QUINTA-FEIRA
Nos doentes, vemos o próprio Cristo que nos diz: O que fizestes por um
destes, a mim o fizestes8. “Quem ama verdadeiramente o próximo deve fazer-
lhe bem ao corpo tanto como à alma – escreve Santo Agostinho –, e isso não
consiste apenas em acompanhar os outros ao médico, mas também em cuidar
de que não lhes falte alimentação, bebida, roupa, moradia, e em proteger-lhes
o corpo contra tudo o que possa prejudicá-lo... São misericordiosos os que
usam de delicadeza e humanidade quando proporcionam aos outros o
necessário para resistirem aos males e às dores”9.
Entre as atenções que podemos ter com os doentes está o cuidado de visitá-
los com a frequência oportuna, de procurar que a doença não os intranqüilize,
de facilitar-lhes o descanso e o cumprimento de todas as prescrições do
médico, de fazer com que o tempo que estejamos com eles lhes seja grato.
Não esqueçamos que os doentes são o “tesouro da Igreja” e que têm um poder
muito grande diante de Deus, pois o Senhor os olha com particular predilecção.
“Criança. – Doente. – Ao escrever estas palavras, não sentis a tentação de as
pôr com maiúsculas? É que, para uma alma enamorada, as crianças e os
doentes são Ele”10.
II. DEVEMOS PREOCUPAR-NOS pela saúde física dos que estão doentes e
também pela sua alma. Procuraremos ajudá-los com os meios humanos ao
nosso alcance e, sobretudo, procuraremos fazê-los ver que, se unirem essa dor
aos padecimentos de Cristo, ela se converterá num bem de valor incalculável:
será ajuda eficaz para toda a Igreja, purificação das faltas passadas e uma
oportunidade que Deus lhes dá para progredirem muito na santidade pessoal,
porque não raras vezes Cristo abençoa com a Cruz.
A Igreja também não deseja que se espere até os momentos finais para
recebê-lo, mas quando se começa a estar em perigo de morte por doença ou
velhice12; pode-se, porém, reiterá-lo, se o doente se recupera depois da Unção
ou se, durante a mesma doença, se acentua o perigo ou a gravidade13; pode-
se administrá-lo também a quem vai submeter-se a uma intervenção cirúrgica,
desde que a causa da operação seja uma doença grave14.
Deste modo a alma sai fortalecida e recupera a juventude e o vigor que tinha
perdido em consequência das suas faltas e debilidades.
III. QUANDO O SENHOR nos fizer experimentar a sua Cruz através da dor e
da doença, deveremos considerar-nos filhos predilectos. Ele pode enviar-nos a
dor física ou outros sofrimentos: humilhações, fracassos, injúrias, desgostos na
família... Não devemos esquecer então que a obra redentora de Cristo
prossegue através de nós.
João Paulo II afirma que a dor “não só é útil aos outros, como também lhes
presta um serviço insubstituível. No Corpo de Cristo [...] o sofrimento,
impregnado do espírito de sacrifício de Cristo, é o mediador insubstituível e o
autor dos bens indispensáveis à salvação do mundo. Mais do que qualquer
outra coisa, é o sofrimento que abre caminho à graça que transforma as almas
humanas. Mais do que qualquer outra coisa, é ele que torna presentes na
história da humanidade as forças da Redenção”19.