L'OSSERVATORE ROMANO EDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS

Unicuique suum Non praevalebunt

Ano XLI, número 5 (2.093), sábado 30 de Janeiro de 2010 Cidade do Vaticano Preço ; 1,00. Número atrasado ; 2,00

No final da audiência geral dedicada a São Francisco de Assis, Bento XVI recordou o Dia da memória

Nunca mais tragédias

em nome do ódio racial e religioso
No Dia da memória o Papa recordou
todas as vítimas do «ódio racial
e religioso», sobretudo as do Shoah,
e desejou que «não se repitam mais
tragédias semelhantes». O apelo
de Bento XVI ressoou no final
da audiência geral de quarta-feira
27 de Janeiro na Sala Paulo VI.
Há sessenta e cinco anos, a 27 de
Janeiro de 1945, foram abertos os
portões do campo de concentração
nazista da cidade polaca de Ošwię-
cim, conhecida com o nome ale-
mão de Auschwitz, e foram liberta-
dos os poucos que sobreviveram.
Este acontecimento e os testemu-
nhos dos sobreviventes revelaram
ao mundo o horror de crimes de
crueldade indizível, cometidos nos
campos de extermínio criados pela
Alemanha nazista.
Hoje, celebra-se o «Dia da memória», em recorda-
ção de todas as vítimas daqueles crimes, especialmen-
te da aniquilação planificada dos judeus, e em honra
de quantos, com o risco da própria vida, protegeram
os perseguidos, opondo-se à loucura homicida. Com
o coração comovido pensamos nas inúmeras vítimas
de um cego ódio racial e religioso, que sofreram a
deportação, a prisão, a morte naqueles lugares aber-
rantes e desumanos. A memória destes factos, sobre-
tudo do drama do Shoah que atingiu o povo judeu,
suscite respeito cada vez mais convicto pela dignida-
de de cada pessoa, para que todos
os homens se concebam como uma
única e grande família. Deus omni-
potente ilumine os corações e as
mentes, para que não se voltem a
repetir tais tragédias!
Precedentemente, o Papa dedicou
a catequese a São Francisco de Assis,
recordando em particular a pobreza
interior, a disponibilidade para
o diálogo, o amor pela criação,
a devoção eucarística. Bento XVI
pôs em evidência como a sua obra
de renovação da Igreja não se
realiza «sem ou contra o Papa, mas
só em comunhão com ele».
E convidou a não contrapor
o «Francisco da tradição»
ao «Francisco histórico», que
– segundo alguns – «não teria sido
um homem de Igreja». O verdadeiro «Francisco
histórico» – esclareceu – é «o Francisco da Igreja,
e precisamente assim fala também aos não-crentes,
aos fiéis de outras confissões e religiões».
CATEQUESE NAS PÁGINAS 14 E 16

Conclusão da Semana de oração em S. Paulo fora dos Muros Encorajamento a quantos lutam para reagir à tragédia

Cristãos unidos para tornar Dar um futuro ao Haiti

crível o anúncio do Evangelho
A unidade é uma condição
essencial para a credibilidade
e a eficácia do testemunho
dos cristãos. Afirmou Bento
XVI na homilia das segundas
Vésperas celebradas na Basí-
lica de São Paulo fora dos
Muros na tarde de segunda-
feira, 25 de Janeiro, festa da
conversão de São Paulo, na
conclusão da Semana de ora-
ção ecuménica. O Pontífice
ressaltou «a contradição» en-
tre o desejo de anunciar aos
outros a mensagem de recon-
ciliação do Evangelho e as
divisões ainda existentes en-
tre os crentes em Cristo.
Recordando o centenário
da conferência missionária
realizada em 1910 em Edim-
burgo, na Escócia, o Sumo
Pontífice garantiu que «a in-
tuição daqueles corajosos precursores é
ainda muito actual». Num mundo
marcado «pela indiferença religiosa, e
até por uma crescente aversão em re-
lação à fé cristã, é necessária uma no-
va e intensa, actividade de evangeliza-
ção». Não só «entre os povos que
nunca conheceram o Evangelho – es-
clareceu o Papa – mas também entre
os quais o Cristianismo se difundiu e
faz parte da história», que levou Ben-
to XVI a fazer o convite para oferecer
«um testemunho comum», face aos
desafios actuais, como a «secularização
e a indiferença, o relativismo e o he-
donismo, os delicados temas éticos re-
lativos ao princípio e ao fim da vida,
os limites da ciência e da tecnologia, o
diálogo com as outras tradições reli-
giosas». Indicou também como cam-
pos de empenho concreto «a salva-
guarda da Criação, a promoção do
bem comum e da paz, a defesa da
centralidade da pessoa humana, o
compromisso para pôr fim às misérias
do nosso tempo, como a fome, a indi-
gência, o analfabetismo e a desigual-
dade na distribuição dos bens».
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Após quatro dias do terrível sismo
que assolou o Haiti, Bento XVI
enviou uma mensagem ao Presi-
dente da República e outra ao
Presidente da Conferência Episco-
pal desse país caraíbico. A publi-
cação destes dois textos ressalta a
solicitude constante do Pontífice
para com as populações vítimas
do sismo e o seu apoio a uma
obra de solidariedade eficaz e du-
radoura, que supere a emoção do
primeiro momento. O terramoto
de Haiti permanece para o mun-
do um desafio destinado a ser
vencido unicamente com a cola-
boração de todos. Um papel im-
portante pode ser desempenhado pela ONU, como deu a entender o Cardeal Se-
cretário de Estado numa Mensagem que enviou em nome do Papa a Ban Ki-
moon, Secretário-Geral, na qual expressa a gratidão do Papa pelo «empenho
pela prevenção dos conflitos e a manutenção da paz e a reconcilição pós-conflito
que as Nações Unidas desempenham em tantas nações». Bento XVI recorda com
tristeza todas as vítimas da catástrofe, começando pelo Representante especial
da ONU e pelo Arcebispo de Port-au-Prince, o qual serviu com generosidade a
sua diocese e, através do seu trabalho na Pontifícia Comissão para a América
Latina, alargou a sua solicitude a todo o continente, e cujo funeral foi celebrado
diante das ruínas da catedral destruída.
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Dedicada ao mundo digital Os «Lineamenta» para o Sínodo
a Mensagem do Papa para o Dia dos Bispos do Médio Oriente
Mundial das Comunicações Sociais
A Igreja católica
Na web em plena no Médio Oriente:
fidelidade ao Evangelho comunhão e testemunho
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