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A CULTURA DO EGIPTO

Cidadania e Empregabilidade

Formador: Carlos Oliveira

14-04-2009
INDICE

O EGIPTO PAG.02 2

O BEIJO ENTRE OS HOMENS PAG.02/03

O OURO DAS MULHERES PAG.04

O MÊS DO RAMADÃO PAG.04/05/06

A PECHINCHA, UM COSTUME ÁRABE PAG. 06/07

CIRCUNCISÃO MASCULINA E FEMENINA PAG.07

AS GORDINHAS DO EGIPTO PAG.07/08

AS LEIS NO EGIPTO PAG.09

MAALÊSH! PAG.09

A MISÉRIA DA CLASSE MAIS POBRE PAG.10

O CASAMENTO EGIPCIO PAG.11/12/13

A MUSICA DO EGIPTO PAG.13

O PAPIRO PAG.14

OS NÚBIOS PAG.14/15

PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE PAG.15

CLIMA DO EGIPTO PAG.16/17

ALUGUERES DE CASAS PAG.18

A SHISHA PAG.18

O INTERIOR DO EGIPTO PAG.19

OS BEDÚINOS PAG.19

A PRESSA DOS EGIPCIOS PAG.20


Egipto

Comparados aos povos do Ocidente, os árabes são bastante conservadores. Isso


podemos notar pelos assuntos das suas conversas, pelas suas vestes, programas de televisão e
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pela leitura de jornais e revistas locais. Embora o Cairo seja uma espécie de "Paris do Médio
Oriente ", e o Egipto juntamente com a Turquia muito mais liberal que qualquer outro país
muçulmano, lá os costumes são bem diferentes daqueles encontrados em Portugal. Embora haja
muita influência do Ocidente, seja através das parabólicas que se multiplicam nos telhados das
residências, através das músicas de rock ou dos filmes americanos na televisão, o Egipto procura
preservar a cultura árabe e a religião muçulmana com bastante rigor. Mesmo nos jornais mais
liberais, podem-se observar as duras críticas feitas ao modus vivendi do Ocidente, principalmente
dos EUA, onde existe a degradação dos costumes, o incentivo à violência, drogas e apelo sexual.
Pode-se dizer que é uma guerra de culturas que está apenas a começar: Ocidente versus Oriente.
Coisas que se vêem na televisão portuguesa jamais entrarão no Egipto. Novelas brasileiras, talvez
só A Escrava Isaura. As produções egípcias não mostram sequer beijos. Filmes americanos, às
vezes, mostram alguns beijos, mas as cenas mais fortes são simplesmente cortadas. Ou então, o
ecrã fica negro, sem imagens, só com o som. O filme Romeu e Julieta tem pouco mais de metade
do tempo normal.

Apesar da qualidade precária da televisão egípcia, que é estatal, ela apresenta uma grande
variedade de assuntos culturais que não se costumam ver em Portugal, pelo menos nas
emissoras mais famosas. Na apresentação de filmes, a TV não mostra nenhuma publicidade. Não
há aquela quebra de interesse na história. No Egipto, para o muçulmano, a mão direita é usada
para fins nobres, e a mão esquerda é considerada "suja", por ser utilizada para fins negativos e
menos nobres, como lavar o ânus. A seguir são descritos alguns costumes egípcios.

O beijo entre os homens

Em público, os beijos entre casais são proibidos. A desobediência a essa lei pode levar o
indivíduo à esquadra da polícia. Ou à casa do pai da moça, para explicações, se ela não for
casada. O beijo entre casais é proibido para não despertar "imaginações impuras", é comum o
beijo entre os homens: três beijinhos na face, às vezes bem molhados.
Existe o costume egípcio de os homens andarem de mãos e braços dados. Às vezes, só com o
dedo "mindinho". Oficiais ou praças, tanto das Forças Armadas quanto da Polícia, andam de
braços dados, mesmo fardados. As raparigas egípcias, em princípio, casam virgens.
E não lhes é permitido em solteiras manter conversa com homens. Nas escolas, os meninos
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sentam-se em bancos separados das meninas. Segundo os árabes, "a mulher é uma flor tenra
que precisa de ser preservada". Por isso o uso do purdah (véu), que esconde os cabelos das
mulheres.

A mulher muçulmana casada, no Egipto, não mostra os seus cabelos a não ser para o marido e
pessoas da família. Há a nequab, uma vestimenta islâmica que cobre as mulheres da cabeça aos
pés, usada por uma quantidade razoável de mulheres no Egipto, mas que não é normal. Com
essas vestimentas, apenas são vistos os olhos das mulheres. É bom lembrarmos que há 50 anos
atrás, em Portugal, as mulheres também andavam com vestidos longos, até os calcanhares, e
com véus na cabeça Há muitos egípcios que se vestem como os ocidentais, homens e mulheres.
Mas é grande o número de egípcios, de ambos os sexos, que vestem as longas túnicas, as
galabeyias, principalmente os da classe mais pobre, como os beduínos que vêm do interior.
Talvez agora tenha aumentado o número de mulheres com vestidos longos, pela imposição dos
fanáticos muçulmanos fundamentalistas. Enquanto Muamar Khadafi, da Líbia, se veste
espalhafatosamente, cheio de panos esvoaçando ao vento, o Presidente egípcio, Hosni Mubarak,
nunca é visto usando uma galabeyia. Há mulheres que vestem galabeyias pretas, que são uma
demonstração de fidelidade ao marido. Antes da ocupação francesa, todos os egípcios usavam
barba e bigode. Como os franceses tinham o rosto escanhoado, o antigo costume começou a cair
em desuso, embora com alguma resistência. Antigamente, uma punição exemplar para os
egípcios era cortar seu bigode à força, o que causava uma vergonha enorme. No tempo dos
mamelucos, homens sem bigode não eram tolerados a entrar nas cortes de justiça e os
criminosos eram forçados a rapar o bigode e mandados a andar no lombo de burros, de costas,
pelas ruas da cidade, para aumentar a vergonha.

Observa-se, ainda hoje, no Egipto uma grande quantidade de homens que cuidam o seu bigode
com bastante esmero e geralmente são bigodes enormes. A barba é utilizada principalmente
pelos sacerdotes coptas e pelos fundamentalistas islâmicos.
O ouro das mulheres

Há muita pobreza no Cairo. Mas a quantidade de ouro que se vê em


toda a cidade, em lojas simples ou sofisticadas, dá a real dimensão
que este precioso metal tem na vida árabe. As mulheres são
extremamente vaidosas e adornam-se com colares, pulseiras e 5
brincos enormes, carnavalescos. Não colocam uma barra de ouro
em cada orelha porque era muito peso. É comum nas mulheres mais
ricas, usarem uma quantidade de pulseiras de ouro em cada braço.

