OBTENO
MEDIANTE
AUTORIZAO
JUDICIAL.
ter cunho de documento particular, que pode ser apreendido mediante autorizao
judicial.
Pois bem. A questo gira em torno do art. 240, 1, alnea f, do Cdigo
de Processo Penal, o qual possibilita a busca e a apreenso de cartas, abertas ou no,
destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento
do seu contedo possa ser til elucidao do fato. E, na verdade, no espanta que o
CPP, que data de 1941 e que tem notria inspirao no Cdigo Rocco, previsse tal
possibilidade, visto que idealizado para um sistema com razes inquisitivas, vigente
poca. Sucede que a nova leitura constitucional do processo penal no permite a
existncia desse comando normativo e, data venia, o referido julgamento abre um
perigoso precedente.
Primeiro ponto a ser destacado, e que jamais pode ser perdido de vista,
que o processo penal no um instrumento poltico de segurana pblica. Mas de
todo contrrio. O processo penal um instrumento de proteo do cidado, onde os
princpios, direitos e garantias constitucionais tm suas mximas aplicaes.
Segundo ponto que o art. 5, inciso XII, assevera que inviolvel o
sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das
comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial. O texto
taxativo quanto ao carter absoluto do sigilo epistolar e clarividente, ao utilizar o
termo salvo, no ltimo caso, que apenas o sigilo das comunicaes telefnicas
relativo, tendo sido esta, alis, a linha professada pelo Des. Siro Darlan. Desse modo,
foroso reconhecer que o art. 240 do CPP, nesse ponto, no foi recepcionado pela
Constituio Federal de 1988.
Por outro lado, compreende-se que, em determinadas situaes, o
interesse pblico possa sobrepujar os direitos individuais. No entanto, quando o
Legislador Constituinte quis que assim fosse, ou seja, quando elevou o interesse
pblico acima do interesse particular, agiu de modo expresso, como, e.g., no sigilo
telefnico, na inviolabilidade domiciliar (XI), priso civil por dvida (LXVII). O que no
razovel e juridicamente possvel que o Legislador Ordinrio ou mesmo os juzes
mitiguem direitos fundamentais dos cidados, em desacordo com a Constituio,
mormente na seara penal, como, inclusive, bem salientou o Min. Adlson Macabu.
Apud, TUCCI, Rogrio Lauria. Direitos e Garantias individuais no processo penal brasileiro. 2 ed. rev. e
atual. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 405/406.
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