formato digital). Revista: Espacio Abierto. Cuaderno Venezolano de Sociología vol. 14, n.° 1, Janeiro-
março.
Codesi P., Presidência do Conselho de Ministros. Comissão Multisetorial para o Desenvolvimento da Socie-
dade de Informação. Plano de desenvolvimento da sociedade da informação no Peru:a agenda digital pe-
ruana, CODESI, Lima, 2005.
Consultora Carrier e Associados, «Los adolescentes y el celular». En http://www.carrieryasoc.com/Archi-
vosPDF/ Los%20adolescentes%20y%20el%20celular%20-%20Marzo%202006.pdf,2006.
Consultora Prince & Cooke (2006), «Estudio de usuarios de telefonía celular en la Argentina».
Correa, N., «Asháninka on line, ¿nuevas tecnologías, nuevas identidades, nuevos liderazgos? Una aproxima-
ción antropológica a la relación de la Comunidad Indígena Asháninka Marankiari bajo con las tecnolo-
gias de la información y la comunicación»,Tese de licenciatura em antropologia,PUCP, Lima, 2006.
Cox, C. y María José Lemaitre (1999), «Market and state principles of reform in Chilean education: policies
and results. Chile. Recent Policy Lessons and Emerging Challenges». G. Perry and D. Leipziger.Washington,
World Bank Institute Development Studies.
Cox, C. (2003), Políticas Educaciones en el Cambio de Siglo. La reforma del sistema escolar de Chile, Santiago,
Editora Universitaria.
Crovi D. y M. Delia (2006), «Educar en la red. Nuevas tecnologías y procesos educativos en la sociedad de la
información». Anuário ININCO 18 n.° 2, pp. 79-99.
334
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 335
BIBLIOGRAFIA
Cuban, L. (2001), «Oversold & Underused. Computers in the Classroom». Londres, Harvard University Press.
Culshaw, F. (2008), «Chamos de compras; autonomías no definidas», produto n.º 293, abril. Em
http://www.producto.com.ve/268/notas/portada.html (23-05-2008).
Culshaw, Fabiana. «Chamos de compras; con hábito de leer». Produto, n.° 293, abril, 2008b. [on-line].
http://www.producto.com.ve/293/notas/portada7.html
Datanálisis. Omnibus Kids. «Reporte de las actividades de entretenimiento de los niños de 7-12 años en Ve-
nezuela»,Datanálisis, março 2007, Caracas.
De Freitas, J., «Cultura juvenil en el contexto popular». SIC, vol. 70, n.° 696, 2007, pp. 259-261.
Delfín,M.,Cabinas públicas de Internet,niños y adolescentes,estudo para Save the Children,março de 2008.
Delgado-Flores, C., «El conocimiento en la economía digital»,Comunicação, n.º 136, 2006, pp. 76-81.
Departamento Administrativo Nacional de Estatística DANE Censo Nacional 2005 Nível Nacional. Direção
de difusão, mercado e cultura estatística DANE. Bogotá, Colômbia. 2008.
Departamento Administrativo Nacional de Estatística DANE Pesquisa sobre Consumo Cultural 2007. Dire-
ção de difusão, mercado e cultura estatística DANE. Bogotá, Colômbia. 2008.
Departamento Administrativo Nacional de Estatística DANE Principais índices do mercado de trabalho
maio de 2008. Direção de difusão, mercado e cultura estatística DANE. Bogotá, Colômbia. 2007.
Departamento Administrativo Nacional de Estatística DANE Projeções nacionais e departamentais de po-
pulação 2006-2020. Direção de Censos e Demografia DANE. Bogotá, Colômbia. 2007. Jornal La República,
«800 mil niños tendrán laptops» en: http://www.larepublica.com.pe/content/ view/217246/30/, 24 de
abril de 2008 (Acesso 29-05-08).
Diaznosty, B. (2007), «El nuevo continente virtual». Em DIAZ, Carlos (ed.) Medios de comunicación, el escena-
rio iberoamericano. Fundação Telefônica, Madri.