O ouro tem, para essas mulheres, o mesmo que para nós tem a função da poupança é um
património que a mulher leva consigo durante a vida e serve para fazer face a algum imprevisto,
como doença ou separação do marido. No aperto, é só ir ao ourives e vender as jóias. Quando o
dinheiro sobra, compra mais ouro. Desde quando é pedida casamento, com autorização do pai, a
rapariga já começa a receber jóias do futuro marido. Nos dias de festas, que no Egipto são muitas,
ela continua a receber o seu cobiçado ouro, assim como no dia do aniversário. Mesmo as
meninas e senhoras mais pobres não deixam de usar as suas jóias. Muitas dessas mulheres, mal
vestidas, de chinelos e pés sujos, porém exibindo seu reluzente património. O uso visível de jóias
no Egipto é possível pela inexistência de assaltantes. A lei é rigorosa, existe a pena de morte para
quem ouse roubar.

O mês do Ramadão

Com 30 dias de duração, o nono mês do calendário


árabe, o ramadão, é o mês das preces e do jejum. O fiel
muçulmano, durante o dia, fica proibido de comer ou
ingerir qualquer tipo de líquido, a não ser por ordem
médica. O crente deve-se portar também de modo mais
pacato, manter os olhos baixos durante o dia, para não
"sofrer a tentação" ao avistar uma mulher. A relação
sexual também é proibida durante o dia. Outros pecados que devem ser evitados nesse mês são
a luta e a perda da calma. A guerra também deve ser evitada, como diz o Corão, embora ela
possa ser feita por uma "causa justa", como foi a Guerra do Ramadão, de 1973, contra Israel. O
jejum pode ser quebrado com o anúncio nas mesquitas, ao anoitecer, ou então o fiel deve saber
pelos jornais, rádio ou TV quando está apto a fazer a primeira refeição do dia, o ifthar. O horário,
dia após dia, varia um pouco. Como o calendário árabe é lunar, o início do ramadão é sempre
uma incógnita. Depende da perspicácia visual do religioso para observar a ro'ya, ou seja, a lua no
início da fase do quarto crescente.
É isso que acontece em países mais conservadores, como a Arábia Saudita. No Cairo, uma
característica única entre os países muçulmanos, o anúncio do fim e do início do jejum, nos dias
do ramadão, é feito com o disparo de um velho canhão alemão, que pode ser ouvido em muitos
pontos da cidade. O canhão encontra-se numa colina perto da Cidadela de Saladino.

A tradição começou em 1811, por puro acidente. O canhão era tão velho que o Pasha
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(Governador) Muhammad Áli decidiu parar de usá-lo e fazer dele um monumento. Enquanto os
soldados limpavam o canhão, acidentalmente dispararam um tiro. Os egípcios ficaram muito
felizes, pois pensaram que era o sinal dado para a quebra do jejum, à tardinha. Os grandes
sheikhs (xeques) foram agradecer ao Governador e ele decidiu continuar a disparar o canhão no
início e no fim do jejum. Desde então, isto estabeleceu-se como tradição. O canhão também
dispara em dias de festas e feriados nacionais. O ifthar é a primeira refeição à noitinha, após o
jejum. Os mais pobres podem-se servir em mesas que são arrumadas junto a muitas ruas da
cidade. Cena interessante é observar aquele povo humilde sentado à mesa, com mais de uma
hora de antecedência, para garantir o lugar, com os talheres prontos para entrar em acção, como
se fosse uma competição, e só iniciam a refeição com a devida autorização dos alto-falantes das
mesquitas. Um ifthar tradicional começa com um prato de tâmaras embebidas em água ou leite,
como o prescrito pela sunna (ensino religioso). Muitas famílias irão incluir no menu um prato de
fuul (espécie de feijão com limão e óleo de oliva), assim como uma refeição normal que pode
conter sopa, carne, ave, peixe e uma grande variedade de legumes.

Se durante o dia a barriga ficou desconsolada, à noite, após o ifthar, outras refeições são feitas,
até altas horas da madrugada. É a época em que mais se come no Egipto, pelo menos entre
aquelas pessoas das classes mais altas, e muitos religiosos criticam, justamente por ser o mês do
jejum. Açúcar e farinha de trigo são os produtos mais procurados e por isso muitas pessoas fazem
um stock, para se prevenirem contra a falta destes produtos em quase todos os armazéns da
cidade. O sohour, às 3 horas da manhã, é normalmente a última refeição, geralmente uma comida
ligeira à base de iogurte e frutas, depois as pessoas vão dormir. Crianças do pré-escolar
acreditam que o ramadão é uma pessoa, como Pai Natal, que virá trazer as lanternas e os doces,
além dos presentes que são comuns nessa época. A fanus (lanterna) é um costume unicamente
egípcio e data da época dos fatímidas. Quando Al-Muz Lidin Allah Al-Fatimi transferiu a capital
muçulmana para o Cairo, na sua chegada, à noite, os cairenses saíram às ruas para recebê-lo
com lampiões coloridos para iluminar as ruas que o levaram até ao seu palácio. Durante o
ramadão, podemos observar os efeitos especiais destas lanternas, com as suas luzes coloridas
em todos os pontos do Cairo, nas lojas, nas ruas, nas casas.
As crianças ficam impacientes para começar a jejuar e participar dos rituais do ramadão. Embora
a idade "oficial" seja de 9 anos, muitas crianças de 7 anos procuram imitar os seus pais durante
alguns dias. Muitos estrangeiros residentes no Cairo também jejuam alguns dias, durante o
ramadão independentemente de sua religião. Nas ruas e nos canteiros das avenidas são armadas
muitas tendas, emolduradas com uma infinidade de pontos de luz para iluminar a noite do
ramadão. 7

Milhares de lâmpadas caem em cascatas do alto de alguns prédios, principalmente em hotéis. As


árvores também são enfeitadas com lâmpadas multicoloridas, apresentando um espectáculo típico
do nosso Natal. O ramadão é uma festa de som, luz e calor humano. Na época do ramadão,
durante o dia, o movimento dos veículos diminui muito depois das 14 horas. Porém, após a
primeira refeição do muçulmano, à noitinha, a cidade do Cairo transforma-se completamente.
Toda a gente sai ao mesmo tempo para as ruas e aí sim o trânsito fica caótico. Os mais pobres
fazem piqueniques nas praças e canteiros das avenidas, com sacos de comida. Há muitos
vendedores de milho assado na brasa, shai (chá) gelado, e pipocas. O horário normal de trabalho,
em todos os sectores, é mais ou menos de 9:30 até às 15 horas. Durante o ramadão, o horário de
trabalho encurta ainda mais, das 11 às 14 horas. A tarde é sempre utilizada para a sesta, tudo
pára, nada funciona. O relógio biológico do egípcio é diferente do nosso: à tarde todos dormem,
saem às ruas à noite e só dormem de madrugada, mesmo que não seja época do ramadão. O
ritmo de trabalho normal do egípcio é muito lento. Durante o ramadão fica ainda mais lento. De
certa forma, eles têm razão em não trabalhar muito. No verão, o clima é muito seco e quente, de
torrar os miolos com uma temperatura que, no Cairo, ultrapassa os 45 graus centígrados. No final
do mês do ramadão há a festa do Aid Al-Fitr, o Pequeno Bairã, 4 dias de feriado que servem como
coroamento do sagrado mês do jejum e das orações.

