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1. O documento analisa o conto "No Moinho", de Eça de Queirós, sobre a protagonista Maria da Piedade e seu casamento infeliz com um homem doente.
2. A visita do primo do marido, Adrião, desperta desejos proibidos em Maria da Piedade, que acaba se apaixonando por ele após um beijo.
3. A paixão por Adrião transforma Maria da Piedade e a faz questionar sua vida dedicada aos cuidados com o marido e filhos doentes.
1. O documento analisa o conto "No Moinho", de Eça de Queirós, sobre a protagonista Maria da Piedade e seu casamento infeliz com um homem doente.
2. A visita do primo do marido, Adrião, desperta desejos proibidos em Maria da Piedade, que acaba se apaixonando por ele após um beijo.
3. A paixão por Adrião transforma Maria da Piedade e a faz questionar sua vida dedicada aos cuidados com o marido e filhos doentes.
1. O documento analisa o conto "No Moinho", de Eça de Queirós, sobre a protagonista Maria da Piedade e seu casamento infeliz com um homem doente.
2. A visita do primo do marido, Adrião, desperta desejos proibidos em Maria da Piedade, que acaba se apaixonando por ele após um beijo.
3. A paixão por Adrião transforma Maria da Piedade e a faz questionar sua vida dedicada aos cuidados com o marido e filhos doentes.
Daianna Quelle da Silva Santos2 Alana de Oliveira Freitas El Fahl (Orientadora)3 1 INTRODUO Sabe-se que o Realismo, movimento literrio que se inicia ao final do sculo XIX, corresponde a uma total ruptura dos padres impostos pelo Romantismo. Por seruma escrita de fatos cotidianos e ainda a imagem crua da realidade, como a prpriaexpresso sugere, essa nova tendncia literria realiza o consrcio entre a obra de arte eo meio social: [...] os realistas reagiram violenta e hostilmente contra tudo quanto se identificava com o romantismo. Anti-romnticos confessos, pregavame procuravam realizar a filosofia da objetividade: o que interessa o objetivo do no-eu. (MOISS, 1994. p. 166) Os escritores realistas percebiam a necessidade de considerar a literatura um produto social, condicionado a determinismos rgidos. No cenrio realista, um dos autores que mais se destacou foi Ea de Queirs, que publicou seus contos a princpio em peridicos portugueses e brasileiros, dentre eles Gazeta de Notcias, Revista Moderna e O Atlntico, em cujas pginas do dia 28 de abril de 1880 veio a pblico o conto em anlise.. Sobre esse aspecto Maria Helena Nery Garcez afirma que: So doze os contos de Ea de Queirs que, organizados por Lus de Magalhes e publicados dois anos aps o falecimento do Autor, em 1902, compem o livro Contos, de discreto e simples ttulo. Quase todos j haviam aparecido anteriormente em peridicos entre 1874 e 1898. Vinte e quatro anos e muitas guas separam a publicao doprimeiro, Singularidades de uma rapariga loura (1874), do ltimo desse livro, O Suave Milagre (1898). guas realistas/naturalistas/ positivistas versus guas romnticas/idealistas/neo-idealistas/simbolistas. (2000, p. 239) Em especial analisando o conto No moinho percebem-se as vertentes do casamento no sculo XIX, bem como o desejo carnal que se fez presente a partir da chegada de um personagem, que representa uma configurao social totalmente diferente da protagonista. 2 LA PIET Maria da Piedade nos remete imagem da virgem Maria, no momento aps a crucificao de Cristo, quando essa toma o filho morto nos braos. Tal imagem foi imortalizada por Michelangelo na famosa obra La Piet. Partindo desse pressuposto no conto No Moinho, de Ea de Queiroz, v-se a protagonista Maria da Piedade composta por sentimentos piedosos, pois era esposa de um velho doente e me de trs filhos duas rapariguitas e um rapaz, eram tambm doentes, crescendo pouco e com dificuldade, cheio de tumores nas orelhas, chores e tristonhos (p.68). A tendncia ao puritanismo de Maria da Piedade, no contexto de cnjuge e de me, era to grande que sufocava os seus desejos mais carnais como pode ser visto no prprio conto: Nunca tivera casada uma curiosidade, um desejo, um capricho: nada a interessa na terra seno as horas dos remdios e os seus doentes. (p. 69) At os ambientes que permeavam a vida da protagonista eram caractersticas da beatitude, pois se no estava em sua famlia, estava devota s missas aos finais de semana. Embora a rotina da protagonista fosse rdua e montona, a mesma no percebia completamente