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O objetivo deste artigo é mapear fatores mercadológicos específicos do setor eólico Brasileiro, visando desenvolver reflexões e considerações sobre o tema, em direção ao desenvolvimento gerencial, comercial e estratégico do setor. Por uma metodologia exploratória e qualitativa, através de uma análise SWOT Telescopic Observations, encontraram-se resultados que evidenciam os financiamentos e subsídios, determinados pelo governo brasileiro, como a grande questão mercadológica do setor eólico, pois permite a viabilidade econômica de projetos eólicos. Disso, depreende-se que o setor eólico está solícito a investimentos e tem grande potencialidade para novos negócios, mas são as problemáticas dentro das empresas produtoras que devem ser avaliadas.
Judul Asli
Gestão Energética: Uma Abordagem Mercadológica Para o Setor de Energia Eólica Brasileiro
O objetivo deste artigo é mapear fatores mercadológicos específicos do setor eólico Brasileiro, visando desenvolver reflexões e considerações sobre o tema, em direção ao desenvolvimento gerencial, comercial e estratégico do setor. Por uma metodologia exploratória e qualitativa, através de uma análise SWOT Telescopic Observations, encontraram-se resultados que evidenciam os financiamentos e subsídios, determinados pelo governo brasileiro, como a grande questão mercadológica do setor eólico, pois permite a viabilidade econômica de projetos eólicos. Disso, depreende-se que o setor eólico está solícito a investimentos e tem grande potencialidade para novos negócios, mas são as problemáticas dentro das empresas produtoras que devem ser avaliadas.
O objetivo deste artigo é mapear fatores mercadológicos específicos do setor eólico Brasileiro, visando desenvolver reflexões e considerações sobre o tema, em direção ao desenvolvimento gerencial, comercial e estratégico do setor. Por uma metodologia exploratória e qualitativa, através de uma análise SWOT Telescopic Observations, encontraram-se resultados que evidenciam os financiamentos e subsídios, determinados pelo governo brasileiro, como a grande questão mercadológica do setor eólico, pois permite a viabilidade econômica de projetos eólicos. Disso, depreende-se que o setor eólico está solícito a investimentos e tem grande potencialidade para novos negócios, mas são as problemáticas dentro das empresas produtoras que devem ser avaliadas.
Gustavo Henrique Silva de Souza, Nilton Csar Lima, Jamerson Viegas Queiroz, Elvis Silveira-Martins (Universidade Federal de Alagoas; Universidade Federal de Uberlndia; Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade Federal de Pelotas)
Resumo: O objetivo deste artigo mapear fatores mercadolgicos especficos do setor elico Brasileiro, visando desenvolver reflexes e consideraes sobre o tema, em direo ao desenvolvimento gerencial, comercial e estratgico do setor. Por uma metodologia exploratria e qualitativa, atravs de uma anlise SWOT Telescopic Observations, encontraram-se resultados que evidenciam os financiamentos e subsdios, determinados pelo governo brasileiro, como a grande questo mercadolgica do setor elico, pois permite a viabilidade econmica de projetos elicos. Disso, depreende-se que o setor elico est solcito a investimentos e tem grande potencialidade para novos negcios, mas so as problemticas dentro das empresas produtoras que devem ser avaliadas.
Palavras-chaves: Energia Elica; Gesto Energtica; Anlise SWOT; Telescopic Observations
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUO O paradigma gerencial do sistema elico tem passado por um processo estrutural de aprendizagem mercadolgica. Em compasso s melhorias tecnolgicas dos equipamentos elicos, bem como, ao crescimento do setor elico na indstria energtica mundial, ao surgimento de polticas pblicas de incentivo s energias renovveis e diminuio nos custos de investimento, o foco das questes gerenciais no setor elico passaram por uma mudana de formato estratgico (MILLS; WISER & PORTER, 2012; RATINEN & LUND, 2012). A gesto de custos passou gesto de preo e a gesto tecnolgica passou gesto da inovao. Berry (2009) explica que o amadurecimento do mercado elico apresenta perspectivas para o setor que excedem os limites relacionados auto-sustentabilidade, reduo de impactos ambientais e aos altos custos de investimento, estabelecendo-se na reflexo de fatores como a produo em escala e o fornecimento de energia. Komor (2004) ressalta que a energia elica j possui um aporte tecnolgico muito avanado comparado a suas oportunidades de mercado. Para o autor, o setor est necessitando de aes que coloquem a energia elica no mercado de eletricidades de modo competitivo. Apesar das anlises de viabilidade econmica e custos ainda serem imprescindveis, segundo Nascimento, Mendona e Cunha (2012), atualmente no Brasil, as maiores problemticas para o setor elico so o armazenamento, o fornecimento e a comercializao da energia elica. Tm-se especialmente a falta de linhas de transmisso dos parques elicos para subestaes de energia e a falta de uma estrutura de complementaridade entre a energia elica e o regime hdrico (SILVA; ROSA & ARAJO, 2005; DUTRA & SZKLO, 2008). Por isso, o avano em perspectivas mercadolgicas energia elica abarca discusses tanto relativas aos custos e polticas pblicas, quanto ao sistema energtico e comercializao de energia. Assim, definidas as linhas de discusso, o objetivo deste artigo mapear os fatores mercadolgicos especficos do setor elico brasileiro e suas perspectivas, no intuito de desenvolver crticas, reflexes e consideraes sobre o tema, em direo ao desenvolvimento gerencial, comercial e estratgico do setor. 2. ABORDAGEM TERICA 2.1. Preos e custos no setor de energia elica