A Pechincha, um costume Árabe

Os árabes são loucos por perfumes e roupas multicoloridas. Eles


usam roupas que em Portugal só prestavam para o carnaval. As
mulheres usam vestidos super enfeitados, sapatos cheios de cores
e brilhos, uma porção de pulseiras de ouro em cada braço, brincos
enormes, colares de proporções faraónicas. Os homens também
usam camisas e blusas enfeitadas, sapatos floridos, às vezes de
cor vermelha berrante ou, até, rosa. A pechincha, no Egipto, é fundamental. Sabendo bem quem é
estrangeiro, eles alteram os preços para o dobro ou triplo. Quando o preço não está afixado no
produto, podemos dividir por 2, 3 ou até 10 vezes pelo preço que eles pedem. E não adianta
perguntar o preço em árabe porque quando eles olham para as caras de gringo, respondem em
inglês. Assim, temos que conviver com este eterno jogo da pechincha.
O Egipto é auto-suficiente em petróleo, porém é um produtor pequeno, se comparado aos ricos
países árabes do Golfo Pérsico. A metade da sua produção (de mais ou menos 800 mil barris
diários) é exportada, inclusive para Portugal. Outros produtos que o Egipto exporta são: tâmaras
(é o maior produtor mundial), cebola, alho, produtos em couro, algodão, perfume, cosméticos,
cigarros, roupas, carpetes, tapetes, autocarros, móveis de cozinha, doces, peças para
computador, hena para pintar cabelos. 8

Sem mencionar a grande quantidade de desenhos em papel - papiro e produtos metálicos levados
como souvenirs pelos turistas. A maior fonte de divisas estrangeiras que o Egipto obtém, é com a
exploração do Canal do Suez.

A circuncisão masculina e feminina

Há uma prática muito antiga dos árabes, que é também comum entre os judeus e era usada,
ainda, pelos antigos egípcios da época dos faraós: a circuncisão. Aquele cortezinho no "peru" do
menino, uma cerimónia registada no Antigo Testamento. O motivo é, sem dúvida, de se tornar
mais higiénico esse importante apêndice masculino, fazendo com que o prepúcio se "descasque"
com mais facilidade. Para a limpeza e para o ato sexual. Há também a circuncisão aplicada às
meninas. Embora esteja caindo em desuso nos grandes centros, no interior do Egipto ainda é
muito comum. Consiste em se cortar um pedaço do clítoris da menina, para ela não sentir prazer
sexual quando crescer. Neste dia da circuncisão o pai dá uma festa aos familiares para
comemorar a circuncisão. O prazer permitido às mulheres é terem filhos, muitos filhos. E os
árabes, sem excepção, têm muitos filhos. Em 1994, uma mulher da Somália fugiu com sua filha
para os EUA, onde pediu asilo. Motivo: evitar que sua filha fosse mutilada nas suas partes íntimas.

Gordinhas do Egipto

Como os judeus, os árabes não comem carne de porco, dizem que é impura.
Além do porco, o Corão proíbe comer carne de qualquer animal que tenha morrido
de morte natural ou alimento feito com sangue. Muitas casas são facilmente
encontradas na cidade, onde se consegue comprar pernil para assar no forno, ou
presunto e até linguiça. A carne de porco é muito boa, assim como o presunto. A
população mais pobre nunca come carne, a não ser na época do Aid El-Adha, a
Festa do Sacrifício, quando os ricos doam pedaços de carne aos pobres. A
diversificação dos pratos egípcios mereceria um capítulo especial. Entre as comidas típicas, o fuul
é bastante popular. Consiste de um feijão forte como soja, temperado com óleo de oliva e limão. É
comido puro ou colocado dentro do aesh, aquele pão redondo, principalmente ao pequeno-
almoço. Mas é preciso ter estômago de camelo para quem não estiver habituado.
Interessante é ver as carroças a passar nas ruas, com os seus vasilhames enormes, de boca
pequena, de onde era tirado o fuul para vender às mulheres que desciam dos apartamentos,
ainda cedo pela manhã. Pelo tamanho reduzido da boca daquelas vasilhas, e a consequente
dificuldade em lavar as mesmas, pode-se imaginar que a higiene não é grande coisa.
O aesh baladi é um pão chato e redondo, o mais popular do Egipto. Tem uma cor escura, talvez
pela adição de milho ou batata. Este tipo de pão é também encontrado nas calçadas, estendido 9
sobre jornais velhos, cheio de poeira e moscas a volta. Há, ainda, no Egipto o aesh shamsi (pão
do sol), feito em Lúxor de acordo com a antiga prática de deixar crescer a massa com fermento do
lado de fora da casa, e o aesh saraia (pão do palácio), de cor laranja, feito de grãos finos
embebidos em compota de frutas. Há, ainda, o pão uras, também redondo e chato, popular nas
festas cristãs coptas, e levado aos cemitérios para alimentar os pobres. Como se sabe, milhares
de pessoas vivem nos cemitérios do Cairo.

O egípcio é também um grande consumidor de sementes. A frente dos armazéns, nas calçadas,
podem ser vistos muitos sacos contendo sementes de girassol, melancia e abóbora, entre outras.
É incrível a habilidade que eles têm para descascar as sementes só com os dentes. Não ficam a
dever nada aos papagaios e as araras. Durante as horas de folga, durante uma conversa ou no
recreio da escola, é comum ver egípcios a roer a sua semente preferida.

