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O documento discute o crescimento do pentecostalismo na África e América Latina desde o século XX. Apesar de críticas iniciais de que era financiado pelos EUA para combater a teologia da libertação, estudos mostraram que seu crescimento se deve principalmente à atração de sua mensagem de prosperidade entre os pobres. Sua doutrina e estilo se homogeneizaram com influência norte-americana, mas as igrejas são autônomas e financiadas localmente.
Deskripsi Asli:
Judul Asli
André Corten_ Ópio Do Povo Ou Cultura Popular_ - Le Monde Diplomatique Brasil
O documento discute o crescimento do pentecostalismo na África e América Latina desde o século XX. Apesar de críticas iniciais de que era financiado pelos EUA para combater a teologia da libertação, estudos mostraram que seu crescimento se deve principalmente à atração de sua mensagem de prosperidade entre os pobres. Sua doutrina e estilo se homogeneizaram com influência norte-americana, mas as igrejas são autônomas e financiadas localmente.
O documento discute o crescimento do pentecostalismo na África e América Latina desde o século XX. Apesar de críticas iniciais de que era financiado pelos EUA para combater a teologia da libertação, estudos mostraram que seu crescimento se deve principalmente à atração de sua mensagem de prosperidade entre os pobres. Sua doutrina e estilo se homogeneizaram com influência norte-americana, mas as igrejas são autônomas e financiadas localmente.
20/8/2014 Andr Corten: pio do povo ou cultura popular?
- Le Monde Diplomatique Brasil
http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=365 1/4 Pesquise 2014 (195) 2013 (287) 2012 (288) 2011 (284) 2010 (324) 2009 (373) 2008 (735) 2007 (290) 2006 (175) 2005 (161) 2004 (203) 2003 (265) 2002 (289) 2001 (141) 2000 (254) 1999 (15) BIBLIOTECA VIRTUAL Tamanho da fonte: | | Imprimir | E-mail | RSS PENTECOSTALISMO ? pio do povo ou cultura popular? Nascido do protestantismo ? e praticamente simultneo ? no incio do sculo XX, nos Estados Unidos, frica do Sul, Brasil e Chile, o movimento Despertar (pentecostalismo) passou por uma verdadeira exploso a partir da dcada de 80 por Andr Corten Nunca a Igreja Universal do Reino de Deus obtivera tamanha audincia. Em 12 de outubro de 1995, dia da festa da padroeira do Brasil, atravs da rede brasileira mais importante de televiso, um bispo daquela Igreja tenta convencer seus adeptos sobre a idolatria dos catlicos, chutando uma esttua de Nossa Senhora Aparecida. Com isso, pretende implicitamente denunciar a religiosidade de um Estado supostamente laico. Naquele dia, muitos brasileiros que jamais haviam prestado ateno Igreja Universal do Reino de Deus, ficaram indignados com o sensacionalismo, ao mesmo tempo que muitos deles se sentiram secretamente orgulhosos dessa multinacional de cor brasileira. Em setenta pases do mundo, a Igreja Universal prega uma mesma mensagem, bem sucedida: "Pare de sofrer". Acuada pelas comisses parlamentares que investigam as seitas na Frana (1995) 1 e na Blgica (1997) ? segundo esta ltima, ela seria "palco de inmeros escndalos sexuais" ?, a Igreja Universal do Reino de Deus est em franca expanso na Amrica Latina e na frica. O futuro do cristianismo no Terceiro Mundo Acuada por comisses parlamentares que investigam as seitas na Europa, a Igreja Universal est em franca expanso na Amrica Latina e na frica Assim, em uma cidade como Kinshasa, no Congo (ex-Zaire), completamente devastada pela misria, o pentecostalismo tambm explodiu: "Jesus, Jesus!", urram nas igrejas os fiis em transe, rolando pelo cho, inflamados por