Urbanas
Eng.Agr. Sergio Luiz de Almeida
Dow AgroSciences Industrial Ltda.
INTRODUÇÃO
Segundo Edward & Mill, 1986, estima-se que sejam gastos, por ano, cerca de US$ 1,92
bilhões para controlar cupins ao redor do mundo. No Estados Unidos, os cupins
causam prejuízos anuais superiores aos causados por incêndios ou furacões, sendo os
prejuízos estimados em US$ 750 milhões ao ano, atacando cerca de 2 milhões de
residências ao ano.
No Brasil, existem poucas estatísticas dos prejuízos causados por cupins em áreas
urbanas. Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em São
Paulo, no período de Dezembro de 1973 a Dezembro de 1993, apontou que 47% dos
edifícios inspecionados por aquele orgão estavam infestados por cupins subterrâneos
(C.havilandi), 15% por cupins de madeira seca (C.brevis) e 38% por ambas as espécies
de cupim. O custo estimado para o tratamento destes edifícios foi calculado em cerca
de US$ 3,35 milhões.
O QUE É CUPIM
Reino: Animal
Filo: Artropoda
Classe: Insecta
Ordem: Isoptera (do grego, isos = igual, ptera = asas)
No Brasil, encontramos cerca de 200 espécies de cupim, sendo a maioria benéfica, pois
desempenha um papel auxiliar na decomposição de matéria celulósica e aeração do
solo.
Destas espécies, 2 são consideradas exóticas, ou seja, não existiam no Brasil, sendo
trazidas de outros países por meio de caixas de madeira infestadas que chegaram aos
nossos portos, rapidamente se espalhando em outras cidades.
BIOLOGIA E COMPORTAMENTO
Cupins são insetos sociais, ou seja, formam colônias e apresentam indivíduos com
funções específicas, ou seja, existe divisão de trabalho entre os membros da colônia,
de tal sorte que um indivíduo dependo do outro para sobrevivência.
É assim que são definidas as castas, ou seja, grupos de indivíduos com um objetivo
específico.
Reprodutores
Soldados
Operários
Reprodutores
Alados
Os cupins alados, conhecidos popularmente como aleluias, são nada mais do que
cupins sexuados (machos e fêmeas) que têm o seu aparelho reprodutor desenvolvido,
e tem a função de reprodução e de dispersão.
Para levarem a cabo esta última função (dispersão), estes cupins são providos de dois
pares de asas as quais utilizam para buscar novos locais para a construção de ninhos.
O vôo de dispersão dá orígem ao fênomeno conhecido como revoada ou enxamagem.
Rei e Rainha
Diferentemente das formigas, onde o macho morre logo após o acasalamento, existe
no cupinzeiro um rei que acompanha a rainha durante toda a sua vida e tem a função
única de acasalamento. A rainha, por sua vez existe apenas para ovopositar, podendo
viver de 25 a 40 anos colocando os ovos que originarão novos indivíduos no ninho.
Durante toda a sua vida, a rainha coloca ovos, sendo que sua capacidade de
oviposição aumenta com o passar dos meses. Em média, uma rainha coloca cerca
1000 ovos por dia sendo que, dependendo da espécie, este montante pode variar de 12
(espécies primitivas) a até 80.000 ovos por dia (Bellicosistermes sp).
Soldados
FORMAÇÃO DA COLÔNIA
A fundação da colônia têm início com a revoada dos reprodutores alados, geralmente
no início da primavera.
A produção dos cupins alados está relacionada com a idade e tamanho da colônia.
Colônias novas normalmente apresentam inicialmente operários e, a seguir, soldados.
Somente quando atinge um estágio de desenvolvimento mais avançado é que tem
início a produção das formas aladas.
A saída dos alados depende de condições ambientais, tais como temperatura, umidade,
velocidade do vento, etc. Normalmente existe uma relação entre revoada e manhãs ou
tardes quentes logo após uma leve chuva. Os operários são os responsáveis pela
abertura do ninho para a saída dos alados.
Após chegar ao solo a fêmea e o macho perdem as asas, que são pressionadas contra
o solo. No caso de não haver um companheiro, a fêmea atrai omacho através da
liberação de ferômonios específicos. Com a chegada do mesmo, ambos partem à
procura de um local seguro para montarem o ninho, caminhando de uma maneira
particular chamada de “tandem”, onde o macho segue a fêmea em formação dupla.
No caso da rainha vir a morrer ou pare de por ovos, alguns operários, chamados de
reprodutores suplementares desenvolvem a função reprodutiva, garantindo a
continuidade do cupinzeiro.
Como colônia definimos o conjunto de indivíduos que formam a sociedade dos cupins e
a estrutura em que se encontram alojados. Quando falamos em ninho, nos referimos
apenas à estrutura que abriga os cupins.
