impessoal, objetiva, escrita com o uso da norma padro da lngua, o que nos contos
no necessrio obedecer.
H, ainda, na narrativa do boletim de ocorrncias a necessidade do uso do
discurso indireto pelo narrador, em contraposio ao uso do tipo de discurso na
narrativa do conto que pode ser o discurso direto, e/ou o indireto e/ou o indireto
livre, pois neste gnero textual literrio no h obrigatoriedade de que o narrador e o
texto narrado se comprometam com a impessoalidade e nem com a descrio e/ou
exposio objetiva dos fatos.
No conto Livro de Ocorrncias a semelhana com um livro de ocorrncias
policial bastante grande, pois o mesmo conto contm trs diferentes narrativas,
como se fossem trs ocorrncias policiais diferentes semelhante a episdios.
Contudo, as caractersticas da narrativa do conto prevalecem, pois h a presena do
narrador que personagem, e que no usa, tambm por isso, de impessoalidade,
nem se prende a utilizao da lngua padro, apresentando assim grias e palavras
chulas, tanto no seu discurso, quanto no dos personagens. Desta maneira, aparece
tambm na narrativa o uso do discurso indireto e direto. Como nos trechos
transcritos a seguir:
declarao impessoal do guarda de trnsito Ainda bem que hoje feriado, disse um
guarda, desviando o trnsito, j imaginou isso num dia comum? (pg.127).
narrada em discurso direto pelo narrador personagem Eu conheo esse tipo, disse
Azevedo, quando no agentam mais eles se matam depressa, tem que ser depressa
seno se arrependem. (pg. 128).
Em O Cobrador, os fatos narrados foram cometidos por um mesmo agente, que
decide cobrar as dvidas as quais ele julgou ter a sociedade para com ele. Por isso, ele as
cobrava, principalmente atravs de crimes cometidos contra membros das classes sociais
economicamente abastadas. O conto mostra o dio e o sadismo humanos, alm de
perversidades sexuais.
E, ainda neste conto, alm da ligao com o domnio discursivo policial o narrador
utiliza a funo potica da linguagem, inserindo ao longo do seu discurso poemas de sua
autoria.
Ela pergunta o que eu fao e digo que sou poeta, o que
rigorosamente verdade. Ela me pede que recite um poema meu.
Eis: Os ricos gostam de dormir tarde/ apenas porque sabem que a
corja/ tem que dormir cedo para trabalhar de manh/ Essa
mais uma chance que eles/ tm de ser diferentes:/ parasitar,/
desprezar os que suam para ganhar a comida,/ dormir at tarde,/
tarde/ um dia/ainda bem,/ demais./
(pg.166)
Referncias Bibliogrficas