No Cairo, é grande a quantidade de casas com doces. Em cada esquina encontramos enormes
confeitarias, com tortas dos mais variados sabores, nozes cobertas com chocolate e suspiros. É
uma tentação que as mulheres egípcias não conseguem resistir. Por isso, elas normalmente são
enormes. Tudo é consequência da grande quantidade de comida que ingerem, o dia todo,
comendo, doces, chicletes chocolate e muita Coca-Cola. Enquanto jovens e solteiras, as egípcias
são bonitinhas. Mas quando casam, a tendência geral é ficarem mais gordas. Enormes, as
egípcias, ao andarem, andam com o corpo de lado, para facilitar o levantamento das pernas. E os
egípcios têm uma preferência por essas gordinhas. Embora o Corão permita beber vinho no
paraíso, os muçulmanos não podem ingerir bebidas alcoólicas na vida terrena. Os egípcios têm
uma cerveja sem álcool, de marca Stella, que pode ser encontrada em todos os cantos do país.
Essa cerveja não tem sabor a nada e só desce bem pela garganta depois de atravessarmos o
deserto, durante um dia inteiro, sem beber água. Os antigos egípcios inventaram o ano solar,
foram pioneiros na astronomia, medicina e na escrita, fazem parte das Sagradas Escrituras, com a
palavra "Egipto" a aparecer inúmeras vezes na Bíblia, criam na imortalidade da alma, construíram
os primeiros mosteiros cristãos, influenciaram os judeus e os primitivos cristãos coptas, e muitos
dos costumes hoje em voga no Ocidente derivaram-se daquele antiquíssimo povo. E deixaram-
nos como herança a deliciosa cerveja. Será que ainda há dúvidas de que o Egipto é o berço da
nossa civilização?
As leis no Egipto

No Egipto existe a pena de morte, feita por enforcamento. Um funcionário egípcio em 20


anos de serviço, já enforcou mais de 240 condenados. Motivo para este tipo de condenação no 10

Egipto: assalto com armas, assassinato, roubo, violação e tráfico de drogas. Direitos humanos?
Segundo as autoridades egípcias, esses direitos só valem para a grande massa da população,
que é séria e tem de ter preservados seus direitos e sua integridade física. Para os presos, a vida
não é fácil na prisão e durante o dia vão partir pedra no deserto. Os ladrões, no Egipto, muitas
vezes acabam por ficar com as mãos quase que mutiladas, de levar pauladas. Na Arábia Saudita
é pior: os ladrões têm as mãos amputadas. A segurança que se tem nas ruas do Cairo deve-se ao
espírito religioso da maior parte da população, das leis severas e da presença constante da polícia
em todas as esquinas da cidade, militares com seus walkies-talkies, com viaturas e motos prontos
para entrar em acção.

Actualmente, com a crescente falta de recursos, esse aparato policial tem diminuído
bastante, o que facilita as acções de extremistas islâmicos. Até camelos são utilizados no serviço
de segurança, na área das pirâmides. Todas as pontes sobre o Nilo na cidade do Cairo têm
barricadas instaladas à noite, com policias a revistar todos os carros que por lá passam.

Um Papa no Egipto

Não é só a Igreja Católica que tem o seu Papa. O Egipto também possui um, o Papa
Shenouda III. Como 116º sucessor de São Marcos, o Evangelista, que primeiro levou a religião
cristã à África, Shenouda III é o Patriarca da Igreja Cristã Ortodoxa do Egipto, a Igreja Copta.

Maalêsh! - Bukra, Intchaalá!

Maalêsh (o "sh" com som de "x" de xícara) é talvez a palavra-chave que exprime todo o
pensar do egípcio, o seu humor, a sua filosofia de vida, a predestinação árabe. Quer dizer
"perdão, desculpe-me", "deixa p'ra lá", "não há problema". Ou "que se lixe!". Se o engomador de
roupa queimou uma camisa de seda, maalêsh! Se alguém lhe dá um toque no carro, maalêsh! Se
o mecânico não entrega o carro no dia prometido, mas só uma semana depois, maalêsh! Se o
funcionário não chega cedo ao local de trabalho, após uma série de desculpas e mil explicações
inexplicáveis, ele diz: maalêsh! É assim para estes lados.
"Maalêsh reflecte a crença de muitos egípcios no fatalismo e na inevitabilidade daquilo que está
escrito nas estrelas". O governo egípcio já tentou proibir a circulação de carroças no centro do
Cairo. E também já chegou a fazer uma campanha para não se utilizar essa mágica palavra
maalêsh, querendo bani-la do dicionário. Asneira. São dois símbolos vivos dos costumes egípcios.
Seria o mesmo que querer acabar com o futebol e a cerveja em Portugal. Outra expressão muito
conhecida no Egipto é bukra, intchaalá (amanhã, se Deus quiser). Este amanhã, muitas vezes, 11
pode ser amanhã, semana que vem ou no próximo mês. Tem uma tabuleta nas repartições
públicas onde se lê: "Alá abençoa os pacientes". Intchaalá é uma expressão que se ouve em toda
conversação árabe, praticamente em cada frase. Na rua, no rádio ou na TV, da boca dos
jogadores de futebol, assim como nas entrevistas dos soldados da Guerra no Golfo Pérsico, a
expressão intchaalá é constantemente usada. Isso demonstra a grande religiosidade enraizada
nos costumes árabes, que não esquecem de afirmar que tudo conseguirão, se Allah assim o
permitir.

O bakshish

A corrupção no Egipto é bastante grande e há sempre um "jeitinho" para tudo. As gorjetas ou


bakshish são solicitadas a todo momento. Na rua, o bakshish tem seu ritual, não se deve entregar
a nota de dinheiro aberta, deve dobrá-la várias vezes ou enrolá-la como um cigarro de palha,
escondê-la sob a palma da mão e entregar com discrição. Principalmente se for para um polícia.

A miséria da classe mais pobre

Embora uma parcela da população egípcia tivesse, uma espécie de "poupança", com o objectivo
de mensalmente adquirir bens em armazéns públicos por um preço bastante baixo, devido aos
subsídios do governo, os produtos não eram baratos para o povo em geral. Agora, com a
ingerência do FMI depois da Guerra do Golfo para sanar as finanças do Egipto e com o governo a
cortar todos os subsídios de alimentos e serviços públicos, além de manter um câmbio artificial
entre a moeda egípcia e o dólar americano, a situação é muito pior. Dois terços dos alimentos são
importados. O "povo" nunca come carne. Muitos egípcios mostraram-se bastante criativos frente à
alta dos preços. Alguns comerciantes sem escrúpulos descobriram um meio bastante simples de
não aumentar os preços: diminuíram o tamanho das embalagens. Os preços do feijão e do arroz
não subiram. Mas as embalagens foram decrescendo com o correr do tempo e por fim só
continham 400 gramas do produto... Maalêsh!
A verdade é que o povo humilde do Egipto só come carne uma vez por ano, na época da Festa do
Sacrifício, quando são abatidos carneiros e ovelhas para lembrar Abraão, que quase sacrificou
seu próprio filho, ocasião em que os árabes mais ricos distribuem carne aos mais pobres. Senão,
no resto do ano, a única alimentação da classe humilde é o aesh, aquele pão redondo, com
algumas folhas de alface ou algumas fatias de tomate conseguidas nas "xepas" de final de feira. E
o indispensável e omnipresente shái (chá), que pode ser local, do Sudão ou do Sri Lanka. Em 12
compensação, a classe mais abastada costuma esbanjar. A mesa tem que ser muito farta por
isso, há muito desperdício.

