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Os jornais conseguirão obter lucro na Web sem o Google?

Yuri Almeida é jornalista, especialista em Jornalismo Contemporâneo, pesquisador do


jornalismo colaborativo e edita o blog herdeirodocaos.com sobre cibercultura, novas
tecnologias e jornalismo. Contato: hdocaos@gmail.com / twitter.com/herdeirodocaos

O ano de 2010 será crucial para as empresas jornalísticas definirem os mecanismos de


geração de receita na Internet. O rompimento da Associated Press (AP) e do Rupert
Murdoch (News Corporation) com o Google (Google News) e a decisão do Murdoch
em cobrar por conteúdo veiculado na Web, em seus jornais, indicam o caminho a ser
trilhado pela indústria da informação.

Em um polêmico artigo publicado no The Wall Street Journal, Murdoch disse que
“alguns jornais não conseguirão se adaptar a realidade digital contemporânea e irão
acabar. A culpa deste processo não é da tecnologia” Para ele, o futuro do jornalismo é
mais promissor do que nunca, desde que “as empresas jornalísticas encontrem as
melhores maneiras de satisfazer as necessidades dos seus telespectadores, ouvintes e
leitores”

Murdoch aponta três elementos que serão fundamentais para garantir a sobrevivência
dos jornais:

1- as empresas de mídia precisam dar às pessoas as notícias que eles querem. De acordo
com ele, não basta “uma parede repleta de prêmios e um circulação em declínio”.
Murdoch frisa ainda que os jornais precisam investir em novos meios de distribuição e a
mobilidade é palavra-chave deste processo pois “os consumidores de notícias não
querem estar presos em suas casas ou escritórios para obterem notícias favoritas”.

2- o bom jornalismo não pode ser feito de graça. “Os consumidores precisam pagar
pelas notícias oferecidas na Internet. Os críticos dizem que as pessoas não vão pagar,
mas os nossos leitores são inteligentes o suficiente para saber que nada é de graça”,
defende o magnata.

Para ele, o modelo de negócio baseado em publicidade on-line não pode sustentar os
jornais mesmo que ocorra um aumento dos anunciantes. Murdoch alfineta indiretamente
o Google quando diz que “eles estão se alimentando dos esforços e suor dos outros” e
diz se sentir “roubado” quando alguns veículos reescrevem as matérias publicadas em
seus jornais, sem ao menos dar crédito ao autor da matéria. Por fim, diz estar aberto
para diferentes modelos de remuneração, mas nada sairá de graça.

3- Governo deve “livrar” jornais de regulamentações e não deve financiar a mídia.


Sobre a regulamentação, Murdoch diz que as regras são obsoletas, quando impede, por
exemplo, as pessoas possuírem uma estação de televisão e um jornal. “Atualmente, a
sua concorrência não é necessariamente a estação de TV na mesma cidade. Pode ser um
site do outro lado do mundo, ou mesmo um ícone no telefone celular.
Já sobre o investimento público em jornais é classificado como “assustador” para quem
se preocupa com a liberdade de expressão, uma vez que os jornais devem ser um
contrapeso aos governos. “Os lucros garantem a independência dos jornais”, finaliza.

Comentários sobre o pensamento do Murdoch

O magnata acerta quando diz que as “empresas de mídia precisam dar às pessoas as
notícias que eles querem” e quando destaca a necessidade de convergência e
multimidialidade das notícias.

Sobre o financiamento público de jornais, os governos devem investir em experiências


públicas e/ou estatais, visando a pluralidade de discursos, o regionalismo e as culturas
locais e não na lógica mercadológica das empresas de comunicação. Já em relação ao
“deixar fazer, deixar passar” é discurso velho de empresário que ninguém se engana.

Porém, cobrar por acesso ao conteúdo no ciberespaço limita a difusão e acesso ao


conhecimento. Os leitores são inteligentes ao ponto de descobrirem mecanismos para ler
os jornais do Murdoch de outra forma. Após analisar diversas pesquisas sobre a
intenção dos leitores pagarem por conteúdo na Web, o blog PDA do Guardian, aponta
que a média de consumidores que aceitariam a cobrança é de apenas 21,8% (a pesquisa
se concentrou em países da Europa). Obviamente, cada estudo sinaliza um cenário
diferente, mas é claro que se os jornais pretendem cobrar vão precisar convencer o leitor
a fazê-lo.

Por outro lado, a decisão de cobrar pelas notícias, certamente irá diminuir o número de
leitores e, principalmente, a influência dos seus jornais no agendamento da agenda
pública. Philip Meyer, em seu livro “Os jornais podem desaparecer? – como salvar o
jornalismo na era da informação”, comenta que durante a maior parte do século XX os
jornais eram verdadeiros monopólios da visibilidade pública. Os jornais eram como
pedágio. Para que os varejistas pudessem “trafegar” neste universo era necessário pagar.
“Ser dono de um jornal era como ter que recolher um imposto sobre a venda. Mas as
novas tecnologias estão se desviando desse gargalo. Os varejistas atuais encontram
outros caminhos para suas mensagens”. (p. 43)

A tese do Meyer sobre os jornais funcionarem como “pedágio” é correta, mas não se
adequa a era “Google”. Se 95% dos sites mais visitados no Brasil são os sites de busca
podemos fazer uma analogia de que estes sim são os “pedágios informativos” e,
consequentemente, roubam acesso direto dos jornais, que precisam fazer acordo para
dividir a publicidade com o Google, por exemplo. É uma equação simples: os jornais
possuem conteúdo e o Google, a audiência. Se bem posicionados nos sistemas de busca,
os jornais podem atrair mais leitores e aumentar o preço dos anúncios em suas
respectivas páginas, porém a receita obtida com os anúncios online (Google Adsense) é
lucrativa para o Google e não para a indústria de informação. Nas palavras do Murdoch
“eles estão se alimentando dos esforços e suor dos outros”.

E a convocação do Rupert Murdoch para que os jornais e agências boicotem o Google,


em especial com o Google News, começa a dar resultado. A Associated Press (AP)
rompeu a relação com o serviço de notícias da empresa e informações posteriores a 23
dezembro já não consta no Google News.
A motivação (oficial) da AP é a falta de acordo em relação a divisão dos lucros gerados
pela publicidade online do Google. Porém, o viés dessa decisão é o questionamento da
potencialidade da publicidade online e o Google como mediador de receita, ou como
dizem no interior o meeiro (lucro divido ao meio). No caso da AP, a sua principal fonte
de receita provém das assinaturas dos meios de comunicação, logo o que vem do
Google, ao que parece, não diferencia os rendimentos da agência.

Os rompimentos com o Google News (simbolicamente) fragilizam a publicidade online


(representada aqui pelo Google, tanto o sistema de busca como o Google Adsense) e
fortalecem a decisão dos jornais em cobrar por conteúdo e afastar os sistemas de busca
na geração de receita online. Portanto, a questão para o jornalismo em 2010 é: Os
jornais conseguirão obter lucro na Web sem o Google?

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