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Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

CAPÍTULO 6 - ESTUDOS BÁSICOS

ESTUDOS BÁSICOS
6-2

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

SUMÁRIO

CAPÍTULO 6 - ESTUDOS BÁSICOS


Página

6.1 TOPOGRÁFICOS 6-4

6.2 GEOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS 6-4

6.3 HIDROLÓGICOS 6-4

6.3.1 CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA BACIA 6-4

6.3.2 CURVA - CHAVE 6-6

6.3.3 SÉRIES DE VAZÕES MÉDIAS MENSAIS 6-7

6.3.4 CURVAS DE DURAÇÃO/PERMANÊNCIA 6-8

6.3.5 ESTUDOS DE VAZÕES EXTREMAS 6-9

6.3.5.1 Aproveitamento Dispõe de Série de Vazões Médias Diárias 6-9

6.3.5.2 Aproveitamento Não Dispõe de Série de Vazões Médias Diárias 6 - 10

6.3.6 RISCO 6 - 12

6.3.7 VAZÕES MÍNIMAS 6 - 13

6.3.8 AVALIAÇÃO SEDIMENTOLÓGICA 6 - 13

6.4 AMBIENTAIS 6 - 16

6.5 ARRANJO E TIPO DAS ESTRUTURAS - ALTERNATIVAS 6 - 17

6.6 CUSTOS 6 - 18

6.7 ESTUDOS ECONÔMICO-ENERGÉTICOS 6 - 19

ESTUDOS BÁSICOS - Sumário


6-3

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6.7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 6 - 19

6.7.2 DIMENSIONAMENTO ENERGÉTICO E ECONÔMICO SOB A ÓTICA ISOLADA 6 - 19

6.7.3 DIMENSIONAMENTO DOS PARÂMETROS FÍSICO-OPERATIVOS DO PROJETO 6 - 21

ESTUDOS BÁSICOS - Sumário


6-4

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

CAPÍTULO 6

ESTUDOS BÁSICOS

O projeto de uma PCH deverá ser realizado estudos de estabilidade, como descrito no Capítulo
com base nos Estudos Básicos descritos a seguir. 7.

6.1 TOPOGRÁFICOS Os estudos de balanceamento de materiais são


incluídos no item 7.4 - Planejamento da Construção
Os estudos topográficos, a partir dos dados do e Montagem.
local, levantados como especificado no Capítulo 5,
compreenderão: Como citado anteriormente, na escolha do eixo
da barragem, deve-se sempre procurar locais com
- a elaboração da base cartográfica em escala boas condições para a fundação e para as
adequada ao desenvolvimento do projeto, como, ombreiras das estruturas. Fundações permeáveis,
por exemplo, 1:1000; onde ocorrem bancos de areia ou cascalho, devem
ser analisadas com muito cuidado, em função de
- a determinação da queda bruta disponível no sua alta permeabilidade. Os maciços rochosos muito
local; fraturados, sãos, servem como fundação para as
estruturas. Nesses casos, o tratamento da fundação
- o levantamento do perfil do rio no trecho de
deve prever a execução de cortinas de injeção de
interesse;
calda de cimento.

- o levantamento da curva cota x área e da curva


As áreas com turfa ou argila escura, orgânica,
cota x volume do reservatório, se for necessário;
em princípio, não servem como fundação, por serem
muito pouco resistentes e muito compressíveis.
- locação das estruturas;

Em princípio, como também citado


- locação dos furos de sondagem;
anteriormente, toda obra deve ser executada com os
- locação do reservatório. materiais disponíveis no local, o que significa dizer
que o projeto deverá ser adaptado aos mesmos. Os
6.2 GEOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS materiais (solos, areias, cascalho e rocha) deverão
existir em quantidade e com a qualidade requerida.
Os estudos geológicos e geotécnicos
compreenderão: Com relação à qualidade, destaca-se que os
materiais deverão ser caracterizados observando-se
- a definição dos projetos de escavação e tratamento o disposto nas Normas da ABNT pertinentes, como
das fundações; descrito no Capítulo anterior. Quanto à suficiência
deverá ser levantado o balanço de materiais para
- a caracterização completa dos materiais naturais verificar se o volume útil de cada tipo de fonte é no
de construção disponíveis nas jazidas mais mínimo 50% maior que o volume necessário para as
próximas do sítio do empreendimento; obras.

- para barragens de terra ou enrocamento, com 6.3 HIDROLÓGICOS


alturas superiores a 10 m, deverão ser realizados
6.3.1 CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA BACIA

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6-5

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Vários aspectos fisiográficos da bacia, tais A área de drenagem da bacia, em km2.


como área, perímetro, forma, densidade de
drenagem, declividade do rio, tempo de O índice de compacidade é uma medida do
concentração, cobertura vegetal, uso, ocupação e grau de irregularidade da bacia, já que para uma
relevo, auxiliam na interpretação dos resultados dos bacia circular ideal ele é igual a 1,0. Desde que
estudos hidrológicos e permitem estabelecer outros fatores não interfiram, quanto mais próximo
relações e comparações com outras bacias da unidade for o índice de compacidade maior será
conhecidas. Esses aspectos têm influência direta no a potencialidade de ocorrência de picos elevados de
comportamento hidrometeorológico da bacia em enchentes.
estudo e, conseqüentemente, no regime fluvial e
sedimentológico do curso d’água principal. O índice de conformação ou fator de forma, Kf,
é a relação entre a área da bacia hidrográfica e o
A comparação dessas características e quadrado de seu comprimento axial, medido ao
relações é um importante subsídio para a definição longo do curso d'água principal, desde a foz até a
de “regiões hidrologicamente homogêneas”, cabeceira mais distante, próxima do divisor de águas
conceito de caráter um tanto subjetivo e que da bacia. Então:
também depende da experiência do profissional em
A
hidrologia. Kf = , onde:
L2
As principais características fisiográficas são
descritas a seguir. L comprimento axial da bacia, ou
comprimento total do curso d’água principal,
• Área de Drenagem em km;

A área de drenagem da bacia, em km2.


A área de drenagem de uma bacia é a
projeção em um plano horizontal da superfície
O índice de conformação relaciona a forma da
contida entre seus divisores topográficos. É obtida
bacia com um retângulo. Numa bacia estreita e
através de planimetria clássica ou processos
longa, a possibilidade de ocorrência de chuvas
computacionais, em plantas de localização, e
intensas cobrindo, ao mesmo tempo, toda sua
expressa, comumente, em km2 ou ha.
extensão, é menor que em bacias largas e curtas.
Desta forma, para bacias de mesmo tamanho, será
• Perímetro
menos sujeita a enchentes aquela que possuir
É o comprimento linear do contorno do limite menor fator de forma.
da bacia, expresso geralmente em km.
• Densidade de Drenagem
• Forma da Bacia
A densidade de drenagem, Dd, é a relação

Para a caracterização da forma de uma bacia entre o comprimento total dos cursos d'água de uma
são utilizados índices que buscam associá-la com bacia e a sua área total. Este índice fornece uma
formas geométricas conhecidas. O índice ou indicação da eficiência da drenagem, ou seja, da
coeficiente de compacidade, Kc, é a relação entre o maior ou menor velocidade com que a água deixa a
perímetro da bacia e a circunferência de um círculo bacia hidrográfica. Este índice não considera a
de área igual à da bacia, ou seja: capacidade de vazão dos cursos d’água que, no
caso de ser insuficiente, pode vir a provocar um
P efeito de represamento, reduzindo a eficiência de
K c = 0,28 , onde:
A drenagem.

P perímetro da bacia, em km.

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6-6

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LT bacia envoltória ao empreendimento, recomenda-se


Dd = , onde:
A a adoção da fórmula do Soil Conservation Service:

0 , 385
LT comprimento total dos cursos d'água da  L3 
bacia, em km; t c = 0,95 ⋅ 
H


  , onde:
A área de drenagem da bacia, em km2.

tc tempo de concentração, em horas;


Desde que outros fatores não interfiram, se
numa bacia houver um número grande de
H diferença entre cotas do ponto mais
tributários, tal que a densidade de drenagem seja
afastado e o considerado, em m;
superior a 3,5 km/km2, o deflúvio atingirá
rapidamente o curso d'água principal e haverá, L comprimento axial da bacia, ou
provavelmente, picos de enchentes altos e deflúvios comprimento total do curso d’água principal,
de estiagem baixos. Diz-se que essas bacias são em km.
bem drenadas. Quando este índice for da ordem de 6.3.2 CURVA-CHAVE
0,5 km/km2, a drenagem é considerada pobre.
A relação que existe entre a descarga medida
• Declividade do Rio e a leitura simultânea de régua é uma função que
envolve características geométricas e hidráulicas da
A velocidade de escoamento de um rio
seção de medições e do trecho do curso d’água
depende da declividade dos canais fluviais. Quanto
considerado. Desta forma, a curva-chave é uma
maior a declividade, maior será a velocidade de
representação gráfica desta relação, elaborada a
escoamento e mais pronunciados e estreitos serão
partir dos resultados das medições hidrométricas e
os hidrogramas das enchentes. Foi considerada
apoiada na análise dos parâmetros do escoamento.
para este Manual a declividade média, obtida
dividindo-se o desnível entre a nascente e a foz pela Aos pares de valores leitura e vazão, ajusta-se
extensão total do curso d'água principal. uma curva que deve ser monotonamente crescente,
sem singularidades e com concavidade voltada para
H
S= , onde: cima. Ela poderá ainda apresentar pontos de
L
inflexão no caso de ocorrer uma mudança de
controle ou uma mudança súbita na seção
S declividade média, em m/km; transversal.