O casamento egípcio

No Cairo a mulher é bastante liberal mas no interior


do Egipto é bem diferente. Lá existe ainda o
costume do pai exigir um dote para entregar a filha
ao futuro marido: pode ser dinheiro, ouro, camelos,
bois, ovelhas, carneiros ou terras. Nos grandes
centros isso já não acontece.

A virgindade da noiva é uma exigência a que muitos


egípcios não abrem mão, podendo o noivo anular o
casamento se descobrir na noite das núpcias que a sua mulher não é virgem. Há ainda o costume
de muitos noivos exibirem o lençol manchado de sangue, na manhã seguinte à primeira noite,
para provar aos familiares e aos amigos que a sua mulher era virgem e que foi desflorada.
Convém lembrar o aspecto religioso da virgindade, já que o Corão promete mulheres virgens ao
fiel muçulmano que atingir o paraíso. Os rapazes, desde muito cedo, são iniciados no jogo do
sexo e muitos homens, ao se casarem com moças mais novas e virgens que não tiveram
nenhuma experiência anterior, sentem a responsabilidade da primeira noite e muitas vezes não
conseguem completar a relação. A pressão é muito grande para a virilidade do homem. Soumaya
Namane Guessous, escritora marroquina que se destacou com o livro “Além de Todo o Pudor”,
afirmou que há regiões no seu país em que aparece um homem encarregado de intervir nesses
casos para completar o desfloramento. A mulher árabe, antes do katb al-kitab, o contrato formal
do casamento, recebe o shabka (presente) do futuro marido, que são jóias em ouro e diamantes,
após chegar a um acordo com o pai da moça. Nessa ocasião, é oficializado o noivado, com a
leitura da fatihah, capítulo de abertura do Corão. A família do homem, geralmente, é responsável
pela compra ou aluguer da casa. À família da mulher compete dispor o mobiliário. No Egipto, o
divórcio é permitido e regulado por leis religiosas. As jóias que a mulher recebe no noivado e
durante a sua vida de casada são, de certa forma, uma "poupança" que ela vai fazendo ao longo
da vida, para enfrentar algum revés.
Alguns egípcios, com salários muito baixos, não de tornam noivos nem se casam porque o
dinheiro não alcança o dote exigido pela futura noiva. Muitos casam-se com idade avançada,
quando conseguem dar o dote inicial à noiva. Há também casos em que um homem tem duas,
três ou até quatro mulheres.

Quatro mulheres são o máximo que o Corão permite que o fiel muçulmano tenha. O Amir (Emir,
13
Príncipe) do Kuwait, quando esteve na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente,
levou"apenas" 10 das 300 mulheres que possui no seu harém. Naqueles países o homem rico
possui muitas mulheres, algumas sendo meninas de 11 ou 12 anos compradas na Índia ou na
Tailândia por 50 dólares. Numa coisa o Corão é limitado e não deixa dúvidas: todas as mulheres
têm o mesmo direito, em todos os sentidos. Na sala, na cozinha, na cama.

A explicação que um egípcio dá dessa vantajosa posição masculina é de que o profeta


Muhammad (Maomé) permitia a poligamia por causa das guerras de conquistas islâmicas que
havia na época, com um "deficit" muito grande de homens, que morriam nas guerras, deixavam
muitas viúvas e muita rapariga para "tia". Que era para evitar a prostituição e para que as
mulheres sem marido não enlouquecessem. A bem da verdade, deve-se acrescentar que no
Ocidente pratica-se uma poligamia mais sucinta, como é o caso daqueles que se divorciam várias
vezes durante a vida para procurar novos parceiros.

Ou escancarada, caso das pessoas casadas ou solteiras que trocam de parceiros com a mesma
frequência com que se troca de… No Egipto, a prática da poligamia restringe-se às pessoas de
muitas posses e não é frequente nos grandes centros urbanos. Há casos em que várias mulheres
dividem a mesma casa com um só marido. E os filhos ficam agradecidos: em vez de uma, eles
têm duas mães. Aceitam este costume com mais naturalidade do que nós, porque desde muito
pequenos já convivem com essa tradição. A poligamia, embora permitida no Egipto, traz múltiplos
problemas. De acordo com estudos recentes, 50% dos homens que têm uma segunda mulher
fazem-no devido às diferenças entre eles e as suas mulheres ou as suas respectivas famílias e
14% porque a mulher não lhes pode dar uma criança ou lhes dá somente meninas. Casar jovem
no Egipto é um luxo somente acessível aos ricos.

As moças egípcias, que tradicionalmente se casam muito novas, são, desta forma, muitas vezes
incentivadas a se casarem com homens bem mais velhos, às vezes já casados. O casamento
egípcio é muito bonito, o carro que transporta a noiva é todo enfeitado com flores e fitas coloridas.
Normalmente, o casamento acontece às quintas-feiras, véspera do feriado semanal muçulmano. A
festa de casamento egípcio começa com uma "procissão" na rua, a zaffa, com tambores,
tamborins e trompetes, que produzem uma música rítmica e ensurdecedora. Mulheres emitem um
grito característico, o zagharit, como um garganteado, ao agitarem rapidamente a língua como os
gritos de índios que se vê nos filmes.
Não sei como e que elas conseguem emitir aquele grito característico nem qual é a técnica
utilizada. Mas é bem interessante. Á frente da procissão vêm os músicos e dançarinos, vestidos
com roupas brancas e vermelhas.