pastores carismticos s vezes chamados de "vigaristas de Deus2 ". Eles fazem esquecer a fome, a doena, a promiscuidade, desmascarando "os ataques de bruxaria a que exposta qualquer vtima de uma decepo pessoal, de melancolia e de incredulidade", segundo o trecho de um sermo proferido na capital do Congo. Fazem os fiis sonhar com a "prosperidade milagrosa". E se as igrejas invadem as ruas e, ao cair da noite, ecoam de todos os lados cnticos e gritos, tambm penetram pela televiso, pelos vdeocassetes e at pela Internet. "Se no forem tomadas medidas draconianas, dentro de dez anos a nao congolesa ser constituda por uma gerao de tarados e psicopatas", afirma o professor Mweze, decano das Faculdades Catlicas de Kinshasa3 . Alm da "influncia ameaadora de um islamismo extremista, em expanso na sia e na frica", a Igreja catlica receia a "concorrncia devoradora, nas grandes metrpoles do Terceiro Mundo, das Igrejas evanglicas, das seitas e de um ?pentecostalismo? desenfreado4 ". E no entanto, perguntam telogos protestantes5 , "no seria o pentecostalismo o futuro do cristianismo no Terceiro Mundo?" De qualquer maneira, tanto na frica quanto na Amrica Latina, fala-se cada vez mais em converso. As Igrejas multiplicam-se com os mais diversos nomes, alguns deles conhecidos, como Assemblia de Deus ou Igreja de Deus, e outros menos, como Deus Amor, Igreja Viva, Templo de Sion, Igreja da Vitria etc. O termo "pentecostal" raramente aparece nos nomes; utiliza-se quase sempre a palavra "evanglicas" para as designar. O fator uniformidade E no entanto, perguntam telogos protestantes, "no seria o pentecostalismo o futuro do cristianismo no Terceiro Mundo?" O que se entende por pentecostalismo? Sua especificidade doutrinria (que nada tem de heterodoxo com relao s Igrejas institudas) considera como atuais os dons do Esprito Santo (falar lnguas, cura, profecia, exorcismo etc.) tais como so descritos na narrativa de Pentecostes dos "Atos dos Apstolos". Nascido do protestantismo ? e praticamente simultneo ? no incio do sculo XX, nas Igrejas negras dos Estados Unidos, frica do Sul, Brasil e Chile, o movimento Despertar passou por uma verdadeira exploso a partir da dcada de 80. Incluindo-se o grupo das Igrejas sionistas6 e apostlicas, abrange, na frica do Sul, mais da metade da populao, quando no passava de um quarto h vinte anos. Em pases como o Chile e a Guatemala, atrai de 15 a 25% da populao. Tanto na frica quanto na Amrica Latina, o nmero de adeptos deste novo proselitismo j ultrapassaria os cem milhes. No sentido comum do termo, trata-se de "seitas", devido ao proselitismo e s exigncias rigorosas exigidas de seus membros. Entretanto, o movimento no atende a vrios outros LOGIN: SENHA: Esqueci a senha 20/8/2014 Andr Corten: pio do povo ou cultura popular? - Le Monde Diplomatique Brasil http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=365 2/4 critrios que caracterizam as seitas (principalmente o de carter ultraminoritrio) visto que, no sentido sociolgico do termo, no h exclusividade (a frmula "fora da Igreja, no h salvao" no se aplica: o que conta a "converso a Jesus") e o afastamento com relao ao "mundo" cada vez menos acentuado7 . Seja ela o que for, essa crena extraordinria pode-se medir pela multiplicao das denominaes, que atravessam fronteiras (Qunia, Uganda, Ruanda, Burundi, Tanznia ou Brasil, Venezuela, Uruguai, Argentina). Alis, o que chama ateno a uniformidade. Como explicar a semelhana desses novos cultos em Ruanda, Zimbbue, Costa do Marfim, Bolvia, Brasil, Guatemala e Haiti? Efeito ou manifestao da globalizao8 ? A crtica da "simplificao" O termo "pentecostal" raramente aparece nos nomes das igrejas; utiliza-se quase sempre a palavra "evanglicas" para as designar At o final da dcada de 80, circulava uma nica explicao sobre esta exploso, que, nos meios catlicos, resolutamente denominada de "seitas". Faz-se referncia ao Relatrio Rockefeller de 1969 bem como ao Documento de Santa F, plataforma ideolgica do presidente norte-americano Ronald Reagan em 1980. Em ambos os casos, trata-se do perigo de infiltrao marxista na Igreja catlica e dos perigos da teologia da libertao. Alis, a hierarquia catlica tambm se preocupa. No que, desde 1969, com o apoio discreto da CIA, a Universidade de Louvain, na Blgica, tenta fundar um centro de tica crist do desenvolvimento para controlar melhor os telogos latino-americanos, em parte formados por ela mesma? Em conseqncia disso, e para contrabalanar a influncia da teologia da libertao no mesmo terreno, a estratgia sugerida por esses relatrios consiste, principalmente, em apoiar as Igrejas evanglicas que comeavam na poca a se expandir. H, portanto, um elemento de realidade na opinio obsessiva de que as Igrejas pentecostais constituem o "brao espiritual" do imperialismo norte-americano. Em 1990, dois livros brilhantes ? o de David Stoll9 , um norte-americano de esprito crtico, e o de David Martin10 , famoso socilogo britnico, estudioso das religies ? pem um ponto final a essas simplificaes. Se verdade que Washington v com bons olhos o desenvolvimento desses movimentos evanglicos ? por introduzirem elementos da cultura norte-americana, contrabalanando a influncia mais europia do catolicismo ? no est definitivamente provado que a extraordinria expanso desses movimentos se deva a financiamento dos Estados Unidos. Nem est provado que tenham recebido qualquer apoio financeiro importante (mais importante, em todo o caso, que os destinados s diversas correntes catlicas). A "teologia da prosperidade" O que se entende por pentecostalismo? Sua especificidade doutrinria considera como atuais os dons do Esprito Santo descritos nos "Atos dos Apstolos" Na realidade, muitas dessas Igrejas so totalmente autnomas. A expanso da Igreja Universal do Reino de Deus fornece mesmo um eloqente contra-exemplo no que se refere direo dos fluxos financeiros. No caso, o dinheiro dos pobres brasileiros que permite a implantao da Igreja em todos os continentes (inclusive nos pases do hemisfrio Norte). A homogeneizao dos estilos de religiosidade e de doutrina, com base no modelo norte- americano, fornece um argumento mais slido em favor da tese do "brao espiritual". Em qualquer lugar da frica ou da Amrica Latina, grandes cruzadas atraem massas impressionantes de adeptos ou de curiosos aos estdios, programas televisivos de "cura divina", s vezes transmitidos 24 horas sem parar, atingem camadas cada vez maiores da populao, e, at nas cidades menores, encontram-se disponveis nas prateleiras das livrarias evanglicas best-sellers de devoo, traduzidos de edies norte-americanas. Tudo sempre associado aos nomes de alguns grandes televangelistas como Jimmy Swaggart, Pat Robertson, Kenneth Copeland, Reinhard Bonnke ou Paul Yonggi Cho, alguns dos quais lideram, nos Estados Unidos, a coalizo crist e fazem parte do crculo ntimo dos presidentes. Por outro lado, como explica Paul Gifford11 , que mostrou o parentesco do pentecostalismo com a extrema-direita sul-africana, suas principais doutrinas so parcialmente (e em diversos graus) de origem norte-americana, quer se trate da "teologia da prosperidade" ? Deus no ama a pobreza (enriquecer no um pecado) ?, da libertao e da guerra espiritual ? o que importa expulsar Sat de