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3 O setor industrial elico transformou-se em um dos setores de explorao de fontes renovveis de energia eltrica com o maior potencial de crescimento em todo o mundo, face aos fortes investimentos pblicos e privados, especialmente, desde o inicio dos anos 2000 (MILLS; WISER & PORTER, 2012). Desse crescimento, a grande questo levantada assume-se pelo alto custo da energia elica, haja vista 75% dos custos de um projeto elico advir de equipamentos e o valor de investimento mdio no Brasil, incluindo turbinas, infraestrutura civil e eltrica, ser de R$ 4,2 milhes por MW instalado (GARBE; MELLO & TOMASELLI, 2011). Assim, de acordo com Leite, Borges e Falco (2006), a razo para a atratividade de investimento no setor est no asseguramento de compra da energia elica produzida, por parte dos governos de pases como o Brasil, a China, os Estados Unidos dentre outros, que em suas polticas tm estabelecido a energia elica como opo energtica, ainda que esta no oferea atualmente um preo competitivo em relao s energias convencionais. Para Dutra (2007, p. 7) a energia elica tem se mostrada madura o suficiente para uma participao mais agressiva na matriz de gerao de energia eltrica mundial. Por outro lado, Silva, Rosa e Arajo (2005) apontam que o setor elico, em termos de gerao de energia economicamente atrativa, ainda no chegou a uma fase de maturidade que seja suficiente para competir com outras energias. A relevncia da energia elica, ento, est em seu apelo ambiental e geopoltico, pela cooperao ao abastecimento de energia de um modo mais seguro e limpo, visando reduo de riscos de crises no fornecimento. A isso, que outros fatores, atualmente, balizam a expanso do setor, como as polticas pblicas de incentivo, atravs de subsdios, financiamentos e a iseno de impostos, como propem Dutra e Szklo (2008). Em uma linha de pensamento semelhante, Gkek e Gen (2009) afirmam que a vantagem da energia elica est justamente nos custos evitados de combustveis e ambientais e na iseno dos impostos. Com isso, a energia elica passa a ter apenas custos de (investimento) e manuteno (administrao). No entanto, Garbe, Mello e Tomaselli (2011) vo ainda mais alm, mostrando que outra vantagem da energia elica o baixo custo de produo, quando retirado os custos de investimento. Na tabela 1, esto demonstrados os custos de produo para variados tipos de gerao de energia. Como pode ser visualizado, o custo de produo da energia elica relativamente competitivo em relao s energias convencionais como a hidroeltrica, a nuclear, o
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4 carvo e o gs natural. Enquanto que, em relao s energias renovveis, a elica se mostra a mais atrativa. Tabela 1: Comparao entre os custos de diferentes tipos de produo de energia Tipo de Produo Custo Mdio (US$ por MWh) Energia Hidreltrica 0,20 0,50 Energia Nuclear 0,30 0,40 Carvo Mineral 0,40 0,50 Gs Natural 0,40 0,50 Energia Elica 0,40 1,00 Energia Geotrmica 0,50 0,80 Biomassa 0,80 1,20 Clula de Hidrognio 1,00 1,50 Energia Solar Fotovoltaica 1,50 3,20 Fonte: Garbe, Mello e Tomaselli (2011, p. 40). Por outro lado, incluindo-se os custos de investimento com equipamentos, o custo mdio, considerando um parque elico construdo no Brasil de investimento total de R$ 650 milhes para uma capacidade instalada de 140MW (PACIFIC HYDRO, 2012), tem um valor aproximado de R$ 590,00/MWh (cada MW de capacidade instalada gera aproximadamente 7.883 MWh.). Ou seja, um valor muito alto, que torna o custo desta energia a grande problemtica do setor. Muito embora, o governo brasileiro tem promovido polticas para abaixar os altos preos da energia elica no Brasil. Dentre essas polticas tm-se o novo formato de leilo de energia eltrica proposto pelo governo federal, que vem, incentivando o regateamento do preo da energia elica (COSTA & PIEROBON, 2008; GARBE; MELLO & TOMASELLI, 2011), e as polticas pblicas criadas visando o apoio produo de energias renovveis (DUTRA & SZKLO, 2008). Esses fatores revelam-se benficos sustentabilidade organizacional dos parques elicos, pois se relaciona viabilidade econmica dos projetos elicos, considerando aspectos de rentabilidade e equilbrio. nesse sentido, que no mbito mercadolgico, o estudo dos fatores de custos e preos passa a dar lugar, de modo complementar, ao estudo das polticas energticas especficas ao setor elico. 2.2. Polticas relativas ao setor de energia elica Considerando o processo socioambiental rumo sustentabilidade energtica e busca por tecnologias limpas de energia eltrica para reduzir as emisses de gases de efeito estufa, os governos de variados pases passaram a fornecer suporte gerao de energia renovvel (LEWIS & WISER, 2007; RATINEN & LUND, 2012). Isso porque, segundo Dutra e Szklo (2008) e Mills, Wiser e Porter (2012), diversas barreiras associadas s polticas pblicas necessitavam ser
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5 superadas, especialmente, quanto insero da energia elica dentro do sistema eltrico convencional. Dutra e Szklo (2008) e Mills, Wiser e Porter (2012) apontam que tais barreiras caracterizam-se em vrias faces, como: custos de investimento; falta de escala e escopo; tecnologia avanada e especfica; alta competncia da indstria energtica convencional; barreiras de informao; decesso de recursos e pequena disponibilidade tecnolgica; densidade energtica; e flutuao da energia. A partir da caracterizao dessas barreiras no incio da implantao da energia elica ao sistema energtico, que houve os primeiros incentivos a polticas energticas especficas energia elica, segundo Dutra e Szklo (2008). Os autores afirmam que a energia elica apresenta outros fatores que justificam tais incentivos, em especial, aqueles relacionados s questes socioambientais. Isto , no apenas as barreiras ao desenvolvimento do sistema elico incentivaram a criao dessas polticas, mas tambm os benefcios ao meio ambiente, melhoria do sistema de produo de energia e gerao de empregos. Quanto gerao de emprego o setor elico se mostra relevante para o desenvolvimento local e regional, j que comumente, possui uma grande capacidade de empregabilidade comparada a outros setores energticos (DUTRA, 2007). Como mostrado na tabela 2, o setor elico emprega mais que quase todos os setores de energia convencional. Tabela 2: Gerao de trabalho nos diversos setores de energia Setor Trabalho (trabalhadores-ano/TWh) Energia Nuclear 75 Gs Natural 250 Energia Hidreltrica 250 Petrleo 260 Petrleo (offshore) 265 Carvo Mineral 370 Forno Lenha 733 1,067 Energia Elica 918 2.400 Etanol 3.711 5.392 Energia Solar Fotovoltaica 29.580 107.000 Fonte: Dutra (2007, p. 7). Nascimento, Mendona e Cunha (2012) destacam ainda que os impactos sociais que a explorao da atividade elica pode trazer o Brasil contribuem para a gerao de emprego que pode vir a promover maior incluso social dentro do pas. Salles (2004) corrobora essa linha de pensamento, argumentando que os parques elicos quando instalados em reas rurais, acabam por