H diferença entre cotas do ponto mais A equação que melhor expressa esta relação é
afastado e o considerado, em m; do tipo:

Q = a.( h − ho )
L comprimento axial da bacia, ou, b
, onde:
comprimento total do curso d’água principal,
em m.
3
• Tempo de Concentração Q vazão líquida, em m /s;

O tempo de concentração mede o tempo h leitura de régua correspondente à vazão Q,


necessário para que toda a bacia contribua para o em m;
escoamento superficial numa seção considerada, ou
ho leitura de régua correspondente à vazão
seja, é o tempo em que a gota que se precipita no
ponto mais distante da seção transversal Qo, nula, em m;
considerada de uma bacia, leva para atingir essa aeb constantes, determinadas para o local.
seção. Para o cálculo do tempo de concentração da
ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos
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Q =C ⋅ A ⋅ R⋅I

Q
= C I , onde:
A R
• Extrapolação da curva-chave
Q
A relação leitura x descarga deve ser definida fator geométrico;
A R
em todo o intervalo de variação das leituras de
régua. Dispõe-se, geralmente, de poucas medições C I fator de declividade.
em leituras altas, quando ocorrem as cheias. Como
esta é a faixa de interesse para o dimensionamento Nos limites da aplicação da fórmula de
das obras hidráulicas, a curva-chave deve ser Chézy, os dois termos da equação variam muito
extrapolada no seu ramo superior. O termo pouco, podendo ser considerados constantes. A
extrapolar significa complementar o traçado da função Q=f A R ( )
pode então ser
função Q(h) para os intervalos de leituras representada por uma reta que passa pela
observadas em que as descargas não foram origem. Essa reta, traçada a partir das medições
medidas. Para tanto, é necessário o conhecimento disponíveis, pode ser prolongada até o valor do
do comportamento dos parâmetros geométricos e fator geométrico correspondente à cota máxima
hidráulicos nesses intervalos de cotas. Os métodos observada.
de extrapolação mais simplificados são descritos a
seguir. Sugere-se a publicação do Ministério das
Minas e Energia MME/DNAEE, “Hidrologia - Curva-
Método logarítmico: método simples, Chave - Análise e Traçado - 1989”, como referência
aplicável em rios com seção transversal muito de consulta (ver ANEXO 7).
regular e com um único controle. As medições
devem ser plotadas em papel di-log, onde o Além disto, no Anexo 1, apresenta-se o manual
trecho a extrapolar se ajusta a partir da equação do programa GRAFCHAV, também disponível em
da reta: meio magnético. Este programa foi desenvolvido
pelo Laboratório de Hidrologia da COPPE/UFRJ
log Q = log( a ) + b ⋅ log( h − ho ) num convênio com a Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais - CPRM. A Diretoria de Hidrologia
No caso de se constatar graficamente um e Gestão Territorial da CPRM gentilmente cedeu
alinhamento dos pontos, o valor de ho é nulo. Se uma versão preliminar do programa.
o conjunto de pontos de medição apresentar uma
curvatura, procura-se determinar o valor de ho 6.3.3 SÉRIES DE VAZÕES MÉDIAS MENSAIS
que retifica a curva. Se a convexidade da curva
for orientada para as vazões, o valor de ho é Deverá ser estabelecida para o local do
positivo, em caso contrário ele será negativo. A aproveitamento uma série de vazões médias
determinação de ho é feita graficamente por mensais derivada de uma série histórica de um
tentativas sucessivas até se obter o melhor posto localizado no mesmo curso d’água ou na
alinhamento possível. mesma bacia, por correlação direta entre áreas de
drenagem, limitada à diferença entre áreas de 3 a 4
Método de Stevens: a aplicação é vezes. A equação de correlação é definida por:
adequada em rios largos, onde o raio hidráulico
pode ser considerado igual à profundidade média A1
Q1 = ⋅ Q2 , onde:
do escoamento. O método apresenta a fórmula A2
de Chézy separada nos fatores geométrico e de
declividade:

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


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A1 área de drenagem do local do vazões será gerada aplicando-se a curva-chave do


aproveitamento, em km2; local em estudo. Se a distância entre as réguas for
muito grande, alerta-se para o fato de que melhores
A2 área de drenagem do posto existente, em
km2; correlações poderão ser obtidas considerando-se os
tempos de concentração de cada uma das seções,
3
Q1 vazão do local do aproveitamento, em m /s; ou seja, a defasagem no tempo. A correlação entre
níveis d’água são equações do tipo:
3
Q2 vazão do posto existente, em m /s.
NA1 = a ⋅ NA2 + b , onde:
As séries históricas deverão possuir pelo
menos 25 anos de registro, compreendendo, se 1
possível, o período crítico do Sistema Interligado NA nível d’água no local de interesse, em m;
Brasileiro. Caso as séries existentes tenham
2
registros inferiores ao mínimo desejado, sugere-se a NA nível d’água no posto existente, em m;
adoção das séries de vazões médias mensais
disponíveis no Sistema de Informação do Potencial aeb constantes da reta.
Hidrelétrico Brasileiro - SIPOT da ELETROBRÁS
6.3.4 CURVAS DE DURAÇÃO/PERMANÊNCIA
(www.eletrobras.gov.br), que possui série de dados
a partir de 1931, para possíveis correlações e
A curva de permanência relaciona a vazão ou
extensão dos históricos.
nível d’água de um rio com a sua probabilidade de
ocorrerem valores iguais ou superiores. Ela pode ser
Recomenda-se, também, a verificação, junto à
estabelecida com base em valores diários, semanais
ANEEL (www.aneel.gov.br), da existência de séries
ou mensais para todo o período da série histórica
de descargas consistidas, além dos dados básicos
disponível, ou ainda, se necessário, para cada mês
como séries de cotas limnimétricas, medições de
do ano.
descargas, fichas de inspeção das estações
fluviométricas, para dúvidas, revisão e
Essas curvas permitirão a identificação de
aprofundamento dos estudos de consistência e
valores característicos de níveis ou vazões
homogeneização dos dados fluviométricos, iniciada
associados a diferentes probabilidades de
na fase de Avaliação Expedita (item 4.2).
permanência no tempo, importantes para estudos de
enchimento de reservatórios, operação da usina e,
Caso a diferença entre áreas seja superior a 4
em alguns casos, para o estudo do desvio do rio e
vezes, recomenda-se a elaboração de um estudo de
estudos energéticos, dentre outros.
regionalização, conforme descrito no final do item
6.3.5.
O procedimento para determinação da curva
de permanência deverá ser o empírico, que
Em algumas situações, poderá ser necessária
preconiza o estabelecimento de intervalos de classe
a geração de uma série histórica de vazões médias
de vazões ou níveis d’água. Esses intervalos podem
diárias, como, por exemplo: reservatórios com
ser definidos de acordo com a magnitude das
pequena regularização em nível diário, usinas
vazões ou níveis d’água, procurando ter uma
especializadas em operar em ponta, vazões de
quantidade razoável de valores que caiam em cada
restrição para operação, etc. Nesta situação,
intervalo. Para o cálculo da amplitude, sugere-se a
sugere-se que, a partir do posto hidrométrico
seguinte equação:
implantado no local, sejam efetuadas leituras de
réguas durante, pelo menos, um ciclo hidrológico, de
Qmax − Qmin
forma a permitir a correlação desses níveis com os d= , onde:
níveis d’água de postos existentes no mesmo curso
( Nc − 1)
d’água. A partir da correlação definida, pode-se
gerar uma série de níveis d’água diários; a série de
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3
d amplitude de cada intervalo, em m /s; Desta curva podem ser obtidos os valores de
permanência de vazões no tempo. Dentre estes,
destacam-se as seguintes vazões características:

3
max
Q vazão máxima da série, em m /s; Q(5%), Q(50%), Q(90%) e Q(95%).
3
min
Q vazão mínima da série, em m /s; • Regionalização da curva de permanência