nossos corpos, de nossos espritos e de nossos pases ?, ou ainda do que Gifford chama de sionismo cristo (ver nota de rodap n 6). A promessa do enriquecimento rpido Na frica, assim como na Amrica Latina, o nmero de adeptos do pentecostalismo j ultrapassaria os cem milhes Tanto na frica quanto na Amrica Latina, isso justifica a referncia constante a Israel nos sermes, assim como o convite feito aos fiis para fazer peregrinaes a Jerusalm, comparveis s dos muulmanos a Meca. Esta guerra espiritual de tom milenar toma tambm formas inesperadas: na Costa Rica, um famoso pastor pentecostalista sobrevoou o pas "da fronteira de Nicargua do Panam, e de Puntarenas a Limn, derramando leo santo a cada seis quilmetros", para "libertar o territrio nacional de modo a facilitar a evangelizao12 "! Ser que, medida que o pentecostalismo clssico, o novo pentecostalismo ("neo- pentecostalismo") e as Igrejas do mesmo tipo adaptam os "pobres" s exigncias do mercado, se estaria no somente diante do "brao espiritual" do imperialismo norte- americano, mas tambm do neo-liberalismo triunfante? A julgar pela "mquina narrativa" do pentecostalismo, que divulga seu sucesso mundial, e que dirigida aos indivduos (em geral pobres) e no s camadas proletrias enquanto grupo, ele consegue efetivamente amortecer o choque dos programas de ajuste estrutural. E d aos convertidos o que o Banco Mundial chama de votos, isto o empowerment (a outorga de direitos) s mulheres e aos homens, a confiana em si mesmo e na capacidade de vencer a adversidade! Permite aos excludos da sociedade no se deixarem esmagar e "renascer". 20/8/2014 Andr Corten: pio do povo ou cultura popular? - Le Monde Diplomatique Brasil http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=365 3/4 Inebriados pela emoo de cultos exuberantes, os crentes atravessam, sem protestar, as novas provas a que a globalizao neoliberal os submete. Com a chave da promessa de um enriquecimento rpido, imagem dos pastores que dirigem um 4x4... D e Deus lhe dar em dobro! Emoo ou felicidade ilusria? Como explicar a semelhana desses cultos no Zimbbue, Costa do Marfim, Bolvia, Brasil, Guatemala e Haiti? Efeito ou manifestao da globalizao? Novo "pio do povo"? Convm no esquecer a primeira parte da famosa frase de Marx: "A religio o suspiro da criatura oprimida, o calor de um mundo sem corao, e o esprito das condies sociais das quais se encontra excludo o esprito." Nessa perspectiva, preciso ver que tanto o catolicismo quanto o protestantismo histrico passaram, nos ltimos sculos, por uma crescente racionalizao, um desencanto, a que Marcel Gauchet chama "uma sada da religio", j no oferecendo o calor nem o consolo. Ora, em contrapartida, novas necessidades religiosas afirmam-se no mundo contemporneo: necessidade de emoo, do sagrado (principalmente pelo surgimento de foras aterrorizantes), de participao. Na Amrica Latina, o pentecostalismo retoma a devoo e o misticismo popular bastante difundidos no sculo XIX, expresso popular "pag" que a Igreja catlica pretendeu disciplinar, a partir do ltimo tero do sculo em questo, pelo chamado processo de "romanizao". Na frica, o pentecostalismo alia-se ao profecismo ? ao mesmo tempo abertura e resistncia. Diante do crescimento da racionalizao e da "virtualizao", os oprimidos do mundo reivindicam o calor da emoo e o sentimento de estar junto; buscam cenrios que atestem a atrocidade do mal que os oprime, encontrando nisso um sentido do sagrado. Felicidade ilusria? Muitas vezes, eles se convencem que a iluso se encontra do lado dos que, no sem irresponsabilidade, prometem revolues que acabam por oprimi-los ainda