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6 gerar tanto empregos diretos, quanto indiretos, pois possibilita que as reas onde as turbinas esto dispostas, sejam utilizadas tambm para a criao de animais. A isso, o sistema setorial de energia elica em direo ao desenvolvimento produtivo e industrial, passou por transformaes dentro do planejamento eltrico mundial, atravs das polticas pblicas dos governos. Especficas de cada pas, as polticas pblicas tomam caminhos diferentes a depender do modelo energtico j estabelecido em cada local (DUTRA & SZKLO, 2008; RATINEN & LUND, 2012). Na tabela 3, foram elencadas as polticas pblicas em nvel nacional que passaram a ser dadas energia elica, em pases de alta produo dessa energia. Tabela 3: Polticas pblicas em nvel nacional para a gerao de energia elica em diversos pases Pas
Investimentos Pblicos, Financiamentos e Subsdios Reduo de taxas para Financiamentos Incentivos Fiscais para produo de energia Leiles Taxas de Feed-In Sistema de Aes Estados Unidos
X X
China X X X X X X Brasil
X X X X Dinamarca X X X X Canad X X X Espanha X X X Alemanha X X X ndia X X X Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Lema e Ruby (2007), Meyer (2007), Dutra e Szklo (2008), Berry (2009), GWEC (2010) e Ratinen e Lund (2012). O que se nota que a nica poltica energia elica criada em todos os pases pontuados na tabela 3, a reduo de taxas para o financiamento dos equipamentos de implantao dos parques elico. A reduo de taxas de financiamento, para Dutra e Szklo (2008), relevante no sentido de tornar o investimento mais atrativo, bem como, diminuir os custos iniciais, j que a implantao do parque elico passa a ser paga longo prazo. Na mesma funcionalidade, o segundo tipo de poltica energia elica mais acionada pelos governos dos pases investigados so os investimentos pblicos, financiamentos e subsdios. Compreende-se que esse tipo de poltica mais importante para o setor elico, pelos mesmos motivos j citados sobre as redues de taxas de financiamentos. O que, sem dvida, interfere na formao do preo da energia elica, reduzindo-o segundo Berry (2009). Ainda, a outras duas polticas tm se dado enfoque em estudos e discusses: os incentivos fiscais e os leiles. Os incentivos fiscais tm sido uma vantagem elementar aos produtores de
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7 energia elica, introduzido nos sistemas de energia de diversos pases, teve grande impulso a partir das recomendaes preconizadas no Protocolo de Kyoto (GARBE; MELLO & TOMASELLI, 2011). No Brasil, por exemplo, os incentivos fiscais so de deduo de tarifas e iseno de ICMS (imposto de operaes relativas circulao de mercadorias e prestaes de servios) sobre os equipamentos elicos, que tem sido caracterizado como um custo fixo evitado (NASCIMENTO; MENDONA & CUNHA, 2012; RIBEIRO; PIEROT & CORRA, 2012). Por outro lado, os leiles geralmente tm sido vistos como um fator dicotmico de vantagem e desvantagem. vantajoso porque o produtor tem a segurana de vender toda a sua energia para um comprador confivel (o governo), em um contrato de concesso de 20 anos por um valor determinado e igual por todo o tempo de concesso, e independente de oscilaes do mercado. E torna-se uma desvantagem, especialmente por o leilo ser do tipo reverso, em que, os lances de preos so decrescentes; ou seja, o produtor comumente vende sua energia abaixo do preo de custo (COSTA & PIEROBON, 2008; GARBE; MELLO & TOMASELLI, 2011). Relativo a isso, Lema e Ruby (2007) alertam sobre essa desvantagem dos leiles, pois, em recentes leiles de energia elica, ocorridos na China, a queda dos preos devido competividade por parte dos produtores, apresentou um grave prejuzo no faturamento das empresas produtoras de energia. No Brasil, segundo dados da Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL, 2012) no ano de 2011, nos leiles de energia, o preo de venda da energia elica no Brasil chegou a R$ 99,54/MWh, um valor 67% abaixo do preo no ano de 2009, que ficou em torno de R$ 148,39/MWh. Com esses nmeros, o Brasil tornou-se um dos pases que comercializam a energia elica com o preo mais barato do mundo, ainda segundo a Agncia, cabendo frisar que esse valor para a energia elica est abaixo do preo de custo dos produtores. Essas polticas relacionadas energia elica surgiram com o estabelecimento do PROINFA (Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia) em 2004, baseado na trade: regras estveis, segurana e modicidade tarifria. Logo, o sistema energtico brasileiro passou a enfatizar questes de universalizao, ambientais e estabilidade de preos. Em consequncia, a comercializao da energia tornou-se dependente da abertura de leiles de energia, dos incentivos fiscais e da autorizao de financiamentos, para que os projetos elicos tornassem-se viveis e seu preo mais competitivo (DUTRA & SZKLO, 2008). 2.3 Oportunidades mercadolgicas para a energia elica
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8 Em considerao s perspectivas relativas s estratgias de Marketing Verde e s oportunidades do setor elico, questes mercadolgicas tornam-se mais acentuadas a verificao. A isso, Leite, Borges e Falco (2006) afirmam que as empresas que entram no ramo da energia elica precisam fazer uma avaliao de implementao dos parques a serem construdos, em que, se observe a questo do potencial elico e o que essas questes interferem no planejamento e operao do sistema de eletricidade. Nesse sentido as caractersticas operativas da usina elica, fortemente dependentes do regime local dos ventos, fazem com que o modelo de gerao de uma usina convencional no possa ser diretamente aplicado a ela (LEITE; BORGES & FALCO, 2006, p. 178). 2.3.1 Potencial Brasileiro de Energia Elica Amarante et al. (2001), por meio da integralizao de mapas digitais com recursos de geoprocessamento, clculos de desempenho e produo de energia pela potencia de turbinas elicas, apontam valores estimados de potencial elico no Brasil, que podem auxiliar na tomada de decises de investidores do setor sobre em quais locais so mais viveis a instalao de gerao de energia elica, alm de ser totalmente vivel em grande parte do territrio do Brasil a partir da perspectiva da existncia de um vasto potencial elico e confivel para utilizao imediata (SILVA; ROSA & ARAJO, 2005, p. 289) A figura 1 mostra o potencial elico brasileiro subdivido por regies. O Brasil possui um potencial elico de 143,5 GW com turbinas a 50 metros de altura e ventos a 7 m/s , no qual, o nordeste brasileiro assume 52,2% desse potencial, com 75GW. Mais especificamente esse potencial se encontra nos estados do Rio Grande do Norte e Cear que detm 84,48% do potencial elico da regio nordeste (ANEEL, 2008).