Nc número de intervalos de classe, calculado No caso da impossibilidade da geração de


por: série de vazões para o local do aproveitamento,
Nc = 1 + 3,3 ⋅ ln ( n ) sejam diárias ou mensais, sugere-se a
regionalização dos valores característicos de
n número de dados da amostra; porcentagem do tempo, a partir de postos situados
no mesmo curso d’água ou em bacias circunvizinhas
ln logaritmo natural. hidrologicamente homogêneas, conforme
metodologia descrita ao final do item 6.3.5.
Definida a amplitude, a freqüência, f i , de
cada classe é obtida contando o número de vazões 6.3.5 ESTUDOS DE VAZÕES EXTREMAS
da série que caem no intervalo. Acumulando os
valores de f i no sentido da maior vazão para a Os estudos de vazões extremas devem ser
menor, obtêm-se os valores d i de permanência. A realizados conforme a disponibilidade de dados na
bacia e na região do aproveitamento. Desta forma,
probabilidade, Pi, em porcentagem, de uma vazão Q
existirão duas possibilidades de ocorrência: o local
ser igual ou maior que Qi é:
dispõe de uma série de vazões médias diárias ou o
di local não dispõe de dados diários. Na eventualidade
Pi = ⋅ 100 , onde: do aproveitamento se situar no segundo caso, os
Nv
eventos extremos poderão ser gerados a partir de:
regionalização através de valores extremos
Nv é o número total de valores, ou, ∑f i . calculados para bacias circunvizinhas ou utilização
de hidrograma sintético do Soil Conservation
Do resultado deste procedimento é elaborada
Service.
uma curva relacionando a vazão, em m3/s, com o
tempo, em %, conforme pode se observar na Figura 6.3.5.1 Aproveitamento Dispõe de Série de
6.3.1. Vazões Médias Diárias

A análise de freqüência de cheias tem como


objetivo estabelecer a relação entre os valores de
vazões máximas e os tempos de retorno ou de
DESCARGAS DIÁRIAS MÉDIAS (m3/s)

Qmédia
CURVA DE FREQUÊNCIA ACUMULADA
OU CURVA DE PERMANÊNCIA
recorrência a elas associados. Esta análise baseia-
Q50 se no exame probabilístico dos máximos registros
fluviométricos anuais. Desta forma, a cada ano está
Q95
associado um máximo anual resultando num
conjunto { y1, y2, ..., yn }, que pode ser interpretado
25 50
TEMPO (%)
75 95 100
como sendo uma amostra de variável aleatória Y,
Figura 6.3.1 - Curva de Permanência de Vazões no máxima vazão anual.
Tempo
Assim, o problema será o de determinar o valor
1
de xT tal que P[Y > xT] = , onde xT é a vazão
T
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correspondente a um período de retorno em anos x o e βsão os parâmetros da distribuição.


(T). Para tanto, é necessário ajustar uma distribuição
de probabilidades à amostra {y1, y2, ..., yn}, o que Gumbel:
permitirá a definição de xT, para qualquer T.
   1 
• Seleção da Distribuição de Probabilidades xT = µ − α ⋅  ln⋅  − ln⋅ 1 −    , onde:
   T 
Para a definição das cheias de projeto, serão
α = 0,78 ⋅ s
utilizadas duas distribuições: exponencial de dois
parâmetros (estimada pelo método dos momentos),
µ= x −0,577 ⋅α
sempre que a assimetria da amostra for superior a
1,5, e Gumbel (extremos do tipo I), para assimetrias α e µ são os parâmetros da distribuição.
amostrais inferiores a 1,5.
• Roteiro de Cálculo
• Estimação dos Quantis
De posse da série de vazões médias diárias,
Seja X uma variável aleatória da qual se tem n
seleciona-se o maior valor ocorrido anualmente. Da
observações. Define-se:
série estabelecida de máximos anuais calcula-se a
média, o desvio-padrão e assimetria. Da análise do
1 n
x= ⋅ ∑ xi valor da assimetria escolhe-se a distribuição,
n i =1 Gumbel ou Exponencial, e definem-se as vazões de
projeto.
0,5
 1
( 2
)
n
s= ⋅ ∑ xi − x  O Anexo 1 apresenta o manual do programa
 n − 1 i =1  QMáximas, acompanhado de um exemplo numérico,
desenvolvido em ambiente Windows e também
 n 
 ∑( x i − x) 3  disponível em meio magnético.
n
g= ⋅  i =1 
( n −1) ⋅ ( n − 2 )  s3 
6.3.5.2 Aproveitamento Não Dispõe de Série de
 
  Vazões Médias Diárias

como estimadores da média, desvio-padrão e • Regionalização dos Valores Extremos


assimetria, respectivamente.
Em virtude da escassez de dados no
O quantil de projeto xT, para as duas local/bacia de interesse, por vezes, opta-se por
distribuições, associado ao período de retorno T, e adotar uma curva regional que abranja os valores
portanto com a probabilidade (p) de não ser extremos, ou outros de interesse, tais como vazões
1
excedido de P ( Y ≤ xT ) = 1 − P ( Y > xT ) = 1 −
médias, Q(95%), Q(50%), etc., calculados em bacias
T circunvizinhas ou em postos situados na mesma
é calculado através das seguintes equações: bacia, e transferir, a partir dessa curva, os valores de
vazões extremas ou de interesse para o local em
exponencial de dois parâmetros: estudo.

1 A partir de valores estimados de vazões para


xT = x o − β ⋅ ln⋅   , onde:
T  locais onde existam dados, determinam-se as curvas
de regressão dessas variáveis, relacionadas com as
xo = x − s respectivas áreas de drenagem. As curvas
encontradas são definidas por expressão do tipo:
β= s

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q t = a ⋅ ( A) , onde:
b
hidrograma corresponda ao deflúvio (volume
escoado superficialmente) da bacia.

aeb coeficientes;

qt vazão específica, em l/s.km ;


2

t vazão para o tempo de recorrência (T) ou


de interesse, tais como vazões médias,
Q(95%), Q(50%), etc.;

A área de drenagem de cada local/posto, em


km2.

A análise da qualidade do ajuste da correlação


calculada se dará pela avaliação do coeficiente de
determinação, r2. Este coeficiente indica o grau de
ajuste entre a variável dependente, vazão, com a
independente, área de drenagem. Quanto mais A Figura 6.3.2, a seguir, apresenta a forma do
próximo for o valor de r2 da unidade, melhor será o hidrograma unitário triangular (HUT), bem como os
grau de ajustamento dos pontos à curva definida. parâmetros que o caracterizam.
Figura 6.3.2 - Hidrograma Unitário Triangular
Para consulta, sugere-se a publicação da
ELETROBRÁS - “Metodologia para Regionalização tp = 0,6 ⋅ tc
de Vazões - 1985”.
D
No Anexo 1 apresenta-se o programa
ta = + tp
2
REGIONALIZAÇÃO, desenvolvido em ambiente
Windows e também disponível em meio magnético, t b = 2,67 ⋅ t a
com exemplo de aplicação prática.
A
• Hidrograma Sintético Triangular qp = 0,0208 ⋅
ta
Caso o aproveitamento esteja inserido em uma
1 1
bacia que não dispõe de dados ou que os mesmos tc ≤ D ≤ tc , onde:
sejam escassos e exista dificuldade em se 5 3
conseguirem dados de bacias circunvizinhas, os
eventos extremos podem ser calculados a partir da tc tempo de concentração da bacia, em horas;
aplicação de um hidrograma sintético.
tp tempo de retardamento da bacia ou tempo
decorrido entre o centro de gravidade da
Hidrograma é o gráfico que relaciona a vazão
chuva até o pico do HUT, em horas;
com o tempo, ou seja, a partir de um volume de
água precipitado (chuva) pode-se conhecer o
ta tempo de ascensão do HUT, em horas;
volume de água escoado superficialmente (vazão)
no tempo. tb tempo de base ou duração do HUT, em
horas;
O Soil Conservation Service, do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos, apresentou uma qp vazão máxima ou pico do HUT, em
formulação que define um hidrograma sintético, de m3/s.mm;
forma triangular, com inclinação tal que a área do
D duração da chuva unitária, em horas;
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2
A área da bacia, em km . Para a construção do hidrograma, falta definir a
precipitação efetiva, que representa a parcela da
Como na maioria dos casos a chuva é definida
chuva que gera o escoamento superficial. A
em um local ou posto, deve-se distribuí-la
precipitação efetiva, Pe, é função da chuva
uniformemente por toda a bacia. Para o seu cálculo,
distribuída e do valor de S e é definida pela seguinte
sugere-se a adoção das equações de chuvas
equação:
intensas definidas pelo Engo Otto Pfafstetter em seu
livro “Chuvas Intensas no Brasil”. A transformação
Pe =
( P − 0,2 ⋅ S ) 2 → para P > 0,2.S
da chuva pontual em distribuída é possível através
P + 0,8 ⋅ S
da aplicação da seguinte expressão:
Pe = 0,0 →para P < 0,2.S
 A
P = Po ⋅ 1 − W ⋅ log  onde:
 Ao  No Anexo 1 apresenta-se o programa HUT,
desenvolvido em ambiente Windows e também
P chuva distribuída, em mm; disponível em meio magnético, com exemplo de
aplicação prática.
Po chuva pontual, em mm;
6.3.6 RISCO
A área da bacia em estudo, em km2;
Uma vez definidas as vazões de cheias
Ao área da bacia, em km2, para a qual se tem
associadas a diversos tempos de recorrência (T),
P = Po;
deverão ser avaliados os riscos a serem adotados
W fator de correlação. nos projetos das obras de desvio e do vertedouro da
PCH. Os riscos podem ser calculados por:
De modo geral, Ao = 25 km2 e W, segundo
n
Taborga, para o Brasil é igual a 0,10. Efetuando-se  1
r = 1 − 1 −  , onde:
as devidas substituições, a equação pode ser assim  T
reescrita:
r probabilidade ou risco de ocorrência, pelo
 A menos uma vez, da cheia adotada;
P = Po ⋅ 1 − 0,10 ⋅ log 
 25 
T tempo de recorrência, em anos;