Os ninhos podem estar ainda restritos à própria madeira atacada, como é o caso dos
cupins de madeira seca, que escavam túneis e câmaras na própria madeira.
COMUNICAÇÃO QUÍMICA
Com exceção dos cupins alados (reprodutores) os cupins não são dotados de olhos, ou
seja, são todos cegos. Toda a comunicação entre a colônia é feita através de
feromônios, ou seja, comunicação química.
glândula
de feromonio posição normal
d e p o s i t a n d o f e r o m o n i o
Quando a fonte de alimento se esgota, a trilha passa a ficar mais fraca naturalmente e
os cupins deixam de seguí-la em busca de alimento.
1. Sepultamento de entulhos
É muito comum em prédios, durante a construção, que restos de madeira utilizados nas
formas de concreto, sejam deixados nos chamados “caixões perdidos”, espaços entre
um andar e outro sem função específica, a fim de diminuir custos com o descarte de
entulhos. Da mesma maneira, o solo ao redor da estrutura é utilizado para o enterrio
deste material, rico em celulose, que se transforma em fonte de alimento para os
cupins, favorecendo a proliferação destes insetos ao redor da construção. Em sua
busca contínua por novas fontes de alimento, os cupins encontrarão passagens
naturais para infestarem a estrutura.
Quando os troncos de árvores são cortadas e seus raizames são deixados no solo, eles
se tornam fonte de alimento para cupins. Muitas vezes, em inspeções, encontramos
ninhos de cupins associados ao raizame morto de uma árvore cortada. Nestas
situações vale a pena retirá-los do solo por ocasião do corte do tronco.
5. Condições de Umidade
Tais fatores serão descritos com mais detalhe no módulo de “Inspeção de Cupins”.
Cryptotermes brevis
(cupim de madeira seca)
Classificação
Família: Kalotermitidae
Gênero: Cryptotermes
Espécie: Cryptotermes brevis (Walker, 1853)
Descrição
Estes cupins são sensíveis à umidade e, portanto, à perda de água. Esta sensibilidade
é tamanha que excretam pelotas fecais secas, a fim de não perder água no processo
de eliminação de impurezas orgânicas. Estas fezes ficam armazenadas por um tempo
em uma câmara no ninho e podem ser usadas para fechar canais que eventualmente
não estejam mais sendo utilizados.
Os orifícios de eliminação são posteriormente fechados com uma membrana fina que é
periodicamente aberta para novas eliminações. Assim eles não perdem água ou
tampouco permitem a passagem de invasores.
O cupins desta espécie, C. brevis, formam pequenas colônias, com cerca de 300
indivíduos a alguns milhares, mas podem haver centenas de colônias convivendo no
mesmo ambiente.
Suas revoadas são geralmente noturnas (início da noite), sendo que, pelo fato de terem
poucos indivíduos, são revoadas pequenas e discretas. Os casais formados após a
revoada instalam-se em furos de prego, encaixe de peças, frestas, etc.
Uma colônia de C. brevis cresce lentamente. Para se ter uma idéia, um ninho formado
por um casal de cupins, apresenta um ano após o acasalamento, cerca de 3 a 4 ninfas,
1 a 2 ovos e nenhum soldado.
No entanto, não se deve subestimar os danos potenciais causados por este cupim, pois
quando se percebe efetivamento o dano, o prejuízo já é grande.
Como cupins são espécies sensíveis, dificilmente infestam peças de madeira que
apresentem movimento constante, uma vez que este movimento pode esmagá-los
antes de conseguirem abrigo através de uma fresta. Assim objetos como cadeiras,
portas e janelas normalmente não são atacadas pelo mesmo.
Dentre as peças mais comumente atacadas pelo cupim de madeira seca, destacamos o
batente de portas e janelas (que ficam fixo, sem movimento, em contato com a parede),
móveis e armários embutidos, rodapés e forros de madeira.
Estantes com livros que não são movimentados podem ser objeto do ataque destes
cupins, sendo que um dos procedimentos aconselhados para a manutenção de acervos
culturais, é a sua constante movimentação e limpeza, a fim de evitar o estabelecimento
de colônias nestas peças.
Coptotermes havilandi
(cupim subterrâneo)
Classificação
Família: Rhinotermitidae
Gênero: Coptotermes
Espécie: Coptotermes havilandi Holmgren, 1911.
Descrição
Hoje sabemos que esta espécie também constrói ninhos acima do solo, particularmente
em caixões perdidos no interior de estruturas. No entanto, manteremos a denominação
convencional de cupim subterrâneo pelo fato da mesma encontrar-se difundida entre
pesquisadores no mundo todo.
