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ASPECTOS JURÍDICOS DA PRISÃO CIVIL POR ALIMENTOS

Alan Dias *

PROCESSO CIVIL

1.- Introdução, 2- Prisão em face da obrigação alimentar na Constituição Federal e os princípios


constitucionais, 3- A prisão civil, o C.P.C e a C.F./88, 4- Prisão civil e Juizado Especial, 5-
Jurisprudência e meses devidos, 6- Conclusão, 7-Bibliografia.

1- Introdução.

O direito constitucional da liberdade do homem, na República Federativa do Brasil, é assegurado pelo art.5º
da Constituição Federal de 1988, ápice do Ordenamento Jurídico Brasileiro.

A prisão, quer seja prevista na área civil ou penal, deve respeitar os princípios constitucionais do processo,
pois, não ocorrendo, haverá a infração dos fundamentos basilares da jurisdição brasileira, além de atingir o
Estado Democrático de Direito, visto que o magistrado, no exercício de suas funções, estará exercendo sob
o aspecto ditatorial sem qualquer embasamento jurídico.

2- Prisão em face da obrigação alimentar na Constituição Federal e os Princípios Constitucionais.

"Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;"

A Carta Magna/88 apresenta a maioria dos princípios constitucionais, explícitos no art.5º, norteando o
ordenamento jurídico pátrio. A supremacia do ápice legal não apresenta derrogações condicionadas ao bem
querer da comunidade política e jurídica, visto que, além da impossibilidade de ser objeto de emenda,
conforme vedação constitucional prevista no art.60, tais princípios, assim como a isonomia, o devido
processo legal, a ampla defesa e o contraditório, constituem em fundamentos basilares da jurisdição
brasileira.

A aplicabilidade dos princípios norteadores apresenta uma harmonia e equilíbrio, possibilitando a


coexistência desses com os direitos e garantias fundamentais previstos no art.5º sem que haja disparidade,
salientando que, se esta houvesse, poderia resultar no desvio da função jurisdicional. Como exemplo,
verifica-se a existência do direito da liberdade individual do homem e das únicas prisões civis previstas no
inciso LXVII do mesmo artigo.

Constata-se que a prisão, relacionada ao tema, é explicita quando prevê no art.5º, inciso LXVII que "não
haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia"; logo não admite-se interpretação extensiva, pois que haveria o suprimento da
garantia constitucional do direito da liberdade do homem. Verifica-se, também, que fora dessa hipótese
constitucional, o decreto judiciário configurará uma inconstitucionalidade ao confrontar os princípios do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa previstos no art.5º e incisos LIV e LV, além de
atingir o princípio do Estado Democrático de Direito previsto no caput do art.1º.

3- A prisão civil, o C.P.C e a C.F./88.


Art.733. Na execução de sentença ou de decisão , que fixa os alimentos provisionais, o juiz
mandará citar o devedor para, em três (3) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a
impossibilidade de efetuá-lo.

§ Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-à a prisão pelo prazo de um ( 1 ) a
três ( 3 ) meses.

Analisando sistematicamente este artigo do Código de Processo Civil com o art.5º, inciso LXVII da C.F./88,
constata-se que o procedimento prevê a possibilidade de prisão civil alimentar, quando na hipótese de
inadimplemento voluntário e inescusável. Logo, o art.733 garante o princípio da ampla defesa antes da
decretação do mandado de prisão.

O descumprimento da previsão normativa enseja à possibilidade de interpor o recurso de agravo com


pedido liminar ou impetrar a ação de Habeas Corpus, salientando que nesta, sendo discutido o
procedimento adotado, verifica-se a possibilidade ou a existência de prisão ilegal, sob o aspecto do "erro in
procedendo". Constata-se que em face da norma, a expedição de mandado citatório ao demandado deve
conter o prazo e a advertência para ..."efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo",... sob pena de nulidade que pode ser argüida na ação de Habeas Corpus preventivo. O
procedimento só possibilita a ordem da prisão civil em despacho fundamentado, salientando a incidência do
art.93 e inciso IX da C.F./88, que na oportunidade, analisa a peça de Justificação do executado,
possibilitando o contraditório e a ampla defesa. Deve-se atentar a interessante posição do STJ ( 1), a um
caso concreto, no Habeas Corpus de n. 1648-0 RJ, que assim se pronunciou:

"PRISÃO CIVIL PELO NÃO PAGAMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. NECESSIDADE DE


FUNDAMENTAÇÃO.