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Figura 1. Potencial elico estimado para vento mdio anual igual ou superior a 7,0 m/s Fonte: Amarante et al. (2001, p. 44). O que j se revela bastante promissor. No entanto, est se configurando uma nova tendncia na gerao de energia elica no Brasil, que so turbinas elicas a 100 metros de altura, que captam ventos mdios de aproximadamente 10 m/s (CNI, 2009). Estudos recentes, com base nessas novas turbinas, apontam um potencial elico no Brasil de 350 GW, que representa cerca de 3 vezes a demanda de energia Brasileira, que no final de 2010 equivalia a 113,4 GW (GWEC, 2010). Berry (2009, p. 4493) explica que a expanso da capacidade de gerao foi acompanhada por inovaes no desenvolvimento de turbinas elicas, e por isso, as turbinas elicas atuais esto em um patamar elevado de produo de energia, abrindo espao e oportunidades de negcios para novos empreendimentos. No entanto, o autor alerta que nem sempre turbinas elicas de maior capacidade de gerao de energia e tecnologicamente mais avanadas so boas oportunidades, pois, ao passo que melhoram a produo, pode haver riscos de problemas de funcionamento e manuteno, pois segundo o autor novos projetos podem inicialmente requerer o desenvolvimento de cadeias de fornecimento para novos componentes personalizados, possivelmente resultando em maiores custos de produo (BERRY, 2009, p. 4494). Cabe ressaltar que apesar das dificuldades, Leite, Borges e Falco (2006) afirmam que a gerao de energia elica no Brasil oportuna, pois, o potencial de vento extremamente favorvel explorao. Alm disso, os fatores de capacidade calculados estiveram entre 30 e
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10 40%, valor considerado alto para os padres mundiais (LEITE; BORGES & FALCO, 2006, p. 187), pondo o Brasil em evidncia em termos de produo de energia elica. Ainda para os autores, a preocupao com a viabilidade econmica e o potencial de ventos essencial para o planejamento estratgico de uma empresa geradora, pois, uma usina elica pode ser atrativa para um produtor, considerando localidade de instalao, potencial de ventos, capital de investimento, economia do pas, mercado competitivo e subsdios governamentais, mas pode no ser atrativa para outro produtor, considerando os mesmos fatores. 2.3.2 Questes socioambientais e marketing verde A questo socioambiental da energia elica outro ponto bastante discutido na literatura, segundo o qual, relacionam reduo de gastos por parte dos governos dos pases, pois se diminui cerca de 56 euros de custo de combustvel ao ano por MW de capacidade instalada de energia elica, e cerca de 1,26 mil toneladas de CO2 ao ano por MW de capacidade instalada da mesma (DELARUE; LUICKX & DHAESELEER, 2009; BRYCE, 2011). Nesse sentido, a conduo de polticas pblicas ao desenvolvimento do setor tem incentivado uma postura socioambiental, inovadora e sustentvel das empresas. Barbieri et al. (2010, p. 153) explica que o novo modelo de organizao inovadora sustentvel uma resposta s presses institucionais por uma organizao que seja capaz de inovar com eficincia em termos econmicos, mas com responsabilidade social e ambiental. Como afirmam Ribeiro, Pierot & Corra (2012), esse tipo de postura voltada responsabilidade socioambiental vem a ser um indicador de boa administrao para as empresas modernas. Ainda, Dias (2009) pontua que no s esses incentivos so atrativos para empresas geradoras de energia em escala, como tambm para a autoproduo de energia elica, como parte dos processos de marketing verde e gesto ambiental. Apesar de o setor elico estar recebendo diversos incentivos face s politicas sustentveis e de proteo ambiental, estudos apresentam a existncia de alguns impactos relacionados ao sistema de produo elica. Esses impactos devem ser levados em conta em anlises viabilidade ambiental desta fonte energtica (SALLES, 2004; REIS & CUNHA, 2006). Salles (2004) e Reis e Cunha (2006) pontuam tais impactos como: Interferncia eletromagntica em aparelhos de TV, rdio, celulares etc.; Interferncia na fauna alada; Alterao de paisagens; Alterao da usabilidade do solo; e, Riscos de ruptura dos componentes da estrutura das torres.
