com pequenas adaptações e esclarecimentos, do programa exibido pela Rádio e Televisão de Portugal, “1962 – Benfica, Bicampeão Europeu”, integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007. Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a informação constante deste documento foi apresentada pela citada estação de televisão portuguesa, aquando da exibição do documentário referido. Resta-me recordar, em último lugar, que no ano de 2007 a Rádio e Televisão de Portugal celebrou o seu quinquagésimo aniversário. BENFICA, BICAMPEÃO EUROPEU (1962)
Dois dias antes da final da Taça dos Campeões
Europeus, a RTP, no Aeroporto de Lisboa, fazia a habitual reportagem da partida do Benfica para a Holanda: (Croft Moura, dirigente do Benfica) “Lembro-me que, no ano passado, antes de partir para a final da Taça dos Campeões Europeus, em Berna, eu tive também a felicidade de acompanhar a equipa e tive também aqui gente da televisão portuguesa, juntamente com o José Águas e o nosso treinador (Béla Guttmann).” Sorte ou não, o que é certo é que, no ano anterior, em Maio de 1961, o Benfica surpreendeu o mundo ao derrotar o poderoso Barcelona de Kubala e Czibor por 3-2. Para a final de 1962, em Amesterdão, frente ao Real Madrid, o Benfica levava dois novos trunfos jovens – Eusébio e António Simões –, ambos com 19 anos. Portugal preparou-se, mais uma vez, para ver o jogo através da RTP. No interior do país, ainda havia poucas televisões. Por isso, Francisco Récio preparou o seu “Rádio, Circo e Televisão” para fazer negócio, cobrando 1 escudo à entrada. (Francisco Récio, artista de circo) “Aquilo chegou a um ponto que não havia lugar, estava completamente esgotado. Para ver a bola, meu Deus, e então o Benfica!” O jogo começou e Puskás, supersónico, marcou dois golos de rajada. (António Simões, jogador do Benfica) “Equipa consolidada, com grandes vedetas e com capital de experiência acumulado, que permitiu entrar no jogo completamente à vontade. Nós (Benfica) não fomos capazes de os segurar e, em pouco tempo, estávamos sempre a tentar de 0-2.” Valeu, na altura, a autoridade em campo de Mário Coluna e José Águas para manter o Benfica no jogo. (António Simões) “A palavra deles (Coluna e Águas) era uma palavra de ordem. Nós percebemos isso, a raça desses tempos, e isso fez bem à geração a que eu pertenci e o Eusébio, como outros. E, curiosamente, ainda hoje o Mário, quando me vê, me chama “miúdo”, isto é inacreditável, e eu não consigo tratar o Mário por tu.” Depois do empate de Cavém, Puskás voltou a repor a vantagem para o Real Madrid. O Benfica perdia por 3-2 e, ao intervalo, foi decisiva a intervenção de Béla Guttmann. O treinador do Benfica era já um “mestre” da disciplina e da psicologia. (António Simões) “Ele estava plenamente convencido que ainda íamos ganhar. Isso até é uma coisa que eu recordo fielmente, que foi o clamor de, em português meio italiano, dizer «o jogador do Real Madrid está fatigatto, o jogador do Real Madrid está cansado. Nós, muito mais frescos, muito mais jovens, vamos ganhar.». Guttmann tinha razão. A velocidade do Benfica arrasou o Real Madrid. (António Simões) “Houve um diálogo entre o espanhol e um portunhol, se quiser, no qual o Mário João (jogador do Benfica) dizia que eles «já estavam velhos» e outro (jogador do Real Madrid) dizia «se calhar, és capaz de ter razão».” O Benfica venceu, novamente, a Taça, num jogo memorável, com um resultado de 5-3. (Francisco Récio) “A alegria foi muita, eram garrafas pelo ar, eram pontapés nas cadeiras, partimos aquela porcaria toda. Depois, foi tudo preso. Pagámos duzentos paus (escudos) cada um” (Música de encerramento do filme) O jogo acabou O Benfica venceu Assim se creditou bicampeão europeu Uma vitória Correram ilusões Benfica na História, Campeão dos campeões.