O soldado desta espécie apresenta a cabeça arredondada, de cor amarelo claro, com
mandíbulas proeminentes e dotados de um poro logo atrás das mandíbulas que é
conectado a uma glândula cefálica. Esta glândula produz um líquido viscoso do tipo
cola que é usado para defesa, sendo excretado em grande volume (proporcionalmente)
quando encontram-se em perigo.
Este cupim não necessita de contato com solo para se desenvolver, desde que tenha
contato com a água (há casos de infestação em prédios nos andares mais altos e nos
logo abaixo não). No entanto, o foco pode até estar no próprio solo.
Uma das principais características deste cupim é que não estão restritos à peça
atacada. Para passar de um local à outro, o C. havilandi usa fezes e partículas de solo
cimentadas com saliva, na construção de galerias de comunicação, formando longos
túneis que os protegem do ataque de inimigos naturais e da perda de umidade.
Estes cupins são tão vorazes que chegam a fazer 30 a 50 metros de galerias a procura
de alimento, transitando pelos espaços formados por fiações elétricas, conduítes
telefônicos, frestas de instalações hidráulicas e prumadas de esgoto, típicas de prédios.
Os ninhos são construídos da mesma maneira das galerias, ou seja com o uso das
fezes úmidas que são colocadas uma sobre a outra, formando estruturas tipicamente
do tipo cartonado, repleto de galerias internas.
MÉTODOS DE CONTROLE
2. Fumigação
3. Tratamento da madeira
No primeiro caso, mencionamos uma medida mecânica, que não envolve a colocação
de produtos químicos mas que normalmente não é possível de ser feita. Não obstante,
acreditamos ser importante apresentarmos as alternativas viáveis para o controle desta
praga.
A grande vantagem do uso do gás é a sua dispersão rápida e uniforme em toda a área
a ser tratada, penetrando em todos os vãos estruturais que potencialmente podem
estar infestados pela praga.
No Brasil, o uso de gases não é utilizado para este tipo de tratamento, sendo mais
comum o tratamento de madeira. Algumas câmaras com CO2 (gás carbônico) podem
ser utilizadas para o controle de cupins de madeira seca em algumas peças
específicas.
Medidas Preventivas
Existem ainda, uma série de medidas que podem ser consideradas preventivas do
ataque de cupins de madeira seca, a saber:
b. Colocação de telas (20 mesh) para prevenir a entrada de alados nas áreas internas
da estrutura.
Cupins subterrâneos necessitam de umidade para sobreviver; por causa disto colônias
são geralmente encontradas no solo. Os operários deixam a colônia em busca de
alimentos retornando à colônia em busca de umidade. Locais onde pisos de madeira ou
outras estruturas de madeira encontram-se em contato constante com o solo úmido,
proveêm fácil acesso entre o local da colônia e a fonte de alimento. A necessidade de
umidade é uma característica que pode, assim, ser utilizada para ajudar no controle
destes insetos.
Métodos de Controle
a. Alteração mecânica
b. Tratamento de Solo
c. Tratamento da Fundação
d. Tratamento da Madeira
Alterações Mecânicas
Tratamento da Fundação
O tratamento de madeira com produtos químicos é uma prática bastante comum para
conferir à mesma uma maior resistência ao ataque de cupins e pode ser feita de
diferentes maneiras, conforme a necessidade.
Assim, o tratamento de madeira varia desde o tratamento sob pressão feito na madeira
antes de ser utilizada na estrutura até a perfuração e injeção de cupinicidas nas
galerias formadas pelo ataque de cupins, assunto este comentado anteriormente
quando nos referimos aos cupins de madeira seca.
Neste texto, daremos uma ênfase maior ao tratamento de solo e da fundação, visando
o estabelecimento de barreiras líquidas, impermeáveis ao ataque de cupins.
BARREIRAS LÍQUIDAS
➮ Dosagem:
➮ Notas:
c. Tipos de aplicação:
➮ Perfurar na 2a./3a. linha de blocos (de baixo para cima); Espaçamento: 30 cm.
➮ Nota:
- O objetivo desta barreira é fazer com que a solução atinja a base do bloco,
onde o suporte estrutural se encontra, a fim de tratar espaços ou fendas na
estrutura.
- Este tipo de aplicação é muito comum em casas que possuam porão.
Pontos de Penetração no concreto, frestas no piso e outros vãos devem ser tratados
também.
Uma vez que o piso de concreto ainda não foi colocado (quando a estrutura ainda está
sendo construída), uma barreira contínua deve ser estabelecida, com a aplicação da
solução cupinicida superficialmente, onde o cimento será colocado ou os suportes da
fundação construídos, assim como no solo abaixo de: escadas, pátios, garagens, etc.
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