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11 Por sua vez, outras questes influem que tais fatores sejam tratados irrelevantemente no Brasil, pois o mercado de energia nacional est luz de uma necessidade de oferta de energia complementar as hidreltricas, desde a crise no setor eltrico brasileiro em 2001. Assim, a energia elica passa a ser uma soluo a essas problemticas (SILVA; ROSA & ARAJO, 2005; ARAJO & FREITAS, 2006). Com isso, retoma-se a conceptualizao de marketing verde e gesto ambiental, pois esse conceito liga-se estruturalmente ao estabelecimento de produo de energias renovveis, intrnseco ao formato de negcios em energia elica. Ao ponto que coexistem polticas, incentivos, oportunidades e viabilidade ao mesmo tempo, o posicionamento socioambiental da empresa passa ter um idealismo estratgico, e no apenas um conjunto de tcnicas fragmentadas de comercializao de produtos ou servios que no prejudiquem o meio ambiente (DIAS, 2009). Dias (2009, p. 142) explica que o marketing verde uma forma de articular as relaes entre o consumidor, a empresa e o meio ambiente, sendo uma filosofia de marketing em formato ecolgico que deve estar impregnada no comportamento cotidiano da organizao. A necessidade a esse modelo de estratgia est condicionada a um novo tipo de consumidor que est preocupado com questes socioambientais, de tal forma que o marketing verde tornou-se um fenmeno no mbito mercadolgico. Esse comportamento do consumidor de conscincia ambiental ultrapassa o setor comercial e industrial e passa a ser um novo paradigma s polticas pblicas. A isso, os gastos em P&D para o setor elico passaram a ser uma obrigao imposta tanto pelos governos, quanto pelos consumidores, s empresas que trabalham no setor, segundo Alves et al. (2011). Mais do que isso, empresas que se utilizam do marketing verde, provavelmente, tero uma vantagem competitiva no mercado (DIAS, 2009). As oportunidades produo de energia elica em escala limitam-se a um alto retorno monetrio longo prazo, e estendem-se ao ambiente comercial, de autoproduo em empresas de diversos setores, como parte de uma estratgia de gesto ambiental (DUTRA & TOLMASQUIM, 2002; RIBEIRO; PIEROT & CORRA, 2012). Nesse sentido, sero discutidos na prxima sesso as anlises e os resultados, de forma a criar uma inter-relao entre os apontamentos da literatura e as evidenciaes empricas sobre o setor brasileiro de energia elica, no tocante s suas perspectivas de negcios, oportunidades comerciais e as questes ambientais que envolvem o setor. 3. METODOLOGIA
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12 O fundamento metodolgico deste estudo configura-se dentro de uma abordagem exploratria, face temtica de estudo sobre as perspectivas mercadolgicas da energia elica ainda estar relativamente em circundante incio em investigaes e pesquisas. Gil (2012, p. 27) justifica que a pesquisa exploratria deve ser desenvolvida com o objetivo de proporcionar viso geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato, especialmente, quando o tema ainda pouco explorado e existe a necessidade de operacionalizao das informaes bsicas do problema investigado. Partindo-se dessa prerrogativa, o estudo adotou um formato de anlise qualitativa, que segundo Malhotra (2011), orienta-se em um processo cclico e concomitante coleta de dados. Ou seja, ao ponto que se inicia a coleta de dados sobre os aspectos mercadolgicos da energia elica dentro do mercado energtico brasileiro, inicia-se simultaneamente uma anlise indutiva e interpretativa, visando delimitar aes futuras de pesquisa. Assim, coube realizar uma anlise SWOT do setor elico brasileiro, segundo o qual, Panagiotou (2003), afirma ser um tipo de anlise adequada estgios iniciais de planejamento estratgico e anlise de mercado, e complementar a estudos de abordagem exploratria. Como o mercado elico composto, em sua estrutura sistmica, de variveis internas e externas, torna-se oportuno a avaliao das capacidades internas (Foras e Fraquezas) e das capacidades externas (Oportunidades e Ameaas) do setor. Ainda, Panagiotou (2003) alerta que a anlise SWOT torna-se inadequada para mercados instveis. A isso, toma-se como premissa, indicar que tais anlises perfazem to somente o cenrio atual energtico do Brasil, que j se mantm estvel desde a criao do Proinfa em 2004. Bhide (2002) refora que imprescindvel s empresas que esto entrando em um mercado novo ou que comercializam um produto inovador, uma srie de anlises a serem feitas ao planejamento estratgico, tais como anlises SWOT e anlise das foras competitivas. Para o autor, empresas que entram em novos mercados precisam de uma anlise completa que abranja todo o setor em que esta se encontra e que abarque as competncias essenciais e as fraquezas internas, pois, este tipo de empresa enfrenta concorrncia no apenas de rivais que oferecem os mesmos artigos, mas tambm, potencialmente, de substitutos, fornecedores, compradores e outros entrantes (BHIDE, 2002, p. 77). Nesse sentido, a metodologia proposta por Panagiotou (2003) da anlise SWOT do tipo Telescopic Observations (Observaes Telescpicas), melhor se adequou a este estudo, pois,
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13 atravs desse mtodo, gerada uma matriz SWOT que abarca diversas dimenses de anlises, no qual, teve-se como premissa que tais fatores de interferncia incitem em um parque ou projeto elico. Essa anlise baseada em 22 questes, dividas em 2 perspectivas de anlise, que so pr- definidas atravs de termos que se iniciam a partir de cada letra componentes das palavras Telescopic Observations (PANAGIOTOU, 2003). Esses termos so descritos a seguir, junto com suas respectivas tradues para o portugus. TELESCOPIC (Telescpicas): Technological advancements (Avanos tecnolgicos); Economic considerations (Consideraes econmicas); Legal and regulatory requirements (Requisitos legais e regulamentares); Ecological and environmental issues (Questes ecolgicas e ambientais); Sociological trends (Tendncias sociais); Competition (Concorrncia); Organizational culture (Cultura organizacional); Portfolio analysis (Anlise de portiflio); International issues (Questes internacionais); Cost efficiencies and cost structures (Eficincia por custos e estruturas dos custos). OBSERVATIONS (Observaes): Organizational core competencies and capabilities (Competncias e capacidades organizacionais essenciais); Buyers (Compradores); Suppliers (Fornecedores); Electronic commerce (Comrcio electrnico); Resource audit (Auditoria de recursos); Value chain (Cadeia de valor); Alliances, including partnerships, networks & joint ventures (Alianas, incluindo parcerias, redes e Joint Ventures); Total quality management (Gesto da qualidade total); Industry key factors for success (Fatores-chave da indstria para o sucesso); Organizational structure (Estrutura organizacional); New entrants (Novos entrantes); Substitute products and services (Produtos e servios substitutos). 