Dimmick,John W.,Jaspreet Sikand,y Scott J. Patterson (1994),«The Gratifications of the Household Telepho-
ne: Sociability, Instrumentality, and Reassurance»,Communications Research, vol. 21, n.º5, 643-663.
DINIECE, Direção Nacional de Informação e Avaliação da Qualidade Educacional, Ministério da Educação.
«Acceso universal a la alfabetización digital. Políticas, problemas y desafíos en el contexto argentino»,
Documentos da DINIECE n.º 5. 2007.
Duro, E. (2007), «TIC y Justicia Educativa», en Las TIC: del aula a la agenda política. Seminário Internacional
Como as TIC transformam as escolas, editado pela UNICEF Argentina e IIPE-UNESCO, sede regional Buenos
Aires.
Dwyer,D. (1994), «Apple classroom of tomorrow:What we’ve learned». Educational Leadership 51(7).
Earle, R. S. (2002), «The Integration of Instructional Technology into Public Education: Promises and Challen-
ges». Educational Technology: 5-13.
Echeverría, J. (2000), «Educación y Tecnologías Telemáticas».Revista Iberoamericana de Educación n.° 24, pp.
17-36.
Enaho,«Encuesta Nacional de Hogares»,Instituto Nacional de Estatística e Informática,INEI, Lima,2006.
Época (1999), http://epoca.globo.com/edic/19990524/espec2.htm.
Espinoza, L.,Conhecimentos e práticas de uso da Internet pelos jovens do sistema de educação superior.
Universidade Católica Cecilio Acosta. Maracaibo, 2007, Seminário apresentado no I Congresso de Investi-
gadores Venezuelanos da Comunicação
Esqueda, S. y Sabina López, «El ocio de los jóvenes:la gran oportunidad»,Debates Iesa, vol. XIII, n.º 2, abril-ju-
nho 2008, pp. 25-30.
Esteinou, J. (2000), «Globalización, medios de comunicación y cultura en México a principios del siglo XXI»,
em Ámbitos, N.º 5, 2° semestre, Sevilha, pp. 7-49.
335
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 336
Esteinou, J. (2008),«Tarea estratégica de medios públicos»,Revista Mexicana de Comunicación n.º 108, de-
zembro 2007 - janeiro 2008, pp. 27-29.
Esteve, J.M. (2003), La tercera revolución educativa. La educación en la sociedad del conocimiento,Paidós: Pa-
peles de Pedagogía, Barcelona, Espanha.
Federación internacional de Fe y Alegría, «La propuesta de integración de las Tecnologías de Información y
Comunicaciones a los centros escolares de Fe y Alegría: proyecto de desarrollo de bases, sistemas y redes
telemáticas», [s.f]. En http://www.feyalegria.org/
Fernández, A. M. (2001), «The diffusion and use of information and communication technologies in Lima,
Peru», en Journal of Urban Technology vol. 8, n.º 3, pp. 21-43.
Finquelievich,S.y Alejandro Prince (2007),«El (involuntario) rol social de los cibercafés».En http://www.oei.es/
tic/rolcibercafes.pdf
Fonseca,C. (1991),Computadoras en la Escuela Pública Costarricense,Edições Fundação Omar Dengo.
Fundação Telefônica,Claves de la alfabetización digital.
Fundação Telefônica,Comunicación Móvil y Sociedad.
Fundação Telefônica,Digiworld América Latina 2007.
Fundação Telefônica,La Sociedad de la Información en España 2007.
Fundação Telefônica, «Los medios de comunicación en la experiencia migratoria latinoamericana».
Fundação Telefônica, «Tendencias 06. Medios de Comunicación. El año de la televisión».
Fundação Telefônica, «Tendencias 07. Medios de Comunicación. El escenario Iberoamericano».
Garbin, E. M., «Cultur@s juvenis, identid@des e internet: questões atuais». Rev. Bras. Educ., n.° 23,mai-ago
2003, pp. 119-135.
