"Trocaríamos com alegria uma História gloriosa, por uma geografia mais conveniente."
A declaração partiu do ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Wlodzimierz
Cimoszewicz, quando se referia à vontade da Polónia em aderir à EU e da sua "luta" por
se manter independente ao longo de séculos. Em 1985, com a adesão à União Europeia,
Portugal mudou também a sua "geografia económica e politica", encontrando-se desde
aí, e pela primeira vez, junto com a Espanha na mesma aliança política e militar e no
mesmo espaço económico multilateral. Em vinte anos, o comércio com o seu vizinho
passou de quatro para 25 por cento do total e Espanha transformou-se no seu principal
parceiro e fornecedor. Este dado novo é a principal justificação para o debate sobre os
centros de decisão ou a suposta dependência em relação a Espanha.
O sinal dos tempos foi marcado pela integração europeia. Já nos anos 60, quando quase
dois terços do comércio externo de Portugal era com o Reino Unido, foram várias as
tentativas de Portugal para aderir à então CEE, investidas abertas e fechadas ao sabor da
tendência inglesa. E quando, no início dos anos 70, Londres se decide pela integração
europeia, Portugal conseguiu negociar um acordo comercial com Bruxelas. O país,
ainda colonial, fazia agora uma clara opção pela sua abertura ao exterior. Mas o
primeiro passo nesse sentido aconteceu antes, em 1958, ano em que a EFTA foi criada
com Portugal e a Inglaterra entre fundadores. Nessa altura, o nosso país antecipou-se a
Espanha. Vingaram as posições do ministro Correia de Oliveira e do embaixador Rui
Teixeira Guerra, o grande defensor da inserção de Portugal numa EFTA que constituiu
um factor importante de modernização da nossa indústria.