As damas de honra, normalmente em número de seis, vestem roupas brancas e carregam longas 14
velas ou candelabros adornados com fitas e flores, marcham ao lado dos noivos, três de cada
lado. Um menino, à frente da zaffa, atira pétalas de rosas vermelhas sobre os noivos. A noiva usa
um longo vestido e véu brancos. A procissão chega ao local da recepção e o casal troca
cumprimentos com os convidados, para depois se dirigir à kosha, poltrona prateada com grinaldas
de flores, no alto de uma plataforma, para uma melhor vista do salão com os convidados. Após a
recepção, os noivos passam juntos a lailat al-dokla (a primeira noite), na mesma cidade onde
ocorreu a recepção. Irão passar a noite num hotel ou num apartamento vazio de algum amigo,
porém nunca na casa dos pais, o que é considerado de mau presságio. A noiva dá de presente ao
marido pijamas de seda, enquanto ele lhe dá uma jóia. Enquanto os mais pobres fazem apenas
uma zaffa na rua, os ricos alugam um hotel 5 estrelas, chegando a custar mais de 60 mil dólares.
A festa é de arromba: buffet sofisticado, lembranças em ouro para os convidados, bolo gigantesco
e a khosha decorada que parece um sonho, com cadeiras ricamente enfeitadas, onde ficam os
noivos. A zaffa é feita em pleno salão, com muita música, cantos a solo de cantores populares
famosos, além dos gritos estridentes imitando índios. E o ponto alto de toda festa egípcia não
pode faltar a dança do ventre, com dançarinas escolhidas a dedo. No oásis de Siwa, perto da
Líbia, as celebrações do casamento duram de 7 a 15 dias. A noiva troca de vestido todos os dias.
Assim, a partir dos 9 anos, as meninas de Siwa começam a preparar os vestidos de noiva com a
ajuda da mãe e da avó. As noivas dos beduínos do Sinai vestem um véu chamado konaa,
decorado com moedas de ouro ou prata, conforme o status financeiro da família. O véu, que cobre
a face da noiva, é também decorado com ouro ou prata e é considerado parte do dote.

A música no Egipto

Um aspecto muito importante na cultura árabe é a música. Ao contrário da música ocidental, que
normalmente é escrita em tom maior, as melodias árabes são escritas numa escala exótica,
fazendo com que as músicas pareçam soar em tom menor. Isto confere uma certa gravidade e
tristeza à música. Enquanto nós usamos uma escala musical de tons e semitons, eles utilizam
uma escala que tem intervalos, entre as notas, de até 1 tom e meio, parecendo-se com a escala
cigana. No início, a música árabe chegava a agredir nossos tímpanos. Mas, aos poucos, fomo-nos
acostumando a tirar prazer da exuberante música oriental.
A música egípcia é executada, invariavelmente, em compasso quaternário. A cadência é um
pouco parecida com o bolero, às vezes em ritmo lento, outras vezes em ritmo frenético. O que não
pode faltar na música árabe são os infindáveis trinados, floreios e mais floreios emitidos pelos
instrumentos musicais, que nos fazem lembrar um pouco a música barroca.

O Papiro
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Os egípcios foram pioneiros em vários ramos da ciência, como medicina,


astronomia e a escrita. A escrita egípcia começou com simples pinturas
de objectos (pictogramas), evoluiu para a pintura da ideia (ideograma) e
terminou com o hieróglifo (fonograma) traçado no papiro, palavra que deu
origem, mais tarde, ao vocábulo "papel". Há mais de 5.000 anos e num
período de 3.000 mil anos dominaram esse método de imprimir
caracteres e desenhos em papiro, até que em 105 da nossa era os
chineses inventaram o papel. O papiro, a partir de então, entrou em
desuso e a sua técnica de fabrico foi esquecida. Além do Egipto, o papiro
crescia também na Síria e na Mesopotâmia. Na aldeia de Medinet, na região de Fayyum, ao sul
do Cairo, foram descobertos mais de 100 mil papiros. Desses, 70 mil foram adquiridos pelo
arquiduque Rainer e mais tarde doados à Hofbibliotheck, actual Biblioteca Nacional de Viena, que
tem a maior colecção do mundo. Encontra-se em papiro a maior parte do que se conhece da
literatura do Egipto antigo, incluindo os textos litúrgico-funerários do Livro dos Mortos. A planta de
papiro é na realidade um talo longo, de 2 a 3 m de altura, com folhas ralas na parte superior. Além
do papel-papiro, a planta também era utilizada pelos antigos egípcios para a fabricação de barcos.
Para a confecção do papiro, corta-se o talo da planta em fatias e deixa-se na água por algum
tempo para dissolver materiais estranhos, principalmente glicose (açúcar). Em seguida, as tiras
são entrelaçadas, horizontal e verticalmente, e colocadas numa prensa para uma perfeita adesão.
Não há necessidade de cola. Pela durabilidade do material e por causa de sua significação
histórica, importantes documentos governamentais egípcios são, ainda hoje, redigidos em papiro.

Os Núbios

Os núbios são facilmente reconhecidos no Egipto pela sua pele preta, mas sem os traços
negróides da África subsaariana. Os núbios são altos e esguios, de olhos amendoados, nariz
pequeno e lábios finos. Até hoje mantêm suas tradições e a sua linguagem própria, e poucos se
casam com egípcios. Os núbios sempre foram uma presença constante no Egipto, como os
barqueiros do Nilo junto às rochas graníticas de Assuã, os guardas dos monumentos do Alto
Egipto, empregados domésticos, copeiros e cozinheiros. Actualmente, muitos destacam-se como
doutores e cientistas provenientes das melhores universidades egípcias.
As mulheres núbias são conhecidas como exímias artífices de joalharia feminina, principalmente
aquela feita de contas de vidro. Entre os seus produtos destacam-se as tiras de taha, fitas de
contas afixadas no véu preto que as mulheres egípcias usam, criando um efeito bonito para a
cabeça. As taha são usadas, ainda, como cinto e nas golas em "V" de vestimentas femininas. As
núbias costumam, ainda, fazer tranças nos cabelos, umas nas outras. Uma outra marca registada
da cultura núbia são os tapetes de lã ou algodão, de acabamento rústico. 16

Normalmente, os tapetes núbios retratam cenas árabes, com camelos, tamareiras, casas com
coberturas abobadadas - típicas da região -, em tons preto-e-branco, destacando-se ainda as
figuras humanas estampadas em tapetes, como se fossem máscaras de actores teatrais. Muitos
dos antigos colonos venderam as terras para construção de prédios, ficando com 2 ou 3
apartamentos em troca. Alguns granjeiros, não mudaram de profissão, embora morem em
edifícios continuam criar as cabras e galinhas dentro dos apartamentos em que moram. As cabras
e galinhas, como os outros moradores do prédio, têm direito a utilizar o elevador...

