2 DEJANEIRO
Entre todos os nomes, o de Deus era o nome por excelência5. Este devia ser
bendito agora e para sempre, desde a aurora até o ocaso6, pois é digno de
louvor da manhã até à noite7. Numa das petições do Pai-Nosso, suplicamos
precisamente que seja santificado o nome do Senhor.
No povo judeu, o nome era imposto na circuncisão, rito instituído por Deus
para identificar como que por uma marca e senha os que pertenciam ao Povo
eleito. Era o sinal da Aliança que Deus fizera com Abraão e a sua
descendência8. O incircunciso ficava excluído do pacto e, portanto, do Povo de
Deus.
De acordo com esse preceito, Jesus foi circuncidado ao oitavo dia9, como
dizia a Lei. Maria e José cumpriram o que estava legislado. “Cristo submeteu-
se à circuncisão no tempo em que esse rito estava vigente – diz São Tomás –,
e assim a sua obra nos é oferecida como exemplo a ser imitado, para que
observemos as coisas que no nosso tempo estão preceituadas” 10-11 e não
procuremos situações de excepção ou privilégio quando não há motivo para
isso.
Assim devemos nós também fazer com frequência. Invocar o nome de Jesus
é ser salvo12; crer nesse nome é chegar a ser filho de Deus13; orar nesse nome
é ser escutado com toda a certeza: Em verdade vos digo que tudo quanto
pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá14. Em nome de Jesus
perdoam-se os pecados15 e as almas são purificadas e santificadas16. Anunciar
esse nome constitui a essência de todo o apostolado17, pois Ele “é o fim da
história humana, o ponto para o qual convergem as aspirações da história e da
civilização, o centro da humanidade, a alegria de todos os corações e a
plenitude de todos os seus desejos”18. Em Jesus, os homens encontram aquilo
de que mais necessitam e de que estão sedentos: salvação, paz, alegria,
perdão dos seus pecados, liberdade, compreensão, amizade.
Devemos ter com muita frequência esse nome salvador nos nossos lábios,
mas de maneira especial nas nossas necessidades e dificuldades. Na nossa
caminhada para Deus, não pode deixar de haver tempestades, que o Senhor
permite para purificar a nossa intenção e para que cresçamos nas virtudes; e é
possível que, por repararmos demasiado nos obstáculos, surja no nosso íntimo
a falta de esperança ou o cansaço na luta. É o momento de recorrer a Maria,
invocando o seu nome. “Se se levantarem os ventos das provações, se
tropeçares com os obstáculos da tentação, olha para a estrela, chama por
Maria. Se te agitarem as ondas da soberba, da ambição ou da inveja, olha para
a estrela, chama por Maria. Se a ira, a avareza ou a impureza arrastarem
violentamente a nave da tua alma, olha para Maria. Se, perturbado pela
recordação dos teus pecados, desorientado com a fealdade da tua consciência,
temeroso ante a ideia do Juízo, começares a afundar-te no poço sem fundo da
tristeza ou no abismo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas
angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste Maria da
tua boca, não se afaste do teu coração; e para conseguires a sua ajuda
intercessora, não te afastes tu dos exemplos da sua virtude. Não te extraviarás
se a segues, não desesperarás se lhe rogas, não te perderás se n’Ela pensas.
Se Ela te segurar a mão, não cairás; se te proteger, nada temerás; não te
cansarás, se Ela for o teu guia; chegarás felizmente ao porto, se Ela te
amparar”24.
Invocaremos o seu nome especialmente na Ave-Maria, e também nas
demais orações e jaculatórias que a piedade cristã soube formular ao longo
dos séculos, e que talvez as nossas mães nos tenham ensinado.
E além dos nomes de Jesus e Maria, o de José. “Se toda a Igreja está em
dívida para com a Virgem Maria, já que por meio d’Ela recebeu Cristo, de
maneira semelhante deve a São José uma especial reverência e gratidão”25.
Jesus, Maria e José, eu vos dou o meu coração e a minha alma. Jesus,
Maria e José, assisti-me na minha última agonia. Quantos milhões de cristãos
não terão aprendido dos lábios de suas mães estas jaculatórias ou outras
semelhantes, repetindo-as até o fim dos seus dias! Não nos esqueçamos nós
de recorrer diariamente, muitas vezes, a esta trindade da terra.
(1) Ronald Knox, Tiempos y fiestas del año litúrgico, págs. 64-65; (2) S. Josemaría Escrivá,
Caminho, n. 303; (3) cfr. Lc 2, 21; (4) Fil 2, 9-10; (5) Zac 14, 9; (6) Sl 113, 2-3; (7) Sl 9, 2; (8)
cfr. Gên 17, 10-14; (9) Lc 2, 21; (10) São Tomás, Suma Teológica, 3, q. 37, a. 1; (11) cfr. At 15,
1 e segs.; (12) cfr. Rom 10, 9; (13) cfr. Jo 1, 12; (14) Jo 16, 23; (15) 1 Jo 2, 12; (16) cfr. 1 Cor 6,
11; (17) Act 8, 12; (18) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et spes, 45; (19) São
Bernardo, Sermões sobre os cânticos, 15; (20) cfr. Lc 17, 13; (21) S. Josemaría Escrivá,
Amigos de Deus, n. 195; (22) São Bernardo, Sermões sobre os cânticos, 15; (23) Antífona da
hora terceira, na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo; (24) São Bernardo, Homilia
sobre a Virgem Mãe, 2; (25) São Bernardino de Sena, Sermão 2.