Definida a chuva distribuída, é necessária a n tempo de duração da obra, em anos.


caracterização da capacidade de infiltração do solo,
da cobertura vegetal e do tipo de ocupação da bacia As Tabelas 6.3.1 e 6.3.2, a seguir, apresentam
onde se insere o aproveitamento em estudo. Este os valores recomendados a serem adotados para
parâmetro é definido por: tempos de recorrência e riscos.

 1000 
S = 25,4 ⋅  − 10  , onde:
 CN 

S retenção potencial do solo, em mm;

CN complexo solo-vegetação, ou “curve


number”, função do tipo de ocupação da
bacia, cujos valores são tabelados.

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6 - 13

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

Tabela 6.3.1 – Desvio do Rio durante a Construção

Tempo de Recorrência Duração da Obra Risco Caso


(T – anos) ( n – anos) (r - %)
10 1 10 Geral
20 2 10 Geral
25 1 4 Perigo de danos sérios a jusante
50 2 4 Perigo de danos sérios a jusante

Tabela 6.3.2 – Projeto das Estruturas EXTRAVASORAS

Tempo de recorrência Vida Útil da Usina Risco Caso


(T – anos) ( n – anos) (r - %)
500 50 9,5 Geral
1.000 50 4,9 Perigo de sérios danos materiais a jusante
10.000 50 0,5 Perigo de danos humanos a jusante.

Em geral, recomenda-se a adoção do tempo No Anexo 1 apresenta-se o programa para


de recorrência de 500 anos para o caso de cálculo das vazões mínimas Q7,10 desenvolvido em
estruturas galgáveis, ou seja, de concreto. Para ambiente Windows e disponível em meio magnético.
outras situações, como por exemplo barragem de Este programa foi desenvolvido pela Divisão de
terra, admite-se um tempo de recorrência maior, ou Hidrologia da Diretoria de Hidrologia e Gestão
seja, de 1.000 anos, no mínimo. Territorial da Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais - CPRM, que gentilmente cedeu uma
6.3.7 VAZÕES MÍNIMAS primeira versão do programa.

A vazão mínima a jusante deve ser definida a Além disto, recomenda-se como bibliografia a
partir de estudos ambientais, principalmente nas publicação “Quantificação de Vazão em Pequenas
PCHs que adotem arranjos do tipo derivação, ou Bacias com Carência de Dados Fluviométricos” de
seja, com desvios das vazões naturais através de Geraldo Lopes da Silveira, tese de doutorado,
canal, túnel ou conduto para uma Casa de Força a IPH/UFRS, 1997.
jusante do local do barramento, reduzindo
substancialmente o afluxo de água no trecho de rio 6.3.8 AVALIAÇÃO SEDIMENTOLÓGICA
compreendido entre essas duas estruturas.
Em PCH, os reservatórios têm, de modo geral,
Como balizamento, poderá ser adotado o pouco volume e, conseqüentemente, pequena
menor valor entre 50% da vazão de 95% de capacidade de regularização.
permanência no tempo e 80% da vazão de
abastecimento, Q7,10, que representa a menor média A construção de um barramento sempre altera
em sete dias consecutivos com recorrência de 10 o equilíbrio hidráulico-sedimentológico de um curso
anos. Seu valor definitivo deverá ser definido com os d’água, devido à desaceleração da corrente líquida
órgãos ambientais envolvidos, a partir de critérios ocasionada pela presença do reservatório, dando
estabelecidos caso a caso. início a um processo de assoreamento. Desta forma,
os aspectos sedimentológicos se revestem de

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6 - 14

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

grande importância, uma vez que este processo se Q vazão líquida, em m3/s.
inicia nas suas bordas reduzindo o já pequeno
volume d’água existente. Essa equação permitirá obter uma série de
valores de descarga sólida a partir da série de
É de primordial importância a consideração da vazões líquidas obtidas no estudo hidrológico. O
descarga sólida do leito nos pequenos reservatórios, valor médio anual, Q ST , corresponde ao valor a
uma vez que a maior parte da descarga em ser adotado para avaliação do assoreamento. O
suspensão sai pelas estruturas extravasoras e/ou deflúvio sólido anual, D ST , é obtido multiplicando-
circuito hidráulico de geração, permanecendo no se Q ST pelo número de dias do ano, ou seja:
lago o sedimento grosso, de maior granulometria,
como areia. DST = Q ST ⋅ 365

• Análise dos dados sedimentométricos


Outras formas de cálculo devem ser verificadas
na bibliografia especializada disponível, indicada no
Os dados coletados e os resultados das
final deste item.
medições de descarga sólida realizadas no local do
aproveitamento deverão ser objeto de uma criteriosa
Esta análise deverá permitir a estimativa do
análise, a fim de que seja possível a caracterização
aporte anual de sólidos, em t/ano, ao local em
do comportamento hidráulico e sedimentológico do
estudo. Quando esta estimativa indicar valores
curso d’água.
excessivos, quando comparados com o volume total
do reservatório, deverão ser previstos estudos de:
Os dados sedimentométricos, normalmente
medidos no país, se referem à descarga em
suspensão, em t/dia, não sendo suficientemente - vida útil do reservatório;
adequados para a avaliação do assoreamento de
pequenos reservatórios. Assim, é necessária a - avaliação da sobrelevação do nível d’água
determinação da descarga de fundo ou do material provocada pela deposição de sedimentos, delta,
do leito para ser somada à descarga em suspensão no local de transição do regime fluvial para de
e obter-se a descarga sólida total. reservatório; e,

Numa avaliação preliminar, no caso da - controle da produção de sedimentos pela bacia de


inexistência de dados, pode-se estimar a descarga drenagem ao local do aproveitamento.
sólida de fundo como sendo de 10 a 20% do valor
• Estudo de vida útil do reservatório
da descarga sólida total.

A partir da caracterização do transporte sólido,


Os diversos valores da descarga sólida total
deverão ser desenvolvidos estudos para avaliação
deverão ser plotados em papel di-log, o que também
da deposição de sedimentos no reservatório e da
pode ser feito em planilha EXCEL. Deverá se
sua vida útil.
buscar, sempre que possível, o ajuste de duas
curvas, sendo uma para a faixa de estiagem e outra
Para cursos d’água com significativa produção
para períodos de cheias. A equação que melhor
de sedimentos ou, no caso de pequenos
representa este ajuste é do tipo:
reservatórios, será necessário verificar o tempo de
assoreamento até a soleira da tomada d’água, bem
Q ST = a ⋅ Q n , onde:
como a evolução do depósito no volume útil, quando
houver, através da distribuição de sedimentos.
Q ST
descarga sólida total, em t/dia;
O volume de assoreamento em um ano pode
aen constantes; ser calculado pela seguinte expressão:

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6 - 15

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

D ST ⋅ E r A curva apresentada na Figura 6.3.3 utiliza-se


S= , onde:
γ ap pelo cálculo do Índice de Sedimentação, IS, pela
seguinte expressão:
S volume de sedimentos, em m3/ano;
Período .de.retenção V2
IS = = T2
D ST deflúvio sólido médio, em t/ano; Velocidade .média .no .reservatór io Q L
, onde:
Er eficiência de retenção, adimensional;

γap IS índice de sedimentação;


peso específico aparente, em t/m3.
VT 3
volume total do reservatório, em m ;
A eficiência de retenção pode ser obtida da
curva de Brune para reservatórios de médio e 3
Q vazão média afluente, em m /s;
grande portes, estando disponível nos manuais de
inventário, viabilidade e projeto básico da Eletrobrás. L comprimento do reservatório, em m.