mais. A fantasia de ganhar na loteria H um elemento de realidade na opinio obsessiva de que as Igrejas pentecostais constituem o "brao espiritual" do imperialismo norte- americano A "mquina narrativa" do pentecostalismo dirigida aos indivduos e no mobiliza camadas sociais. Ao mesmo tempo que mulheres e homens so separados, vivem em um universo holstico onde tudo est em tudo. Impregnados de uma cultura medinica ? crem na presena de espritos ?, continuam a se sentir prximos da natureza e de sua comunidade, que tentam recriar quando se desintegra. Em lugar algum o holstico se manifesta melhor do que no que se denomina de "cura divina". Uma nova abordagem para cada indivduo de seu corpo, de sua relao com os outros, de suas necessidades espirituais, a "cura divina" no significa uma simples mudana de estado psicolgico: ela uma regenerao. Ela conseguida por um "novo nascimento" (born again), uma maneira de o indivduo se reencontrar, mas tambm de a comunidade se reconciliar. A transio da frica do Sul para uma nova sociedade ? ainda que falte fazer tudo no plano das desigualdades econmicas (cada vez mais explosivas) ? fez-se por meio dessa concepo de "cura" tpica do cristianismo sul-africano. Os pentecostais irritam espontaneamente os intelectuais. Para estes, o misticismo no passa de gestos grotescos, e os fiis, crentes atrasados e mesmo oportunistas. Os pentecostais pregam a hipermodernidade (principalmente por meio de redes transnacionais e pelo uso dos meios de comunicao) mas, ao mesmo tempo, parecem atrasados pela crena nos maus espritos (transfigurados em manifestaes de Sat). Mostram-se muito rigorosos (proibio de lcool, tabaco, sexualidade muito restrita etc.) e ao mesmo tempo carnais (s vezes, os cultos assemelham-se razoavelmente a bals sensuais). Reivindicam a aplicao literal da Bblia, adaptada experincia de cada um. Apoiada em uma leitura literal sobre a prosperidade de Abrao abenoada por Deus, a "teologia da prosperidade", por exemplo, apresenta-se como a expresso da fantasia popular de ganhar na loteria; ao mesmo tempo, a afirmao de um direito, o de escapar humilhao, misria e dependncia. Dedicando-se a Cristo, o crente transforma-se em "vencedor". Pregando a "guerra espiritual" A "mquina narrativa" do pentecostalismo dirigida a indivduos: mulheres e homens vivem em um universo holstico onde tudo est em tudo Esta adaptao irrestrita aos sinais da globalizao irritou durante muito tempo os antroplogos. Envoltos na autenticidade africana, os africanistas em particular negligenciaram esse fenmeno "americano". Foi preciso que a jovem gerao de antroplogos, socilogos e cientistas polticos (muitas vezes britnicos e franceses) se interessasse pelo assunto para que o fenmeno comeasse a ser estudado. Na Amrica Latina, brasileiros, chilenos e argentinos comearam antes, de forma que o fenmeno hoje melhor conhecido. A cultura do "mau gosto" e o estilo "supermercado da f" do pentecostalismo, atualmente j so aceitos sem muito juzo de valor. Quer se goste ou no, percebe-se que se trata de uma expresso da cultura popular. Uma cultura que no quer ficar longe do que se passa no mundo ? antes, uma cultura de retiro e de refgio, o pentecostalismo tornou-se uma cultura de adaptao ? mas que no renega suas tradies, muitas vezes vistas de fora como supersties. O fenmeno espalha-se por todos os cantos do mundo. Fala-se muito de seu desenvolvimento na sia (mesmo na China13 ), mas os estudos so ainda pouco numerosos14 . Ele vivido como uma guerra total. "A dcada de 90 ser definitivamente testemunha da guerra espiritual mais intensa que a Igreja ter conhecido em 2000 anos