A
Era dos Direitos. 4. ed. Traduo de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus,
1992. p. 15 24.
[...] haver paz estvel, uma paz que no tenha a guerra como alternativa, somente
quando existirem cidados no mais apenas deste ou daquele Estado, mas do mundo.
(p.1)
Nascem quando devem ou podem nascer. (p.6)
Kant havia racionalmente reduzido os direitos irresistveis (que ele chama de inatos) a
apenas um: a liberdade. Mas o que liberdade?
4. Essa iluso j no possvel hoje; toda busca do fundamento absoluto , por sua vez,
infundada. Contra essa iluso, levanto quatro dificuldades (e passo assim ao segundo
tema). (p.17)
Direitos que foram declarados absolutos no final do sculo XVIII, como a propriedade
sacre et iviolable, foram submetidos a radicais
limitaes nas declaraes
contemporneas; direitos que as declaraes do sculo XVIII nem sequer mencionavam,
como os direitos sociais, so agora proclamados com grande ostentao nas recentes
declaraes. (p.18)
No se pode afirmar um novo direito em favor de uma categoria de pessoas sem
suprimir algum velho direito, do qual se beneficiavam outras categorias de pessoas: o
reconhecimento do direito de no ser escravizado implica a eliminao do direito de
possuir escravos; o reconhecimento do direito de no ser torturado implica a supresso
do direito de torturar. (p.20)
Todas as declaraes recentes dos direitos do homem compreendem, alm dos direitos
individuais tradicionais, que consistem em liberdades, tambm os chamados direitos
sociais, que consistem em poderes. Os primeiros exigem da parte dos outros (includos
aqui os rgos pblicos) um certo nmero de obrigaes positivas. (p.21)
O fundamento absoluto no apenas uma iluso; em alguns casos, tambm um
pretexto para defender posies conservadoras. (p.22)
Por isso, agora, no se trata tanto de buscar outras razes, ou mesmo (como querem os
jusnaturalistas redivivos) a razo das razes, mas de pr condies para uma mais ampla
e escrupulosa realizao dos direitos proclamados. (p.23)