real
imaginrio
se
opem
quando
nos
deparamos
com
algo
absolutamente fora do comum, que nao faz sentido. O real no entra na realidade,
no possui nome ou palavra para design-lo.
Em seu livro "Teoria da religio", o escritor francs George Batailles (19871962) afirma: "O animal est no mundo como a gua na gua". Assim como o
elemento da vida, o animal no separa-se do ambiente. O ser humano no
estabelece-se da mesma maneira: ele separa-se do mundo no qual vive atravs da
linguagem. Esta funciona como um abismo paradoxal entre homem e realidade, que
torna-se cada vez mais vasto toda vez que o homem tenta transp-lo, mas necessrio
toda vez que ele tenta expressar-se.
A atividade sexual animal segue padres regulados pela espcie. Chamamos
isso de instinto: possui um objeto determinado, seguindo ciclos repetitivos e domina o
animal. O ser falante subjuga seu instinto. Para ele Freud designa um novo termo:
pulso, ou Treib.
Podemos entender este conceito como um texto inscrito no imaginrio de cada
ser. No animal, inscreve-se um texto completo, totalmente preenchido; um roteiro
pronto para a vida. J no caso do homem, este texto funcionaria como um livro cujo
capitulo principal fora arrancado, perdido e jamais conhecido. Todos que o lem o
preenchem de uma maneira prpria, diferente das verses de seus semelhantes. O
importante neste conceito entendermos que no existe um exemplar verdadeiro: no
campo do inconsciente no existe um objeto sexual predeterminado. Para um beb,
todo e qualquer objeto pode tornar-se fonte de excitao; de suas prprias fezes a
uma chupeta. Por isso Freud refere-se sexualidade infantil como uma perversidade
polimorfa. O pinto espanhol Salvador Dal retratou bem a permeao da psicanlise na
arte surrealista em seu quadro O perverso polimorfo.