O Papel da mulher na sociedade

Apesar de se considerarem muito independentes as mulheres egípcias ainda são bastante


discriminadas. Há muito preconceito. Embora possam ter seus próprios bens e não precisarem de
adoptar o nome do marido, elas têm liberdade bastante restrita. As egípcias não podem frequentar
certas mesquitas, não são vistas em cafés, são separadas em algumas escolas e há filas
diferentes, para homens e mulheres, para pagamentos em bancos. Apesar de pertencer a uma
sociedade machista, no interior do Egipto 49% das mulheres, entre a classe mais pobre, são
chefes de família e o salário só depende delas. Os motivos vão da morte do pai de família, ou da
emigração dos fellahin (camponeses) para a cidade ou para o estrangeiro em busca de futuro
melhor. A mulher egípcia não é vista com bons olhos quando arranja um emprego. Mesmo os
jornais menos conservadores não deixam de lembrar que os poucos empregos que se criam são
cada vez mais preenchidos por mulheres, que deveriam cuidar das crianças em casa, para que os
homens não ficassem desempregados. No Egipto, o desemprego é crónico e muitos homens
casados vão tentar melhor sorte no estrangeiro, principalmente nos ricos países do Golfo Pérsico.
E os jovens com alguma instrução, não sendo filhos de famílias ricas, sonham em se estabelecer
na Austrália, Canadá, Alemanha ou Estados Unidos. A prostituição é mais frequente do que se
possa imaginar, pela facilidade da entrada em hotéis, sem identificação alguma. E é comum ver
uma mulher bem vestida saltar do táxi e entrar num Mercedes ou algum outro carrão, em locais
escuros ou pouco iluminados. Como se vê, o que vale, muitas vezes, é a aparência. Aliás, já diz
um ditado: "Quanto maior o vestido, mais lixo ele esconde".
No Egipto, para muitas mulheres, assenta como uma luva. As estrangeiras geralmente têm má
fama. Os egípcios acham que elas são da vida fácil, prostitutas. O pior é que eles têm alguma
razão, porque muita gente vai até o Egipto para "fazer a vida". Há muitos casinos, movimentam-se
muitos dólares, principalmente quando aparecem os sauditas no Cairo.

Pluviosidade no Egipto
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No Cairo nunca chove, a não ser durante o inverno, principalmente em Dezembro e Janeiro. Mas
é uma chuva tão miudinha que não molha nada. Chuva a valer, não haverá nunca no Cairo. Seria
um caos total para a cidade. A inesperada tromba de água que caiu na região de Assiut, em 1994,
provocou um incêndio num depósito de combustível e matou mais de 500 pessoas, esta situação
demonstra bem a falta de condições do Egipto para enfrentar uma chuva forte. As varandas dos
apartamentos não possuem ralos. Da mesma forma, as ruas não possuem esgotos pluviais nem
são construídas de modo a facilitar o escoamento das águas durante a chuva. Quando uma chuva
mais forte cai sobre a cidade, tudo se transforma numa piscina de água suja que dá gosto de ver.
As primeiras chuvas são verdadeiras chuvas ácidas, e a poluição acumulada nas nuvens desce
sobre a cidade e os campos de cultivo, causando danos à saúde das pessoas.

A 11ª praga do Egipto


Sabemos pela Bíblia que após as 10 pragas que afectaram todo o povo egípcio, o Faraó,
provavelmente Ramsés II, permitiu que os hebreus partissem. Mas, depois que os hebreus
desapareceram atrás das dunas de areia, o Faraó perseguiu-os e o seu exército acabou por se
afogar no Mar Vermelho, depois de todos os hebreus passarem a salvo. Os hebreus trabalhavam
como escravos na construção de uma cidade chamada Pi-Ramessés, citada na Bíblia, nome
proveniente de Ramsés. Aquela cidade ficava no sítio da antiga Avaris, capital dos hicsos, perto
de um canal ligado ao Nilo, ao norte da actual cidade de Ismailia. Aproveitando a maré baixa,
passaram sem dificuldades. E quando o exército do faraó tentou fazer o mesmo, a maré subiu e
um vento forte mexeu com vigor aquelas águas, ocasionando o afogamento dos soldados. Não se
pode afirmar se essa versão é verdadeira. Porém, o simples facto de os hebreus terem passado
intactos e os egípcios se terem afogado já demonstra um milagre.

E a 11ª praga do Egipto, qual seria?


No período do governo real que antecedeu a Revolução de 1952, houve quem trouxesse da
Argentina uma planta ornamental de nome "jacinto aquático", que servia para embelezar os lagos
dos palácios e casarões do Egipto. É uma planta que cresce muito depressa naquele clima quente
e húmido, e alastra-se como uma praga.
Quando essa planta se começou a desenvolver nos inúmeros canais que levam a água do Nilo
para a irrigação das plantações, começou a ser chamada de "a 11ª praga do Egipto". O jacinto
aquático cobriu rapidamente vários canais, os seus baraços entrelaçaram-se formando um tapete
verde rígido que impediu a navegação dos barcos.
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Além desse inconveniente, a extensa rede formada por esse vegetal consome uma quantidade de
água fenomenal. Lá também aparece o primeiro mosquito causador da dengue.
O trabalho para erradicar esta praga é tarefa perdida. Esse tapete verde que cobre os canais não
deixa de ter alguma utilidade: é um filtro natural para purificar a água poluída e malcheirosa que o
Nilo apresenta na região do Cairo. A trama deste tapete é tão firme e resistente que consegue
sustentar pessoas. Os egípcios, sempre prontos para exagerar qualquer coisa, afirmam que
muitos destes canais podem ser atravessados por jipes, tão resistente que é o emaranhado do
jacinto aquático...

Khamsin, o vento dos 5O dias


Khamsín em árabe quer dizer cinquenta. No Egipto, khamsín é o vento que normalmente aparece
na primavera, se é que no deserto possa haver primavera, lá pelos meses de Março e Abril. Não
aparece todo dia, nessa época, mas esporadicamente, num período de mais ou menos 50 dias.
Por isso o nome de khamsín. Às vezes, esses ventos são verdadeiras tempestades de areia que
deixam o Cairo com aspecto do nevoeiro londrino. A poeira provocada pelo khamsín é como pó de
talco, entra por baixo da porta, pelas janelas fechadas e forma uma camada de pó na casa toda,
inclusive dentro dos armários. Não há protecção contra o khamsín, por mais fechadas que
estejam as portas e janelas.

Alugar uma casa no Egipto

No Egipto o problema das habitações é gravíssimo, por culpa da lei do inquilino e do governo. O
aluguer não pode ser reajustado e o inquilino tem todo o poder de fazer modificações no
apartamento que ocupa. Além disso, torna-se "sócio" do proprietário: o dono do apartamento só o
consegue retirar se lhe oferecer outra habitação. O apartamento alugado ao inquilino pode depois
passar para o seu filho, depois para o neto e assim por diante. Por conta deste absurdo, há cerca
de 2 milhões de apartamentos fechados em todo o Egipto. Preferem deixá-los vazios, entregues
às moscas e à poeira, que os alugar. O problema é tão grande que milhares de pessoas no Cairo
moram nas "Casas dos Mortos", como são chamados os cemitérios naquela cidade.
Passar a roupa a ferro

No Egipto, as mulheres não passam roupa. Essa regalia é exclusiva dos homens.
Há centenas de lavandarias nas áreas residenciais da classe alta e média, com os seus
passadores de roupa, todos homens. A mulher egípcia de certa forma vive como uma princesa.
Nem água a ferver ela coloca no fogão, para o tradicional chá de todos os minutos. Assim, é 19
lógico que não irá perder tempo a passar roupa a ferro.