4. RESULTADOS 4.1. Anlise SWOT pelo quadro de anlise Telescopic Observations De modo elementar, chega-se ao mapeamento dos fatores essencialmente mercadolgicos da energia elica atravs do modelo de anlise escolhido. Nos Quadros 1 e 2 encontram-se as anlises SWOT para componentes de interferncia estratgia organizacional pela utilizao da anlise do quadro Telescopic Observations, proposta por Panagiotou (2003). Como o prprio nome sugere, o quadro verifica e observa os objetos distncia, foca e amplia-os, e os leva para mais perto do usurio para uma anlise e avaliao mais efetiva (PANAGIOTOU, 2003, p. 9). Alm disso, esse quadro engloba tambm os pontos analticos das foras competitivas de Porter
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14 (1980) Clientes, Fornecedores, Concorrentes, Novos Entrantes e Produtos substitutos, o que complementa e d fora s anlises propostas. Nos Quadros 1 e 2 dividem-se os pontos analticos do Ambiente Interno: Strengths (Fora) e Weakness (Fraqueza); e do Ambiente Externo: Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaas). Alguns pontos so elementares e autoexplicativos em suas dimenses, como os avanos tecnolgicos evidenciados como uma oportunidade do setor elico , que tornaram os equipamentos de gerao de energia mais eficientes e mais baratos (CNI, 2009). Outros pontos, por sua vez, necessitam de uma anlise mais aprofundada como a estrutura e a cultura organizacional e a administrao da qualidade total, que so evidenciados como Foras setoriais. Ribeiro, Pierot e Corra (2012, p. 68) identificaram que empresas de energia elica tm um perfil de estrutura enxuta (mdia de 50 colaboradores), os colaboradores possuem um envolvimento no que tange sustentabilidade de mdia conscientizao, alm de possuir estratgias de qualidade organizacional como programas de educao ambiental, monitoramento e controle total de questes de meio ambiente, um sistema de gerenciamento de risco, dentre outras; o que justifica a escolha de tais Foras do setor na anlise SWOT. Quadro 1 Anlise SWOT Telescopic Observations do setor de energia elica brasileiro
Fonte: Elaborado pelos autores. Nota. Quadro padro de Panagiotou (2003, p. 10). Em relao s Fraquezas, questes como o portfolio, o comrcio eletrnico e os fatores industriais para o sucesso, necessitam de uma explicao corrente. Primeiramente, o portfolio de uma empresa de energia elica simplrio, pois abrange somente a produo de um tipo de energia; contguo, o comrcio eletrnico apresenta diversas problemticas tanto venda de energia, quanto venda de turbinas, pois, so comercializaes de alto valor e de alto teor estrutural, sistmico e tecnolgico; e, os fatores industriais para o sucesso so problemas de um setor ainda recente que depende de muitas variveis ambientais, econmicas e polticas para suporte e permanncia dentro do mercado (COSTA; CASOTTI & AZEVEDO, 2009).
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15 Quadro 2 Anlise SWOT Telescopic Observations do setor de energia elica brasileiro
Fonte: Elaborado pelos autores. Nota. Quadro padro de Panagiotou (2003, p. 10). Quanto s Oportunidades, as questes internacionais e a cadeia de valor, tambm necessitam de uma explicao corrente. As questes internacionais comumente esto dentro de uma ambincia de apoio e incentivo gerao energia elica com investimentos em P&D e produo de conhecimento na rea, visto que o desenvolvimento de equipamentos tecnologicamente mais avanados envolve pesquisas de diversos pases (LEWIS & WISER, 2007; ALVES et al., 2011). Por sua vez, a cadeia de valor no contexto de relacionamento com os stakeholders (PORTER, 1980) tende a trazer benefcios para projetos elicos j que tanto fornecedores e clientes, quanto empresas do ramo elico tm dado abertura para a criao de valor atravs de cadeias de valor estratgico, configurando-se como oportunidades do setor. Quanto s ameaas, justamente 3 das foras competitivas de Porter (1980) caracterizam-se nesta dimenso: Suppliers (Fornecedores), New entrants (Novos entrantes) e Substitute products and services (Produtos e servios substitutos). Primeiramente, no Brasil somente trs empresas atuam no segmento de fornecimento de turbinas e parques elicos, evidenciando-se uma ameaa para a ampliao do setor e para tornar essa energia mais difundida, segundo a CNI (2009). Ainda, novos entrantes se inserem no mercado com a tecnologia elica em alta, com diversos casos experienciais de parques elicos para nortear as tomadas de deciso e com estabilidade setorial devido s polticas estabelecidas. Por outro lado, os produtos substitutos como a energia solar e a biomassa que tambm so renovveis , tm tido um potencial de gerao e crescimento de mercado to quo a energia elica. Com isso, da anlise SWOT Telescopic Observations do setor elico Brasileiro, foram evidenciados mais fatores de Oportunidades, seguido por Fraquezas, como pode ser visto na figura 2 a frequncia de cada dimenso da anlise SWOT. Compreende-se que dos fatores internos, um projeto elico tende a apresentar mais Fraquezas, em especial, por ser um tipo de organizao recente e que lida com questes de inovao. Em contrapartida, dos fatores externos, um projeto
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16 elico tende a apresentar mais Oportunidades devido s polticas de incentivo gerao de energia limpa e ao significativo potencial elico brasileiro.