García, F.; Bringué, X. RIALP (2007), «Educar hij@s interactiv@s»
García, I., «Chamos de compras; Conectados 100%». Produto, n.° 293, abril 2008. En http://www.producto.
com.ve/293/notas/portada4.html
González, C. (2007), «Gran concentración mediática»,Revista Mexicana de Comunicación n.º 104, abril-maio,
pp. 14-16.
González, P. (2003), «Estructura institucional, recursos y gestión en el sistema escolar chileno» em Políticas
Educaciones en el Cambio de Siglo. La reforma del sistema escolar de Chile. Santiago, Editora Universitária.
Google (2008), http://www.orkut.com/MembersAll.aspx
Guia de Perfis / Formação / Competências correspondentes a Postos de Informática desenvolvido pelo Ins-
tituto Nacional da Educação Técnica do Ministério da Educação da Argentina. 2004
Hepp, P. y Ernesto Laval (2004), «Technology in Schools: Education, ICT and the Knowledge Society». Was-
hington,The World Bank.
Hepp, P. y Ernesto Laval (2003), «ICT for rural education: A developing country perspective. Learning in
School, Home and Community. ICT for Early and Elementary Education». G. M.Y. Katz. Boston, Kluwer.
Hepp,P.(2003),«Enlaces:el programa de informática educativa de la reforma educacional chilena»,em Políticas
Educaciones en el Cambio de Siglo. La reforma del sistema escolar de Chile,Santiago,Editora Universitária.
Herman, E. S. y McChesney, R.W. (1999), Los Medios Globales, los nuevos misioneros del capitalismo corporati-
vo,Edições Cátedra, Madri.
Herrera, B. (1999), «La estructura publicitaria en Venezuela», anuário Ininco n.°10, pp. 133-179.
Huber, L. (2002), «Consumo, cultura e identidad en el mundo globalizado: estudios de caso en los andes»,
IEP, Lima.
Human Rights Watch Colombia (2003), «Aprenderás a no llorar. Niños combatientes en Colombia», Bogotá,
Colômbia.
336
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 337
BIBLIOGRAFIA
IAB México (2007), «Asuntos de familia. La evolución de los medios de comunicación de la Familia Global
en la Era Digital». En http://www.iabmexico.com/downLoads/FamilyAffair.pdf.
IAB México (2008),«Estudio de consumo de medios digitales en México».En http://www.iabmexico.com/
downLoads/IABmx-ConsumoMediosDigitales_2008.pdf.
IAB México. «Rivaliza Internet a la televisión en preferencia de consumo de medios: IAB México». Em
http://www.iabmexico.com/downLoads/PR_ConsumoDeMediosDigitales_2008.pdf.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1986, 1990, 1995, 2005)
IBOPE (2008) http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalI-
BOPE& pub=T&db=caldb&comp=Noticias&docid=71B7CA9DE0AC749583257436005A76E3
IFPI: Internacional Intellectual Property Alliance (2006), «Special 301 Report», seção Peru. IIPA, pp. 337- 344.
INE Venezuela. «Proyecciones de la población en base al censo del 2001», INE, Caracas, 2008. Em
http://www.ine.gov.ve/poblacion/distribucion.asp (Acesso 30-05-2007).
INEI, Instituto Nacional de Estatística e Informática, Peru em cifras, índices. En http://www.inei.gob.pe
(Acesso 28-05-08).
Estudo do Foro de Competitividade de Software e Serviços Informáticos do Ministério da Economia da
Argentina. 2004
Estudo sobre a situação das crianças e adolescentes nas mídias audiovisuais eletrônicas em geral,
publicação da Ouvidoria Pública da Argentina. Em http://www.defensor.gov.ar/informes/meno-
res.pdf, 2007.
Estudo sobre a Situação e Perspectivas do Capital Humano TICC na Argentina desenvolvido por Prince &
Cook para CICOMRA, Câmara de Informática e Comunicações da República Argentina, 2008.