Para pequeno reservatório utiliza-se a curva de Entrando na curva de Churchill com o valor
Churchill, Figura 6.3.3, que fornece a eficiência de numérico acima, tem-se a % de sedimento que sai
saída de sedimento do reservatório. Na bibliografia do reservatório. Por diferença de 100% obtêm-se a
consultada existem duas versões da curva, o que eficiência de retenção que deve ser expressa em
necessita cuidados. A presente curva foi obtida de fração.
Morris/Fan (1997), Strand (1974) e Vanoni (1977).
As curvas apresentadas por ICOLD (1989) e O peso específico aparente do sedimento
Annandale (1987) têm dados de entrada diferentes, depositado pode ser calculado de acordo com a
bem como as coordenadas. orientação da bibliografia no Anexo 7 ou arbitrado
entre 1,1 a 1,5 t/m3, p a ra depósitos argiloso-siltosos
a arenosos.

Figura 6.3.3 - Retenção de sedimentos no reservatório de acordo com Churchill (Vanoni, 1977)

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6 - 16

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

O valor de D ST deverá ser multiplicado por sedimentos. Esse controle abrange desde o
dois, caso se espere um aumento do transporte de planejamento do plantio de vegetação ciliar para
sedimentos com o tempo, ou seja, se os solos da proteção das margens do reservatório e contenção
bacia estiverem sujeitos à agricultura ou a outras do transporte lateral de sedimentos pelas
ações antrópicas. Caso se disponha de dados enxurradas, até projetos especiais de obras de
sedimentométricos de cinco anos ou mais, deve-se engenharia, visando a proteção dos equipamentos
procurar ver a taxa de aumento de transporte de contra abrasão, tais como desarenador e/ou outros
sedimentos no curso d’água através de curvas de dispositivos. Poderá ser também necessária a
massa (consultar Carvalho, 1994). previsão de custos de operação adicionais para
dragagem de material depositado junto à tomada
Para o cálculo do tempo de assoreamento, ou d’água. Previsão para programas de controle de
vida útil do reservatório, utiliza-se a seguinte erosão na bacia contribuinte é também desejável.
expressão:
As pequenas barragens devem dispor de
V descarregador de fundo posicionado próximo à
T = T , onde:
S tomada d’água. Desta forma, mesmo com o
assoreamento do reservatório preservar-se-á a
tomada d’água, operando-se adequadamente o
T tempo de assoreamento, em anos; descarregador, principalmente em épocas chuvosas.

VT volume total do reservatório, em m ;


3
Se a usina tiver túnel ou canal de adução até a
3
casa de força é necessário ter um desarenador
S volume total de sedimentos, em m /ano. adequadamente posicionado para eliminação das
areias que poderiam obstruir parcialmente o canal
É recomendável que a vida útil do reservatório
ou afetar as turbinas, máquinas e estruturas,
seja pelo menos igual à vida útil do
provocando abrasão.
empreendimento. Caso o valor seja inferior deverão
ser adotadas medidas preventivas de controle de
Sugere-se para consulta o livro
sedimentos ou alterações no arranjo geral do
“Hidrossedimentologia Prática - 1994”, de Newton de
barramento.
Oliveira Carvalho.

• Sobrelevação do nível d’água por formação


6.4 AMBIENTAIS
de delta
Os estudos ambientais são detalhadamente
Para o cálculo da sobrelevação do nível d’água,
apresentados no Capítulo 8 destas Diretrizes e
deverão ser seguidos os procedimentos clássicos
abrangem, basicamente:
para determinação da linha de remanso, referência
“Design of Small Dams” - Bureau of Reclamation, - Introdução, caracterizando os tipos de estudos que
para diversos tempos de recorrência, conforme os devem ser realizados;
riscos de inundação para montante que se pretenda
avaliar. - Estudos Preliminares, com levantamentos e
aná-lises a partir das quais se pode decidir pela
O controle do aumento do delta, no extremo continuação ou não do projeto;
montante do reservatório, deverá ser feito através de
dragagens. - Levantamentos e Estudos, em nível de
relatórios simplificados ou em nível de EIA
• Controle de sedimentos (Estudo de Impacto Ambiental), a critério do
Normalmente, a formação do reservatório órgão ambiental licenciador, conforme
exige um estudo adequado do controle de Resolução CONAMA 237/97;
ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos
6 - 17

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

- Custos Ambientais; • Locais sem Queda Natural Localizada

- Legislação Aplicável incluindo o Processo de Nesses locais, onde o desnível é criado pela
Licenciamento; própria barragem, tem-se, normalmente, um arranjo
compacto com as estruturas alinhadas e com a casa
Os dados sobre a geologia, hidrologia,
de força localizada no pé da barragem.
sedimentologia, bem como sobre o arranjo geral das
obras, devem ser repassados à equipe de meio A adução é feita através de uma estrutura de
ambiente para utilização nos estudos. tomada d’água, convencional, incorporada ao
barramento e à casa de força.
6.5 ARRANJO E TIPO DAS ESTRUTURAS
ALTERNATIVAS
Outras alternativas de arranjo geral que
pareçam atrativas como, por exemplo, aquelas nas
O arranjo das estruturas, em qualquer
quais a estrutura da tomada d’água, os condutos
aproveitamento hidrelétrico, é condicionado,
forçados e a casa de força ficam longe do
basicamente, pelos aspectos topográficos,
barramento, num ponto qualquer do reservatório, em
geológicos e geotécnicos do sítio. Além desses,
função de aspectos geomorfológicos da bacia (rio
destaca-se que as características ambientais do
com meandros) - o que não é raro, devem também
local são também importantes na definição do
ser estudadas.
arranjo geral do aproveitamento.

Os impactos ambientais (ver Capítulo 8) devem


Em função desses aspectos, tem-se,
ser mínimos, para não inviabilizar o
basicamente, dois tipos de arranjo, os quais são
empreendimento. Especial atenção deve ser
descritos a seguir.
dedicada aos seguintes pontos:

• Locais com Queda Natural Localizada


• a área de inundação, em qualquer alternativa,
deverá, em princípio, ser menor que 3 km2
Nesses locais, o arranjo, quase sempre,
(Resolução 395 da ANEEL de 04/12/98) ;
contempla um barramento, a montante da queda,
contendo vertedouro e tomada d’água. A casa de
• os impactos relativos à fauna e à flora, locais e
força fica, normalmente, posicionada longe do
regionais, devem ser criteriosamente avaliados;
barramento.
• a vazão residual (ou sanitária) mínima a ser
O circuito hidráulico de adução, em uma das
liberada para jusante, da mesma forma, deve ser
ombreiras, é composto por dois trechos, sendo um
cuidadosamente avaliada, em função da
de baixa pressão e outro de alta pressão. O trecho
legislação e das características de cada
de baixa pressão, em função dos aspectos
aproveitamento. Este aspecto é particularmente
topográficos e geológico-geotécnicos locais, é
importante no caso dos aproveitamentos de
constituído por canal ou conduto. O trecho de alta
derivação, nos quais os arranjos prevêem a casa
pressão é constituído por conduto(s) forçado(s).
de força a jusante do barramento.

Entre esses dois trechos prevê-se, em função


A experiência na elaboração de estudos dessa
do desnível, do tipo e comprimento da adução, uma
natureza, com a qualidade requerida pelo Setor
câmara de carga e/ou chaminé de equilíbrio. A
Elétrico, demonstra que duas ou três alternativas, no
jusante do(s) conduto(s) forçado(s) posicionam-se a
máximo, são suficientes para a completa definição
casa de força e o canal de fuga.
do arranjo geral final do aproveitamento. Após a
definição das alternativas de arranjo geral, deve-se
definir o tipo das estruturas componentes.

ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos


6 - 18

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• Tipo de Barragem sítio e de cada arranjo e, ainda, das características


dos equipamentos eletromecânicos.
O tipo de barragem, de terra, enrocamento ou
de concreto, da mesma forma, varia em função dos • Outras Estruturas
aspectos topográficos, geológicos e geotécnicos.
Deverão ser definidos ainda, para cada arranjo
Por exemplo, nos vales muito encaixados, em alternativo, a localização da subestação, das áreas
“V”, devem ser utilizadas barragens de concreto. Em de empréstimo, do canteiro de obras e
planícies amplas, com relevo suavemente ondulado, acampamento, áreas de bota-fora, se for o caso, e
são utilizadas barragens de terra, mistas ou de os acessos à obra definitivos/existentes.
enrocamento, em função da disponibilidade de
materiais de construção e das condições de Nessa fase, as estruturas deverão ser apenas
fundação em cada local. pré-dimensionadas para efeito da realização dos
estudos de alternativas. O dimensionamento mais
Nos locais onde o capeamento de solo é espesso, preciso deverá ser realizado após a seleção da
as barragens são de terra, normalmente com seção alternativa final a ser detalhada (Capítulo 7).
homogênea. Se o capeamento é pouco espesso,
pode-se utilizar uma barragem com seção mista ou Os estudos de alternativas deverão ser
de enrocamento, em função do balanceamento de registrados em desenhos simplificados, contendo
materiais - disponibilidade de rocha, seja das plantas e cortes típicos, plantas de situação e de
escavações obrigatórias ou de pedreiras. interferências, suficientes para a plena compreensão
dos estudos e para o levantamento de quantidades.
• Tipo de Vertedouro/Dissipação de Energia
As estimativas de custos serão elaboradas,
O vertedouro é, normalmente, um perfil tipo com base nos quantitativos levantados, de acordo
“Creager”, sem controle de comportas, incorporado com os critérios definidos no item a seguir.
ao barramento. A dissipação da energia do
6.6 CUSTOS
escoamento vertente é feita, normalmente, sobre o
perfil e sobre o maciço rochoso do fundo do rio, a
A metodologia e os critérios para as
jusante da estrutura, como detalhado mais adiante
estimativas de custos, de acordo com os
no item 7.1.2.
procedimentos recomendados do Setor Elétrico,
estão apresentados, em detalhes, no item 7.6.
• Tipo de Circuito de Adução: tomada d’água,
canal ou tubulação de baixa pressão, condutos Cabe registrar que os custos unitários dos
forçados ou túnel. principais serviços das obras civis deverão ser
levantados ou compostos em função da realidade
O circuito de adução típico das PCHs varia, em
local e das particularidades de cada aproveitamento.
cada caso, também em função dos aspectos
Os custos dos equipamentos deverão ser
topográficos, geológicos e geotécnicos do local.
pesquisados, no mercado, através de consultas aos
Sempre que possível, a solução em canal é a mais
fabricantes.
econômica. A necessidade de chaminé será
apresentada em detalhes no item 7.1.7. Todas as planilhas deverão ser elaboradas de
acordo com o modelo do Orçamento Padrão da
• Tipo de Casa de Força ELETROBRÁS (OPE), apresentado no Anexo 3
destas Diretrizes e disponibilizadas na forma de
O tipo de casa de força, sempre externa, planilha eletrônica na versão em CDRom.
abrigada (“indoor”) ou desabrigada (“outdoor”), será
definido em função das particularidades de cada

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6 - 19

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6.7 ESTUDOS ECONÔMICO-ENERGÉTICOS regras de operação, ou seja, o despacho dessas


usinas é centralizado - operação otimizada. Em
6.7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
contrapartida, o ONS garante, ao empreendedor do
Os estudos de dimensionamento econômico- projeto, uma Energia Assegurada durante todo o seu
energético de uma PCH são desenvolvidos durante período de concessão, energia essa definida por
a fase de Projeto Básico, quando são avaliadas sua ocasião do Edital de Licitação da outorga da
factibilidade e atratividade para os possíveis Concessão.
investidores deste tipo de empreendimento,
Usinas de potência menor ou igual a 30 MW,
contemplando, inclusive, uma avaliação expedita de
como as PCHs, são consideradas Usinas Não
sua viabilidade, de acordo com a legislação vigente.
Integradas, mesmo que estejam eletricamente
Em fase antecedente a essa, se desenvolvem conectadas ao Sistema Interligado. Estas usinas,
Estudos de Inventário Hidrelétrico da bacia portanto, não estão sujeitas às regras de operação
hidrográfica, cujo objetivo principal é o de avaliar o do ONS . Em contrapartida, a menos que o
potencial energético dela e a sua economicidade, a empreendedor faça um acordo operativo com o
fim de fornecer subsídios à tomada de decisão de Distribuidor/Comercializador local, não fica
possíveis investidores para o aprofundamento dos assegurada ao empreendedor nenhuma geração
estudos em uma determinada sub-bacia. Para complementar à efetivamente gerada no
trechos de rio ou sub-bacias que apresentem empreendimento, ou seja, em períodos
apenas possibilidades de aproveitamento de seus hidrologicamente desfavoráveis estas usinas não
potenciais hidrenergéticos através de PCHs, os teriam a possibilidade de usufruir do benefício da
Estudos de Inventário poderão ser feitos de forma interligação elétrica com o Sistema - a operação
simplificada, segundo a Resolução ANEEL no 393, otimizada, para garantir o atendimento a um
de 04/12/98. mercado que, nestas situações hidrológicas
desfavoráveis, poderá ser superior à geração efetiva
Desta forma, estas Diretrizes abordarão o da usina.
dimensionamento econômico-energético da PCH
indicada em estudos anteriores de inventário ou nos Em outras palavras, a operação otimizada do
estudos apresentados à ANEEL, quando do pedido Sistema Interligado garante, teoricamente um maior
de registro dos estudos para projeto básico da PCH. aproveitamento do potencial hidrelétrico local, pois
Será definida a melhor alternativa de localização do existem diversidades hidrológicas entre as diversas
eixo da barragem, o dimensionamento energético e bacias hidrográficas que compõem o Sistema
o arranjo físico, objetivando a otimização do Interligado. Neste caso, o dimensionamento ótimo
aproveitamento energético do potencial local. do aproveitamento deve ter por base os benefícios
incrementais de energia firme de correntes da sua
Este tipo de empreendimento pode ser dividido entrada em operação, sendo esses benefícios de
em dois grupos: o que operará integrado ao Sistema enrgia firme calculados para o período crítico do
Interligado brasileiro e o que atenderá a um mercado Sistema Interligado.
isolado. Quando a PCH for um empreendimento que
operará de forma interligada, sugere-se que seja Portanto, Usinas Não integradas, porém
seguida, para o dimensionamento e a avaliação da Interligadas, poderão ser dimensionadas como se
viabilidade técnico-econômica, a metodologia fossem usinas elétricamente isoladas - ótimo
definida na publicação “Instruções para Estudos de isolado, a menos que o empreendedor consiga
Viabilidade de Aproveitamentos Hidrelétricos” - negociar um acordo operativo com o
ELETROBRÁS / DNAEE - abril de 1997. Distribuidor/Comercializador local para, de alguma
forma, se beneficiar da operação otimizada, o que
As usinas integradas, a critério do Operador lhe garantiria o suprimento adicional ao efetivamente
Nacional do Sistema - ONS estão sujeitas às suas gerado em situações hidrologicamente

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6 - 20

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

desfavoráveis no local do empreendimento ou, de • Energia Firme


outra forma, admitir que a diferença entre a energia
firme da usina, calculada como se fosse uma Usina A) Para Bacias Isoladas - a energia firme (ou
Integrada, e o efetivamente gerado, seria contratado melhor, a energia comercializável com garantia
no mercado SPOT a preços a serm cenarizados nos de atendimento a um determinado mercado)
estudos econômico-energéticos. poderá ser aquela garantida por 95% do tempo
em simulação da operação da usina com o
Para aquelas que operarão de forma isolada histórico de vazões definido para o local.
sugere-se a metodologia descrita a seguir:
B) Para Bacia Isolada com Complementação
Térmica - neste caso, em sendo a energia da
6.7.2 DIMENSIONAMENTO ENERGÉTICO E
PCH totalmente utilizada para deslocamento da
ECONÔMICO SOB A ÓTICA ISOLADA
energia térmica já existente, a energia firme
As PCHs que operarão de forma isolada do comercializável poderá ser a média da energia
Sistema Elétrico Interligado brasileiro podem ser produzida pela PCH em simulação com todo o
subdivididas em três grupos: histórico das vazões existentes.

A) Bacia Isolada C) Para Sistemas Isolados - é definida pela sua


contribuição para a energia firme do Sistema, ou
Define-se como Bacia Isolada a bacia seja, é o valor médio de energia que a usina é
hidrográfica onde se insere a PCH para atender a capaz de gerar ao longo do período crítico do
um mercado isolado. Sistema, ao qual ela está inserida. Como está
se tratando de Sistemas Isolados, muitas vezes
B) Bacia Isolada com Complementação Térmica
o período crítico a que se refere esta definição
deverá ser o da própria bacia, de forma
Define-se como sendo Bacia Isolada com
individualizada.
Complementação Térmica o mesmo caso anterior,
porém existindo, também para atendimento ao
Nessa situação, estar-se-ia garantindo o
mercado local isolado, usinas termelétricas.
atendimento ao mercado com risco de falha de
5%, ou seja, o mercado atendido estaria sendo
C) Sistemas Isolados
abastecido, pela Energia (Comercializável)
Define-se como Sistema Isolado um sistema produzida pela PCH, com garantia de
composto por usinas hidrelétricas e termelétricas, atendimento de 95%.
operando em conjunto, porém isolados do Sistema
Energia Secundária - nos casos de Bacias
Interligado brasileiro.
Isoladas e Sistemas Isolados representa o
O dimensionamento econômico-energético de excesso de geração de energia, em relação à
uma PCH passa pela identificação e quantificação energia firme/comercializável, disponível nos
dos benefícios energéticos, valorização desses anos de hidrologia favorável, permitindo a
benefícios e comparação com alternativas operação em complementação do parque
equivalentes disponíveis. termelétrico do sistema local, se for o caso, com
conseqüente redução dos gastos com
A obtenção dos benefícios energéticos é combustível nas termelétricas.
realizada através da simulação da operação da
usina, com o histórico de vazões definido para o • Capacidade de Ponta Garantida - representa a
local do aproveitamento. No sistema brasileiro, são capacidade máxima de geração de potência do
três os benefícios energéticos considerados em um aproveitamento. Normalmente, utiliza-se a
aproveitamento hidrelétrico. capacidade de ponta garantida em 95% do