Existe uma técnica que os homens utilizam para deixar a roupa mais lisa e sedosa, dizem eles,
enchem a boca de água e com uma precisão invejável borrifam a roupa para que esta fique em
perfeitas condições para de seguida lhe aplicarem o ferro de engomar.

Cruz Vemelha e Crescente Vermelho

Todos conhecemos a Cruz Vermelha, aquele organismo internacional dos "capacetes brancos"
que oferece ajuda humanitária nas guerras e catástrofes em geral, e que age sempre em nome da
neutralidade, os judeus têm a Estrela Vermelha de Davi e os árabes, o Crescente Vermelho.
Como se vê, ninguém aceita o símbolo que não seja o da própria religião. É fácil entender porque
os árabes não aceitam o símbolo da cruz. Seria o mesmo que se render à nossa fé, aos
ocidentais "infiéis" que somos e que, segundo alguns fundamentalistas religiosos, seremos
condenados a arder eternamente no fogo do inferno. Assim, os árabes têm nas suas ambulâncias
o desenho da hilal (lua crescente), o Crescente Vermelho. O mesmo símbolo que se vê no alto
das mesquitas.

A Fumaça da Shisha

No Cairo existem imensos bares, com cadeiras até nas calçadas.


Grupos de pessoas, a maioria de galabeya (túnica egípcia) e
turbante, sentam-se para jogar dominó, cartas ou gamão, além de
fumar sua shisha (pronuncia-se xíxa) e tomar seu chá ou café turco.
É a happy hour predilecta do egípcio, assim como beber cerveja à
tarde é a predilecção de muitos portugueses. Nesses cafés, ou al-
kahwa, não se vêem mulheres. A fumaça inunda os locais, com a
enorme quantidade de shishas usadas por um e por outro, cada um
na sua vez. A shisha é uma peça interessante para se fumar. Em
metal ou vidro, na parte superior há um recipiente onde são
colocadas brasas e, sobre estas, o fumo. A esse estranho aparelho é encaixada uma mangueira
emborrachada ou de plástico, com uma espécie de ponteira por onde é aspirada a fumaça.
Só que a fumaça, antes de chegar à boca do fumador, passa por um recipiente de água no fundo
da peça, para filtrar a nicotina e o alcatrão do fumo. Na realidade, a shisha é um "cachimbo"
bastante sofisticado. Além do chá, que é tomado a toda a hora e por todos nas kahwa, há muita
gente que prefere o café turco. O café turco, na verdade, é um café normal que se toma com borra
e tudo. A borra que fica no fundo do copo pode ter um significado decisivo para muita gente. Há
quem ache que os desenhos formados no fundo do copo com borra de café servem para prever o 20
sucesso nos negócios, a chegada do amor, muito dinheiro e felicidade eterna. Basta saber
interpretar os estranhos desenhos da borra de café que se formam no fundo do copo de vidro.

Pelo interior do Egipto

No Delta do Nilo, bem como em todo o país, são muito comuns as construções em forma de
cones, caiadas com um branco lavado, que servem para a criação de pombos. Com furos nas
paredes e extensões de varetas para o pouso das aves, estes abrigos têm ainda a função de
juntar, no seu interior, o guano, o estrume dos pombos, que é um fertilizante valioso. Um prato
típico no Egipto é a sopa de pombo, conhecida como molukhiya.

Uma figura impagável é aquela observada em feiras livres, com a mulher a forçar a alimentação
do pombo, colocando milho à força goela abaixo da ave, numa operação boca a boca.

Alexandria é a segunda maior cidade do Egipto, com mais de 3 milhões de habitantes. Fundada
por Alexandre, o Grande, em 332 a.C., a cidade outrora comportou a "Civilização Alexandrina",
onde floresceu um importante centro de artes, ciências e escolas de filosofia. Hoje contém um
movimentado porto e a cidade estende-se, principalmente, numa estreita faixa de terra.
A mesquita Sidi Abu Al-Abbas é um lindíssimo edifício que contém uma composição muito bem
trabalhada de arabescos nas suas 4 cúpulas, assim como a volta de todo o prédio e do minarete
que espeta os céus. Na época do ramadão, à noite as luzes tornam ainda mais bonita esta que é
uma das mais espectaculares mesquitas do Egipto.

Os Beduínos

Na Península do Sinai é grande o número de beduínos. Povo nómada em busca de alimentação


para os seus animais. As mulheres dos beduínos, além dos vestidos longos, usam véus negros
adornados com moedas de ouro ou prata, que cobrem quase todo o rosto, e que indicam o status
de riqueza da família. Elas pastoreiam os animais, principalmente ovelhas e cabritos, com cães
magricelas, em busca de vegetação que quase não se vê. Os homens usam túnicas longas e
véus brancos com um laço negro para prender os mesmos à cabeça.
Eles cozinham, tomam conta dos camelos e fazem fogueiras de ramos de acácia para aquecer o
chá em latas escurecidas pela densa fumaça. O beduíno, porém, é um homem muito desconfiado.
Totalmente isolado, suspeita de todos, até dos parentes mais próximos, que possam roubar a sua
escassa vegetação para o rebanho e a pouca água disponível. Um provérbio beduíno exemplifica
bem a sua filosofia básica: "Eu contra o meu irmão; o meu irmão e eu contra o nosso primo; o
meu irmão, eu e o nosso primo contra o mundo". 21

A pressa dos egípcios

No Cairo, é bem visível a pressa eterna dos egípcios no trânsito,


sempre a buzinar, a correr como loucos, sem qualquer respeito
pela sinalização, querendo sempre abrir caminho de qualquer
maneira. Sempre com muita pressa, loucos para chegar sabe Deus
onde. Mas porquê tanta pressa?
No Egipto as ruas podem ser muito sujas, o povo sem higiene. Mas
há uma coisa importante, as crianças do Egipto ainda têm o que as nossas crianças desde muito
cedo já perderam por causa da porcaria que aparece diariamente na televisão, nas revistas, na
vida do dia-a-dia: pureza. No Egipto encontramos ainda crianças inocentes, com 10, 12 anos. E
mesmo os adultos têm um comportamento que muitas vezes pensamos que são todos
criancinhas. Como as águas do Nilo, que mansamente correm para o Mediterrâneo, os egípcios
não têm pressa nenhuma em atingir este estado da civilização que nós ocidentais já atingimos,
violência de todo tipo, apelo sexual, completa falta de pudor.

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