Estudos do Forum de Prospectiva Tics do Projeto 2020 do Ministério de Ciência e Tecnologia da Nação da
Argentina, 2008.
Ipsos-Napoleón Franco. A grande Pesquisa da Televisão na Colômbia. 2008.
Ipsos Public Affairs. Computador para todos. 20/10/2006. Disponível em www.abes.org.br/computa-
dorparatodos.pdf. (Acesso 30-12-08).
Ishi, K., «Implications of mobility: the uses of personal communication media in everyday life»,Journal of
Communication vol. 56, n.º 2, 2006, pp. 346-356.
Joint Information System Comite (2008), «Google Generation’ is a myth, says new research». Em
http://www.jisc.ac.uk/Home/news/stories/2008/01/googlegen.aspx
Juliasz, F. (2008),www.site.abranet.org.br/_gravar/2006/05/22/1/internetnobrasil.pdf
Katz, E. y Jay Blumler (1974), «The uses of mass communications: current perspectives on gratifications re-
search», Sage.
LAMAC (2007), «Colombia supera a Argentina en penetración de TV paga», Marketing Evolution, n.º 7.
Lenhart, A.; Mary Madden; Alexandra R. Macgill, y Aaron Smith (2007), Teens and Social Media.The use of
ocial media gains a greater foothold in teen life as they embrace the conversational nature of interactive
online media. Pew Internet & American Life Project,Washington D.C.,Estados Unidos.
Livingstone, Sonia Opportunities and constraints framing children and young people’s internet use. (On-
line). London: LSE Research Online. Disponible en:http://eprints.lse.ac.uk/1008,2006.
Lobato, Elvira. Inclusão digital é cara, lenta e ineficiente. Folha de S.Paulo, 16/10/2005.
Loveless, A. Dore, B. Eds. «ICT in the Primary School. Learning and Teaching with Information and Commu-
nication Technologies». Buckingham - Philadelphia, Open University Press. 2002.
Luque, L. (2004), «Adolescentes en la era del counter strike».
Margolis, Mac. Wheathering the storm. Newsweek, 4/08/2008.
337
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 338
Martin-Barbero, J. (2007), «Médios y culturas». Em DIAZ, Carlos (ed.) Medios de comunicación, el escenario
iberoamericano. Fundação Telefônica, Madri, pp. 255-268.
McKay, G., (1996) «Senseless acts of beauty: cultures of resistance since the Sixties» Verso, 1996
Media Literacy Audit: Report on media literacy amongst children, OFCOM (2006). En:http://www.ofcom.
org.uk/advice/media_literacy/medlitpub/medlitpubrss/children/
Merlo-Flores,T. (2004), «El uso de los videojuegos en los jóvenes» (Instituto de Investigações de Mídias). Em
http://www.clarin.com/diario/2004/03/12/s-03601.htm
Merlo-Flores,T. (2003), «Qué televisión quieren los niños». Em http://www.redsistemica.com.ar/tele1.htm
Ministério da Educação Nacional da Colômbia. Estatísticas do setor. 2008.
Montagu, A., Diego Pimentel y Martín Groisman (2004),Cultural digital, Paidós, Buenos Aires.
Morduchowicz, R. (2008), «La generación multimedia. Significados, consumos y prácticas culturales de los
jóvenes», Paidós.
Municipalidad Provincial de San Martín, «Cabinas seguras de Internet», en: http://www.muniprovsanmar-
tin. gob.pe/anucabiseg.php (Acceso 02-05-08).
Naval, C; Lara, S.; Sádaba, C.; Portilla, I. (2002), «Impacto de las Tecnologías de la Comunicación en la Juventud
Navarra». Instituto Navarro de Deporte y Juventud. Governo da Navarra (Espanha)
Naval, C; Sádaba, C.; Bringué, X. (2003), «Impacto de las Tecnologías de la Información y la Comunicación en las
relaciones sociales de los jóvenes». Instituto Navarro de Deporte y Juventud. Governo da Navarra (Espanha)
Navarro, F. y I. Amézquita (2007), «El reto de transformar los medios públicos»,Revista Mexicana de Comuni-
cación n.º 104, abril-maio, pp. 32-34.
