ANSELMO BORGES
DN, 2010-01-02
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1460157&seccao=Anselmo%20Borges&tag=O
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Quando lhe perguntei quais as forças que disputam o futuro do mundo actual,
respondeu que há sobretudo três grandes dinamismos: "Por um lado, há o
positivismo, sobretudo o positivismo científico, a tecnocracia; por outro, há esse
misticismo a-político, a interioridade pura, sem relação com o mundo, com a
sociedade; finalmente, as religiões, as grandes religiões mundiais, que, cada vez
mais, redescobrem as suas fontes e raízes. Há aí, cada vez mais, uma ligação entre
a mística e o compromisso político e social."
Esta era, para ele, a religião verdadeira, que vive do vínculo indissolúvel de ética e
mística, e que tem também de ser racional. É certo que hoje "há também toda uma
tendência irracional contra tudo o que é da razão. Mas eu sou contra isso. É
necessário aceitar a razão enquanto tal, pois é também um motor libertador. Trata-
se, porém, da razão que é esclarecida, estimulada pela consciência do sofrimento.
Caso contrário, a razão é totalmente fatal e funesta para os seres humanos. Mas,
quando a razão é estimulada pelo facto do sofrimento incrível no mundo, é uma
razão iluminada não só pela fé, mas também pelo sofrimento injusto".