I-A Constituição e a lei processual civil exigem que a prisão do devedor de pensão alimentícia
promane de decisão fundamentada, não podendo decorrer de mero despacho ordenando o
pagamento, sob pena de prisão.

II- Recurso conhecido e provido."

A ação de Habeas Corpus constitui no melhor meio processual possibilitando a correção do procedimento
com o conseqüente saneamento da prisão ilegal ou a sua possibilidade. Deve-se atentar a manifestação do
ilustre Doutrinador, Mestre e Desembargador ARAKEN DE ASSIS ( 2):

"...De limite angusto, a cognição judicial neste remédio jamais desce à planície valorativa do
error in iudicando, da injustiça do ato e da valoração da prova.. Exemplificativamente, se afiguram
compatíveis com os lindes escassos da impetração as seguintes matérias: a) incompetência do
juízo; b) falta de pedido; c) falta de indicação ou de ilíquida da dívida; d) ausência de chamado para
o devedor se manifestar sobre o cálculo de liquidação; e) omissão de prazo para defesa; f) recusa
imotivada de abertura da fase instrutória; g) desobediência ordem preferencial dos meios
executórios; h) decisão carcerária prematura, expedida antes da determinação para que sejam
efetuados descontos de diferenças de reajustamentos da pensão alimentícia; i) inexistência ou
insuficiência da motivação do ato decisório; j) extinção da dívida por causa superveniente à defesa."

4- Prisão civil e juizado especial.

Com o advento da Lei n.9099/95, o ordenamento jurídico processual brasileiro ganhou um novo dinamismo
nas situações jurídicas que comportam a utilização do procedimento especial.

Não obstante a possibilidade de conciliação versando sobre matérias de competência material vedada pelo
art.3º da Lei n.9099/95, em face da incidência do art.58 da mesma lei, na hipótese de alimentos destinados
a INCAPAZES, é mister a necessidade de pelo menos a intimação do parquet, sob pena de nulidade
absoluta, em face da previsão normativa do art.11 da lei especial combinado com o art.82, 84 e 246 do
C.P.C.. Constata-se, também, que não obstante interpretando o termo "causas" previsto no art.58 da lei
especial relacionado à competência em razão da matéria, há a vedação absoluta relacionada ao incapaz,
impedindo que este seja parte na ação de alimentos proposta no Juizado Especial, em virtude do art.8º
caput, todavia a possibilidade de conciliação ( art.22 e 23 ) , sob a hipótese prevista no art.58, salientando
que esta concretiza se mediante o prévio ajuizamento de ação judicial, atendendo aos pressupostos legais e
às condições da ação. Logo, em face desses aspectos legais, constata-se, sob um conceito jurídico mais
preciso, que a sentença de homologação propalada é inexistente ( ou absolutamente nula, pois este é o
posicionamento de alguns doutrinadores ) , visto que não há o interesse de agir do autor e configura-se a
incompetência absoluta em razão da matéria ( falta de pressuposto processual ) , além da vedação
normativa insanável prevista no art. 8º da lei n. 9099/95, revelando a inexistência do exercício do direito de
ação e da relação processual. Deve-se atentar o posicionamento dos eminentes e ilustres, doutores Teresa
Arruda Alvim Pinto ( 3 ) e Humberto Theodoro Júnior ( 4 ) :

... Tendo sido movida uma ação, estando ausentes uma ( ou mais ) de suas condições, terá sido
exercido direito de petição, e não direito de ação.

Ora, inexistente a ação, o mesmo se poderá dizer do processo e, por conseguinte, da sentença.

Liebman diz que: "A ação tem por garantia constitucional o genérico poder de agir, mas em si
mesma não é absolutamente genérica..."