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6 - 21

Eletrobrás DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PCH

tempo para a simulação da usina com o histórico nos estudos de dimensionamento sob o ponto de vista
de vazões disponível. do ótimo, utiliza-se o conceito de vida útil econômica (50
anos para as usinas hidrelétricas), que é superior ao
• Parâmetros econômicos período mínimo de concessão proposto pela Lei
9074/95 para as concessões outorgadas por licitação
A partir da avaliação dos benefícios pública, que é de 35 anos renováveis, incluindo estudos,
energéticos, é necessário convertê-los em valores construção e operação.
econômicos, para que se possa aplicar a
metodologia de análise do custo/benefício • Taxa de desconto
incremental.
Pode-se demonstrar que a taxa de desconto
Assim sendo, os parâmetros econômicos deverá coincidir com o custo de oportunidade do capital
necessários, no decorrer das análises, são: na situação de um mercado de capitais em equilíbrio.
Em situações reais, no entanto, as condições de
• Custo de Referência da Energia - CRE (US$/MWh); concorrência perfeita não existem e a determinação da
• Custo de Referência da Ponta - CRP taxa de desconto a ser utilizada no Setor tem se
(US$/MW/ano); constituído em matéria bastante controvertida.

• Custo de Referência da Energia Secundária - CRES A influência da taxa de desconto é tão importante
(US$/MWh); que pode condicionar totalmente o processo decisório,
• Vida Útil do Aproveitamento (anos); direcionando a política de expansão do sistema de um
extremo ao outro, em função do valor adotado, ou seja,
• Taxa de desconto (%).
projetos de longa maturação, como as hidrelétricas,
No enfoque atual de dimensionamento, os tendem a ser penalizados com taxas altas que, ao
custos de referência representam os custos contrário, acabam por beneficiar projetos termelétricos,
marginais de substituição dos benefícios advindos cuja maturação é mais rápida.
com a implementação de uma nova fonte de
geração, ou seja, representam os parâmetros de No caso do Setor Elétrico brasileiro, o valor de
valorização econômica dos benefícios energéticos referência tradicional, que vinha sendo utilizado, era
avaliados ao longo da vida útil do projeto em análise. de 10% ao ano. No que tange ao dimensionamento
ótimo, o mais adequado, ao se compararem custos e
Para os Sistemas Isolados, os benefícios benefícios decorrentes de variações incrementais
advindos do projeto serão valorizados pelo custo da em determinados parâmetros, é a realização de
geração térmica substituída ou pelo custo da análises de sensibilidade das alternativas para
interligação desse Sistema ao Sistema Interligado variações no valor da taxa de desconto, aferindo-se
brasileiro. as soluções face às possíveis alterações
conjunturais que possam pressionar bastante o
No caso de Sistemas Hidrotérmicos com Bacias custo de oportunidade para captação de recursos.
Isoladas, o ganho de energia secundária pode ser Entretanto, caso não seja possível realizar esta
valorizado através do custo médio de geração térmica análise, recomenda-se adotar uma taxa de 12% ao
(US$/MWh) ou através do custo de geração de cada ano.
fonte térmica cuja variação de geração esperada possa
ser identificada nos resultados das simulações com e 6.7.3 DIMENSIONAMENTO DOS PARÂMETROS
sem o projeto em pauta. FÍSICO-OPERATIVOS DO PROJETO

• Vida útil do aproveitamento No projeto de uma PCH, o principal problema


consiste na otimização, sob o ponto de vista técnico
Na análise econômica dos aproveitamentos, no e econômico, dos principais parâmetros de
âmbito do planejamento da expansão do Setor Elétrico e dimensionamento energético, para cada alternativa a
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ser estudada, levando em consideração as mencionados, supondo que os demais já tenham


restrições ambientais e de custos. A elaboração sido resolvidos.
destes estudos exige o conhecimento de
informações, dentre as quais pode-se citar: • Determinação do nível d'água máximo
normal de operação do reservatório - Namáx.
- curva cota x área x volume do reservatório;
Esta decisão afeta a capacidade total de
armazenamento e, portanto, o nível de regularização
- curva da cota do canal de fuga x descarga (curva-
do rio. Está ligada a um aspecto físico do projeto, já
chave);
que, uma vez realizada a obra, não pode ser mais
- série h is t ó r i c a d e v az õ es no l oc a l do alterado. Desta maneira, sua definição deve garantir
aproveitamento; o melhor uso dos recursos naturais da bacia, dentro
de uma perspectiva de médio e longo prazos,
- perda de carga no circuito hidráulico de embora compatível com a economicidade a curto
geração; prazo.

- tipo de turbina; Sob o ponto de vista puramente econômico-


energético, o NA máximo normal de operação de um
- rendimento médio do conjunto turbina-
aproveitamento hidrelétrico deverá crescer até que
gerador;
os benefícios energéticos incrementais, devidamente
convertidos em valores econômicos, sejam
- estimativa do c us t o t o t a l da o b r a , incluindo os superados pelos custos correspondentes, ou se
programas ambientais mitigadores e/ou verifique algum impedimento de ordem técnica ou
compensatórios; ambiental, ou ainda, se o tempo de enchimento do
volume morto (aquele abaixo do NA mínimo normal)
- custos anuais de operação e manutenção da usina, for muito grande.
incluindo os programas de controle ambiental.

A partir de um esquema geral predefinido, o Estes estudos englobam a análise e


problema consiste no refinamento da escolha da determinação dos seguintes parâmetros, para cada
altura final do nível d'água máximo normal do Namáx estudado:
reservatório, da depleção máxima ou volume útil do
- máxima depleção operativa do reservatório;
reservatório, da potência instalada e,
conseqüentemente, do dimensionamento da queda
- potência a instalar na usina;
de projeto da turbina.
- quedas de referência, de projeto, máxima e mínima;
Os aspectos ambientais deverão ser
cuidadosamente analisados, caso a caso, em
especial na definição dos níveis de operação e da - número de unidades a s er e m i n s t a l a d as e,
depleção máxima do reservatório, face às interfaces conseqüentemente, a potência unitária;
do empreendimento com o meio ambiente . - tipo de turbina.

Embora estes problemas estejam • Determinação da depleção máxima ou


interrelacionados, eles são tratados separadamente volume útil do reservatório
devido à grande complexidade do problema global.
Tendo em vista que já se tem uma primeira Com a definição da capacidade máxima do
estimativa das características da usina, é possível reservatório, tem-se por conseqüência o nível d'água
tratar-se adequadamente cada um dos problemas máximo normal. Deve-se então escolher a depleção
máxima a ser utilizada, o que vai caracterizar o nível

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mínimo normal desse reservatório. Ao volume 8760. ∆ EG. CRE + ∆ PG.CRP + 8760. ∆ ES.CRES >
d'água acumulado entre esses níveis mínimo e ∆C
máximo chama-se volume útil do reservatório e o
volume abaixo do nível mínimo normal chama-se onde:
volume morto.
∆ EG variação incremental de energia garantida /
firme, devido à redução do NA mínimo
Este estudo é feito para os casos de PCH com
normal (MW ano);
regularização.
∆ PG variação incremental de potência garantida,
A máxima depleção operativa de um devido à redução do NA mínimo normal
reservatório deve corresponder ao limite econômico (MW);
de depleção, ou seja, a um limite de utilização de
seu volume quando operado dentro do Sistema ∆ ES variação incremental de energia secundária,
devido à redução do NA mínimo normal
Interligado.
(MW ano);

Geralmente, quanto maior for a depleção de CRE custo de referência de dimensionamento de


qualquer reservatório, mantidos constantes os energia (US$/MWh);
demais fatores, maior será a energia firme do
sistema. Esse aumento de energia firme pode CRP custo de referência de dimensionamento de
resultar de dois efeitos: aumento da vazão média no ponta (US$/MW/ano);
período crítico, pelo acréscimo de volume útil ao
CRES custo de referência de energia secundária
volume escoado pelo rio, e a redução dos (US$/MWh);
vertimentos, pela capacidade maior de reter picos de
cheias que possam ocorrer no período crítico. ∆C variação incremental dos custos do
aproveitamento, devido à redução do NA
Entretanto, o uso do maior volume de um mínimo normal (US$/ano).
reservatório reduz seu nível médio e, portanto, sua
queda líquida. A redução da queda diminui os Os custos de referência são aqueles previstos
ganhos de energia proporcionados pelo aumento de para a época de entrada em operação da usina,
vazão regularizada e ainda conduz a uma perda de conforme definidos anteriormente.
potência máxima da usina.
Definidos os NAs mínimos normais para cada
Pode-se dizer que o aumento da depleção NA máximo normal e quantificados os benefícios
conduz a uma variação de energia firme, às vezes correspondentes, esses são comparados
positiva e às vezes negativa, isto devido ao valor da economicamente, escolhendo-se o NA máximo
água no reservatório e a uma variação sempre normal que maximize os benefícios, através de uma
negativa na potência garantida para a usina. análise incremental na faixa de variação
determinada.
A redução do NA mínimo normal, com o
aumento da depleção máxima permitida e do volume Para o dimensionamento dos NAs máximo
útil, quando proporcionar uma variação da energia normal e mínimo normal, deve-se adotar, nas
firme negativa, obviamente não deve ser simulações da operação da usina, uma potência
considerada. Quando proporcionar uma variação de instalada que não seja restritiva para a operação do
energia firme positiva, implica possível necessidade aproveitamento. Por exemplo, pode-se adotar como
de reforço nas estruturas de adução e, portanto, só valor inicial aquele definido nos estudos de
deve ser considerada enquanto o valor econômico inventário hidrelétrico da bacia ou na avaliação do
dos benefícios energéticos incrementais suplantar potencial hidrelétrico do local em estudo.
os custos incrementais correspondentes, isto é,
enquanto for verdadeira a seguinte expressão:
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• Definição da potência instalada água em abundância no sistema, a alta eficiência da


turbina não é fundamental. Entretanto, em períodos
A definição do nível de motorização de uma hidrológicos desfavoráveis, a eficiência se torna
PCH a ser inserida no Sistema, em uma dada importante, pois, nessa situação, a água deve ser
época, resulta de uma análise econômica, onde se valorizada ao máximo.
procura maximizar os benefícios para esse sistema,
decorrentes da motorização em pauta. A queda líquida disponível em uma usina
hidrelétrica depende dos níveis d'água a montante e
Ao se elevar o valor da potência instalada de a jusante da usina, ou seja, do nível do reservatório
um aproveitamento hidrelétrico, aumentam os e do nível do canal de fuga. Essa queda varia com a
benefícios energéticos, ponta garantida e energia operação da usina. Para o projeto das turbinas de
secundária, através do turbinamento de vazões que, uma usina hidrelétrica, quatro parâmetros básicos
para potências menores, seriam vertidas. Incorre-se são determinados: queda de referência, de projeto,
também em um aumento de custos, relacionados máxima e mínima.
com o aumento do bloco da casa de força (área de
montagem, circuito hidráulico de adução, turbinas, Entende-se por queda de referência, Href., a
geradores, equipamentos auxiliares eletro- queda líquida para a qual a turbina, com abertura
mecânicos, transformadores e transmissão). Desta total do distribuidor, fornece a potência máxima do
forma, deve-se aumentar a motorização de uma gerador. A queda de referência é dimensionada para
usina enquanto o valor econômico dos benefícios a permanência de 95% do tempo na curva de
energéticos incrementais suplantar os custos distribuição de quedas da usina, em simulação para
incrementais correspondentes, isto é, enquanto for todo o histórico de vazões. Este critério considera
verdadeira a expressão abaixo: que, em 95% do tempo, a turbina deve ser capaz de
fornecer a potência nominal do gerador (Figura
8760. ∆ EG. CRE + ∆ PG.CRP + 8760. ∆ ES.CRES > 6.3.4).
∆C

QUEDA (m)
onde ∆ EG, ∆ PG e ∆ ES, como anteriormente
definidos, correspondem agora a incrementos de
potência instalada, e ∆ C passa a ser a variação
incremental dos custos do aproveitamento devido ao Href.
aumento de potência instalada, em US$/ano.

95%
Nota-se que, conceitualmente, o TEMPO (%)

dimensionamento da potência instalada é igual ao Figura 6.3.4 - Permanência de Queda no Tempo


dos outros parâmetros já apresentados. Há,
entretanto, uma diferença, pois, de um modo geral, A queda de referência é também chamada de
pode-se deixar provisão para instalação futura de queda líquida nominal. Através dela, se faz o
unidades geradoras adicionais, flexibilidade não chamado "Casamento Turbina-Gerador", pois, para
existente nos outros parâmetros. quedas abaixo dela, a turbina limita a potência
máxima da usina e para quedas acima a potência
• Dimensionamento das quedas da turbina fica limitada pelo gerador. A Figura 6.3.5 ilustra esta
situação.
Uma vez determinado o NA máximo normal e o
deplecionamento ótimo do reservatório, são
realizadas simulações da operação da usina,
visando obter os valores característicos de quedas
que são usados no dimensionamento das turbinas.
Durante o período de vazões altas, quando existe
ESTUDOS BÁSICOS - Topográficos, Geológicos e Geotécnicos, Hidrológicos
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As quedas de referência e de projeto devem


ser determinadas considerando o sistema de
Q referência de médio prazo - planejamento de 15
Q/Qn = (H/Hn)
α anos.
Q n

A queda máxima operativa é aquela obtida


pela diferença entre o nível máximo normal de
operação do reservatório e o nível do canal de fuga
Q
com uma unidade operando a plena carga, sem
vertimento, subtraídas as perdas hidráulicas do
circuito de geração.

Por queda mínima operativa entende-se a


P H H nH
menor queda entre a obtida pela diferença entre o
α +1 nível mínimo de montante e o nível do canal de fuga
P n P/Pn = (H/Hn)
(sem vertimento, com todas as unidades operando
com abertura total do distribuidor e subtraídas as
perdas hidráulicas do circuito de geração), e a obtida
pela diferença entre o nível máximo do reservatório
e o nível do canal de fuga para a cheia de projeto do
vertedouro menos as perdas hidráulicas do circuito
H nH de geração, admitindo todas as unidades operando
T u r b in a
L im it a n d o a a plena carga.
P o tê n c ia
G e ra d o r
L im it a n d o a As quedas máximas e mínimas operativas
P o t ê n c ia devem ser determinadas tanto para a época de
FRANCIS, PELTON: α =1/2, α +1=3/2 entrada em operação da usina como para o
KAPLAN: α =1/5,α +1=6/5
horizonte de médio prazo, valendo sempre a pior
Figura 6.3.5 - Casamento Turbina-Gerador condição.

Por queda de projeto entende-se ser aquela • Determinação do tipo de turbina e do


para a qual o rendimento da turbina é máximo. A número de unidades geradoras
queda de projeto é dimensionada como a queda
Para determinação do tipo de turbina ver item
mais freqüente, ou seja, a moda da distribuição de
7.3.1 – Turbinas Hidráulicas.
quedas da usina, obtida da simulação da operação
desta para o histórico de vazões naturais conhecido
É difícil estabelecer um procedimento geral que
(Figura 6.3.6).
permita determinar a potência unitária dos grupos
geradores e, conseqüentemente, o número de
unidades. No entanto, com o objetivo de se
PROBABILIDADES
(QUEDAS) - %

determinar uma potência unitária que atenda aos


interesses das áreas envolvidas, recomenda-se que
CURVA DE FREQUÊNCIA
DE QUEDAS
seja reunida uma equipe multidisciplinar de
planejamento, engenharia, elétrica e civil, para
debater pontos relativos a:
QUEDA DE PROJETO QUEDA (m)
• reserva de geração;

• flexibilidade operativa;
Figura 6.3.6 - Distribuição de Quedas de uma Usina
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• proporção entre a capacidade unitária e as


dimensões do sistema elétrico;

• custos de construção (função das dimensões das


unidades e da Casa de Força);

• limites físicos do arranjo;

• principalmente a sua capacidade de engolimento


mínimo; e

• outros.

É comum o projetista/empreendedor de PCH


ficar tentado à opção do menor número de unidades
e muito freqüentemente a duas, porém, deve-se
alertar para o fato de que rios com forte
sazonalidade hidrológica podem conduzir a uma
perda de geração da energia firme importante.

Dependendo de cada tipo de turbina a ser


utilizada na PCH, deverá ser avaliado o engolimento
mínimo (abaixo do qual a máquina deve ser
desligada) de cada uma das unidades, de forma a
se compatibilizar esta capacidade de engolimento
com as vazões de estiagem do curso d’água em
estudo.

Este critério visa aproveitar as vazões baixas


do rio para geração de energia, tendo em vista que
esse é o período em que a energia é mais
valorizada.

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