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1) A loucura, que a Renascença libertou, será silenciada pela era clássica através da visão cartesiana de razão x não-razão;
2) No século XVII, criam-se casas de internamento para loucos, miseráveis e desviantes, que funcionavam mais como depósito social do que hospital;
3) Essas casas cresceram na Europa e agrupavam milhares de pessoas de forma insalubre e repressiva, marcando a experiência clássica da loucura.
1) A loucura, que a Renascença libertou, será silenciada pela era clássica através da visão cartesiana de razão x não-razão;
2) No século XVII, criam-se casas de internamento para loucos, miseráveis e desviantes, que funcionavam mais como depósito social do que hospital;
3) Essas casas cresceram na Europa e agrupavam milhares de pessoas de forma insalubre e repressiva, marcando a experiência clássica da loucura.
1) A loucura, que a Renascença libertou, será silenciada pela era clássica através da visão cartesiana de razão x não-razão;
2) No século XVII, criam-se casas de internamento para loucos, miseráveis e desviantes, que funcionavam mais como depósito social do que hospital;
3) Essas casas cresceram na Europa e agrupavam milhares de pessoas de forma insalubre e repressiva, marcando a experiência clássica da loucura.
Resumo do Captulo 2 A Grande Internao da obra Histria da
Loucura de Michel Foucault
Jaqueline Ferreira Cond de Melo Mariana Figueira Lopes Canado Raissa Rezende Pereira Sarah de Rezende Crolman A loucura, cujas vozes a Renascena acaba de libertar, cuja violncia porm ela dominou, vai ser reduzida ao silncio pela era clssica atravs de um estranho golpe de fora. (p. 45) O que marca o novo olhar sobre a loucura pode ser entendido (no apenas, mas principalmente) atravs da viso cartesiana sobre a Razo. Tendo Descartes distinguido o erro e o sonho, da loucura, os primeiros como passveis de serem questionados pela Razo e detentores de caractersticas que os aproximam da realidade e a segunda como a No-Razo, a loucura assume assim um papel de no Ser, pois mediante o erro e o sonho pode-se questionar-se, atravs da razo, sobre a veracidade dos mesmos, mas o louco, pelo contrrio, no se questiona, pois o questionamento sobre a loucura implica em no ser louco. Com isso, (...) uma experincia, to familiar Renascena, de uma Razo irrazovel, de um razovel Desatino no mais ser possvel. Aquele que pensa, , portanto no louco, pois se questiona sobre sua possvel loucura. Aquele que louco, no , pois no pode pensar sobre a sua Loucura, simplesmente louco. Ao mesmo tempo em que h a mudana de paradigma sobre a loucura, neste mesmo sculo (XVII) cria-se vastas casas de internamento, sendo elas local de regime de internamento de loucos durante um sculo e meio. No eram apenas o lugar da loucura, mas um depsito social de figuras que se desviavam da moral e que atormentavam a Razo da cidade (miserveis, doentes, mendigos e os alienados). nesse local de internamento dos alienados que se pode ver a estrutura mais visvel da experincia clssica da loucura, sendo ele [o internamento] motivo de escndalo quando essa experincia desaparecer da cultura europeia. Vi-os nus, cobertos de trapos, tendo apenas um pouco de palha para abrigarem-se da fria umidade do cho sobre o qual se estendiam. Vi-os mal alimentados, sem ar para respirar, sem gua para matar a sede e sem as coisas mais necessrias vida. Vi-os entregues a verdadeiros carcereiros, infectados, sem ar, sem luz, fechados em antros onde se hesitaria em fechar os animais ferozes, e que o luxo dos governos mantm com grandes despesas nas capitais. (Esquirol, <<Des tablissements consacrs aux alins em France (1818)>> in Des maladies mentales, Paris, 1838, II, p.134)
As casas de internamento crescem em grandes propores pela Europa,
seguindo como modelo a Salpetrire e o Bictre (1656). Um nico hospital em Paris agrupava 6000 pessoas, 1% da populao. Trata-se agora de Hospitais Gerais que funcionam entre o poder da polcia e a justia, os quais abrigam
todos aqueles que foram encaminhados pela autoridade real ou judiciria.