"Se, num determinado caso, faltam as condições de ação, ou mesmo só uma delas, haverá
carência de ação, devendo o juiz abster-se quanto a um juízo sobre o mérito e limitar-se a declarar
inadmissível a demanda."

A ação é o "direito ao processo e ao julgamento do mérito", diz Liebman. Logo, parece autorizado
concluir-se que quem não tem este direito, por não estarem satisfeitas as condições da ação, não
terá exercido, propriamente, o direito de ação, mas um outro direito ligado à genérica garantia
constitucional, o direito de petição.

... Diz Liebman textualmente que "as condições da ação são requisitos constitutivos da ação" ( grifo
nossos ). Somente se existem, pode considerar-se existente a ação." ...

- Teresa Arruda Alvim Pinto

... "A sentença é nula ipso iure quando a relação processual em que se apóia acha-se contaminada
de igual vício. Para reconhecê-lo não se reclama a ação rescisória, posto que dita ação pressupõe
coisa julgada que, por sua vez, reclama, para sua configuração, a formação e existência de uma
relação processual válida.

... Embora não haja necessidade de se valer da ação rescisória para obter a parte prejudicada o
reconhecimento da nulidade ou inexistência do julgado, no caso ora apreciado, não será correto
omitir-se o tribunal de apreciar a questão, se a parte lançar mão da ação do art.485 do Código de
Processo Civil. É que as nulidades ipso iure devem ser conhecidas e declaradas
independentemente de procedimento especial para esse fim, e podem sê-lo até mesmo
incidentalmente em qualquer juízo ou grau de jurisdição, até mesmo de ofício segundo o princípio
contido no art.146 e seu parágrafo, do Código Civil." ...

- Humberto Theodoro Júnior

Analisando-se sob o aspecto econômico, social e jurídico, constata-se que os autores pertencem a um baixo
nível social sem que haja condições financeiras para arcar com despesas de custas processuais, honorários
advocatícios, além da celeridade peculiar dos Juizados Especiais; visto que, quando ajuizada a ação de
alimentos, a audiência de conciliação é determinada, no mesmo ato, com a média de 15 a 20 vinte dias,
salientando que a parte pode comparecer sozinha, além da segurança da rápida prestação jurisdicional,
quer seja favorável ou não.

Não obstante a existência do grande contingente social exigindo uma prestação jurídica condizente, deve-se
seguir o procedimento legal, visto que, não o fazendo, o autor, no futuro, terá grandes prejuízos com
repercussões sociais negativas. O procedimento apresenta o embasamento normativo que, na prática, deve
ser aplicado com o devido equilíbrio.

Tendo em vista a previsão legal explanada, quando na hipótese do não cumprimento do acordo de
alimentos, possibilitando a execução e em face da inexistência normativa que veda a execução do suposto
título executivo no juizado especial, deve-se ajuizar a ação executiva declinando a competência a uma das
varas de família.
Contudo, na hipótese da inexistência ou da nulidade absoluta e insanável da Sentença de Homologação,
deve-se argüi-la na oportunidade da defesa, sob o aspecto da inexigibilidade do título, visto que, admitindo-
se a ação executiva, haverá a infração do devido processo legal, possibilitando o ajuizamento do Habeas
Corpus preventivo ou liberatório, quando na hipótese do procedimento do art.733 do C.P.C.. Deve-se
constatar o interessante posicionamento do STJ:

"H.C. 1984/DF - PROCESSUAL. JUIZADO INFORMAL DE PEQUENAS CAUSAS. ALIMENTOS.


ACORDO. - PRISÃO DO DEVEDOR. Vedada a Jurisdição conciliatória as causas de natureza
alimentar (Lei 7.244/84, Art. 3., parágrafo 1.), o acordo das partes, homologado em sede do
chamado juizado informal, não tem eficácia para a compulsão executória da prisão civil do
devedor, a mingua do devido processo legal (Lei 5.478/68, Art. 19)."

"H.C. 9363/BA - ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL. ACORDO CELEBRADO PERANTE O JUIZ DO


ESPECIAL CÍVEL. PARCELAS PRETÉRITAS.

- Excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, o acordo


celebrado pelas partes, ainda que homologado por aquele Juízo, não tem eficácia para a
compulsão executória da prisão civil do devedor, à míngua do devido processo legal.

- Cuidando-se de débitos pretéritos, inadmissível a execução nos moldes previstos no art.733 do


Código de Processo Civil. Precedentes. Ordem concedida para afastar a cominação de prisão civil."

Deve-se, ainda, atentar que havendo sentenças homologatórias ( inexistentes ou nulas de pleno direito ) de
conciliação, constitui em um entrave jurídico, visto que a Lei n.9099/95, veda a possibilidade de recurso e
ação rescisória conforme o art.41 e 59. Constata-se, também, que não se aplica o art.486 do C.P.C., visto
que a sentença não homologa um mero acordo, como ocorre com a separação consensual que apresenta o
crivo jurídico relacionado à composição de vontades, salientando que nesta não há partes e nem litígio e
que o procedimento especial não prevê a ação anulatória.

5- Jurisprudência e meses devidos:

A Jurisprudência consolidada se manifesta no deferimento do pedido do Habeas, quando o inadimplemento


supera os três últimos meses, conforme constata-se nos acórdãos proferidos pelo STF de n. 75180-6 MG e
STJ nos n. 6.702-SP, 6.789-ES, 6.321-SP, 7.367-GO ( 1 ). Conclui-se que a inércia do autor revela o
desinteresse e a falta da necessidade dos alimentos, revelando, ainda, que se necessidade houvesse,
ajuizaria, de logo, a demanda evitando a morte por inanição; pois, portanto, concede-se a ordem. Verifica-se
a posição interessante de que o débito superior a três meses se constitui em simples dívida pecuniária
relacionada ao ressarcimento de despesas despendidas pelo exequente, em face do inadimplemento do
executado. Não obstante este aspecto da jurisprudência, deve-se analisar o caso concreto, em face das
provas acostados nos autos do Habeas Corpus. Inúmeras decisões concedem parcialmente a ordem
relativa ao período de débito alimentar superior aos três últimos meses e denega aos três últimos, pois
nestes apresentam o "caráter" da prisão civil na hipótese elencada no art.733 do C.P.C.. Não obstante esse
posicionamento jurisprudencial, deve-se atentar a manifestação do ilustre Doutrinador Arnaldo Marmitt que
assim manifestou ( 5 ):

"...Não é esta, por certo, a melhor solução, porque na verdade as quantias referentes aos
débitos atrasados, só pelo fato do atraso não perdem o caráter de prestação alimentar. Se assim
fosse, ninguém mais estaria obrigado a pensionar ninguém. O atraso, atribuível ao devedor, não
despe as parcelas da natureza da causa de que emanam. O débito continua sendo alimentar.
Exatamente por isso, por sempre conservarem essa índole os débitos pretéritos, nenhuma eiva de
nulidade pode ser vista no decreto prisional do devedor, já que providência é legalmente prevista
para o descumpridor em hipóteses que tais. Se tinha motivos para embasar pedido de exoneração,
ao alimentante cumpria tomar essa providência, que seria idônea para obviar sua prisão. Não o
fazendo, porém, oportunamente, e sendo vedado ao devedor beneficiar-se de sua própria relapsia,
se não postulou a liberação do encargo, legítima é a sua custódia civil, ainda mais quando não
justificada a impossibilidade de prestar os alimentos devidos..."

6- Conclusão.

Tendo em vista o exposto, verifica-se que as garantias do devido processo legal e demais princípios
correlatos devem ser respeitados, sob pena da nulidade absoluta e do favorecimento a alguns (executados )
que, sob o aspecto moral, não apresentam qualquer direito.
Todo e qualquer procedimento deve ser respeitado, não importando a exigência social, conforme dito no n.4,
parágrafos 3º e 4º, sob pena de haver o entrave jurídico através da impetração do Habeas Corpus, visto
que, quando o Magistrado ultrapassa os parâmetros e limites legais, este atua sem a sua autoridade peculiar
ao exercício da função jurisdicional e sim com o autoritarismo ditatorial de um monarca jurídico, podendo ser
corrigido pelo writ constitucional.

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