Navarro, F. y Di Bella, J. (2007), «Una cultura de medios públicos»,Revista Mexicana de Comunicación, n.º 105,
junho-julho, pp. 32-33.
Neri, Marcelo Cortes. A nova classe média. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas/IBRE, CPS, 2008.
Observatorio de Videojuegos, Portal Educ.ar, Argentina. En http://portal.educ.ar/debates/videojuegos/
OECD. Reviews of National Policies for Education - CHILE, Organisation for Economic Co-Operation and De-
velopment. 2004.
Oficina Internacional do Trabalho e Juventude. Escritório regional para a América Latina e o Caribe. Lima, Pe-
ru. 2007. Escritório Internacional do Trabalho Panorama Trabalhista 2007 América Latina e o Caribe. Escri-
tório regional para América Latina e Caribe. Lima, Peru. 2007.
ONU. Relatório anual do Alto Comissionado das Nações Unidas para os direitos humanos e estudos do ga-
binete do Alto Comissionado do Secretário General. Estudo de la Alta Comissionada das Nações Unidas
para os Direitos Humanos sobre la situação dos direitos humanos na Colômbia. Bogotá, Colômbia. 2007.
Orza, G. (2002), Programación televisiva. Un modelo de análisis instrumental, La Crujía Ediciones, Buenos Ai-
res.
OSIPTEL-Organismo regulador do investimento privado em telecomunicações.Em http://www.osiptel.gob.pe
Padrón,L.(2008),«Nuevas Tecnologías de la Información y su repercusión en los diferentes niveles de la educa-
ción»,Revista Digital Universitaria vol.9,n.º 2.En http://www.revista.unam.mx/vol.9/num2/art09/int09.htm
Peru-MIMDES, Ministério da Mulher e Desenvolvimento Social, Campanha «Chatea Seguro, Chatea Pen-
sando». Em http://www.mimdes.gob.pe/noticias/2007/not12nov2007_1.html (Acesso 02-05-08).
Plano da Câmara de Empresas de Software e Serviços Informáticos da Argentina (Cessi). 2008
PNAI-PERU, Plano Nacional de Ação pela Infância e Adolescência. 2002-2010, Por um país de oportunidades
para crianças e adolescentes, junho de 2002.
PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Human Development Report 2007-2008,
Nova Iorque:PNUD, 2008.
338
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 339
BIBLIOGRAFIA
Price, M. (2002), Media and sovereignty, the global information revolution and the challenge to state power,
MIT,Cambridge.
Programa Computador para Todos. Em http://www.computadorparatodos.gov.br/ (Acesso 30-12-08).
Programa de Inclusão Digital. Em http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/ (Acesso 30-12-08).
Programa Sociedade da Informação. Em http://ftp.mct.gov.br/temas/Socinfo/default.asp (Acesso 30-12-
08).
Quiroz,M.T. (2004), Jóvenes e Internet:entre el pensar y el sentir, Universidade de Lima, Fundo de Desenvolvi-
mento Editorial, Lima.
Quiroz,T. (2007), «Jóvenes, tecnologías e interculturalidad». Fundação Telefônica.Tendências’07. Medios de
comunicación: el escenario iberoamericano, pp. 293-297.
Recomendações da Sociedade Pediátrica Argentina,diário La Nación, disponível em:http://www.lanacion.
com.ar/tecnologia/nota.asp?nota_id=993694 (10/03/2008).
Reguillo, R., «Las culturas juveniles: un campo de estudio, breve agenda para la discusión», Rev. Bras. Educ.,
n.° 23,mai-ago 2003, pp.103-118.
