Comentrios ao Novo Cdigo Civil, vol. X, Da Posse, Ernane Fidlis dos Santos
Savigny
Donc ele est tout la foi fait et droit; fait, par son essence, droit, par ses effets (Trait
de la Possession, em Droit Romain, Trad. francesa da 12 edio, Louis Delamonte
diteur, 1841, p.24, in Ernane Fidlis dos Santos, Comentrios ao Novo Cdigo Civil,
vol. XV, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2007, p. 6)
Firmado nos textos romanos, Savigny reconhecia que a posse se apresentava com
trplice classificao: a possessio naturalis, a possessio jurdica e a possessio civilis. A
primeira, caracterizada simplesmente pela disposio fsica da coisa ou corpus, no se
beneficiava de qualquer proteo; a segunda, a posse jurdica, teria a proteo dos
interditos; a terceira, alm de se proteger pelos interditos, gerava tambm a aquisio
por usucapio, j que a ela aderiam o elemento tempo e a boa-f de estar possuindo
conforme o direito. (p. 15)
Possessio naturalis = mera deteno, fato sem consequncias
Consiste apenas no Corpus: poder ftico sobre a coisa.
Ihering
Em anlise posio de Ihering sobre o corpus e o animus, Darcy Bessone entende
que ele no os nega, mas que retifica os conceitos, de tal forma que o primeiro vai alm
da possibilidade fsica de dispor da coisa, para ser simples visibilidade da propriedade
nos seus elementos caracterizadores. E o animus, tambm existente pela manifestao
da vontade na exteriorizao da propriedade, mantm-se em campo puramente
subjetivo, sendo impossvel a pesquisa de sua existncia. Neste caso a revelao que lhe
seria prpria teria apenas a informao da visibilidade da propriedade. (p. 18)
Em Ihering, a posse consiste na exterioridade da propriedade, e os conceitos romanos
apontados por Savigny so profundamente ressignificados.
Corpus no mais poder ftico, mas relao exterior homem e coisa. Animus um
estado integralmente interior, no sendo relevante ou possvel sua sondagem. O que dela
se extrai a sua consequncia material exterior, i.e. a affectio tenendi, exteriorizada
mediante os atos de cumprimento da destinao econmica do bem.