o sofrimento que vivia, porque em relao aos seus doentes os filhos e o marido -, todo esforo lhe era fcil quando era para os consternar: apesar de fraca, passeava horas trazendo ao colo o pequerrucho, que era o mais impertinente [...] (p. 69). Supe-se que a rotina de Piedade nesse contexto de enfermidade, mesmo assim a conformava, visto que quando solteira vivia com a me criatura desagradvel e azeda e o pai sempre bbado e que costumava espancar a mulher todas as semanas. Portanto, mais uma vez, se reportando ao esprito divinal casou-se com Coutinho, embora no o amasse pretendia salvar o casebre da penhora, j que o seu futuro esposo era rico e alm de proporcionar de certa forma a ascenso social da futura esposa reflexo que se faz presente outras vezes nesse artigo -, Maria da Piedade tomaria esse casamento como uma soluo aos tormentos anteriormente mencionados. 3 AS CONCUPISCNCIAS DA CARNE As tradies do casamento do sculo XIX eram seguidas pelo casal Coutinho e nesse vis pertinente citarmos Ronaldo Vainfas, o qual nos fala que: No plano ideal e originrio, o amor se associava virgindade e castidade na busca da ascese. Rejeitar o casamento e unir-se a Deus verdadeiro casamento -, assim as mulheres deveriam amar. ( 1992, p. 50) Porm, a visita inesperada do primo de Joo Coutinho, o romancista Adrio, fez brilhar um pouco o rosto de Maria da Piedade. Sobre Adrio, Coutinho fizera inmeras propagandas, pois sua fama que chegava at a vila, num vagar de legenda, apresentavao como uma personalidade interessante, um heri de Lisboa, amador das fidalgas, impiedoso e brilhante, destinado a uma alta situao no Estado. (p. 70) Adrio propicia de certa forma a decadncia do casamento de Maria da Piedade, a comear pela excitao na casa de Coutinho, e quando de fato se aproximou da sua esposa de Coutinho deixou impresses irrevogveis, como podem ser vistas no momento em que Joo Coutinho, por estar impossibilitado, apresenta a mulher para resolver com Adrio algumas questes administrativas da famlia. Assim o casamento entre Coutinho e sua esposa nada tinha de romntico, de acordo a Alana de O. Freitas El Fahl (2009, p. 104) a unio entre o casal de protagonistas: [...] em nada lembra o amor romntico alimentado pela tradio j difundida no sculo XIX; no h sentimento, no h idealizao, apenas convivncia, j que o casamento representava o caminho possvel para a mulher daquele perodo, nica ambio no seu horizonte. Para Piedade, casar era, portanto, ascender socialmente e libertar-se do convvio familiar [...]Enfim, Adrio lamentava sinceramente ver o primo ali, sobre a cama (p. 71) mas tambm pensava que Maria Piedade devia ter momentos que desejasse alguma outra coisa alm daquelas quatro paredes impregnadas de bafo de doenas (p. 72). Adiante, constatam-se os desejos de Maria da Piedade influenciados pela postura de Adrio, o que propicia um entrave entre a postura entre a postura santificadora de esposa, me enfim, mulher da poca vigente e as concupiscncias de sua carne. E de repente, sem que ela resistisse, prendeu-a nos braos e beijou-a sobre os lbios, de um s beijo profundo e interminvel (p. 74). Certamente o efeito do beijo, de imediato trouxera a protagonista a sensao de medo, medo esse que no se perpetuou por muito tempo porque o beijo no moinho, primeiramente mergulhados nas lgrimas de Maria da Piedade logo consolidou a chegada de sensaes e valores outros quela mulher considerada santa e desprovida de qualquer desejo. Conforme o estudo do conto analisa-se que um dos pontos perceptveis na obra de Ea de Queiroz a denncia at que ponto h submisso da mulher e degradao da mesma. 4 O AMOR CARNAL AGINDO IMPIEDOSAMENTE Logo aps beijo acontecido no moinho, Maria da Piedade v-se abandonada por Adrio. O mesmo se arrepende das promessas donjuanescas, porque leva em considerao o momento que presenciou Piedade cuidando do filho e por essa razo despede-se subitamente. Porm, como o prprio ttulo do conto e local onde acontecera o beijo entre os dois, instaurou-se um moinho dentro de Piedade, primeiro fato que ela: Amava-o. Desde os primeiros dias, a sua figura resoluta e forte, os seus olhos luzidios, toda a virilidade da sua pessoa se lhe tinham apossado da imaginao. O que a encantava nele no era o seu talento nem a sua celebridade em Lisboa, nem as mulheres que o tinham amado: isso para ela parecia-lhe vago e