República Bolivariana de Venezuela. Assembléia Nacional. «Ley Orgánica para la Protección de Niños, Niñas
y Adolescentes», 1998,Caracas. Em http://www.tsj.gov.ve/legislacion/lopna.htm
República Bolivariana de Venezuela.Ministério de Ciência e Tecnologia.Centro Nacional de Tecnologias de Informação
(CNTI).«Directorio de Gobierno electrónico»,2005,Caracas.http://www.gobiernoenlinea.ve/directorioestado/
República Bolivariana de Venezuela. Ministério da Saúde e Desenvolvimento Social Venezuelano. «Linea-
mientos Estratégicos para la Promoción y el Desarrollo de la Salud Integral de las y los Adolescentes en
Venezuela».Tomo I, 2003,Caracas,OPS- Gabinete Regional da OMS-UNFPA.
Revista eletrônica latino-americana de estudos sobre juventude. Jovens,movimentos juvenis e políticas pú-
blicas de juventude na Região Andina: heterogeneidade de situações, diversidade de soluções. 2005.
Risolidaria, «Ley de promoción de acceso a Internet para personas con discapacidad y de adecuación del es-
pacio físico en cabinas públicas de Internet». Em http://www.risolidaria.org.pe/modulo/upload/discapa-
cidad/ derechos/31253503doc.doc (Acceso 02-05-08).
Ruiz, Gonzalo, «FITEL, impulsador de las TIC’s rurales». Apresentação do Secretário Técnico do Fundo de In-
vestimentos em Telecomunicações no Encontro Nacional de Telecentros 2008, Março 2008.
Safernet, 2008, 1:http://www.denunciar.org.br/twiki/bin/view/SaferNet/QuemSomos
Safernet, 2008, 2:http://www.denunciar.org.br/twiki/bin/view/SaferNet/WebHome
Salas, E., Omar López y Luisa Lara (2006), «Impacto de las TIC, iniciativas y recursos tecnológicos venezola-
nos», Comunicación y pedagogía:Nuevas tecnologías y recursos didácticos, n.º 213, Barcelona,pp. 91-98.
Salmerón, V. (2008), «La deuda externa aumenta 48,5% pese al alza del crudo», El Universal. Em
http://www.eluniversal.com/2008/05/29/eco_art_la-deuda-externa-aum_882127.shtml
Salles, Sainz – Grant Thornton, S.C. (2008), «Los principales indicadores de la economía mexicana en resu-
men», Economía, junho, n.º 6, ano 6.
San Román,E.,«El rol de la cabina pública de Internet en el desarrollo de la Sociedad de la Información».En
http://www.osiptel.gob.pe/OsiptelDocs/GCC/noticias_publicaciones/PRESENTACIONES/FILES/May20
02ESRPROMpyme.pdf (Acesso 02-05-08).
Santos, Rogério Santana dos. Em «Pela primeira vez, mais da metade da população já teve acesso ao
computador», Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil – 2007.
São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2008. p.35-39.
SECYT (2006) Prospectiva da Educação Superior Argentina 2020 - Plano Estratégico Nacional de CTI «Bicen-
tenario» (2006-2010), Secretaria de Ciência e Tecnologia, Buenos Aires.
339
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 340
Sporn, Mariela G. (2007), «Los mensajes de texto y los adolescentes. El uso de los mensajes de texto en los
adolescentes de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires en su vida cotidiana», trabalho de graduação. (Tu-
tor: Prof. Hernán Galperin), Universidade de San Andrés.
TELEFÔNICA DO PERU, «La sociedad de la información en el Perú: presente y perspectivas 2003-2005»,
Telefónica del Perú, Lima, 2002.
Terra, 2008:Computador para Todos estaria estimulando pirataria, 22/11/2006. Disponível em: http://tec-
nologia.terra.com.br/interna/0,,OI1262685-EI4801,00.html. (Acesso 30-12-08).
Terceira Pesquisa sobre Televisão, COMFER, Argentina. Disponível em:http://www.comfer.gov.ar/encuesta-
detv2007.pdf, 2007.