Figura 2 Frequncia de cada dimenso da anlise SWOT. Fonte: Elaborado pelos autores. 4.2. Anlise SWOT especfica Em uma anlise SWOT especfica, complemento anlise Telescopic Observations, props-se investigar que fatores estritamente mercadolgicos mais afetam o setor elico nas dimenses de Foras, Fraquezas, Oportunidades e Ameaas. Como podem ser visualizados no Quadro 3, diversos fatores interferem mercadologicamente no setor elico, sendo alguns fatores analiticamente mais relevantes em termos estratgicos. Quadro 3 Anlise SWOT especfica do setor de energia elica brasileiro FORAS FRAQUEZAS OPORTUNIDADES AMEAAS Qualidade da energia; Marketing verde; Baixos custos de Administrao, Operacionalizao e Manuteno; Estrutura Organizacional enxuta; Limitaes para locais especficos; Altos custos iniciais; Leiles (perspectiva comercial); Falta de mo de obra especializada; Potencial Elico; Reduo de Impostos; Financiamentos e Subsdios; Redes e Alianas; Falta de linhas de transmisso; Energia Solar e Biomassa; Leiles (Perspectiva da concorrncia); Novos entrantes fortes; Fonte: Elaborado pelos autores. Na dimenso das foras, o fator de estratgia do Marketing Verde caracteriza-se o mais relevante, especialmente por estar tornando a energia elica to atrativa e sujeita a tantos incentivos produo. Tais estratgias e polticas ecolgicas, como definidas por Dias (2009), tiveram incio quando as empresas viram-se impelidas a adaptar-se a demandas ambientais de novos mercados que esto buscando diminuir a contaminao do meio ambiente, como o caso dos setores das energias renovveis, entre estas a elica.
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17 Na dimenso das fraquezas os altos custos iniciais de equipamentos o fator determinante para a implantao de um projeto elico. Entretanto outras problemticas intrnsecas ao ambiente organizacional das empresas produtoras tambm devem ser cuidadosamente avaliadas, tais como o poder de competitividade, as limitaes das localidades de instalao do projeto elico e a falta de colaboradores especializados com habilidades e capacidades especficas. Na dimenso das oportunidades, apesar de a grande questo do setor elico ser os financiamentos e subsdios, pois permite a viabilidade econmica do projeto elico; Em termos estratgicos so as redes e alianas os fatores de oportunidades mais relevantes. Isso porque, devido ao alto custo de implantao e os riscos concernentes ao setor, as parcerias estratgicas tornam-se um modo das empresas superarem esses problemas por meio do compartilhamento de capacidades organizacionais e de capitais em prol da viabilizao dos projetos elicos. Um caso brasileiro especfico o das empresas Vale S.A. (brasileira) e da Pacific Hydro (australiana), que formaram uma joint venture para construir no estado do Rio Grande do Norte tendo o maior potencial elico do Brasil , parques elicos de capacidade instalada de 140MW, em um investimento de R$ 650 milhes (PACIFIC HYDRO, 2012). Na dimenso das ameaas tem-se a competitividade dos leiles de energia eltrica, em que tem levado empresas produtoras a comercializarem a energia abaixo do preo de custo, devido expectativa de venda da energia elica produzida. Costa, Casotti e Azevedo (2009) e Garbel, Mello e Tomaselli (2011) apontam que no Brasil os preos da energia elica tm sido compelidos para baixo por causa de um ambiente de competio nos leiles de energia que fazem projetos elicos, no viveis quele preo estabelecido, ganharem os leiles e com isso apresentarem prejuzos considerveis, tornando-se uma ameaa para esses projetos. No entanto, cabe ressaltar uma grande ameaa aos projetos elicos no Brasil, que apesar de no perfazer um fator estratgico, e sim de estrutura e suporte governamental, a falta de linhas de transmisso de energia que liguem os parques elicos ao sistema eltrico, de modo a se complementar ao regime hdrico (SILVA; ROSA & ARAJO, 2005; DUTRA & SZKLO, 2008). Ou seja, ao ponto que os parques elicos ficam impossibilitados de escoar a energia produzida, esta energia desperdiada. A isso, so evidenciados no Brasil diversos parques elicos parados, justamente devido a essa problemtica das linhas de transmisso. 5. DISCUSSO
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18 Os resultados encontrados mostram um mercado elico de muitas Oportunidades e muitas Fraquezas, os quais, pela anlise SWOT Telescopic Observations foram os itens em maior nmero. Caracterizando as Oportunidades, podem se destacar: Potencial Elico; Reduo de Impostos; Financiamentos e Subsdios; Redes e Alianas. Quanto s Fraquezas, podem se destacar: Falta de linhas de transmisso; Energia Solar e Biomassa; Leiles [Perspectiva da concorrncia]; Novos entrantes fortes. O que se depreende que o setor elico Brasileiro est solcito a investimentos e possui grande potencialidade criao de novos negcios parques elicos e autoproduo , devido ao potencial elico que o pas possui, atrelado a uma significativa reduo de impostos para os produtores, bem como, diversos incentivos (subsdios, financiamentos e apoios por responsabilidade ambiental) que compem um sistema funcional de superao das barreiras provenientes de investimentos por alto custo inicial, pois, impelem redues nos custos efetivos ou desloca boa parte dos custos iniciais para os custos de longo prazo. E por outro lado, so as problemticas de carter endgenas s empresas produtoras de energia que devem ser avaliadas, tais como: (1) o poder de competitividade e os Leiles na perspectiva da concorrncia, pois, o produtor dificilmente poder competir com grandes empresas ou com a energia solar e a biomassa que mais barata que a elica; (2) os altos custos com equipamento, que uma questo de aprendizado tecnolgico, visto que a tecnologia elica possui um sistema avanado e caro, e assim, provavelmente, somente com a popularizao da energia elica que os custos tendero a cair significativamente; (3) as limitaes das localidades de instalao, pois, os locais de alto potencial elico (figura 1) esto em reas litorneas de domnio pblico, o que, segundo pesquisas de Devine-Wrigth e Howes (2010) a instalao de parques elicos tem sido vista como uma ameaa pela populao local, levando as pessoas a comportamentos de oposio exigindo uma participao mais ativa do Governo no incentivo e na promoo da energia elica. Alm disso, faltam linhas de transmisso que proporcionem a complementariedade da energia elica com a energia hidreltrica convencional no Brasil; e, (4) a falta de colaboradores especializados, que ocorre, em especial, devido a no popularizao da energia elica, fazendo com que haja baixa promoo de capacitaes tcnicas na rea. Ainda assim, no se pode deixar de pontuar que outras questes especficas no Brasil de modelo poltico-econmico, de infraestrutura e industriais influenciam o mercado de energia elica, tais como: (1) interesses polticos-fiscais , uma vez que, a arrecadao tributria do Governo estaria concentrada no Estado Produtor , (2) os conhecimentos e inovaes dependentes