Funcionam mais como uma instncia social organizadora do que como uma casa de acolhimento e, apesar de lidar com doenas, no se configura como um estabelecimento mdico, apresentando um direcionamento religioso (apesar do Hospital ter se tornado responsabilidade do Estado, a Igreja ainda desempenha seu papel nessa organizao, seja pela orientao religiosa ou pela participao e direo de Casas de Internamento). Desempenham, portanto, um papel ao mesmo tempo de assistncia e de represso, socorrendo pobres, mas se utilizando de deteno e de mtodos para tal prtica (postes, golilhas de ferro, prises e celas). O Classicismo inventou o internamento, um pouco como a Idade Mdia a segregao dos leprosos; o vazio deixado por estes foi ocupado por novas personagens no mundo europeu: so os internos. (p. 53) Ao contrrio do que se pensava na Idade Mdia, Pobreza agora designa castigo: ...mas o pobre s pode invocar o descontentamento do Senhor, pois sua existncia traz o sinal de sua maldio. (p. 57) Por muito tempo, a Igreja foi o rgo assistencialista da sociedade, exemplo dos conventos que estabeleceram grandes asilos na Alemanha e na Inglaterra; porm foi substituda pelas cidades e Estados, que instauram impostos, fazem coletas, favorecem doaes para manter os asilos. Incentivada pelo estado, a Caridade no mais exaltada e no representa sinal de salvao. Se dirigida Pobreza como tal, a Caridade tambm uma desordem. O foco passa a ser, ento, suprimir a misria. Com a Igreja deixada em segundo plano nas obras assistencialistas, a Reforma vai provocar um laicizao das obras e tambm da Caridade, havendo uma converso dos bens eclesisticos em obras hospitalares. Porm a Igreja no concorda com as formas coletivas de assistncia, de forma que elas retiram o mrito particular do gesto individual, e a dignidade da misria. A Igreja acaba por aprovar a grande internao prescrita por Lus XIV e os miserveis no so vistos como o pretexto de Deus para suscitar a Caridade do cristo e assim ser salvo; agora eles so vistos como a ral da sociedade. A Igreja tomou partido e dividiu o mundo cristo da misria: de um lado havia a regio do bem, que era a pobreza submissa, que aceitava a internao, fazendo dela um gesto de assistncia, e encontrava o descanso; de outro havia a regio do mal, que era a pobreza insubmissa, que se recusava a se internar, transformando-a em um empreendimento de represso e, portanto, merecia ser pobre. Isso demostra o papel da valorao tica atribuda a todo interno, sendo ele, antes de tudo, sujeito moral. Assim como a misria, a loucura dessacralizada, sendo compreendida apenas em seu aspecto moral. Anteriormente a Internao, os pobres, desempregados, vagabundos e outros, eram excludos da cidade e punidos por sua condio, j que se buscava por fim ao desemprego e mendicncia. Em determinados momentos, leis e mandados foram realizados a fim de afastar este pblico
mandando prend-los, obrigando-os a trabalhar nos esgotos, chicoteando-os,
e, por fim, os expulsando da cidade sem poder voltar. Com a criao das casas de internao, esta viso se altera. Assim, ao invs de excluir os pobres passou-se a det-los nessas casas, seja por vontade prpria do individuo ou at por meio da coao fsica. Nos momentos de crise as casas de internao absorviam os pobres de forma a priv-los de sua liberdade em troca de cuidados que eram custeados pelos ricos atravs de impostos. J nos momentos em que a economia se apresentava melhor, os internos eram vistos como mo-de-obra barata. A utilizao das casas de internao como um local lucrativo gerou uma concorrncia desleal para com outras manufaturas que comearam a falir. Assim, cria-se pobres em uma regio a pretexto de acabar com eles em outra (p. 68). Tal forma de trabalho passou a ser vista como perigosa sendo assim deixada de lado. Neste momento as casas de internao e as workhouses, passaram a significar o trabalho de outra forma, passando a ser visto como remdio para o desemprego e um estmulo para o desenvolvimento das manufaturas. No sculo XVIII o Hospital Geral tornou-se um lugar privilegiado da ociosidade. Em seguida Foucault comenta ento do fracasso da funo das casas de internamento. O trabalho era visto como soluo para todos os problemas, sem ser levado em conta que ele mesmo, o trabalho, era o que criava parte dos problemas existentes. Sobre ele havia um encantamento moral, pois o fruto do labor seria graa divina e, portanto a ociosidade uma falta moral, um pecado e sinal de desordem.Desta forma o trabalho nas casas de internao possuem significado no apenas econmico, mas tambm tico. Os loucos neste contexto assumem um lugar ao lado dos miserveis e assim como esses eram divididos em bons e maus, foi ento nessa poca que eles comearam a ser internados. Apesar da semelhana na nomenclatura, o que era chamado de hospital no era como o entendemos atualmente; ele era uma instituio moral, com aparelho jurdico e material para represso. Assim o trabalho realizado nos Hospitais Gerais possuia um carter repressivo e no necessariamente para a produo. Havia a juno entre lei civil e obrigao moral em uma instituio, logo, a lei no condena (a um exlio fora dos muros) ela interna (dentro dos prprios muros) para que os internos possam ser libertados de um mundo que , para a fraqueza dos que se revestem, apenas um convite ao pecado, traz-los para uma solido onde s tero por companheiros os anjos da guarda encarnados na presena cotidiana de seus vigias (Foucault,1995). Para as religiosidades, catlica e protestantes, a internao representaria o mito da felicidade social uma vez que naquelas instituies tentava se demonstrar que a ordem poderia se adequar virtude (do trabalho). Para a loucura este um momento decisivo, pois ela percebida como incapacidade de integrar-se ao grupo, ao trabalho.