QUANDO?
“Vem, Vamos embora, esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera”...
Para os cultivadores de flores de corte e floriculturistas de plantas brasileiras, o gênero
Cattleya é o mais importante no mercado sendo utilizada comumente como sinônimo de orquídea
ou como “Rainha das Orquídeas” Meneses (1987), seguramente pela exuberância, tamanho da flor e
fragrância incomparável.
Comumente no Brasil as Cattleyas são classificadas como originárias das densas florestas
da bacia amazônica e ou do litoral brasileiro com destaque para os remanescentes da Mata
Atlântica; nesta oportunidade quero destacar a ocorrência da Cattleya Mesquitae numa região de
cerrado no coração do Brasil, mais precisamente nas linhas limítrofes entre os municípios de
Guiratinga- e Torixoréu-MT.
Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas esses municípios
são integrantes da Amazônia Legal;
especialistas a descrevem como “áreas
de tensões ecológicas” por estarem
incrustado entre a Amazônia o cerrado e
o Pantanal, agregando plantas e animais
dos três biomas, dezenas deles
endêmicos dessa região, carecendo de
estudos mais detalhados, sobre suas
especificidades. O fato é que em pleno
século XXI a região ainda esconde
mistérios e riquezas biológicas que
desafiam até mesmo as imaginações
mais delirantes e as instituições públicas
entre as quais destaco as universidades,
escolas técnicas e as organizações não governamentais que podem oferecer importantes
contribuições para o real conhecimento do potencial florístico local.
Diante das rápidas transformações que o cerrado Mato-Grossense vem sofrendo, frente ao
modelo de desenvolvimento patrocinado ao longo dos anos pela máquina governamental, várias
espécies nativas estão desaparecendo antes mesmo de serem estudadas. Em particular na Região Sul
de Mato Grosso com a implantação da atividade garimpeira por volta de 1908 paralelo a pecuária
extensiva e posteriormente com a introdução da cultura intensiva de grãos, no início da década de
1970. Lutzberger define de forma muito clara o tamanho da atrocidade que o homo sapiens-sapiens
vem cometendo, observe:
O que fazemos na Amazônia é provavelmente, a maior das imbecilidades da história
da humanidade. O mais triste neste erro é que ele é tão desnecessário e suas
conseqüências tão previsíveis. Mais uma vez os beneficiados são saqueadores
externos à região, pouco importa que se trate de firmas multinacionais ou indivíduos
ou entidades paulistas, gaúchas ou de outras regiões brasileiras. aos amazônidas
sobrarão a devastação, os desequilíbrios hídricos e climáticos, a marginalização e a
fome. Mas tudo isso é desenvolvimento. J. Lutzberger, Ecologia do Jardim ao
Poder(p.89) in Pellegrini Filho,(2000 p.27).
Sou Sócio fundador de uma instituição que durante seis anos consecutivos a partir do ano
2000 produziu belas experiências na área de orquidofilia, a ONG SOS Orquídeas. Nesse período
com a ajuda de abnegados orquidófilos e parcerias realizadas com instituições privadas e órgãos
governamentais promovemos Exposições, Encontros Regionais, Baile de Gala visando a Eleição de
Mis Orquídea, Jornadas de Estudo, Pesquisas de Campo, diversos Cursos, trouxemos especialistas
nas mais diversas áreas da orquidofilia entre eles Os Doutores Darli Machado e a Drª. Lou
Menezes, em uma das tantas conversas que tivemos Drª Lou Menezes demonstrava uma certa
inquietação no tocante a Cattleya Mesquitae quanto a sua origem, sobretudo porque na região de
Piracanjuba (GO) as supostas matrizes estavam muito distantes uma da outra e os agentes
polinizadores não conseguiriam realizar o trabalho que possivelmente teria gerado essa nova
espécie.
“A Cattleya walkeriana var. princeps, que poderia ser uma das plantas
envolvidas no híbrido, está a uma distância de 320 km, na cidade de
Piracanjuba. A Cattleya nobilior também está a pelo menos 50 km de
distância. Ela nunca está nos habitats misturada com a Cattleya
walkeriana, que sempre é encontrada em pequena quantidade”.
Pois bem, em uma visita de campo em que estavam presentes aproximadamente seis
membros da SOS fizemos uma descoberta que se contituiu num verdadeiro achado. Numa região
pouco visitada até então descobrimos a Cattleya Nobilior, a Cattleya Walkeriana e a Cattleya
Mesquitae no mesmo espaço físico.
A região possui uma mata frondosa com enormes árvores, no entanto é bem ventilada e
possui enormes blocos de rochas agrupadas sob a cobertura vegetal. Na forma rupícula encontramos
a Cattleya Mesquitae e na epífita encontramos a Cattleya Walkeriana e a Cattleya Nobilior. Convêm
destacar que foi encontrado uma orquidáceas da família das Cattleyas no mesmo ambiente das
demais que empiricamente parece ser derivada de um novo cruzamento natural, mas isso ainda
carece estudos e análises mais profundas, mas vale o registro da ocorrência dessas plantas num
mesmo habitat, espero com isso contribuir para futuras discussões acerca dessa espécie tão pouco
conhecida dos pesquisadores, a Cattleya Mesquitae.