pouco compreensvel: o que fascinava era aquela seriedade, aquele ar honesto e so, aquela robustez de vida, aquela voz to grave e to rica; e antevia, para alm da sua existncia ligada a um invlido, outras existncias possveis em que se no v sempre diante dos olhos uma face fraca e moribunda, em que as noites se no passam a esperar as horas dos remdios [...] (p. 75). Entende-se que Piedade no amava Adrio pelas caractersticas que os fazia ser amado na cidade de Lisboa e sim por outras caractersticas enquanto mulher de relaes conjugais castradas. Adrio era amado por ela por sua virilidade contrria a invalidez do seu marido; o que Piedade mais desejava em Adrio era a fora do seu corpo, esse homem era por Piedade idealizado pela ternura varonil e forte ento Esse amor latente invadiu-a, apoderou-se dela uma noite que apareceu com esta idia, esta viso: - Se ele fosse meu marido (p. 75) O amor que Maria da Piedade sentia depois do beijo modificou toda a rotina em sua casa. Antes de conhecer Adrio lia Vida dos Santos aos ps do esposo invlido, depois de Adrio, ou melhor, da partida de Adrio ele mesmo tomara sua imaginao, com um ser de propores extraordinrias (p. 76). Tudo o que se relacionava a Adrio passara a ser interessante, assim Leu todos os seus livros, sobretudo, aquela Madalena que tambm morrera de abandono (p. 76). Cabe nesse contexto considerar que a Madalena presente nas leituras da protagonista representa uma retomada aos evangelhos de Joo, uma vez que Madalena revela a figura da mulher pecadora, levada pelos escribas e fariseus presena de Jesus no templo. Enfim, a esposa de Coutinho mudara radicalmente gostos e atitudes e bruscamente impacta a sociedade da poca a partir de (des)valores comportamentais. 5 CONSIDERAES FINAIS Esse trabalho teve como objetivo principal fazer uma anlise do sentimento amororoso interligado s relaes sociais. A anlise do conto No moinho possibilitou observar que o casamento representava uma forma de ascender socialmente. Enfim, as mltiplas faces do amor carnal impregnado principalmente em Maria da Piedade, consiste numa crtica aos cdigos do casamento vigente e, por conseguinte uma reflexo sobre o papel social da mulher no sculo XIX, que era punida por satisfazer seus desejos amorosos. Demonstrando que a literatura uma potente forma de ler a sociedade que a produz. RESUMO Este trabalho tem por objetivo apresentar uma leitura do conto No moinho do escritor portugus Ea de Queiroz, publicado em O Atlntico em 28 de abril de 1880. Pretendese interpretar tal conto na perspectiva do sujeito e do amor carnal, pois se observa, a priori, que o amor da personagem feminina, Maria da Piedade, atende s exigncias do casamento do sculo XIX. Inicialmente, a nica face do amor de Maria da Piedade tinha o carter de caridade, dedicao e dever, ou seja, o comportamento de Maria da Piedade faz jus ao prprio nome que carrega. Porm, a chegada do personagem Adrio trar ao enredo a descoberta do amor carnal. Sendo assim, pode-se analisar o casamento interligado s relaes sociais e tambm observar que as mltiplas faces do amor representados pelas mudanas do comportamento da protagonista consiste numa crtica aos dogmas sociais do sculo XIX, temtica amplamente explorada pelo seu autor. PALAVRAS-CHAVE: Ea de Queiroz. Peridicos. Moinho de amores. REFERNCIAS FAHL, Alana de Oliveira Freitas El Fahl. Singularidades narrativas: uma leitura dos contos de Ea de Queirs. Tese de doutorado do Programa de Ps-graduao em Letras da Universidade Federal da Bahia. Salvador, Ba, 2009. GARCEZ, Maria Helena Nery. O amor e seus casos simples... Via atlntica n. 4 out. 2000. Disponvel em: www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/pdf/via04/via04_20.pdf,acesso em 12 set. de 2010. MOISS, Massaud. A literatura portuguesa. Ed. Cultrin. So Paulo, 1994. SOUZA, Iracy Conceio de. Moinho de frustraes. Revista Polidisciplinar Eletronica da Faculdade de Guaiara. Vol. I, julho, 2009. Disponvel em: <www.revistavoos.com.br>, acesso em 26 jul. de 2010. QUEIRZ, Ea. Contos. 4 ed. Publicaes Europa Amrica, 2000. VAINFAS. Ronaldo. Casamento, Amor e Desejo no Ocidente Cristo. 2 ed. Editora tica, 1992.
SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica tem e descreve de forma concisa e otimizada para o conteúdo do documento, que trata sobre o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB