1)
2)
3)
Pensar o ser de forma particularizada ao ser de cada coisa não permite distanciá-
lo dos objetos a que estão implicados, gerando assim uma confusão. Em um primeiro
esforço de reflexão filosófica, através da abstração podemos chegar à noção mais
universal do ser, que compreende as diferenças infinitas das variedades de todos os
seres que existem: Ana-ser humano-animal-ser vivo-corpo-substância-ser. A abstração,
todavia, ainda não é um método suficiente para se superar o senso comum da noção de
ser. Dizer, em última estância, que Ana é ser não explica nada sobre o ser Ana. Na
universalidade do termo ser, perdemos as particularidades do ser Ana.
Na teoria tomista é o ser real, o ser enquanto ser, ou ainda o ente composto de
essência e existência é quem deve interessar à metafísica para, assim, se chegar à noção
mais exata do ser. Este esforço deve ser feito de maneira que possa se chegar a um
termo capaz de se aplicar à universalidade da noção de ser, sem deixar de levar em
consideração as particularidades de cada ser.
4)
A noção de ser oferece uma unidade através da qual podemos atribuí-la a todos
os seres existentes, ou seja, um termo que se aplica à universalidade. Por outro lado,
reconhecemos que o modo de ser de cada ente é particular e não universal. Estas
diferenças que geram a diversidade são internas do ser, e não postas de fora. Por
conseguinte, o problema da estrutura interna da noção de ser poderia ser solucionado ao
se dividir uma noção de ser sem sair dela mesma. É exatamente isso que a teoria da
analogia se propõe a fazer, ou seja, encontrar um termo que possa ser universalizado
(unidade), levando-se em consideração as diferenças particulares (diversidade).
5)
6)
Até mesmo o senso comum compreende o ser como dotado de essência (aquilo)
e existência (que é). Gardell considera se esta distinção entre estes dois aspectos
inseparáveis do ser é meramente racional, e, portanto, só poderia existir na razão de
quem a concebe. Para Tomás, todavia, além da distinção racional existe a distinção real
entre essência e existência.
7)
8)
9)
Deus criou dois tipos de criatura, a saber: a) As substâncias materiais, que são
compostas de matéria forma. Sua essência é determinada pela existência 1. Estas
substâncias são individualizadas pelos princípios da matéria e da quantidade; b) As
substâncias espirituais, que possuem uma essência simples e não estão submetidas à
composição de essência e existência. A forma subsistente das criaturas espirituais é
para si mesma o seu princípio de individuação.
10.
1
Ele não havia dito o contrário? De que é a essência quem determina a existência?