The Economist, 2007:http://www.economist.com/business/displaystory.cfm?story_id=9990635
The Economist, 13-19/09/2008 «Half the nation, a hundred million citizen strong».
Trinidad, R. (2002), «¿Qué aprenden los niños del campo con la televisión?: globalización, socialización y
aprendizaje», IEP, Lima.
Trinidad, R. (2005), «Entre la ilusión y la realidad, las nuevas tecnologías en dos proyectos educativos del es-
tado», IEP, Lima.
UNICEF-Ouvidoria Pública, «Caracterización de las niñas, niños y adolescentes desvinculados de los grupos
armados ilegales: Inserción social y productiva desde un enfoque de derechos humanos». Estudo, no-
vembro. Bogotá, Colômbia. 2006.
Universidade de La Sabana, «Observatorio de Medios. Hábitos de Consumo, preferencias de contenidos y
expectativas del público objetivo frente a la creación del Canal Nacional Universitario». Relatório de in-
vestigação. 2008.
Universidade Sergio Arboleda. «Observatorio Económico, Financiero y Empresarial». Colômbia. 2008.
UOL, 2008, 1:http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u385646.shtml
UOL, 2008, 2:http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u399289.shtml
UOL, 2008, 3: Educação e conectividade fazem Brasil «patinar» em índice de convergência digital,
14/11/2008. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u467566.shtml.
(Acesso 30-12-08).
Urresti, M., «Adolescentes: la lucha por la identidad es hoy más ardua» (2 abril 2008). En http://www.clarin.
com/diario/2008/04/02/opinion/o-01641922.htm
Valleywag, «The World map of social networks». En http://valleywag.com/tech/data-junkie/the-world-
map- of-social-networks-273201.php. (Acceso 29-05-08).
Vasquez, E. (2007), «Una mirada a la niñez y la adolescencia en la prensa venezolana». Comunicação, n.º 137,
pp. 54-57.
Venezky, R. L. y C. Davis (2002), «Quo Vademus? The Transformation of Schooling in a Networked World»,
OECD/CERI: 55.
Villanueva, Eduardo «Proyecto OLPC, una computadora portátil por niño»,Tarea, revista de educación y cul-
tura n.º 66, agosto 2007, pp. 37-42.
Villanueva,E.,«La experiencia de Internet en el Perú:a diez años de la Red Científica Peruana».Documento de
trabalho, 2002. En http://macareo.pucp.edu.pe/evillan/Escritos_files/exper.pdf. (Acesso 25-05-08).
Villanueva, E., «Nuevos medios, caracterizando espacios de creación de sentido y conflicto», ponencia presen-
tada en el XII encuentro de la Federación Latinoamericana de Facultades de Comunicación Social, Bogotá.
Villanueva, E., «Televisión digital, ¿cuál será la política peruana?», Palestra, portal de assuntos públicos da
Pontifícia Universidade Católica do Peru, abril 2008. Em http://palestra.pucp.edu.pe/?id=384. (Acesso 28-
05-08)
340
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 341
BIBLIOGRAFIA
Villanueva, E. (2005), «Senderos que se bifurcan, dilemas y retos de la sociedad de la información»,PUCP, Li-
ma.
Wheatley, Jonathan, Lapper, Richard. Surfing a big wave of confidence. Financial Times. Special Report,
8/07/2008.
Webster, J. G. Beneath the veneer of fragmentation:Television audience polarization in a multi-channel
world. Journal of Communication.Vol. 55 (2), 366-382. 2005.
Zea, C. (2000), Conexiones, Informática y Escuela: un enfoque global, Fundo Editorial Universidade EAFIT, Me-
dellín.
Zhao,Yong et al. (2002), «Conditions for Classroom Technology Innovation».Teachers College Record,Colum-
bia University 104(3): 482-515.
341
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 342
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 343
313-344_GENER_PORT 6/2/09 14:36 Página 344