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19 de outros pases, (3) os investimentos pblicos na logstica das redes de distribuio, (4) os riscos energticos quanto continuidade do fornecimento versus imagem poltica quanto possibilidade de apago energtico, e, (4) os mecanismos regulatrios claros na garantia do fornecimento da energia. A isso, alguns pontos mercadolgicos tm um alcance universal como as alianas estratgicas, os incentivos produo de energia, o marketing verde e a estrutura organizacional de empresas do ramo. Outros pontos como a falta de infraestrutura para a implantao de parques elicos ou um fornecimento precrio de equipamentos elicos, bem como, suas respectivas manutenes que possam garantir fornecimento e distribuio da energia so significativas e devem ser equalizadas indiferentemente das regies do pas. 6. CONSIDERAES FINAIS Com o objetivo de mapear os fatores mercadolgicos especficos do setor elico Brasileiro e suas perspectivas, em funo do desenvolvimento gerencial, comercial e estratgico do setor, foram encontrados resultados bastante relevantes e esclarecedores para o desenho de futuras pesquisas na rea. A isso, a anlise SWOT mostrou-se um instrumento profcuo para utilizao em anlises de setores ligados inovao e questes abrangentes, como os sistemas energticos. Ainda, estudar as perspectivas mercadolgicas do setor energtico importante para que a energia elica torne-se uma alternativa economicamente e gerencialmente vivel para o setor, com suporte s questes socioambientais. Isso demonstra que este estudo como processo de gesto de uma inovao, necessrio para complementar sua difuso ao uso e promover diretrizes que conduzam ao planeta uma inovao tecnolgica que reduz impactos ambientais associados a interesses econmicos. Alm disso, este estudo concretiza seus objetivos e chega ao seu ponto final no momento em que consegue demarcar os fatores mercadolgicos que influem no setor de energia elica, e assim, ajuizar os fatores de destaque que podem balizar o amadurecimento gerencial do setor e mostrar as barreiras e facilitadores da energia elica. Logo, compreende-se um aprofundamento do tema da energia elica em termos mercadolgicos de grande relevncia para o setor elico em mbito global, visto que h poucos estudos nessa direo. E, especialmente relativo ao setor energtico brasileiro, o estudo mercadolgico da energia elico alcana um nvel particular de ineditismo, de modo que se tornar o ponto de partida para quaisquer estudos nesse sentido.
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20 As limitaes do estudo advm principalmente do formato exploratrio de pesquisa, que teve um alinhamento de coleta e anlise de dados em busca de variveis qualitativas para mapear os fatores de relevncia mercadolgica ao setor brasileiro de energia elica. Desse modo, so recomendadas novas pesquisas que avaliem, especialmente em perspectivas quantitativas, os fatores mercadolgicos aqui levantados, em relao a custos, investimentos e inovaes, com objetivo de avaliar os avanos, uma vez que, a perspectiva de uso e implementao em adotar essa nova fonte energtica ampla. Referncias Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL. Atlas de energia eltrica do Brasil. 3. ed. Braslia: ANEEL, 2008. Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL. Processo n 48500.006741/2011-51: regulamentao do Art. 21 da Lei n 11.943 de 28 de maio de 2009. (p. 1-7 da nota tcnica n 002/2012SRG/ANEEL, em 13/01/2012). <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2012/023/documento/nt_002-2012-srg-aneel.pdf>. Acesso em: 12 de Setembro de 2012. ALVES, A. P.; SILVA, T. G.; MACEDO, M. A. S.; MARQUES, J. A. V. C. A relevncia dos gastos com P&D para o mercado brasileiro de capitais: um estudo com distribuidoras de energia eltrica no perodo de 2002 a 2009. Revista de Administrao e Inovao, v. 8, n. 2, pp. 216-239, 2011. AMARANTE, O.; BROWER, M.; MACK, J.; S, A. L. (Org.). Atlas do potencial elico brasileiro. Braslia: CRESESB/ELETROBRAS/CEPEL/MME, 2001. ARAJO, M.; FREITAS, M. Acceptance of renewable energy innovation in Brazil: case study of wind energy. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 12, n. 2, pp. 584-591, 2006. BARBIERI, J. C.; VASCONCELOS, I. F. G.; ANDREASSI, T.; VASCONCELOS, F. C. Inovao e sustentabilidade: novos modelos e proposies. Revista de Administrao de Empresas, v. 50, n. 2, pp. 146-154, 2010. BERRY, D. Innovation and the price of wind energy in the US. Energy Policy, v. 37, pp. 4493-4499, 2009. BHIDE, A. Como os empreendedores constroem estratgias que do certo. In: Harvard Business Review. Empreendedorismo e estratgia (pp. 61-90). Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. BRYCE, R. The high cost of wind energy as a carbon-dioxide reduction method. Manhattan Institute for Policy Research, v. 11, pp. 1-9, 2011. Confederao Nacional da Indstria - CNI. Energia elica: panorama mundial e perspectivas no Brasil. Braslia: CNI, 2009. COSTA, R. C. da; PIEROBON, E. C. Leilo de energia nova: anlise da sistemtica e dos resultados. BNDES Setorial, v. 27, pp. 39-58, 2008. COSTA, R. A.; CASOTTI, B. P.; AZEVEDO, R. L. S. Um panorama da indstria de bens de capital relacionados energia elica. BNDES Setorial, v. 29, pp. 229-278, 2009. DELARUE, E. D.; LUICKX, P. J.; DHAESELEER, W. The actual effect of wind power on overall electricity generation costs and CO 2 emissions. Energy Conversion and Management, v. 50, pp. 1450-1456, 2009. DEVINE-WRIGTH, P.; HOWES, Y. Disruption to place attachment and the protection of restorative environments: a wind energy case study. Journal of Environmental Psychology, v. 30, n. 3, pp. 271-280, 2010. DIAS, R. Gesto ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. So Paulo: Atlas, 2009. DUTRA, R. M. Propostas de polticas especficas para energia elica no Brasil aps a primeira fase do PROINFA. Teses (Doutorado em Engenharia) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2007.
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