de histria", ensina-se nas escolas bblicas. "No h zona desmilitarizada!" Os mesmos rituais se observam por toda parte, o mesmo uso da mdia, as mesmas "mquinas narrativas". Reproduzindo a ideologia dominante A cultura do "mau gosto" e o estilo 20/8/2014 Andr Corten: pio do povo ou cultura popular? - Le Monde Diplomatique Brasil http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=365 4/4 | More "supermercado da f" do pentecostalismo, atualmente j so aceitos sem muito juzo de valor ou preconceito No entanto, essa padronizao est longe de nivelar as culturas. Ela como a "chave inglesa", que permite apertar os parafusos de formas sempre diferentes. universal no sentido de que no respeita fronteiras. Mas, uma vez apertados os parafusos, novas configuraes surgem. s vezes, identidades afirmam-se mais restritas que as identidades nacionais, sem serem tnicas, mas freqentemente so maiores que as fronteiras. O mais curioso que no se trata aqui de uma geopoltica conduzida de cima para baixo (h milhares de denominaes e mesmo as mais importantes so geralmente muito descentralizadas), mas de uma geopoltica conduzida a partir de baixo, por pequenos pastores "de ps descalos" (que tentam simplesmente, ampliando as relaes com outros pases, obter o respeito de sua famlia e de seus vizinhos). Em sua convico da "cura divina", os crentes inventam uma nova cultura em lugarejos abandonados, em todos os sentidos (inclusive no plano dos cuidados com a sade). Pode- se muito bem falar de cultura popular, exceto de que ela no reconhecida como tal pelas elites intelectuais. Mas trata-se de uma cultura de resistncia que reproduz, sem o saber, a ideologia dominante. Neste sentido, o pentecostalismo mesmo o novo pio do povo. Assim mesmo, preciso lembrar o contexto em que Marx utilizou a expresso: a emoo em um mundo sem emoo. (Trad.: Marinilzes Mello) 1 - Ler, de Bruno Fouchereau, "O cavalo de Tria norte-americano", Le Monde diplomatique, maio de 2001. 2 - Ler, de Ruth Marshall-Fratani, "Prosprit miraculeuse: Pasteurs pentectistes et argent de Dieu au Nigria", Politique africaine, n 82, Karthala, Paris, junho de 2001, pp. 24-44. 3 - Ler "Lavage de cerveaux", dossi de Marc Vanwesse, no Suplemento do jornal Soir (Bruxelas), de 7 de setembro de 2001. 4 - Le Monde, 22 de fevereiro de 2001. 5 - Ler, de Walter Hollenweger, Cahiers de l?IRP, n 39, Universidade de Lausanne, abril de 2001. 6 - De acordo com esta ltima orientao doutrinria, Deus nunca abandonou Israel. 7 - Ler, de Jean-Paul Willaime, "Les dfinitions sociologiques de la secte", Les "sectes" et le droit en France, org. Francis Messner, ed. Presses Universitaires de France, Paris, 1999, pp. 21-46. Ler tambm, de Danile Hervieu-Lger, La religion en miettes ou la question des sectes, ed. Calmann-Lvy, Paris, 2001. 8 - Ler Between Babel and Pentecost: Transnational Pentecostalism in Africa and Latin Amrica, org. Andr Corten e Ruth Marshall-Fratani, ed. Hurst Publisher/ Indiana University Press, Londres/ Bloomington, 2001. 9 - Ler, de David Stoll, Is Latin America Turning Protestant? The Politics of Evangelical Growth, ed. University of California Press, Berkeley, 1990. David Stoll distinguiu-se ainda no ano passado devido a uma polmica (bastante contestvel) sobre a biografia da vencedora do prmio Nobel da Paz, a guatemalteca Rigoberta Menchu. 10 - Ler, de David Martin, Tongues of Fire: The Explosion of Protestantism in Latin Amrica, ed. Blackwell, Oxford, 1990. 11 - Ler, de Paul Gifford, "The Complex Provenance of Some Ele 01 de Dezembro de 2001 Palavras chave: Compartilhe:
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